425 ANOS: OTC da Esplanada-02
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425 ANOS: OTC da Esplanada-01
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Congresso da Ordem Terceira do Carmo em Aparecida/SP. 3-4 de agosto-2019. Tema: A Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo. Texto-02
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A VIDA COMUNITÁRIA NO CARMELO TERESIANO
Salvador Ros García
Se perguntássemos a santa Teresa que experiência ela teve de vida comunitária, e como esta influenciou em sua vida espiritual, ela começaria, com quase certeza, respondendo-nos que não teve mestres, nem formadores, nem amigos que nela introduzissem: “Eu não encontrei mestre - digo confessor que me entendesse -, embora procurasse durante vinte anos, depois do que estou a dizer. Isto fez-me muito dano e voltar muitas vezes atrás e até de todo me perder” (V 4,7). “Creio que se tivesse tido mestre ou pessoa que me avisasse para fugir das ocasiões...” (V 4,9). “Todo mal estava em não poder eu furtar-me de todas as ocasiões e nos confessores que ajudavam pouco (V 6,4). “Grande mal é ver-se sozinha uma alma entre tantos perigos (...) Porque para cair tinha muitos amigos que me ajudassem; mas para levantar-me via-me tão só que agora me espanto ao ver que nem sempre estava por terra, e louvo a misericórdia de Deus, pois só ele me estendia a mão” (V 7, 20-22).
Como se vê, a lembrança da falta de um orientador é uma constante, semelhante a uma fibra solta e dolorida que pulsa no interior do seu relato biográfico. Essa carência foi real: se observarmos o resumo que ela própria faz de seu noviciado e da comunidade da Encarnação, nos damos conta que não menciona, em nenhum momento, o nome de uma mestra ou de uma priora que lhe tenha marcado significadamente. Somente recorda-se de uma amiga passageira e ninguém mais (cf. V 3,2; 4,1): nem os amigos que a acompanharam, nem sequer um sacerdote dentre os mais de 15 confessores que frequentaram o Mosteiro da Encarnação e que a ajudaram. Isso durou quase 20 anos (dos 20 aos 39 de idade) até que, por fim, aparece alguem disposto a estender-lhe a mão. É Francisco de Salcedo, um leigo, ao que chama “o cavaleiro santo”, e de quem exclama emocionada e agradecida: “que grande coisa é entender uma alma”
Apesar disso, o panorama não foi tão obscuro como parece. Ela mesma revela, em seguida, uma confidência surpreendente: “uma coisa posso dizer com verdade: Sua majestade (Deus) foi sempre meu mestre. Seja Ele bendito! Muita confusão é para mim poder dizer isto com verdade” (V 12,6). Disse isso em meio ao que é mais amargoso do relato da sua experiência de solidão e carência, em um constraste tão chamativo que se torna intencional, justamente para acentuar ainda mais este segundo plano que é a fonte de seu carisma e de seu magistério.
A experiência na encarnação (1535-1562)
Quando, na madrugada de 02 de novembro de 1535, Teresa saiu da casa paterna para ser monja no Convento da Encarnação, “onde estava aquela minha amiga” (V 4,1), tal convento se encontrava em livre expansão demográfica, num processo de crescimento de mais de 30 professas em 1536, de 65 em 1545, de mais de 150 em 1562, até chegar inclusive a 180[1]. Contrariamente, as rendas comuns estavam em diminuição e eram mal administradas, tornando-se insuficientes para satisfazer a necessidade daquele mundo heterogênio e crescente. Como consequência, o mosteiro oferecia um espetáculo chocante: de um lado as monjas pobres, do refeitório e dormitório comum, que passavam fome, e de outro, as senhoras privilegiadas, que dispunham de recursos próprios e que viviam magnificamente em suas celas de aluguel vitalício, com capacidade para manter criadas, talvez alguma escrava, alojar parentes e com um estilo de vida exatamente igual ao secular[2].
Diante de tal situação de pobreza comunitária, em contraste com a riqueza individual de algumas, uma alternativa encontrada era a de amenizar a superpopulação do mosteiro através de saídas frequentes, às vezes de longa duração, motivada por aparente mendicância, por imperativos de gratidão ou expectativas de ajuda que não sempre se cumpriam. Isto era possível porque no Convento da Encarnação “não se prometia clausura” (V 4,5). Consequentemente, a dependência afetiva gravitava mais em torno da vida extra-conventual, o que tornava impossível a vida comunitária intra-conventual. De fato, as próprias constituições do mosteiro manifestam também estas mesmas carências, comuns à mentalidade da época: não se tinha em conta o número de monjas nem os critérios de idoneidade para a vida comum; a oração mental não se apresentava como ato da comunidade; não existia a recreação comunitária nem se prescreviam outros encontros para o diálogo fraterno[3].
Obrigada ou de boa vontade, Teresa se viu envolvida nesse ambiente e viveu esta realidade: passou longos momentos no locutório a falar com algum cavaleiro da aristocracia local (V 7,7); esteve fora do mosteiro durante a prolongada e aguda enfermidade que a deixou paralítica aos seus 25 anos, e que a fez acorrer à curandeira famosa de Becedas, por-se em contato com o sacerdote enfeitiçado, convencer-se da miséria da medicina de seu tempo e de que podiam mais os terapeutas do céu, em especial o valoroso São José (V 6,5-8). Falecido o seu pai em 1543, Teresa teve que tomar conta de sua irmã Joana, que residiu com ela até seu casamento; foram frequentes as estadas na casa de seu tio Francisco Alvarez de Cepeda; fez com Joana uma peregrinação votiva a Guadalupe, com desvios bem aproveitados; esteve anos e anos com sua amiga íntima dona Guiomar de Ulloa; teve que ir a Toledo, por ordens do Provincial para consolar a aristocrata viúva dona Luisa de la Cerda (V 34-35). Com tudo, deve-se dizer que tais saídas tornaram-se proveitosas, pois graças a elas pôde entrar em contato com ideias e personagens decisivos: São Pedro de Alcântara, São Francisco de Borja, etc.
Seus encontros, fruto das saídas do convento, somados a sua sensibilidade às correntes reformistas, possibilitaram a gestação e o nascimento da ideia reformadora (cf. V 32,10). Todavia, não se deve esquecer que foi do Carmelo da Encarnação que veio a inspiração aos textos institucionais primitivos, bem como as próprias monjas que alimentaram as primeiras fundações descalças. Mesmo assim, essa herança ou elementos de continuidade não podem encobrir os muitos outros aspectos transcendentais que dotaram o projeto teresiano de um espírito novo e inconciliável com o vivido na encarnação – espírito e mosteiro que, sem dúvida, traumatizaram Teresa, apesar das contínuas desculpas que demonstra sem cessar (cf. V 37,9-10).
[1] Segundo dados da própria autora: cf . F 2,1; carta a uma aspirante, fim de maio de 1581,2.
[2] Remetemos à documentação publicada por O. STEGGINK, «Santa Teresa y el Carmelo femenino anterior», en Experiencia y realismo en Santa Teresa y San Juan de la Cruz,Madrid 1974, pp. 70-98; ID., Arraigo e innovación, Madrid 1976, pp. 51-68; T. ÁLVAREZ, «La visita del Padre Rubeo a las Carmelitas de la Encarnación de Ávila (1567)», en Monte Carmelo 86 (1978) 5-48; 269-280.
[3] Texto publicado por SILVERIO DE SANTA TERESA, «Constituciones del convento de la Encarnación de Ávila que se observaban viviendo allí Santa Teresa de Jesús», em Biblioteca Mística Carmelitana (= BMC), t. 9, pp. 481-523.
