O Papa: reler a própria vida nos faz descobrir "os pequenos milagres" que Deus faz por nós
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Na catequese da Audiência Geral, Francisco convidou a ler a própria história que significa também reconhecer a presença de elementos “tóxicos”. Ler a própria vida para ver "as coisas que não são boas e também as coisas boas que Deus semeia em nós."
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o discernimento na Audiência Geral, desta quarta-feira (19/10), realizada na Praça São Pedro.
Neste encontro semanal com os fiéis, o Papa meditou "sobre outro ingrediente indispensável para o discernimento: a própria história de vida".
"A nossa vida é o “livro” mais precioso que nos foi confiado, um livro que muitos infelizmente não leem, ou que o fazem demasiado tarde, antes de morrer. No entanto, é nesse livro que se encontra aquilo que se procura inutilmente por outros caminhos", frisou o Pontífice, ressaltando que Santo Agostinho compreendeu isso, "relendo a sua vida, observando nela os passos silenciosos e discretos, mas incisivos, da presença do Senhor. No final deste percurso, notará com admiração: «Tu estavas dentro de mim, e eu fora. Lá, eu procurava-te. Deformado, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo». Daqui deriva o seu convite a cultivar a vida interior, para encontrar o que se procura: «Volta para ti mesmo. No homem interior habita a verdade»".
Muitas vezes, também nós vivemos a experiência de Agostinho, de nos encontrarmos presos em pensamentos que nos afastam de nós mesmos, mensagens estereotipadas que nos ferem: “Nada valho”, “tudo corre mal comigo”, “nunca farei nada de bom”, e assim por diante. Ler a própria história significa também reconhecer a presença destes elementos “tóxicos”, mas para depois ampliar a trama da nossa narração, aprendendo a observar outras coisas, tornando-a mais rica, mais respeitadora da complexidade, conseguindo até captar os modos discretos como Deus age na nossa vida.
A seguir, o Papa disse que certa vez conheceu "uma pessoa que as pessoas que a conheciam diziam que ela merecia o Prêmio Nobel da negatividade", pois "tudo era ruim e ela sempre se colocava para baixo". "Era uma pessoa amarga, mas tinha muitas qualidades. Então, essa pessoa encontrou outra pessoa que a ajudou bem, e toda vez que ela reclamava de alguma coisa, a outra pessoa dizia: "Mas agora, para compensar, diz algo bom sobre você". E ela respondeu: "Sim, eu também tenho essa qualidade", e pouco a pouco isso a ajudou a seguir em frente, a ler bem sua vida, tanto as coisas ruins quanto as coisas boas. Ler a própria vida, e assim vemos as coisas que não são boas e também as coisas boas que Deus semeia em nós", sublinhou Francisco.
Segundo o Papa, "a narração das vicissitudes da nossa vida permite também compreender matizes e detalhes importantes, que podem revelar-se ajudas valiosas até então ocultas. Uma leitura, um serviço, um encontro, à primeira vista considerados de pouca importância, sucessivamente transmitem uma paz interior, transmitem a alegria de viver e sugerem outras iniciativas de bem. Deter-se e reconhecer isto é indispensável para o discernimento, é uma obra de recolha daquelas pérolas preciosas e escondidas que o Senhor disseminou no nosso terreno".
"O bem está escondido, sempre, porque o bem tem pudor e se esconde: o bem fica escondido; é silencioso, requer uma escavação lenta e contínua, pois o estilo de Deus é discreto, não se impõe; é como o ar que respiramos, não o vemos, mas nos faz viver, e só nos damos conta dele quando nos falta", disse ainda Francisco.
O Papa sublinhou que "habituar-se a reler a própria vida educa o olhar, o aguça, permite notar os pequenos milagres que o bom Deus realiza para nós todos os dias".
Quando prestamos atenção, observamos outros rumos possíveis que revigoram o gosto interior, a paz e a criatividade. Acima de tudo, torna-nos mais livres dos estereótipos tóxicos. Diz-se sabiamente que o homem que não conhece o seu passado está condenado a repeti-lo. É curioso, não é? Se não conheemos o caminho feito, o passado, repetimos sempre o mesmo, somos circulares. A pessoa que caminha circularmente nunca vai para a frente, não tem caminho. É como o cachorro que morde o rabo, vai sempre assim, e repete as coisas.
Segundo o Papa, "a vida dos santos constitui uma ajuda preciosa para reconhecer o estilo de Deus na própria vida: permite familiarizar-se com o seu modo de agir. O comportamento de alguns santos nos interpela, mostrando-nos novos significados e oportunidades. Foi o que aconteceu, por exemplo, a Santo Inácio de Loyola. Quando descreve a descoberta fundamental da sua vida, acrescenta uma importante observação: «Por experiência, deduziu que alguns pensamentos o deixaram triste e outros, alegre; e pouco a pouco aprendeu a conhecer a diversidade dos espíritos que nele se agitavam»".
Francisco disse que "o discernimento é a leitura narrativa das consolações e desolações que experimentamos ao longo da nossa vida. É o coração que nos fala de Deus, e nós devemos aprender a compreender a sua linguagem". "Perguntemo-nos, no final do dia, por exemplo: o que aconteceu hoje no meu coração? Alguns pensam que fazer este exame de consciência é prestar contas dos pecados feitos. Cometemos muitos, não é? Não, mas se perguntar: o que aconteceu dentro de mim. Senti alegria? O que me alegrou? Fiquei triste? O que me entristeceu? E assim aprender a discernir o que acontece dentro de nós", concluiu. Fonte: https://www.vaticannews.va
26º Domingo do Tempo Comum: “O rico não tem nome”... Papa Francisco
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Papa na cidade de Matera: quem adora a Deus não é escravo de ninguém
Francisco encerrou o Congresso Eucarístico Nacional em Matera com a celebração da missa e a participação de milhares de fiéis. Comentando a parábola do pobre Lázaro, o Pontífice advertiu para a "religião do ter e do aparecer": "Só o Senhor é Deus e todo o resto é dom do seu amor".
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Na manhã deste domingo, o Papa Francisco foi à cidade de Matera, na região da Basilicata (sul da Itália), encerrar o 27º Congresso Eucarístico Nacional, que teve como tema "Voltemos ao sabor do pão - Por uma Igreja eucarística e sinodal".
A missa foi celebrada no Estádio Municipal “XXI de setembro”, com a participação de cerca de 12 mil fiéis, e a homilia do Pontífice foi centralizada no tema da Eucaristia de acordo com o Evangelho de hoje: a parábola do rico e do pobre Lázaro.
A primazia de Deus na Eucaristia
De um lado, a opulência e a ostentação da riqueza; do outro, um pobre que jaz à porta à espera de um miolo de pão para matar a sua fome. Para o Papa, esta contradição nos recorda a primazia de Deus presente na Eucaristia.
O rico não está aberto à relação com Deus porque pensa somente em satisfazer suas necessidades. Não tem um nome, só um adjetivo – rico – porque identidade é dada pelos bens que possui. “Como é triste também hoje esta realidade, quando confundimos o que somos com o que temos”, afirmou Francisco.
“É a religião do ter e do aparecer, que com frequência domina o cenário deste mundo, mas no final nos deixa com as mãos vazias.”
Ao contrário, o pobre tem um nome, Lázaro, que significa “Deus ajuda”, e mesmo em sua condição de pobreza, pode manter íntegra a sua dignidade porque vive na relação com Deus.
Eis, portanto, o desafio que a Eucaristia oferece em nossa vida: adorar a Deus e não a si mesmo. Colocar Ele no centro e não a própria vaidade. Recordar que só o Senhor é Deus e todo o resto é dom do seu amor.
“Recordemo-nos disto: quem adora a Deus não se torna escravo de ninguém. É livre!”
Porque quando adoramos Jesus presente na Eucaristia recebemos um olhar novo sobre a nossa vida e o valor da vida não depende daquilo que consigo exibir. Sou um filho amado, abençoado por Deus. O Papa então convida a redescobrir a oração de adoração, pois esta nos liberta e nos restitui a nossa dignidade de filhos.
Eucaristia, sacramento do amor
Mas além da primazia de Deus, a Eucaristia nos chama ao amor dos irmãos. “Este Pão é, por excelência, o Sacramento do amor.” É Cristo que se oferece e se parte por nós e pede que façamos o mesmo com os irmãos.
O rico do Evangelho não cumpre esta tarefa. Só no fim da vida, quando o Senhor inverte as sortes, é que ele se dá conta de Lázaro, mas Abraão lhe diz: “há um grande abismo entre nós”. E foi o rico quem escavou este abismo durante a vida terrena e que permanece na vida eterna.
“O nosso futuro eterno depende desta vida presente”, advertiu Francisco, e é doloroso ver que esta parábola ainda se manifesta nos dias de hoje através das injustiças, das disparidades, da distribuição desigual dos recursos da terra, dos abusos dos poderosos contra os mais fracos. Todos os dias se escava um abismo que gera marginalização e que não pode nos deixar indiferentes.
“E hoje, então, juntos reconheçamos que a Eucaristia é profecia de um novo mundo, é a presença de Jesus que nos pede para nos comprometermos para que se realize uma efetiva conversão: da indiferença à compaixão, do desperdício à compartilha, do egoísmo ao amor, do individualismo à fraternidade.”
O sonho de uma Igreja eucarística
Assim sonhamos a Igreja, acrescentou o Papa: eucarística. Feita de mulheres e homens que se oferecem como pão para quem vive na solidão e na pobreza. Uma Igreja que se ajoelha diante da Eucaristia, mas sabe também curvar-se com compaixão diante das feridas de quem sofre. “Porque não existe um verdadeiro culto eucarístico sem compaixão pelos muitos ‘Lázaros’ que também hoje caminham ao nosso lado.”
Francisco conclui repetindo o tema do Congresso Eucarístico: Voltemos ao sabor do pão, porque só Jesus sacia a nossa fome e pode curar as injustiças que ainda se consomem no mundo.
“Voltemos a Jesus, adoremos Jesus, acolhamos Jesus. Porque Ele vence a morte e sempre renova a nossa vida.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa e os novos bispos: diálogo animador, franco e aberto
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De acordo com dom Maurício da Silva Jardim, que se prepara para assumir a diocese de Rondonópolis-Guiratinga (MT), os bispos latino-americanos colocaram ao Papa quesitos pontuais, como a formação dos futuros presbíteros, a questão dos abusos sexuais – “uma dor para o Papa e para toda a Igreja” –, e o abuso de autoridade.
Vatican News
Diálogo animador, franco, aberto: assim foi a audiência que o Papa Francisco concedeu aos 179 bispos que participaram do curso de formação promovido pelo Dicastério para os Bispos e para as Igrejas Orientais.
Assim como os demais “alunos” dos cursos precedentes, o Pontífice optou por não proferir um discurso, mas deixar os prelados à vontade para colocarem questões a serem debatidas.
De acordo com dom Maurício da Silva Jardim, que se prepara para assumir a diocese de Rondonópolis-Guiratinga (MT), os bispos latino-americanos colocaram quesitos pontuais, como a formação dos futuros presbíteros, a questão dos abusos sexuais – “uma dor para o Papa e para toda a Igreja” –, e o abuso de autoridade.
