A Empatia em Edith Stein: Instituto São Tomás de Aquino Belo Horizonte – MG
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Renaldo Elesbão de Almeida, ISTA
“O ‘próximo’ não é aquele que ‘eu amo’. É todo ser que passa perto de mim”. Edith Stein
O ser humano na sua constituição enquanto pessoa é espiritual, é livre e vive permeado de vivências pessoais e interpessoais. Essa relação é de fundamental importância no que tange à totalidade da pessoa humana. O homem sendo pessoa não é um ser isolado das outras pessoas, nem totalmente preso às determinações da natureza, pois possui a possibilidade de transcendência para a sua constituição pessoal. Os intercâmbios de vivências podem favorecer, desse modo, a harmonia entre os sujeitos que, por serem vistos como tais, surgem e conferem dignidade e respeito ante o outro e a comunidade. Edith Stein percebe a necessidade de analisar os atos da pessoa numa tentativa de des crever a gênese das vivências que o homem vive nas suas experiências intersubjetivas. A abordagem do ser humano num clima positivista das ciências que o concebia como objeto experimental é, para Stein, de suma importância.
Ela vê na empatia a possibilidade de evidenciar a dimensão espiritual da pessoa humana sem descartar a vida psicofísica do indivíduo circundado de outros indivíduos e coisas. Nesse sentido, a autora acreditara contribuir, com sua tese de doutorado Zum Problem der Einfuhlung (Sobre o problema da empatia), para uma clarificação na pergunta antropológica tão cara à existência humana, a saber: que é o homem?
A modernidade “descobriu” e exaltou a subjetividade, mas desconheceu a necessidade do eu de sair ao encontro do alter ego gerando uma espécie de solipsismo, isto é, o eu isolado. O outro, desse modo, aparece, mas permanece ausente, pois o egoísmo é insipiente à transcendência. Para Stein, somente se pode compreender o homem se o for considerado em unidade entre o reino natural e espiritual.
Stein analisa o conceito de liberdade quando aborda o sujeito entre as vivências no fluxo da consciência enquanto indivíduo aberto ao outro na empatia. A saída de si mesmo não coisifica nem o mescla de um não eu, mas antes implica uma nítida distinção entre os sujeitos, ou seja, pode colaborar na aquisição e correção de valores e na confirmação do sujeito na sua individualidade, formando um eu puro (conceito que será trabalhado adiante) capaz de vivenciar-se como totalidade de sentido. Assim sendo, a pessoa pode apontar para fora, captar e transformar o mundo dos objetos e das pessoas, encontrando o sentido da relação que é a objetivação compreensiva da vivência de reconhecimento mútuo.
Trata-se, de fato, de uma vivência sui generis que está na gênese dos outros atos que Stein analisa no quotidiano, como a alegria e a dor. Desse modo, a empatia, enquanto vivência que reconhece a experiência alheia, possibilita descrever as condições constitutivas da pessoa humana? Edith Stein quer, em princípio, evidenciar o que significa tomar conhecimento da experiência alheia na vida hodierna. É, por certo, uma descrição feno- menológica das vivências, como os sujeitos humanos se reconhecem como semelhantes. A implicação dessa investigação pormenorizada e peculiar, por ela realizada, da pessoa humana, é de notável magnitude na valorização e compreensão das vivências alheias na constituição da pessoa própria e da sua dignidade universal enquanto sujeito espiritual. Concebida, assim, Stein se aproxima da complexidade humana nas suas possibilidades e essas constatações o afirmam como ser único e, por isso, se afasta da concepção vigente, em seu tempo, da coisificação da esfera espiritual do homem.
Em 9 de agosto morria Edith Stein. No final restará apenas o grande amor.
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As últimas etapas da existência de Edith Stein podem ser sintetizadas por três nomes e três datas. Amersfoort, 2 de agosto de 1942: o condutor do blindado em que tinham sido forçadas a entrar Edith e Rosa (sua irmã), deportadas do mosteiro em retaliação à carta dos bispos holandeses contra o nazismo, errou o caminho e assim elas chegaram tarde da noite no campo de concentração. O artigo é de Cristiana Dobner, publicado por L'Osservatore Romano, 07-08-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Westerbork: onde foram transportadas durante a noite entre 3 e 4 de agosto, e que foi assim descrito por Etty Hillesum: "No geral, há uma grande confusão em Westerbork, quase como em volta do último destroço de um navio em que se agarram uma profusão de náufragos prestes a se afogar. Às vezes, parece quase que seria mais fácil ser finalmente deportado, do que ter que sempre assistir ao medo e desespero daqueles milhares e milhares, homens, mulheres, crianças, inválidos, dementes, bebês, doentes, idosos, que em procissão quase ininterrupta desfilam ao longo de nossas mãos escorregadias".
