Domingo de Ramos- Homilia do Papa: “No drama da pandemia, pedir a graça de viver para servir”.
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"O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Palavras do Papa Francisco na homilia da missa neste Domingo de Ramos, celebrada na Basílica de São Pedro.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Em meio à pandemia, não só a Praça São Pedro vazia, mas também a Basílica Vaticana, onde o Papa Francisco presidiu à celebração eucarística neste Domingo de Ramos.
Com o Pontífice, o mestre das cerimônias litúrgicas, Mons. Guido Marini, poucos diáconos, um único cardeal, alguns leigos e religiosas. Também o coral foi em número reduzido.
As oliveiras e os ramos perto do altar central lembravam a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.
Na homilia, o convite do Papa foi para se deixar guiar pela Palavra de Deus na Semana Santa, que, quase como um refrão, mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13); e já amanhã, Isaías profetiza: «Eis o meu servo que Eu amparo» (42, 1).
“Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus.”
Traição e abandono
O Senhor, explicou o Papa, nos serviu dando a sua vida por nós, a ponto de experimentar as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.
Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou, foi traído pela multidão, pela instituição religiosa e pela instituição política.
Quando sofremos traições, a vida parece deixar de ter sentido. Isso porque nascemos para ser amados e para amar.
“Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para conosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes.”
O que Ele faz para nos servir é tomar sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições. Assim, nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado e seguir em frente.
Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?
Sobre o abandono de Jesus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?
No abismo da solidão, pela primeira vez Jesus O designa pelo nome genérico de «Deus». Na realidade, explicou Francisco, trata-se das palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação.
O porquê de tudo isto, mais uma vez encontramos na palavra serviço. Jesus morreu por nós, para nos servir. Lembremo-nos de que não estamos sós:
“Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expetativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: Coragem! Abra o coração ao meu amor.”
Estamos no mundo para amar a Ele e aos outros, disse ainda o Papa: “o resto passa, isto permanece. O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor”.
Jovens: viver para servir
A exortação do Pontífice, nestes dias da Semana Santa, em casa, é permanecer diante do Crucificado. Diante de Deus, pedir a graça de viver para servir. “Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer.”
A senda do serviço, concluiu Francisco, é o caminho vencedor, que nos salvou e salva a vida. E essas palavras foram dedicadas aos jovens, que hoje celebram a 35 Jornada Mundial da Juventude:
“Queridos amigos, olhem para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Sintam-se chamados a arriscar a vida. Porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas... Como fez Jesus por nós.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Sábado 4. Homilia do Papa: “Ninguém se aproveite deste momento de dor para obter lucro”.
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Na Missa este sábado (04/04) na Casa Santa Marta, Francisco pediu a Deus que nos conceda uma consciência reta para realizar sempre o bem neste tempo difícil. Na homilia, convidou a estar vigilante com as tentações, que começam por pequenas coisas e depois nos fazem cair no pecado, contagiando os outros: e acabamos por justificar-nos
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada da celebração do sábado da V Semana da Quaresma é extraída do célebre Salmo 21, o Salmo que se inicia com as palavras pronunciadas por Jesus na Cruz: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?” A passagem que o Papa leu no início da Missa na manhã deste sábado (04/04) é o forte grito de ajuda de um inocente perseguido: “Ó Senhor, não fiqueis longe de mim! Ó minha força, correi em meu socorro! Sou um verme, e não um homem, opróbrio dos homens e rebotalho da plebe” (Sl 21,20.7). Ao introduzir a celebração, Francisco rezou a fim de que ninguém se aproveite da pandemia para seus interesses:
Nestes momentos de desconforto, de dificuldades, de dor, muitas vezes as pessoas veem a possibilidade de fazer uma ou outra coisa, muitas coisas boas. Mas também não deixa de vir a alguém a ideia não muito boa, de aproveitar o momento e aproveitar para si mesmo, para obter lucro. Rezemos hoje a fim de que o Senhor nos dê a todos uma consciência reta, uma consciência transparente, que possa mostrar-se a Deus sem envergonhar-se.
Ouça e compartilhe
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho de João (Jo 11,45-56)) que conta a decisão do sinédrio de matar Jesus após o sinal de ressurreição de Lázaro. Uma decisão à qual se chega após um processo gradual: é o caminho da tentação, que se inicia do pouco e depois resulta no pecado que é autojustificado. A tentação cresce lentamente, contagia os outros e se justifica, transformando o coração. Por trás dessa tentação está a astúcia do diabo que quer destruir Jesus. Que o Espírito Santo nos ilumine – foi a oração conclusiva do Papa – neste conhecimento interior.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Era já de há muito que os doutores da Lei, também os sumos sacerdotes, estavam inquietos porque ocorriam coisas estanhas na região. Primeiro este João, que acabaram deixando de lado porque era um profeta, batizava ali e o povo ia encontrá-lo, mas não havia outras consequências. Depois veio este Jesus, indicado por João. Começou a fazer sinais, milagres, mas sobretudo a falar às pessoas e o povo o seguia, e nem sempre observava a lei e isso inquietava muito. “Este é um revolucionário, um revolucionário pacífico... Este atrai o povo a si e o povo o segue...” E essas ideias levaram-no a falar entre eles: “Mas veja, este não me agrada... aquele outro...”, e assim entre eles havia este tema de discussão, inclusive de preocupação. Depois alguns foram até Ele para colocá-lo à prova e sempre o Senhor tinha uma resposta clara que a eles, os doutores da Lei, não tinha vindo em mente.
Pensemos naquela mulher casada sete vezes, viúva sete vezes: “Mas, no céu, será esposa de qual destes maridos?” Ele responde claramente e eles (foram) embora um pouco envergonhados pela sabedoria de Jesus e outras vezes (foram) embora humilhados, (como) quando queriam apedrejar aquela senhora adúltera e Jesus acabou dizendo: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra” e diz o Evangelho que (foram) embora, a começar pelos mais velhos, humilhados naquele momento. Isso fazia crescer essa discussão entre eles: “Devemos fazer alguma coisa, assim não está bem...” Depois, mandaram os soldados prendê-lo e estes voltaram dizendo: “Não pudemos prendê-lo porque este homem fala como ninguém”... “Também vós vos fizerdes enganar”: irados porque nem mesmo os soldados podiam prendê-lo. E depois, após a ressurreição de Lázaro – isso que ouvimos hoje –, muitos judeus iam lá ver as irmãs de Lázaro, mas alguns foram ver bem como estavam as coisas para contá-las, e alguns deles foram ter com os fariseus e lhes contaram o que Jesus tinha feito. Outros creram n’Ele. E estes foram, os mexeriqueiros de sempre, que vivem levando (os mexericos)... foram contar para eles. Neste momento, aquele grupo que se tinha formado de doutores da Lei fez uma reunião formal: “Este é altamente perigoso, devemos tomar uma decisão. O que faremos? Este homem realiza muitos sinais – reconhecem os milagres de Jesus.
Se deixamos que Ele continue assim, todos vão acreditar n’Ele, há perigo, o povo irá atrás d’Ele, se separará de nós” – o povo não era apegado a eles. “Virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. Nisso havia parte da verdade, mas não toda, era uma justificação, porque eles tinham encontrado um equilíbrio com a ocupação, odiavam o ocupante romano, mas politicamente tinham encontrado um equilíbrio. Assim falavam entre eles. Um deles, Caifás – era o mais radical – , era sumo sacerdote (disse): “Vós não entendeis nada. Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” Era o sumo sacerdote e dá a resposta: “Eliminemo-lo”. E João diz: “Caifás não falou isso por si mesmo.
Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação... A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus”. Foi um processo, um processo que começou com pequenas inquietações no tempo de João Batista e depois acabou nesta reunião dos doutores da Lei e dos sacerdotes. Um processo que crescia, um processo que era mais seguro da decisão que deviam tomar, mas ninguém a tinha dito assim de forma clara: “Este deve ser eliminado”. Esse modo de fazer dos doutores da Lei é propriamente uma figura de como a tentação age em nós, porque por trás dela evidentemente estava o diabo que queria destruir Jesus e a tentação em nós geralmente age deste modo: começa com pouca coisa, com um desejo, uma ideia, cresce, contagia e no final se justifica.
Esses são os três passos da tentação do diabo em nós e aqui estão os três passos que a tentação do diabo fez na pessoa do doutor da Lei. Começou com pouca coisa, mas cresceu, cresceu, depois contagiou os outros, tomou corpo e no final se justifica: “É melhor um só morrer pelo povo”, a justificação total. E todos foram para casa tranquilos. Tinham dito: “Esta é a decisão que devíamos tomar”. E todos nós, quando somos vencidos pela tentação, ficamos tranquilos, porque encontramos uma justificação para este pecado, para esta atitude pecaminosa, para esta vida não segundo a Lei de Deus. Devemos ter o costume de ver este processo da tentação em nós. Aquele processo que nos transforma o coração do bem para o mal, que nos conduz ao caminho em descida. Uma coisa que cresce, cresce, cresce lentamente, depois contagia e por fim se justifica. Dificilmente as tentações nos chegam abruptamente. O diabo é astuto. E sabe tomar esse caminho, o mesmo que tomou para chegar à condenação de Jesus.
Quando nós nos encontramos num pecado, numa queda, sim, devemos ir pedir perdão ao Senhor, é o primeiro (passo) que devemos fazer, mas depois (devemos dizer): “Como foi que vim a cair ali? Como se iniciou esse processo em minha alma? Como cresceu? Quem contagiei? E como acabei me justificando para cair?” A vida de Jesus é sempre um exemplo para nós e as coisas que aconteceram com Jesus são coisas que acontecerão conosco, as tentações, as justificações, as boas pessoas que estão ao nosso redor e nós, talvez, não as ouvimos, e os maus, no momento da tentação, buscamos aproximar-nos (deles) para fazer a tentação crescer. Mas, jamais nos esqueçamos: sempre, por trás de um pecado, por trás de uma queda, há uma tentação que começou pequena, que cresceu, que contagiou e no final encontrou uma justificação para cair. Que o Espírito Santo nos ilumine neste conhecimento interior.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira 3. O Papa reza pelos que ajudam a resolver pobreza e fome causadas pelo Covid-19
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Na Missa esta sexta-feira (03/04) na Casa Santa Marta, Francisco pensou na pobreza, no desemprego e na fome que serão provocados pela pandemia do coronavírus e rezou por quem já agora busca remediá-los. Na homilia, recordou as dores de Maria, convidando a agradecer a Nossa Senhora por ter aceito ser Mãe.
