QUINTA-FEIRA 20. HOMILIA DO PAPA: “A Anunciação revoluciona a história”.
- Detalhes
Durante a Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa se detém sobre o mistério da Anunciação, o momento em que a história do homem muda completamente.
Barbara Castelli - Cidade do Vaticano (20/12/2018)
Uma passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1: 26-38) "difícil de pregar", em que o "Deus das surpresas" muda o destino do homem. Foi o que enfatizou o Papa Francisco durante a Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta.
A passagem do Evangelho de Lucas que ouvimos nos fala do momento decisivo da história, mais revolucionário. É uma situação convulsiva, tudo muda, a história fica de cabeça para baixo. É difícil pregar sobre essa passagem. E quando no Natal ou no dia da Anunciação professamos a fé para dizer este mistério, nos ajoelhamos. É o momento em que tudo muda, tudo, da raiz. Liturgicamente hoje é o dia da raiz. A Antífona de hoje e que marca é a raiz de Jessé, "da qual nascerá um broto". Deus se abaixa, Deus entra na história e o faz com seu estilo original: uma surpresa. O Deus das surpresas nos surpreende (mais) uma vez.
Durante a homilia, o Pontífice relê o Evangelho de hoje, para que a assembleia possa refletir sobre o alcance do Anúncio.
O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela. Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 19. Papa na Audiência Geral: Natal, revanche da humildade sobre a arrogância.
- Detalhes
Celebrar o Natal é “acolher na terra as surpresas do Céu que trouxe suas novidades ao mundo. O Natal inaugura uma nova era, onde a vida não se programa, mas se doa", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Na Audiência Geral, desta quarta-feira (19/12/2018), na Sala Paulo VI, o Papa Francisco recordou aos fiéis que faltam seis dias para o Natal.
Em sua catequese intitulada “Natal: as surpresas que agradam a Deus”, o Pontífice frisou que as árvores, decorações e luzes em todos os lugares nos lembram que também este ano será uma festa. A máquina publicitária convida a trocar novos presentes e fazer surpresas.
“Mas esta é a festa que agrada a Deus? De que Natal ele gostaria? Quais presentes e surpresas?”
“Olhemos ao primeiro Natal da história a fim de descobrir os gostos de Deus. Aquele Natal foi cheio de surpresas. Começamos com Maria, prometida em casamento a José: o anjo chega e muda sua vida. De virgem ela passará a ser mãe. Prossegue-se com José, chamado a ser pai de um filho sem gerá-lo. Um filho que chega no momento menos indicado, ou seja, quando Maria e José eram noivos e, de acordo com a Lei, não podiam morar juntos.”
Natal causa mudanças inesperadas de vida
“Diante do escândalo, o bom senso da época convidava José a repudiar Maria e salvar o seu nome, mas ele, que mesmo tendo direito, surpreende: para não prejudicar Maria pensa em deixá-la sem ninguém saber, ao custo de perder sua reputação. Então outra surpresa: no sonho, Deus muda os seus planos e lhe pede para receber Maria como esposa. Tendo nascido Jesus, quando tinha seus projetos para a família, mais uma vez em sonho lhe foi dito para se levantar e ir para o Egito. O Natal causa mudanças inesperadas de vida.”
O Papa disse que é na “noite de Natal que chega a maior surpresa: o Altíssimo é um menino. A Palavra divina é uma criança que literalmente significa “incapaz de falar”. O Salvador não é acolhido pelas autoridades da época, mas por simples pastores que, surpreendidos pelos anjos enquanto trabalhavam à noite, correm sem demora. Quem teria esperado isso? Natal é celebrar o inédito de Deus, ou melhor, um Deus inédito, que inverte as nossas lógicas e nossas expectativas.”
Natal inaugura uma nova era
Segundo Francisco, celebrar o Natal é “acolher na terra as surpresas do Céu que trouxe suas novidades ao mundo. O Natal inaugura uma nova era, onde a vida não se programa, mas se doa; onde não se vive mais para si, de acordo com seus próprios gostos, mas para Deus e com Deus, porque a partir do Natal Deus é o Deus conosco. Viver o Natal é deixar-se abalar por sua surpreendente novidade. O Natal de Jesus não oferece o calor reconfortante da lareira, mas o arrepio divino que sacode a história. O Natal é a revanche da humildade sobre a arrogância, da simplicidade sobre a abundância, do silêncio sobre o tumulto, da oração sobre O “meu tempo”, de Deus sobre o meu “eu”.
Celebrar o Natal é fazer como Jesus que veio até nós. “É caminhar em direção a quem precisa de nós. É fazer como Maria: confiar-se docilmente a Deus, mesmo sem entender o que Ele fará. É fazer como José: levantar-se para realizar o que Deus quer, mesmo que não esteja de acordo com nossos planos. São José é surpreendente: ele nunca fala no Evangelho e o Senhor fala com ele em silêncio, no sono. Natal é preferir a voz silenciosa de Deus ao barulho do consumismo. Se soubermos ficar em silêncio diante do presépio, o Natal será uma surpresa para nós, não algo já visto”.
Não mundanizemos o Natal
Francisco sublinhou que, infelizmente, “é possível confundir a festa e preferir as coisas usuais da terra às novidades do Céu. Se o Natal for apenas uma bonita festa tradicional, onde nós estamos no Centro e não Ele, será uma ocasião perdida. Por favor, não mundanizemos o Natal! Não coloquemos de lado a pessoa festejada, como então, quando veio para a sua casa, mas os seus não a receberam”.
O Papa disse que “será Natal se, como José, dermos espaço ao silêncio; se, como Maria, dissermos a Deus “aqui estou”; se, como Jesus, estarmos próximos daqueles que estão sozinhos; se, como os pastores, deixarmos nossos recintos para estar com Jesus. Será Natal, se encontrarmos a luz na pobre gruta de Belém”.
“Não será Natal se procurarmos o brilho cintilante do mundo, se nos enchermos de presentes, almoços e jantares, mas não ajudarmos pelo menos um pobre que se assemelha Deus, porque no Natal Deus veio pobre” ao mundo.
“Queridos irmãos e irmãs, um Feliz Natal rico das surpresas de Jesus”, concluiu o Pontífice. Fonte: www.vaticannews.va
Carta do Papa Francisco a Leonardo Boff
- Detalhes
O Papa Francisco está sofrendo grande oposição por parte de alguns da Cúria Romana e, curiosamente, também de membros conservadores do governo Trump, articulados com grupos conservadores e até reacionários da Igreja Católica estadonunidense, liderados pelo cardeal Viganó. A carta foi publicada por leonardoboff.wordpress.com, 17-12-2018.
Como apoio ao Papa Francisco lhe escrevi uma carta, como fiz de outras vezes. Através do embaixador argentino junto a Santa Sé, [Eduardo] Valdés, no governo de Cristina Kirchner, me respondia através dele. O mesmo fez ao escrever a encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da Casa Comum, agradecendo minha modesta colaboração.
Aqui mostro a carta de agradecimento pelo meu apoio a ele com os melhores augúrios pelos meus 80 anos de vida.
Eis a carta.
Dr. Leonardo Boff
Querido hermano,
Gracias por tu carta enviada tràmite el P. Fabiàn.
Me alegrò recibirla y te agradezco la generosidad de tus comentarios.
Recuerdo nuestro primer encuentro, en San Miguel, en una reuniòn de la CLAR, allà por los anios 72-75. Y luego te seguì leyendo algunas de tus obras.
Por estos dìas estaràs cumpliendo 80 años. Te hago llegar mis mejores augurios.
Y, por favor, no te olvides de rezar por mì. Lo hago por vos y tu Senora.
Que Jesùs te bendiga y la Virgen Santa te cuide.
Fraternalmente.
Francisco
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TERÇA-FEIRA 18, HOMILIA DO PAPA: "São José é o homem dos sonhos com os pés no chão", afirma o Papa
- Detalhes
O Papa Francisco dedicou a homilia desta terça-feira a São José, "homem dos sonhos", mas não um "sonhador". E pediu aos fiéis que não percam a capacidade de sonhar.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
“José é o homem que sabe acompanhar em silêncio” e é “o homem dos sonhos”. Nessas duas expressões, o Papa Francisco definiu as características de São José, ao qual dedica a homilia desta manhã (18/12/2018) na capela da Casa Santa Marta. Neste tempo de Advento, o Pontífice recordou as crianças com deficiência da Eslováquia, que realizaram as bolas para a árvore de Natal colocada no altar.
A sabedoria dos bons pais
Nas Sagradas Escrituras, conhecemos José como “um homem justo, que observa a lei, um trabalhador, humilde, apaixonado por Maria”. Num primeiro momento, diante do incompreensível, “prefere colocar-se de lado”, mas depois “Deus lhe revela a sua missão”. E assim José abraça a sua tarefa, o seu papel, e acompanha o crescimento do Filho de Deus “em silêncio, sem julgar, sem falar mal, sem fofocar”.
Ajuda a crescer, a se desenvolver. Assim procurou um lugar para que o filho nascesse; cuidou dele; o ajudou a crescer; lhe ensinou a profissão: muitas coisas... Em silêncio. Jamais tomou para si a propriedade do filho: o deixou crescer em silêncio. Deixa crescer: seria a palavra que nos ajudaria muito, a nós, que por natureza sempre queremos colocar o nariz em tudo, sobretudo na vida dos outros. “E por que faz isso? Por que faz aquilo…?” E começam a fofocar, falar…. E ele deixa crescer. Protege. Ajuda, mas em silêncio.
Uma atitude sábia que o Papa reconhece em muitos pais: a capacidade de esperar, sem dar bronca logo, mesmo diante do erro. É fundamental saber esperar, antes de dizer a palavra capaz de fazer crescer. Esperar em silêncio, como faz Deus com os seus filhos, com os quais tem muita paciência.