Auschwitz: número 44074. Com um lacônico e burocrático comunicado: “Em 9 de agosto de 1942, na Polônia morreu Edith Teresia Hedwig,Stein, nascida em 12 de outubro 1891 em Breslávia, residente em Echt".
O jardineiro do mosteiro de Echt, um jornalista amigo e um jovem ex-deportado aproximaram-se dela nesses últimos momentos. Assim puderam se apresentar como testemunhas oculares aos processos que abriram o caminho para a beatificação e analisaram a vida e o testemunho diante da morte certa da fenomenóloga que se tornou irmã carmelita.
Dessa forma, é como se estivéssemos assistindo Edith Stein ao vivo. "Falava com humilde segurança, a ponto de comover aqueles que a ouviam. Uma conversa com ela (...) era como uma viagem para outro mundo. Naqueles momentos, Westerbork não existia mais ... Ela me disse: "Eu nunca pensei que os homens pudessem ser assim e... que meus irmãos tivessem que sofrer tanto". Quando não havia mais dúvida de que seria transferida para outro lugar, eu perguntei se poderia ajudá-la e (tentar libertá-la); ... novamente sorriu para mim suplicando que não fizesse isso. Por que fazer uma exceção para ela e seu grupo? Não teria sido justo tirar vantagem do fato de que ela fora batizada! Se não pudesse participar do destino dos outros, a sua vida seria arruinada: "Não, não, isso não!".
O jornalista Van Kempen encontrou-se diante de "uma mulher espiritualmente grande e forte". Durante a entrevista fumou um cigarro e perguntou-lhe "se ela também queria um". Ela respondeu-me que "Já havia fumado em certa época e que, quando estudante, também tinha dançado".
O jovem sobrevivente notou uma sua característica peculiar. “Ela era muito corajosa: as suas respostas espelhavam como ela era. Quando um SS blasfemava, ela não reagia, mas permanecia ela mesma. Absolutamente não tinha medo algum”.
Wielek, funcionário holandês, relata um diálogo em que "com confiança e humildade" Edith Stein disse: "O mundo é feito de contrastes ... Mas o final não será feito desses contrastes. Restará apenas o grande amor. Como poderia ser de outra forma?".
Do Carmelo de Echt às câmaras de gás de Birkenau. O destino em sete dias
(de Westerbork, por Ferdinando Cancelli)
Echt, Maastricht, Amersfoort, Westerbork, Birkenau. Entre a prisão da noite de 2 de agosto até à morte nas anônimas câmaras de gás em Birkenau passaram-se apenas sete dias: em uma única semana de setenta e cinco anos atrás, cumpria-se o destino das irmãs Rosa e Edith Stein.
"Vem, vamos para o nosso povo", disse Edith incentivando Rosa que deixava o Carmelo de Echt entre lágrimas. As testemunhas relatam a presença de uma pequena aglomeração e de alguns protestos, apesar da máquina da Gestapo ter tomado todas as precauções para esperar as irmãs Stein não em frente à porta do Carmelo, mas no cruzamento com a Peijerstraat, uma centena de metros mais distante. Logo em seguida a porta de um carro se fechou sobre a vida de duas mulheres inocentes.
O Carmelo de Echt permanece o mesmo: uma austera fachada de tijolos vermelhos, um pequeno portão, a entrada da igreja voltada para a Bovensestraat, muitas lojas modernas que apenas poupam este pequeno trecho de muros de aparência antiga. Os campos de transição de Amersfoort e de Westerbork estão longe de Maastricht e de Echt, para a região nordeste da Holanda, perdidos em uma rede de canais e vias fluviais que trazem à terra o céu desse luminoso verão holandês.
Em 4 de agosto de 1942, Edith e Rosa, juntamente com muitos outros judeus, chegam em Westerbork. Ainda hoje, à esquerda da entrada do pouco que resta do campo de concentração, pode ser vista a casa do comandante: uma bela construção, agora encerrada por uma gigantesca caixa de vidro. As cortinas nas janelas do primeiro andar pendem imóveis e sombrias por trás dos vidros, os mesmos vidros de onde muitas vezes vários comandantes devem ter lançado olhares indiferentes sobre a tragédia indescritível de tantas vidas destroçadas.
O vidro – perguntamo-nos - protege a casa ou protege quem olha para ela? Poder-se-ia aguentar a visão direta, por trás das cortinas, de tamanha normalidade frente a tal abismo de sofrimento?
E para completar, as árvores: com emoção olharmos para os carvalhos, as tílias e as bétulas que se elevam por todos os lugares ao redor da área. Elas realmente são as últimas testemunhas diretas: naqueles dias de setenta e cinco anos atrás, muitas já estavam presentes quando Rosa e Edith esperavam para embarcar no trem que as levaria para a morte longe dali.
