SE NÃO FOSSE O ESPÍRITO SANTO...
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Uma visita ao Cemitério
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Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 2 de novembro-2017.
Hoje fui ao cemitério aqui no Rio de Janeiro e gostaria muito de ter ficado por lá por longas e longas horas. Depois de vídeos, fotos, histórias e mais histórias sobre a dita cuja- a morte- o Frei Fernando Bezerra, Pároco de Angra dos Reis, terminou saindo mais cedo. Lá fiquei com o confrade, Frei Donizetti Barbosa. A sensação em poder conhecer os diversos túmulos do Cemitério São João Batista, no bairro Botafogo, sem dúvida alguma foi muito boa. O desejo era continuar por lá... Calma, calma! Não morto, mas vivinho da silva, óbvio.
Eu sei que falar em morte, conversar sobre a morte e olhar para os diversos jazigos, para muitos é um grande martírio ou medo. Para mim não, gosto de escrever, cantar, declamar, ler e percorrer os corredores dos cemitérios- Não sei porque, mas toda vez que falo em cemitério só quero falar hospital- por este Brasil afora. Sinto que, após 50 anos de vida- completados no último dia 15 de setembro- cada vez mais me aproximo da triste e misteriosa morte.
Quando o homem ou a mulher tem um trauma, geralmente- se tiver dinheiro- procura um psicólogo ou terapeuta para esquecer ou corrigir tal situação de vida. No caso concreto da morte, não adianta meia conversa, quando ela vem leva e pronto! Não tem essa de encontrar uma saída alternativa ou um “jeitinho brasileiro”. Portanto, com medo ou sem daquela a quem São Francisco de Assis, a chamava de irmã, é implacável. O medo pode ser apenas uma tentativa de não falar, pensar ou refletir sobre ela, mas a melhor maneira é ter a convicção de que de fato, como dizia o protetor dos animais, “Ela é a nossa irmã” e faz parte da nossa caminhada quer queira ou não.
Vendo os diversos olhares no hospital... Hospital não meu Deus! Cemitério. Percebo que todos, eu disse todos! Estão mais convictos que, mesmo tendo um não uma boa conta bancária, um bom apartamento, carro, etc, a nossa amiga de todas as horas vem a qualquer nos buscar.
Hoje, de hora em hora, a Arquidiocese do Rio proporcionou a Santa Missa. Também vi vários evangélicos das mais diversas igrejas fazendo a sua parte. Ah! Também os mendigos estavam lá suplicando uma moeda para os visitantes. Com tal constatação eu quero dizer que, seja na rua, na igreja, nos becos ou avenidas, o ser humano busca subterfujo para vencer o mistério da morte através dos mais variados ritos ou situações que muitas vezes, ao contrário do que se pensam, termina aceitando-a nas suas relações.
Ao finalizar o meu olhar neste dia de finados, lembro-me da afirmação do apóstolo Paulo em 1º Coríntios 15, 14; “E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação e a nossa fé é vã”. Em outras palavras, a ressurreição de Jesus nos garante vencer a morte. Não importa que tipo de morte o nosso corpo vai padecer, temos a vitória do Senhor sobre ela e, como tal, somos privilegiados com a ressurreição, ou seja, o medo é derrotado, deletado e esquecido.
DIA DE FINADOS: PARA O PÓ VOLTAREMOS.
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(Gênesis 3, 19 e Eclesiastes 3, 20)
Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 2 de novembro-2017.
Por que a disputa por bens na família
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que ferimos o nosso próximo
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não perdoamos às 24 horas
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos insensíveis ao sofrimento
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos Pitibus nas relações
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não acolhemos quem errou
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que acumulamos bens e tranqueiras
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não agradecemos cada raiar do dia
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não somos justos e humanos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que levantamos falso testemunho
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que nos digladiamos diariamente
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos corruptos e injustos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não vivemos plenamente
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que transmitimos o ódio e a tristeza
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por não levantamos os caídos da vida
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que continuamos no erro
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que fechamos os olhos para a miséria
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos ingratos com a nossa família
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que destruímos a mãe natureza
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que usamos da mentira nas relações
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não somos misericordiosos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que alimentamos o ódio e a inveja
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos racistas e desumanos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos arrogantes e intransigente
Se amanhã para o pó voltaremos?