BISPO CARMELITA NA 57ª ASSEMBLEIA DA CNBB: Dom Wilmar Santin falou dos desafios da atuação eclesial na região amazônica
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Dom Wilmar Santin, bispo prelado de Itaituba (PA), foi o convidado do meeting point (oportunidade de contato com os bispos por meio de abordagens temáticas adicionais à programação oficial da Assembleia da CNBB) desta sexta-feira, 3 de maio.
Com o tema “Novos ministérios na realidade amazônica – rumo ao Sínodo 2019”, dom Wilmar abordou questões relativas ao Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia, convocado pelo Papa Francisco em outubro de 2017 e que acontecerá em outubro deste ano, envolvendo a Igreja dos nove países que compõem a região.
O ponto central do assunto se refere à necessidade da existência dos ministérios leigos na Amazônia, justamente pela falta de ministros ordenados numa região com extensa área geográfica e longa distância entre as localidades, normalmente de difícil acesso.
“O tema dos ministérios é fundamental na Igreja em toda a Amazônia, pela falta de ministros ordenados, o que faz com que os leigos participem”, afirmou o Bispo Prelado de Itaituba.
Documento da CNBB – O documento 62 da CNBB, intitulado “Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas”, de 1999, trata exatamente das novas formas de atuação laical, em cooperação com as atividades eclesiais. Segundo dom Wilmar, há quatro tipos de ministérios previstos: o reconhecido, o confiado, o instituído e o ordenado.
– reconhecido: é aquele que existe como serviço para a comunidade e que não tem um rito próprio de instituição.;
– confiado: quando já se tem um gesto litúrgico simples ou uma forma canônica, como os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, com mandato oficial, feito dentro da missa, sendo que o bispo ou o padre aceita enviar determinada pessoa como ministro.
– instituído: função conferida pela Igreja por meio do chamado rito de instituição, como o acolitato e o leitorado.
– ordenados: são os três graus previstos no sacramento da Ordem: diaconato, presbiterado e episcopado.
Fundamento bíblico – Dom Wilmar relembrou que a Sagrada Escritura mostra, no relato do livro dos Atos dos Apóstolos, que o primeiro ministério a ser instituído pela comunidade foi o diaconato, no episódio em que se percebeu que as viúvas gregas não estavam recebendo a devida atenção e, por isso, escolheram sete homens para ajudar a lhes dar a assistência necessária.
“Sobretudo após o Concílio Vaticano II é que se colocou ênfase no ministério dos leigos, uma igreja toda ministerial, com ministros da liturgia, da Palavra, do batismo, das exéquias, do matrimônio, entre outros, como parte integrante das várias comunidades. A origem de todo ministério é sempre o Espírito Santo, que suscita carismas e pessoas para algum serviço, não sendo, no entanto, algo para proveito próprio mas sim para o bem da comunidade, como afirma São Paulo no capitulo 12 de sua carta aos Coríntios”, relembrou D. Wilmar.
Experiência amazônica – Segundo o bispo, há alguns anos, numa das reuniões do clero de Itaituba, no Pará, questionou-se por que os padres não têm condições de dar a assistência pastoral e espiritual que deveriam. O religioso conta que chegaram à conclusão de que o número de padres é reduzidíssimo, com muitas comunidades a serem atendidas, distâncias imensas e estradas e acessos em péssimo estado.
“Assim, havia a necessidade de se ter leigos que desempenhassem bem sua função e decidiu-se que a ênfase seria formar bons ministros da Palavra entre os índios da etnia mundurucu, numa localidade em que vivem 14 mil deles, no Alto Tapajós, divisa com o Mato Grosso”, informou o bispo.
O bispo conta que após quatro anos de formação, em novembro de 2017, instituiu 24 ministros da Palavra (20 homens e 4 mulheres) e, em março deste ano, coincidentemente mais 24 (5 mulheres e 19 homens). “Isso me remete ao relato de Atos, capítulo 2, quando os apóstolos começaram oficialmente a pregação no dia de Pentecostes e o povo dizia: ‘nós ouvimos as maravilhas de Deus em nossa própria língua’”, disse. Ele orgulha-se de hoje ter 48 ministros da Palavra, que celebram em sua própria língua nativa. O próximo, segundo dom Wilmar, será preparar ministros do Batismo e do Matrimônio.
Por fim, dom Wilmar afirmou que a ideia de um dia ter ministros ordenados indígenas recebeu do Papa Francisco a seguinte resposta: ‘Vocês, da Amazônia, têm uma missão muito grande de dar uma demonstração ao mundo de que é possível usufruir das riquezas da Amazônia sem destruir’. Então, lutar para preservar a Amazônia não é ser contra o governo e sim ser a favor da casa comum, a favor do povo e a favor do Brasil”, concluiu.
Por padre José Ferreira Filho
Fonte: http://www.cnbb.org.br
CARMO DA ESPLANDA: 425 Anos.
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CONVITE: 425 Anos da Ordem Terceira do Carmo da Esplanada/SP. Missa com Frei Evaldo Xavier, O.Carm no próximo domingo, dia 5 de maio-2019, às 17hs.
NOVICIADO DOS CARMELITAS: Missa
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OCD: Situação do Carmelo na Venezuela
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Com o significativo título de “Venezuela, um país para chorar”, recebemos há alguns dias uma carta do Delegado Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços naquele país – Frei Daniel Rodríguez, ocd –, na qual nos dava informações sobre a situação de emergência que está vivendo a Venezuela e como os carmelitas estão tentando ajudar os mais afetados pela crise.
Na carta, Frei Daniel ressaltava o fundamento moral e espiritual da “noite” político-social na qual o país se encontra mergulhado. De acordo com nosso irmão, a situação pode ser qualificada como de “anarquia voraz”, na qual o crime e a delinquência avançam em meio a uma sociedade cada vez mais empobrecida, sem que se veja saída para uma situação na qual falta um sustento digno a tantos, enquanto escasseiam alimentos e medicamentos, bem como outros meios para poder viver uma vida digna.
Diante desse panorama desolador, nossos irmãos e irmãs tratam de desdobrar-se para ajudar os demais, mesmo que também tenham que suportar algumas penúrias: falta o combustível mínimo, necessário até para cozinhar; os cortes de luz são contínuos e prolongados, razão pela qual nossas Irmãs de Maracaibo, por exemplo, não podem utilizar ventiladores elétricos para aliviar temperaturas de 42° a 50°.
Da Cúria Geral, assim como da família carmelitano-teresiana de países como Colômbia, Brasil, Panamá, República Dominicana, Peru, Chile, Espanha, Argentina e do CITeS (Ávila), nossos irmãos venezuelanos têm recebido ajudas dos mais diversos tipos, as quais permitiram distribuir alimentos e medicamentos aos mais desfavorecidos. O Carmelo Secular mantém aberto um refeitório em Mérida, no bairro pobre de El Salado, mas só pode oferecer um prato de comida semanal. Fonte: http://www.carmelitaniscalzi.com
ILHA DA GIPÓIA: Pascoela.
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A caminho da Ilha da Gipóia- em Angra dos Reis/RJ- para a Pascoela dos Carmelitas regional Rio; Lapa, Vicente de Carvalho e Angra dos Reis. Segunda-feira, 29 de abril-2019.
MISSÃO EM DIAMANTINA-MG: 260 Anos da OTC
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DIAMANTINA-MG: (Sábado, 27 de abril-2019). Missão em preparação dos 260 Anos da Ordem Terceira do Carmo de Diamantina-MG no mês de maio.