O homem dos sonhos
Na homilia, o Pontífice esclarece que São José era um homem concreto, mas com o coração aberto, “o homem dos sonhos”, não “um sonhador”.
O sonho é um lugar privilegiado para buscar a verdade, porque ali não nos defendemos da verdade. Vêm e… Deus fala também nos sonhos. Nem sempre, porque normalmente é o nosso inconsciente que vem, mas Deus muitas vezes escolheu falar nos sonhos. E o fez muitas vezes, na Bíblia se vê, não? Nos sonhos. Mas José era o homem dos sonhos, mas não era um sonhador, eh? Não tinha fantasias. Um sonhador é outra coisa: é aquele que crê… vai… está no ar e não tem os pés no chão. José tinha os pés no chão. Mas era aberto.
Não perder o prazer de sonhar
Por fim, Francisco pede que não se perca a capacidade de sonhar, a capacidade de se abrir ao amanhã com confiança, apesar das dificuldades que possam aparecer.
Não perder a capacidade de sonhar o futuro: cada um de nós. Cada um de nós: sonhar a nossa família, os nossos filhos, os nossos pais. Ver como eu gostaria que fosse a vida deles. Os sacerdotes também: sonhar os nossos fiéis, o que queremos para eles. Sonhar como sonham os jovens, que são “sem pudor” ao sonhar, e ali encontram um caminho. Não perder a capacidade de sonhar, porque sonhar é abrir as portas para o futuro. Ser fecundos no futuro. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: a boa política está ao serviço da paz
- Detalhes
A política pode se tornar uma forma eminente de caridade e servir a paz se respeitar e promover os direitos humanos, construir cidadania, encorajar os jovens. É o que afirma o Papa Francisco na Mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz a ser celebrado em 1º de janeiro.
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
"Paz para esta casa!" Com estes votos o Papa Francisco inicia o novo ano e abre a sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, divulgada nesta terça-feira, 18, em vista da recorrência do próximo 1º de janeiro. São as palavras com as quais Jesus envia os apóstolos em missão e a casa da qual fala, é "toda família, comunidade, todo país, todo continente" e é também "a nossa casa comum", da qual Deus nos confia os cuidados.
O desafio da boa política
O coração da mensagem, datada de 8 de dezembro de 2018, é a estreita relação entre a paz e a política da qual Francisco descreve potencialidades e vícios na perspectiva presente e futura, colocando ambas em um "desafio" diário, em um "grande projeto" fundado "na responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".
A paz, como uma "flor frágil que tenta florescer no meio das pedras de violência" - escreve o Papa, citando o poeta Charles Peguy – se choca com "abusos" e "injustiças", "marginalização e destruição" que a política provoca, quando "não é vivida como um serviço à comunidade".
A boa política, por outro lado, é um "veículo fundamental para construir cidadania e obras" e, se "implementada no respeito fundamental da vida, liberdade e dignidade", pode se tornar uma "forma eminente de caridade".
Caridade e virtude por uma política a serviço da paz e dos direitos
E se a ação do homem é sustentada e inspirada pela caridade, recorda Francisco citando Caritas in Veritate de Bento XVI - "contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus para a qual avança a história da família humana".
É um programa em que os políticos de todas as afiliações podem encontrar-se, contanto que operem para o bem da família humana, praticando virtudes que “sujeitam-se ao bom agir político”: justiça, equidade, respeito, sinceridade, honestidade, lealdade.
O bom político é - conforme descrito pelas bem-aventuranças do cardeal vietnamita François Xavier Nguyễn Vãn Thuận que o Papa retoma - quem tem a consciência de seu papel, quem é coerente, credível, capaz de ouvir, corajoso e comprometido com a unidade e a mudança radical. Disto a certeza expressa na Mensagem de que "a boa política está a serviço da paz".
Virtudes e vícios da política
Mas a política não é feita apenas de virtudes e de respeito pelos direitos humanos fundamentais. Francisco dedica um parágrafo de sua Mensagem aos "vícios" que "enfraquecem o ideal de uma autêntica democracia". São aquele que ele define "inépcia pessoal", "distorções no meio ambiente e nas instituições", sobretudo a corrupção e, em seguida, o não respeito das regras, a justificação do poder com a força, a xenofobia, o racismo: eles "tiram credibilidade aos sistemas", são “a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social".
Política, jovens e confiança no outro
Mas há também outro aspecto vicioso da política que o Papa destaca e que tem a ver com o futuro e os jovens. Quando o exercício do poder político - escreve ele - visa apenas "salvaguardar os interesses de certos indivíduos", o futuro "fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por ser verem condenados a permanecer à margem".
Quando, por outro lado, a política é concretamente traduzida em encorajar jovens talentos e vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e “torna-se uma confiança dinâmica". Uma política está, portanto, a serviço da paz - afirma Francisco. - se reconhece os carismas de cada pessoa entendida como "uma promessa que pode liberar novas energias".
Necessidade de artesãos da paz
Mas o clima de confiança, é a consideração do Pontífice, não é "sempre fácil", em particular "nestes tempos". A esse respeito, Francisco recorda o "medo do outro" generalizado, os "fechamentos", "os nacionalismos" que marcam a política de hoje, colocando em discussão a fraternidade de que nosso mundo globalizado tanto necessita. Disto a referência a "artesãos da paz" e autênticos "mensageiros" de Deus que animam nossas sociedades.
A este desejo se soma também, por parte do Papa, um apelo - cem anos após o fim da Primeira Guerra Mundial - de cessar com a "proliferação descontrolada de armas" e com a "escalada em termos de intimidação".
Recordam-nos a paz – diz o Pontífice- especialmente as muitas crianças vítimas da guerra . “A paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade.
A política da paz inspirada no Magnificat
O afresco que emerge da Mensagem do Papa conclui-se no último parágrafo com ênfase na relação entre direitos e deveres, para reiterar que - como nos recorda o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos - o "grande projeto político da paz" baseia-se na "responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".
Isso nos desafia no compromisso diário e nos pede uma "conversão de coração e da alma". Para aqueles que querem se comprometer na "política da paz", o Papa sugere por fim o espírito do Magnificat que Maria canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55). Fonte: www.vaticannews.va
Papa: "Chamar o Pai Nosso de 'pai' ou 'papai'"
- Detalhes
Na audiência desta quarta-feira (12/12/ 2018), Francisco explicou que Deus não nos quer anestesiados diante das dificuldades e sofrimentos, mas sim que elevemos ao céu as nossas necessidades, e elas se transformem num diálogo.
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano
Continuando o ciclo de catequeses sobre o Pai-Nosso iniciado semana passada, na audiência geral desta quarta-feira (12/12), o Papa Francisco explicou aos fiéis que Jesus pôs nos lábios de seus discípulos esta oração breve e audaz; e que se não fosse Ele a ensiná-la, ninguém ousaria rezar a Deus dessa forma.
A primeira oração é o nosso pranto, ao nascermos
Falando a cerca de 7 mil pessoas na Sala Paulo VI, no Vaticano, Francisco prosseguiu:
“Composta por 7 petições, o Pai-Nosso nos convida a nos aproximar de Deus com confiança filial, sem preâmbulos nem termos solenes, simplesmente chamando-O Pai, como um filho o faz com o seu pai, dirigindo-se a Ele com intimidade e confiança, pedindo-Lhe aquilo que corresponde às nossas necessidades básicas e existenciais, como é o caso do ‘pão nosso de cada dia’”.
Isto porque – disse ainda – a oração do ‘Pai Nosso’ tem raízes na realidade concreta do homem: “A fé não é uma ‘decoração’ separada da vida, que surge apenas quando nossas necessidades estão satisfeitas, quando o ‘estômago está cheio’; mas é imbuída no homem, em todo homem que tem fome, chora, luta, sofre e se pergunta ‘por que’”.
Sendo assim, a nossa primeira oração foi o choro que acompanhou nosso primeiro respiro. Naquele pranto, de recém-nascido, anunciou-se o destino de toda a nossa vida: a nossa contínua fome e sede, a nossa busca pela felicidade.
Continuar a gritar, como o cego curado pela fé
Jesus ensina que Deus não nos quer anestesiados diante das dificuldades e sofrimentos, mas sim que elevemos ao céu as nossas necessidades, e se transformem num diálogo. “Ter fé é acostumar-se a gritar, e pedir para sermos curados, como fez o cego Bartimeu com sua invocação, mais forte do que o bom-senso”. Com isso fica claro que a oração de petição, longe de ser uma forma inferior de diálogo com Deus, indica que Ele é um Pai cheio de compaixão e quer que Lhe falemos sem medo.
“A oração não só precede a salvação, mas de certa forma a contém, porque liberta do desespero de quem não crê numa saída, diante de tantas situações insuportáveis. Por isso, podemos lhe contar tudo, inclusive as coisas que em nossa vida permanecem distorcidas e incompreensíveis".
“ Ele nos prometeu ficar conosco para sempre, até o último dos dias que passaremos nesta terra ”
O Papa Francisco encerrou a sua catequese pedindo que ao rezar o ‘Pai Nosso’, iniciemos chamando-o ‘Pai’ ou simplesmente ‘papai’. Fonte: https://www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA 11. HOMILIA DO PAPA: “Assim como os mártires, deixar-se consolar por Deus”
- Detalhes
Na missa na capela da Casa Santa Marta, o Papa falou da consolação e fez referência aos mártires de hoje, como os coptas assassinados na praia da Líbia.
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
O Senhor nos consola com a ternura, assim como fazem as mães que acariciam seu filho quando chora. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada esta manhã (11/12/2018) na capela da Casa Santa Marta, exortando a deixar-se consolar por Deus sem opor resistência.