FINADOS: Quando ela chegar
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Quando ela chegar
Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 2 novembro-2017.
Quando ela chegar não adianta mentir
Ela conhece a nossa história e as nossas desculpas.
Quando ela chegar não vamos fingir de sonso
Ela conhece o nosso olhar e o nosso pensamento.
Sim, nos caminhos da vida poderíamos ter feito o bem
Agora ela não vai mais dar uma segunda chance.
Sim, fomos egocêntricos e intransigentes
Agora não adiante chorar o leite derramado.
Quando ela chegar não adianta apelar para Deus
Tivemos toda uma vida para amar a vida e o próximo.
Quando ela chegar não adianta prometer mudanças
A nossa vida foi uma eterna caminhada quebrando promessas.
Sim, a cada dia sempre tínhamos algo para reclamar
Agora só resta parar e lamentar as noites escuras.
Sim, poderíamos ter cantando a beleza da vida
Mas gostávamos mesmo era de amaldiçoar cada dia.
Quando ela chegar não adianta meias verdades
Se fomos nós criadores e cultivadores da mentira.
Quando ela chegar não vamos fingir de super-humanos
Se na verdade fomos verdadeiros animais nas relações.
Sim... Seja Bem-vinda IRMÃ MORTE!
Eu não creio nesse amor. (Mt 22, 34-40)
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(Uma reflexão sobre o Evangelho do 30º Domingo do Tempo Comum. Ano Litúrgico- A).
Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, Rio de Janeiro.
Convento do Carmo da Bela Vista, São Paulo. 29 de outubro-2017
Não, eu não creio nesse amor
Amor dos livros e das palavras.
Eu creio no amor de atitudes
No amor de carinho e compaixão
No amor esperançoso dos pobres
No amor de encontro e do perdão.
Não, eu não creio nesse amor
Amor de mandamentos e regras.
Eu creio no amor da inclusão
No amor manso e prestativo
No amor companheiro das lutas
No amor sem interesse e preço.
Não, eu não creio nesse amor
Amor da competitividade e do mercado.
Eu creio no amor barato e frágil
No amor sem máscaras e sem medo
No amor inovador dos desempregados
No amor silêncio e contemplativo.
Não, eu não creio nesse amor
Amor institucionalizado e acadêmico.
Eu creio no amor marginal e livre
Amor rasgado, ferido e ressuscitado
No amor amigo e irmão dos depressivos
No amor sujo de sangue e crucificado.
Não, eu não creio nesse amor
Amor lucrativo das mídias e da TV.
Eu creio no amor sem lucro e sem mercado
Amor descalço, esquecido e marginalizado
No amor companheiro dos refugiados
Amor anônimo dos becos, favelas e vielas.
Não, eu não creio nesse amor
Amor partido e repartido no mercado.
Eu creio no amor frágil e pequeno
No amor sem brilho e sem cor
No amor teimoso que nasce e renasce das lutas
Sim, eu creio nesse amor- JESUS CRISTO.
OLHAR DO DIA: Quarta, 25.
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A Inveja no Convento
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Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 23 de outubro-2017.
Quando nos deparamos com histórias de inveja no mundo da produtividade, na política, no esporte e na sociedade como um todo, até achamos “normal” tal situação frente a uma ideologia que, para crescer, produzir e se auto afirmar, sacrificam vidas, excluem e colocam na “geladeira” aqueles que não geram lucro ou estão ultrapassados. Mas quando nos deparamos com a maldita inveja atrás dos muros conventuais é coisa do “outro mundo”! Bem... Não que a vida do frade e da freira seja do “outro mundo”, mas justamente na vida claustral o que se presa é o respeito, o perdão, a tolerância e a vivência diária da Boa Nova de Jesus Cristo.