Os bispos pediram ao Papa conselhos sobre como viver a espiritualidade e Francisco repetiu as quatro proximidades (com Deus, entre os bispos, com os sacerdotes e com os fiéis). Falou-se ainda de sinodalidade, dos 15 anos do documento de Aparecida e a necessidade de colocar em prática as indicações contidas, da Assembleia Eclesial recém-realizada.
Foi um “diálogo animador, franco, aberto”, afirmou dom Maurício. Segundo ele, o Papa estava com excelente disposição, sentido de humor e os encorajou a ter coragem e seguir em frente. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: a fé verdadeira é um fogo aceso para nos manter despertos e laboriosos
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"Nas nossas comunidades arde o fogo do Espírito, a paixão pela oração e pela caridade, a alegria da fé, ou arrastamo-nos no cansaço e no hábito?", questionou o Papa, recordando que a fé não é uma "canção de ninar" que nos embala para nos fazer adormecer. Antes pelo contrário, devemos ser inflamados pelo fogo do amor de Deus com o desejo de lançá-lo no mundo, para que cada um possa descobrir a ternura do Pai e experimentar a alegria de Jesus, que dilata o coração e torna a vida mais bela!
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"O Evangelho não deixa as coisas como estão; quando passa e é ouvido e recebido, as coisas não permanecem como estão. O Evangelho provoca a mudança e convida à conversão."
A passagem de Lucas do Evangelho deste XX Domingo do Tempo Comum: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!", inspirou a reflexão do Papa no Angelus dominical. E logo no início de sua locução, dirigindo-se aos peregrinos reunidos na Praça São Pedro, perguntou "de que fogo" Jesus está falando e qual o significado dessas palavras para nós hoje.
Jesus - explicou Francisco - veio trazer o Evangelho ao mundo, a boa nova do amor de Deus. Neste sentido, o Evangelho "é como um fogo, porque se trata de uma mensagem que, quando irrompe na história, queima os velhos equilíbrios de viver, desafia a sair do individualismo, a vencer o egoísmo, a passar da escravidão do pecado e da morte para a nova vida do Ressuscitado."
Evangelho provoca a mudança e convida à conversão
Ou seja, o Evangelho não deixa as coisas como estão, "quando passa, é ouvido e recebido, as coisas não permanecem como estão. O Evangelho provoca a mudança e convida à conversão:
Não oferece uma falsa paz intimista, mas acende uma inquietude que nos coloca em caminho, nos impele a abrir-nos a Deus e aos irmãos. É precisamente como o fogo: enquanto nos aquece com o amor de Deus, quer queimar os nossos egoísmos, iluminar os lados obscuros da vida - todos os temos - , consumir os falsos ídolos que nos escravizam.
Fogo do Espírito Santo transforma e purifica
E como Jesus é inflamado por esse fogo do amor de Deus, se entrega em primeira pessoa, até a morte de cruz, para fazê-lo arder no mundo:
“Ele está cheio do Espírito Santo, que é comparado ao fogo, e com a sua luz e a sua força revela o rosto misericordioso de Deus e dá plenitude aos que são considerados perdidos, derruba as barreiras das marginalizações, cura as feridas do corpo e da alma, renova uma religiosidade reduzida a práticas externas. Por isso é fogo: transforma, purifica”
Mas, "o que significa para nós então essa palavra de Jesus, do fogo?", perguntou o Santo Padre:
Ela nos convida a reacender a chama da fé, para que ela não se torne uma realidade secundária, ou um meio de bem-estar individual, que nos faz fugir dos desafios da vida e do compromisso na Igreja e na sociedade.
Fé não é uma "canção de ninar", é fogo
Francisco então cita um teólogo, que dizia que "a fé em Deus não nos conforta como gostaríamos", ou seja, dando-nos uma "ilusão paralisante ou uma satisfação serena, mas nos permitir agir":
“A fé, em suma, não é uma "canção de ninar" que nos embala para nos fazer adormecer. A fé verdadeira é um fogo, um fogo aceso para nos manter despertos e laboriosos mesmo durante a noite!”
Baseado nisso, o Papa propõe alguns questionamentos:
Sou apaixonado pelo Evangelho? Leio o Evangelho com frequência? Levo-o comigo? A fé que professo e celebro me coloca em uma tranquilidade bem-aventurada ou acende em mim o fogo do testemunho? Podemos perguntar-nos isto também como Igreja: nas nossas comunidades arde o fogo do Espírito, a paixão pela oração e pela caridade, a alegria da fé, ou arrastamo-nos no cansaço e no hábito, com o rosto embotado e a lamentação nos lábios e as fofocas a cada dia?
Deixar-se inflamar pelo fogo do amor de Deus
E então, o convite para examinarmos em nossa vida, se "somos inflamados pelo fogo do amor de Deus e queremos "lançá-lo" no mundo, levá-lo a todos, para que cada um possa descobrir a ternura do Pai e experimentar a alegria de Jesus, que dilata o coração e torna a vida bela.
Ao concluir, o pedido a rezar à Virgem Santa nesta intenção: "Que ela, que acolheu o fogo do Espírito Santo, interceda por nós." Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa no Angelus: é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus
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“Não se pode desejar ser rico? É claro que se pode, de fato, é justo desejá-lo, é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em misericórdia. Sua riqueza não empobrece ninguém, não cria brigas e divisões. É uma riqueza que ama dar, distribuir, compartilhar”: disse o Papa no Angelus deste domingo, 31 de julho
Raimundo de Lima – Vatican News
“Que Nossa Senhora nos ajude a compreender quais são os verdadeiros bens da vida, aqueles que permanecem para sempre”: foi o pedido do Papa à Virgem Maria no Angelus ao meio-dia deste XVIII Domingo do Tempo Comum.
Refletindo sobre a página do Evangelho do dia, Francisco destacou a passagem em Lc 12,13 em que um homem dirige um pedido a Jesus: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança". É uma situação muito comum, problemas semelhantes ainda são atuais: quantos irmãos e irmãs, quantos membros da mesma família infelizmente brigam, e talvez não falem mais um com o outro, por causa da herança! - frisou o Papa.
A ganância, uma doença que destrói as pessoas
Franciso observou que Jesus, respondendo a este homem, não entra em detalhes, mas vai à raiz das divisões causadas pela posse das coisas, e diz: "Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez".
O que é a cobiça? É a ganância desenfreada pelos bens, o querer sempre enriquecer-se. É uma doença que destrói as pessoas, porque a fome de posses gera dependência. Sobretudo aquele que tem tanto nunca se dá por satisfeito: sempre quer mais, e somente para si mesmo. Mas desta forma não é mais livre: é apegado, escravo daquilo que paradoxalmente deveria servir-lhe para viver livre e sereno. Em vez de servir-se do dinheiro, se torna servo do dinheiro. Mas a ganância é uma doença perigosa também para a sociedade: por causa dela chegamos hoje a outros paradoxos, a uma injustiça como nunca antes na história, onde poucos têm muito e muitos têm pouco. Pensemos também em guerras e conflitos: o anseio por recursos e riqueza está quase sempre envolvido. Quantos interesses estão por trás de uma guerra! Certamente, um deles é o comércio de armas. Este comércio é um escândalo ao qual não devemos e não podemos nos resignar.
Servir a riqueza é idolatria, é ofender a Deus
Francisco acrescentou que Jesus nos ensina hoje que, no cerne de tudo isso, não há apenas alguns poderosos ou certos sistemas econômicos: há a ganância que está no coração de cada um.
Dito isso, o Santo Padre convidou-nos a refletir sobre algumas perguntas:
Como está meu desapego dos bens, das riquezas? Eu me queixo do que me falta ou sei dar-me por satisfeito com o que tenho? Sou tentado, em nome do dinheiro e das oportunidades, a sacrificar as relações e o tempo para os outros? E mais ainda, me ocorre sacrificar a legalidade e a honestidade no altar da ganância? Eu digo "altar" porque bens materiais, dinheiro, riquezas podem se tornar um culto, uma verdadeira idolatria. Portanto, Jesus nos adverte com palavras fortes. Ele diz que não se pode servir a dois senhores, e - tenhamos cuidado - não diz Deus e o diabo, ou o bem e o mal, mas Deus e as riquezas. Servir-se da riqueza sim; servir a riqueza não: é idolatria, é ofender a Deus.
A vida não depende do que se possui
Então – podemos pensar - não se pode desejar ser rico? O Pontífice respondeu: é claro que se pode, de fato, é justo desejá-lo, é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em misericórdia. Sua riqueza não empobrece ninguém, não cria brigas e divisões. É uma riqueza que ama dar, distribuir, compartilhar.
Antes de concluir, o Papa lembrou, por fim, o que realmente conta na vida:
Irmãos, irmãs, acumular bens materiais não é suficiente para viver bem, porque - diz Jesus novamente - a vida não depende do que se possui (cf. Lc 12,15). Em vez disso, depende de bons relacionamentos: com Deus, com os outros, e também com aqueles que têm menos. Então, nós nos perguntemos: como eu quero me enriquecer? De acordo com Deus ou de acordo com a minha ganância? E voltando ao tema da herança, que herança eu quero deixar? Dinheiro no banco, coisas materiais, ou pessoas contentes ao meu redor, boas obras que não são esquecidas, pessoas que eu ajudei a crescer e amadurecer? Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O II DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS.
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(XVII domingo do Tempo Comum – 24 de julho de 2022)
“Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15)
Caríssima, caríssimo!
O versículo 15 do Salmo 92 – «dão fruto mesmo na velhice » – é uma boa notícia, um verdadeiro «evangelho» que podemos, por ocasião do II Dia Mundial dos Avós e Idosos, anunciar ao mundo. O mesmo vai contracorrente relativamente àquilo que o mundo pensa desta idade da vida e também ao comportamento resignado de alguns de nós, idosos, que caminhamos com pouca esperança e sem nada mais esperar do futuro.
Muitas pessoas têm medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contato: os idosos não nos dizem respeito – pensam elas – e é conveniente que estejam o mais longe possível, talvez juntos uns com os outros, em estruturas que cuidem deles e nos livrem da obrigação de nos ocuparmos das suas penas. É a «cultura do descarte»: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre «nós» e «eles». Mas, na realidade, uma vida longa – ensina a Sagrada Escritura – é uma bênção, e os idosos não são proscritos de quem se deve estar à larga, mas sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra os seus avós!
Com efeito, a velhice constitui uma estação que não é fácil de entender, mesmo para nós que já a vivemos. Embora chegue depois dum longo caminho, ninguém nos preparou para a enfrentar; parece quase apanhar-nos de surpresa. As sociedades mais desenvolvidas gastam muito para esta idade da vida, mas não ajudam a interpretá-la: proporcionam planos de assistência, mas não projetos de existência [1]. Por isso é difícil olhar para o futuro e individuar um horizonte para onde tender. Por um lado, somos tentados a exorcizar a velhice, escondendo as rugas e fingindo ser sempre jovens, por outro parece que nada mais se possa fazer senão viver desiludidos, resignados a não ter mais «frutos para dar».