Não opor resistência à consolação
A Primeira Leitura extraída do Livro do Profeta Isaías (Is 40,1-11), de fato, é justamente um convite à consolação: “Consolai, consolai o meu povo – diz o vosso Deus”, porque “a expiação de suas culpas foi cumprida”. Trata-se, portanto, da “consolação da salvação”, evidenciou o Papa, da boa notícia que “fomos salvos”. Cristo Ressuscitado, naqueles 40 dias, faz justamente isso com os seus discípulos: consolar.
Mas “nós não queremos arriscar” e “opomos resistência à consolação”, como se “estivéssemos mais seguros nas águas turbulentas dos problemas”. “Nós estamos presos a este pessimismo espiritual”, disse o Papa.
Ternura: palavra cancelada do dicionário
Francisco citou as crianças que, nas audiências públicas, gritam e choram porque, vendo-o vestido de branco, pensam que ele seja o médico ou o enfermeiro pronto a dar uma injeção. Também nós somos um pouco assim, mas o Senhor diz: “Consolai, consolai o meu povo”.
E como consola, o Senhor? Com a ternura. É uma linguagem que os profetas de desventuras não conhecem: a ternura. É uma palavra cancelada por todos os vícios que nos afastam do Senhor: vícios clericais, vícios dos cristãos que não querem se mexer, mornos … A ternura dá medo. “Eis que o Senhor Deus vem com a conquista, eis à sua frente a vitória”: assim se conclui o trecho de Isaías. “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães”. Este é o modo de consolar do Senhor: com a ternura. As mães, quando o filho chora, o acariciam e o tranquilizam com a ternura: uma palavra que o mundo de hoje, de fato, cancelou do dicionário. Ternura.
A consolação no momento do martírio
O Senhor convida a deixar-se consolar por Ele e isso ajuda também na preparação para o Natal. E hoje, na oração da coleta, recordou o Papa, pedimos a graça de uma sincera exultação, desta alegria simples, mas sincera:
E, pelo contrário, eu diria que o estado habitual do cristão deve ser a consolação. Também nos momentos difíceis: os mártires entravam no Coliseu cantando; os mártires de hoje – penso nos trabalhadores coptas na praia da Líbia, degolados – morriam dizendo “Jesus, Jesus!”: há uma consolação, dentro; uma alegria também no momento do martírio. O estado habitual do cristão deve ser a consolação, que não é a mesma coisa que o otimismo, não: o otimismo é outra coisa. Mas a consolação, aquela base positiva … Fala-se de pessoas luminosas, positivas: a positividade, a luminosidade do cristão é a consolação.
O Senhor bate à nossa porta com o carinho
Nos momentos em que se sofre, não se sente a consolação, mas um cristão não pode perder a paz “porque é um dom do Senhor” que a oferece a todos, inclusive nos momentos mais difíceis.
O convite do Papa, portanto, é pedir ao Senhor nesta semana de preparação ao Natal para não ter medo e deixar-se consolar por Ele, fazendo referência também ao Evangelho de hoje (Mt 18,12-14):
Que também eu me prepare para o Natal pelo menos com a paz: a paz do coração, a paz da Tua presença, a paz que os Teus carinhos dão”. “Mas eu sou pecador …” – sim, mas o que nos diz o Evangelho de hoje? Que o Senhor consola como o pastor; se perde um dos seus, vai procurá-lo, como aquele homem que tinha 100 ovelhas e uma delas se perdeu: vai procurá-la. Assim faz o Senhor com cada um de nós. Eu não quero a paz, eu resisto à paz, eu resisto à consolação... mas Ele está à porta. Ele bate para que nós abramos o coração para deixar-nos consolar e para deixar-nos ficar em paz. E o faz com suavidade: bate à porta com os carinhos. Fonte: Fonte: www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA 10. HOMILIA DO PAPA. “Preparar-se para o Natal com a coragem da fé”.
- Detalhes
Na homilia da missa matutina, o Papa Francisco exortou a viver a segunda semana do Advento pedindo a graça de nos preparar com fé ao Natal.
Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano
Celebrar o Natal com verdadeira fé. Este foi o convite do Papa Francisco na homilia da Missa na Casa Santa Marta (10/12/2018), na qual comentou o episódio do Evangelho do dia, que narra a cura de um paralítico. Foi a ocasião para o Papa reiterar que a fé infunde coragem e é o caminho para tocar o coração de Jesus.
Pedimos a fé no mistério de Deus feito homem. A fé também hoje, no Evangelho, mostra como toca o coração do Senhor. O Senhor muitas vezes fala a respeito da catequese sobre a fé, insiste. “Vendo-lhes a fé”, diz o Evangelho. Jesus viu aquela fé – porque é necessário coragem para fazer um buraco no telhado e descer o leito com o doente ali... precisa de coragem. Aquela coragem, aquelas pessoas tinham fé! Eles sabiam que se o doente fosse levado diante de Jesus, ele seria curado.
O Natal não se celebra de modo mundano
Francisco recordou que “Jesus admira a fé nas pessoas”, como no caso do centurião que pede a cura para seu servo; da mulher sírio-fenícia que intercede pela filha possuída pelo demônio ou também da senhora que, somente tocando a barra da veste de Jesus, se cura das perdas de sangue que a afligiam. Mas “Jesus – acrescentou o Papa – repreende as pessoas de pouca fé”, como Pedro que duvida. “Com a fé – continuou – tudo é possível”. Hoje pedimos esta graça: nesta segunda semana do Advento, nos preparar com fé para celebrar o Natal. É verdade que o Natal – todos o sabemos – muitas vezes se celebra não com muita fé, se celebra também mundanamente ou de modo pagão; mas o Senhor nos pede que o façamos com fé e nós, neste semana, devemos pedir esta graça: poder celebrá-lo com fé. Não é fácil custodiar a fé, não é fácil defender a fé: não é fácil.
O ato de fé com o coração
Para o Papa, é emblemático o episódio da cura do cego no capítulo IX de João, o seu ato de fé diante de Jesus que reconhece como o Messias. Francisco então exorta a confiar a nossa fé em Deus, defendendo-a das tentações do mundo: Hoje, e também amanhã e durante a semana, nos fará bem pegar este capítulo IX de João e ler esta história tão bonita do jovem cego desde o nascimento. E concluir do nosso coração com o ato de fé: “Creio, Senhor. Ajuda minha pouca fé. Defende a minha fé da mundanidade, das superstições, das coisas que não são fé. Defende-a de reduzi-la a teorias, sejam elas ‘teologizantes’ ou moralistas … não. Fé em Ti, Senhor”. Fonte: www.vaticannews.va
FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO-HOMILIA DO PAPA: “Viver confiando em Deus em tudo, eis o segredo da vida”.
- Detalhes
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, na Solenidade da Imaculada Conceição, com o fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro provenientes de todo o mundo.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
"Estar com Deus não resolve magicamente os problemas. Mas Maria confia em Deus diante dos problemas”. Foi o que disse o Papa Francisco antes de rezar a oração mariana do Angelus na Solenidade da Imaculada Conceição com o fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro provenientes de todo o mundo.
"Eis um comportamento sábio: não viver dependendo dos problemas – quando termina um, se apresenta outro! - mas confiando em Deus e confiando-se todos os dias a Ele: Eis-me aqui! Peçamos à Imaculada a graça de viver assim", exortou o Papa.
Comentando a página do Evangelho do dia, o Papa recorda Eis-me é a palavra-chave da vida. Marca a passagem de uma vida horizontal, centralizada em si mesmo nas suas próprias necessidades, a uma vida vertical lançada na direção de Deus.
"Eis-me é estar disponível ao Senhor, é a cura para o egoísmo, o antídoto a uma vida insatisfeita, na qual sempre falta alguma coisa. Eis-me é o remédio contra o envelhecimento do pecado, é a terapia para ficar jovem dentro. Eis-me é crer que Deus conta mais do que o meu eu. É apostar tudo no Senhor, dócil às suas surpresas. Por isso dizer-lhe eis-me é o maior louvor que podemos lhe oferecer. Por que não começar assim todos os nossos dias? Seria belo, todas as manhãs dizer: “Eis-me, Senhor, hoje faça-se em mim segundo a tua vontade”.
O Papa nos convida a tomar como exemplo Maria: “Maria não ama o Senhor de vez em quando, com interrupções. Vive confiando em Deus em tudo e para tudo. Eis o segredo da vida. Tudo pode quem confia em Deus para tudo. Porém o Senhor, caros irmãos e irmãs, sofre quando lhe respondemos como Adão: “tenho medo e me escondi”. Deus é Pai, o mais dócil dos pais, e deseja a confiança dos filhos. No entanto, quantas vezes suspeitamos d’Ele, pensamos que possa nos mandar alguma prova, privar-nos da liberdade, abandonarmos. Mas esse é um grande engano, é a tentação das origens, a tentação do diabo: insinuar a desconfiança em Deus".
Maria, - continuou o Papa - vence esta primeira tentação com o seu eis-me. E hoje olhamos para a beleza de Nossa Senhora, nascida e vivida sem pecado, sempre dócil e transparente a Deus.
