“A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia”. Papa Francisco
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O Pontífice presidiu no final da tarde desta sexta-feira (29) a Celebração Penitencial, na Basílica de São Pedro, que dá início à iniciativa mundial “24 Horas de Oração para o Senhor”. Na homilia, o perdão de Deus como força para vida nova. Durante a cerimônia, o Papa se ajoelha como penitente, para depois confessar uma dezena de fiéis.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco presidiu a Celebração da Penitência, com o rito da reconciliação no final da tarde desta sexta-feira (29), na Basílica de São Pedro. A cerimônia deu início à iniciativa “24 Horas de Oração para o Senhor” que começou em Roma, mas tomou dimensões mundiais até chegar aos cinco continentes. Em cada diocese, uma igreja ficará aberta por 24 horas consecutivas para oferecer a possibilidade de rezar, se confessar e fazer adoração.
Antes do pecado, o pecador
Na homilia, o Papa usou da interpretação de Santo Agostinho para comentar o Evangelho de João (8, 1-11), da mulher surpreendida em adultério que, segundo a Lei de Moisés, devia ser apedrejada: “ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia”. Os que vieram para atirar pedras contra ela ou para acusar Jesus foram embora. E Jesus ficou porque lá estava “o que era precioso aos seus olhos: aquela mulher, aquela pessoa”.
“ Para Ele, antes do pecado, vem o pecador. No coração de Deus, eu, tu, cada um de nós vem em primeiro lugar; vem antes dos erros, das normas, dos juízos e das nossas quedas. Peçamos a graça de um olhar semelhante ao de Jesus; peçamos para ter o enquadramento cristão da vida: nele, antes do pecado, olhamos com amor o pecador; antes do erro, o transviado; antes do caso, a pessoa. ”
O Papa repetiu Santo Agostinho ao decorrer de toda a homilia: “ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia”. Com Jesus, misericórdia de Deus encarnada, o Pontífice enaltece que chegou o momento de dar uma esperança segura à miséria humana: “dar, não tanto leis externas que muitas vezes deixam Deus e o homem distantes, mas a lei do Espírito, que entra no coração e o liberta”.
Confissão, miséria e misericórdia
Francisco lembrou que é Jesus, com a força do Espírito Santo, que liberta do mal que temos dentro mas que, mesmo assim, é um mal forte e com poder sedutor que atrai. “Para se desprender dele, não basta o nosso esforço, é preciso um amor maior. Sem Deus, não se pode vencer o mal: só o amor d’Ele eleva por dentro; só a sua ternura, derramada no coração, é que torna livre. Se queremos a libertação do mal, temos de dar espaço ao Senhor, que perdoa e cura; e fazê-lo sobretudo através do Sacramento que estamos prestes a celebrar. A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia, é a escrita de Deus no coração. Sempre que nos abeiramos dela, lemos que somos preciosos aos olhos de Deus, que Ele é Pai e nos ama mais de quanto nos amamos a nós mesmos.”
O perdão dos pecados é um novo começo
O Papa então abordou a solidão, como a falta de motivação para recomeçar, e indicou o perdão “arrebatador de Deus” que recebemos no Batismo, como a força para renascer.
“ O perdão nos proporciona um novo começo, nos torna criaturas novas, nos faz palpar a vida nova. O perdão de Deus não é uma fotocópia que se reproduz idêntica em cada passagem pelo confessionário. Receber o perdão dos pecados, através do sacerdote, é uma experiência sempre nova, original e inimitável. ”
E o medo da Confissão?
Ao finalizar a homilia, Francisco convidou a superar o medo da Confissão dando ênfase à misericórdia e não às misérias, recordar da ternura, saborear a paz e experimentar a liberdade. “Com efeito, isto é o coração da Confissão: não os pecados que dizemos, mas o amor divino que recebemos e do qual sempre precisamos. Entretanto há ainda uma dúvida que nos pode vir: «Não vale a pena se confessar! Volto sempre aos pecados habituais». Mas o Senhor nos conhece, sabe que a luta interior é difícil, que somos fracos e propensos a cair muitas vezes reincidentes na prática do mal. Então, nos propõe começar a ser reincidentes no bem, no pedido de misericórdia. Será Ele a nos erguer, fazendo de nós criaturas novas.” Fonte: https://www.vaticannews.va
24 HORAS DE ORAÇÃO PARA O SENHOR: Texto integral da homilia do Papa na Celebração Penitencial
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O Papa Francisco presidiu no final da tarde desta sexta-feira (29), na Basílica de São Pedro, a Celebração da Penitência, com o rito da reconciliação na Basílica de São Pedro. A cerimônia deu início à iniciativa “24 Horas de Oração para o Senhor”.
A seguir, a íntegra da homilia do Papa Francisco desta sexta-feira (29), na Basílica de São Pedro, em celebração que deu início à iniciativa "24 Horas de Oração para o Senhor".
HOMILIA DO SANTO PADRE
Celebração Penitencial
(Basílica de São Pedro, 29 de março de 2019)
«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia» (Santo Agostinho, In Johannis 33, 5): assim interpreta Santo Agostinho o final do Evangelho que acabamos de ouvir. Foram-se embora aqueles que tinham vindo para atirar pedras contra a mulher ou para acusar Jesus a propósito da Lei. Foram-se embora; nada mais lhes interessava. Mas Jesus continua... E continua, porque lá ficou o que era precioso a seus olhos: aquela mulher, aquela pessoa. Para Ele, antes do pecado, vem o pecador. No coração de Deus, eu, tu cada um de nós vem em primeiro lugar; vem antes dos erros, das normas, dos juízos e das nossas quedas. Peçamos a graça dum olhar semelhante ao de Jesus; peçamos para ter o enquadramento cristão da vida: nele, antes do pecado, olhamos com amor o pecador; antes do erro, o transviado; antes do caso, a pessoa.
«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Naquela mulher surpreendida em adultério, Jesus não vê uma alínea da Lei, mas uma situação concreta que O reclama. Por isso, fica ali com a mulher, mantendo-Se quase todo o tempo em silêncio; entretanto, por duas vezes, efetua um gesto misterioso: escreve com o dedo por terra (Jo 8, 8). Não sabemos o que terá escrito, e talvez não seja a coisa mais importante: a atenção do Evangelho centra-se no facto de o Senhor escrever. Vem à mente o episódio do Sinai, quando Deus escrevera as tábuas da Lei com o seu dedo (cf. Ex 31, 18), tal como faz agora Jesus. Depois, através dos profetas, Deus prometera que não mais escreveria em tábuas de pedra, mas diretamente nos corações (cf. Jr 31, 33), nas tábuas de carne dos nossos corações (cf. 2 Cor 3, 3). Com Jesus, misericórdia de Deus encarnada, chegou o momento de escrever no coração do homem, dando uma segura esperança à miséria humana: dar, não tanto leis externas que muitas vezes deixam Deus e o homem distantes, mas a lei do Espírito, que entra no coração e o liberta. Assim sucede com aquela mulher, que encontra Jesus e recomeça a viver. Segue a sua estrada, para não mais pecar (cf. Jo 8, 11). É Jesus, com a força do Espírito Santo, que nos liberta do mal que temos dentro, do pecado que a Lei podia obstaculizar, mas não remover.
E ainda assim o mal é forte, tem um poder sedutor: atrai, encandeia. Para desprender-se dele, não basta o nosso esforço, é preciso um amor maior. Sem Deus, não se pode vencer o mal: só o amor d’Ele eleva por dentro; só a sua ternura, derramada no coração, é que torna livre. Se queremos a libertação do mal, temos de dar espaço ao Senhor, que perdoa e cura; e fá-lo sobretudo através do Sacramento que estamos prestes a celebrar. A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia, é a escrita de Deus no coração. Sempre que nos abeiramos dela, lemos que somos preciosos aos olhos de Deus, que Ele é Pai e ama-nos mais de quanto nos amamos a nós mesmos.
«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Só eles… Quantas vezes nos sentimos sozinhos e perdemos o encadeamento da vida! Muitas vezes já não sabemos como recomeçar, cansados de nos aceitarmos. Temos necessidade de começar do princípio, mas não sabemos donde. O cristão nasce pelo perdão, que recebe no Batismo; e daqui é que sempre renasce: do perdão arrebatador de Deus, da sua misericórdia que nos restaura. Só como perdoados podemos recomeçar revigorados, depois de termos experimentado a alegria de ser amados até ao extremo pelo Pai. Só através do perdão de Deus é que acontecem em nós coisas verdadeiramente novas. Pensemos na frase que o Senhor nos disse hoje, através do profeta Isaías: «Vou realizar algo de novo» (43, 19). O perdão proporciona-nos um novo começo, torna-nos criaturas novas, faz-nos palpar a vida nova. O perdão de Deus não é uma fotocópia que se reproduz idêntica em cada passagem pelo confessionário. Receber o perdão dos pecados, através do sacerdote, é uma experiência sempre nova, original e inimitável. Da situação de estar sozinhos com as nossas misérias e os nossos acusadores, como a mulher do Evangelho, faz-nos passar ao estado de erguidos e encorajados pelo Senhor, que nos faz recomeçar.
«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Que fazer para me afeiçoar à misericórdia, para superar o medo da Confissão? Acolhamos o sucessivo convite de Isaías: «Não o notais?» (43, 19). Notar, dar-se conta do perdão de Deus. É importante. Seria bom, depois da Confissão, permanecer – como aquela mulher – com o olhar fixo em Jesus, que acabou de nos libertar: fixo, não mais nas nossas misérias, mas na sua misericórdia. Fixar o Crucificado e exclamar maravilhados: «Eis aonde foram parar os meus pecados! Tomaste-los sobre Vós... Não me apontastes o dedo acusador, mas abristes-me os braços e mais uma vez me perdoastes». É importante recordar o perdão de Deus, lembrar a sua ternura, saborear de novo a paz e a liberdade que experimentamos. Com efeito, isto é o coração da Confissão: não os pecados que dizemos, mas o amor divino que recebemos e do qual sempre precisamos. Entretanto há ainda uma dúvida que nos pode vir: «Não vale a pena confessar-se! Volto sempre aos pecados habituais». Mas o Senhor conhece-nos, sabe que a luta interior é difícil, que somos fracos e propensos a cair muitas vezes reincidentes na prática do mal. Então propõe-nos começar a ser reincidentes no bem, no pedido de misericórdia. Será Ele a erguer-nos, fazendo de nós criaturas novas. Recomecemos, pois, da Confissão, devolvamos a este sacramento o lugar que merece na vida e na pastoral!