FRATERNIDADE: A GRATUIDADE DO ABSOLUTO GERA A TERNURA
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(Congresso da Ordem Terceira do Carmo em Aparecida/SP. Dias 3 e 4 de agosto-2019. Tema: A Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo).
*Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm
Os três temas: Absoluto, Fraternidade e Missão estão interligados, inclusive na prática da nossa vida. O Absoluto de Deus quando entra na nossa vida leva à Fraternidade. Poderíamos dizer: na medida em que descobrimos o Absoluto de Deus que nos acolhe, acontece em nós um processo de ternura. As interrogações que nos levam à descoberta do mistério do Absoluto de Deus sempre se referem ao amor. Ao amor universal, amor pelo mundo, pela humanidade e, principalmente, amor àqueles que são excluídos do acolhimento.
No fundo a opção pelos pões esconde uma carga muito grande de ternura. Não simplesmente uma ternura que definimos em termos de emotividade. É uma ternura que vai penetrando em todas as fibras do ser da pessoa, na medida em que descobre o Absoluto como alguém que acolhe, e não como alguém que é conquistado. A conquista nunca desperta para a ternura, o acolhimento sim. Isto inclusive em termos de afetividade humana, e em termos psicológicos. Então, a dinâmica da interrogação é sempre a dinâmica do amor divino e do amor humano. É a dinâmica da comunhão, da fraternidade. Isto faz suscitar uma história que revela o amor de Deus que se manifestou em Jesus Cristo. No livro, Oração do tempo Presente, rezávamos: “ Jesus, ternura para a terra, que o vosso retorno cantemos”. É precisamente a ternura do Absoluto, que acolhe, faz existir, cria , sustenta e leva ao cumprimento todas as histórias parciais, incompletas e imperfeitas que nós nos contamos reciprocamente. É Jesus, manifestação do Absoluto de Deus, que leva essas histórias ao seu cumprimento.
Quando u me subtraio ao mundo das relações humanas que tornam uma vida humana autêntica, caio num silêncio terrível, num silêncio que nega qualquer coisa, porque é uma total ausência de história para contar. É precisamente a imagem do mal. É a negação de Deus que através de Jesus Cristo no Espírito Santo é uma palavra viva, um amor partilhado. O amor sempre quer a felicidade do outro. Sem o Absoluto do Mistério de Deus pode haver simpatia, ms isto não quer dizer que eu tenha ternura pela pessoa. Porque a ternura é o desejo inexorável de afirmar o outro. Isto a gente vê até no aspecto biológico no mundo animal: a ternura da mãe gata que caça e traz o ratinho vivo para os filhotes irem aprendendo a caçar. Isto é para afirmá-los. Afirmar o frágil.
O destino do homem é a sua felicidade. Isto já sabíamos pela Filosofia e Teologia Escolástica. É a exigência da felicidade do outro que define o dinamismo fundamental daquele que faz a experiência do Absoluto. Se não existisse a felicidade seria até injusto gerar, dar à luz. Gerar seria ameaçar com uma frustração inimaginável, seria ameaçar com uma dor sufocante. É uma negaça da ternura porque não se deseja a afirmação do outro. Portanto é a negação se de mesmo. O olhar para o outro deveria ser sempre de ternura, deveria traduzir o desejo de afira-lo. Se isto não acontece sempre na nossa vida é porque somos inconscientes ou maldosos. É isto que geralmente acontece. O outro permanece ou se torna um estranho. Quem se ocupa com a educação de crianças e jovens sabe das conseqüências que isso produz, inclusive no campo psicológico. Em Itaguaí começamos um trabalho com meninos de rua e já podemos ver as conseqüência dessa ausência de ternura. São estranhos e nunca descobriram a ternura tão necessária que a pessoa deve ter consigo mesma.
Essa ternura não é alguma coisa abstrata. Ela tem expressões humanas, biológicas, por exemplo a paternidade e a maternidade. A ternura de uma mãe diz respeito ao destino e à felicidade da criança. É uma paixão pelo futuro do filho que está presente, um relacionamento humano carregado de ternura. Esta perspectiva se estabiliza na vida da pessoa como herança do relacionamento com o pai e a mãe, na ternura que a criança tem consigo mesma enquanto cresce. Quando não tem essa herança, a criança cresce estranha a si mesma e se debate sempre em busca de uma identidade própria. Isto se reflete na segurança e alegria de viver. Só temos uma identidade se nos afeiçoamos a ela. Isto vale para mós individualmente como pessoas humanas, no campo psicológico. Mas também não posso ter uma identidade de carmelita, se não tenho afeição, ternura por esta identidade.
FRATERNIDADE: EXPERIÊNCIA DA TERNURA DE JESUS CRISTO
Esta ternura que decore da descoberta do Absoluto, em nós, deve transformar-se poço inesgotável de consciência e de liberdade. Isto tem conseqüências e aplicação para nossa vocação religiosa e carmelita. A nossa vocação carmelitana nunca pode ser um anexo à nossa vida humana e cristã. A vocação surgida num momento histórico vai ser integrada à minha própria vida humana e cristã. Uma separação entre as duas desfaz a mensagem da nossa vida para os outros.
A nossa vida fraterna está intimamente ligada à vivencia do Absoluto. O absoluto deve ser algo presente na minha vida, porque sem esta presença não há possibilidade de ternura e a perspectiva do futuro seria fruto de uma imaginação. Tudo se torna abstrato. Quando a nossa Regra diz que devemos viver em obséquio de Jesus Cristo, supõe uma presença que aconteceu na história. E há tantas afirmações na Bíblia que confirmam esta presença: “( Jô 15, 5 ). “ Tudo foi feito por meio dele, e nada do que foi feito, foi feito sem ele. “( Jô 1,3 ) Não tenhamos pudor para aplicar isso também à própria vida, às capacidades que a gente em e inclusive à nossa realidade humana com todas as potencialidades e riquezas que nela existe. “ Tudo foi feito por meio de...” Apliquemos isso às nossas realizações, ao bem que eventualmente fazemos e espalhamos ao nosso redor. “ Tudo foi feito por ele” “ E a Palavra, o Verbo se fez carne” ( Jô 1, 14 ). É um fato do passado, do tempo em que aconteceu, mas é um fato que permanece presente e é um presente que eu posso abraçar.
O Absoluto está presente como um destino que é iniciativa , que é graça. O destino presente é Jesus Cristo. E se o homem conhece Jesus Cristo, acontece nele a ternura, a segurança, a alegria. ,Às vezes encontramos pessoas tão simples, mas que têm essa ternura que brota do conhecimento do Absoluto em Jesus Cristo. Fora da consciência da presença de Jesus Cristo pode haver riso, pode haver risada, mas não pode haver alegria. É o que dizia São Paulo: “ Alegrai-vos no Senhor, eu insisto, alegrai-vos. O senhor está perto” ( Fl 4, 4 ). E não é simplesmente a alegria de um dia bonito que a gente tem, quando levanta de manhã e o sol brilha. Sem excluir isto, não é isto. É algo permanente. “A vida eterna é esta: que eles conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro e àquele que enviaste, Jesus Cristo”... ( Jô. 17, 3 ) Jesus, pouco antes de começar a sua agonia no Horto das Oliveiras, dizia: “ Continuo a dizer estas coisas para que eles possuam toda a minha alegria” ( Jô 17, 13 ). E mesmo sendo pecadores – e com a gente descobre que é pecador! – a alegria continua nossa herança. É a alegria do perdão. A dor pelo pecado já é o início da alegria.