O fim da atividade laboral e os filhos já autónomos fazem esmorecer os motivos pelos quais gastamos muitas das nossas energias. A consciência de que as forças declinam ou o aparecimento duma doença podem pôr em crise as nossas certezas. O mundo – com os seus ritmos acelerados, que sentimos dificuldade em acompanhar – parece não nos deixar alternativa, levando-nos a interiorizar a ideia do descarte. Assim se eleva para o céu esta súplica do Salmo: «Não me rejeites no tempo da velhice; não me abandones, quando já não tiver forças» (71, 9).
Mas o mesmo Salmo, que repassa a presença do Senhor nas diversas estações da existência, convida-nos a continuar a esperar: chegada a velhice e os cabelos brancos, o Senhor continuará a dar-nos a vida e não deixará que sejamos oprimidos pelo mal. Confiando n’Ele, encontraremos a força para multiplicar o louvor (cf. Sal 71, 14-20) e descobriremos que envelhecer não é apenas a deterioração natural do corpo ou a passagem inevitável do tempo, mas também o dom duma vida longa. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!
Por isso, devemos vigiar sobre nós mesmos e aprender a viver uma velhice ativa, inclusive do ponto de vista espiritual, cultivando a nossa vida interior através da leitura assídua da Palavra de Deus, da oração diária, do recurso habitual aos Sacramentos e da participação na Liturgia. E, a par da relação com Deus, cultivemos as relações com os outros: antes de mais nada, com a família, os filhos, os netos, a quem havemos de oferecer o nosso afeto cheio de solicitude; bem como as pessoas pobres e atribuladas, das quais nos façamos próximo com a ajuda concreta e a oração. Tudo isto ajudará a não nos sentirmos meros espetadores no teatro do mundo, não nos limitarmos a olhar da sacada, a ficar à janela. Ao contrário, apurando os nossos sentidos para reconhecerem a presença do Senhor [2], seremos como uma «oliveira verdejante na casa de Deus» ( Sal 52, 10), poderemos ser uma bênção para quem vive junto de nós.
A velhice não é um tempo inútil, no qual a pessoa deva pôr-se de lado recolhendo os remos para dentro do barco, mas uma estação para continuar a dar fruto: há uma nova missão, que nos espera, convidando-nos a voltar os olhos para o futuro. «A nossa sensibilidade especial de idosos, da idade anciã às atenções, pensamentos e afetos que nos tornam humanos deve voltar a ser uma vocação para muitos. E será uma escolha de amor dos idosos para com as novas gerações» [3]. É o nosso contributo para a revolução da ternura [4], uma revolução espiritual e desarmada da qual vos convido, queridos avós e idosos, a fazer-vos protagonistas.
O mundo vive um período de dura provação, marcado primeiro pela tempestade inesperada e furiosa da pandemia, depois por uma guerra que fere a paz e o desenvolvimento à escala mundial. Não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está a desaparecer a geração que a viveu no século passado. E estas grandes crises correm o risco de nos tornar insensíveis ao facto de que existem outras «epidemias» e outras formas generalizadas de violência que ameaçam a família humana e a nossa casa comum.
Perante tudo isto, temos necessidade duma mudança profunda, duma conversão, que desmilitarize os corações, permitindo a cada um reconhecer no outro um irmão. E nós, avós e idosos, temos uma grande responsabilidade: ensinar às mulheres e aos homens do nosso tempo a contemplar os outros com o mesmo olhar compreensivo e terno que temos para com os nossos netos. Aprimoramos a nossa humanidade ao cuidar do próximo e, hoje, podemos ser mestres dum modo de viver pacífico e atento aos mais frágeis. A nossa atitude poderá, talvez, ser confundida com fraqueza ou servilismo, mas serão os mansos – não os agressivos e prevaricadores – que herdarão a terra (cf. Mt 5, 5).
Um dos frutos que somos chamados a produzir é o de guardar o mundo. «Todos nos sentamos nos joelhos dos avós, que nos tiveram ao colo» [5]; mas hoje é o momento de colocar sobre os nossos joelhos – com a ajuda concreta ou mesmo só com a oração –, juntamente com os nossos netos, muitos outros assustados que ainda não conhecemos e que talvez fujam da guerra ou sofram por causa dela. Guardemos no nosso coração – como fazia São José, pai terno e solícito – os pequeninos da Ucrânia, do Afeganistão, do Sudão do Sul...
Muitos de nós maturaram uma consciência sábia e humilde, de que o mundo tanto precisa: não nos salvamos sozinhos, a felicidade é um pão que se come juntos. Testemunhemo-lo àqueles que se iludem de encontrar realização pessoal e sucesso na contraposição. Todos o podem fazer, mesmo os mais frágeis: até mesmo o deixarmo-nos cuidar – muitas vezes por pessoas que provêm doutros países – é uma maneira de dizer que é não só possível mas também necessário vivermos juntos.
Neste nosso mundo, queridas avós e queridos avôs, queridas idosas e queridos idosos, estamos chamados a ser artífices da revolução da ternura! Façamo-lo aprendendo a usar cada vez mais e melhor o instrumento mais precioso e apropriado que temos para a nossa idade: a oração. «Tornemo-nos, também nós, um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina» [6]. A nossa imploração confiante pode fazer muito: é capaz de acompanhar o grito de dor de quem sofre e pode contribuir para mudar os corações. Podemos ser «o “grupo coral” permanente dum grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor sustentam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida» [7].
Deste modo o Dia Mundial dos Avós e Idosos é uma oportunidade para dizer mais uma vez, com alegria, que a Igreja quer fazer festa juntamente com aqueles que o Senhor – como diz a Bíblia – «saciou com longos dias» (Sal 91, 16). Celebremo-la juntos! Convido-vos a anunciar este Dia nas vossas paróquias e comunidades, a visitar os idosos mais abandonados, em casa ou nas residências onde estão hospedados. Procuremos que ninguém viva este dia na solidão. Ter alguém para cuidar pode mudar a orientação dos dias de quem já não espera nada de bom do futuro; e dum primeiro encontro pode nascer uma nova amizade. A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo!
Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Ternura, que faça de todos nós dignos artífices da revolução da ternura para, juntos, libertarmos o mundo da sombra da solidão e do demónio da guerra.
A todos vós e aos vossos entes queridos, chegue a minha Bênção, com a certeza da minha afetuosa proximidade. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim!
Roma, São João de Latrão, na festa dos Santos Apóstolos Filipe e Tiago, 3 de maio de 2022.
FRANCISCO
[1] Cf. Francisco, Catequese sobre a velhice: 1. A graça do tempo e a aliança das idades da vida (23 de fevereiro de 2022).
[2] Cf. Francisco, Catequese sobre a velhice: 5. Fidelidade à visita de Deus para a geração seguinte (30 de março de 2022).
[3] Francisco, Catequese sobre a Velhice: 3. A velhice, recurso para a juventude incauta (16 de março de 2022).
[4] Cf. Francisco, Catequese sobre São José: 8. São José, pai na ternura (19 de janeiro de 2022).
[5] Francisco, Homilia na Missa do I Dia Mundial dos Avós e Idosos (25 de julho de 2021).
[6] Francisco, Catequese sobre a família: 7. Os avós (11 de março de 2015).
Domingo 24: Dia Mundial dos Avós: programe-se para visitar idosos sozinhos
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Em 10 dias a Igreja irá celebrar o II Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema escolhido pelo Papa Francisco para a ocasião, “Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15), pretende destacar o quanto os avós e idosos são um valor e um dom, tanto para a sociedade quanto para a comunidade eclesial. As dioceses podem celebrar uma missa com liturgia dedicada ao tema ou ainda incentivar as visitas aos idosos que vivem sozinhos. O gesto, segundo o Pontífice, "é uma obra de misericórdia do nosso tempo".
Andressa Collet - Vatican News
O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos será celebrado no mundo inteiro em 24 de julho. Todas as dioceses, paróquias e comunidades eclesiais são chamadas a celebrar a data cujo tema, indicado pelo Papa Francisco, é “Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15). Desta forma, como sugere na mensagem preparada para a ocasião, o Pontífice deseja oferecer aos idosos um projeto existencial: ser “artífices da revolução da ternura”. No dia 24, às 10h na Itália (5h no Horário de Brasília), o Papa delegou o cardeal Angelo De Donatis para presidir a celebração eucarística na Basílica de São Pedro, mas todas as dioceses do mundo são convidadas a celebrar a data com uma liturgia dedicada aos idosos.
O convite para visitar idosos sozinhos
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida dá indicações de como participar do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: celebrando uma missa ou visitando os idosos que vivem sozinhos, inclusive utilizando o material pastoral e litúrgico disponibilizado em modalidade on-line no site do próprio Dicastério. Quem visitar ou acompanhar os idosos sozinhos, por exemplo, a Igreja vai conceder uma indulgência plenária para quem o fizer perto do dia 24 de julho. Segundo o Papa Francisco:
“A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo.”
Por ocasião da data comemorativa, o cardeal De Donatis escreveu aos párocos da diocese e a todas as pessoas de idade avançada que moram em Roma. Durante o período de verão europeu, disse ele, muitas atividades são paralisadas e muitos idosos não saem de férias, mas permanecem na cidade "e às vezes se sentem ainda mais abandonados". O convite do cardeal é justamente "pensar num momento simples e significativo para os idosos". No ano passado, por exemplo, lembrou ele, algumas paróquias locais propuseram uma missa campal à noite, com a bênção dos idosos, seguida de animação musical e jantar:
“Exorto vocês a visitar os idosos em casa ou nas casas de repouso. Esses simples gestos de atenção, realizados com amor e caridade pastoral, dão coragem e luz a tantas pessoas sozinhas.”
Já o cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, observou que, “com o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, o Santo Padre nos convida a tomar consciência da importância dos idosos na vida da sociedade e das nossas comunidades e a fazê-lo, não de modo pontual, mas estrutural”. De fato, em 2021, o Papa Francisco estabeleceu que o Dia Mundial seria celebrado todos os anos, no quarto domingo de julho, em proximidade da festa de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus.
Neste ano, que cai em 24 de julho, também inicia a viagem apostólica ao Canadá, durante a qual está prevista uma visita ao Santuário de Sant’Ana e um encontro com jovens e idosos numa escola primária de Iqaluit. O cuidado dos idosos e o diálogo entre eles e as novas gerações é uma preocupação constante do Pontífice que dedicou boa parte da Audiência Geral das quartas-feiras deste ano a catequeses sobre a velhice. Além disso, a intenção de oração que Francisco confiou a toda a Igreja através da Rede Mundial de Oração do Papa para este mês de julho é também pelos idosos. Fonte: https://www.vaticannews.va
Abusos: Papa reitera "tolerância zero" e encoraja religiosos a denunciar
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Francisco interrompeu sua pausa de verão para receber numa única audiência os participantes de três Capítulos em andamento em Roma. A eles, indicou o critério essencial do discernimento: a evangelização. Mais uma vez manifestou sua solidariedade ao povo ucraniano e recomendou aos religiosos: tolerância zero na questão dos abusos.