«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Também hoje vivemos, na Confissão, este encontro de salvação: nós, com as nossas misérias e o nosso pecado; o Senhor, que nos conhece, ama e liberta do mal. Avancemos para este encontro, pedindo a graça de o redescobrir. Fonte: https://www.vaticannews.va
QUINTA-FEIRA, 28. HOMILIA DO PAPA: “O coração endurecido nos faz perder a fidelidade ao Senhor”.
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Ouvir a voz do Senhor para não deixar que nosso coração endureça: este é o convite do Papa Francisco ao celebrar a missa na capela da Casa Santa Marta.
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou na manhã desta quinta-feira (28/03) a missa na capela da Casa Santa Marta e em sua homilia fez um forte convite à conversão.
Comentando a liturgia do dia, o Papa advertiu para o risco de se ter um coração que não ouve a voz do Senhor e, indo avante assim por “dias, meses e anos”, se torna como “a terra sem água”, se endurece. No Evangelho de hoje, Jesus é claro: “Quem não está comigo, está contra mim”. “Ou se tem o coração obediente, ou perdemos a fidelidade”, comentou Francisco.
O risco de perder a fidelidade
“Nós, muitas vezes, somos surdos e não ouvimos a voz do Senhor. Sim, ouvimos o telejornal, as fofocas do bairro: isso sim, ouvimos sempre”. O Senhor exorta a ouvir a sua voz e não endurecer o coração. A Primeira Leitura, extraída do profeta Jeremias, descreve justamente esta experiência de Deus diante do “povo teimoso, que não quer ouvir”, disse o Papa de maneira vigorosa. Este trecho de Jeremias é, portanto, “um pouco a lamentação do Senhor”: Deus ordena ao povo de ouvir a sua voz relacionando-a com a promessa de que sempre será o seu Deus e “vocês serão o meu povo”.
Mas o povo não o ouviu e não prestou atenção; ao contrário, “seguindo as más inclinações do coração, andaram para trás e não para a frente e ao invés de se dirigirem a mim, me viraram as costas”. O Papa pediu a cada um para refletir se não fez a mesma coisa.
Sempre na Primeira Leitura, Deus recorda que, desde a saída do Egito, enviou “todos os seus servos, os profetas”, mas não foi ouvido. Ao invés, “se obstinaram no erro, procedendo ainda pior que seus pais”. “Se falares todas essas coisas”, diz o Senhor, “eles não te escutarão” e termina com “esta declaração triste” que “é um testemunho de morte”: “a fé morreu”.
Um povo sem fidelidade, que perdeu o sentido da fidelidade. E esta é a pergunta que hoje a Igreja quer que nós façamos, cada um: Eu perdi a fidelidade ao Senhor? – “Não, não, vou todos os domingos à missa …” – Sim, sim: mas aquela fidelidade do coração: eu perdi aquela fidelidade ou o meu coração está duro, obstinado, surdo, não deixa entrar o Senhor, se vira sozinho com três ou quatro coisas e depois faz o que quer? Esta é uma pergunta para cada um de nós: todos devemos fazê-la, porque a Quaresma serve para isso, para reavaliar o estado do nosso coração. “Ouça hoje a voz do Senhor” é o convite da Igreja. “Não endureçam o coração”. Quando alguém vive com o coração duro, que não ouve o Senhor, vai além de não ouvi-lo e quando há algo do Senhor que não gosta, deixa-O de lado com algum pretexto, descreditando o Senhor, caluniando e difamando-O.
Jesus diz: quem não está comigo, está contra mim
“Foi o que aconteceu com Jesus e a multidão”, disse o Papa comentando o Evangelho do dia, para explicar o que significa descreditar o Senhor. Jesus fazia milagres, curava os doentes e esses obstinados o que disseram? “É por meio de Belzebu que Ele expulsa os demônios”, recordou Francisco, acrescentando que “descreditar o Senhor” é “o penúltimo passo dessa rejeição”. O “último passo do qual não há volta é a blasfêmia contra o Espírito Santo”, prosseguiu o Papa, recordando as fortes palavras de Jesus no final do Evangelho:
Jesus tenta convencê-los, mas não consegue... E no final, assim como o profeta termina com esta frase clara – “a fé morreu” – Jesus termina com outra frase que pode nos ajudar: “Quem não está comigo, está contra mim”. “Não, não, eu estou com Jesus, mas mantendo certa distância, não me aproximo muito”: não, isso não existe. Ou você está com Jesus ou contra Jesus; ou é fiel ou infiel; ou tem o coração obediente ou perdeu a fidelidade. Cada um de nós pense, hoje, durante a missa e depois durante o dia: pensar um pouco. “Como vai a minha fidelidade? Eu, para rejeitar o Senhor, procuro algum pretexto?”. Não perder a esperança. E essas duas palavras– “a fé morreu” e “quem não está comigo, está contra mim” – ainda deixam espaço para a esperança, inclusive a nós.
Voltar ao Senhor
O Papa conclui a homilia recordando, porém, que somos chamados a regressar ao Senhor, como exorta a fazer a Aclamação ao Evangelho: “Voltai a mim de todo coração”, diz o Senhor, “porque sou misericordioso e piedoso”. “Sim, o seu coração é duro como esta pedra, tantas vezes você me descreditou para não me obedecer, mas ainda há tempo”: “Voltai a mim de todo o coração”, diz o Senhor, “porque eu sou misericordioso e piedoso: esquecerei tudo. A mim importa que você venha. Isso é o que importa, diz o Senhor. E esquece todo o resto. Este é tempo da misericórdia, da piedade do Senhor: abramos o coração para que Ele venha a nós. Fonte: https://www.vaticannews.va
Audiência: alimento não é propriedade privada. O apelo do Papa pelas crianças famintas
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Na catequese desta quarta-feira, o Pontífice começou a analisar a segunda parte da oração do Pai-Nosso, em que apresentamos a Deus as nossas necessidades. E a súplica analisada foi: o pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Alimento não é propriedade privada, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus: palavras do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro.
Na catequese, o Pontífice começou a analisar a segunda parte da oração do Pai-Nosso, aquela em que apresentamos a Deus as nossas necessidades. E a súplica analisada foi: o pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Jesus não está indiferente
Esta oração provém de uma evidência que frequentemente esquecemos, isto é, de que não somos criaturas autossuficientes e que precisamos nos nutrir todos os dias. Jesus não exige súplicas refinadas. Nos Evangelhos, há uma multidão de mendigos que suplicam libertação e salvação: há quem pede pão, cura, purificação, a visão... Jesus jamais passa indiferente ao lado desses pedidos e dores.
Jesus, portanto, nos ensina a pedir o pão cotidiano: “Quantas mães e pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão suficiente para os próprios filhos! Imaginemos esta oração rezada não na segurança de um cômodo apartamento, mas na precariedade de um quarto onde as pessoas se adaptam, onde falta o necessário para viver. As palavras de Jesus assumem uma força nova. ”
A oração cristã começa deste nível. Não é um exercício para ascetas, mas parte da realidade, do coração, da carne de pessoas que estão na necessidade.
Nem mesmo os mais altos místicos cristãos podem prescindir da simplicidade deste pedido: e o pão significa também água, remédio, casa, trabalho... O pão que o cristão pede na oração não é o “meu”, mas o “nosso”. Jesus quer assim. Ele nos ensina a pedi-lo não só para si mesmo, mas para toda a fraternidade do mundo. Se não for rezado assim, o “Pai-Nosso deixa de ser uma oração cristã. Se Deus é nosso Pai, como podemos nos apresentar a Ele senão de mãos dadas?”
Empatia e solidariedade
E se o pão que Ele nos dá o roubamos entre nós, como podemos declarar-nos seus filhos? Esta invocação contém uma atitude de empatia e de solidariedade. Na minha fome sinto a fome das multidões, e então rezarei a Deus até que o pedido não seja realizado.
Francisco convidou os fiéis a pensarem nas crianças famintas nos países que estão em guerra: “Crianças famintas no Iêmen, na Síria, em muitos países onde não há pão, no Sudão do Sul. Pensemos nessas crianças e vamos rezar juntos: Pai, nos dai hoje o pão nosso de cada dia. ”
Alimento não é propriedade privada
Jesus nos educa a pedir a Deus as necessidades de todos e nos repreende o fato de não estarmos acostumados a dividir o pão com quem está próximo de nós.
“Era um pão entregue a toda a humanidade e, ao invés, foi consumido somente por alguns: o amor não pode tolerar isto. O amor de Deus também não pode tolerar este egoísmo”, disse o Papa, acrescentando: “ Alimento não é propriedade privada, vamos colocar isso na cabeça, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus. ”
Ao multiplicar os pães e peixes, Jesus realiza o milagre da compartilha. Ele próprio, multiplicando aquele pão oferecido, antecipou a oferta de Si no Pão eucarístico. De fato, somente a Eucaristia é capaz de saciar a fome de infinito e o desejo de Deus que anima o homem, inclusive na busca do pão cotidiano. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco recua mão para que fiéis não beijem anel.
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Cenas repercutem nas redes sociais e dividem opiniões. Biógrafo do religioso disse que ele é “o vigário de Cristo, e não imperador romano”
Uma cena curiosa chamou a atenção após vídeo do papa Francisco recebendo fiéis em um santuário católico em Loreto, na Itália, viralizar. Na segunda-feira (25/3), quando as pessoas tentaram beijar o anel do líder religioso, ele recuou bruscamente a mão.
Um site católico conservador, o LifeSiteNews, que frequentemente critica o papa, chamou o episódio de “perturbador” na manchete de um artigo que incluía uma longa história dos anéis que os papas usam e de seu significado.
No Twitter, houve quem não entendesse a ação, criticasse e, também, defendesse. O biógrafo papal Austen Ivereigh, defensor de Francisco, contra-atacou: “Ele está se certificando de que eles se envolvam com ele, não o tratem como uma relíquia sagrada. Ele é o vigário de Cristo, não um imperador romano”.
A defesa também veio do padre jesuíta Russell Pollit: “É hora de o hábito de beijar os anéis dos bispos desaparecer por completo. É ridículo e não tem nada a ver com tradição. É uma importação das monarquias. Grande parte da pompa em torno dos bispos deveria ser descartada”.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o Vaticano não disse por que Francisco insistiu em não ter o anel beijado na longa fila de recepção.