*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm- Eremita Carmelita- foi vítima de um acidente de automóvel quando retornava para o Eremitério, “Fonte de Elias”, no alto do Rio das Pedras, nas montanhas de Lídice, distrito do município de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro. O acidente ocorreu no dia 11 de junho de 2014. O sepultamento foi na cidade de Itaguaí/RJ, no dia 12, na Catedral de São Francisco Xavier, Diocese esta onde ele foi o primeiro Bispo.
ESPIRITUALIDADE CARMELITANA: ORAÇÃO, UM BUQUÊ DE FLORES
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Santa Teresa de Jesus.
“Habituar-se à solidão é grande coisa para a oração e, sendo esta o fundamento desta casa, é necessário por todos os meios afeiçoarmo-nos ao que mais a favorece” (C. 4,9) ... “Todos sabem que sois religiosas e que tendes vida de oração. Grande mal é que pessoas tão obrigadas a. não falar senão de Deus, tenham por licito usar de dissimulação em tais circunstâncias, a não ser alguma vez para conseguir maior bem. Este é o vosso trato e o vosso modo de falar. Quem quiser ter relação convosco, aprenda-o, se não, guardai-vos de aprender vós o seu. Se vos julgarem grosseiras, pouco perdereis. Se hipócritas, ainda menos. Saireis ganhando, porque não virá procurar-vos senão quem souber a vossa língua.
É impossível uma pessoa que não sabe o árabe gostar de entreter-se longamente com quem só fala árabe. Nem vos cansarão, nem vos farão dano. Do contrário, ficaríeis muito prejudicadas tendo de aprender nova língua. Nisto iria todo o vosso tempo. Não podeis calcular como eu. que o sei, por experiência, quanto prejudica a alma. Para se aprender uma língua, esquece-se n outra e vive-se num perpetuo desassossego. O que muito convém para este caminho é paz e tranqüilidade na alma. Se os que falarem convosco quiserem aprender vossa linguagem, contai-lhes as riquezas que se ganham em aprendê-las. Disto não vos canseis. Insisti com piedade e amor, fazendo também oração para que lhes seja proveitoso” (C. 20, 4-6)... “Quando chegardes a ele, refleti e procurai compreender com quem ides falar, ou com quem estais falando. Mil vidas das nossas não bastariam para acabarmos de entender como merece ser tratado este Senhor. Em sua presença tremem os anjos. Ele tudo governa, tudo pode. Seu querer é realizar.
Não faleis com Deus pensando em outras coisas. Isto vem de não compreender o que é oração mental. Penso que o deixo assaz explicado: praza ao Senhor que o saibamos pôr em prática. Amém.” (C. 22, 7.8)... “A primeira coisa que nos ensina Sua Majestade é que a alma se recolha a sós, na solidão. Assim fazia ele sempre que orava, não por necessidade, mas para nosso ensinamento. Já se disse: é intolerável falar ao mesmo tempo a Deus e ao mundo. É o que fazemos quando estamos a rezar e a escutar, por outro lado, o que se fala em torno de nós, ou a pensar no que nos vem à cabeça, sem domínio de nós mesmos. Excetuo certos tempos em que, por indisposições naturais estados em tensão ou dores de cabeça, nada se consegue, por mais que se faça.
Há também dias em que Deus permite desabarem grandes tempestades sobre seus servos para maior bem de suas almas. Embora se aflijam e procurem aquietar-se, não o conseguem. Por mais que se estorcem, não prestam atenção ao que dizem, não fixam o intelecto. Este parece vítima de uma grande agitação, de tal modo anda desbaratado. Pela aflição que da, quem se acha neste estado, verá que não é culpa sua. Não se aflija, porque é pior. Nem se canse em querer dar juízo a quem por então não o tem, isto é, o seu próprio entendimento. Reze como puder, e até nem reze. Como enferma procure dar alívio a sua alma. Ocupe-se em outras obras virtuosas. Este aviso é para pessoas que cuidam da própria santificação.
Já se convenceram de que não devem, a um tempo, falar com Deus e com o mundo. Em tal caso, o que podemos fazer de nossa parte é buscar solidão. E praza a Deus que isto baste, para entendermos que estamos na presença do Senhor e que ele responde aos nossos pedidos. Pensais que está calado, porque não o ouvimos? Bem que ele fala ao coração, quando de oração lhe rezamos. Nunca o Mestre fica tão longe do discípulo que seja necessário gritar. Fica pertinho” (C. 24,4)... “A oração é entender o que falamos, e com quem falamos, e quem somos nós que ousamos falar a tão grande Senhor. Oração mental é pensar nisto e em outros assuntos semelhantes, como por exemplo, no pouco que fizemos no serviço de Deus e no muito que somos obrigados a fazer. Não vos espanteis com o nome, nem imagineis que seja algo complicado.
Oração vocal é rezar o Pai-nosso e a Ave-maria ou qualquer outra oração que quiserdes. Mas, se não for acompanhada da oração mental, que música desafinada vai produzir? Até as palavras nem sempre sairão certas. Nestes dois modos de orar, com o favor de Deus podemos também fazer alguma coisa. Na contemplação, de que falei acima, nada absolutamente está em nossas mãos. Sua Majestade é quem tudo faz, é obra sua, transcende nossa natureza.” (C. 25,3)
... “Há certas pessoas que vejo muito curiosas por saber qual o grau de sua oração, tão encapotadas, ao rezar, que parece não ousam mexer-se. nem agir com o pensamento, pelo receio de perder um pouquinho do gosto e da devoção. Vejo que pouco entendem do caminho por onde se alcança a união. Pensam que o essencial está nessas exterioridades. Não irmãs, não é assim. O Senhor quer obras. Se vês uma enferma a quem podes dar algum alivio, não tenhas receio de perder a tua devoção e compadecer-te dela. E se lhe sobrevêm alguma dor, doa-te como se a sentisses em ti. Se for preciso, faze jejum para lhe dar de comer. Não tanto com os olhos nela, quanto porque sabes que teu Senhor o quer assim: Esta é a verdadeira união com a vontade de Deus. Se vires louvar muito a uma pessoa, alegra-te mais do que se te louvassem a ti. Verdadeiramente, é fácil para quem é humilde, pois até sente confusão quando é louvado. Esta alegria de que se entendam as virtudes das irmãs é muito meritória, e ainda sentir, como se fora nossa, alguma falta sua, procurando encobri-la”. (5 M. 3,11)
#PROVÍNCIA300
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Nos próximos dias temos novidades sobre a celebração dos 300 anos da nossa Província. Além do logo- com algumas mudanças feitas pelo Frei Eduardo e sua equipe da Montessori – temos também um concurso musical para a escolha de 10 músicas carmelitas para o lançamento de um CD, com o tema: #PROVÍNCIA300. O objetivo é envolver as nossas paróquias- Grupos de cantos- conventos e a Ordem Terceira e óbvio, tornar os 300 anos assunto das mídias sociais com a #PROVINCIA300. Aguardem o edital e outras novidades.
Inicialmente a equipe reunida aqui no Rio na última terça 23, pensou em um prêmio de 3.000 para o 1º colocado, 2.000 para o segundo e 1.000 para o terceiro e as 10 melhores músicas vão fazer parte do CD dos 300.
COMENTÁRIO DA REGRA DO CARMO: Do Silêncio profético e do controle da língua.
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O silêncio no Carmelo
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
A simplicidade falou, o amor foi escutar, era a brisa do Carmelo, com o Profeta a contemplar.