Ouça a reportagem com a voz do Papa
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
O Papa Francisco quebrou o “jejum” das audiências deste mês de julho recebendo esta quinta-feira os capitulares de três Congregações religiosas: Ordem Basiliana de São Josafat, Ordem da Mãe de Deus e Congregação da Missão.
Não se trata de uma "salada de frutas" de institutos, brincou o Papa no início de sua saudação, afirmando que esta foi a modalidade encontrada neste período em que estão suspensas as audiências no Vaticano. Mas que faz questão de receber os Capítulos.
Evangelização: critério essencial
E foi justamente a experiência capitular o tema do discurso do Santo Padre, que convidou os presentes a “saborearem” este momento que a pandemia impossibilitou durante tanto tempo. De fato, disse o Papa, isso deveria ajudar a não dar como certo o fato de poder se encontrar, confrontar-se olhando nos olhos e, sobretudo, rezar e ouvir juntos a Palavra e compartilhar a Eucaristia.
O Capítulo, prosseguiu Francisco, é o momento do discernimento comunitário, uma das mais belas e fortes experiências eclesiais. Com a ajuda do Espírito Santo, busca-se ver em que medida foram fiéis ao carisma e que direção seguir. "Se não tem o Espírito num Capítulo, fechem as portas e voltem para casa! O Espírito deve ser quase o protagonista de um Capítulo", disse o Papa. Para isso, indicou o critério essencial: a evangelização. Isto é, se as escolhas feitas, os métodos, os instrumentos e os estilos de vida são orientados a testemunhar e anunciar o Evangelho. Não obstante os carismas sejam diferentes, todos podem e devem cooperar para a evangelização. Citando a Evangelii Nutiandi de Paulo VI, o Pontífice recordou que a "vocação da Igreja é evangelizar, a alegria da Igreja é evangelizar".
Este chamado não diz respeito somente ao plano pessoal, como todo batizado, mas também de forma comunitária, com a vida fraterna. “Esta é a via mestra para mostrar a pertença a Cristo”, disse Francisco, reconhecendo, porém, quanto seja difícil. Inconcebível para a mentalidade do mundo, a vida em comunidade requer uma atitude cotidiana de conversão, de colocar-se em discussão e de vigilância sobre as rigidezes.
Mas sobretudo, indicou Francisco, requer humildade e simplicidade de coração. Por não ser “dons naturais”, devem ser pedidos incessantemente a Deus. Não se trata de manter relações de fachada e sorrisos artificiais, mas de viver uma fraternidade livre. Só assim, pode transparecer a verdadeira alegria: “A alegria de ser de Cristo e de sê-lo juntos, com os nossos limites e os nossos pecados. Alegria de ser perdoados por Deus e compartilhar este perdão com os irmãos. Esta alegria não se pode esconder, transparece! E é contagiosa”.
Cuidado com as fofocas
É a alegria dos santos outro elemento importante de uma Congregação. No caso dos capitulares presentes São João Leonardi, São Josafat e São Vicente de Paulo. Estes santos mostram a importância de rezar e trabalhar. Foram evangelizadores, não proselitistas. Do ponto de vista da evangelização, não servem propostas místicas sem compromisso social e missionário, nem práxis sociais e pastorais sem espiritualidade. “Não se nasce fundadores!”, afirmou o Papa. Mas se torna por atração: o santo não atrai para si, mas para o Senhor.
Eis então as palavras-chave: humildade, simplicidade de coração e alegria. “Este é o caminho de uma fraternidade evangelizante. Impossível aos homens, mas não a Deus!” O Papa mais uma vez alertou para as insídias das fofocas, que destroem a alegria comunitária.
Ucrânia e abusos
Antes de concluir, Francisco dirigiu seu pensamento à Ucrânia, lugar de origem de São Josafat, membro da Ordem de São Basílio. Neste momento de "dor e martírio" da pátria ucraniana, o Pontífice manifestou a sua solidariedade e a de toda a Igreja. Pediu mais uma vez que não nos habituemos à guerra, afirmando que outro dia viu que a notícia sobre o conflito estava somente na página 9 de um jornal. "Faço votos de que o Senhor tenha compaixão e esteja próximo com o dom da paz."
Por fim, uma mensagem importante, desta vez às três congregações.
"Por favor, lembrem-se bem disto: tolerância zero com os abusos contra menores ou pessoas vulneráveis. Tolerância zero." Este problema não se resolve com a transferência do abusador. Por isso encorajou: "Não tenham vergonha de denunciar". Fonte: https://www.vaticannews.va
Lembra-te do teu fim e deixa o ódio
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É uma frase da Bíblia, extraída do Livro de Sirac. O Papa a recordou em um Angelus e hoje parece cada vez mais atual diante das palavras de ódio que estão sendo ouvidas e diante dos riscos de uma expansão da guerra na Ucrânia. Com ódio, também a indiferença põe em perigo a humanidade: há tantas vítimas de guerras esquecidas no mundo
Sergio Centofanti – Vatican News
Quando as palavras de ódio aumentam, cresce o risco de que se tornem gestos de violência, se já não se tornaram armas que matam e destroem. Em um mundo já ferido por tantos conflitos e tanta indiferença para com aqueles que sofrem, quando as palavras de ódio se multiplicam, os perigos se tornam maiores para todos. Aqueles com importantes poderes decisórios podem mais facilmente apertar os botões errados se estiverem repletos daquela raiva que é alimentada por palavras inflamatórias. Toda a humanidade corre mais riscos se as palavras de ódio forem proferidas pelos poderosos deste mundo.
Uma frase contra o rancor
"Lembra-te do teu fim e deixa o ódio", lemos na Bíblia (Sir 28,6). Isto foi escrito há cerca de 2200 anos por um judeu de Jerusalém, Yehoshua Ben Sirac. O Papa ressaltou essa passagem em um Angelus dois anos atrás, em 13 de setembro de 2020:
Hoje, pela manhã, enquanto celebrava a Missa, parei e fiquei impressionado com uma frase da primeira Leitura, no livro de Sirac. A frase diz assim: "Lembra-te do teu fim e deixa o ódio". Linda frase! Pense no fim! Pensa que você estará em um caixão ... e levará ali o seu ódio? Pense no fim, pare de odiar! Pare o ressentimento. Pensemos nesta frase, tão pungente: "Lembra-te do teu fim e deixa o ódio".
"Lembra-te da corrupção e da morte" - continua Sirac - "e não tenhas ressentimento do próximo ... Perdoa a ofensa a teu próximo e então pela tua oração teus pecados serão perdoados."
Ódio e indiferença
Odiar faz mal a si mesmo antes que aos outros. Mas também a indiferença é um grande mal. Esquecemos muitas situações dolorosas, viramos o rosto para o outro lado, nos acostumamos com o sofrimento dos outros, entre os quais estão aqueles que continuam a viver e a morrer em guerras esquecidas.
Síria esquecida
Há mais de 11 anos há combates na Síria: há cerca de meio milhão de mortos e mais de 11 milhões de refugiados e deslocados. O cardeal Mario Zenari, núncio em Damasco, diz com tristeza: fomos esquecidos, "a esperança foi embora do coração de tantas pessoas e em particular do coração dos jovens, que não veem futuro em seu país e procuram emigrar". Há fome: "Há falta de pão e agora, com a guerra na Ucrânia, até mesmo de farinha". Nestes anos de guerra, talvez dois terços dos cristãos tenham deixado a Síria: "Nestes conflitos, os grupos minoritários são o elo mais fraco da corrente". E agora há um esquecimento: "Isto - observa - é mais uma grave desgraça que se abateu sobre a Síria". A de cair no esquecimento. Este esquecimento machuca muito as pessoas".
Fome e guerra na Etiópia
O cardeal Berhaneyesus Souraphiel, arcebispo de Adis-Abeba, fala da guerra e da fome na Etiópia: "Milhões de etíopes precisam desesperadamente de assistência humanitária". Quem se lembra deles?
O Calvário de Mianmar
Em Mianmar "ainda estamos no Calvário", diz o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangun, com um regime militar que não poupa ataques às igrejas e a milhares de refugiados birmaneses que vagueiam na floresta. Ninguém é poupado pelo colapso da economia: mais da metade da população é reduzida à pobreza. Os jovens se sentem privados de seu futuro. Nesta via-sacra - afirma - "a fé profunda do povo é impressionante... Como cristãos, encontramos esperança no profundo mistério da loucura da cruz".
Iêmen, periferia do mundo
O bispo Paul Hinder, vigário apostólico emérito do Sul da Arábia, fala sobre a guerra esquecida no Iêmen, onde a emergência humanitária está afligindo milhões de pessoas. Mais de 2 milhões de crianças arriscam suas vidas por causa da fome: "Estas guerras esquecidas - diz ele - são de pouco interesse. O Iêmen está para muitos realmente na periferia do mundo". Fonte: https://www.vaticannews.va
Poderíamos todos viver em paz
Estas são apenas algumas guerras esquecidas. As guerras muitas vezes começam com palavras de ódio. "Hoje devemos dizê-lo claramente - disse o Papa Francisco -, há muitos semeadores de ódio no mundo, que destroem", porque "a língua é uma arma feroz, mata", enquanto "poderíamos viver como irmãos, todos nós, em paz" (Missa na Santa Marta, 12 de novembro de 2019). Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O LVI DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
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Escutar com o ouvido do coração
Queridos irmãos e irmãs!
No ano passado, refletimos sobre a necessidade de «ir e ver» para descobrir a realidade e poder narrá-la a partir da experiência dos acontecimentos e do encontro com as pessoas. Continuando nesta linha, quero agora fixar a atenção noutro verbo, «escutar», que é decisivo na gramática da comunicação e condição para um autêntico diálogo.
Com efeito, estamos a perder a capacidade de ouvir a pessoa que temos à nossa frente, tanto na teia normal das relações quotidianas como nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil. Ao mesmo tempo, a escuta está a experimentar um novo e importante desenvolvimento em campo comunicativo e informativo, através das várias ofertas de podcast e chat audio, confirmando que a escuta continua essencial para a comunicação humana.
A um médico ilustre, habituado a cuidar das feridas da alma, foi-lhe perguntada qual era a maior necessidade dos seres humanos. Respondeu: «O desejo ilimitado de ser ouvidos». Apesar de frequentemente oculto, é um desejo que interpela toda a pessoa chamada a ser educadora, formadora, ou que desempenhe de algum modo o papel de comunicador: os pais e os professores, os pastores e os agentes pastorais, os operadores da informação e quantos prestam um serviço social ou político.
Escutar com o ouvido do coração
A partir das páginas bíblicas aprendemos que a escuta não significa apenas uma perceção acústica, mas está essencialmente ligada à relação dialogal entre Deus e a humanidade. O «shema’ Israel – escuta, Israel» (Dt 6, 4) – as palavras iniciais do primeiro mandamento do Decálogo – é continuamente lembrado na Bíblia, a ponto de São Paulo afirmar que «a fé vem da escuta» (Rm 10, 17). De facto, a iniciativa é de Deus, que nos fala, e a ela correspondemos escutando-O; e mesmo este escutar fundamentalmente provém da sua graça, como acontece com o recém-nascido que responde ao olhar e à voz da mãe e do pai. Entre os cinco sentidos, parece que Deus privilegie precisamente o ouvido, talvez por ser menos invasivo, mais discreto do que a vista, deixando consequentemente mais livre o ser humano.