Caminhamos pela relva de um verde intenso dos campos pensando sobre aqueles momentos terríveis: a escuridão que é visível por trás das janelas da casa do comandante é apenas um pálido resíduo das trevas que envolviam naquele tempo a charneca de Drenthe.
"Tivemos um dia realmente estranho - escreve Etty Hillesum, que naquele agosto estava em Westerbork para ajudar as pessoas em trânsito - Um transporte trouxe católicos judeus ou judeus católicos, freiras e padres que carregam a estrela amarela em suas vestes monásticas. Lembro-me de dois meninos, gêmeos, cujo lindo rosto moreno evocava o gueto e que, com o olhar cheio de uma serenidade infantil sob o seu capuz, contavam amavelmente, no máximo um pouco espantados, que tinham sido presos às quatro e meia da madrugada e que em Amersfoort tinham lhe servido repolho vermelho (...). Por cima de tudo - continua Hillesum – o crepitar ininterrupto de uma bateria de máquinas de escrever: a metralhadora da burocracia (...). Mais tarde, alguém me contou que naquela noite havia visto um grupo de religiosas avançar lentamente na penumbra entre dois barracões escuros recitando os seus rosários, imperturbáveis como se estivessem no claustro de sua abadia. Também encontrei - conclui -. duas religiosas pertencentes a uma família judia muito ortodoxa, rica e instruída de Breslau, com a estrela amarela costurada em seu hábito monástico".
Em 9 de agosto de 1942 Rosa e Edith Stein, depois de dois terríveis dias de viagem, desapareciam junto a outros milhares de pessoas no abismo de Birkenau. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
CARMELITAS: SER COMUNIDADE ORANTE
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(Invocar a luz do Espírito Santo: Um canto ou oração ao Divino Espírito Santo)
1- O Sinal dos Tempos que nos provoca
Existe um grande desejo de espiritualidade, tanto no mundo secularizado como nos países do terceiro mundo. A busca de um sentido para a vida leva muita gente a procurar uma resposta nas religiões orientais. De todos os cantos chega até nós o apelo: “Ensina-nos a rezar!” Responder a este apelo exige criatividade. Às vezes, as muitas e necessárias tarefas das nossas atividades pastorais nos impedem de perceber este apelo profundo do coração humano e abafam em nós a criatividade indispensável na busca de formas alternativas de apostolado.
2- O que a Regra informa sobre a Oração
A Regra pede oração pessoal, dia e noite, meditando e vigiando (Rc 10). É como sístole e diástole. Imita a vida dos apóstolos que se “dedicavam inteiramente à oração e à palavra” (At 6,4). Ela pede oração comunitária: o ofício divino, que deve ser oração e não desobriga de consciência. Ela insiste nos Salmos e no Pai Nosso. Os Salmos são o lado orante da história do Povo de Deus. O Pai Nosso é o resumo orante de tudo que Jesus nos ensinou. A Regra pede Eucaristia diária: para que a vida de Jesus entre em nós e que possamos dizer: “Vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). A Regra não pede “orações”, mas pede que sejamos “oração” (Sl 109,4). Alguém pode até rezar muitas orações e não ser uma pessoa orante. O lado orante da vida em obséquio de Jesus tem um tríplice ritmo: Diário: eucaristia, ofício divino, meditar dia e noite. Semanal: revisão de vida para verificar se estamos vivendo realmente em obséquio de Jesus. Anual: seguir o calendário litúrgico desde a festa da Santa Cruz até Páscoa. A Regra quer que vivamos num ambiente de oração.
3- Dois textos da Bíblia para iluminar:
(Fazer a leitura dos dois textos bíblicos. Depois da leitura fazer um momento de silêncio)
-Lucas 11,1-13: Jesus ensina como e o que rezar
-Filipenses 4,4-7: Paulo sugere como rezar em comunidade
4- Nossa resposta como carmelitas aos anseios do coração humano
1- Como está sendo minha vida de oração? Irradio algo?
2- Como vivemos a vida orante em nossa comunidade? Somos um sinal?
3- Qual a contribuição da nossa comunidade para o bom êxito do processo capitular?
4-Salmo 63(62): Senhor, Tu és o meu Deus!
Luzes da Bíblia
A oração é a marca da vida de Jesus. Ele aparece rezando em todos os momentos importantes da sua vida: no batismo (Lc 3,21), na tentação no deserto (Lc 4,1-13), antes de um grande milagre (Jo 11,41-42), na alegria de ver Evangelho revelado aos pequenos (Mt 10,21), na noite antes da escolha dos apóstolos (Lc 6,12-13), na transfiguração (Lc 9, 28), na última ceia (Jo 17,1-26), na agonia (Mc 14, 32-39), no sofrimento da cruz (Lc 23,34), na hora de morrer (Lc 23, 46; Mc 15,34). Ele reza por Pedro (Lc 22, 32), abençoa o pão (Mc 6,41), participa das romarias (Lc 2,41-42). Rezando, desperta vontade de rezar nos discípulos (Lc 11,1). Jesus vivia em profunda união com o Pai. Para estar com o Pai e conhecer a sua vontade, passava noites em oração (Lc 5,16; 6,12; Mt 26,39). Sua vida era uma oração permanente: "Eu a cada momento faço o que Pai me mostra para fazer!" (Jo 5,19.30). A ele se aplica o que diz o Salmo: "Eu (sou) oração!" (Sl 109,4).