1- Zelo zelatus sum, pro Domino Deo exercituum/ Eu me consumo de zelo, dia e de noite, pelo Senhor (bia)
2- No barulho da grande cidade, na agitação do metrô/ Quem caminha sem o silêncio, jamais encontra, o meu Senhor. (bis)
3-Tem gente que grita aqui, fala alto em todo lugar/ Esse não é o carmelita, aqui o silêncio veio habitar. (bis)
4-Deus não está surdo, não adianta jamais gritar/ Ele ouve a nossa prece, atende o clamor, do pobre a chorar. (bis)
5-No rádio e na tv, no jornal ou no celular/São palavras e mais palavras, e o vazio, sempre a reinar. (bis)
6- Com Teresa e Teresinha, eu quero silenciar/ Com Madalena de Pazzi, buscando essa paz, eu vou me encontrar. (bis)
Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Regra do Carmo, número 21: O silêncio, caminho para a prática da justiça.
Saber escutar o grito dos silenciados
O Texto da Regra
O apóstolo recomenda o silêncio, quando manda que é nele que se deve trabalhar. E como afirma o profeta: a justiça é cultivada pelo silêncio. E ainda: no silêncio e na esperança estará a força de vocês.
Por isso, determinamos que, depois da recitação das completas, guardem o silêncio até depois da Hora Primeira do dia seguinte. Fora desse tempo, embora a observância do silêncio não seja tão rigorosa, com tanto mais cuidado abstenham-se do muito falar, porque, conforme está escrito e não menos ensina a experiência: No muito falar não faltará o pecado; e: Quem fala sem refletir sentirá um mal-estar; e ainda: Quem fala em demasia prejudica a sua alma; e o Senhor no Evangelho: De toda palavra inútil que os homens disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo.
Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, como diz o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça.
1- Um pouco de história: sobre o silêncio no Monte Carmelo e na Regra do Carmo
Na solidão do Monte Carmelo, onde viviam os primeiros carmelitas, reinava um grande silêncio. Não havia barulho, a não ser os ruídos da própria natureza que convidam ao silêncio. Mesmo assim, a Regra recomenda com muita insistência o silêncio. Numa cidade barulhenta tem sentido insistir que se faça silêncio. Mas pedir que se faça silêncio naquela serra imensa do Carmelo, cheia de solidão, qual o sentido? Parece o mesmo que carregar água para o mar! Qual o silêncio que a Regra pede daqueles primeiros carmelitas do Monte Carmelo e, através deles, de todos nós da Família Carmelitana?
Comparando o texto escrito por Alberto em 1207 com o texto aprovado pelo Papa Inocêncio IV em 1247, a gente nota uma diferença. Alberto dizia que se devia observar um silêncio estrito desde a oração das Vésperas no fim da tarde até à Hora Terceira do dia seguinte. O texto definitivo, aprovado pelo Papa, encurtou o tempo do silêncio estrito. Agora é desde a oração do Completório à noite até à Hora Primeira do dia seguinte. O motivo deste abrandamento do silêncio estrito deve ter sido a atividade pastoral, o contato com o povo. Mas continua a pergunta: qual o silêncio que a Regra pede e recomenda?
Há muitos tipos de silêncio: o silêncio de uma sala de estudo ou de uma biblioteca; o silêncio que se pede num hospital; o silêncio da noite ou da madrugada; o silêncio da natureza, o silêncio da morte; o silêncio que precede à tempestade; o silêncio do medo; o silêncio do censurado e do povo silenciado e amordaçado; o silêncio do aluno que não sabe a resposta, o silêncio de .... Qual o silêncio que a Regra pede e recomenda? Vejamos:
2- O ponto de partida: o controle da língua que conduz ao silêncio profético
Como nos números anteriores sobre as armas espirituais (Rc 18 e 19) e sobre o trabalho (Rc 20), assim também aqui no número sobre o silêncio (Rc 21), a Regra sintetiza e canaliza o rio rico e caudaloso da tradição monástica e eremítica do passado e a faz passar pelo jardim do Carmelo situado nas periferias das cidades no meio dos "menores" (pobres), para que o irrigue e produza frutos de justiça, de fraternidade e de santidade a serviço da Igreja e do povo.
O número 21 da Regra sobre o silêncio tem três partes: 1) Descreve o valor do silêncio;
2) Organiza o silêncio; 3) Recomenda a prática do silêncio.
O Valor do silêncio
Na primeira parte, usando frases da Bíblia, a Regra começa lembrando a recomendação do apóstolo Paulo a respeito do trabalho em silêncio (Rc 20). Em seguida, para descrever o valor do silêncio, ela cita por inteiro duas frases do profeta Isaías: "A justiça é cultivada pelo silêncio", e “É no silêncio e na esperança, que se encontrará a vossa força. Isto significa que o silêncio recomendado pela Regra tem a ver com a Bíblia: a sua origem está nos profetas. É um silêncio profético! Trata-se de um silêncio que é muito mais do que só ausência de barulho ou de falatório. Conforme as duas fraes do profeta Isaías, o silêncio tem a ver com a prática da justiça, com a esperança e a resistência (força). Para nós, carmelitas, o silêncio profético evoca imediatamente o profeta Elias.
Este silêncio profético tem dois aspectos, expressos nas duas frases de Isaías. A primeira frase diz que o cultivo do silêncio gera justiça. Isaías compara a prática do silêncio com o trabalho do agricultor que cultiva sua roça para ter boa colheita. Esta primeira frase indica o esforço ativo nosso que visa atingir um determinado resultado. A segunda frase do profeta sugere o contrário. Em vez de esforço ativo em busca de um resultado, aqui a prática do silêncio é vista como a atitude de espera de algo que deve acontecer, mas que não depende do nosso esforço. Depende de Deus.
A Institucionalização do silêncio
A segunda parte do número 21 da Regra descreve a organização do silêncio. Se o silêncio é um valor tão importante, ele deve ter a sua expressão na vida do Carmelo. Na Regra, a organização ou institucionalização do silêncio é adaptada ao ritmo diferente do dia e da noite. A noite, ela por si mesma, é silenciosa. O silêncio da noite nos envolve e nos faz silenciar. Produz uma certa passividade. Acalma as pessoas. Acontece, independente de nós. O dia já é mais barulhento. Em vez de silêncio, produz distração. Agita as pessoas. Exige um esforço interior maior para fazer silêncio. Por isso, a Regra pede um tipo de silêncio mais estrito para a noite e um silêncio menos estrito para durante o dia. Insistindo para que o silêncio seja institucionalizado conforme o ritmo diferente do dia e da noite, a Regra, por assim dizer, cria canais concretos através dos quais o silêncio possa atingir as pessoas para gerar nelas a justiça, a esperança e a resistência (força) de que fala o profeta Isaías. Através da observância do ritmo do silêncio de dia e de noite, a pessoa vai assimilando dentro de si os valores do silêncio profético.
A recomendação do silêncio
A terceira parte consta de dois momentos. Num primeiro momento, a Regra descreve como a pessoa deve fazer para cultivar o silêncio que gera a justiça. Este cultivo consiste sobretudo no controle da língua. Citando frases da Bíblia, Alberto aponta os perigos do muito falatório. Ele diz: No muito falar não faltará o pecado; e quem fala sem refletir sentirá um mal-estar, e ainda quem fala muito prejudica sua alma. E o Senhor no Evangelho: de toda palavra inútil que as pessoas disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo.
Em seguida, num segundo momento, citando novamente frases da Bíblia, a Regra passa a recomendar o cultivo do silêncio ou o controle da língua, como sendo o caminho para se chegar ao silêncio mais profundo que é o silêncio profético. A Regra diz: Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, com o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça. De um lado, o pecado, a morte. Do outro lado, a justiça, a vida. O muito falatório conduz ao pecado e à morte. O controle da língua conduz à justiça e à vida.