A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-Se como Aquele que, falando, cria o homem à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor. Deus ama o homem: por isso lhe dirige a Palavra, por isso «inclina o ouvido» para o escutar.
O homem, ao contrário, tende a fugir da relação, a virar as costas e «fechar os ouvidos» para não ter de escutar. Esta recusa de ouvir acaba muitas vezes por se transformar em agressividade sobre o outro, como aconteceu com os ouvintes do diácono Estêvão que, tapando os ouvidos, atiraram-se todos juntos contra ele (cf. At 7, 57).
Assim temos, por um lado, Deus que sempre Se revela comunicando-Se livremente, e, por outro, o homem, a quem é pedido para sintonizar-se, colocar-se à escuta. O Senhor chama explicitamente o homem a uma aliança de amor, para que possa tornar-se plenamente aquilo que é: imagem e semelhança de Deus na sua capacidade de ouvir, acolher, dar espaço ao outro. No fundo, a escuta é uma dimensão do amor.
Por isso Jesus convida os seus discípulos a verificar a qualidade da sua escuta. «Vede, pois, como ouvis» (Lc 8, 18): faz-lhes esta exortação depois de ter contado a parábola do semeador, sugerindo assim que não basta ouvir, é preciso fazê-lo bem. Só quem acolhe a Palavra com o coração «bom e virtuoso» e A guarda fielmente é que produz frutos de vida e salvação (cf. Lc 8, 15). Só prestando atenção a quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma técnica, mas a «capacidade do coração que torna possível a proximidade» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171).
Ouvidos, temo-los todos; mas muitas vezes mesmo quem possui um ouvido perfeito, não consegue escutar o outro. Pois existe uma surdez interior, pior do que a física. De facto, a escuta não tem a ver apenas com o sentido do ouvido, mas com a pessoa toda. A verdadeira sede da escuta é o coração. O rei Salomão, apesar de ainda muito jovem, demonstrou-se sábio ao pedir ao Senhor que lhe concedesse «um coração que escuta» ( 1 Rs 3, 9). E Santo Agostinho convidava a escutar com o coração ( corde audire), a acolher as palavras, não exteriormente nos ouvidos, mas espiritualmente nos corações: «Não tenhais o coração nos ouvidos, mas os ouvidos no coração» [1]. E São Francisco de Assis exortava os seus irmãos a «inclinar o ouvido do coração» [2].
Por isso, a primeira escuta a reaver quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si mesmo, das próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não se pode recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. Não fomos feitos para viver como átomos, mas juntos.
A escuta como condição da boa comunicação
Há um uso do ouvido que não é verdadeira escuta, mas o contrário: o espionar. De facto, uma tentação sempre presente, mas que neste tempo da social web parece mais assanhada, é a de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para os nossos interesses. Ao contrário, aquilo que torna boa e plenamente humana a comunicação é precisamente a escuta de quem está à nossa frente, face a face, a escuta do outro abeirando-nos dele com abertura leal, confiante e honesta.
Esta falta de escuta, que tantas vezes experimentamos na vida quotidiana, é real também, infelizmente, na vida pública, onde com frequência, em vez de escutar, «se fala pelos cotovelos». Isto é sintoma de que se procura mais o consenso do que a verdade e o bem; presta-se mais atenção à audience do que à escuta. Ao invés, a boa comunicação não procura prender a atenção do público com a piada foleira visando ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura fazer compreender a complexidade da realidade. É triste quando surgem, mesmo na Igreja, partidos ideológicos, desaparecendo a escuta para dar lugar a estéreis contraposições.
Na realidade, em muitos diálogos, efetivamente não comunicamos; estamos simplesmente à espera que o outro acabe de falar para impor o nosso ponto de vista. Nestas situações, como observa o filósofo Abraham Kaplan [3], o diálogo não passa de duólogo, ou seja um monólogo a duas vozes. Ao contrário, na verdadeira comunicação, o eu e o tu encontram-se ambos «em saída», tendendo um para o outro.
Portanto, a escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação. Não se comunica se primeiro não se escutou, nem se faz bom jornalismo sem a capacidade de escutar. Para fornecer uma informação sólida, equilibrada e completa, é necessário ter escutado prolongadamente. Para narrar um acontecimento ou descrever uma realidade numa reportagem, é essencial ter sabido escutar, prontos mesmo a mudar de ideia, a modificar as próprias hipóteses iniciais.
Com efeito, só se sairmos do monólogo é que se pode chegar àquela concordância de vozes que é garantia duma verdadeira comunicação. Ouvir várias fontes, «não parar na primeira locanda» – como ensinam os especialistas do oficio – garante credibilidade e seriedade à informação que transmitimos. Escutar várias vozes, ouvir-se – inclusive na Igreja – entre irmãos e irmãs, permite-nos exercitar a arte do discernimento, que se apresenta sempre como a capacidade de se orientar numa sinfonia de vozes.
Entretanto para quê enfrentar este esforço da escuta? Um grande diplomata da Santa Sé, o cardeal Agostinho Casaroli, falava de «martírio da paciência», necessário para escutar e fazer-se escutar nas negociações com os interlocutores mais difíceis a fim de se obter o maior bem possível em condições de liberdade limitada. Mas, mesmo em situações menos difíceis, a escuta requer sempre a virtude da paciência, juntamente com a capacidade de se deixar surpreender pela verdade – mesmo que fosse apenas um fragmento de verdade – na pessoa que estamos a escutar. Só o espanto permite o conhecimento. Penso na curiosidade infinita da criança que olha para o mundo em redor com os olhos arregalados. Escutar com este estado de espírito – o espanto da criança na consciência dum adulto – é sempre um enriquecimento, pois haverá sempre qualquer coisa, por mínima que seja, que poderei aprender do outro e fazer frutificar na minha vida.
A capacidade de escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo ferido pela longa pandemia. A grande desconfiança que anteriormente se foi acumulando relativamente à «informação oficial», causou também uma espécie de «info-demia» dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e transparente o mundo da informação. É preciso inclinar o ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo abrandamento ou cessação de muitas atividades económicas.
A própria realidade das migrações forçadas é uma problemática complexa, e ninguém tem pronta a receita para a resolver. Repito que, para superar os preconceitos acerca dos migrantes e amolecer a dureza dos nossos corações, seria preciso tentar ouvir as suas histórias. Dar um nome e uma história a cada um deles. Há muitos bons jornalistas que já o fazem; e muitos outros gostariam de o fazer, se pudessem. Encorajemo-los! Escutemos estas histórias! Depois cada qual será livre para sustentar as políticas de migração que considerar mais apropriadas para o próprio país. Mas então teremos diante dos olhos, não números nem invasores perigosos, mas rostos e histórias de pessoas concretas, olhares, expetativas, sofrimentos de homens e mulheres para ouvir.
Escutar-se na Igreja
Também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Nós, cristãos, esquecemo-nos de que o serviço da escuta nos foi confiado por Aquele que é o ouvinte por excelência e em cuja obra somos chamados a participar. «Devemos escutar através do ouvido de Deus, se queremos poder falar através da sua Palavra» [4]. Assim nos lembra o teólogo protestante Dietrich Bonhöffer que o primeiro serviço na comunhão que devemos aos outros é prestar-lhes ouvidos. Quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar o próprio Deus [5].
Na ação pastoral, a obra mais importante é o «apostolado do ouvido». Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade.
Recentemente deu-se início a um processo sinodal. Rezemos para que seja uma grande ocasião de escuta recíproca. Com efeito, a comunhão não é o resultado de estratégias e programas, mas edifica-se na escuta mútua entre irmãos e irmãs. Como num coro, a unidade requer, não a uniformidade, a monotonia, mas a pluralidade e variedade das vozes, a polifonia. Ao mesmo tempo, cada voz do coro canta escutando as outras vozes na sua relação com a harmonia do conjunto. Esta harmonia é concebida pelo compositor, mas a sua realização depende da sinfonia de todas e cada uma das vozes.
Cientes de participar numa comunhão que nos precede e inclui, possamos descobrir uma Igreja sinfónica, na qual cada um é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como dom as dos outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo compõe.
Roma, São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2022.
Francisco
[1] «Nolite habere cor in auribus, sed aures in corde» ( Sermo 380, 1: Nova Biblioteca Agostiniana 34, 568).
[2] Carta à Ordem inteira: Fontes Franciscanas, 216.
[3] Cf. «The life of dialogue» , in J. D. Roslansky (ed.), Communication. A discussion at the Nobel Conference (North-Holland Publishing Company – Amesterdão 1969), 89-108.
[4] D. Bonhöfffer, La vita comune (Queriniana – Bréscia 2017), 76.
[5] Cf. ibid., 75. Fonte: https://www.vatican.va
Papa: "Não se pode dar a paz se não se está em paz".
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"A paz de Jesus vem do seu coração manso, habitado pela confiança e daqui flui a paz que nos deixou: não se pode deixar a paz para os outros se não se a tem em si mesmo. Não se pode dar a paz se não se está em paz". São palavras do Papa Francisco na oração do Regina Caeli deste VI Domingo de Páscoa na Praça São Pedro
Jane Nogara - Vatican News
Na oração do Regina Caeli deste domingo, 22 de maio, VI Domingo de Páscoa, o Papa Francisco falou sobre a paz com as palavras de Jesus, recordando as palavras ditas pelo mestre na Última Ceia. Embora Jesus soubesse tudo o que aconteceria, estava sereno, e disse ao se despedir dos discípulos: “Deixo-vos a paz" e "Eu vos dou a minha paz" (Jo 14, 27).
Se morre como se viveu
Francisco refletiu sobre estas palavras destacando que Jesus “em vez de mostrar agitação, ele permanece gentil até o final. Um provérbio diz que se morre como se viveu. As últimas horas de Jesus são, de fato, como a essência de toda a sua vida. Ele sente medo e dor, mas não dá espaço para ressentimentos e protestos”. Explica que a paz de Jesus vem do seu coração manso, habitado pela confiança e daqui flui a paz que Jesus nos deixou, concluindo:
“Pois não se pode deixar a paz para os outros se não se a tem em si mesmo. Não se pode dar a paz se não se está em paz”
A mansidão é possível
Francisco diz ainda que este gesto demonstra que a mansidão é possível e que Ele a encarnou no momento mais difícil e quer que nos comportemos assim.
“Isto é testemunhar Jesus e vale mais do que mil palavras e muitos sermões. Perguntemo-nos se, nos lugares onde vivemos, nós discípulos de Jesus nos comportamos assim: aliviamos as tensões, extinguimos os conflitos? Estamos também nós em atrito com alguém, sempre prontos para reagir, para explodir, ou sabemos como responder com a não-violência, com palavras e gestos mansos?”.
E o Papa pondera ainda “É claro que esta mansidão não é fácil: como é difícil, em todos os níveis, acabar com os conflitos!”. Porém, segue Francisco, neste ponto vem em nosso auxílio a segunda frase de Jesus: ‘Eu vos dou a minha paz’. Ele sabe que sozinhos não somos capazes de manter a paz, que precisamos de ajuda, um dom”.