“Isso não quer dizer que para ela a vida tenha sido fácil. Estar com Deus não resolve magicamente os problemas. A conclusão do Evangelho de hoje recorda isso: “O Anjo afastou-se dela”. Afastou-se: é um verbo forte. O anjo deixa a Virgem sozinha em uma situação difícil. Ela sabia o modo particular com o qual seria Mãe de Deus, mas o anjo não tinha explicado aos outros. E os problemas logo começaram: pensemos na situação irregular segundo a lei, á angústia de São José, aos planos de vida que acabaram, o que diriam as pessoas…"
Mas Maria, finalizou o Papa, confia em Deus, diante dos seus problemas. Foi deixada pelo anjo, mas acredita que com ela, nela, ficou Deus. E confia. Está certa que com o Senhor, mesmo de modo inesperado, tudo vai dar certo. Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco explica como evitar homilias soporíferas. Os padres deveriam ouvi-lo
- Detalhes
"Quantas vezes vemos que na homilia alguns adormecem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro". Quem fala isso não é um anticlerical, mas o Papa Francisco. "Um padre me contava - disse Bergoglio aos fiéis - que ele uma vez foi para outra cidade onde seus pais moravam e seu pai lhe disse: 'Você sabe, estou feliz, porque com meus amigos encontramos uma igreja onde a missa não tem a homilia! '". O problema, na verdade, está longe de ser pequeno. "Aquele que realiza a homilia - o papa explicou - deve desempenhar bem o seu ministério. Aquele que prega, o sacerdote ou o diácono ou o bispo, deve oferecer um verdadeiro serviço a todos aqueles que participam da missa, mas também aqueles que a escutam devem fazer a sua parte". A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 05-12-2018.
Francisco deu conselhos práticos para evitar homilias soporíficas. "Antes de mais nada - ressaltou o papa - prestar a devida atenção, assumindo as disposições internas corretas, ou seja, sem pretensões subjetivas, sabendo que cada pregador tem méritos e limites. Se às vezes há motivo para ficar entediado durante uma homilia longa, sem foco ou incompreensível, outras vezes é o preconceito que age como um obstáculo. E quem faz a homilia deve estar ciente de que ele não está fazendo algo próprio, está pregando, dando voz a Jesus, ele está pregando a palavra de Jesus. E a homilia deve estar bem preparada, deve ser curta!”.
Não apenas curta, portanto, mas também não improvisada. "E como uma homilia é preparada? Com a oração - explicou o Papa -, com o estudo da palavra de Deus e fazendo uma síntese clara e breve, que não deve ultrapassar os dez minutos, por favor".
Sobre o tema da homilia, Francisco também dedicou muitas páginas de seu documento programático, a exortação apostólica Evangelii gaudium. Mas quando se faz uma visita, pelo menos entre as igrejas italianas, parece que na maioria dos casos esses valiosos conselhos do Papa não tenham sido minimamente aceitos.
Justamente para ajudar os diáconos, os padres e os bispos para preparar suas homilias, Pe. Giuseppe Liberto, mestre diretor emérito do Capela musical Pontifícia Sistina, publicou um livro intitulado Il giubilo della lode. Meditazioni per l’anno litúrgico (A alegria do louvor. Meditações para o ano litúrgico, em tradução livre). Da caneta refinada de um dos maiores especialistas mundiais em música litúrgica nasceram as páginas que contêm as reflexões para todos os períodos do ano: de Advento ao Natal, da Quaresma à Páscoa, como muitas outras solenidades.
Longe de ser um texto estritamente homilético, as meditações de Liberto perpassam os campos teológicos e bíblicos, até a dimensão litúrgica com suas várias facetas, principalmente a musical. Tudo em perfeita harmonia não desprovida inclusive de uma dimensão poética. O livro é realmente um instrumento precioso, tanto para aqueles que são chamados a preparar a homilia para uma celebração, mas também como útil companheiro de viagem para aprofundar os mistérios da vida de Jesus cadenciados durante o ano litúrgico.
Como explicou Bergoglio, de fato, "a homilia não pode ser um espetáculo de entretenimento, ela não deve responder à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar sentido e fervor à celebração. É um gênero peculiar, pois se trata de uma pregação dentro da moldura de uma celebração litúrgica: consequentemente, deve ser breve e evitar parecer uma conferência ou uma aula. O pregador pode manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas então a sua palavra se torna mais importante do que a celebração da fé. Se a homilia é prolongada demais, prejudica duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre suas partes e seu ritmo". Indicações preciosas que deveriam, no entanto, ser aplicadas concretamente. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
QUINTA-FEIRA 6. HOMILIA DO PAPA: “O Senhor é a rocha sobre a qual construir a vida”.
- Detalhes
Dizer e fazer. Areia e rocha. Alto e baixo. A homilia do Papa Francisco na capela da Casa Santa Marta se inspira nesse jogo de palavras.
Amedeo Lomonaco – Cidade do Vaticano
Na homilia da missa matutina (06/12/2018), o Papa Francisco, referindo-se ao trecho do Evangelho de hoje de Mateus e na Primeira Leitura extraída do livro do Profeta Isaías, indica uma série de palavras em contraste umas com as outras.
Dizer e fazer
As primeiras palavras, “dizer e fazer”, marcam dois caminhos opostos da vida cristã:
“O dizer é um modo de acreditar, mas muito superficial, na metade do caminho: eu digo que sou cristão, mas não faço as coisas do cristão. É um pouco – para dizê-lo simplesmente – maquiar-se como cristão: dizer somente é um truque, dizer sem fazer. A proposta de Jesus é concretude, sempre concreto. Quando alguém se aproximava e pedia conselho, sempre coisas concretas. As obras de misericórdia são concretas”.
Areia e rocha
As outras duas palavras em contraste são “areia e rocha”. A areia “não é sólida”, é “uma consequência do dizer”, um maquiar-se como cristão, uma vida construída “sem fundamentos”. A rocha, ao invés, é o Senhor.
É Ele, a força. Mas muitas vezes quem confia no Senhor não aparece, não tem sucesso, está escondido … mas é firme. Não tem a sua esperança no dizer, na vaidade, no orgulho, nos efêmeros poderes da vida … O Senhor, a rocha. A concretude da vida cristã nos faz ir avante e construir sobre aquela rocha que é Deus, que é Jesus; sobre o sólido da divindade. Não sobre as aparências ou as vaidades, o orgulho, as recomendações... Não. A verdade.
Alto e baixo
O terceiro binômio, alto e baixo, contrapõe os passos dos orgulhosos, dos vaidosos aos passos dos humildes. Recordando a primeira leitura extraída do livro do profeta Isaías, Francisco destacou que o Senhor “derrubou os que habitam no alto, há de humilhar a cidade orgulhosa, deitando-a por terra, até fazê-la beijar chão. Hão de pisá-la os pés, os pés dos pobres, as passadas dos humildes”.
Este trecho do profeta Isaías parece o canto da Nossa Senhora, do Magnificat: o Senhor eleva os humildes, os que estão na concretude de todos os dias, e abate os soberbos, os que construíram a sua vida na vaidade, no orgulho...estes não duram.
Perguntas para o Advento
Neste Advento, concluiu o Papa, nos ajudarão algumas perguntas cruciais: "Eu sou cristão do dizer ou do fazer? Construo a minha vida sobre a rocha de Deus ou sobre a areia da mundanidade, da vaidade? Sou humilde, procuro caminhar sempre por baixo, sem orgulho, e assim servir o Senhor?". Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA 5 DE DEZEMBRO-2018: Audiência Geral com o Papa: “Com Jesus, aprender a rezar com humildade”.
- Detalhes
Concluída a série sobre os Dez Mandamentos, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses dedicado ao “Pai-Nosso”. Diante de milhares de fiéis na Sala Paulo VI, o Papa partiu sua explicação do Evangelho de Marcos.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
“Senhor, ensina-nos a rezar”: na Audiência Geral desta quarta-feira (05/12), o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses dedicado ao “Pai-Nosso”.
Concluída a série sobre os Dez Mandamentos, o Pontífice se concentra agora na figura de Jesus como homem de oração.
Todos te buscam!
Diante de milhares de fiéis na Sala Paulo VI, o Papa partiu sua explicação do Evangelho de Marcos.
Desde a primeira noite de Cafarnaum, Jesus demonstra ser um Messias original. Na última parte da noite, quando o alvorecer se anuncia, os discípulos ainda o buscam, mas não conseguem encontrá-lo. Até que Pedro finalmente o encontra num lugar isolado, completamente absorto em oração. E lhe diz: “Todos te buscam!” (Mc 1,37).
Mas Jesus diz aos seus que deve ir além; que não são as pessoas a buscá-Lo, mas é antes de tudo Ele a buscar os outros. Por isso, não deve fincar raízes, mas permanecer continuamente peregrino pelas estradas da Galileia. “E também peregrino em relação ao Pai, isto é, rezando. Em caminho de oração.”
“Tudo acontece numa noite de oração”, notou o Papa. “Em alguma página das Escrituras, parece ser a oração de Jesus, a sua intimidade com o Pai, a governar tudo”, explicou.
Jesus, homem de oração
“Eis o ponto essencial: Jesus rezava.” Jesus rezava com intensidade nos momentos públicos, mas buscava também locais apartados que lhe permitissem entrar no segredo de sua alma. Rezava com as orações que a mãe lhe havia ensinado.
Jesus rezava como reza qualquer homem do mundo. E mesmo assim, no seu modo de rezar, estava contido um mistério, algo que certamente não passou desapercebido aos olhos dos seus discípulos, a ponto de dizerem: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Eles viam Jesus rezar e tinham vontade de aprender.
“ E Jesus não recusa, não tem ciúme da sua intimidade com o Pai, mas veio justamente para nos introduzir nesta relação. E assim se torna mestre de oração dos seus discípulos, como certamente quer ser para todos nós. ”
Sempre aprender a rezar
Mesmo rezando há muitos anos, devemos sempre aprender!, exclamou o Papa. A oração do homem, este anseio que nasce de modo assim tão natural da sua alma, é talvez um dos mistérios mais intensos do universo. E não sabemos nem mesmo se as orações que endereçamos a Deus são realmente as que Ele quer ouvir de nós.
Há orações inoportunas, afirmou Francisco, citando aquela narrada na parábola do fariseu e do publicano. O fariseu era orgulhoso, fazia de conta que rezava, mas seu coração era frio. “O primeiro passo para rezar é ser humilde. Ir ao Pai, a Nossa Senhora: ‘Olhe, sou pecador, fraco, malvado’, cada um sabe o que dizer. Mas sempre se começa com a humildade. O Senhor escuta, a oração humilde é ouvida pelo Senhor.”