Como se vê, no fim, a Regra retoma a frase inicial sobre a justiça que é fruto do silêncio e diz: Cada um procure diligentemente observar o silêncio, pelo qual se cultiva a justiça. No começo e no fim, a insistência na prática do silêncio como caminho para a justiça. É o silêncio profético!
3- Ponto de chegada: o silêncio profético que enfrenta a morte e conduz à vida
Hoje em dia, o fluxo de palavras, de imagens e de falatório que nos envolvem é tanto, que impede as pessoas de perceberem o que está acontecendo de fato. Envolve-nos de tal maneira, que acabamos achando normal aquilo que, na realidade, é uma situação de morte. Por exemplo, anos atrás, o povo se revoltava diante de assassinatos e diante da violência. Hoje em dia, a violência tornou-se uma coisa tão frequente e tão presente, que já nos acostumamos. A miséria crescente do povo, a injustiça impune, o sofrimento dos que nunca cometeram algum mal, o abandono, o desemprego, a exclusão, a doença, a solidão, o desamor...! Vivemos numa situação de morte, e já não nos damos conta. Além disso, muitas vezes, o consumismo mata qualquer esforço de consciência crítica
O primeiro passo do silêncio profético está expresso na primeira citação de Isaías que diz: A justiça é cultivada pelo silêncio. Este cultivo consiste num trabalho ativo nosso que faz silenciar tudo dentro de nós, para que a realidade possa aparecer do jeito que ela é em si mesma e não como aparece desfigurada através do muito falatório, do barulho da moda, do diz-que-diz, ou através dos meios de comunicação, da ideologia dominante. Este trabalho ativo da prática do silêncio produz, aos poucos, o desmantelo das falsas idéias, da ideologia dominante ou dos preconceitos que tínhamos na cabeça. Faz nascer a visão justa das coisas. Gera em nós a justiça.
Na hora em que se desmantela dentro da cabeça da gente o arcabouço ideológico que nos dava uma visão falsa e artificial da realidade, nesse momento é como se levássemos uma pancada forte. Como que de repente, despertamos do sono e somos confrontados com a situação de morte sem saída em que estamos vivendo e que grita por mudança e conversão. Nesse momento, tudo silencia dentro da gente. O falatório acabou, emudecemos. Perdemos os argumentos que nos sustentavam. É o momento da crise. Este momento do confronto com a situação de morte que faz silenciar, é o primeiro passo do silêncio profético, de que fala a Regra. É fruto do esforço ativo nosso de fazer silenciar o muito falatório da propaganda, da ingenuidade sem consciência crítica.
O silêncio profético coloca o dedo na ferida escondida. Ele denuncia os caminhos sem saída em que estávamos caminhando e dos quais achávamos que fossem caminhos de vida, quando, na realidade, nos conduziam para a morte. O profeta aponta a morte, não porque gosta da morte, mas sim para que a vida possa manifestar-se. Agindo assim, ele dá pancada, faz silenciar. Faz silêncio para que possamos escutar e experimentar a morte e, passando pela morte, reencontrar a vida. É a caminhada da Noite Escura, de que fala São João da Cruz. É uma exigência da vida que sejam apontados os falsos e ilusórios caminhos da morte, para que possam provocar mudança e conversão, tanto na vida pessoal como na convivência social, e, assim, gerar justiça.
O segundo passo do silêncio profético está expresso na segunda citação do profeta Isaías: No silêncio e na esperança está a força de vocês. O silêncio produzido em nós pelo confronto com a situação de morte, apesar de doloroso, é fonte de esperança e produz a força da resistência. Dá força para a gente aguentar a situação de morte, porque acreditamos que da morte do trigo caído na terra vai brotar vida nova. Faz cantar. Como diz o poeta: Faz escuro mas eu canto. Canta a Noite Escura do povo, porque dentro dela já se articula a madrugada da ressurreição.
Este segundo passo, fruto da ação de Deus, aparece em muitos lugares na Bíblia e de várias maneiras. Trata-se da experiência mística. Por exemplo: Salmo 37,7 diz: Descansa em Javé e nele espera. Literalmente se diz: Esvazia-te diante de Javé e agüenta firme. A palavra esperar (agüentar), sugere a atitude da mulher em dores de parto. Ela agüenta firme, porque sabe que vai nascer vida nova, apesar das muitas dores.
Lamentação 3,26 diz: É bom esperar em silêncio a salvação de Javé. É a mesma experiência da certeza que vem de Deus. Não sai de frente de Deus, porque sabe que vai ser atendido.
Este mesmo silêncio foi acontecendo na vida do profeta Elias na caminhada para o Monte Horeb (1Rs 19). Disto falaremos no subsídio do Círculo 18. O mesmo silêncio aconteceu na vida de Maria e na vida dos Santos e Santas Carmelitas. Sobre isto meditaremos no subsídio do Círculo 19.
Resumindo. O silêncio profético recomendado pela Regra tem dois aspectos, expressos pelas duas frases de Isaías. O primeiro aspecto é fruto do esforço nosso, do cultivo, do trabalho. Exige disciplina e controle, estudo e reflexão, para que a gente possa perceber os mecanismos da opressão e da ideologia, dos preconceitos e das propagandas. É fruto da partilha, da troca de experiências, do trabalho comunitário. O segundo aspecto do silêncio profético é fruto da ação do Espírito de Deus em nós. Desobstruído o acesso à fonte pelo esforço ativo nosso, a água brota de dentro de nós e inunda o nosso ser.
# PROVÍNCIA-300: Resumo da história do Carmelo no Brasil-01
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(Foto: Sagração de Dom Gabriel Bueno Couto, O. Carm)
Frei Carlos Mesters, O. Carm.
O Início do Carmelo no Brasil: 1580 a 1720
FUNDAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
1- OLINDA. Dia 26 de janeiro de 1580, o provincial de Portugal, frei João Cayado, assinou a decisão e em seguida, na expedição de Frutuoso Barbosa, quatro frades partiram para o Brasil: Bernardo Pimentel, António Pinheiro, Alberto de Santa Maria e Domingos Freyre (o vigário). No mesmo ano chegam no Brasil e escolhem como lugar a cidade de Olinda e se estabelecem na capela dedicada a Santo Antônio. Em 1584, fundação do Convento de Olinda. A licença oficial para a fundação e a aquisição do terreno é de 1º de dezembro de 1590.
2- SALVADOR. Em 1586, três frades partem para Salvador da Baía de Todos os Santos: Alberto de Santa Maria, Belchior do Espírito Santo e Damião Cordeiro (coordenador) e em 24 de março de 1592 se faz a fundação oficial com Capela e escritura.
3- SANTOS. Pedro Viana com vários companheiros veio fundar um convento em Santos, cuja fundação ficou pronta no dia 31 de agosto de 1589.
4- RIO DE JANEIRO. Em 1890 chegaram alguns Carmelitas no Rio de Janeiro e receberam da Câmara a Capela de Nossa Senhora do Ó e no dia 28 de abril de 1590 receberam um terreno para construir um convento.
5- SÃO PAULO. A fundação é feita em 1894. Assim, em dez anos, de 1584 até 1594, fundaram cinco conventos, apesar das imensas dificuldades de viagem e de comunicação daqueles tempos iniciais. Já em 1591, no Capítulo Provincial da Província de Portugal em Lisboa, foi confirmada com satisfação e alegria a fundação dos quatro primeiros conventos na Terra de Santa Cruz.