* CAPITULO GERAL-Setembro 2007. Pistas para desencadear e aprofundar o processo capitular na Ordem
ORDEM DO CARMO: A Autoridade no Carmelo
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FREI CARLO CICCONETTI O. CARM., ROMA.
O grupo de eremitas, "moradores do Monte Carmelo junto à Fonte", apresenta-se logo sob o signo da Autoridade-Obediência: estão sob a obediência de Brocardo e desejam exprimir a sua voluntária e total "obediência" a Cristo Jesus, reconhecendo-Lhe a "Soberania" universal (Regra 1 e 2), sacramentalmente manifestada na sua Igreja e nos seus Pastores. Desde os inícios procuram a aprovação da Igreja.
"Alberto, por graça de Deus chamado a ser Patriarca da Igreja de Jerusalém, aos amados filhos Brocardo e outros eremitas, que vivem debaixo da sua obediência junto à Fonte, no Monte Carmelo, saúde no Senhor e bênção do Espírito Santo" (Regra 1).
A Autoridade - um conceito tão irritante e dissonante para a nossa mentalidade - qualificada como "graça de Deus e vocação" desde as primeiras linhas da nossa Regra. O poder de governar é "graça" ou Charis em grego, donde "carisma", "dom" de Deus. Concorre junto com os outros múltiplos "carismas" para a edificação da sua Igreja (1Cor 12,4-11.28; Ef 4,7.11-16). Aprofunda as suas raízes na Ágape Divina; é expressão de amor. A graça, por definição, é "participação e comunicação da vida divina"...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
ORDEM DO CARMO: Visita Canônica.
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RELEVÂNCIA DE TERESA D’ÁVILA E DE JOÃO DA CRUZ PARA A ESPIRITUALIDADE CARMELITANA HOJE-01.
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INTRODUÇÃO
Ao final deste curso suponho que todos vocês se tornaram especialistas na espiritualidade de Teresa e de João. Portanto, serei cauteloso!
Como indivíduos, cada um de nós tem seu próprio jeito de viver o Evangelho, como uma resposta pessoal ao chamado de Cristo para segui-lo. As grandes tradições espirituais – carmelitana, franciscana, jesuíta, dominicana – evoluíram durante centenas de anos e ainda estão em processo de evolução. A tradição carmelitana nos oferece um lar e o meio que nos ajudam a nos tornarmos aquilo que Deus sabe que poderemos ser. Se as grandes tradições espirituais falharem em seu desenvolvimento e não forem mais capazes de dar assistência às pessoas em seu seguimento de Cristo dentro das circunstâncias de cada nova era, então elas morrerão e vão dar lugar a novos movimentos.
As fontes da espiritualidade carmelitana são o Evangelho, que é a lei suprema para todos os religiosos (cf. Perfectae Caritatis, 2), seguido da Regra e das Constituições, e pelas figuras do profeta Elias e de Nossa Senhora. Santa Teresa e São João da Cruz foram formados e alimentados nessa tradição espiritual. Eles não surgiram do nada. Eles desenvolveram a tradição, mas esta certamente não começou com eles, nem parou de evoluir após a morte deles. A popularidade de Teresa e de João vai além da Igreja Católica e muito além das fronteiras do cristianismo. Para compreender tal relevância, precisamos nos voltar brevemente para algumas tendências contemporâneas.
Parece que hoje vivemos num mundo sem esperança. Nosso mundo está devastado por guerras, declaradas ou não-oficiais. Dois terços da humanidade vivem numa pobreza miserável enquanto uma minoria tem muito. Muitos morrem de fome, enquanto a indústria que mais cresce no Ocidente é a que investe no combate à obesidade. O secularismo cresce com toda força, pelo menos no ocidente. A norma é um ateísmo prático. O ateísmo intelectual do século XIX produziu uma vaidade no imaginário humano. Acreditava-se que os seres humanos tinham atingido a maturidade e que não precisavam mais de Deus. Não havia mais necessidade da existência de um ser divino para preencher o vazio no conhecimento humano. Acreditava-se intensamente que os seres humanos logo seriam capazes de fazê-lo. Essa segurança foi abalada por todas as guerras em que nosso mundo se envolveu, no terrorismo, e nos eventos como a tsunami na Ásia, que demonstram que os seres humanos são muito pequenos quando comparados aos atos poderosos da natureza.