Por isso, iniciando este ciclo de catequeses sobre a oração de Jesus, a coisa mais bela e mais justa que todos devemos fazer é repetir a invocação dos discípulos:
“ Será belo no tempo de Advento repetir: Senhor, ensina-nos a rezar. Todos podemos ir além e rezar melhor e pedir ao Senhor, ‘ensina-nos a rezar’. Façamos isso neste tempo de Advento. Ele certamente não deixará cair no vazio a nossa invocação. ”
Imaculada
Ao final da catequese, ao saudar os peregrinos poloneses, o Pontífice saudou os redatores da seção polonesa da Rádio Vaticano, que celebram 80 anos de fundação. “Eu lhes agradeço pelo serviço ao Papa e à Igreja.”
Francisco recordou ainda a celebração no próximo domingo, na Polônia, da 19ª Jornada de oração e de Ajuda à Igreja no Leste. “Com reconhecimento penso a todos aqueles que com a oração e as obras concretas, apoiam as comunidades eclesiais dos países vizinhos.”
O Papa lembrou por fim a celebração no próximo sábado, 8 de dezembro, da solenidade da Imaculada Conceição. “Entreguemo-nos a Nossa Senhora! Ela, como modelo de fé e de obediência ao Senhor, nos ajude a preparar os nossos corações a acolher o Menino Jesus no seu Natal”, disse Francisco.
Como é tradição, no dia 8 o Papa vai até a Praça de Espanha para uma homenagem com flores a Nossa Senhora. A Rádio Vaticano/Vatican News transmitirá o evento ao vivo, com comentários em português, a partir das 16h locais (13h no horário de Brasília). Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA 4-HOMILIA DO PAPA: “No Advento, buscar a paz interior e exterior sem ferir os outros”.
- Detalhes
Celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta, o Papa recordou que o Advento é um tempo para pedir a paz na própria alma, na família e no mundo. Para sermos "artesãos da paz".
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
Preparar-se para o Natal buscando construir a paz na própria alma, na família e no mundo. Esta foi a exortação do Papa Francisco na homilia da Missa na Casa Santa Marta (04/12). Fazer a paz – recordou - é um pouco como imitar Deus, fazendo-se humilde, sem falar mal dos outros ou feri-los. A reflexão do Pontífice foi inspirada na Primeira Leitura (Isaías 11,1-10) e no Evangelho (Lc 10,21-24).
Nas palavras de Isaías, há uma promessa de como serão os tempos quando o Senhor virá: “o Senhor fará a paz” e “tudo estará em paz”, recordou o Papa. Isaías o descreve com “imagens um pouco bucólicas”, mas belas: “o lobo e o cordeiro viverão juntos”, “o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito” “e uma criança os guiará”. Isso significa – explicou Francisco – que Jesus doa uma paz capaz de transformar a vida e a história e, por isso, é chamado “Príncipe da paz”, porque vem para nos oferecer esta paz.
Pedir ao Príncipe da paz de nos pacificar a alma
Portanto, o tempo do Advento é justamente “um tempo para nos preparar a esta vinda do Príncipe da paz. É um tempo para nos pacificar”, exortou o Papa. Antes de tudo, trata-se de uma pacificação “conosco, pacificar a alma”. “Muitas vezes, nós não estamos em paz”, mas ansiosos”, “angustiados, sem esperança”. E a pergunta que o Senhor nos faz é: “Como está a sua alma hoje? Está em paz?”. Se não estiver, o Papa exorta a pedir ao Príncipe da paz que a pacifique para se preparar ao encontro com Ele. Nós “estamos acostumados a olhar para a alma dos outros”, mas – este é o convite de Franccisco - “olhe para a própria alma”.
Pacificar a família: existem pontes ou muros?
Depois, é preciso “pacificar a casa”, a família. “Existem muitas tristezas nas famílias, muitas lutas, tantas pequenas guerras, desunião”, afirmou ainda Francisco, convidando, também neste caso, a perguntar-se se a própria família está em paz ou em guerra, se um está contra o outro, se há desunião, se existem pontes “ou muros que nos separam”.
O terceiro âmbito que o Papa pede para pacificar é o mundo onde “há mais guerra do que paz”, “há tanta guerra, tanta desunião, tanto ódio, tanta exploração. Não há paz”:
Que faço para ajudar a paz no mundo? “Mas o mundo é demasiado distante, padre”. Mas o que faço para ajudar a paz no bairro, na escola, no local de trabalho? Eu dou sempre qualquer desculpa para entrar em guerra, para odiar, para falar mal dos outros? Isso é fazer a guerra! Sou manso? Busco fazer pontes? Não condeno? Vamos perguntar para as crianças: “O que você faz na escola? Quando há um colega que você não gosta, é um pouco odioso ou é fraco, você faz bullying ou faz as pazes? Procura fazer as pazes? Perdoo tudo?”. Artesão da paz. É necessário este tempo de Advento, de preparação para a vinda do Senhor, que é o Príncipe da paz.
A paz sempre vai avante, nunca está parada, “é fecunda”, “começa na alma e depois volta à alma após fazer todo este caminho de pacificação”, evidenciou ainda o Papa:
E fazer as pazes é um pouco como imitar Deus, quando quis fazer as pazes conosco e nos perdoou, nos enviou Seu Filho para fazer a paz, a ser o Príncipe da paz. Alguém pode dizer: “Mas, padre, eu não estudei como se faz a paz, não sou uma pessoa culta, não sei, sou jovem, não sei …”. Jesus no Evangelho nos diz qual deve ser a atitude: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos”. Você não estudou, não é sábio… Faça-se pequeno, faça-se humilde, faça-se servidor dos outros. Faça-se pequeno e o Senhor lhe dará a capacidade de entender como se faz a paz e a força para fazê-la.
A oração neste tempo de Advento, portanto, deve ser “pacificar”, viver em paz na nossa alma, na família, no bairro:
E todas as vezes que nós vemos que existe a possibilidade de uma pequena guerra, seja em casa, seja no meu coração, seja na escola, no trabalho, parar e buscar fazer as pazes. Nunca, nunca ferir o outro. Nunca. “E padre, como posso começar para não ferir o outro?” – “Não falar mal dos outros, não lançar o primeiro canhão”. Se todos nós fizermos isso – não falar mal dos outros – a paz irá avante. Que o Senhor nos prepare o coração para o Natal do Príncipe da paz. Mas nos prepare fazendo o possível, da nossa parte, para pacificar: pacificar o meu coração, a minha alma, pacificar a minha família, a escola, o bairro, o local de trabalho. Homens e mulheres de paz. www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA 3. HOMILIA DO PAPA: “Que o Advento não seja mundano, é o tempo para purificar a fé”. Francisco
- Detalhes
Na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco celebrou a missa e falou do tempo do Advento, a ocasião para compreender plenamente o nascimento de Jesus em Belém e para cultivar a relação pessoal com o Filho de Deus.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
O tempo do Advento tem “três dimensões”: passado, futuro e presente. Celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta (03/12/2018), o Papa Francisco recordou que o Advento, inaugurado ontem, é o tempo propício “para purificar o espírito, para fazer crescer a fé com esta purificação”.
O ponto de partida das reflexões do Pontífice é o Evangelho do dia (Mt 8,5-11): o encontro em Cafarnaum entre Jesus e um oficial romano, que pede ajuda para o seu servo, paralisado na cama. Também hoje, afirmou, pode acontecer de se “acostumar à fé”, esquecendo a sua “vivacidade”. “Quando estamos acostumados – destacou o Papa –, perdemos aquela força da fé, aquela novidade da fé que sempre nos renova”.
Que o Natal não seja mundano
Na homilia, Francisco ressaltou que a primeira dimensão do Advento é o passado, “a purificação da memória”: “recordar bem que não nasceu a árvore de Natal”, que certamente é um “belo sinal”, mas recordar que “nasceu Jesus Cristo”.
Nasceu o Senhor, nasceu o Redentor que veio para nos salvar. Sim, a festa…nós sempre temos o perigo, sempre teremos em nós a tentação de mundanizar o Natal, mundanizá-lo … quando a festa deixa de ser contemplação – uma bela festa de família com Jesus no centro – e começa a ser festa mundana: fazer compras, presentes, isso e aquilo outro...e o Senhor permanece ali, esquecido. Inclusive na nossa vida: sim, nasceu, em Belém, mas... E o Advento é para purificar a memória daquele tempo passado, daquela dimensão.
Purificar a esperança
Além disso, o Advento serve para “purificar a esperança”, para se preparar “para o encontro definitivo com o Senhor”.
Porque aquele Senhor que veio lá, voltará, voltará! E voltará para nos perguntar: “Como foi a sua vida?”. Será um encontro pessoal. Nós, o encontro pessoal com o Senhor, hoje, teremos na Eucaristia e não podemos ter um encontro assim, pessoal, com o Natal de 2000 anos atrás: temos a memória do que foi. Mas quando Ele voltar, teremos aquele encontro pessoal. É purificar a esperança.
O Senhor bate todos os dias ao nosso coração
Por fim, o Papa convidou todos a cultivarem a dimensão cotidiana da fé, não obstante as preocupações e os muitos afazeres, cuidando da própria “casa interior”. O nosso Deus, de fato, é o “Deus das surpresas” e os cristãos deveriam perceber todos os dias os sinais do Pai Celeste, o seu falar conosco hoje.