O item de ouro, chamado de “anel do pescador”, em referência a São Pedro, que era um pescador, é destruído depois do fim do papado. Ou seja, quando o sucessor assume, uma nova peça é construída. De acordo com jornais italianos, Francisco evita ter a mão beijada porque pensa ser esse um modo excessivo de reverência.
Observadores do Vaticano destacaram que Bento 16 e João Paulo II, antecessores de Francisco, também não gostavam de ter suas mãos beijadas. Fonte: https://www.metropoles.com
PAPA FRANCISCO NA AUDIÊNCIA GERAL: "Pai-Nosso é uma oração combativa. Deus quer a nossa salvação"
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Na catequese da Audiência Geral, o Papa Francisco deu prosseguimento à série sobre o Pai-Nosso, falando desta vez da terceira invocação: "Seja feita vossa vontade".
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
“Seja feita a vossa vontade” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência desta quarta-feira (20/03). Prosseguindo a série sobre o “Pai-Nosso”, o Pontífice aprofundou a terceira invocação, depois do “Seja santificado o vosso nome” e “Venha a nós o vosso Reino”.
Deus bate à porta do nosso coração
A vontade de Deus foi encarnada em Jesus, explicou o Papa, e esta vontade é buscar e salvar aquilo que está perdido. E nós, na oração, pedimos que a oração de Deus se realize, que seu desenho de salvação se realize primeiro em cada um de nós e depois em todo o mundo:“Vocês já pensaram que Deus está me procurando, a cada um de nós, pessoalmente? Deus é grande, quanto amor está por trás disso. ” Com seu amor, prosseguiu, Deus bate à porta do nosso coração para nos atrair a Ele e nos levar avante no caminho da salvação. Deus está próximo a cada um de nós com o seu amor para nos levar pela mão até a salvação.
O amor de Deus nos liberta
Rezando “seja feita a vossa vontade” não somos convidados a abaixar servilmente a cabeça, “como se fôssemos escravos”. “Deus nos quer livres e Seu amor nos liberta.” O “Pai-Nosso”, de fato, é a oração dos filhos que conhecem o coração de seu pai e estão certos do seu desígnio de amor.
Ai de nós se, pronunciando essas palavras, levantássemos as costas em sinal de rendição diante de um destino que nos repugna e não conseguimos transformar.
Pelo contrário, é uma oração repleta de confiança em Deus que quer para nós o bem, a vida, a salvação. Uma oração corajosa, inclusive combativa, porque no mundo existem muitas, demasiadas realidade que não são segundo o plano de Deus. “Ele quer a paz.”
Nada é aleatório na fé cristã
O “Pai-Nosso”, disse ainda Francisco, é uma oração que acende em nós o mesmo amor de Jesus pela vontade do Pai, uma chama que leva a transformar o mundo com o amor. “ Não há nada de aleatório na fé dos cristãos: há, ao invés, uma salvação que espera manifestar-se na vida de cada homem e mulher e realizar-se na eternidade. ”
Se rezamos, é porque acreditamos que Deus pode e quer transformar a realidade vencendo o mal com o bem. A este Deus faz sentido obedecer e abandonar-se mesmo na hora da provação mais dura.
Deus, por amor, pode nos levar a caminhar por sendas difíceis, a experimentar feridas e espinhas dolorosas, mas jamais nos abandonará. “Para um fiel, esta, mais do que uma esperança, é uma certeza. Deus está comigo!”, recordou Francisco.
O Papa terminou a catequese convidando os fiéis a rezarem cada um na sua língua a oração do Pai-Nosso. Fonte: https://www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO. HOMILIA DO PAPA: “Imitar a misericórdia do Senhor. A esmola não é só material, mas também espiritual”.
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Durante a missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa fala da misericórdia de Deus e oferece conselhos para viver plenamente o tempo da Quaresma.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
Não julgar os outros, não condenar e perdoar: deste modo, se imita a misericórdia do Pai. Na missa celebrada na Casa Santa Marta (18/03), o Papa Francisco recordou a todos que na vida, para não errar, é preciso “imitar Deus”, “caminhar diante dos olhos do Pai”. Partindo do Evangelho do dia, extraído de Lucas (Lc 6,36-38), o Pontífice falou antes de mais sobre a misericórdia de Deus, capaz de perdoar as ações mais “graves”.
A misericórdia de Deus é algo tão grande, tão grande. Não nos esqueçamos disto. Quantas pessoas [dizem]: “Eu fiz coisas tão graves. Eu comprei meu lugar no inferno, não poderei voltar atrás”. Mas pense na misericórdia de Deus, não? Recordemos aquela história da pobre viúva que foi se confessar com o cura d’Ars (o marido tinha se suicidado; tinha se lançado da ponte num rio, não?). E chorava. Disse: “Mas eu sou uma pecadora, coitada. Mas coitado do meu marido! Está no inferno! Ele se suicidou e o suicídio é um pecado mortal. Está no inferno”. E o cura d’Ars disse: “Mas espere senhora, porque da ponte até o rio existe a misericórdia de Deus”. Mas até o fim, até o fim, há a misericórdia de Deus.
Bons hábitos na Quaresma
Para colocar-se no sulco da misericórdia, Jesus indica conselhos práticos. Antes de tudo, não julgar: um péssimo costume do qual abster-se, sobretudo neste tempo de Quaresma.
É um hábito que se infiltra na nossa vida sem que percebamos. Sempre! Até mesmo para começar uma conversa, não? “Mas você viu aquela pessoa o que fez?”. O julgamento sobre o outro. Pensemos quantas vezes por dia nós julgamos. Mas por favor! Parecemos todos juízes, não! Todos. Mas sempre para começar uma conversa, um comentário a respeito do outro, julgam: “Mas olha, fez uma plástica! Está pior do que antes”. O julgamento.
Depois, perdoar, mesmo que seja “tão difícil”, porque as nossas ações dão “a medida a Deus de como deve fazer conosco”.
Mantenhamos os bolsos abertos
Na homilia, o Papa convidou todos a aprender a sabedoria da generosidade, via mestra para renunciar às “fofocas”, em que “julgamos continuamente, condenamos continuamente e dificilmente perdoamos”.
O Senhor nos ensina: “Dai”. “Dai e vos será dado”: sejam generosos em doar. Não tenham os bolsos fechados; sejam generosos em doar aos pobres, àqueles que precisam e dar também tantas coisas: dar conselhos, dar sorrisos às pessoas, sorrir. Sempre dar, dar. “Dai e vos será dado. E vos será dado numa boa medida, calcada, sacudida, transbordante”, porque o Senhor será generoso: nós somos um e Ele nos dará cem de tudo aquilo que nós damos. E esta é a atitude que blinda o não julgamento, o não condenar e o perdoar. A importância da esmola, mas não só a esmola material, mas também a esmola espiritual; dedicar tempo a quem precisa, visitar um doente, sorrir. Fonte: www.vaticannews.va
PAPA FRANCISCO: 2º Domingo da Quaresma: “A oração ilumina. O sofrimento cristão não é sadomasoquismo”.
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A liturgia do II Domingo da Quaresma propõe o evento da Transfiguração do Senhor, que mostra a perspectiva cristã do sofrimento: "Ninguém alcança a vida eterna senão seguindo Jesus, carregando a própria cruz na vida terrena”.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O evento da Transfiguração do Senhor inspirou as palavras do Papa Francisco antes de rezar com os fiéis na Praça São Pedro a oração mariana do Angelus.
O evangelista Lucas nos mostra Jesus transfigurado sobre a montanha, que é o local da luz, símbolo fascinante da singular experiência reservada aos discípulos Pedro, Tiago e João.
Eles sobem a montanha com o Mestre, o veem imergir-se em oração e, a um certo ponto, o seu rosto muda de aparência. E ao lado de Jesus apareceram Moisés e Elias, que falam com Ele de sua morte.
Ninguém alcança a vida eterna senão seguindo Jesus
Francisco explicou que a Transfiguração se realiza num momento singular da missão de Cristo, depois de confiar aos discípulos que sofrerá, morrerá e ressuscitará no terceiro dia.
Jesus quer que saibam que este é o caminho através do qual o Pai fará alcançar a glória para o seu Filho, ressuscitando-o dos mortos. “E este será também o caminho dos discípulos: ninguém alcança a vida eterna senão seguindo Jesus, carregando a própria cruz na vida terrena. Cada um de nós tem a própria cruz. O Senhor nos mostra o fim deste percurso, que é a Ressurreição, a beleza, carregando a própria cruz.”
A perspectiva cristã do sofrimento
Portanto, acrescentou o Papa, a Transfiguração de Cristo nos mostra a perspectiva cristã do sofrimento: "Não é sadomasoquismo, é uma passagem necessária, mas transitória".
O ponto de chegada ao qual somos chamados é luminoso como o rosto de Cristo transfigurado: Nele está a salvação, a bem-aventurança, a luz, o amor de Deus sem limites.
Mostrando a sua glória, Jesus nos garante que a cruz, as provações, as dificuldades nas quais nos debatemos têm a sua solução e a sua superação na sua Páscoa.
O Papa fez então um convite aos fiéis: “Nesta Quaresma, subamos também nós a montanha com Jesus! De que modo? Com a oração. A oração silenciosa, a oração do coração, a oração sempre buscando o Senhor. Permaneçamos alguns momentos em recolhimento, todos os dias um pouquinho, fixemos o olhar interior no seu rosto e deixemos que a sua luz nos adentre e se irradie na nossa vida. ”
É assim, reiterou Francisco: a oração em Cristo e no Espírito Santo transforma a pessoa a partir de dentro e pode iluminar os outros e o mundo circunstante.
"Quantas vezes encontramos pessoas que iluminam, que emanam luz dos olhos, que têm aquele olhar luminoso! Rezam e a oração faz isto: nos faz luminosos com a luz do Espírito Santo." “Prossigamos com alegria o nosso itinerário quaresmal”, concluiu o Pontífice. “Vamos dar espaço à oração e à Palavra de Deus. Que a Virgem nos ensine a permanecer com Jesus mesmo quando não o entendemos e compreendemos. Porque somente permanecendo Nele veremos a sua glória.” Fonte: www.vaticannews.va
Suzano: Papa Francisco convida a promover a cultura da paz
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Diante desta “abominável tragédia”, o Papa convida a promover a “cultura da paz com o perdão, a justiça e o amor fraterno, como Jesus nos ensinou“. O Pontífice reza pela recuperação dos feridos e concede a todos a sua benção apostólica.