Dom de Deus, ajuda para a paz
Explicando em seguida que a paz, que é nosso compromisso, é, antes de tudo, um dom de Deus.
“De fato, Jesus diz: ‘Eu vos dou a minha paz. Não como o mundo dá, eu a dou a vós’. Que paz é essa que o mundo não conhece e que o Senhor nos dá? É o Espírito Santo, o mesmo Espírito de Jesus. É a presença de Deus em nós, é a ‘força da paz’ de Deus”
Francisco acrescenta sobre este ponto:
“É Ele, o Espírito Santo, quem desarma o coração e o enche de serenidade. É Ele, o Espírito Santo, quem derrete a rigidez e extingue as tentações de agredir os outros. É Ele, o Espírito Santo, quem nos lembra que ao nosso lado há irmãos e irmãs, não obstáculos e adversários. É Ele, o Espírito Santo, quem nos dá a força para perdoar, para recomeçar, porque com as nossas forças não podemos. E é com Ele, com o Espírito Santo, que se torna homens e mulheres de paz”.
Por fim recorda que nenhum fracasso, nenhum rancor deve nos desencorajar de pedir com insistência o dom do Espírito Santo, porque “quanto mais agitado está o nosso coração, quanto mais sentirmos dentro de nós nervosismo, impaciência, raiva, mais devemos pedir ao Senhor o Espírito de paz. Aprendamos a dizer todos os dias: 'Senhor, dá-me tua paz, dá-me o Espírito Santo'". Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: o cristão é filho da escuta
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“O Senhor é a Palavra do Pai e o cristão é 'filho da escuta', chamado a viver com a Palavra de Deus ao alcance da mão”, palavras do Papa Francisco durante o Regina Coeli deste domingo, 8 de maio
Jane Nogara - Vatican News
No 4° Domingo de Páscoa (08/05) durante o Regina Caeli, Francisco falou sobre “o bom pastor”. Para recordar esta “terna e bela imagem” do pastor com suas ovelhas, o Papa usou três verbos, presentes no Evangelho de João, refletindo sobre eles: escutar, conhecer, seguir.
Escutar
“Antes de tudo, as ovelhas escutam a voz do pastor. A iniciativa vem sempre do Senhor; tudo parte da sua graça: é Ele quem nos chama à comunhão com Ele. Mas esta comunhão se realiza se nos abrirmos à escuta. Escutar significa disponibilidade, docilidade, tempo dedicado ao diálogo”. O Papa destacou que a escuta é fundamental para o Senhor, explicando:
“O Senhor é a Palavra do Pai e o cristão é filho da escuta, chamado a viver com a Palavra de Deus ao alcance da mão”
Recomendando que escutemos os outros, pois “quem escuta os outros também escuta o Senhor, e vice-versa”. "Hoje estamos sobrecarregados de palavras - disse ainda o Papa - e com a pressa de sempre ter que dizer e fazer alguma coisa, na verdade quantas vezes duas pessoas estão falando e uma não espera que a outra termine seu pensamento, ela corta a conversa pela metade, responde sem esperar .. Mas se você não o deixa falar, não há escuta. Este é um mal do nosso tempo. Hoje estamos sobrecarregados pelas palavras, pela pressa de sempre ter que dizer algo, temos medo do silêncio".
Conhecer
“Escutar Jesus torna-se assim o caminho para descobrir que Ele nos conhece. Aqui está o segundo verbo, que diz respeito ao bom pastor: Ele conhece suas ovelhas”, explica Francisco. Enfatizando:
“Conhecer no sentido bíblico significa amar. Significa que o Senhor, enquanto ‘nos lê por dentro’, nos ama”
“Ele quer nos dar um novo e maravilhoso conhecimento – continua o Papa - o de saber que somos sempre amados por Ele e, portanto, nunca deixados sós, a nós mesmos”. Neste ponto o Papa adverte que devemos nos perguntar: “eu me deixo ser conhecido pelo Senhor? Eu lhe abro espaço na minha vida, levo-lhe o que eu vivo?”
Seguir
Ao refletir sobre o terceiro verbo sobre o bom pastor Francisco disse: “As ovelhas que escutam e se descobrem conhecidas seguem o seu pastor. E quem segue a Cristo, o que faz? Vai para onde Ele for, na mesma estrada, na mesma direção”. Recordando ainda que seguir significa interessar-se pelos que estão longe, carregar no coração a situação dos que sofrem, sabe chorar com os que choram, estender a mão ao próximo, carregá-lo sobre os ombros.
O Papa concluiu invocando:
“Que a Virgem Santíssima nos ajude a escutar Cristo, a conhecê-lo cada vez mais e a segui-lo no caminho do serviço”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco: que o trabalho seja digno
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Trabalho digno para todos e em todos os lugares, defendeu o Papa neste Dia de São José Operário. De modo especial, falou dos jornalistas que se arriscam para noticiar as chagas da humanidade.
Vatican News
No Dia de São José Operário, festa do trabalhador, o Papa Francisco renovou seu apelo para que em todos os lugares e para todos "o trabalho seja digno".
As palavras do Pontífice foram pronunciadas ao final da oração do Regina Coeli deste primeiro de maio. E ao mundo do trabalho, exortou a fazer crescer uma "economia de paz". De modo especial, o Papa fez uma homenagem a todos os operários mortos na realização do seu ofício: "Uma tragédia muito comum, talvez demasiadamente comum".
Francisco citou ainda uma categoria especial de trabalhadores: os jornalistas. No dia 3 de maio, a Unesco promove o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa:
"Presto homenagem aos jornalistas que pagam pessoalmente para servir este direito", disse o Papa, citando dados alarmantes. No ano passado, 47 jornalistas foram mortos e mais de 350 encarcerados. “Um agradecimento especial àqueles que, com coragem, nos informam sobre as chagas da humanidade.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa na Festa da Divina Misericórdia: Jesus nos quer "tecelões" de reconciliação
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No ano 2000, na cerimônia de canonização de santa Faustina Kowalska, São João Paulo II dispôs que o segundo Domingo de Páscoa passasse a se chamar "Domingo da Divina Misericórdia". Em sua homilia, o Papa Francisco afirmou que Jesus procura em nós testemunhas para o mundo destas suas palavras: “A paz esteja convosco!”
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Tecelões de reconciliação: é o que Jesus espera de nós, disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Basílica de São Pedro, no Domingo da Divina Misericórdia. A cerimônia foi presidida pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella.
O Pontífice comentou o Evangelho deste II Domingo da Páscoa, quando Jesus aparece aos discípulos e mostra as suas chagas. De modo especial, se deteve sobre a saudação “A paz esteja convosco!”, que aparece três vezes neste episódio.
Trata-se da saudação do Ressuscitado que vem ao encontro de todas as fraquezas e erros humanos, explicou o Santo Padre. Cada exclamação de Jesus corresponde a uma ação da misericórdia divina: dá alegria; desperta o perdão; e consola durante o cansaço.
A alegria é fruto de se sentir gratuitamente perdoado
Na primeira vez, os discípulos estavam a portas fechadas, poderiam ter se sentido envergonhados por terem abandonado Jesus no momento crucial da sua vida. Em vez disso, se alegraram ao vê-Lo.
Eles são distraídos de si mesmos e de seus fracassos e atraídos pelo olhar do Senhor, onde não há severidade, mas misericórdia. Cristo não se queixa do passado, mas transmite-lhes a benevolência de sempre.
“Esta é a alegria de Jesus, a alegria que também nós sentimos ao experimentar o seu perdão”, disse ainda o Papa. A experiência dos discípulos pode ser também a nossa, a desolação após uma queda, um pecado ou um fracasso. Mas ali mesmo o Senhor tudo faz para nos dar a sua paz através de uma Confissão, das palavras de uma pessoa que se aproxima, de uma consolação interior do Espírito, de um acontecimento inesperado e surpreendente.
“Sim, a alegria de Deus é uma alegria que nasce do perdão e que traz paz, uma alegria que eleva sem humilhar. (...) Porque nada pode ser como antes para quem experimenta a alegria de Deus!”
Tecelão de reconciliação
Mas ao receber a misericórdia divina, todos os fiéis tornam-se por sua vez dispensadores da mesma misericórdia que receberam. Jesus diz: “A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados”.
“E hoje e sempre na Igreja, o perdão deve chegar-nos assim, através da humilde bondade de um confessor misericordioso, que sabe que não é detentor de algum poder, mas canal de misericórdia, que derrama sobre os outros o perdão do qual ele primeiro se beneficiou.”
A este ponto, o Pontífice se dirigiu diretamente aos centenas de Missionários da Misericórdia, que participam em Roma de seu II Encontro, pedindo que não "torturem" os fiéis na Confissão. "Deus perdoa tudo: não se deve fechar as portas."
“Sintamo-nos chamados a isso”, exortou Francisco, convidando cada fiel a se perguntar se é um “tecelão de reconciliação” na comunidade, na família e no trabalho.
“Jesus procura em nós testemunhas para o mundo destas suas palavras: ‘A paz esteja convosco!’”
Meu Senhor e meu Deus!
Por fim, a misericórdia divina consola durante o cansaço. A este ponto, o Papa comentou a incredulidade de Tomé, que não escandaliza Jesus; pelo contrário, o trata com benevolência, que o leva a exclamar: “Meu Senhor e meu Deus!”.
“É uma bela invocação”, afirmou o Papa, que pode ser repetida ao longo do dia, especialmente quando experimentamos dúvidas e trevas. Aliás, em Tomé está presente a história de cada fiel quando vive momentos de crise.
Nessas situações, recordou o Papa, Jesus não vem triunfante e com provas contundentes, não realiza milagres prodigiosos, mas oferece as suas feridas.
E mais: também faz descobrir as feridas dos irmãos, porque há sempre quem esteja pior. Cuidando das feridas do próximo, renasce em nós uma nova esperança.
“Quando fazemos isso, encontramos Jesus que, com os olhos de quem é provado pela vida, nos olha com misericórdia e nos repete: ‘A paz esteja convosco!’” Fonte: https://www.vaticannews.va
Igreja em estado permanente de missão
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“O cristão é convidado a comprometer-se missionariamente, “como tarefa diária", em “levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos” de modo informal, “durante uma conversa”, “espontaneamente, em qualquer lugar", “de modo respeitoso e amável". O primeiro momento é o diálogo, que estimula a partilhar alegrias, esperanças e preocupações; o segundo é a apresentação da Palavra, “sempre recordando o anúncio fundamental: o amor de Deus".
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“Recordemos que a missão não é fazer proselitismo. A missão baseia-se no encontro entre as pessoas, no testemunho de homens e mulheres que dizem: "Eu conheço Jesus, gostaria que tu também O conhecesses". Em outubro de 2021, início do caminho sinodal e no dia em que era celebrado o Dia Mundial das Missões, o Papa Francisco fez o convite a rezar "para que cada batizado participe na evangelização e que cada batizado esteja disponível para a missão através do seu testemunho de vida. E que este testemunho de vida tenha o sabor do Evangelho".