E a terceira dimensão é mais cotidiana: purificar a vigilância. Vigilância e oração são duas palavras para o Advento; porque o Senhor veio na História em Belém; virá, no final do mundo e também no final da vida de cada um de nós. Mas vem todos os dias, em todos os momentos, no nosso coração, com a inspiração do Espírito Santo. Fonte: https://www.vaticannews.va
“O Advento nos indica o essencial da vida, encontrar Cristo nos irmãos”. Papa Francisco
- Detalhes
O Advento é o tempo que nos foi dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para reconhecê-lo nos irmãos e para aprender a amar. Repropomos algumas catequeses do Papa Francisco para aprofundar o significado deste tempo que dá início ao novo ano litúrgico
Cidade do Vaticano
Neste domingo inicia o Tempo do Advento que terá seu ápice no Natal. No Angelus de 3 de dezembro do ano passado, Papa Francisco explicou que “O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expectativa de o encontrar”.
As três visitas do Senhor
São as três visitas do Senhor à humanidade (Angelus, 27 de novembro de 2016): “A primeira visita foi a Encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece no presente: o Senhor visita-nos continuamente, todos os dias, caminha ao nosso lado e é uma presença de consolação; por fim, teremos a terceira, a última visita”, o encontro com Cristo no Juízo Final, que o Papa recorda citanto o capítulo 25 do Evangelho de Mateus: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim". Na noite da vida seremos julgados no amor.
Atentos e vigilantes para acolher as ocasiões para amar
O convite de Jesus no Tempo do Advento é para estarmos atentos e vigilantes, para não desperdiçar as ocasiões de amor que nos doa: “A pessoa atenta é a que, em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros. Com esta atitude percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas capacidades e qualidades humanas e espirituais”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)
No mundo, mas não do mundo
O Advento nos faz olhar para o céu, mas com os pés na terra: “A pessoa atenta também se preocupa com o mundo, procurando contrastar a indiferença e a crueldade presentes nele, e alegrando-se pelos tesouros de beleza que contudo existem e devem ser preservados. Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer quer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, quer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor. A pessoa vigilante é a que aceita o convite a vigiar, ou seja, a não se deixar dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão; e ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e atrás das quais, por vezes, se sacrificam tempo e serenidade pessoal e familiar”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)
“ Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a ‘desviar para longe dos caminhos do Senhor’, perdidos nos nossos pecados e nas nossa infidelidades; estar atentos e ser vigilantes são as condições para permitir que Deus irrompa na nossa existência, para lhe restituir significado e valor com a sua presença cheia de bondade e ternura ”
As boas batalhas da fé
Com o tempo do Advento recomeça o nosso caminho para o Senhor. Um caminho feito de alegria, mas também de dores, de luz mas também de escuro. O caminho torna-se um combate, é a boa batalha da fé. Papa Francisco afirma: “Deus é mais poderoso e mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades. Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor e de paz”. (Homilia do Primeiro Domingo do Advento na Catedral de Bangui, 29 de novembro de 2015)
A coisa mais importante é o encontro com o Senhor
O Advento no indica o essencial da vida. “A relação com o Deus que vem visitar-nos confere a cada gesto, a todas as coisas uma luz diversa, uma importância, um valor simbólico. Desta perspetiva vem também um convite à sobriedade, a não sermos dominados pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais, mas antes a governá-las. Se, ao contrário, nos deixarmos condicionar e dominar por elas, não podemos perceber que há algo muito mais importante: o nosso encontro final com o Senhor: e isto é importante. Aquele, aquele encontro. E as coisas de todos os dias devem ter este horizonte, devem ser orientadas para aquele horizonte. Este encontro com o Senhor que vem por nós”. (Angelus, 27 de novembro de 2016)
Maria nos conduz pela mão de Jesus
Papa Francisco confia a humanidade à Maria: “Nossa Senhora, Virgem do Advento, nos ajude a não nos considerarmos proprietários da nossa vida, a não opormos resistência quando o Senhor vem para a mudar, mas a estar preparados para nos deixarmos visitar por Ele, hóspede esperado e agradável mesmo se transtorna os nossos planos". (Angelus, 27 de novembro de 2017). Fonte: www.vaticannews.va
Advento: "Não podemos viver de esperas, mas na espera". Francisco
- Detalhes
Na manhã deste sábado, 1º de dezembro o Papa recebeu os peregrinos das Dioceses de Ugento e de Molfetta situadas na Itália central. Os peregrinos vieram visitar o Papa em agradecimento pela visita que o Santo Padre fez em abril passado homenageando Dom Tonino Bello.
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
"Uma vida 'privada' sem riscos e cheia de medos, que salvaguarda a si mesmos não é uma vida cristã. Não somos feitos para sonos tranquilos, mas para sonhos audaciosos", foi a advertência do Papa ao encontrar os peregrinos do interior da Itália.
O Papa iniciou o encontro reiterando a atualidade da mensagem de Dom Tonino ao dizer que afirmava: “Por favor, não fiquem triste por nenhuma amargura de casa. Não entristeçam suas vidas”. Quem acredita em Jesus não pode ficar triste; porque “o contrário de um povo cristão é um povo triste”. Sigamos o pensamento de dom Tonino disse o Papa:
“ Não fiquemos tristes: se fizermos isso levaremos o tesouro da alegria de Deus à pobreza do homem de hoje. De fato, quem se entristece fica sozinho e só vê problemas; ao contrário quem coloca o Senhor antes de seus problemas encontra a alegria. Por isso vamos deixar de nos lamentar e ao invés de nos entristecer, comecemos a fazer o contrário: consolar e ajudar”
Advento traz novidades
Ao falar sobre o Advento que inicia neste domingo afirmou que o novo ano litúrgico traz uma novidade do nosso Deus que é o Deus de todas as consolações. Se olharmos dentro de nós mesmos vemos que todas as novidades que chegam não bastam para saciar nossas expectativas: “’Queremos coisas novas porque nascemos para coisas grandes’ escrevia dom Tonino, e é verdade, nascemos para estar com o Senhor, quando ele entra em nós chega a verdadeira novidade, Ele renova e surpreende sempre”.
Mas, adverte o Papa:
“ Não devemos viver de esperas, que talvez não se realizem, mas devemos viver na espera, ou seja desejar o Senhor que sempre traz novidade. É importante saber esperar, e esperar sempre ativos no amor ”
A verdadeira tristeza é quando não se espera mais nada, dizia dom Tonino, e nós cristãos somos chamados a proteger e espalhar a alegria da espera: esperamos Deus que nos ama infinitamente e ao mesmo tempo somos esperados por Ele. Considerando desse modo, parece um namoro. Não estamos sozinhos, Deus nos visita e espera estar conosco sempre".
Evangelho anti-medo
O Papa recordou também aos peregrinos algumas palavras de dom Tonino pronunciadas 30 anos atrás que parecem ter sido escritas hoje: “A vida é cheia de medos, medo do próprio semelhante, do vizinho de casa… medo do outro… medo da violência… medo de não conseguir, medo de não ser aceitos… medo que seja inútil esforçar-se… medo que o mundo não mude… medo de não achar emprego” para isso, continuou o Papa:
“ O Advento responde com o “Evangelho anti-medo”, porque quem tem medo e está abatido, é reanimado pelo Senhor com a sua palavra. E o faz com dois verbos anti-medo, os dois verbos do Advento: reanimai-vos e levantai as vossas cabeças ”
Se o medo o deixa desolado, o Senhor pede que se reanimem, se as negatividades levam a olhar para baixo, Jesus convida a olhar para o céu, de onde ele chegará. Porque não somos filhos do medo, mas filhos de Deus, porque o medo se derrota dominando a si mesmo tendo ao lado Jesus.
Em seguida convidou todos a alargarem seus horizonte a pensarem no sentido da vida:
“ Não se pode ficar sempre no porto seguro, somos chamados a partir. O Senhor chama cada um de nós a entrar em mar aberto. Não nos quer ancorados no porto ou guardiões de faróis, mas navegantes confiantes e corajosos, que seguem rotas inéditas do Senhor, jogando as redes da vida sobre a sua Palavra ”. Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 28. Papa na Audiência Geral: Decálogo é a "radiografia" de Cristo
- Detalhes
QUARTA-FEIRA, 28. Papa na Audiência Geral: Decálogo é a "radiografia" de Cristo
"Somente em Cristo o Decálogo deixa de ser condenação, tornando-se “a autêntica verdade da vida humana, isto é, desejo de amor, de alegria, de paz, de magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, brandura, domínio de si”, disse o Papa Francisco ao concluir sua série de catequeses sobre os Mandamentos.
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano ( 28/11/2018)
O Papa Francisco concluiu a série de catequeses sobre os Mandamentos iniciada na Audiência Geral de 23 de junho, usando o tema-chave dos “desejos”, que permite repassar o caminho feito e reassumir as etapas percorridas lendo o texto do Decálogo “à luz da plena revelação em Cristo”. Devido ao frio, o tradicional encontro das quartas-feiras foi realizado na Sala Paulo VI.
Falando aos 7 mil presentes, Francisco recordou que “partimos da gratidão como base da relação de confiança e de obediência: Deus não pede nada antes de ter dado muito. “Ele nos convida à obediência para nos resgatar das idolatrias que tanto poder têm sobre nós”, pois nos esvaziam e nos escravizam, enquanto que, aquilo “que nos dá estatura e consistência é a relação com Ele, que em Cristo nos torna filhos a partir de sua paternidade”.
Chamado à beleza da fidelidade, generosidade e autenticidade
“Isto – observou – implica um processo de bênção e de libertação, que são o repouso autêntico”: “Esta vida libertada torna-se a aceitação da nossa história pessoal e nos reconcilia com aquilo que vivemos da infância ao presente, fazendo-nos adultos e capazes de dar a justa medida às realidades e às pessoas de nossa vida. Por este caminho entramos na relação com o próximo que, a partir do amor que Deus mostra em Jesus Cristo, é um chamado à beleza da fidelidade, da generosidade e da autenticidade”.