A ciência, a tecnologia e a rápida industrialização do ocidente falharam em realizar suas promessas. As descobertas científicas são excitantes e têm produzido mais bens de consumo do que nunca. Pela internet podemos nos comunicar quase que instantaneamente com pessoas a milhares de quilômetros. Contudo parece que perdemos nossa alma. O valor é medido pelo que podemos produzir. As drogas, como tentativa dolorosa de fuga da realidade, são um grande problema, pelo menos nas sociedades ocidentais. No entanto, em meio ao desespero, houve um novo aumento no interesse pela espiritualidade e não na religião institucional. Podemos ver um exemplo desse interesse pela espiritualidade na enorme publicidade dada à morte e ao funeral do Papa João Paulo II, assim como ao Conclave que se seguiu.
Os anos 60 e 70 viram uma revolução nas sociedades ocidentais. Muitos jovens decidiram “cair fora”, rejeitando os pseudo-valores do consumismo. Os jovens do ocidente passaram a ter um grande interesse pelo misticismo oriental. As formas mais exuberantes de revolução desapareceram, mas permanece uma inquietação, uma sede, uma fome de Deus. João da Cruz e Teresa falam à fome de tantas pessoas pelo Absoluto. Os dois apresentam um Deus transcendente que, ao mesmo tempo, está muito perto de nós. Eles não apresentam um caminho fácil, mas a maioria das pessoas não acredita em respostas fáceis. João e Teresa nos dizem a verdade – se vale a pena possuir alguma coisa, ela exige o sofrimento. Os dois reafirmam a mensagem do Evangelho – “Busquem o Reino de Deus, e Deus dará a vocês essas coisas em acréscimo” (Mt 6,33; Lc 12,31); “Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35; Lc 9,24; 17,33; Jo 12,25).
ALAGOAS: Bandidos entraram no local e renderam Dom Antônio Muniz, levando pertences do local
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A residência onde mora o arcebispo de Maceió Dom Muniz Fernandes, que fica na Rua Professor Ângelo Neto, localizada no bairro do Farol, em Maceió, foi assaltada no início da manhã deste sábado (5).
De acordo com informações passadas por pessoas próximas ao arcebispo, por volta das 5h40 o diácono Inaldo Pitta, que teria ido buscar o arcebispo para a celebração de uma missa, foi abordado e rendido por três homens fortemente armados.
Já dentro da casa, os homens também renderam o vigia e o arcebispo. Um dos bandidos ficou apontando uma arma para a cabeça dos religiosos, outro ameaçava o vigia e o terceiro homem fazia o recolhimento dos pertences da casa.
Enquanto a ação violenta acontecia, o diácono Inaldo Pitta conseguiu escapar e acionou a polícia. Ao notar a ausência do diácono, os bandidos se agitaram e fugiram do local levando uma cruz peitoral, perfumes, um Iphone (que foi encontrado quebrado na rua pela polícia) e dinheiro, que seria utilizado para a manutenção da casa e compra de combustível para o veículo utilizado pelo arcebispo.
A Polícia Militar (PM) fez buscas pela região, mas não conseguiu localizar os suspeitos do assalto. Quem tiver informações sobre os homens que cometeram o crime podem entrar em contato com a polícia pelo 181 e denunciar de forma anônima. Fonte: http://gazetaweb.globo.com
NADAR CONTRA A MARÉ: Frei Donizetti Barbosa.
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No vídeo, o Frei Donizetti Barbosa, Carmelita- Na Palavra do Frei Petrônio- direto da Praia do Botafogo, fala sobre os verdadeiros fundamentos da vocação sacerdotal e religiosa. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 5 de agosto-2017.
CARMELITAS: A Missão apostólica e a realização da justiça e da paz no mundo
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- Cristo não levou a cabo a salvação dos homens como um forasteiro ou um estranho à história do mundo. Antes, Se quis identificar tanto com o seu povo como com todo o gênero humano. E aqueles «que seguem a Cristo ouçam o seu apelo: "Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e vestistes-me, enfermo e visitastes-me, prisioneiro e viestes ver-me"» .
- Vivemos num mundo cheio de injustiça e de inquietude. É nosso dever ajudar a descobrir as causas, ser solidários com os sofrimentos dos marginalizados, participar da sua luta pela justiça e pela paz, lutar pela sua libertação integral, ajudando-os a realizar o seu anseio por uma vida digna .
- Os pobres, os "minores", constituem a grande maioria dos povos do mundo. Os seus complexos problemas dependem e são também causados pelas atuais relações internacionais e, mais diretamente, pelos sistemas económicos e políticos que hoje regem toda a humanidade. Portanto, não se pode permanecer indiferente diante do grito dos oprimidos, que clamam por justiça.