Depois de “Papa Francisco e tarefa missionária”, tema tratado no programa passado, padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre o tema “Igreja em estado permanente de missão”:
“As Diretrizes anteriores da Conferência dos Bispos do Brasil (2015-2019) já apontavam o título e a expressão “Igreja em estado permanente de missão”, no documento número 102. Nesse documento anterior das Diretrizes gerais se dizia que “A Igreja oferece a todos o Evangelho de Jesus Cristo, assumindo com renovado ardor missionário e criatividade uma nova evangelização”, acolhendo aos fiéis que frequentam regularmente a comunidade e aos que, embora não tenham frequência regular, conservam uma fé católica intensa e sincera. Também procura as pessoas batizadas que já não vivem as exigências do batismo. A eles a Igreja oferece oportunidade de conversão, que os pode levar a reencontrar a alegria da fé, o compromisso com o Evangelho e a vivência comunitária. As missões populares, em suas diversas modalidades, respondendo ao apelo da Missão Continental, têm se mostrado um caminho eficaz de evangelização. Também as visitas sistemáticas nos locais de trabalho, nas moradias de estudantes, nas favelas e nos cortiços, nos alojamentos de trabalhadores, nas instituições de saúde, nos assentamentos, nas prisões, nos albergues e junto aos moradores de rua, entre outros, são testemunho de uma “Igreja em saída”, que se sente interpelada a buscar maior organicidade e eficácia neste serviço.
As Diretrizes anteriores alertavam assim: “Uma Igreja em estado permanente de missão nos leva a assumir a missão ad gentes, dando “de nossa pobreza”, em outras regiões e além-fronteiras. Uma Igreja Particular não pode esperar atingir a plena maturidade eclesial para, só então, começar a se preocupar com a missão para além de seu território. Através dos Conselhos Missionários, cada diocese é chamada a articular e animar as iniciativas de missão em seu território, com abertura à missão além-fronteiras” (DGAE, Doc. 102, n.78-79).
As atuais Diretrizes da CNBB (2019-2023), no Pilar da Ação Missionaria, destacam novamente a expressão Igreja em estado permanente de missão. No número 186 nos diz: "Onde Jesus nos envia? Não há fronteiras, não há limites: envia a todos" (ChV, n. 177). Deve ser meta das comunidades cristãs consolidar a mentalidade missionária. A missão é o paradigma de toda a ação eclesial. Ela, então, precisa ser assumida dessa forma (EG, n. 15). Por isso, o Papa Francisco apresenta um modelo missionário para os nossos tempos: a iniciativa de procurar as pessoas necessitadas da alegria da fé; o envolvimento com sua vida diária e seus desafios, tocando nelas a came sofredora de Cristo; o acompanhamento paciente em seu caminho de crescimento na fé; o reconhecimento dos frutos, mesmo que imperfeitos; a alegria e a festa em cada pequena vitória (EG, n. 24)”.
E continuam as diretrizes no número 187: “O cristão é convidado a comprometer-se missionariamente, “como tarefa diária", em “levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos” de modo informal, “durante uma conversa”, “espontaneamente, em qualquer lugar", “de modo respeitoso e amável". O primeiro momento é o diálogo, que estimula a partilhar alegrias, esperanças e preocupações; o segundo é a apresentação da Palavra, “sempre recordando o anúncio fundamental: o amor de Deus que se fez homem, entregou-se por nós e, vivo, oferece sua salvação e sua amizade; por fim, “se parecer prudente e houver condições, e bom que esse encontro fraterno e missionário se conclua com uma breve oração que se relacione com as preocupações que a pessoa manifestou” (EG, n. 127-128).”
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS. Fonte: https://www.vaticannews.va
Mensagem Urbi et Orbi: Deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível
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Cerca de 100 mil pessoas participaram da Missa de Páscoa na Praça São Pedro, presidida pelo Papa Francisco, ouviram sua mensagem pascal e receberam a benção Urbi et Orbi. O pensamento do Pontífice se concentrou nos vários países e regiões que vivem conflitos, particularmente a Ucrânia. Na América Latina, rezou por quem viu "piorar as suas condições sociais".
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
“Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa! Jesus, o Crucificado, ressuscitou!”
Assim o Papa Francisco saudou os fiéis presentes na Praça São Pedro e todos os que acompanharam a missa de Páscoa conectados pelos meios de comunicação em todo o mundo.
Cerca de 100 mil fiéis participaram da cerimônia, que pôde finalmente ser celebrada na Praça, após dois anos de pandemia, com os tradicionais enfeites florais para acolher o anúncio da ressurreição de Cristo.
Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra
Após a Missa, o Papa se dirigiu à sacada central da Basílica Vaticana, de onde dirigiu a a mensagem Urbi et Orbi (à cidade de Roma e a todo o mundo) e concedeu a Bênção Apostólica. Ele estava acompanhado pelos cardeais Renato Raffaele Martino e Michael Czerny.
O Pontífice repetiu as palavras de Cristo contidas no Evangelho de João, diante dos olhos incrédulos dos discípulos: «A paz esteja convosco!».
“Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra”, disse o Papa. Com todo o sangue e violência que vimos, temos dificuldade em acreditar que Jesus tenha verdadeiramente ressuscitado. “Terá porventura sido uma ilusão?”, questionou Francisco, que imediatamente respondeu: “Não. Não é uma ilusão!”.
E hoje, mais do que nunca precisamos Dele, no final de uma Quaresma que parece não ter fim. Ao invés de sairmos juntos do túnel da pandemia, demonstramos que existe ainda em nós o espírito de Caim, que vê Abel não como um irmão, mas como um rival.
Por isso temos necessidade do Ressuscitado para acreditar na vitória do amor, para esperar na reconciliação. Só Ele o pode fazer.
Crianças vítimas da guerra, mas também da fome
O Papa então dirigiu o seu olhar para todas as realidades que necessitam do anúncio pascal. Falando da “martirizada” Ucrânia, usou termos como crueldade e insensatez e pediu mais uma vez que não se habitue à guerra. De modo especial, citou o sofrimento das crianças não só ucranianas, mas também “as que morrem de fome ou por falta de cuidados médicos, as que são vítimas de abusos e violências e aquelas a quem foi negado o direito de nascer”.
Pediu paz no Médio Oriente, em particular entre israelenses e palestinos, no Líbano, na Síria e no Iraque. Paz também para a Líbia e para o Iêmen, para Mianmar e para o Afeganistão. Paz para todo o continente africano, particularmente na região do Sahel, na Etiópia, na República Democrática do Congo.
Na América Latina, a "guerra" social
Olhando para o continente americano, a oração do Papa é para que “Cristo ressuscitado acompanhe e assista as populações da América Latina, que, em alguns casos, viram piorar as suas condições sociais nestes tempos difíceis de pandemia, agravadas também por casos de criminalidade, violência, corrupção e tráfico de drogas”.
Falou também do Canadá, para que o Senhor ressuscitado acompanhe o caminho de reconciliação que a Igreja Católica no país está percorrendo com os povos autóctones.
A paz é possível!
Francisco concluiu recordando que cada guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, até à crise econômica e alimentar de que já se veem os primeiros sintomas.
Cristo, todavia, nos exorta a não nos render ao mal e à violência.
“Deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é responsabilidade primária de todos!” Fonte: https://www.vaticannews.va
'Páscoa de guerra': Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração no Vaticano
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'Páscoa de guerra': Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração no Vaticano
Pontífice ressaltou que conflito é 'cruel e sem sentido'
Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração da Páscoa no Vaticano Foto: REMO CASILLI / REUTERS
O Globo e agências internacionais
VATICANO — Durante a celebração de Páscoa neste domingo, o Papa Francisco fez novamente um apelo por paz na Ucrânia, país em guerra desde a invasão de tropas russas em 24 de fevereiro. Francisco ressaltou aos fiéis presentes no Vaticano que a nação ucraniana foi "arrastada" para um conflito "cruel e sem sentido" e alertou que a situação poderia levar à destruição da humanidade.
— Que os líderes das nações ouçam o apelo do povo pela paz. Que eles ouçam essa pergunta perturbadora feita pelos cientistas há quase setenta anos: "Vamos acabar os humanos, ou a humanidade deve renunciar à guerra?" — Lembrou o pontífice, citando o Manifesto Russell-Einstein de 1955, que alertava para a destruição global que poderia ser causada por armas nucleares — Por favor, não nos acostumemos com a guerra!
O papa também lamentou que, após dois anos de pandemia de Covid-19, quando todos "uniram forças e recursos" , o mundo esteja enfrentando uma "Páscoa de guerra".
— Estamos mostrando que ainda temos dentro de nós o espírito de Caim, que viu Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensou em como matá-lo. Precisamos do Senhor crucificado e ressuscitado para que possamos crer na vitória do amor e esperar a reconciliação — ressaltou o líder da Igreja Católica. Fonte: https://oglobo.globo.com
O Papa a Nossa Senhora: que cesse esta "guerra cruel e insensata que ameaça o mundo"
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Francisco presidiu a celebração penitencial na Basílica de São Pedro, no final da qual recitou a oração de Consagração da humanidade a Nossa Senhora, em particular a Rússia e a Ucrânia. As Igrejas no mundo unidas ao Papa.
Vatican News
O Papa Francisco presidiu a Celebração da Penitência com o Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria, na Basílica de São Pedro, na tarde desta sexta-feira (25/03), Solenidade da Anunciação do Senhor.
O Anjo Gabriel toma a palavra por três vezes para se dirigir à Virgem Maria. "A primeira vez, quando a saúda com estas palavras: «Alegra-Te, ó cheia de graça: o Senhor está contigo». O motivo para rejubilar, o motivo da alegria, é desvendado em poucas palavras: o Senhor está contigo", disse o Papa em sua homilia.
Segundo Francisco, "muitas vezes pensamos que a Confissão consiste em ir de cabeça inclinada ao encontro de Deus. Mas voltar para o Senhor não é primariamente obra nossa; é Ele que nos vem visitar, cumular da sua graça, alegrar com o seu júbilo. Confessar-se é dar ao Pai a alegria de nos levantar de novo. No centro daquilo que vamos viver, não estão os nossos pecados, mas o seu perdão".
Restituamos à graça o primado e peçamos o dom de compreender que a Reconciliação consiste antes de tudo, não num passo nosso para Deus, mas no seu abraço que nos envolve, deslumbra, comove. É o Senhor que entra em nossa casa, como na de Maria em Nazaré, e traz um deslumbramento e uma alegria antes desconhecidos. Como primeiro plano foquemos a perspectiva em Deus: voltaremos a gostar da Confissão. Precisamos dela, porque cada renascimento interior, cada viragem espiritual começa daqui, do perdão de Deus. Não negligenciemos a Reconciliação, mas voltemos a descobri-la como o sacramento da alegria. Sem qualquer rigidez, sem criar obstáculos nem incômodos; portas abertas à misericórdia!