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta sexta-feira (03/04) da V Semana da Quaresma, dedicando-a a Nossa Senhora das Dores. A Antífona de entrada, que o Papa lê no início da celebração, é uma invocação de ajuda na angústia: “Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime. Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18). Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento ao pós-pandemia:
Há pessoas que agora começam a pensar no depois: no pós pandemia. Em todos os problemas que chegarão: problemas de pobreza, de trabalho, de fome… Rezemos por todas as pessoas que hoje ajudam, mas pensam também no amanhã, para ajudar todos nós.
Nesta Sexta-feira da Paixão que precede o Domingo de Ramos, em que se recorda as dores de Maria, Francisco dedicou a homilia à Virgem das Dores. Hoje – disse –, nos fará bem pensar nas dores de Nossa Senhora e agradecer-lhe por ter aceito ser Mãe. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta Sexta-feira da Paixão, a Igreja recorda as dores de Maria, Nossa Senhora das Dores. Há séculos se tem esta adoração do povo de Deus. Foram escritos hinos em honra a Nossa Senhora das Dores: estava aos pés da cruz e a contemplam ali, sofredora. A piedade cristã colheu as dores de Nossa Senhora e fala das “sete dores”. A primeira, apenas 40 dias após o nascimento de Jesus, a profecia de Simeão que fala de uma espada que lhe traspassará o coração. A segunda dor, pensa na fuga para o Egito para salvar a vida do Filho. A terceira dor, aqueles três dias de angústia quando o menino permaneceu no templo. A quarta dor, quando Nossa Senhora se encontra com Jesus no caminho do Calvário. A quinta dor de Nossa Senhora é a morte de Jesus, ver o Filho ali, crucificado, nu, que morre. A sexta dor, a descida de Jesus da cruz, morto, e o toma em suas mãos como o tinha tomado em suas mãos mais de 30 anos (atrás) em Belém. A sétima dor é o sepultamento de Jesus. E assim, a piedade cristã percorre este caminho de Nossa Senhora que acompanha Jesus. Faz-me bem, à noite, quando recito o Angelus, rezar estas sete dores como uma recordação da Mãe da Igreja, como a Mãe da Igreja com tanta dor deu à luz todos nós.
Nossa Senhora jamais pediu algo para si, jamais. Sim, para os outros: pensemos nas Bodas de Caná, quando vai falar com Jesus. Jamais disse: “Eu sou a mãe, vejam-me: serei a rainha mãe”. Jamais o disse. Não pediu algo de importante para ela, no colégio apostólico. Apenas, aceita ser mãe. Acompanhou Jesus com discípula, porque o Evangelho mostra que seguia Jesus: com as amigas, piedosas mulheres, seguia Jesus, ouvia Jesus. Uma vez alguém a reconheceu: “Ah, eis a mãe”, “Tua mãe está aqui”... Seguia Jesus. Até o Calvário. E ali, de pé... as pessoas certamente diziam: “Mas, pobre mulher, como sofrerá”, e os maus certamente diziam: “Mas, também ela é culpada, porque se o tivesse educado bem este não acabaria desse modo”. Estava ali, com o Filho, com a humilhação do Filho.
Honrar Nossa Senhora e dizer: “Esta é a Mãe”, porque ela é Mãe. E este é o título que recebeu de Jesus, propriamente ali, no momento da Cruz. Os teus filhos, tu és Mãe. Não a fez Primeiro-ministro ou lhe deu títulos de ”funcionalidade”. Somente “mãe”. E depois, nos Atos dos Apóstolos, mostram-na em oração com os apóstolos como mãe. Nossa Senhora não quis tirar nenhum título de Jesus; recebeu o dom de ser Mãe d’Ele e o dever de nos acompanhar como Mãe, de ser nossa Mãe. Não pediu para ser uma quase-redentora ou uma corredentora: não. O Redentor é um só e este título não se duplica. Somente discípula e mãe. E assim, como mãe devemos pensá-la, devemos buscá-la, devemos rezar para Ela. É a Mãe. Na Igreja Mãe. Na maternidade de Nossa Senhora vemos a maternidade da Igreja que recebe todos, bons e maus: todos.
Hoje nos fará bem pararmos um pouco e pensar na dor e nas dores de Nossa Senhora. É a nossa Mãe. E como as carregou, como as carregou bem, com força, com choro: não era um choro finto, era propriamente o coração destruído de dor. Fará bem a nós pararmos um pouco e dizer a Nossa Senhora: “Obrigado por ter aceito ser Mãe quando o Anjo Lhe anunciou e obrigado por ter aceito ser Mãe quando Lhe disse Jesus”.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós!
Fonte: https://www.vaticannews.va
"A rua não é lugar para morar, muito menos para morrer"
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Francisco rezou mais uma vez pelos moradores de rua neste tempo de pandemia, citando uma foto vista num jornal. A imagem à qual o Papa se referiu na missa desta quinta-feira é de Las Vegas, nos Estados Unidos. Um abrigo para moradores de rua foi temporariamente transferido para um estacionamento descoberto após ser fechado por conta de um caso positivo do Covid-19.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
"Num jornal, hoje, há uma foto que toca o coração: muitos sem-teto de uma cidade deitados num estacionamento, sob observação... Peçamos a Santa Teresa de Calcutá que desperte em nós o sentido da proximidade."
Palavras do Papa Francisco ao introduzir, na manhã de quinta-feira (02/04), a missa na capela da Casa Santa Marta. Francisco dirigiu seu pensamento àqueles que estão pagando as consequências da pandemia do coronavírus, em particular aqueles que não têm uma casa.
As imagens às quais o Papa se referiu são de Las Vegas, nos Estados Unidos. Um abrigo para moradores de rua foi temporariamente transferido para um estacionamento descoberto após ser fechado por conta de um caso positivo do Covid-19.
O fechamento do Catholic Charities of Southern Nevada deixou 500 pessoas sem lugar para dormir, forçando as autoridades da cidade a liberar o estacionamento de um centro de convenções.
As imagens mostram os desabrigados deitados no asfalto demarcado com tinta branca em áreas que supostamente atendem às regras do distanciamento social para impedir a propagação do novo coronavírus.
Eles permanecerão ali até 3 de abril, quando a Catholic Charities deve reabrir.
"A rua não é um lugar para morar, muito menos para morrer"
As fotos de Las Vegas evidenciam o dilema que inúmeras cidades estão enfrentando para atender os sem-teto. O mesmo acontece na cidade de São Paulo, onde, segundo o último censo, existem mais de 25 mil pessoas vivendo nas ruas, das quais mais de 12 mil estão sem abrigo.
O verbita Padre Arlindo Pereira Dias afirma são necessárias políticas públicas emergenciais urgentes para atender essas pessoas, que serão, segundo ele, as mais afetadas pela pandemia. O sacerdote afirma que comunidades, grupos e movimentos já se mobilizaram, com inúmeras ações de solidariedade, entre eles o Vicariato da Pastoral para o Povo da Rua, o Arsenal da Esperança e os franciscanos no Largo São Francisco. "Trata-se de viver a Campanha da Fraternidade em tempo de coronavírus", afirma o verbita. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira 2. O Papa reza pelos sem-teto, sofredores escondidos neste tempo de dor
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Na Missa na casa Santa Marta esta quinta-feira (02/04), Francisco dirigiu seu pensamento àqueles que estão pagando as consequências da pandemia do coronavírus, em particular aqueles que não têm uma casa. Na homilia, recordou que a vida do cristão é ser consciente de ter sido escolhido por Deus, alegre por caminhar rumo a uma promessa e fiel no cumprimento da aliança
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada da celebração da quinta-feira (02/04) da V- Semana da Quaresma, que o Papa leu no início da Missa matutina na Capela da Casa Santa Marta é um convite a manter os olhos fixos em Jesus, esperança que não decepciona: “Cristo é o mediador de uma nova aliança, para que, por meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhes foi prometida” (Hb 9,15). Ao introduzir a celebração, Francisco rezou, em particular, pelos sem-teto:
Estes dias de dor e de tristeza evidenciam muitos problemas escondidos. No jornal, hoje, há uma foto que toca o coração: muitos sem-teto de uma cidade deitados num estacionamento, sob observação... há muitos sem-teto hoje. Peçamos a Santa Teresa de Calcutá que desperte em nós o sentido da proximidade a muitas pessoas que na sociedade, na vida normal, vivem escondidas, mas, como os sem-teto, no momento da crise, se evidenciam desse modo.