Coração novo
Para isto, temos necessidade de “um coração novo”, que se realiza pelo “dom de desejos novos”, que são “semeados em nós pela graça de Deus, em particular pelos Dez Mandamentos levados ao seu termo por Jesus”, como ensinou no Sermão da Montanha.
“Na contemplação da vida descrita no Decálogo – uma existência agradecida, livre, autêntica, que abençoa, custódia e amante da vida, fiel, generosa e sincera - nós, quase sem perceber, nos encontramos diante de Cristo”.
Decálogo, “radiografia” de Cristo
O Decálogo – disse o Pontífice – “é a sua “radiografia”, o descreve como um negativo fotográfico que deixa aparecer a sua face – como no Santo Sudário”.
Desta forma, “o Espírito Santo fecunda o nosso coração, colocando nele os desejos que são um dom seu, os desejos do Espírito. Os desejos do Espírito, desejar segundo o Espírito. Desejar no ritmo do Espírito, desejar com a música do Espírito". “E o Espírito gera uma vida que, seguindo esses desejos, suscita em nós a esperança, a fé e o amor”.
Com o Espírito, a lei torna-se vida
Assim, é possível descobrir o que significa que “o Senhor Jesus não veio para abolir a lei”, mas levá-la ao seu cumprimento, para fazê-la crescer."
Se a lei segundo a carne era uma série de prescrições e de proibições, "segundo o Espírito, a lei torna-se vida, “porque não é mais uma norma, mas a própria carne de Cristo, que nos ama, nos procura, nos perdoa, nos consola e no seu Corpo recompõe a comunhão com o Pai, perdida pela desobediência do pecado”:
"E assim (...), a negatividade na expressão do Mandamento: "não roubar, não insultar, não matar", aquele "não", transforma-se em uma atitude positiva: amar, dar lugar aos outros no meu coração, desejos que semeiam positividade. E esta é a plenitude da lei que Jesus veio nos trazer".
Somente em Cristo – explicou o Papa – o Decálogo deixa de ser condenação, tornando-se “a autêntica verdade da vida humana, isto é, desejo de amor. Aqui nasce um desejo de bem, de fazer o bem, desejo de alegria, de paz, de magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, brandura, domínio de si. Daquele "não" passa-se a este "sim". Atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito Santo".
Abrir a porta à salvação
“Quando o homem segue o desejo de viver segundo Cristo, então está abrindo a porta à salvação (...). Deus Pai é generoso, tem sede que nós tenhamos sede dele”.
Em contraposição aos maus desejos que arruínam o homem, “o Espírito coloca em nosso coração os seus santos desejos, que são o germe da vida nova”.
A vida nova – disse o Papa – “não é um titânico esforço para sermos coerentes com uma norma, mas o próprio Espírito de Deus que começa a nos guiar até os seus frutos, em uma feliz sinergia entre a nossa alegria de ser amados e a sua alegria de amar-nos. Encontram-se as duas alegrias."
“Contemplar Cristo para abrir-nos a receber o seu coração, os seus desejos, o seu Santo Espírito”, eis o que é o Decálogo para nós cristãos, disse o Santo Padre ao concluir. Fonte: www.vaticannews.va
“Nossa Senhora não pode ser a mãe dos corruptos”. Papa Francisco.
- Detalhes
"A oração pelos corruptos é que haja um terremoto que os mova a tal ponto que eles percebam que o mundo não começou com eles e não terminará com eles". Foi o que afirmou o Papa Francisco entrevistado pelo padre Marco Pozza no novo episódio do programa 'Ave Maria' transmitido pela TV2000, da igreja italiana.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco aborda o tema dos corruptos no sétimo episódio do programa "Ave Maria" da TV200. "Se eu dissesse que não sou pecador, seria o mais corrupto", disse em resposta às perguntas de padre Marco Pozza.
Os corruptos
"Maria não pode ser a mãe dos corruptos, porque os corruptos vendem sua mãe - acrescenta o Papa -, vendem a pertença a um povo, vendem a pertença à família. Eles apenas buscam seu próprio lucro econômico, intelectual e político. Fazem uma escolha egoísta, eu diria satânica. Eles fecham a porta por dentro e Maria não pode entrar. Não deixam a mãe entrar ". "Por isso - explica - eles se fecham, não precisam de uma mãe, de um pai, de pertencer a um povo, a uma pátria, a uma família. Vivem no egoísmo e o pai disso, que lhes ensinou isso, é o diabo". A oração pelos corruptos, continua Francisco, "é que haja um terremoto que os mova de tal maneira que percebam que o mundo não começou com eles e não terminará com eles".
Maria acolhe a todos
No entanto, Nossa Senhora acolhe a todos. "Maria - explica ainda Francisco - acompanha o caminho de nós pecadores, cada um com seus pecados e intercede por nós pecadores. Devemos dizer a Maria: "Eu sou um pecador, mas a Senhora cuide de mim". E ela cuida de nós". Em seguida o Papa falou da sua infância. "Minha mãe, falando de nós, 5 filhos, dizia: 'Meus filhos são como os dedos da mão: eles são todos diferentes, mas se dou uma picada em um dos dedos, causa a mesma dor se dou uma picada em outro dedo'".
O programa da TV2000 inspirou o livro "Ave Maria", do Papa Francisco. Publicado por Rizzoli e pela Livraria Editora Vaticana, foi traduzido em 10 idiomas e está sendo publicado em 22 países. Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA, 27. HOMILIA DO PAPA: “Sábio pensar no fim, será um encontro de misericórdia com Deus”.
- Detalhes
O Papa Francisco, na homilia na Missa na Casa Santa Marta, fala de nosso fim e do fim do mundo, "a colheita" do livro do Apocalipse. "Como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando me chamar? Pensar nisso é sábio e nos ajuda a ir em frente, até o encontro com Deus, uma prestação de contas mas também um momento de "alegria".
Alessandro Di Bussolo - Cidade do Vaticano (27/11/2018)
"Como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando me chamar?" É sábio pensar no fim", “nos ajuda a seguir em frente”, a fazer um exame de consciência sobre que coisas eu deveria corrigir e quais “levar em frente porque são boas".
O Papa Francisco dedicou sua homilia matutina na Casa Santa Marta, ao fim do mundo e da própria vida, porque "nesta última semana do ano litúrgico, a Igreja nos faz refletir sobre isso, e “é uma graça", comenta Papa, "porque não gostamos de pensar no fim", "adiamos esta reflexão sempre para amanhã”.
Na primeira leitura, tirada do livro do Apocalipse, São João fala do fim do mundo "com a figura da colheita", com Cristo e um Anjo armado com uma foice. Quando chegar nossa hora, prossegue Francisco, deveremos "mostrar a qualidade do nosso trigo, a qualidade da nossa vida". E acrescenta: "Talvez alguém entre vocês diga: 'Padre, não seja tão sombrio, que estas coisas não nos agradam ...', mas é a verdade":
“É a colheita, onde cada um de nós se encontrará com o Senhor. Será um encontro e cada um de nós dirá ao Senhor: "Esta é a minha vida. Este é meu trigo. Esta é minha qualidade de vida. Errei? "- todos deveremos dizer isso, porque todos erramos - "Fiz coisas boas" - todos fazemos coisas boas; e um pouco mostrar ao Senhor o trigo”.
O que eu diria, pergunta-se ainda o Pontífice, "se hoje o Senhor me chamasse? 'Ah, nem percebi, eu estava distraído ...'. Nós não sabemos nem o dia nem a hora. 'Mas padre, não fale assim que eu sou jovem' - 'Mas olha quantos jovens partem, quantos jovens são chamados ...'. Ninguém tem a própria vida assegurada ".
Em vez disso, é certo que todos nós teremos um fim. Quando? Somente Deus o sabe:
“Nos fará bem nesta semana pensar no fim. Se o Senhor me chamasse hoje, o que eu faria? O que eu diria? Que trigo eu mostraria a ele? o pensamento do fim nos ajuda a seguir em frente; não é um pensamento estático: é um pensamento que avança porque é levado em frente pela virtude, pela esperança. Sim, haverá um fim, mas esse fim será um encontro: um encontro com o Senhor. É verdade, será uma prestação de contas daquilo que fiz, mas também será um encontro de misericórdia, de alegria, de felicidade. Pensar no fim, no final da criação, no fim da própria vida é sabedoria; os sábios fazem isso”.
Assim, conclui o Papa Francisco, a Igreja convida-nos esta semana a nos perguntarmos "como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando ele me chamar? Devo fazer "um exame de consciência" e avaliar "que coisas eu deveria corrigir, porque não estão bem? Que coisas devo apoiar e levar em frente porque são boas? Cada um de nós tem tantas coisas boas!". E neste pensamento não estamos sozinhos: "há o Espírito Santo que nos ajuda":
“Esta semana peçamos ao Espírito Santo a sabedoria do tempo, a sabedoria do fim, a sabedoria da ressurreição, a sabedoria do encontro eterno com Jesus; que nos faça entender essa sabedoria que existe na nossa fé. Será um dia de alegria o encontro com Jesus. Rezemos para que o Senhor nos prepare. E cada um de nós, esta semana, termine a semana pensando no final: "Eu acabarei. Eu não permanecerei eternamente. Como gostaria de acabar?”. Fonte: www.vaticannews.va
A ESPIRITUALIDADE DO PADRE DIOCESANO: “Não pode ser bom padre sem um diálogo filial com o bispo”.
- Detalhes
Em conversa franca e aberta com os seminaristas de Agrigento, Sicília, o Papa Francisco falou sobre a importância do relacionamento do sacerdote com o bispo, de que "não se pode viver o sacerdócio sem uma missão", e alertou que "o clericalismo é a nossa pior perversão" e que "a fofoca, a tagarelice, é a peste do presbitério."