A segunda vez que o Anjo fala a Maria, perturbada com a saudação recebida, é para Lhe dizer: «Não temas». Segundo Francisco, "na Sagrada Escritura, quando Deus aparece, gosta de dirigir estas duas palavras a quem O acolhe: não temas. Deste modo transmite-nos uma mensagem clara e reconfortante: sempre que a vida se abre a Deus, o medo deixa de ter-nos como reféns. A Virgem Maria nos acompanha: Ela mesma deixou a sua perturbação em Deus. O anúncio do Anjo dava-Lhe razões sérias para não temer. Propunha-Lhe algo de inimaginável, que estava para além das suas forças e, sozinha, não poderia levá-lo para diante: haveria muitas dificuldades, problemas com a lei mosaica, com José, com as pessoas da sua terra e do seu povo. Mas Maria não levanta objeções. Basta-Lhe aquele não temas, basta-Lhe a garantia de Deus. Agarra-Se a Ele, como queremos nós fazer esta noite. Porque muitas vezes fazemos o contrário: partimos das nossas certezas e, só quando as perdemos, é que vamos ter com Deus. Nossa Senhora ensina-nos o contrário: partir de Deus, com a confiança de que, assim, tudo o mais nos será dado. Convida-nos a ir à fonte, ao Senhor, que é o remédio radical contra o medo e os perigos da existência".
Nestes dias, notícias e imagens de morte continuam entrando dentro de nossas casas, enquanto as bombas destroem as casas de muitos dos nossos irmãos e irmãs ucranianos inermes. A guerra brutal, que se abateu sobre tantos e que a todos faz sofrer, provoca em cada um medo e consternação. Notamos dentro de nós uma sensação de impotência e inadequação. Precisamos ouvir dizer-nos: «não temas». Mas não bastam as garantias humanas, é necessária a presença de Deus, a certeza do perdão divino, o único que apaga o mal, desativa o rancor, restitui a paz ao coração. Voltemos a Deus, ao seu perdão.
Pela terceira vez, o Anjo retoma a palavra, para dizer a Nossa Senhora: «O Espírito Santo virá sobre Ti». "É assim que Deus intervém na história: dando o seu próprio Espírito. Porque nas coisas que contam, não bastam as nossas forças. Por nós sozinhos somos incapazes de resolver as contradições da história ou mesmo as do nosso coração. Precisamos da força sapiente e suave de Deus, que é o Espírito Santo. Precisamos do Espírito de amor, que dissolve o ódio, apaga o rancor, extingue a ganância, desperta-nos da indiferença. Precisamos do amor de Deus, porque o nosso amor é precário e insuficiente. Pedimos tantas coisas ao Senhor, mas muitas vezes esquecemo-nos de Lhe pedir o que é mais importante e que Ele nos deseja dar: o Espírito Santo, a força para amar", frisou o Papa.
Segundo Francisco, "se quisermos que mude o mundo, tem de mudar primeiro o nosso coração. Para o conseguirmos, deixemos hoje que Nossa Senhora nos leve pela mão. Olhemos para o seu Imaculado Coração, onde Deus descansou, para o único Coração de criatura humana sem sombras. Ela é «cheia de graça» e, portanto, vazia de pecado: n’Ela não há vestígios de mal e, assim, com Ela Deus pôde iniciar uma história nova de salvação e de paz. Naquele ponto, a história deu uma virada. Deus mudou a história, batendo à porta do Coração de Maria".
E hoje também nós, renovados pelo perdão de Deus, batemos à porta daquele Coração. Em união com os Bispos e os fiéis do mundo inteiro, desejo solenemente levar ao Imaculado Coração de Maria tudo o que estamos vivendo: renovar-Lhe a consagração da Igreja e da humanidade inteira e consagrar-Lhe de modo particular o povo ucraniano e o povo russo, que, com afeto filial, a veneram como Mãe. Não se trata duma fórmula mágica, mas dum ato espiritual. É o gesto da entrega plena dos filhos que, na tribulação desta guerra cruel e insensata que ameaça o mundo, recorrem à Mãe, lançando no seu Coração medo e sofrimento, entregando-se a si mesmos. É colocar naquele Coração límpido, incontaminado, onde Deus se espelha, os bens preciosos da fraternidade e da paz, tudo o temos e somos, para que seja Ela – a Mãe que o Senhor nos deu – a proteger-nos e guardar-nos.
Dos lábios de Maria brotou a frase mais bela que o Anjo pudesse referir a Deus: «Faça-se em Mim segundo a tua palavra». "Esta aceitação por parte de Nossa Senhora não é uma aceitação passiva nem resignada, mas o desejo vivo de aderir a Deus, que tem «desígnios de paz e não de desgraça». É a participação mais íntima no seu plano de paz para o mundo. Consagramo-nos a Maria para entrar neste plano, para nos colocarmos à inteira disposição dos desígnios de Deus. A Mãe de Deus, depois de ter dito o seu sim, empreendeu uma longa viagem subindo até uma região montanhosa para visitar a prima grávida. Hoje, que Ela tome pela mão o nosso caminho e o guie, através das veredas íngremes e cansativas da fraternidade e do diálogo, pela senda da paz", concluiu o Papa.
A oração do ato de consagração
Ao final da da liturgia penitencial na Basílica de São Pedro, o Papa pronuncia a seguinte oração para consagrar e confiar a humanidade, e especialmente a Rússia e a Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria:
"Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.
Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!
Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.
Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.
Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.
Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.
Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.
Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amem." Fonte: https://www.vaticannews.va
Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria da Rússia e da Ucrânia: Terço pela Paz
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(Texto para ser meditado em cada mistério)
Org. Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 25 de março-2022.
1º MISTÉRIO
Como filhos que recorrem à Mãe, a humanidade confia-se a Maria, Rainha da Paz, no meio da tempestade, de uma guerra desencadeada há um mês entre a Rússia e a Ucrânia.
A história da Igreja nos conta que houve vários atos de consagração ao Imaculado Coração de Maria, realizados pelos predecessores do Papa Francisco: Pio XII, Paulo VI e João Paulo II. Como inserir a escolha do Papa no contexto desta tradição?
Para nós é muito importante que o Magistério da Igreja tenha sempre, ao longo da história, olhado para Maria como aquela que é a imagem da unidade da Igreja, que cuida da Igreja, a quem, nos momentos difíceis, devemos sempre invocar para nos ajudar a encontrar a solução.
“Nos dias de hoje, a guerra que mais chama a atenção é a da Rússia e da Ucrânia, mas existem muitas outras que estão esquecidas, devido ao foco estar centrado nas duas nações. Tantas guerras que acontecem no dia a dia de nossas cidades, por meio da violência, grupos paramilitares que subtraem a presença do Estado, assaltos e mortes de inocentes. Mesmo nessa guerra da Rússia com a Ucrânia, quantos inocentes que já não morreram. As guerras causam sofrimento e devastação em todos os lugares. Não podemos assistir calados a bombardeios em hospitais e casas de idosos”. (1)
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (Todos)
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
2º MISTÉRIO
O Papa representa a Igreja, o sentido da unidade, mas unidade com a Igreja e na Igreja, que é - como ele a chama - a nossa casa comum. Por isso, não nos salvamos sozinhos, como nos lembrou o Papa Francisco na "Fratelli tutti" e sempre juntos devemos pedir a Deus a salvação do mundo. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, nos lembra o Evangelho e Francisco sublinha que o caminho para a salvação do mundo deve ser percorrido juntos, não sozinho.
Eis então que neste momento toda a Igreja deve estar unida, como num grande Sínodo, um grande Concílio em que se pede a Deus para intervir.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (Todos)
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
3º MISTÉRIO
A Igreja com sua Sabedoria iluminada pelo Espírito Santo continua assim a reiterar, como fez o Vaticano II, que Maria é um sinal de esperança segura. Recordemos que na história da Igreja, nos momentos mais difíceis, o nome de Maria sempre foi invocado, como nos lembra o magistério pontifício. Assim, o Papa Francisco está em continuidade com o ensinamento da Igreja.
“Muitos estão rezando pela paz, a oração nunca é demais, uma oração pequena e silenciosa pode causar grandes efeitos. Uma oração feita de coração e com fé pode mudar o coração de quem a ouve. O amor de Deus cura o ódio, por meio do Espírito Santo. O Espírito Santo faz novas todas as coisas e, por meio dele, poderemos chegar a paz almejada”. (2)
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (Todos)
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
4º MISTÉRIO
“Diante de um cenário de guerra, a humanidade toda se sente vítima dos maus atos e da falta de unidade entre os povos. O mundo está acompanhando, ao vivo e a cores, como se diz, essa guerra insana, desnecessária e inútil. Ao vermos imagens de tanto sofrimento e destruição, lágrimas e dores, nos impressiona o fato de tantos, milhares e milhões, estarem deixando tudo para trás, em busca de um abrigo mais seguro, na esperança de dias melhores, longe dos ataques e das perseguições.
Essa porção do povo de Deus vive um novo êxodo, em busca da paz que já não encontram em seu próprio país. Muitos buscam uma terra nova que lhes ofereça ao menos uma parte do que sonhavam possuir nas terras agora destruídas. Famílias que se separam e que talvez nunca mais se encontrarão, órfãos, viúvas, idosos, deficientes e tantos outros, todas vítimas de uma disputa desigual, onde a força do poder das armas silencia qualquer possibilidade de promoção da paz. Não imaginávamos que, depois de tanto esforço para salvar vidas durante a pandemia, causada por um vírus invisível, essas mesmas vidas seriam vitimadas por armas visíveis e mais letais ainda que a covid-19”. (3)
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (Todos)
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
5º MISTÉRIO
O Coração de Maria é o coração de Deus. Devemos pensar que Maria é aquela que partilhou com o Pai o Filho único. Aquele Filho amado imensamente pelo Pai e pela Mãe, como nos recordaram João Paulo II e Paulo VI e toda a tradição.
“A consagração à Nossa Senhora é um “reconhecimento consciente do lugar singular que Maria de Nazaré ocupa no Mistério de Cristo e da Igreja, do valor exemplar e universal do seu testemunho evangélico, da confiança na sua intercessão e da eficácia do seu patrocínio. Por Ela, a Rainha da Paz, o mundo poderá viver tempos mais suaves e pacíficos”. (4)
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (Todos)
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
Fontes; https://www.vaticannews.va; https://www.cnbb.org.br
1-Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
2-Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
3-Dom Carlos José, Bispo de Apucarana (SP)
4-Dom Carlos José, Bispo de Apucarana (SP)
A oração do Papa na consagração da Rússia e da Ucrânia a Maria
- Detalhes
Aqui o texto completo que Francisco pronunciará na tarde de 25 de março, durante a liturgia penitencial na Basílica de São Pedro. Todos os bispos e todos os sacerdotes do mundo são convidados a unir-se nesta súplica.
Vatican News
"Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós…”.
É uma das passagens centrais da oração que o Papa elevará depois de amanhã para consagrar e confiar a humanidade, e especialmente a Rússia e a Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria. Francisco pronunciará a oração no final da liturgia da penitência na Basílica de São Pedro, na tarde de sexta-feira, 25 de março, festa da Anunciação. A liturgia terá início às 17h00 (hora de Roma), enquanto a consagração terá lugar por volta das 18h30:
Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.
Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!
Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.
Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.
Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.
Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.
Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.
Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amém. Fonte: https://www.vaticannews.va
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