Alguém pode dizer; “Frei Petrônio de Miranda, a inveja faz parte da vida desde o início da criação (Gênesis 4. 8). Nessa passagem- Por inveja- Caim matou o seu irmão”. Sim, até acredito que ela perpassa toda a história da salvação, mas na vida conventual não! Nós, com os votos de pobreza, castidade e obediência, nos comprometemos a fugir das tentações do mundo e termos como único objetivo o Cristo. Óbvio que tudo isso é bonito e espiritual, e se não vigiarmos às 24 horas, seremos contaminados com o veneno da maldita inveja.
Na carta de Tiago (3, 16), nos deparamos com a seguinte passagem; “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”. Esta passagem do apostolo, confirma o desvio e o foco da espiritualidade conventual quando é contaminada com a inveja. Quando isso acontece, é “normal” nos depararmos com frades e freiras feridos, depressivos, machucados e esquecidos nos “depósitos conventuais” vítimas de disputas pelo poder e pelo prestígio, desviando assim a linha condutora que inspiraram os fundadores e fundadoras.
Se o grupo dos apóstolos tiveram ciúme e inveja? Se os primeiros cristãos foram contaminados com a erva daninha da inveja? Bem, vejamos o que diz as Sagradas Escrituras; Em 1º Coríntios (12-16) nos deparamos com uma certa “divisão invejosa”, alguns afirmavam que eram de Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas”. Essa divisão foi cortada pela raiz pelo apóstolo Paulo mostrando que o objetivo central era Jesus Cristo. Talvez, o que falta em nossos conventos -masculinos e femininos- é de fato a volta às origens. Digo, até que rezamos, até que meditamos, até que vivemos em comum, até que temos objetivos bonitos, mas esquecemos de algo fundamental em nossas vidas de consagrados e consagrada- JESUS CRISTO.
Aqui, vale lembrar a homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta no dia 21 de janeiro de 2016 e seu comentário sobre (1 Sam 18, 6-9: 19,1-7). Nesta passagem, nos deparamos com o ciúme de Saul, Rei de Israel, em relação a Davi. Segundo Francisco; “Por ciúme se mata com a língua. Alguém tem inveja daquele, daquele outro e começam os fuxicos: e os fuxicos matam!”. Talvez um frade ou uma freira responda; “Eu matar o meu confrade!? A minha irmã!? Nunca”! Matar fisicamente não, mas espiritualmente e moralmente talvez já tenha assassinado diversos e diversas.
Por último, vale ainda lembrar a mensagem do apóstolo Paulo em 1º Coríntios (13, 4); “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha”. Se assim o fizermos, não seremos frades e freiras invejosos, rancorosos e feridos pela eterna disputa por cargos, prestígios e poder- que aliás são passageiros- e, muitas vezes, nos faz sofrer e ferir os nossos confrades e irmãs.
E tenho dito!....
Eu sei que vou morrer...
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Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista
Rio de Janeiro, 21 de outubro-2017.
O cansaço chega, os sintomas no corpo anunciam
A irmã morte se aproxima com uma certa rapidez
Vejo os dias sob um outro olhar e contemplo o outro lado
Sinto uma paz interior, corro para fazer o bem
Não tenho medo e não tenho tempo, quero apenas esperá-la
Eu sei que vou morrer.
Olho no túnel do tempo e me vejo criança
Sinto que vivi sem neuras nem arrependimento
Olho no espelho da vida e me vejo adolescente sonhador
Volto na história e encontro-me jovem, sonhador e ativo
Não tenho arrependimento do que fiz, apenas vivi
Eu sei que vou morrer.
Os amigos passaram no meu tempo, o tempo não parou
Construí história, fiz história e brinquei de sonhador
Pulei as injustiças sociais, fui vítima, mas a venci
Abri trilhas e levei pessoas por caminhos de luta
Não tive medo de caminhar, mesmo chutando pedras
Eu sei que vou morrer.