- Devemos escutar e ler a realidade a partir do ponto de vista do pobre, oprimido por situações econômicas e políticas que governam a humanidade hoje em dia. Os seus problemas são muitos e devemos estabelecer uma prioridade no confronto com eles. Assim, descobriremos de novo o Evangelho como boa nova e Jesus Cristo como libertador de qualquer forma de opressão.
- A realidade social interpela-nos. Atentos ao grito dos pobres e fiéis ao Evangelho, colocamo-nos ao seu lado, fazendo opção pelos "minores". «Na Ordem está a crescer o desejo de fazer uma escolha de partilha com os "minores" da história, para dizer a partir de dentro, mais com a vida do que com a boca, uma palavra de esperança e salvação a estes irmãos... Nós a recomendamos, por estar em linha com o carisma da Ordem, sintetizado no "vivere in obsequio Jesu Christi": viver no obséquio de Jesus significa também viver no obséquio dos pobres e daqueles nos quais se espelha de preferência o rosto de Cristo» .
- A nossa inspiração eliana, fundamento do nosso carisma profético, convida-nos a refazer hoje com os "minores" o caminho que o profeta percorreu no seu tempo; caminho de justiça, contra as falsas ideologias e para uma experiência concreta do verdadeiro Deus; caminho da solidariedade, defendendo e colocando-se do lado das vítimas da injustiça; caminho da mística, lutando para restituir aos pobres a confiança em si mesmos, através de uma renovada tomada de consciência de que Deus está do seu lado .
- Para nos educar no assumir, de maneira evangélica, a "situação dos pobres" propomo-nos reler a Bíblia também do ponto de vista dos pobres, dos oprimidos e dos marginalizados; considerar os princípios cristãos de justiça e paz como parte integrante da nossa formação em todos os níveis; imergir-nos na situação dos pobres; utilizar a análise social à luz da fé, como meio para descobrir o pecado que se encarna em certas estruturas políticas, sócio-econômicas e culturais ; defender e promover qualquer pequeno sinal de vida.
*CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO- Aprovadas pelo Capítulo Geral celebrado em Roma no ano de 1995.
OLHAR HISTÓRICO: Fundação do CEBI- Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos.
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*Frei Carmelo Cox, O. Carm.
(6/06/ 1979) Por iniciativa de Frei Carlos Mesters e com o apoio da diretoria, criou se há um ano este Centro que funcionou em caráter experimental até julho de 1979. Com quatro equipes de trabalho.
O Centro garante a sua presença em quatro regiões do Brasil atuando conforme a finalidade a que se propôs. A 20 de julho, o Centro foi fundado oficialmente e registrado como "Sociedade Civil sem fins lucrativos”.
Em resumo, o Centro pretende: a Bíblia colocada na mão do povo deve ser instrumento de renovação pastoral; um meio de identificação, para o pobre, uma bandeira de esperança e libertação, tendo Deus como parceiro. Seu programa responde ao apelo das comunidades católicas e protestantes em todo território nacional.
Sua índole é essencialmente ecumênica. Haverá cursos: destinados à base, quando locais; de atualização, quando destinados a agentes de pastoral de uma região mais ampla, de capacitação, quando de âmbito nacional.
Em projeto: o boletim, órgão de divulgação, estudos, ensaios e subsídios de pastoral. O "CEBI" terá uma função catalisadora e vital, nascida das experiências vivenciais do povo e para o povo, no seu contato com a Bíblia. No suporte aos encargos financeiros figuram particularmente, a Província Carmelitana de Sto. Elias e a Cebemo. A sua sede será em Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
*C R Ô N I C A D A PROVÍNCIA CARMELITANA FLUMINENSE, POR FREI CARMELO COX. Volume 10. IV CENTENÁRIO DO CARMELO NO BRASIL. (01-01-1978 - 31-12-1980)
CARMELITA "TAMBÉM É GENTE"...
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QUEM DISSE QUE VIDA DE PADRE E CARMELITA É PARA FICAR REZANDO ÀS 24HS? PADRE E CARMELITA "TAMBÉM É GENTE"...
Retiro dos Frades Carmelitas-2017: 1ª Reflexão.
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Retiro dos Frades Carmelitas-2017: 1ª Reflexão.
Dom Genival Saraiva de França, bispo-emérito da Diocese de Palmares- PE.
PARA NOSSA REFLEXÃO E ORAÇÃO
1ª. Meditação: Retiro em contexto mariano
Palavra de Deus
Jo 2,1-11: Jesus e Maria nas bodas de Caná
Lc 6,12-14: Jesus escolhe os apóstolos
Texto relacionado com o conteúdo da Meditação.
Importância do retiro em nossa vida: “Os Retiros e os Exercícios espirituais caracterizam-se pelo ermo, pela solidão, pelo sair do ambiente do cotidiano da vida. Trata-se de deixar as agitações do dia-a-dia, os ruídos que entram através de todos os sentidos e acabam ocupando nossa mente e nosso coração. Procura-se fazer o jejum das palavras para dar lugar à Palavra, o Verbo de Deus, Jesus Cristo. Diria que o recolhimento e o silêncio são condições indispensáveis para um retiro frutuoso.