Na homilia, Francisco comentou as leituras do dia, extraídas do Livro do Gênesis (Gn 17,3-9) e Evangelho de João (Jo 8,51-59), que têm em seu centro a figura de Abraão, a aliança com Deus e o novo anúncio de Jesus que vem “refazer” a criação perdoando nossos pecados. Nós somos cristãos – disse – porque fomos eleitos, escolhidos, e recebemos uma promessa de fecundidade, à qual devemos responder com a fidelidade à aliança. Nossos pecados são contra essas três dimensões: não acolher a eleição adorando os ídolos, não esperar na promessa e esquecer a aliança. O caminho do cristão – concluiu – é ser consciente da eleição, da alegria de caminhar rumo a uma promessa e da fidelidade no cumprimento da aliança. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
O Senhor sempre se recordou da sua aliança. Nós o repetimos no Salmo Responsorial. O Senhor não se esquece, jamais esquece. Sim, esquece somente num caso, quando perdoa os pecados. Após ter perdoado perde a memória, não recorda os pecados. Nos outros casos, Deus não esquece. A sua fidelidade é memória. A sua fidelidade com o seu povo. A sua fidelidade com Abraão é memória das promessas que tinha feito. Deus elegeu Abraão para fazer um caminho. Abraão é um eleito, era um eleito. Deus o elegeu. Depois, naquela eleição prometeu-lhe uma herança e hoje, na passagem do livro do Gênesis, há uma passagem a mais. Quanto a ti, a minha aliança é contigo. A aliança. Uma aliança que lhe faz enxergar longe a sua fecundidade: tu serás pai de uma multidão de nações. A eleição, a promessa e a aliança são as três dimensões da vida de fé, e as três dimensões da vida cristã. Cada um de nós é um eleito, ninguém escolhe ser cristão em meio a todas a todas as possibilidades que o “mercado” religioso lhe oferece, é um eleito. Nós somos cristãos porque fomos eleitos. Nesta eleição há uma promessa, há uma promessa de esperança, o sinal é a fecundidade: “Abraão, serás pai de uma multidão de nações e... serás fecundo na fé. A tua fé florescerá em obras, em boas obras, inclusive em obras de fecundidade, uma fé fecunda. Mas deves – o terceiro passo – observar a aliança comigo. E a aliança é fidelidade, ser fiel. Fomos eleitos, o Senhor nos fez uma promessa, agora nos pede uma aliança. Uma aliança de fidelidade. Jesus diz que Abraão exultou de alegria pensando, vendo o Seu dia, o dia da grande fecundidade, aquele seu filho – Jesus era filho de Abraão – que veio refazer a criação, que é mais difícil que fazê-la, diz a liturgia – veio fazer a redenção dos nossos pecados, veio libertar-nos. O cristão é cristão não porque pode mostrar a fé do batismo: a fé de batismo é um papel. Você é cristão se diz sim à eleição que Deus lhe fez, se vai atrás das promessas que o Senhor lhe fez e se você vive uma aliança com o Senhor: essa é a vida cristã. Os pecados são sempre contra estas três dimensões: não aceitar a eleição e nós “elegere” (eleger) tantos ídolos, tantas coisas que não são de Deus. Não aceitar a esperança na promessa, ir, olhar as promessas de longe, inclusive muitas vezes, como diz a Leitura aos Hebreus, saudando-as de longe e fazer que as promessas sejam hoje com os pequenos ídolos que fazemos, e esquecer a aliança, viver sem aliança, como se fôssemos sem aliança. A fecundidade é a alegria, aquela alegria de Abraão que vê o dia de Jesus e se enche de alegria. Essa é a revelação que hoje a Palavra de Deus nos dá sobre nossa existência cristã. Que seja como aquela do nosso pai: consciente de ser eleito, alegre por caminhar rumo a uma promessa e fiel no cumprimento da aliança.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 1º de abril. Homilia do Papa Francisco. “Quem trabalha na mídia ajude as pessoas a não sentir-se isoladas”.
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Na Missa na Casa Santa Marta esta quarta-feira (01º/04), Francisco dirigiu seu pensamento aos profissionais da comunicação a fim de que ajudem as pessoas a suportar este período de isolamento. Na homilia, recordou que o discípulo de Jesus é um homem livre, um homem da Tradição e da novidade, porque se deixa guiar pelo Espírito Santo e não por ideologias
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada da celebração de quarta-feira da V Semana da Quaresma é uma oração de libertação: “Vós me livrais, Senhor, de meus inimigos; vós me fazeis suplantar o agressor e do homem violento me salvais” (Sal 17,48-49). Ao introduzir a Missa na manhã desta quarta-feira (01º/04), o Papa Francisco dirigiu seu pensamento a quem trabalha na mídia:
“Hoje, gostaria que rezássemos por todos aqueles que trabalham na mídia, que trabalham para comunicar, hoje, para que as pessoas não se encontrem tão isoladas; pela educação das crianças, pela informação, para ajudar a suportar este tempo de fechamento.”
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia (Jo 8,31-42) em que Jesus diz aos judeus: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Ser discípulos – afirmou o Papa – significa deixar-se guiar pelo Espírito Santo: por isso, o discípulo de Jesus é um homem da Tradição e da novidade, um homem livre, jamais sujeito às ideologias. A seguir, o texto da homilia transcrito pelo Vatican News:
Nestes dias, a Igreja nos mostra o capítulo oitavo de João: há a discussão muito forte entre Jesus e os doutores da Lei. E, sobretudo, se busca mostrar a própria identidade: João busca aproximar-nos daquela luta para esclarecer a própria identidade, tanto de Jesus, como a identidade dos doutores. Jesus coloca-os em dificuldade mostrando-lhes as contradições deles. E eles, no final, não encontram outra saída a não ser o insulto: é uma das páginas mais tristes, é uma blasfêmia. Insultam Nossa Senhora.
Mas falam da identidade, Jesus diz aos judeus que tinham acreditado, aconselha-os: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”. Volta aquela palavra da qual o Senhor gostava tanto, que a repetirá várias vezes, e depois na ceia: permanecer. ”Permanecei em mim”. Permanecer no Senhor. Não diz: “Estudem bem, aprendam bem as argumentações”: dá isso por certo. Mas vai à coisa mais importante, aquela que é mais perigosa para a vida, se não se faz: “Permanecei na minha palavra”. E aqueles que permanecem na palavra de Jesus têm a sua identidade cristã. E qual é? “Sois verdadeiramente meus discípulos”. A identidade cristã não é uma carteira que diz “eu sou cristão”, uma carteira de identidade: não. É o discipulado. Tu, se permaneces no Senhor, na Palavra do Senhor, na vida do Senhor, serás discípulo. Se não permaneces, serás um que tem simpatia pela doutrina, que segue Jesus como um homem que faz muita beneficência, é tão bom, que tem valores justos, mas o discipulado é propriamente a verdadeira identidade do cristão.
E será o discipulado que ti dará a liberdade: o discípulo é um homem livre porque permanece no Senhor. E “permanece no Senhor”, o que significa? Deixar-se guiar pelo Espírito Santo. O discípulo se deixa guiar pelo Espírito, por isso o discípulo é sempre um homem da tradição e da novidade, é um homem livre. Livre. Jamais sujeito a ideologias, a doutrinas no seio da vida cristã, doutrinas que podem ser discutidas... permanecer no Senhor, é o Espírito que inspira. Quando cantamos ao Espírito, lhe dizemos que é um hóspede da alma, que habita em nós. Mas isso, somente se nós permanecemos no Senhor.
Peço ao Senhor que nos faça conhecer esta sabedoria de permanecer n’Ele e nos faça conhecer aquela familiaridade com o Espírito: o Espírito nos dá a liberdade. E essa é a unção. Quem permanece no Senhor é discípulo, e o discípulo é um ungido, um ungido pelo Espírito, que recebeu a unção do Espírito e a leva adiante . Esse é o caminho que Jesus nos mostra para a liberdade e também para a vida. E o discipulado é a unção que recebem aqueles que permanecem no Senhor.
Que o Senhor nos faça entender isso que não é fácil: porque os doutores não entenderam, não se entende somente com a cabeça; se entende com a cabeça e com o coração; essa sabedoria da unção do Espírito Santo que nos faz discípulos.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
"Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós!". Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 31. O Papa reza pelos sem-teto: “Sejam ajudados pela sociedade, a Igreja os acolha”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta terça-feira (31/03), o Papa dirigiu seu pensamento àqueles que neste período não têm uma habitação. Na homilia, convidou a contemplar Jesus na cruz: o Senhor assumiu sobre si os nossos pecados para salvar-nos
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (31/03) da V Semana da Quaresma. A Antífona de entrada é um encorajamento: “Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-se teu coração; espera no Senhor” (Sl 26,14). Introduzindo a celebração, o Santo Padre pensou em que não tem casa:
Rezemos hoje pelos sem-teto, neste momento em que nos é pedido para estar dentro de casa. Para que a sociedade de homens e mulheres se dê conta desta realidade e os ajude, e a Igreja os acolha.
Na homilia, comentando as leituras do dia extraídas do Livro dos Números (Nm 21,4-9) e do Evangelho de João (Jo 8,21-30), recordou que Jesus se fez pecado para salvar-nos. Ele veio ao mundo para assumir sobre si os nossos pecados: na cruz não faz finta de sofrer e morrer. Contemplemos Jesus na cruz, e agradeçamos.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A serpente certamente não é um animal simpático: sempre é associada ao mal. Também na Revelação a serpente é propriamente o animal que o diabo usa para induzir ao pecado. No Apocalipse o diabo é chamado de a antiga serpente, aquela que desde o início morde, envenena, destrói, mata. Por isso, daí não se pode sair. Se se quiser apresentar como quem propõe coisas bonitas, são fantasias: nós acreditamos nelas e desse modo pecamos. Foi isso o que aconteceu com o povo de Israel: não suportou a viagem. Estava cansado. E o povo disse contra Deus e contra Moisés. É sempre a mesma música, não? “Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos com nojo desse alimento miserável, o maná”. E a imaginação – lemos dias atrás – dirige-se sempre ao Egito: “Mas, ali estávamos bem, comíamos bem..”. E também, parece que o Senhor não suportou o povo, neste momento. Irritou-se: a ira de Deus, por vezes, se mostra... E então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam e morriam. “Morreu muita gente em Israel”. Naquele momento, a serpente é sempre a imagem do mal: o povo vê na serpente o pecado, vê na serpente aquilo que fez, o mal. E vai ter com Moisés e diz: “Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as serpentes”. Arrepende-se. Esta é a história no deserto. Moisés intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: “Faze uma serpente abrasadora e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá”.