Cidade do Vaticano
“Profundamente entristecido”, o Papa Francisco enviou um telegrama ao bispo de Mogi das Cruzes, dom Pedro Luiz Stringhini, manifestando sua solidariedade e conforto espiritual às famílias atingidas pelo “insano ataque” à escola Raul Brasil.
Diante desta “abominável tragédia”, o Papa convida a promover a “cultura da paz com o perdão, a justiça e o amor fraterno, como Jesus nos ensinou“. O Pontífice reza pela recuperação dos feridos e concede a todos a sua benção apostólica.
O telegrama assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, foi lido ao final da celebração eucarística realizada em Suzano.
Eis o texto do telegrama:
«EXMO. E REVMO.
DOM PEDRO LUIZ STRINGHINI
BISPO DE MOGI DAS CRUZES
PROFUNDAMENTE ENTRISTECIDO PELA NOTÍCIA DO INSANO ATAQUE CONTRA ALUNOS, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA ESCOLA ESTADUAL RAUL BRASIL, NA CIDADE DE SUZANO, SUA SANTIDADE O PAPA FRANCISCO DESEJA ASSEGURAR ATRAVÉS DE VOSSA EXCELÊNCIA REVMA. SOLIDARIEDADE E CONFORTO ESPIRITUAL ÀS FAMÍLIAS QUE PERDERAM SEUS ENTES QUERIDOS, AO MESMO TEMPO QUE ELEVA ORAÇÕES PELA RECUPERAÇÃO DOS FERIDOS. O SANTO PADRE CONVIDA A TODOS, DIANTE DESTA ABOMINÁVEL TRAGÉDIA, A PROMOVER A CULTURA DA PAZ COM O PERDÃO, A JUSTIÇA E O AMOR FRATERNO, COMO JESUS NOS ENSINOU. COMO PENHOR DE CONFORTO, O PAPA FRANCISCO CONCEDE ÀS PESSOAS ATINGIDAS POR ESTE LUTO E QUANTOS PARTICIPAM NA MISSA DE EXÉQUIAS A BÊNÇÃO APOSTÓLICA
CARDEAL PIETRO PAROLIN
SECRETÁRIO DE ESTADO DE SUA SANTIDADE».
RETIRO DO PAPA: Memória, esperança e paciência indicam o futuro
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O Papa agradeceu ao abade Bernardo por ter falado de memória, “esta dimensão deuteronômica que esquecemos”, mas também de esperança, de trabalho e de paciência, indicando o caminho para o futuro.
Cidade do Vaticano
Antes de regressar ao Vaticano, o Papa Francisco agradeceu ao abade Bernardo Gianni por ter pregado o retiro quaresmal a ele e aos membros da Cúria Romana por seis dias.
“Agora cabe a mim”, começou o Pontífice. “Gostaria de agradecer-lhe, irmão Bernardo, por sua ajuda nesses dias. Impressionou-me o seu trabalho de nos fazer entrar, como fez o Verbo, no humano; e entender que Deus sempre se faz presente no humano, “indivisa et inconfusa”, deixando vestígios.
Guia turístico
O Papa agradeceu ao abade por ter falado de memória, “esta dimensão deuteronômica que esquecemos”, mas também de esperança, de trabalho e de paciência, indicando o caminho para o futuro.
E brincou quando, no início dos Exercícios, ficou “um pouco” desorientado com a leitura dos temas e mais parecia que a Cúria tivesse contratado um guia turístico que os levasse pelas ruas de Florença, entre os seus poetas.
Para Francisco, o abade foi corajoso como os padres conciliares que assinaram a Gaudium et Spes, “talvez o documento que mais teve resistência, inclusive hoje”.
“Eu lhe agradeço muito, reze por nós que somos todos pecadores – todos, eh? – mas queremos ir avante assim, servindo o Senhor. Obrigado e leve a minha e a nossa saudação aos monges”, finalizou o Papa.
Durante seis dias, o Pontífice os membros da Cúria Romana foram convidados a meditar sobre o tema “A cidade dos desejos ardentes: olhares e gestos pascais na vida do mundo”, com inúmeras referências de personalidades e poetas da cidade de Florença. Fonte: www.vaticannews.va
RETIRO DO PAPA-QUINTA-FEIRA, 14: A hospitalidade como escola da misericórdia.
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A reflexão do abade se concentra primeiramente nas portas abertas. “Passem, passem pelas portas, abram caminho para o povo”, diz o versículo 10 do Livro de Isaías.
Cidade do Vaticano
O acolhimento e a hospitalidade marcaram a meditação, realizada na manhã desta quinta-feira (14/03), pelo abade beneditino Bernardo Francesco Maria Gianni, nos Exercícios espirituais para o Papa Francisco e os membros da Cúria Romana, na Casa do Divino Mestre, em Ariccia.
Começa com uma reflexão sobre o esplendor de Jerusalém, conforme descrito no capítulo 62 do Livro do Profeta Isaías. A imagem da Jerusalém que é descrita não é “uma cidade ideal”, esclarece o monge, mas sim “um ideal de cidade”.
As portas abertas das cidades
A reflexão do abade se concentra primeiramente nas portas abertas. “Passem, passem pelas portas, abram caminho para o povo”, diz o versículo 10 do Livro de Isaías.
“Bonita é a imagem de portas abertas, para que toda a humanidade possa finalmente entrar, se encontrar e experimentar a grande promessa de Deus que se torna realidade, o futuro que se torna presença de luz, amor, paz e justiça para todos aqueles que caminham em direção ao rosto do Senhor, guiados por sua Palavra. Contrária a essa perspectiva é a construção de toda forma de muro, barreira e baluarte que não tem dentro de si uma porta hospitaleira e convidativa”, disse o abade beneditino.
Toda cidade é lugar de acolhimento
Para Giorgio La Pira, como prefeito de Florença, era necessário que da cidade saísse “uma mensagem renovada de paz e esperança”: “Esperanças de paz, esperanças civis, esperanças de Deus e esperanças do homem.”
O abade Bernardo Francesco Maria Gianni recorda que o Papa Francisco nos advertiu que estamos vivendo uma Terceira Guerra Mundial em pedaços, em fragmentos lacerantes em várias partes do mundo. Acho bonito, profético e profundamente atual esse apelo do prefeito para fazer de Florença e não só, mas de toda cidade, o lugar de acolhida no qual se renova uma mensagem de paz e esperança.
Essa é uma tarefa que o prefeito La Pira atribuiu ao seu serviço de homem político, mas é um serviço que a Igreja não pode deixar de apoiar, desejar, propor e testemunhar em nosso tempo aos prefeitos e aos homens políticos do mundo inteiro, para que a cidade realmente volte a ser, segundo a perspectiva que Isaías nos faz sonhar, um “símbolo para todos os povos”.
Oração na base de uma missão de paz
La Pira sabia que Florença poderia ser “uma renovada e reencontrada capital da paz e da justiça” graças à oração e contemplação: “Sem essas raízes místicas, a lei doada pelos seus mosteiros de clausura e pelos seus santos, ela não seria aquilo que é: cidade de contemplação e beleza teologal”, observa o abade beneditino.
Hospitalidade de São Bento
Bernardo Francesco Maria Gianni recorda as palavras de São Bento sobre a hospitalidade em que o Santo exorta a acolher todos os convidados como se fossem Cristo, mas diz que a troca do beijo da paz não deve ser feita antes da oração. Ter outro diante de mim envolve riscos. Portanto, a de São Bento, disse o abade, não é uma “hospitalidade, é uma hospitalidade lúcida que aceita o risco evangélico do amor e fortalece o homem que se expõe a esse risco com a única força que o fiel tem, ou seja, a oração”. Repercorrendo ainda as instruções sobre a acolhida dos convidados, o abade observa que é marcada pela oração e por um profundo sentido de humanidade.
Especialmente os pobres e os peregrinos são acolhidos com toda consideração e cuidado possível, pois é neles que se recebe Cristo de modo particular.
Hospitalidade como escola de misericórdia
O abade recorda que São Bento, em absoluto retiro no início de sua vida monástica, se esqueceu que o dia da Páscoa tinha chegado. O Senhor enviou-lhe um sacerdote com comida e água para interromper o jejum e a solidão.
Quando Bento viu esse hóspede chegar, sua expressão nos dá a medida de como tenha sido esse evento misterioso da chegada do sacerdote: “É realmente Páscoa, pois tive a graça de ver você”. Uma passagem da solidão à comunhão, do jejum à alegria fraterna da partilha, da morte para a vida.
É por isso que a hospitalidade é uma escola de misericórdia que fez Bernard de Clairvaux dizer: “O misericordioso compreende a verdade de seu próximo, conformando-se a ele com simpatia, de modo a viver suas alegrias e tristezas como se fossem suas, fraco com os fracos, pronto para se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram.”
Fazer nossa a lógica de Jesus
O abade exorta a aprender de uma hospitalidade radicalmente evangélica. “Ressoam ainda as palavras lembradas pelo Papa Francisco em que a força da fraternidade, que a adoração de Deus em espírito e verdade gera entre os humanos, é a nova fronteira do cristianismo”, disse o abade.
“Todo detalhe da vida do corpo e da alma, em que brilham o amor e a redenção da nova criatura que está se formando em nós, surpreende, como o verdadeiro milagre de uma ressurreição que já está em andamento.”
“Que o Senhor nos ajude a multiplicar esses milagres. Podemos multiplicá-los na medida em que fazemos nossa a lógica, aparentemente perdedora, do amor do Senhor Jesus, que é uma lógica, não podemos nos esquecer, inevitavelmente crucificada, de modo que a Páscoa seja gerada como um beijo do Espírito Santo com o qual o Pai restitui a plenitude da vida ao que foi cortado e rompido”, conclui o abade Bernardo Francesco Maria Gianni. Fonte: www.vaticannews.va
RETIRO DO PAPA- TERCEIRA MEDITAÇÃO: “Na Quaresma deixar que Deus restaure a nossa beleza”
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Na terceira meditação oferecida ao Papa Francisco e à Cúria Romana nos Exercícios espirituais em Ariccia, o abade de São Miniato convidou com o poeta Luzi a refletir sobre a indiferença, a doença de nossas cidades, e com La Pira sobre a erradicação da vida das metrópoles. “Falamos de beleza para os jovens. É o único modo com o qual se aceitam e aceitam os outros”.