Neste ambiente de silêncio e de recolhimento podem-se realizar os exercícios próprios do Retiro ou dos Exercícios espirituais. Serão de grande utilidade as conferências, sobretudo, quando o Retiro é realizado em grupo. Tais conferências são, antes de tudo, meditações que querem levar à contemplação dos mistérios de Deus, de Jesus Cristo, da Igreja; contemplarão a vocação e a missão do ser humano neste mundo, sua origem e seu destino, o mistério do mal, o pecado. Ajudam a provocar o confronto com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com todo o criado, donde brotará uma resposta de reconciliação, de ação de graças, de amor. Este confronto poderá ser provocado também pela leitura de trechos da Sagrada Escritura ou de outros livros apropriados.”
Presença de Maria
“O primeiro Pentecostes aconteceu quando Maria Santíssima estava presente no meio dos discípulos no Cenáculo de Jerusalém e rezava. Também hoje nós nos confiamos à sua materna intercessão, a fim de que o Espírito Santo desça abundantemente sobre a Igreja do nosso tempo, encha o coração de todos os fiéis e acenda neles – em nós – o fogo do seu amor.” (Bento XVI)
Liturgia da Profissão/Ordenação
“Movidos pela misericórdia de Deus, viemos experimentar a vossa forma de vida; ensinai-nos a seguir a Cristo crucificado, a viver na pobreza, na obediência e na castidade, entregues à oração e à prática da penitência, ao serviço da Igreja e de todos os homens; e a ser convosco um só coração e uma só alma. (...) Senhor, nosso Deus, autor da santa vocação, atendei as preces destes vossos servos N. N., que desejam entrar na nossa família para Vos servir mais perfeitamente, e concedei propício que a vida comum se converta em mútua caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. (...) Senhor nosso Deus, autor generoso de toda a vocação, olhai com bondade para os vossos servos que desejam experimentar a nossa forma de vida, e fazei que estes irmãos conheçam a vontade divina e nós sejamos confirmados no vosso serviço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.”
Questionamento/interpelação
Que frutos identifica em sua vida pessoal e em seu ministério presbiteral, graças à sua participação nos retiros promovidos por sua família religiosa?
Mensagem dos Santos
“A meditação é indispensável para todos os cristãos, não devendo pessoa alguma descurá-la, por mais culposa que seja, quando Deus lha inspira no pensamento.” (Santa Teresa de Jesus).
A Escola de São Simão Stock
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Beato Frei Tito Brandsma, Camelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial.
As vidas destes santos carmelitas provam à saciedade que a vida contemplativa e a vida ativa podem ser perfeitamente harmonizadas e que a combinação da atividade e da contemplação pode levar muito bem à santidade. Mostram-nos que os religiosos daquela época não descuidaram os altos ideais e o caráter essencial da vida do Carmelo. Foi em virtude destes ideais que muitos pediram à Ordem a sua admissão. Mais uma vez queremos salientar a predominância do duplo espírito neste período de transição. Fundou uma escola e o seu espírito continuou a viver nos seus discípulos. Desejo agora manifestar a minha convicção de que Santa Teresa não é propriamente a fundadora da escola do Carmelo como tantas vezes se afirma como fato provado. O estudo atento da sua vida mostra claramente que ela construiu sobre fundamentos anteriores. Contemporânea de S. Simão existe já uma doutrina que está em plena concordância com a que mais tarde Santa Teresa ensinaria. É verdade que esta doutrina, devido ao eminente gênio religioso da Santa Madre, assume uma configuração mais completa, mas o ensino teresiano não é essencialmente novo.
Uma das grandes figuras em que S. Simão se apoiou para a edificação do Carmelo no Ocidente foi o inglês Henrique de Hanna ou Henry Hane. Foi um homem famoso não só na Inglaterra, mas também no resto da Europa. Cooperador incondicional de S. Simão, a sua influência foi fortíssima. Num antigo manuscrito de Oxford conservam-se três sermões que, na minha opinião, só podem ser atribuídos a Henry Hane. Encontrar-se numa coleção de Eckhart e da escola deste mestre. Nos séculos XIII e XIV o misticismo de Eckhart preponderava nos países germânicos. Influenciou grandemente o misticismo do Carmelo nestas mesmas regiões. Henry Hane, porém, evita nas suas obras a excessiva sutileza, própria de Eckhart. Adota sempre uma posição média entre a escola intelectual dos Dominicanos e o método afetivo dos Franciscanos, que atribuem maior importância à vontade. Assim como no misticismo de S. João da Cruz se nota claramente a influência do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, também no sistema de Hane encontramos, extraídos da mesma fonte, os seis degraus da ascensão da alma para Deus.