Eu venho a pensar: mas isso não é uma idolatria? Há a serpente ali, um ídolo, que me dá a saúde... Não se entende. Logicamente, não se entende, porque esta é uma profecia, este é um anúncio daquilo que acontecerá. Porque ouvimos também como profecia próxima, no Evangelho: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo”. Jesus elevado: na cruz. Moisés faz uma serpente e a eleva. Jesus será elevado, como a serpente, para dar a salvação. Mas o núcleo da profecia é propriamente que Jesus se fez pecado por nós. Não tem pecado: se fez pecado. Como diz São Pedro na segunda Carta: “Assumiu sobre si os nossos pecados”. E quando nós olhamos para o crucifixo, pensamos no Senhor que sofre: tudo aquilo é verdade. Mas nos detemos antes de chegar ao centro daquela verdade: neste momento, Tu pareces o maior pecador, Ti fizeste pecado. Assumiu sobre si todos os nossos pecados, aniquilou-se até agora.
A cruz, é verdade, é um suplício, há aí a vingança dos doutores da Lei, daqueles que não queriam Jesus: tudo isso é verdade. Mas a verdade que vem de Deus é que Ele veio ao mundo para assumir sobre si os nossos pecados a ponto de fazer-se pecado. Todo pecado. Os nossos pecados estão ali.
Devemos acostumar-nos a olhar sob esta luz, que é a mais verdadeira, é a luz da redenção. Em Jesus feito pecado vemos a derrota total de Cristo. Não faz finta de morrer, não faz finta de não sofrer, sozinho, abandonado... “Pai, porque me abandonaste? Uma serpente: eu sou elevado como uma serpente, como aquele que é todo pecado.
Não é fácil entender isso e, se pensarmos, jamais chegaremos a uma conclusão. Somente, contemplar, rezar e agradecer.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”). Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 30. O Papa reza pelos que não conseguem reagir, amedrontados com a pandemia
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Na Missa na Casa Santa Marta, na manhã desta segunda-feira (30/03), Francisco pediu a Deus que ajude aqueles que estão assustados com o coronavírus. Na homilia, convidou a agradecer a Deus se reconhecemos os nossos pecados, porque deste modo podemos pedir e acolher a sua misericórdia.
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada da segunda-feira da V Semana da Quaresma é uma veemente invocação a Deus: “Tende piedade de mim, Senhor, pois me atormentam; todos os dias me oprimem os agressores” (Sl 55,2). Ao introduzir a Missa na manhã desta segunda-feira (30/03), o Papa Francisco dirigiu seu pensamento às pessoas amedrontadas com a atual pandemia:
Rezemos hoje pelas muitas pessoas que não conseguem reagir: permanecem amedrontadas com esta epidemia. Que o Senhor as ajude a reerguer-se, a reagir para o bem de toda a sociedade, de toda a comunidade.
Na homilia, comentou as leituras do dia, extraídas do Livro do profeta Daniel (13,1-9.15-17.19-30.33-62) e do Evangelho de João (Jo 8,1-11), que falam de duas mulheres que alguns homens querem condenar à morte: a inocente Susana e uma adúltera pega em flagrante. Francisco ressaltou que os acusadores são, no primeiro caso, juízes corruptos, e, no segundo, hipócritas. Em relação às mulheres, Deus faz justiça a Susana, libertando-a dos corruptos, que são condenados, e perdoa a adúltera, libertando-a de escribas e fariseus hipócritas. Justiça e misericórdia de Deus, que são bem representadas no Salmo Responsorial do dia: “O Senhor é o meu pastor, não me falta coisa alguma... Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, porque estais comigo”. Em seguida, o Papa convidou a agradecer a Deus se sabemos ser pecadores, porque podemos pedir confiantes, ao Senhor, que nos perdoe.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
No Salmo Responsorial rezamos: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!”
Esta é a experiência que estas duas mulheres tiveram, cuja história lemos nas duas Leituras. Uma mulher inocente, acusada falsamente, caluniada, e uma mulher pecadora. Ambas condenadas à morte. A inocente e a pecadora. Alguns Padres da Igreja viam nestas duas mulheres uma figura da Igreja: santa, mas com filhos pecadores. Diziam numa bela expressão latina: “A Igreja é a casta meretrix”, a santa com filhos pecadores.
Ambas as mulheres estavam desesperadas, humanamente desesperadas. Mas Susana confia em Deus. Há também dois grupos de pessoas, de homens; ambos encarregados a serviço da Igreja: os juízes e os mestres da Lei. Não eram eclesiásticos, mas estavam a serviço da Igreja, no tribunal e no ensino da Lei. Diferentes. Os primeiros que acusavam Susana, eram corruptos: o juiz corrupto, a figura emblemática na história. Também no Evangelho, Jesus repreende – na parábola da viúva insistente – o juiz corrupto que não acreditava em Deus e não lhe importava nada dos outros. Os corruptos. Os doutores da Lei não eram corruptos, mas hipócritas.
E essas mulheres, uma caiu nas mãos dos hipócritas e a outra nas mãos dos corruptos: não havia saída. “Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!” Ambas as mulheres se encontravam num vale tenebroso, caminhavam ali: um vale tenebroso, rumo à morte. A primeira explicitamente confia em Deus e o Senhor intervém. A segunda, pobrezinha, sabe que é culpada, envergonhada diante de todo o povo – porque o povo estava presente em ambas as situações, o Evangelho não diz, mas certamente rezava interiormente, pedia alguma ajuda.
O que o Senhor faz com essas pessoas? À mulher inocente, a salva, lhe faz justiça. À mulher pecadora, a perdoa. Aos juízes corruptos, os condena; aos hipócritas, os ajuda a converter-se e diante do povo diz: ”Sim, verdadeiramente? Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”, e foram saindo um a um. Há uma certa ironia do apóstolo João, aqui: “E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos”. Deixa a eles um pouco de tempo para arrepender-se; não perdoa os corruptos, simplesmente porque o corrupto é incapaz de pedir perdão, foi além. Cansou-se... não, não se cansou: não é capaz. A corrupção tirou-lhe também aquela capacidade que todos temos de envergonhar-nos, de pedir perdão. Não, o corrupto é seguro, segue adiante, destrói, explora o povo, como esta mulher, tudo, tudo... segue adiante. Colocou-se no lugar de Deus.
E o Senhor responde às mulheres. A Susana, liberta-a destes corruptos, a faz seguir adiante, e à outra: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Deixa-a ir embora. Faz isso diante do povo. No primeiro caso, o povo louva o Senhor; no segundo caso, o povo aprende. Aprende como é a misericórdia de Deus.
Cada um de nós tem as próprias histórias. Cada um de nós os próprios pecados. E se não se recorda, pense um pouco: os encontrará. Agradeça a Deus se os encontra, porque se não os encontra, você é um corrupto. Cada um de nós tem os próprios pecados. Olhemos para o Senhor que faz justiça, mas que é tão misericordioso. Não nos envergonhemos de estar na Igreja: envergonhemo-nos de ser pecadores. A Igreja é mãe de todos. Agradeçamos a Deus por não sermos corruptos, por ser pecadores. E cada um de nós, olhando como Jesus age nestes casos, confie na misericórdia de Deus. E reze, confiante na misericórdia de Deus, reze (pelo) perdão. ”Porque Deus me guia no caminho mais seguro, pela honra de seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!”
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”). https://www.vaticannews.va
Domingo 29: A oração do Papa Francisco pelos que choram
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Na Missa na casa Santa Marta na manhã deste domingo (29/03), o Papa rezou por aqueles que se encontram na dor neste tempo de aflição. Na homilia, recordou que também Jesus chorou: muitas pessoas choram, peçamos a graça de saber chorar com elas.
Francisco presidiu a Santa Missa na manhã deste 29 de março, no V Domingo da Quaresma. São três semanas que a celebração eucarística na Capela da Casa Santa Marta é transmitida em streaming por desejo do Papa, que quer chegar aos fiéis que não podem participar da Missa por causa da pandemia do coronavírus. Hoje, Francisco rezou pelos aflitos.
Penso em muitas pessoas que choram: pessoas isoladas, pessoas em quarentena, os anciãos sós, pessoas internadas e as pessoas em terapia, os pais que veem que, como falta o salário, não conseguirão dar de comer aos filhos. Muitas pessoas choram. Também nós, em nosso coração, as acompanhamos. E não nos fará mal chorar um pouco com o pranto do Senhor por todo o seu povo.
Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45) sobre a ressurreição de Lázaro, falou do choro de Jesus pelo amigo. Jesus chora com amor, chora com os seus que choram, chora sempre por amor, tem um coração repleto de compaixão. Hoje, diante de um mundo que sofre por causa da pandemia – perguntou-se –, somos capazes de chorar como Jesus? Muitos choram hoje. Peçamos a graça de chorar.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Jesus tinha amigos. Amava todos, mas tinha amigos com os quais mantinha uma relação especial, como se faz com os amigos, mais amor, mais confidência... E muitas, muitas vezes se detinha na casa destes irmãos: Lázaro, Marta, Maria... E Jesus condoeu-se com a doença e a morte de seu amigo. Chega ao sepulcro e se comove profundamente e estremecido interiormente perguntou: “Onde o colocastes?” E Jesus chorou. Jesus, Deus, mas homem, chorou. Em outra passagem no Evangelho se diz que Jesus chorou: quando chorou sobre Jerusalém. E com quanta ternura Jesus chora! Chora de coração, chora com amor, chora com os seus que choram. O pranto de Jesus. Talvez, tenha chorado outras vezes na vida – não sabemos -; certamente no Horto das Oliveiras. Mas Jesus chora por amor, sempre.
Comoveu-se profundamente e estremecido chorou. Quantas vezes ouvimos no Evangelho esta comoção de Jesus, com aquela frase que se repete: “Vendo, teve compaixão”. Jesus não pode ver as pessoas e não sentir compaixão. Seus olhos são com o coração; Jesus vê com os olhos, mas vê com o coração e é capaz de chorar.