Alessandro Di Bussolo, Mariângela Jaguraba – Cidade do Vaticano
Um convite a refletir sobre a indiferença, “proteção de si” para proteger-se dos outros e da responsabilidade para com a realidade, sobre a erradicação da vida da cidade, procurando a beleza e a medida que vem do ser amado por Deus e amá-lo também nós.
Este é o centro da terceira meditação oferecida, na manhã desta terça-feira (12/03), pelo abade de São Miniato ao Monte em Florença, Bernardo Francesco Maria Gianni, beneditino, ao Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana. O tema das reflexões do pregador “O presente de infâmia, de sangue e indiferença”, é extraído dos versos de Mario Luzi em “Felicità turbate”, a poesia dedicada à abadia florentina em dezembro de 1997.
Olhar paras as feridas da cidade
Quando ele escreve, recordou o abade beneditino, Luzi tem nos olhos o massacre perpetrado pela máfia quatro anos antes na Via dei Georgofili, as cinco vítimas inocentes e a destruição de “uma parte preciosa do centro artístico de nossa cidade”, disse ele. “Somos convidados, a partir daquele evento dramático, a olhar, como sempre estamos procurando fazer, as feridas das cidades do mundo inteiro, até mesmo aquelas muito mais complexas e marcadas pelas injustiças de todos os tipos, em todo o nosso planeta, e fazê-lo com um olhar sobre a realidade que o nosso Papa nos ensinou, como prevalente respeito à ideia.
A indiferença, “proteção de si” para proteger-se dos outros
O pregador se deteve num dos três “sinais do mal”, a indiferença, tão distante do “alcance caritativo” da poesia de Luzi e da ação política de Giorgio La Pira. A indiferença “que muitas vezes de forma sutil paralisa o nosso coração, torna o nosso olhar” opaco, nebuloso. O que Charles Taylor descreveu como a “proteção do eu”.
É como se a nossa pessoa vestisse uma tela, da qual e com a qual se proteger dos outros, daquela responsabilidade que os problemas do nosso tempo solicitam, à luz daquela paixão evangélica que o Senhor quer acender com a força do seu Santo Espírito em nosso coração.
Olhar para a realidade sem sonhar cidades ideais
Citando o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer e sua preocupação pela vida das gerações futuras, o abade Gianni sublinhou que deve estar em nosso coração a possibilidade de deixar para as novas gerações “um futuro melhor que o presente que vivemos, confiando nele, com um espírito radicalmente contrário à indiferença, mas todos movidos pela ardente participação”. Romano Guardini nos convidou ontem, recordou o beneditino, a acolher o futuro com responsabilidade “realizando-o o mais próximo possível junto com o Senhor”:
Olhar para a realidade evidentemente sem sonhar cidades ideais ou utópicas de nenhum tipo. A utopia não é uma perspectiva autenticamente evangélica. A Jerusalém celeste, que o visionário do Apocalipse contempla, não é uma utopia: é de fato o conteúdo de uma promessa real e confiável que o Senhor dá às suas igrejas na provação.
“A ação da Igreja e dos homens e mulheres de boa vontade”, esclareceu o abade Bernardo Francesco Maria Gianni, “acredito que seja realmente essa fecundidade gerada pela escuta obediente e apaixonada do Evangelho da vida” de Jesus. E a poesia de Mario Luzi, segundo o pregador, nos restitui a consciência “da tradição representada pelo fogo de seus antigos santos”. É aquela brasa que “com a santidade do tempo presente”, “pode realmente voltar a inflamar para ser uma luz de esperança na noite das cidades do nosso mundo”.
A erradicação da pessoa da vida da cidade
O abade de São Miniato ao Monte relatou as palavras de La Pira num encontro de prefeitos do mundo inteiro, em 2 de outubro de 1955: a crise do nosso tempo, disse o prefeito de Florença, “é uma crise de desproporção e desmedida em relação ao que é verdadeiramente humano”.
“A crise do nosso tempo pode ser definida como a erradicação da pessoa do contexto orgânico - isto é, vivo, conectivo - da cidade. Bem, essa crise só pode ser resolvida através de uma nova radicação, mais profunda, mais orgânica, da pessoa na cidade em que nasceu e em cuja história e tradição está organicamente inserida”.
Os remédios da beleza e medida
Deve ser vencida a tentação da indiferença, da “proteção de si”, da erradicação que também leva os homens da Igreja, a “sentirem-se estranhos, não interpelados pelo tecido vivo com as suas dificuldades, os seus problemas, suas contradições, que são as cidades onde somos chamados a levar, seja qual for o custo, a Palavra de Deus, encarnando-a”. Por isso, o pregador propõe os medicamentos da beleza e da medida: “Uma dimensão coral contra todo individualismo, um grande testemunho que a Igreja não pode deixar de dar, com sua índole radicalmente fraterna”.
Santo Agostinho: amando a Deus nos tornamos belos
Santo Agostinho, comentando a Primeira Carta de São João, “nos lembra o que é a verdadeira beleza e como é recebida”. “Que fundamento”, diz Agostinho, “teremos para amar se Ele não nos tivesse amado por primeiro? Amando, tornamo-nos amigos, mas Ele nos amou quando éramos seus inimigos para nos tornar amigos”:
Novamente, a primazia de Deus, a anterioridade de seu agir, o nosso ser amados, ser feitos e ser decorados por sua beleza. Ele nos amou por primeiro e nos deu a capacidade de amá-lo: amando-o, nos tornamos belos.
Falar aos jovens da beleza, é a sua única medida
“Num mundo que olha muito para as aparências”, concluiu o pregador dos Exercícios ao Papa Francisco e à Cúria Romana, “a beleza é a única medida com a qual os jovens se aceitam e aceitam outros jovens”. Então, voltamos a Agostinho: “A nossa alma, irmãos, é feia por causa do pecado. Ela torna-se bonita amando a Deus”:
“Como seremos belos? Amando Ele que é sempre belo. Quanto mais cresce o amor em nós, cresce também a beleza, a caridade, de fato, a beleza da alma. No entanto, Agostinho reconhece que o Senhor Jesus, a fim de nos dar a sua beleza, também se tornou feio, e o fez na cruz, aceitando aquela mudança também em seu corpo.”. Fonte: www.vaticannews.va
Retiro quaresmal: reordenar a própria vida em torno de Deus
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Pe. Wellistony C. Viana dá dicas práticas para viver a Quaresma, sobretudo a oração, mesmo para quem não pode partir em retiro.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana se encontram em retiro nas proximidades de Roma, em Ariccia.
Durante seis dias, o Papa suspende todas as audiências públicas e privadas e fica longe também das redes sociais (Twitter e Instagram) para se preparar para a Páscoa.
Mas e os leigos que não podem partir para um retiro quaresmal, como podem fazer esta preparação? Quem responde é o Diretor Espiritual do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, Pe. Wellistony C. Viana.
A quaresma é um tempo de preparação para a Páscoa. Mas, essa preparação não acontece apenas por meio da oração, mas também da penitência e da prática da caridade. Na quarta-feira de cinzas ouvimos o Evangelho que falava do jejum, da esmola e da oração. Essas práticas resumem bem como devemos viver a quaresma: primeiro, pela prática da penitência: pode-se fazer o tradicional jejum, que significa simplesmente “comer menos e sem ostentação”. Contudo, existem várias outras formas de praticar o jejum: por exemplo: jejum do celular, do uso das redes sociais, da televisão, da bebida alcoólica etc. O jejum é uma prática que nos ajuda no autocontrole, na capacidade de renunciar ao supérfluo para, assim, preparar nossa vontade para acolher as coisas essenciais e sempre buscar a vontade de Deus. A esmola resume a prática da caridade, ou seja: nos lembra que a melhor preparação para a páscoa é fazer o bem aos outros. A esmola também pode ser feita de uma forma moderna: ajudando as pessoas com palavras de incentivo, tirando um tempo para dar atenção aos outros, visitando algum doente, dando comida, roupa, abrigo aos necessitados. Todas são formas de caridade que alargam nosso coração e nos preparam para a Páscoa. Por fim, também tem a prática da oração. A quaresma é um tempo forte de oração, de intimidade com Deus. Muitas vezes, nós não sabemos orar. Identificamos a oração com a leitura de algum texto, recitação de fórmulas prontas ou com a realização de novenas para algum santo.
E o que significa a oração?
Na realidade, podemos até orar quando fazemos essas práticas, mas nem sempre. A oração significa “encontrar-se com Deus” e pode ser que eu faça uma novena ou leia o evangelho e não me encontre com Ele. Pode ser que faça tudo isso de forma mecânica, para cumprir um rito. Se não colocamos o nosso coração nessas práticas, elas não podem ser consideradas oração. Santa Teresa D’Ávila distinguia cinco graus de oração: a oração vocal, a oração mental, a oração de quietude, a oração contemplativa adquirida e a oração contemplativa infusa. Não temos como falar de cada uma delas, mas faz bem recordar que é importante amadurecer em nossa vida de oração. Quem sabe, nessa quaresma, não seria interessante passar de uma oração puramente vocal para uma oração mental! A oração mental é o que chamamos de lectio divina: colocamo-nos diante de Deus por um tempo (pode ser 15, 20 min ou mais) para ler e meditar a Palavra de Deus. O método é muito simples: escolhemos um local e horário para ficarmos em silêncio. Depois, podemos ler o texto a ser meditado e perguntar: 1) O que este texto diz? Silenciamos uns minutos. Depois, lemos o texto mais uma vez e perguntamos: 2) O que este texto me diz? Meditamos um pouco mais. Continuamos perguntando: 3) O que este texto me faz dizer a Deus? É o momento de abrir o coração a Deus, falando a ele como se fala com um amigo. Por fim, 4) podemos usar a imaginação para entrar na cena daquele evangelho e ficar ali com Jesus algum momento. Seria muito bom que no tempo da quaresma pudéssemos exercitar este tipo de oração diariamente. Certamente seria uma ótima preparação para a Páscoa. E, claro, quem puder fazer um retiro espiritual, reservando alguns dias para ficar a sós com Deus, seria ideal. Geralmente, os padres, religiosos e religiosas reservam um tempo maior na quaresma para fazer seus exercícios espirituais. Os leigos nem sempre têm esta oportunidade.
Existem retiros diferentes para padres, religiosas e leigos?