Na religião busquei forças e no meu Deus encontrei respostas
Não fiquei aprisionado a doutrinas mortas e ultrapassadas
Pulei os muros do preconceito e encontrei novos caminhos
Sofri com o crucificado e ressuscitei no terceiro dia
Gritei contra a morte, mas ela agora se aproxima
Eu sei que vou morrer.
Deparei-me com amigos e com eles fui feliz
Estendi a mão para os estranhos e fui machucado e pisado
Falei de amizade e fui traído, joguei flores e colhi espinhos
Corri contra o tempo e fui aprisionado
Não sofri por opção, mas por amor a minha história
Eu sei que vou morrer.
Na família encontrei-me, no mundo cresci
Na religião busquei Deus, no ser humano vi Deus
Nos livros conheci o mundo, no mundo vi os livros
Na oração busquei a paz, na paz senti a oração
Não tive grandes inspirações, apenas contemplei a vida
Eu sei que vou morrer.
DIÁRIO DE VIAGEM... Em Governador Valadares-MG.
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DIA DA PADROEIRA DAS MISSÕES, SANTA TERESINHA: "Uma Igreja que não é Missionária ou está doente ou está morta". São João Paulo II. Alagoas aqui vamos nós! Tenho ainda 1.500 quilômetros pela frente. Próxima postagem lá pelas 18hs.
(7h da manhã em Governador Valadares-MG. Após café, hora de botar o pé na estrada)
DIÁRIO DE VIAGEM: 1ª Parada
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DIÁRIO DE VIAGEM: Saindo do Rio.
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COMUNIDADE CAPIM: Convite
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PARA O PÓ VOLTAREMOS.
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Frei Petrônio de Miranda, Frade Carmelita.
Por que a rivalidade e a disputa por bens na família
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que mentimos e ferimos o nosso próximo
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não perdoamos a quem nos ofendeu
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos insensíveis diante da miséria
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não somos caridosos e misericordiosos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não vivemos plenamente cada segundo
Se amanhã para o pó voltaremos?
Se Deus vai nos chamar amanhã e voltamos a ser pó
Por que não sermos promotores da alegria e da vida?
Se a irmã morte vai bater em nossa porta
Por que não seguimos o exemplo da família de Nazaré?
Se para Jesus Cristo levamos apenas o amor
Por que gostamos de acumular bens e tranqueiras?
Se o que vale diante de Deus é o bem que fizemos
Nós somos seres criados para amar e ser feliz
Por que insistimos em ser tanques de guerra?
Nós necessitamos de carinho e atenção
Por que as vezes parecemos um pit bull?
Por que não somos justos com os nossos funcionários
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que levantamos falso testemunho
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que nos digladiamos na arena do poder
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não usamos da política para o bem comum
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que alimentamos o ódio e a inveja onde trabalhamos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos racistas e desumanos em nossas relações
Se amanhã para o pó voltaremos?
Nós temos apenas uma vida para ser vivida
Por que não a vivemos plenamente?
Nós temos apenas um amor para ser amado
Por que o nosso próximo não é amado?
Nós temos apenas dois olhos para contemplar o criador
Por que transmitimos o ódio e a tristeza?
Nós temos apenas duas mãos para levantar os caídos
Por que ferimos o nosso próximo usando a violência?
Nós temos apenas um segundo para mudar de vida
Por que somos arrogantes e continuamos no erro?
Nós temos apenas uma vida para bendizer ao Criador
Por que não aceitamos a ação de Deus em nosso viver?
Por que abandonamos amigos em nome do poder
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que somos infiéis com a nossa família
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que destruímos a mãe natureza polindo os rios,
Por que somos promotores da guerra onde passamos
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que usamos da mentira para subir na escala social
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que não buscamos o sagrado
Se amanhã para o pó voltaremos?
Por que meu Deus, por quê!?
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