Hoje, diante de um mundo que sofre tanto, de tantas pessoas que sofrem as consequências desta pandemia, eu me pergunto: sou capaz de chorar, como certamente o faria Jesus e o faz agora Jesus? O meu coração, se assemelha ao de Jesus? E se é demasiadamente empedernido (mesmo se) sou capaz de falar, de fazer o bem, de ajudar, mas o coração não entra, não sou capaz de chorar, pedir esta graça ao Senhor: Senhor, que eu chore contigo, chore com o teu povo que sofre neste momento. Muitos choram hoje. E nós, deste altar, deste sacrifício de Jesus, de Jesus que não teve vergonha de chorar, peçamos a graça de chorar. Que hoje seja para todos nós o domingo do choro.
Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”). Fonte: Fonte: https://www.vaticannews.va
(Reflexão do Evangelho Dominical com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
Papa reza pelo fim da pandemia: homilia integral
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Confira na íntegra a homilia que o Papa Francisco pronunciou no momento extraordinário de oração pelo fim da pandemia de coronavírus.
MOMENTO EXTRAORDINÁRIO DE ORAÇÃO EM TEMPO DE EPIDEMIA PRESIDIDO PELO PAPA FRANCISCO
Adro da Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 27 de março de 2022
«Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.
Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).
Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados.
A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.
Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.
«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»
«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.
«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais.
O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.
Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.
«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7). Fonte: https://www.vaticannews.va
HOJE, DIA 27: Bênção Urbi et Orbi - Uma Praça cheia das nossas preces.
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Nesta sexta-feira dia 27 de março o Papa Francisco rezará na Praça de S. Pedro. No vazio do espaço, o tempo da oração dará fé e esperança aos corações. Para resistir ao coronavírus.
Rui Saraiva
A pandemia do coronavírus continua a matar milhares de pessoas em todo o mundo. Atenção especial para Itália e Espanha, países que vivem horas muito difíceis. Nos países lusófonos destaque para Angola que decretou nesta quarta-feira dia 25 março o estado de emergência a ser cumprido a partir de 27 de março.
Bênção Urbi et Orbi a 27 de março
Precisamente na sexta-feira, 27 de março, o Santo Padre vai presidir a um momento de oração na Praça de S. Pedro. Uma “praça vazia” disse o Papa, mas que estará cheia das nossas preces. O anúncio foi feito pelo Santo Padre no Angelus do IV Domingo da Quaresma:
“Na próxima sexta-feira, 27 de março, às 18h presidirei um momento de oração no adro da Basílica de S. Pedro, com a Praça vazia Convido todos, desde já, a participar espiritualmente através dos meios de comunicação.”
Será um momento preenchido pela Palavra de Deus e a Adoração Eucarística. O Papa dará a Benção Urbi et Orbi:
“Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual no términus darei a Bênção Urbi et Orbi a qual será acompanhada da possibilidade de receber a indulgência plenária.”
A Oração do Papa a Nossa Senhora pedindo o fim da pandemia.
Ó Maria, Tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a Ti, Saúde dos Enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a Tua fé.
Tu, Salvação do povo romano, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galiléia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação. Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser.
Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e tomou sobre si nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém.
Sob a Tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada.
Oração do Papa (Pedindo a comunhão espiritual).
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira 26. O Papa reza a fim de que vençamos o medo neste tempo difícil
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta quinta-feira (26/03), Francisco dirigiu seu pensamento aos anciãos sozinhos, aos trabalhadores precários e aos que realizam uma função social e podem ser acometidos pelo coronavírus. Na homilia, convidou a descobrir quais são os nossos ídolos, os ídolos do coração, muitas vezes escondidos. A idolatria nos faz todos perder os dons do Senhor
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Na Missa ao vivo em streaming esta quinta-feira (26/03) da Capela da Casa Santa Marta, Francisco rezou a fim de que o Senhor nos ajude a vencer o medo neste tempo caracterizado pela pandemia do Covid-19. Estas, as suas palavras, introduzindo a celebração eucarística:
Nestes dias de tanto sofrimento, há tanto medo. O medo dos anciãos, que se encontram sozinhos, nas casas de repouso ou no hospital ou na casa deles e não sabem o que pode acontecer. O medo dos trabalhadores sem trabalho fixo que pensam como prover o alimento a seus filhos e veem a fome chegar. O medo de tantos agentes sociais que neste momento ajudam a sociedade a seguir adiante e podem pegar a doença. Também o medo – os medos – de cada um de nós: cada um sabe qual é o próprio. Rezemos ao Senhor a fim de que nos ajude a ter confiança e a tolerar e vencer os medos.
Na homilia, comentando a primeira leitura, extraída do livro do Êxodo (Ex 32,7-14), que conta o episódio do bezerro de ouro, Francisco falou dos ídolos do coração, ídolos por nós escondidos muitas vezes de modo astucioso, ressaltando que a idolatria nos faz perder tudo, nos faz perder os próprios dons do Senhor. A idolatria nos leva a uma religiosidade errônea. Em seguida, o Papa pediu para se fazer um exame de consciência para descobrir nossos ídolos escondidos. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura encontra-se a cena do amotinamento do povo. Moisés subiu ao Monte para receber a Lei: Deus a deu a ele, em pedra, escrita com seu dedo. Mas o povo se entediou e se comprimiu em torno a Aarão e disse: “Mas, este Moisés, faz tempo que não sabemos onde está, para onde foi e nós estamos sem guia. Faça-nos um deus que nos ajude a seguir adiante”. E Aarão, que depois será sacerdote de Deus, mas ali foi sacerdote da estupidez, dos ídolos, disse: “Sim, deem-me todo o ouro e a prata que têm”, e eles deram tudo e fizeram aquele bezerro de ouro.
No Salmo ouvimos o lamento de Deus: “Construíram um bezerro no Horeb e adoraram uma estátua de metal; eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, pela imagem de um boi que come feno”. E ai, neste momento, quando começa a Leitura: “O Senhor disse a Moisés: 'Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido,
inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: 'Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!'” Uma verdadeira apostasia! Do Deus vivo à idolatria. Não teve paciência para esperar que Moisés retornasse: queriam novidades, queriam algo, espetáculo litúrgico, alguma coisa...
Gostaria de acenar algumas coisas sobre isso: Em primeiro lugar, aquela saudade idolátrica: neste caso, pensava nos ídolos do Egito, mas a saudade de voltar aos ídolos, voltar ao pior, não saber esperar o Deus vivo. Essa saudade é uma doença, também nossa. Inicia-se a caminhar com o entusiasmo de ser livres, mas depois começam as lamentações: “Mas sim, este é um momento duro, o deserto, tenho sede, quero água, quero carne... mas no Egito comíamos as cebolas, as coisas boas e aqui não se tem...” Sempre, a idolatria é seletiva: leva você a pensar nas coisas boas que lhe dá, mas não o deixa enxergar as coisas ruins. Neste caso, eles pensavam como era quando estavam à mesa, com essas refeições tão boas das quais gostavam tanto, mas esqueciam que aquela mesa era a mesa da escravidão.
A idolatria é seletiva.
Depois, outra coisa: a idolatria faz você perder tudo. Aarão, para fazer o bezerro, pede ouro: “Deem-me ouro e prata”: mas era o ouro e a prata que o Senhor tinha dado a eles, quando lhes disse: “Peçam ouro emprestado aos egípcios”, e depois foram embora com o ouro. É um dom do Senhor e com o dom do Senhor fazem o ídolo. E isso é muito feio. Mas esse mecanismo acontece também conosco: quando temos atitudes que nos levam à idolatria, somos apegados a coisas que nos distanciam de Deus, porque nós fazemos outro deus e o fazemos com os dons que o Senhor nos deu. Com a inteligência, com a vontade, com o amor, com o coração... são os próprios dons do Senhor que nós usamos para fazer a idolatria.
Sim, alguém de vocês pode me dizer: “Mas eu não tenho ídolos em casa. Tenho o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, que não são ídolos...” – Não, não: no seu coração. E a pergunta que hoje devemos fazer é: qual é o ídolo que você tem no seu coração, no meu coração. Aquela saída escondida onde me sinto bem, que me distancia do Deus vivo. E nós temos também um atitude, com a idolatria, muito astuto: sabemos esconder os ídolos, como fez Raquel quando fugiu de seu pai e os escondeu na sela do camelo e entre as roupas. Também nós, entre as nossas roupas do coração, escondemos muitos ídolos.
A pergunta que gostaria de fazer hoje é: qual é o meu ídolo? Aquele meu ídolo do mundanismo... e a idolatria chega também à piedade, porque eles queriam o bezerro de ouro não para fazer um circo: não. Para fazer adoração. “Prostraram-se diante dele”. A idolatria leva você a uma religiosidade errônea, aliás: muitas vezes o mundanismo, que é uma idolatria, faz você mudar a celebração de um sacramento numa festa mundana. Um exemplo: não sei, penso, pensemos, não sei, uma celebração de casamento. Você não sabe se é um sacramento onde realmente os recém-casados dão tudo e se amam diante de Deus e prometem ser fiéis diante de Deus e recebem a graça de Deus, ou se é uma exposição de modelos, como um e o outro estão vestidos e o outro... o mundanismo. É uma idolatria. Isso é um exemplo. Porque a idolatria não cessa: segue sempre adiante.
Hoje a pergunta que eu gostaria de fazer a todos nós, a todos: quais são os meus ídolos? Cada um tem os seus. Quais são os meus ídolos. Onde os escondo. E que o Senhor não nos encontre, no final da vida, e diga de cada um de nós: “Você se corrompeu. Você se distanciou do caminho que eu tinha indicado. Você se prostrou diante de um ídolo”.
Peçamos ao Senhor a graça de conhecer nossos ídolos. E se não podemos expulsá-los, ao menos os coloquemos de lado... Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Santo Padre:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antiga antífona mariana Ave Regina Caelorom (“Ave Rainha dos Céus”). Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 25. O Papa reza o Pai-Nosso implorando misericórdia pela humanidade provada
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Ao meio-dia, os cristãos do mundo se uniram a Francisco para rezar a oração por excelência. O Papa implora misericórdia para que termine este tempo de provação.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco rezou a oração do Pai-Nosso, da Biblioteca Apostólica, no Vaticano, ao meio-dia, hora local, desta quarta-feira (25/03), Solenidade da Anunciação do Senhor.