“Retiro espiritual” significa reservar um tempo para ficar a sós com Deus. Pode ser um dia, dois dias, cinco dias ou mais. Por isso, não há diferença quanto ao tempo para padres, religiosas e leigos. Claro, os padres e religiosas, porque desenvolvem seu trabalho no âmbito eclesial, podem dispor de um tempo maior para realizar um retiro; os leigos, geralmente, não têm este privilégio devido ao trabalho extra eclesial. Mas, isso não significa que os leigos não possam fazer uma prática de oração mais intensa na quaresma. Por exemplo, tirar uns minutos diariamente para fazer sua lectio divina já é um grande passo! Depois, pode haver diferença entre o retiro de padres, freiras e dos leigos em relação às temáticas trabalhadas. Pregadores de retiro podem tratar de assuntos adaptados à vocação de cada um. Contudo, essas diferenças não mudam a finalidade essencial do retiro que é reordenar a própria vida em torno de Deus. Tantas vezes nós colocamos coisas, pessoas, nós mesmos no centro da vida e Deus na periferia. Um retiro é uma ótima oportunidade para fazer uma hierarquia de prioridades, colocando Deus no centro e tudo o mais girando em torno Dele. Seguindo esses passos, a gente pode celebrar melhor o mistério da Páscoa, que não é outra coisa senão a certeza que Deus nos dá em Cristo, de que nós fomos criados para viver eternamente ao lado Dele. Fonte: www.vaticannews.va
RETIRO DO PAPA: Cultivemos saudáveis utopias, não as cinzas do mundo.
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Prossegue em Ariccia os Exercícios Espirituais para o Papa Francisco e a Cúria Romana. na tarde da segunda-feira (11/03) o abade Bernardo Gianni fez a meditação sobre o tema: “Estamos aqui para reavivar as brasas com o nosso sopro”
Cidade do Vaticano
Pinceladas de poesias, entremeadas com sonhos. O abade Bernardo Francesco Maria Gianni, que está propondo ao Papa Francisco e aos membros da Cúria romana as meditações para os exercícios espirituais, oferece copiosamente citações e invocações: um sopro delicado sobre as brasas da esperança e da confiança. O incansável construtor da paz Giorgio La Pira volta às suas reflexões, assim como a força evocativa da poesia de Mário Luzi e de Romano Gardini. Tudo orientado para propor um olhar evangélico sobre as cidades, para que possam se tornar “lugares ardentes de amor, de paz e de justiça”.
É o que nos faz celebrar Mário Luzi. A cidade que foi o sonho de Giorgio La Pira, é uma cidade na qual reavivar o fogo, para que a humanidade volte a contemplá-la com renovada esperança, reconhecendo-nos, como seguidamente tentamos dizer, um lugar onde passa o Senhor, um lugar visitado e visitável pelo Senhor.
Reavivar a chama do carisma de Deus
O beneditino olivetano, abade de São Miniato no Monte em Florença, recorda aos presentes que o fogo do amor de Jesus é confiado também ao “testemunho”, à “custódia” e à “paixão” de cada um. E este tempo da Quaresma permite reavivar o fogo que ficou menos ardente “por resignação, por hábito, por aquela “mornidão” justamente repreendida por importantes páginas do Apocalipse”.
É verdade, a Carta aos Romanos, capítulo 11 versículo 20 nos recorda: os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. Mas como podemos nos considerar dispensados da busca apaixonada do combustível necessário para manter acesa, ardente, e em crescimento a chama da vocação que recebemos?
A presunção de não precisar de nada
O abade alerta sobre a presunção de não “precisar de nada”, com o qual, frisa, “nos consideramos realmente dispensados de considerar seriamente e cuidar deste dom imenso que o Senhor nos doou”, com “uma vida de oração, de escuta da sua Palavra, alimentando-nos da santa e divina Eucaristia, vivendo uma fraternidade radical que derive da escuta da Palavra e da conformação à lógica eucarística com a qual a vida divina se abre entrando dentro de nós”. “E realmente se entra”, insiste, “misticamente com a força do Espírito Santo”.
Um sopro que é a força do Espírito Santo que se digna de passar através de nós, que se digna transformar as nossas fraquezas, as nossas fragilidades, tornando-nos capazes de reacender novamente aquela chama dos desejos ardentes.
A sinfonia das estações
Recordando mais uma vez as palavras do profeta da esperança Giorgio La Pira, o monge lembra que um homem pode “nascer quando é velho”: e isso acontece “se nos sentimos necessitados da necessidade e desejosos do desejo”, quando realmente participamos “a este evento pascal de um autêntico renascimento a partir do alto”.
E então trata-se de redescobrir que dentro de nós há uma sinfonia, há uma polifonia no espírito muito mais rica e articulada do que aquela que o tempo mecânico dos nossos relógios parecem nos sugerir. São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, usa palavras de extraordinária força evocativa e de grande verdade espiritual e antropológica: “Por isso, não desanimamos. Mesmo se o nosso físico vai se arruinando, o nosso interior, pelo contrário, vai-se renovando dia a dia”.
Resistir às cinzas do mundo
Portanto, não se deve se render “às cinzas dentro e fora de nós” porque esta “segunda criação pode se realizar em cada homem, através de cada palavra, através de cada acontecimento”.
Uma perspectiva que a mim parece restituir à condição humana uma dignidade à qual não se deve banalmente se congratular com uma auto referencialidade pecaminosa. Pelo contrário, leva-a a uma inquietude que gere Páscoa por tudo e de qualquer modo em uma perspectiva que decidimos contemplar no espaço da convivência citadina, porque advertimos que principalmente ali, está reunida a grande tentação de se reconhecer só e somente como cinza inerte, fruto de uma combustão que deflagrou as esperanças e os sonhos principalmente - permitam-me dizer – das novas gerações.
A partir disso a importância de não buscar “resultados imediatos que produzam rendimentos políticos fáceis, rápidos e efêmeros”, mas ações capazes de gerar “novos dinamismos na sociedade”, capazes de dar plena floração ao ser humano.
A possibilidade de um novo início
Certamente a vida é “hábito, como uma constrição, como um relógio”, mas há sempre “o momento da decisão”: e esta é a “força do início”, a “força da novidade” que “nasce do espírito, do coração”. Na escolha ganha intensidade a liberdade do homem, que deveria se plasmar no exemplo de Cristo ao invés de dar “atenção às pessoas desiludidas e infelizes”, a “quem recomenda cinicamente de não cultivar esperanças na vida”, a quem “derrota logo todo o entusiasmo dizendo que nada vale o sacrifício de uma vida toda”.
Não ouçamos os “velhos” de coração que sufocam a euforia juvenil; vamos aos velhos que têm os olhos que brilham de esperança. Cultivemos saudáveis utopias. Deus nos quer capazes de sonhar como Ele e com Ele enquanto caminhamos atentos à realidade. Sonho, fogo, chama. Sonhar um mundo diverso e se um sonho se apaga voltar a sonhá-lo de novo, extraindo com esperança da memória das origens, e das brasas que talvez depois de uma vida não tão boa, estejam escondidas sob as cinzas do primeiro encontro com Jesus. Fonte: www.vaticannews.va
Giorgio La Pira: citado nos Exercícios espirituais para o Papa e a Cúria Romana
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Político, estudioso, terciário dominicano e franciscano, construtor da paz, Giorgio La Pira era um homem que olhava para o presente com a Bíblia sempre na mão.
Cidade do Vaticano
Quem foi Giorgio La Pira? Citado pelo monge beneditino Bernardo Francesco Maria Gianni nas meditações dos Exercícios espirituais para o Papa e a Cúria Romana, em andamento na cidade de Ariccia?
Político, estudioso, terciário dominicano e franciscano, construtor da paz, Giorgio La Pira era um homem que olhava para o presente com a Bíblia sempre na mão.
Por duas vezes foi prefeito de Florença (Itália) e lutou a favor dos pobres, dos trabalhadores e desfavorecidos.
Cultivou sua vida espiritual
Estadista, parlamentar e diplomata, sempre cultivou sua vida espiritual. Considerava a política um compromisso de humanidade e santidade. Desejava a paz no mundo. Por isso, passou a se encontrar com chefes de estado e a participar de conferências e encontros internacionais. Convencido de que o Evangelho deveria inspirar a vida social, La Pira soube conciliar uma visão histórica e teológica das coisas e, como católico, acreditava num mundo sem fronteiras.
Giorgio La Pira nasceu, em Pozzallo (Ragusa), em 9 de janeiro de 1904. Em 1926, para completar os estudos de Jurisprudência, transferiu-se para Florença que tornou-se o centro de suas várias atividades de professor universitário, leigo comprometido com a Igreja, terciário dominicano e franciscano, político, prefeito e agente de paz no mundo.
A caridade para com os pobres
Orientado aos valores católicos, em seu caminho de fé, La Pira dedicou muitas horas à oração. Depois, iniciou sua carreira como professor universitário e mostrou ser um válido professor e educador dos jovens. Não negligenciou o interesse pelos textos teológicos, dentre os quais a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino.
Em 1928, ingressou no Instituto Secular da Realeza de Cristo, fundado pelo Padre Agostino Gemelli, inserido na Universidade Católica e vinculado à espiritualidade franciscana.
La Pira viveu seus dias entre oração e estudo pela manhã e dedicava o resto do tempo aos jovens com encontros de formação, organização da Ação Católica e caridade para com os pobres.
Participou de várias Conferências de São Vicente: de estudantes, profissionais e artistas. Em 1934, fundou para os indigentes e necessitados, a Obra do Pão de São Próculo que se reunia todos os domingos em torno do altar para a Eucaristia, pão para a alma e para o corpo.
Durante a II Guerra Mundial e depois da guerra, a Obra foi um o ponto de referência para os despejados, judeus, políticos procurados, desempregados e abandonados.
Em 1939, criou a revista “Principi”, na qual tomou posição contra a ditadura, racismo e invasões nazistas da Finlândia e Polônia.
Em 1940, o fascismo reprimiu a revista. La Pira foi perseguido e, em 8 de setembro de 1943, deixou Florença e foi para Fonterutoli perto de Siena e depois para Roma, retornando à cidade em agosto de 1944.
Papa Francisco o declarou venerável
No período da Libertação, iniciou-se a fase política de sua vida. Morreu em 5 de novembro de 1977. Foi sepultado no cemitério de Rifredi (FI), conforme desejado por ele.
Em 9 de janeiro de 1986, o arcebispo de Florença, Silvano Piovanelli, iniciou o processo de sua beatificação.