Cidade do Vaticano
Na manhã de sábado, 24, o Papa Francisco encontrou 40 seminaristas da Diocese de Agrigento, Sicília. Deixando de lado o discurso preparado previamente, o Papa Francisco preferiu falar de forma espontânea, segundo a inspiração do momento. Eis a íntegra de suas palavras:
“Há um discurso preparado, com o ícone dos discípulos de Emaús, que vocês podem ler em casa tranquilos e meditar em paz. Eu o entrego ao reitor. Eu me sentirei mais confortável falando um pouco espontaneamente.
Naquele discurso, a última palavra era a "missão". Gostei do que o Reitor disse sobre o horizonte da Albânia. Porque a missão, é verdade, é algo que o Espírito nos impele a sair, sair, sempre sair; mas se não há horizonte apostólico, há o perigo de errar e sair não para levar uma mensagem, mas para "passear", isto é, sair mal.
O diálogo com o bispo
Em vez de fazer um caminho de força, sair de si mesmo, está fazendo o labirinto, de onde não se consegue nunca encontrar um caminho, ou errar o caminho!
"Como posso ter certeza de que minha saída apostólica é aquela que o Senhor quer, aquela que o Senhor quer de mim, quer na formação como depois?" Existe o bispo! O bispo é aquele que em nome de Deus diz: "Este é o caminho". Você pode ir ao bispo e dizer: "Eu sinto isto", e ele vai discernir se é isso ou não. Mas, definitivamente, quem dá a missão é o bispo.
Por que eu digo isso? Não se pode viver o sacerdócio sem uma missão. O bispo dá somente um encargo - "se ocupe desta paróquia", como o chefe de um banco dá tarefas aos empregados? não! O bispo dá uma missão: "Santifica aquelas pessoas, leva Cristo àquelas pessoas". É outro nível. É por isso que é importante o diálogo com o bispo: aqui eu queria chegar ao diálogo com o bispo.
O bispo deve conhecer vocês assim como são: cada um tem a própria personalidade, a própria maneira de sentir, seu modo de pensar, suas virtudes, seus defeitos ... O bispo é pai! É pai que ajuda a crescer, é pai que prepara para a missão. E quanto mais o bispo conhece o sacerdote, tanto menor será o perigo de errar na missão que ele dará. Não pode ser um bom padre sem um diálogo filial com o bispo. Isso é algo não negociável, como agrada dizer a alguém. "Não, eu sou um empregado da Igreja". Você errou. Aqui há um bispo, não há uma assembleia onde se negocia o lugar.
Há um pai que faz a unidade: assim Jesus quis as coisas. Um pai que faz a unidade. É lindo quando Paulo escreve a Tito, a Tito que deixou em Creta, para "organizar" as coisas. E ele diz as virtudes dos presbíteros, do bispo e dos leigos, também dos diáconos. Mas deixa o bispo para organizar: organizar no Espírito, que não equivale a organizar no organograma. A Igreja não é um organograma. É verdade que às vezes usamos um organograma para ser mais funcionais, mas a Igreja vai além do organograma, é outra coisa: é a vida, a vida "organizada" no Espírito Santo.
E quem está no lugar do pai? O bispo. Ele não é o dono da empresa, o bispo, não. Ele não é o patrão. Ele não é aquele que manda: "aqui mando eu", alguns obedecem, outros fingem obedecer e outros não fazem nada. Não, o bispo é o pai, é fecundo, é aquele quem gera a missão. Esta palavra missão, que eu quis pegar, é carregada, carregada com a vontade de Jesus, é carregada com o Espírito Santo. Por isso, eu recomendo, do seminário aprendam a ver no bispo que foi colocado ali para ajudá-los a crescer, a ir em frente e para acompanhar vocês nos momentos de apostolado: nos bons momentos, nos momentos maus, mas acompanhar sempre; nos momentos de sucesso, nos momentos das derrotas que vocês sempre terão na vida, todos ... Isso é algo muito, muito importante.
Deixar-se formar
Outra coisa, é a do barro do oleiro. Gosto de pegar Jeremias. Ele diz: quando o vaso não está bom, o oleiro o faz de novo. Enquanto se está fazendo o vaso e há algo errado, há tempo para retomar tudo e recomeçar; mas uma vez cozido ... Por favor, deixem-se formar. Não são caprichos aquilo que pedem os formadores. Se vocês não estão de acordo, falem sobre isso. Mas sejam homens, e não crianças, homens, corajosos e digam ao reitor: "Eu não concordo com isso, não entendo isso.”
Isso é importante, para dizer o que você sente. Assim se pode formar sua personalidade, para ser verdadeiramente um vaso cheio de graça. Mas se você permanecer calado e não dialogar, não contar suas dificuldades, não contar suas ansiedades apostólicas e tudo aquilo que queres, um homem calado, uma vez "cozido", não se pode mudar. E toda a vida é assim. É verdade que às vezes não é agradável que o oleiro intervenha decisivamente, mas é para o seu próprio bem. Deixem-formar, deixem-se formar. Antes de cozimento, porque assim vocês serão bravos.
Espiritualidade do clero diocesano
E depois, outras duas coisas. Qual é a espiritualidade do clero diocesano? Como dizia aquele padre aos religiosos: "Eu tenho a espiritualidade da congregação religiosa que fundou São Pedro". A espiritualidade do clero diocesano, qual é? É a diocesanidade.
A diocesanidade tem três endereços, três relações. O primeiro é a relação com o bispo, mas já falei bastante sobre isso. A primeira relação: não se pode ser um bom sacerdote diocesano sem a relação com o bispo. Segundo: a relação no presbitério. Amizade entre vocês. É verdade que não pode ser amigo íntimo de todos, porque não somos iguais, mas bons irmãos sim, que se querem bem.
E qual é o sinal de que em um presbitério há irmandade, há fraternidade? Qual é o sinal? Quando não há fofocas. A fofoca, a tagarelice, é a peste do presbitério. Se você tem algo contra ele, diga isso na sua cara. Diga de homem para homem! Mas não fale nas costas, isto não é de homem! Não digo como homem espiritual, não, não, simplesmente como homem.
Quando não há tagarelice em um presbitério, quando essa porta está fechada, o que acontece? Bem, há um pouco de barulho, nas reuniões se dizem as coisas na cara, “eu não concordo!", se levanta um pouco a voz ... Mas como irmãos! Em casa, nós irmãos brigávamos assim. Mas na verdade. E depois, cuidar dos irmãos, querer-se bem. "Sim, padre, mas o senhor sabe, esse outro me é antipático...". Mas eu também tenho muitos que me são antipáticos e eu sou antipático para alguém, isso é uma coisa natural da vida, mas o nível de nossa consagração nos leva a outra coisa, a ser harmonioso, a estar em harmonia. Esta é uma graça que vocês devem pedir ao Espírito Santo.
Aquela frase de São Basílio - que alguns dizem não ser de São Basílio - no Tratado sobre o Espírito Santo: "Ipse harmonia est", Ele é harmonia. Parece um pouco estranho, o Espírito Santo, porque com os carismas - porque todos vocês são diferentes - ele, por assim dizer, cria uma desordem: todos diferentes. Mas depois tem o poder de fazer daquela desordem uma ordem mais rica, com tantos carismas diferentes que não anulam a personalidade de ninguém. O Espírito Santo é o que faz a unidade: a unidade no presbitério.
O relacionamento com o bispo, o relacionamento entre vocês. Sinal negativo: a fofoca. Nada de tagarelice. Sinal positivo: dizer as coisas claras, discutir, até mesmo irritar-se, mas isso é saudável, isso é dos homens. A fofoca é covarde.
O relacionamento com o bispo, a relação entre você e o terceiro: o relacionamento com o povo de Deus. Nós somos chamados pelo Senhor para servir ao Senhor. Senhor no povo de Deus. Antes ainda, fomos tirados do povo de Deus! Isso ajuda muito! A memória, aquela de Amós, quando diz: "Você é um profeta ...". - eu? Qual profeta? Eu fui tirado de trás do rebanho, eu era um pastor ... Cada um de nós foi tirado do povo de Deus, foi escolhido e não podemos esquecer de onde viemos.
Porque muitas vezes, quando nos esquecemos disso, caímos no clericalismo e esquecemos o povo do qual viemos. Por favor, não se esqueçam da mãe, do pai, da avó, do avô, do povoado, da pobreza, das dificuldades das famílias: não se esqueça deles! O Senhor tirou vocês dali, do povo de Deus, pois com isso, com esta memória, vocês saberão falar ao povo de Deus, como servir ao povo de Deus. O sacerdote que vem do povo e não se esquece de que é tirado do povo por Deus, da comunidade cristã, a serviço do povo. "Mas não, eu esqueci, agora me sinto um pouco superior a todos ...". O clericalismo, caríssimos, é a nossa pior perversão. O Senhor quer vocês pastores, pastores do povo, não clérigos de Estado.
Esta é a espiritualidade [do sacerdote diocesano]: a relação com o bispo, a relação entre você e o contato, a relação com o povo de Deus na memória - de onde eu venho - e no serviço - para onde vou.
E como se faz crescer isso? Com a vida espiritual. Vocês têm um pai espiritual: abram seu coração ao pai espiritual. E ele vai ensinar vocês como rezar, a oração; como amar Nossa Senhora ...: não se esqueçam disso, porque Ela está sempre próxima à vocação de cada um de vocês. A conversa com o pai espiritual. Que não é um inspetor da consciência, é alguém que, em nome do bispo, ajuda você a crescer. Vida espiritual.
Obrigado pela visita. Esqueci de trazer um livrinho que que queria dar para vocês, mas vou enviá-lo pelo bispo, para cada um de vocês. E rezem por mim e eu rezarei por vocês. Não se esqueçam disso: a espiritualidade do clero diocesano. Coragem! Fonte: www.vaticannews.va
Pág. 658 de 664