Entre o medo e a ansiedade do mundo ameaçado pela pandemia de coronavírus, ressoa o Pai-Nosso, a oração que Jesus nos ensinou, fonte perene de esperança e fonte de unidade ente os cristãos. A voz do Papa Francisco, que invoca o Senhor para acabar com a pandemia, contém a oração de um povo ferido, mas unido em oração e com o olhar voltado para o Pai.
O Pontífice, que no final da Audiência Geral desta quarta-feira, renovou o apelo a todos os cristãos a fim de invocar o Deus Onipotente, tinha convidado no Angelus do último domingo, todos os líderes de Igrejas e comunidades cristãs a se unirem a esta oração. Uma oração comovente em que a voz comunitária do “nós”, e não a voz individual do “eu”, se eleva ao céu.
Antes da oração do Pai-Nosso, Francisco proferiu as seguintes palavras:
Queridos irmãos e irmãs,
hoje, marcamos um encontro, todos os cristãos do mundo, a fim de rezar juntos o Pai-Nosso, a oração que Jesus nos ensinou.
Como filhos confiantes, nos voltamos para o Pai. Fazemos isso todos os dias, várias vezes ao dia, mas agora queremos implorar misericórdia pela humanidade provada duramente pela pandemia de coronavírus. E fazemos isso juntos, cristãos de todas as Igrejas e comunidades, de todas as idades, línguas e nações.
Rezemos pelos doentes e suas famílias, pelos profissionais de saúde e aqueles que os ajudam, pelas autoridades, pelos policiais e voluntários, e pelos ministros de nossas comunidades.
Hoje, muitos de nós celebram a Encarnação do Verbo no ventre da Virgem Maria, quando em seu “Eis-me aqui”, humilde e total, refletiu-se o “Eis-me aqui” do Filho de Deus. Nós também nos entregamos com total confiança às mãos de Deus e num só coração e numa só alma rezemos:
“Pai-Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 24: Papa Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus
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Na Missa da manhã desta terça-feira (24/03) na Casa Santa Marta o Papa agradeceu aos médicos, aos enfermeiros e aos sacerdotes comprometidos na assistência aos doentes de Covid-19: um exemplo de heroísmo. Na homilia, chamou a atenção para o pecado da preguiça
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Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira (24/03), o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo Covid-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia. A seguir, as palavras do Santo
Padre no início da celebração:
Recebi a notícia de que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.
Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:
A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.
A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.
Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.
Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.
E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.
Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.
Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 23. Homilia do Papa. “Rezar por aqueles que têm dificuldades econômicas devido ao coronavírus”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta segunda-feira (23/03), Francisco lançou seu olhar para a crise econômica que a pandemia do coronavírus está provocando e dirigiu seu pensamento às famílias que têm problemas com a impossibilidade de trabalhar. Na homilia, o Papa convidou a intensificar a oração neste período, e a rezar com fé, perseverança e coragem
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Na Missa ao vivo em streaming da Capela da Casa Santa Marta, esta segunda-feira (23/03), as primeiras palavras de Francisco foram palavras de confiança. São as palavras da Antífona de entrada: “Confio em vós, ó Deus! Alegro-me e exulto em vosso amor, pois olhastes, Senhor, minha miséria” (Sl 30,7-8). Em seguida, pediu por aqueles que estão sofrendo com a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus que paralisou muitas atividades de trabalho.
“Rezemos hoje pelas pessoas que por causa da pandemia estão começando a ter problemas econômicos, porque não podem trabalhar e tudo isso recai sobre a família. Rezemos pelas pessoas que têm esse problema.”
Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 4,43-54) sobre a cura do filho do funcionário do rei, Francisco convidou a rezar com fé, perseverança e coragem, sobretudo neste período. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Este pai pede a saúde para o filho. O Senhor repreende todos um pouco, também ele: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais”. O funcionário, ao invés de se calar e ficar quieto, insiste e lhe diz: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” E Jesus lhe responde: “Podes ir, teu filho está vivo”.
Três coisas são necessárias para se fazer uma verdadeira oração. A primeira é a fé: se não tiverdes fé... E muitas vezes, a oração é somente oral, da boca... mas não vem da fé do coração, ou uma fé fraca... Pensemos em outro pai, o do filho endemoninhado, quando Jesus responde: “Tudo é possível àquele que crê”; o pai como disse claramente “creio, mas aumenta a minha fé”. A fé na oração. Rezar com fé, quer quando rezamos fora, quer quando vimos aqui e o Senhor está ali: mas tenho fé ou é um costume? Estejamos atentos na oração: não cair no costume sem a consciência de que o Senhor está presente, que estou falando com o Senhor e que Ele é capaz de resolver o problema. A primeira condição para uma verdadeira oração é a fé.
A segunda condição que o próprio Jesus nos ensina é a perseverança. Alguns pedem mas a graça não vem: não têm essa perseverança, porque no fundo não precisam dela, ou não têm fé. E Jesus mesmo nos ensina a parábola daquele senhor que vai até o vizinho pedir pão à meia-noite: a perseverança de bater à porta... Ou a viúva, com o juiz iníquo: e insiste e insiste e insiste: é a perseverança. Fé e perseverança caminham juntas, porque se você tem fé você tem certeza de que o Senhor lhe dará aquilo que pede. E se o Senhor faz você esperar, bater, bater, no final o Senhor concede a graça.
Mas o Senhor não faz isso para tornar-se interessante ou porque diga “melhor que espere”: não. Ele o faz para o nosso bem, para que levemos a coisa a sério. Levar a oração a sério, não como os papagaios: blá blá blá e nada mais... O próprio Jesus nos repreende: “Não sede como pagãos que creem na eficácia da oração e nas palavras, muitas palavras”. Não. É a perseverança, ali. É a fé.
E a terceira coisa que Deus quer na oração é a coragem. Alguém pode pensar: é preciso coragem para rezar e para se colocar diante do Senhor? É preciso. A coragem de ficar ali pedindo e seguindo adiante, aliás, quase – quase, não quero dizer uma heresia –, mas quase como ameaçando o Senhor. A coragem de Moisés diante de Deus quando queria destruir o povo e fazê-lo líder de outro povo. Diz: “Não. Eu com o povo”. Coragem. A coragem de Abraão, quando negocia salvação de Sodoma: “E se fossem 30, e se fossem 25, e se fossem 20...”: ali, a coragem. Essa virtude da coragem, é muito necessária. Não somente para as ações apostólicas, mas também para a oração.
Fé, perseverança e coragem. Nestes dias em que é necessário rezar, rezar mais, pensemos se nós rezamos assim: com fé que o Senhor pode intervir, com perseverança e com coragem. O Senhor não decepciona: não decepciona. Faz-nos esperar, toma o seu tempo, mas não decepciona. Fé, perseverança e coragem.
Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa convida todos os cristãos a rezar juntos o Pai-Nosso na quarta-feira
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O Papa convida todos os cristãos a rezar juntos o Pai-Nosso na quarta-feira
Francisco convida os Chefes das Igrejas e os líderes de todas as Comunidades cristãs, junto a todos os cristãos das várias confissões, a invocar o Altíssimo, Deus Todo-Poderoso, recitando simultaneamente a oração que Jesus Nosso Senhor nos ensinou. “Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura”, afirma o Papa, que também na sexta-feira presidirá um momento de oração no patamar da Basílica Vaticana
Raimundo de Lima, Silvonei José - Cidade do Vaticano
Nestes dias de provação, enquanto a humanidade treme pela ameaça da pandemia, gostaria de propor a todos os cristãos unir suas vozes rumo ao Céu: disse o Pontífice na saudação após a oração mariana do Angelus, este domingo (22/03), recitada na Biblioteca do Palácio Apostólico - como tem feito excepcionalmente neste período, em tempos de coronavírus, sem fiéis na Praça São Pedro –, fazendo em seguida um forte convite para a próxima quarta-feira, 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor:
“Convido todos os Chefes das Igrejas e os líderes de todas as Comunidades cristãs, junto a todos os cristãos das várias confissões, a invocar o Altíssimo, Deus Todo-Poderoso, recitando simultaneamente a oração que Jesus Nosso Senhor nos ensinou. Portanto, convido todos a recitar o Pai-Nosso ao meio-dia da próxima quarta-feira, 25 de março. No dia em quem muitos cristãos recordam o anúncio da Encarnação do Verbo à Virgem Maria, que o Senhor possa ouvir a oração unânime de todos os seus discípulos que se preparam para celebrar a vitória de Cristo Ressuscitado.”
Na sexta-feira (27/03), o Papa preside um momento de oração
Em seguida, o Papa Francisco afirmou que com essa mesma intenção, na próxima sexta-feira, 27 de março, às 18h locais (14h no horário de Brasília), presidirá um momento de oração no patamar da Basílica de São Pedro, convidando todos, desde já, a participar espiritualmente através dos meios de comunicação.
Bênção Urbi et Orbi e Indulgência plenária
“Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual ao término darei a Bênção Urbi et Orbi (à cidade do Roma e ao mundo), à qual será acompanhada a possibilidade de receber a Indulgência plenária”, acrescentou, fazendo ainda uma premente exortação:
“Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura. Permaneçamos unidos. Façamos com que as pessoas mais sozinhas e em maiores provações sintam a nossa proximidade.”
Proximidade a todos
Central, então o chamado para permanecermos unidos:
A nossa proximidade aos médicos, aos profissionais da saúde, enfermeiros e enfermeiras, voluntários... A nossa proximidade às autoridades que devem tomar medidas duras, mas para o nosso bem. Nossa proximidade aos policiais, aos soldados, que nas ruas procuram manter sempre a ordem, que se realizem as coisas que o governo pede para o bem de todos nós. Proximidade a todos.