Em 5 de novembro de 2007, trinta anos depois de sua morte, seus restos mortais foram trasladados para a basílica florentina de São Marcos, ao lado do convento que tinha escolhido, pouco depois de chegar a Florença, como sua moradia, partilhando como terciário dominicano, a vida dos frades.
O Papa Francisco o declarou venerável em 5 de julho de 2018.
Fonte: https://www.vaticannews.va
RETIRO DO PAPA. 2ª Meditação: “Tornar nossas cidades símbolos de paz, fraternidade e acolhida”.
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O sonho de Giorgio La Pira na meditação desta segunda-feira do Abade de San Miniato, ao Papa e aos membros da Cúria Romana reunidos em Ariccia para os Exercícios Espirituais: fazer com que cada cidade redescubra a sua vocação universal de ser o reflexo na terra da Jerusalém celeste.
Cecilia Sepia e Silvonei José - Cidade do Vaticano
Segunda Meditação para o Papa Francisco e os membros da Cúria Romana reunidos desde a tarde deste domingo em Ariccia, na Casa do Divino Mestre, para a semana de Exercícios Espirituais, que se concluirá na sexta-feira, 15 de marco. O abade beneditino de San Miniato no Monte, Bernardo Francesco Maria Gianni, oferece mais uma reflexão que recorda Giorgio La Pira, o prefeito de Florença construtor de paz, que sonhava e queria uma cidade símbolo de beleza, fraternidade, acolhida universal e amor cristão no modelo da Jerusalém descrito pelo profeta Isaías no capítulo 60.
O nosso Papa nos recordou, na bela mensagem escrita para o aniversário da Pontifícia Academia para a Vida, que a comunidade humana é o sonho de Deus desde antes da criação do mundo: 'a comunidade humana é o sonho de Deus '! Poderíamos quase dizer que Giorgio La Pira sonhou o sonho de Deus. E não é um trocadilho, pois neste seu sonho, nesta sua paixão, também muitas vezes incompreendido por homens da Igreja do seu tempo, bem como de grande parte da sua gente, estava realmente uma percepção muito alta do mistério que habita cada cidade.
Espaços de reconciliação e encontro
Um projeto que ontem não contemplava somente Florença, mas todas as cidades do mundo entendidas como "espaço de reconciliação, de paz, de encontro" para reagir a um mundo muitas vezes condenado", pelo desespero e resignação, a trevas que se acreditam invencíveis". O abade de San Miniato no Monte, fala também de uma "misterialidade universal" que leva cada cidade a redescobrir a sua verdadeira vocação: isto é, o reflexo aqui na terra da Jerusalém celeste, onde as pessoas vivem coesas, animadas por desejos ardentes e grandes esperanças.
Um sonho, disse ainda o abade, que longe de ser uma divagação irracional de sonho e sem algum significado é, ao invés, tão concreto que chega a abrir o horizonte à ação de Deus. Revisitar as cidades, renová-las na base e no topo, como escrevia La Pira, torna-se, portanto, fundamental para o bem das pessoas e das estruturas políticas, técnicas e econômicas.
Eis o olhar de fé, o olhar contemplativo ... É o projeto que procura implementar no curso desta nova história santa, a história de Cristo no mundo, tentando, apesar de todas as resistências, de refratar na cidade do homem as harmonias, as belezas, os esplendores da cidade de Deus: venha o vosso reino, assim na terra como no céu".
O agir da Igreja
Retomando os escritos de Giorgio La Pira e os versos do poeta Mario Luzi, que se faz intérprete deste extraordinário sonho, o monge beneditino pede, no entanto, que não sejam envolvidas somente as estruturas civis, mas a Igreja in primis trabalhe para que vença e se torne concreto o desejo de Deus para todos os homens.
Não podemos tolerar que o desejo de Deus seja somente uma tentativa. Como Igreja devemos fazer com que, sem hesitação, que essa tentativa de Deus se atue incondicionalmente, sem encontrar, especialmente em nós, resistência alguma... É um 'sonho' que já teve realizações admiráveis ao longo dos séculos passados; é um "sonho" que terá outras mais amplas e admiráveis realizações ao longo dos próximos séculos". O olhar de esperança enraizado na fé trinitária. E isso se entende; porque o projeto é sempre um; um é sempre o modelo, o projeto que o Espírito Santo construiu não para permanecer ideal, distante e ineficaz para a vida terrestre dos homens, mas sim, para operar nela como fermento transfigurador.
Testemunho, conversão, olhar evangélico
A chamada é então ao testemunho que nasce do fogo do Espírito Santo: a única chama capaz de deter as "labaredas devastadoras do mundo". O testemunho como gesto concreto, como confiança em Deus, como diálogo de amor que devolve a cada cidade sua missão universal: "nada de destruição, nada de guerra, mas somente oração, progresso, beleza, trabalho, paz! As cidades são história visível: um patrimônio sagrado que se constrói e se transmite com tanto amor, de geração em geração: precisamente como Jerusalém". No testemunho, mas também no olhar evangélico, lúcido e total que guiou La Pira, e na conversão do coração, o monge Bernardo Francesco Maria Gianni reconhece os antídotos para todos os graves períodos de crise e de transição das cidades onde tudo parece entrar em colapso. Reconstruir, torna-se então a palavra-chave sugerida pelo abade, como soube fazer o arquiteto e urbanista Giovanni Michelucci, após os ferimentos infligidos a Florença e não só pelas bombas da Segunda Guerra Mundial: cidades orgânicas, que vivem graças à contribuição de todos, do simples trabalhador ao prefeito, o bispo, os presbíteros, os artesãos.
É uma perspectiva que pede novamente esse mesmo olhar contemplativo que torna a cidade, mesmo com todas as suas contradições, as suas fragilidades, suas injustiças, eu diria nesta visão orgânica, os seus ferimentos, uma espécie de tabernáculo, que todos nós queremos voltar a ver como nos ensinou a fazê-lo o nosso Papa na Evangelii Gaudium.
Olhar contemplativo sobre as cidades
Precisamos - concluiu -, reconhecer a cidade a partir de um olhar contemplativo, isto é, um olhar de fé que descobre o Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças. Ele vive entre os cidadãos promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça. Esta presença não deve ser fabricada, mas descoberta, desvelada. Deus não se esconde daqueles que o buscam com o coração sincero, ainda que o façam de modo impreciso. Fonte: www.vaticannews.va
RETIRO DO PAPA: “O cuidado do coração para reconhecer a presença de Deus”.
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A poesia de Mario Luzi, a recordação de Giorgio La Pira, as reflexões do Papa Francisco marcaram a primeira meditação do abade beneditino Francesco Maria Gianni ao qual foram confiados os Exercícios Espirituais ao Papa e à Cúria Romana sobre o tema: “A cidade dos desejos ardentes: olhares e gestos pascais na vida do mundo”
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco estava sentado na quarta fila para ouvir a primeira meditação do monge beneditino Bernardo Francesco Maria Gianni, abade de São Miniato no Monte, Florença, que abriu os Exercícios Espirituais para a Quaresma em Ariccia, no início da noite deste domingo (10/03). Para a primeira meditação o abade inspirou-se em uma poesia de Mario Luzi de 1997: “Estamos aqui para isso”. A reflexão do abade parte do seu mundo, da sua casa, da colina nos arredores de Florença, “local da geografia da graça” para Giorgio La Pira, “o prefeito santo” como foi definido pelo beneditino. A partir disso o Papa e seus coirmãos são convidados a olhar para Florença, para descobrir “um sinal, um indício de como Deus habite na cidade”.
O olhar sobre o deserto das cidades
Partindo desse ponto segue a exortação a assumir um olhar “de graça, de gratidão, de mistério sobre Florença”, “um olhar de fé” sobre uma cidade que muitas vezes oferece “a cinza, empoeirada, inerte, sem sinal de vida de um fogo que não queima mais que não arde mais”.
Portanto, um olhar do alto: certamente não para cair nas tentações do maligno que quase gostaria que possuíssemos todas as coisas do mundo, dominando-as, condicionando-as; mas vice-versa, o olhar animado pelo Espírito Santo, pela Palavra do Senhor, um olhar de contemplação, de gratidão, de vigilância se necessário, de profecia. E é um olhar que não tem dificuldade em reconhecer como tantas vezes – até demais! – realmente as nossas cidades são um deserto.
Reacender o fogo do amor
Um olhar – explica o monge Bernardo – que é estímulo para reacender um fogo, para dar novamente vida verdadeira em Cristo, no Evangelho: Uma cidade que, com o amor da Igreja – como todas as cidades deste mundo – com a santidade da Igreja pode voltar, deve voltar a se acender o fogo do amor. Essa é a modesta contribuição que gostaria de dar a cada um de vocês, de coração: um olhar de mistério sobre Florença, para que a nossa ação pastoral, a nossa dedicação às pessoas que nos são confiadas pelo Senhor, possam realmente ser de novo chama viva de desejo ardente, e voltar a ser um jardim de beleza, de paz, de justiça, de medida, de harmonia.
Onde há amor, também há um olhar
Citando o místico da Idade Média, Ricardo de São Vítor, “onde há amor, também há um olhar”, o abade de São Miniato no Monte recorda a necessidade de reconhecer “os sinais e os indícios que o Senhor não se cansa de deixar na sua passagem na nossa história, na nossa vida”. É naquele amor que se pode ler o olhar de Giorgio La Pira sobre Florença, de Jesus sobre Jerusalém e sobre todos os que encontrava. Uma perspectiva que introduz “uma dinâmica pascal” tornando-nos conscientes que “o momento histórico é grave” porque a “amplidão universal da fraternidade parece muito enfraquecida”. É a força da fraternidade – afirma – a nova fronteira do cristianismo.
Cada detalhe da vida do corpo e da alma, onde brilham o amor e o resgate da nova criatura vai se formando em nós – gosto muito deste ‘brilhar’ do amor: de novo a luz, o fogo – surpreende como o verdadeiro milagre de uma ressurreição já em ato.
Deixemo-nos olhar por Jesus
Recordando que o humanismo, como evidenciou Papa Francisco, é assim a partir de Cristo, o abade convida a entrever “o rosto de Jesus morto e ressuscitado que recompõe a nossa humanidade, também da que foi fragmentada pelos sofrimentos da vida ou marcada pelo pecado”. É a imagem do misericordiae vultus.