Os Seis Degraus
O primeiro degrau consiste na abertura da alma para Deus: "Abre-me, minha amada", diz o Esposo no Cântico de Salomão.
O segundo degrau é alcançado quando Deus - e aqui entende-se a Santíssima Trindade - eleva a alma para junto d'Ele e nela vem habitar. Deus nasce na alma. Citando Santo Agostinho, Hane diz que há um renascimento quando o amor e o desejo se unem. O fruto do Espírito Santo é luz, amor, alegria e paz. Já aqui se nota um afastamento do intelectualismo de Eckhart pela insistência sobre o "amor", pelo qual Deus nasce em nós.
O terceiro degrau é a transformação da alma em Deus, por meio da presença da luz. Nesta luz, a alma já não peca e a beleza de Deus é percebida de tal maneira que a noite do pecado desaparece. A alma esquece-se de tudo o que não seja Deus. Anda na luz como filho da luz. Gustate et videte: Provai e vede, em primeiro lugar, a experiência mística de Deus, e, em seguida, a iluminação ou a visão de Deus. Primeiro, a luz invade a alma e, depois, nesta luz, a alma vê a fonte da luz. Mas antes de ver seqüência Hane usa uma comparação que mais tarde também Santa Teresa empregará. "A alma não tente voar antes de ter as asas com penas". Deve levar o jugo de Cristo e perceber quanto é suave antes de entender quem lhe põe o jugo.
No quarto degrau Deus despende imensas energias na alma, cujas faculdades naturais são elevadas, sobrenaturalizadas e divinizadas. Aos fulgores desta nova luz a alma percebe nitidamente a sua fraqueza inata, mas Deus a impele para além de si mesma, e na percepção das suas fraquezas e imperfeições ela entende muito melhor a onipotência de Deus e o Seu amor condescendente. Desta maneira, para usar as palavras de São Paulo, a alma passa de luz em luz.
No quinto degrau há a união da alma com Deus. Deus toma a forma da alma e esta toma a forma de Deus, tranformando-se n'Ele. A luz celeste penetra-a inteiramente e nesta luz vê-se a si mesma.
No sexto degrau a luz não se limita a brilhar na alma, mas esta é envolvida na própria luz. No meio das suas fulgurações a alma, qual pedra preciosa, totalmente invadida e atravessada pelos esplendores da luz, nela se reflete a si mesma e esta luz irradiasse da alma por todas as facetas. Agora ela é toda luz, tornando-se translúcida, um espelho da divindade, como Dionísio afirma a respeito dos Anjos.
*DO LIVRO: A BELEZA DO CARMELO- O SANTO PROFETA ELIAS.
O Carmelita é um Outro "Maria.
- Detalhes
Beato Frei Tito Brandsma, Camelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial.
Por bela que seja a devoção a Maria, descrita nas obras do Padre Miguel de Santo Agostinho, a tradição do Carmelo conhece ainda outra modalidade daquela devoção que a citada obra indica de passagem, mas não desenvolve. No entanto, para sondar as imas profundezas da escola do Carmelo, necessário se torna estudar-lhe os traços distintivos.
Devemos aspirar à semelhança com Maria, especialmente por reconhecer que n'Ela a natureza humana, impelida pela graça de Deus, atingiu a mais alta perfeição. Se nos miramos em Maria e a Ela nos unimos, também em nós pode ser desenvolvida semelhante perfeição até um grau bastante elevado. A meta final da nossa devoção a Maria consiste em tornar-nos nós também em certo sentido Mãe de Deus, isto é, que Deus em nós seja concebido e gerado. O mistério da Encarnação revela quanto Deus ama os homens e com que intimidade deseja unir-se-lhes. Este mistério chama a atenção da alma para o eterno nascimento do Filho no seio do Pai como sendo a mais profunda razão deste mistério de Amor.
As três Santas Missas do Natal celebram em primeiro lugar o nascimento eterno do Pai, depois o nascimento temporal da Virgem e por fim o nascimento místico de Deus em nós. Isto não deixa de ter um profundo significado. O tríplice nascimento deve ser entendido como a revelação dum único Amor eterno. Para nós há-de ser sempre Natal.
Sempre devemos considerar este tríplice nascimento como fases dum único e grande processo de amor. Maria é Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo. Nela realizou-se este tríplice nascimento. Dela havemos de aprender como realizá-lo em nós. Também nós fomos escolhidos pela Santíssima Trindade para servir-lhe de habitação, para ter parte nos privilégios que admiramos em Maria. Deus também a nós no-los deseja conceder. Visto nesta luz, podemos dizer que o "Mistério da Encarnação é outro sumário do misticismo do Carmelo e da vida espiritual Carmelita".
*DO LIVRO: A BELEZA DO CARMELO- O SANTO PROFETA ELIAS.
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