Em conclusão, o Papa exorta a ler hoje, tranquilamente e lentamente, o capítulo 9 do Evangelho de João, como ele mesmo o fará: "Fará bem a todos nós". Estes fortes gestos propostos por Francisco para a próxima semana, neste tempo particular de provação para toda a humanidade, contêm a exortação a enfrentar as adversidades unidos na oração e no amor, ainda que na distância física, como ele mesmo está fazendo também no cotidiano com a missa matinal da Casa Santa Marta, que há duas semanas vem sendo transmitida ao vivo.
A pandemia já infectou mais de 300 mil pessoas e matou 13 mil
Entretanto, em todo o mundo, a pandemia continua a se alastrar com mais de 300 mil infectados e mais de 13 mil mortos. Os Estados Unidos são o terceiro país em número de contágios com o coronavírus depois da China e Itália. E neste sábado, apenas na Itália, registrou-se um novo número recorde de mortes num só dia: 793, num total de 4.825. Esta é a crise mais difícil desde o pós-guerra, disse ontem o primeiro-ministro Conte anunciando novas medidas: a partir desta segunda-feira até 3 de abril fecharão também as atividades de produção não dispensáveis para bens e serviços essenciais.
O pensamento à Croácia
Na conclusão da oração mariana do Angelus o Papa dirigiu ainda o seu pensamento ao povo da Croácia. “Eu exprimo a minha proximidade à população da Croácia atingida por um terramoto nesta manhã. Que o Senhor lhes dê a força e a solidariedade para enfrentar esta calamidade".
Um terremoto de magnitude 5.3 graus atingiu Zagreb, esta manhã. Muitos edifícios foram danificados, as ruas do centro estão cheias de escombros e há carros destruídos pelos escombros dos edifícios.
Depois o Papa Francisco assomou à janela do Palácio Apostólico que dá para a Praça São Pedro, completamente vazia, por causa das restrições decididas para contrastar a difusão do coronavírus, e deu a sua benção. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sábado 21-Homilia de Francisco. O Papa na Missa reza pelas famílias trancadas em casa com as crianças
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Este sábado (21/03) na Missa matutina, Francisco dirigiu novamente sua oração às famílias, obrigadas neste período a permanecer em casa por causa da emergência coronavírus. Na homilia exortou a rezar com humildade, sem a presunção de sentir-se justos
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O Papa presidiu também este sábado (21/03) a Missa matutina transmitida em streaming da Casa Santa Marta, como está fazendo neste período de emergência em decorrência da pandemia de coronavírus. Introduzindo a celebração eucarística dirigiu seu pensamento às famílias.
Hoje gostaria de recordar as famílias que não podem sair de casa. Talvez o único horizonte que tenham é o balcão. E ali dentro, a família, com as crianças, os jovens, os pais: para que saibam encontrar o modo de comunicar bem, de construir relações de amor na família, e saibam vencer as angústias deste tempo juntos, em família. Peçamos a paz das famílias hoje, nesta crise, e pela criatividade.
Comentando as leituras do dia, extraídas do Livro do profeta Oseias (Os 6,1-6) e do Evangelho em que Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14), Francisco exortou a voltar à oração, uma oração humilde, sem a presunção de quem se considera mais justo do que os outros.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta Palavra do Senhor que ouvimos ontem: “Volta. Volta para casa”. Também no mesmo livro do profeta Oseias encontramos a resposta: “Vinde, voltemos para o Senhor”. É… a resposta, quando toca o coração, aquele “volta para casa”, “voltemos ao Senhor”. “Ele nos feriu e há de tratar-nos. ”Ele nos machucou e há de curar-nos. Apressemo-nos a conhecer o Senhor: a sua vinda é certa como a aurora”. A confiança no Senhor é segura: “Virá até nós como as primeiras chuvas, como as chuvas tardias que regam o solo”. E com essa esperança o povo começa o caminho para retornar ao Senhor. E uma das maneiras, dos modos de encontrar o Senhor é a oração. Rezemos ao Senhor, voltemos a Ele.
No Evangelho Jesus nos ensina como rezar. Há dois homens, um é um presuntuoso que vai rezar, mas para dizer que ele é bom, como se dissesse a Deus: “Olhe, sou tão bom: se precisar de alguma coisa, me diga, eu resolvo o Seu problema”. Assim se dirige a Deus: presunção. Talvez ele fizesse todas as coisas que a Lei determina, ele diz isso: “Eu jejuo duas vezes por semana, dou dízimo de toda a minha renda… sou bom”. Isso nos recorda também outros dois homens. Recorda-nos o filho mais velho da parábola do filho pródigo, quando vai até o pai e diz: “Mas, eu que sou tão bom não tenho festa, e este, que é um desgraçado, Tu lhe fazes festa…”: presuntuoso. O outro, que ouvimos estes dias, é a história daquele homem rico, um sem-nome, mas era rico, incapaz de ter um nome, mas era rico… não lhe importava nada da miséria dos outros. São esses que têm segurança em si mesmos ou no dinheiro ou no poder…
Depois tem o outro, o publicano. Que não se coloca diante do altar, não: permanece à distância. “Tendo se detido à distância, não ousava nem mesmo elevar os olhos para o céu. Batia a mão no peito dizendo: “Deus, tende piedade de mim pecador”. Também este nos leva à recordação do filho pródigo: deu-se conta dos pecados cometidos, das coisas feias que tinha feito; também ele batia no peito: “Voltarei até meu pai e (lhe direi): pai, pequei”. A humilhação. Recorda-nos aquele outro, o mendicante, Lázaro, na porta do rico, que vivia a sua miséria diante da presunção daquele senhor. (Temos) sempre essa correspondência de pessoas no Evangelho.
Neste caso, o Senhor nos ensina como rezar, como aproximar-nos, como devemos aproximar-nos do Senhor: com humildade. Há uma bonita imagem no hino litúrgico da festa de São João Batista. Diz que o povo se aproximava do Jordão para receber o batismo, “com a alma e os pés desnudos”: rezar com a alma despida, sem maquiagem, sem travestir-se das próprias virtudes. Ele, lemos isso no início da Missa, perdoa todos os pecados, mas é preciso que eu lhe mostre os pecados, com a minha nudez. Rezar assim, nus, com o coração despido, sem cobrir, sem confiar nem mesmo naquilo que aprendi sobre o modo de rezar… Rezar, tu e eu, face a face, a alma nua. Isso é aquilo que o Senhor nos ensina. Ao invés, quando formos até o Senhor um pouco por demais seguros de nós mesmos, cairemos na presunção deste ou do filho mais velho ou do rico ao qual nada faltava. Teremos a nossa segurança em outro lugar. “Eu vou até o Senhor para… mas quero ir, para ser educado… e Lhe falo num tu a tu, praticamente…”: esse não é o caminho. O caminho é abaixar-se. O abaixamento. O caminho é a realidade. E o único homem aí, nesta parábola, que tinha entendido a realidade, era o publicano: “Tu és Deus e eu sou pecador”. Essa é a realidade. Mas digo que sou pecador, não com a boca: com coração. Sentir-se pecador.
Não esqueçamos isso que o Senhor nos ensina: justificar a si mesmo é soberba, é orgulho, é exaltar a si próprio. É travestir-se daquilo que não sou. E as misérias permanecem dentro. O fariseu justificava a si mesmo. Confessar os próprios pecados, sem justificá-los, sem dizer: “Mas, não, fiz isso, mas não era minha culpa…”. A alma despida. A alma despida.
O Senhor nos ensina a entender isso, essa atitude para começar a oração. Quando começamos a oração com nossas justificações, com nossas seguranças, não vai ser oração: será falar com o espelho. Ao invés, quando começo a oração com a verdadeira realidade – “sou pecador, sou pecador” – é um bom passo avante para deixar-se olhar pelo Senhor. Que Jesus nos ensine isto, a nós.
Também este sábado, Francisco concluiu a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA 20. Papa reza pelos médicos e agentes de saúde que estão dando a própria vida
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Na Missa da manhã desta sexta-feira, o Papa dirigiu sua oração aos profissionais e agentes de saúde que está dando o máximo de si para ajudar pacientes com coronavírus, em particular em Bérgamo, Treviglio, Bréscia e Cremona. Também rezou pelas autoridades. Na homilia, Francisco convidou a redescobrir Deus como um Pai bom e explica como confessar-se na ausência de um padre
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O Papa celebrou a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta sexta-feira, 20, recordando o grande trabalho que os médicos e agentes de saúde estão fazendo, especialmente nas áreas mais atingidas pelo Covid-19.
Ontem recebi uma mensagem de um sacerdote bergamasco, pedindo para rezar pelos médicos de Bérgamo, Treviglio, Bréscia, Cremona, que estão trabalhando no limite de suas forças; eles estão dando suas próprias vidas para ajudar os doentes, para salvar a vida dos outros. E também peçamos pelas autoridades; não é fácil para eles gerir esse momento, e muitas vezes sofrem com incompreensões. Médicos, funcionários de hospitais, voluntários da saúde ou as autoridades, neste momento são colunas que nos ajudam a seguir em frente e nos defendem nesta crise. Rezemos por eles.
Ao comentar a primeira leitura, extraída do Livro do Profeta Oséias (Os 14: 2-10), Francisco nos exorta a nos dirigirmos a Deus não como se fosse a um juiz, mas como um Pai bom, que ama e perdoa sempre. Neste sentido, recordando o que diz o Catecismo, explica como é possível confessar, quando não a situação não permite encontrar um sacerdote.
Segue o texto da homilia na íntegra, segundo nossa transcrição:
Quando leio ou ouço essa passagem do Profeta Oséias que ouvimos na Primeira Leitura [que diz]: " Volta, Israel, para o Senhor, teu Deus", quando a ouço, lembro-me de uma canção que há 75 anos Carlo Buti cantava e que nas famílias italianas em Buenos Aires as pessoas ouviam com grande prazer: “Volte para o teu pai. Ele ainda cantará para ti a canção de ninar." Volta: mas é o teu pai que te diz para voltar. Deus é o teu pai; não é o juiz, é o teu pai: "Volta para casa, escuta venha".