6- VICARIATO. Começa a organização interna aqui no Brasil. Em 1959 nomeiam-se o Vigário e os quatro priores dos quatro conventos. Os frades que vinham de Portugal só ficavam aqui três anos e voltavam, arcando o vicariato com as despesas das viagens. Era proibida a admissão de índios e de mouros. Os frades que tinham vindo ao Brasil para facilitar a ordenação sacerdotal, deviam ficar sete anos.
7- Em 1606, o número dos carmelitas era de 99: Olinda (30), Salvador (30), Rio de Janeiro (14), Santos (10), São Paulo (8), Paraíba (7)
2- A EXPANSÃO
1- Na primeira metade do Século XVII foi a lenta e gradual expansão da presença do Carmelo em quase todo o território Brasileiro (nem sempre as datas correspondem):
1- Angra dos Reis, Rio de Janeiro-1593
2- São Cristóvão, Sergipe-1610
3- Mogi das Cruzes, São Paulo-1610
4- São Luiz do Maranhão-1616
5- Belém do Pará-1624
6- Recife, Pernambuco-1631
7- Goiana, Pernambuco-1636
8- Alcântara, Maranhão-1647
2- Numa carta de 1635 de frei Sebastião dos Anjos, procurador do Carmelo Brasileiro, para Portugal dizendo que está na hora de se criar uma província autônoma e sugere que já havia em torno de 200 frades carmelitas no Brasil.
3- Não se chegou a constituir uma província autônoma, mas em 1640 formaram-se dois vicariatos: Bahia com 9 conventos e Maranhão com 3 conventos.
Em 1675 era este o quadro do Carmelo no Brasil:
a) O vicariato do Estado do Brasil (Salvador da Baía) tem 11 conventos
1- Cidade da Bahia: casa de estudos com 60 frades conventuais
2- São Cristóvão, Sergipe, com 10 frades conventuais
3- Recife, Pernambuco, com 8 frades conventuais
4- Olinda, com 18 frades conventuais
5- Goiana com 10 frades conventuais
6- Paraíba com 6 frades conventuais
7- Rio de Janeiro com 36 frades conventuais
8- Ilha Grande com 6 frades conventuais
9- Santos com 10 frades conventuais
10- São Paulo com 16 frades conventuais
11- Mogi das Cruzes com 6 frades conventuais
a) O vicariato do Estado do Maranhão tem 4 conventos
1- São Luís, casa de estudos, com 30 frades conventuais
2- Belém do Pará com 18 frades conventuais
3- Capitania de Gurupá com 6 frades conventuais
4- Capitania de Tapitapera com 6 frades conventuais
5- Cada um destes vicariatos tinha um vigário nomeado pelo Provincial do Carmo de Portugal.
3- A CRIAÇÃO DA PROVÍNCIA DE SANTO ELIAS DO BRASIL
1-Já em 1635, o frei Sebastião dos Anjos falava em criar uma província autônoma, mas a ideia encontrava muita resistência. Não é fácil separar-se da Casa Mãe. No Capítulo Geral de 1648, em Transpontina, decretou-se a criação da Província de Santo Elias, mas não vingou.
2- Motivos da resistência: a Coroa de Portugal não queria e mandou suspender a decisão do Capítulo Geral. O provincial de Portugal, frei João Coelho, escreveu ao Padre Geral em 29 de outubro de 1648, fazendo ver os graves inconvenientes: pobreza, escassez de conventos, falta de religiosos preparados, invasão de tropas holandesas que tinham feito estragos em alguns conventos de Pernambuco, Paraíba e Sergipe, invasão e ataques de piratas e nomeação de um prófugo como comissário.
3- Em 1683, no dia 15 de janeiro, frei Monsignani, superior geral da Ordem, mandou que, cada três anos, houvesse uma reunião à qual assistissem os Priores dos Conventos com seus sócios, o Vigário Provincial com seu sócio e dois definidores, sob a presidência de um religioso nomeado pelo Padre Geral e procedessem à eleição do Vigário Provincial. O eleito tomaria posse e teria a mesma autoridade que os provinciais nas suas províncias. A reunião teria o mesmo poder do Capítulo Provincial e os priores seriam eleitos pelo Vigário Provincial com seus definitório.
4- Em 1718 acontece a fundação do convento de Itu.
5- A situação continuou assim de 1685 até 1720, ano em que as duas vice províncias do Brasil, Bahia e Maranhão, foram elevadas à categoria de Província com todos os direitos e obrigações. Em 2020 faremos 300 anos de Província.
6- Em 1741, criou-se o vicariato de Pernambuco. Três anos depois, em 1744, o Carmelo de Pernambuco tornou-se Província. Isto tem a ver com a introdução da Reforma Touronense no Carmelo do Brasil.
2- A reforma de Touraine no Brasil
1- SÉCULO XVI. Começou no início do Séc XVII (1600) com Felipe Thibault (1572-1638) e João de São Sansão (1571-1636). Forte espiritualidade e muita expansão em diferentes partes da Ordem.
2- No Brasil começou em 1677, no convento de Goiana, com frei João de São José. A reforma dependia diretamente do provincial da Baía, mas a partir de dezembro de 1683, nomeou-se um comissário para a sua direção imediata e diária.
3- A reforma teve o apoio do Geral da Ordem, Ângelo Monsignani que mandou entregar a reforma os conventos: de Recife, Olinda e Vila Real (depois substituído pelo convento de Paraíba). Um deles devia ser noviciado. Nomeou um comissário especial que devia fazer visitas periódicas.
4- A reforma não foi tranquila. No desejo de aderir à Reforma, assim parece, estava também o desejo de se tornar independente da província da Bahia. Em 1699 eles conseguem uma aprovação até do rei de Portugal. Assim, os conventos de Recife, Goiana e Paraíba obtêm certa autonomia que será o berço da futura província de Pernambuco. Os conventos de Olinda e Nazaré continuam pertencendo à província da Bahia. Olinda foi da reforma, mas voltou a ser da Província.
5- Em 1714 pedem para ter um vigário provincial para poder ter maior autonomia. Obtiveram a licença, mas diante da forte oposição, em 1716 a licença foi revogada. Em 1724 voltaram a pedir obtiveram a licença de ser vicariato. O primeiro vigário Provincial é o frei Miguel da Assunção. Tudo isto foi confirmado pelo Papa Bento XIII em janeiro de 1725. Tinham três conventos (Recife, Goiana e Paraíba) e fundaram uma casa em Lisboa junto à corte real e junto à nunciatura apostólica.
6- De 1725 até 1745 criaram as seguintes seis fundações, chamadas hospícios: Goiana, Paraíba, Coronel, Piedade, Camaragibe, Porto Calvo (Alagoas). Em 1744 conseguiram o decreto de ser província, mas faltava o número necessário de frades membros. Mesmo assim em 1749 foram autorizados pela Santa Sé a ser Província e a fundar “três estações missionais” entre os índios.
7- Em torno do ano 1750, a província da Reforma contava com 112 frades: 81 sacerdotes, 10 professos clérigos, 1 noviço clérigo, 15 irmãos e 5 noviços irmãos. Ao todo, no Brasil havia três províncias com em torno de 500 frades.
3- A Restauração no Século XX
1- Por causa do decreto de Pombal que proibia a entrada de gente nova nas várias Congregações e Ordens, na segunda metade do século XIX foi diminuindo o número dos frades. Dos Franciscanos sobrou um único frade. Dos Carmelitas sobraram três ou quatro.