Deixemo-nos guiar por Ele. Jesus é o nosso humanismo: façamo-nos inquietar sempre pela sua pergunta: “Vós, que dizeis que eu seja?”. Deixemo-nos ser olhados por ele para aprender – diria – a olhar como Ele olhava. O jovem rico, fixando-o, amou-o: o encontro de olhares de Zaqueu que sobe na árvore para olhar o Senhor Jesus, que levanta o olhar para ir ao seu encontro.
O coração em conversão
Um olhar que faz desaparecer o medo de não reconhecer o Senhor que vem, como confessava Santo Agostinho. Porém, o olhar que já mudou o coração. “Se não estás atento ao teu coração, não saberás jamais se Jesus está te visitando ou não”, aludindo a Agostinho, a um cuidado do coração, que é um dos objetivos importantes destes dias: um coração atento, em conversão que recorde e recordando se abra para reconhecer a presença de Deus nesta nossa História e como ela se abra a esperanças ardentes, inéditas e inauditas.
Ter o Senhor diante dos olhos e entre as mãos
O chamado do monge Bernardo é missão dos consagrados chamados a “uma vida simples e profética na sua simplicidade, onde o Senhor está diante dos olhos e entre as mãos e não se precisa de mais nada”.
“A vida é Ele, a esperança é Ele, o futuro é Ele. A vida consagrada é esta visão profética na Igreja: é olhar que vê Deus presente no mundo, embora a muitos passe despercebido”. São palavras do Papa Francisco em 2 de fevereiro de 2019 no encontro com os consagrados. Mas são palavras que creio que possam servir para todos nós aqui presentes”. Fonte: https://www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA, 8. HOMILIA DO PAPA: “Na Quaresma, pedir a graça da coerência e deixar de ser hipócrita”.
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Durante a missa celebrada na eo Papa Francisco comentou a primeira Leitura, extraída do livro Profeta Isaías, e explicou a diferença que existe na nossa vida entre o real e o formal, condenando toda forma de hipocrisia.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
Peçamos esta graça na Quaresma: a coerência entre o formal e o real, entre a realidade e as aparências: palavras do Papa Francisco na homilia desta sexta-feira (08/03), ao celebrar a missa na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice inspirou sua reflexão no trecho extraído do livro do profeta Isaías.
A alegria da penitência
A simplicidade das aparências deveria ser redescoberta sobretudo no período da Quaresma, através do exercício do jejum, da esmola e da oração. Os cristãos, de fato, deveriam fazer penitência mostrando-se alegres; ser generosos com quem se encontra na necessidade sem “tocar os tambores”; dirigir-se ao Pai quase “escondido”, sem buscar a admiração dos outros. No tempo de Jesus, explicou o Papa, o exemplo era nítido na conduta do fariseu e do publicano; hoje, os católicos se sentem “justos” porque pertencem a certa “associação”, vão à “missa todos os domingos” e não são “como aqueles pobretões que não entendem nada”.
As pessoas que buscam as aparências jamais se reconhecem pecadores e se você disser a elas: “Mas você também é pecador!” – “Mas sim, todos temos pecados!”, e relativizam tudo e voltam a se tornar justos. Buscam até aparecer com cara de santinhos: tudo aparência. E quando existe esta diferença entre a realidade e a aparência, o Senhor usa o adjetivo: “Hipócrita”.
A hipocrisia dos "profissionais da religião"
Cada pessoa é tentada pelas hipocrisias e o tempo que nos conduz à Páscoa pode ser ocasião para reconhecer as próprias incoerências, para identificar as camadas de maquiagem de modo a “esconder a realidade”. Francisco insistiu no aspecto da hipocrisia, um tema que emergiu com força durante a XV Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Os jovens, afirmou, ficam impressionados com aqueles que buscam aparecer, mas depois se comportam consequentemente, sobretudo quando esta hipocrisia é vivida por “profissionais da religião”. O Senhor, ao invés, pede coerência.
Muitos cristãos, mesmo católicos, que se dizem católicos praticantes, como exploram as pessoas! Como exploram os operários! Como os mandam para casa no início do verão para readmiti-los no final, de modo que não tenham direito à aposentadoria, não têm direito de ir avante. E muitos deles se dizem católicos: vão à missa no domingo… mas agem assim. E isso é pecado mortal! Quantas pessoas humilham seus operários...
Beleza da simplicidade
Neste tempo da Quaresma, o Pontífice convidou os fiéis a redescobrirem a beleza da simplicidade, da realidade que “deve estar unida à aparência”.
Peça ao Senhor a força e vai humildemente avante, com aquilo que pode. Mas não maquie a alma, porque, se fizer isso, o Senhor não o irá reconhecer. Peçamos ao Senhor a graça de sermos coerentes, de não sermos vaidosos, de não aparecer mais dignos daquilo que somos. Peçamos esta graça nesta Quaresma: a coerência entre o formal e o real, entre a realidade e as aparências. Fonte: https://www.vaticannews.va
Campanha da Fraternidade: Mensagem do Papa Francisco ao povo brasileiro
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Campanha da Fraternidade: Mensagem do Papa Francisco ao povo brasileiro
Papa: "Os cristãos devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça".
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Como já é tradição, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente nesta quarta-feira de Cinzas, (06/03), a Campanha da Fraternidade (CF). Neste ano de 2019 o tema é “Fraternidade e Políticas Públicas” e o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27).
Nesta Campanha, que se desenvolve mais intensamente no período da Quaresma, a Igreja Católica busca chamar a atenção dos cristãos para o tema das políticas públicas, ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis.
Igreja quer estimular a participação em políticas públicas
Nesta CF 2019, a Igreja no Brasil pretende estimular a participação dos cristãos em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais da fraternidade. O texto-base da campanha descreve, entre outros tópicos, sobre o ciclo e etapas de uma política pública e faz a distinção entre as políticas de governo e as políticas de Estado, bem como apresenta os canais de participação social, como os conselhos previstos na Constituição Federal de 1988.
Todos os anos, a CNBB apresenta a CF como caminho de conversão quaresmal. É uma atividade ampla de evangelização que pretende ajudar os cristãos e pessoas de boa vontade a vivenciarem a fraternidade em compromissos concretos, provocando, ao mesmo tempo, a renovação da vida da Igreja e a transformação da sociedade, a partir de temas específicos. Em 2019, a Conferência convida todos a percorrer o caminho da participação na formulação, avaliação e controle social das políticas públicas em todos os níveis como forma de melhorar a qualidade dos serviços prestados ao povo brasileiro.
Mensagem do Papa Francisco
O Papa Francisco também este ano enviou uma mensagem por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade. Eis a íntegra da mensagem do Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte. Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.
Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et spes, 74).
Cientes disso, os cristãos - inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo direito e pela justiça» (Is 1,28) e seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) - devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).
De modo especial, àqueles que se dedicam formalmente à política - à que os Pontífices, a partir de Pio XII, se referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) – requer-se que vivam «com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras íntimas do seu etos e da sua cultura, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação» (ibid.).
Refletindo e rezando as políticas públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e irmãs, que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericórdia vultus, 15). Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Vaticano, 11 de fevereiro de 2019.
Fontes: www.vaticannews.va
QUINTA-FEIRA 28. HOMILIA DO PAPA: “Há a misericórdia de Deus, mas também a sua ira
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Não se deixe vencer pelas paixões, não espere para converter seu coração a Deus. O Papa Francisco, na homilia da missa matinal na Casa Santa Marta, convida a fazer todos os dias o exame de consciência, uma breve avaliação das ações que realizamos porque "nenhum de nós tem certeza de como a vida vai acabar".
Benedetta Capelli - Cidade do Vaticano
Parar, tomar consciência dos próprios fracassos, saber que o fim pode vir de um momento para outro e não viver repetindo que a compaixão de Deus é infinita: uma justificativa para fazer o que se quer. O Papa Francisco, na homilia da missa da manhã na Casa Santa Marta, retoma "os conselhos" contido no Livro do Eclesiástico e exorta a mudar o coração, a converter-se ao Senhor.
Domine as paixões
"A sabedoria é algo cotidiano": destaca Francisco, nasce da reflexão sobre a vida e do parar para pensar como vivemos. Vem escutando as sugestões, como as do Eclesiástico, que se assemelham às indicações "de um pai a um filho, de um avô ao neto".
Não siga seus instintos, sua força, seguindo as paixões do seu coração. Todos nós temos paixões. Mas tenha cuidado, domine as paixões. Pegue-as na mão, as paixões não são coisas ruins, são, por assim dizer, o "sangue" para realizar muitas coisas boas, mas se você não for capaz de dominar suas paixões, elas irão dominar você. Pare, pare.
Não adie a sua conversão
O foco do Papa é sobre a relatividade da vida. Ele cita o verso de um salmo que diz: "Ontem eu passei – disse Francisco - e vi um homem; hoje voltei e não estava mais ali". Nós não somos eternos - sublinha o Pontífice - não podemos pensar em fazer o que queremos, confiando na misericórdia infinita de Deus.
Não seja tão imprudente, de arriscar e crer que você vai se dar bem. "Ah, eu me dei bem até agora, eu vou conseguir ...". Não. Você se deu bem, sim, mas agora não sabe... Não diga: "a compaixão de Deus é grande, Ele irá perdoar os meus muitos pecados", e assim eu continuo fazendo o que eu quero. Não diga isso. E o último conselho desse pai, desse "avô", "Não espere para se converter ao Senhor", não espere para se converter, para mudar de vida, para aperfeiçoar a sua vida, para arrancar de você o joio ruim, todos nós temos , devemos arrancá-lo ... "Não espere para se converter ao Senhor e não adiar de dia em dia, porque de repente se manifestará a ira do Senhor ".
Cinco minutos para mudar o coração
"Não espere para se converter": este é o convite do Papa, que exorta a não adiar a mudança de vida, a tocar com as mãos os fracassos e insucessos que cada um tem, a não ter medo, mas a ser "mais soberano", mais capaz de dominar o que nos apaixona.
Façamos este pequeno exame de consciência todos os dias para nos convertermos ao Senhor: "Mas amanhã tentarei fazer com que isso não aconteça mais". Acontecerá, talvez, um pouco menos, mas você conseguiu governar e não ser governado por suas paixões, pelas muitas coisas que nos acontecem, porque nenhum de nós tem certeza de como sua vida terminará e quando terminará. Esses 5 minutos no final do dia nos ajudarão, nos ajudarão muito a pensar e a não adiar a mudança do coração e a conversão ao Senhor. Que o Senhor nos ensine com sua sabedoria a seguir esse caminho. Fonte: www.vaticannews.va
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