E essa recordação - eu era menino - me leva imediatamente ao pai do capítulo 15 de Lucas, aquele pai que diz: "Estava ainda longe, quando seu pai o viu", aquele filho que tinha ido embora com todo o dinheiro e o desperdiçou. Mas, se o vê de longe, é porque esperava por ele. Subia ao terraço - quantas vezes por dia! – por dias e dias, meses, anos, quem sabe, esperando o filho. O vê de longe. Volta para o teu pai, volta para o teu pai. Ele te espera. É a ternura de Deus que nos fala, especialmente na Quaresma. É o momento de entrar em nós mesmos e recordar o Pai, ou voltar para ele.
"Não, pai, tenho vergonha de voltar porque ... Você sabe pai, fiz muitas coisas, eu aprontei muito ...". O que o Senhor diz? “Volta, eu te curarei da tua infidelidade, te amarei profundamente, porque minha ira se afastou. Eu serei como orvalho; florescerás como um lírio e lançarás raízes como uma árvore do Líbano”. Volta para teu pai que te espera. O Deus da ternura nos curará; nos curará das tantas, tantas feridas na vida e das tantas coisas ruins que aprontamos. Cada um tem as suas!
Mas pensar isso: retornar a Deus é retornar ao abraço, ao abraço de pai. E pensar naquela outra promessa que Isaías faz: "Se vossos pecados forem escarlates, se tornarão brancos como a neve". Ele é capaz de nos transformar, Ele é capaz de mudar o coração, mas precisamos dar o primeiro passo: voltar. Não é ir para Deus, não: é voltar para casa.
E a Quaresma sempre tem por objetivo essa conversão do coração que, no costume cristão, ganha forma no Sacramento da Confissão. É o momento para - eu não sei se [para] “acertar as contas”, não gosto disso - deixar Deus nos embranquecer, Deus nos purificar, Deus nos abraçar.
Sei que muitos de vocês, na Páscoa, vão se confessar para se encontrarem com Deus. Mas muitos me diriam hoje: “Mas padre, onde posso encontrar um sacerdote, um confessor, por que não podemos sair de casa? E eu quero fazer as pazes com o Senhor, eu quero que ele me abrace, que meu pai me abrace ... Como posso fazer se não encontro sacerdotes?". Faz o que o diz Catecismo. É muito claro: se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu pai, e diga a Ele a verdade: "Senhor, aprontei isso, isso, isso ... Perdoa-me", e peça perdão a Ele de todo coração, com o Ato de Contrição e prometa a Ele: "Depois vou me confessar, mas me perdoe agora". E imediatamente voltarás à graça de Deus. Tu mesmo podes aproximar-te - como nos ensina o Catecismo – ao perdão de Deus, se não tem à mão um sacerdote. Mas pensem: é o momento! E este é o momento correto, o momento oportuno. Um Ato de Contrição bem feito, e assim nossa alma se tornará branca como a neve.
Seria belo se hoje ecoasse em nossos ouvidos esta frase: "Volta para o teu pai, volta para o teu pai". Ele te espera e fará festa para ti. Também hoje, Francisco encerrou a celebração com a Adoração e Bênção Eucarística, convidando a fazer a comunhão espiritual:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa recorda como receber o perdão sem o sacerdote
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Pessoas em fim de vida sem capelães, famílias fechadas em casa e impossibilitadas de ir a um sacerdote: na homilia na Casa Santa Marta, Francisco cita o Catecismo e a “contrição” que perdoa os pecados na expectativa da confissão.
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A salus animarum, a salvação das almas é a lei suprema da Igreja, o critério interpretativo fundamental para determinar o que é justo. É por isso que a Igreja sempre procura, de todos os modos, oferecer a possibilidade de se reconciliar com Deus a todos aqueles que o desejam, que estão em busca, esperando ou que, de alguma forma, se dão conta de sua condição e sentem a necessidade de serem acolhidos, amados e perdoados. Nestes tempos de emergência devido à pandemia, com pessoas gravemente doentes e isoladas nas unidades de terapia intensiva, bem como para as famílias que são solicitadas a permanecerem em casa para evitar a difusão do contágio, é útil lembrar a todos a riqueza da tradição. Foi o que fez o Papa Francisco durante a homilia da missa na Santa Marta na sexta-feira, 20 de março.
“Eu sei que muitos de vocês se confessam para a Páscoa a fim de se reconciliar com Deus”, disse o Papa. “Mas muitos me dirão hoje: “Mas, padre, onde posso encontrar um sacerdote, um confessor? Não se pode sair de casa! E eu quero fazer as pazes com o Senhor, quero que Ele me abrace, que o meu pai me abrace. O que posso fazer se não encontro um sacerdote?” Você faz o que diz o Catecismo”.
“É muito claro: se você não encontra um sacerdote para se confessar”, explicou o Papa, “fale com Deus, ele é seu Pai. Diga-lhe a verdade: “Senhor, eu fiz isso e aquilo. Perdoa-me”. “Peça-lhe perdão de todo o coração, com o Ato de Contrição e promete-lhe: “Depois, eu vou me confessar, mas perdoa-me agora”. E logo você retornará à graça de Deus. Você mesmo pode se aproximar, como o Catecismo nos ensina, do perdão de Deus sem ter um sacerdote. Pensem nisso: este é o momento! E este é o momento certo, o momento oportuno. Um Ato de Contrição bem feito e a nossa alma se tornará branca como a neve”.
O Papa Francisco se refere aos números 1451 e 1452 do Catecismo da Igreja Católica, promulgado por São João Paulo II e redigido sob a orientação de Joseph Ratzinger, naquela época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O Catecismo, citando o Concílio de Trento, ensina que entre os atos do penitente, a “contrição” ocupa o primeiro lugar. Ela é «uma dor da alma e uma reprovação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar no futuro».
«Quando procedente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, a contrição é dita «perfeita» (contrição de caridade)», afirma o Catecismo. «Uma tal contrição perdoa as faltas veniais: obtém igualmente o perdão dos pecados mortais, se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão sacramental». Portanto, na expectativa de ser absolvido por um sacerdote assim que as circunstâncias permitirem, é possível ser perdoado imediatamente com esse ato. Isso já tinha sido afirmado também pelo Concílio de Trento, no capítulo 4 da Dotrina de sacramento Penitência, onde se afirma que a contrição acompanhada pela intenção de se confessar «reconcilia o homem com Deus, mesmo antes que esse sacramento seja realmente recebido». Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: “Pedi ao Senhor: com a tua mão detenha a epidemia”
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"Neste momento a consolação deve ser o empenho de todos". Entrevista do Papa Francisco ao jornal italiano “Repubblica”. O Pontífice pede também para ficarmos "próximos dos que perderam seus familiares”
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“Pedi ao Senhor para deter a epidemia: Senhor, detenha-a com a tua mão. Rezei por isso”. Assim respondeu Francisco ao ser entrevistado pelo vaticanista Paolo Rodari do jornal italiano Repubblica. O jornalista perguntara ao Papa a quem era dedicada a oração no domingo à tarde, durante sua visita às igrejas romanas de Santa Maria Maior e São Marcelo al Corso.
Ao propor como viver estes dias difíceis o Papa disse: “Devemos reencontrar a concretude das pequenas coisas, das pequenas atenções para com os que estão perto de nós, familiares, amigos. Entender que o nosso tesouro encontra-se nas pequenas coisas. Há gestos mínimos, que às vezes se perdem no anonimato da cotidianidade, gestos de ternura, de afeto, de compaixão que todavia são decisivos, importantes. Por exemplo, um prato de comida, uma carícia, um abraço, um telefonema… são gestos familiares de atenção aos detalhes do dia a dia que fazem com que a vida tenha um sentido e que exista comunhão e comunicação entre nós”.
Gestos concretos em família
“Às vezes – acrescentou Francisco – entre nós existe apenas uma comunicação virtual. Ao invés, nesta situação, devemos descobrir uma nova proximidade. Uma relação concreta feita de atenção e paciência. Muitas vezes as famílias fazem as refeições juntas em casa em um grande silêncio, porque os pais olham televisão e os filhos ficam no celular. Parecem um grupo de monges isolados um do outro. Aqui não há comunicação; ao passo que escutar o que outro fala é importante para que se compreendam as necessidades, dificuldades, desejos. Há uma linguagem feita de gestos concretos que deve ser salvaguardada. Na minha opinião a dor destes dias deve-se à falta desta concretude, destes gestos nas famílias”.
Exemplos de concretude
O Papa deu uma particular atenção aos trabalhadores da área da saúde, aos voluntários e aos familiares das vítimas: “Agradeço os que se dedicam aos outros deste modo. São um exemplo desta concretude. E peço que todos estejam próximos dos que perderam seus familiares, tentando dar-lhes força em todos os modos possíveis. Neste momento a consolação deve ser o empenho de todos”. Francisco disse que ficou impressionado, a este propósito por um artigo publicado recentemente pelo jornalista Fabio Fazio, em particular quando afirma que “os nossos comportamentos influenciam sempre a vida dos outros”, citando o exemplo dos que, não pagando impostos, fazem com que falte serviços de saúde.
Esperança e amor
Por fim, Francisco convida todos à esperança, também aos que não creem: “Todos são filhos de Deus e são cuidados por Ele. Mesmo os que ainda não encontraram Deus, quem não tem o dom da fé, pode encontrar o caminho na esperança, nas coisas boas em que acredita: pode encontrar a força no amor pelos próprios filhos, pela família, pelos irmãos. Alguém pode dizer: “Não posso rezar porque não creio”. Mas ao mesmo tempo, pode-se crer no amor das pessoas que tem ao seu redor e ali encontrar esperança”.
Te Deum com o Papa: com Deus, fazer novas todas as coisas
“Deus habita em meio ao seu Povo, caminha com ele e vive a sua vida. A sua fidelidade é concreta, é proximidade à existência cotidiana dos seus filhos. Ou melhor, quando Deus quer fazer novas todas as coisas por meio do seu Filho, não começa do templo, mas do ventre de uma mulher pequena e pobre do seu Povo.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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