2- Esta situação levou o Papa a incentivar as Ordens e Congregações na Europa a enviarem missionários para o Brasil. E assim foi feito. A iniciativa do Papa tinha vários objetivos:
* Renovar a Vida Religiosa
* Impedir que os bens da Igreja caíssem na mão do Estado
* Implantar a Reforma de Trento
3- Assim começou o processo da Romanização da Igreja no Brasil e se consolidou o sistema da Cristandade que se caracterizava pela devoção ao Papa, à Nossa Senhora e à Eucaristia.
4- Neste contexto foi feita a restauração da nossa Província.
* Primeiro, vieram os espanhóis no início dos anos 90 do século XIX, mas não deu certo. Eles Chegaram a reformar o convento de Angra dos Reis para que pudessem servir como Noviciado.
* Em 1904, a pedido do Padre Geral, vieram os frades da Holanda.
CARMELITAS: Semana Santa-2019
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Com imagens da Semana Santa-2019 realizada na Província Carmelitana de Santo Elias, ouça a música; Ressurreição, de Frei Petrônio de Miranda, Frade Carmelita/RJ. Domingo de Páscoa, 21 de abril-2019.
LETRA
Ressurreição (1 Coríntios 15)
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
1-Se não acreditamos na ressurreição, se ficamos na noite da- escuridão/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
2-Se Ele foi condenado e a cruz venceu, se no Monte Calvário Ele- padeceu/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
3-Se na cruz foi o fim quando Ele gritou, se o saldado com a lança- o derrotou / É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
4-Se a sombra da morte o dominou, se botaram na tumba e não- mais voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
5-Se a morte venceu e o fim chegou, se no terceiro dia Ele- não voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
Arcebispo vê aumento no número de fiéis e mais participação dentro da Igreja
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*Por Raíssa França com Cristóvão Santos
Dom Antônio Muniz
A Semana Santa é a celebração da Paixão, Morte e ressurreição de Jesus Cristo. Neste sábado (20) - conhecido como sábado de Aleluia - o entrevistado do Cada Minuto é o arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz que avaliou a participação dos fiéis dentro da Igreja e afirmou que atualmente há mais “qualidade daqueles que participam de tudo aquilo que a Igreja prega”. O arcebispo também comentou sobre os escândalos envolvendo casos de pedofilia e disse que quem cometeu deve ser julgado.
Além disso, dom Antônio também falou sobre a Campanha da Fraternidade 2019 e disse que após o lançamento da Geladeira Solidária, a igreja vai fazer o guarda-roupa e a farmácia solidária para os mais necessitados de Maceió.
Confira a entrevista completa abaixo:
1) Na sua opinião, as pessoas de hoje em dia vivem a “tradição” da Semana Santa? Ou esse número caiu?
Não. Pra ser sincero eu tenho constatado que tem aumentado, mas tem aumentado a qualidade daqueles que participam. Não é por simples tradição, a qualidade significa por convicção. As pessoas têm procurado mais a Igreja e tem participado com muito afinco com tudo aquilo que é proposto pela Igreja para este tempo e também para a vida. As pessoas vivem consciente da fé cristã como necessidade de vida, como uma necessidade quase que básica das pessoas.
2) O senhor acha que com o uso assíduo das redes sociais, as pessoas tiveram mais acesso a palavra de Deus já que alguns padres fazem o uso das mídias e evangelizam, ou o senhor acha que as redes acabam prejudicando os fiéis?
Não, não vejo como atrapalho. Vejo qualificação daqueles que usam esses meios. Afinal de contas entre o meio e a verdade existe uma fake news. É preciso que tenhamos uma consciência muito clara daquilo que estamos consumindo e do que está entrando na nossa vida, entrando no nosso lar. Então é mais ou menos uma qualificação e uma educação que precisa ser feita.
3) Com o cenário atual da política, como o senhor avalia a posição de alguns padres de falarem sobre política para os fiéis dentro da igreja?
Eu acho que precisamos ter uma compreensão ampla e consciente do que seja política. Política é tudo aquilo que diz respeito a vida na cidade. Como nós temos um contingente como os padres - todos moram na cidade - o que eles falam e refletem, muita coisa existe com relação a preocupação a esta vida na cidade, esse coletivo. A emissão de opiniões são difusas e diversas porque elas tratam da vida e a vida é ampla, diferente, a vida não é singular, é plural. O papa, inclusive, orienta que a política é uma auto expressão da caridade cristã. Então para se fazer o bem e a caridade é preciso que se tenha uma consciência política.
4) Como o senhor avalia o impacto da imagem da igreja diante dos escândalos envolvendo toda Igreja Católica?
O escândalo, o próprio evangelho sempre vai dizer que vai acontecer, ai daqueles que tiverem provocado! O escândalo principalmente contra crianças, vulneráveis, pessoas indefesas. Você aproveitar-se dessa situação e provocar um escândalo, aí acho que você precisa ser julgado do ponto de vista teológico, criminal e civil você deve responder pelos seus atos. Acontece isso em um médico, em qualquer classe… acontece por roubo, tudo isto! E as pessoas devem responder por aquilo que fazem, não é a Igreja, também não é a classe. Não são todos os médicos… mas como Igreja precisamos estar atentas e coibir no momento certo. O povo tem entendido e a Igreja, o Papa Francisco, tem entendido muito bem e tem trabalhado sem pausa para tratar esses assuntos.
5) Como surgiu a ideia da geladeira solidária? O senhor pretende expandir para outros bairros?
Se qualquer paróquia ou qualquer outra instituição quiser fazer vai ser sempre bem-vindo. O povo vai dizer ‘muito obrigado’ por esse gesto de solidariedade. Não é uma propriedade privada.. Inclusive, nós copiamos de outros países. Eu, por exemplo, copiei da Bélgica. Outros viram essa iniciativa e isso circula. A ideia vai passando e vamos trabalhando no processo de educação para quem doa e recebe. Para quem doa para lutar contra o desperdício de alimentos e para quem recebe para que não coma sozinho, para que ele saiba partilhar.
6) A campanha da Fraternidade deste ano é sobre políticas públicas. Quais são as propostas para Maceió?
Levantamos algumas propostas: aumentamos o leque do acolhimento das pessoas vulneráveis, drogados, bêbados, a população de rua. A casa Betânia, que acolhe mulheres, passou de 20 para 40; a casa do Cego que acolhia 60 passou para 90. Estamos ampliando aquilo que seria uma política pública na qual somos protagonistas e colaboradores. Criamos como sinal a geladeira solidária para mostrar que faz parte da política pública e não só de caridade. Política que priorize a vulnerabilidade dos seus cidadãos e cidadãs. A gente criando aquilo, estamos mostrando que é possível que a política pública seja pautada pela solidariedade. Aquele que tem muito está oferecendo e disponibilizando para aquele que tem menos e isso pode ser uma norma de ouro para a política pública. Agora depois da Páscoa vamos abrir o guarda-roupa já que o inverno está chegando e vamos fazer um guarda-roupa solidário para que as pessoas que tem um corpo só pra tanta roupa, eles vão disponibilizar para aqueles que estão nus e precisando. Também vamos fazer na linha da saúde a farmácia solidária. Vamos combater o desperdício da comida, mas também o desperdício de remédio que muitas pessoas que não sabem o que fazer com vários remédios. São gestos que podem ser lidos e vivemos como a caridade de Cristo, e que podem inspirar as nossas políticas públicas e assistência social. Fonte: www.cadaminuto.com.br
*estagiário sob a supervisão da editoria
SEMANA SANTA: Frei Igor
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SEMANA SANTA: Frei Pablo
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