Quarta-feira, 18 de agosto-2021. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 20,1-16a)
1Com efeito, o Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha. 2Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha. 3Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. 4Disse-lhes ele: - Ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário. 5Eles foram. À sexta hora saiu de novo e igualmente pela nona hora, e fez o mesmo. 6Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: - Por que estais todo o dia sem fazer nada?7Eles responderam: - É porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele, então: - Ide vós também para minha vinha. 8Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: - Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. 9Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário. 10Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário. 11Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 12Os últimos só trabalharam uma hora... e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. 13O senhor, porém, observou a um deles: - Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? 14Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. 15Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom? 16Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.
3) Reflexão Mateus 20,1-16
O evangelho de hoje traz uma parábola que só é relatada por Mateus. Ela não existe nos outros três evangelhos. Como em todas as parábolas, Jesus conta uma história feita de elementos do dia-a-dia da vida do povo. Ele retrata a situação social do seu tempo, na qual os ouvintes se reconhecem. Mas ao mesmo tempo, na história desta parábola, acontecem coisas que nunca acontecem na realidade da vida do povo. É que, ao falar do patrão, Jesus pensa em Deus, seu Pai. Por isso, na história da parábola, o patrão faz coisas surpreendentes que não acontecem no dia-a-dia da vida dos ouvintes. É nesta atitude estranha do patrão, que deve ser procurada a chave para a compreensão do mensagem da parábola.
Mateus 20,1-7: As cinco vezes que o patrão sai em busca de operários
"O Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” Assim começa a história que fala por si e nem precisaria de muito comentário. No que segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários para trabalhar na sua vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época. Alguns detalhes da história: (1) O próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora de contratar os operários, é só com o primeiro grupo que ele acerta o salário: um denário por dia. Com os da nona hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for justo. Com os outros ele não acertou nada. Apenas os contratou para trabalhar na vinha. (3) No fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão manda que o administrador faça o serviço.
Mateus 20,8-10: A estranha maneira de acertar as contas no fim do dia
Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as contas, acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a inversão das coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último e que trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. Por que o patrão faz isso? Você faria assim? É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da mensagem desta parábola.
Mateus 20,11-12: A reação normal dos operários diante da estranha atitude do patrão
Os últimos a receber o salário eram os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!” É a reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?
Mateus 20,13-16: A explicação surpreendente do Patrão que fornece a chave da parábola
A resposta do patrão é esta: “Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?” Estas palavras trazem a chave que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo com o que tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário por dia. (2) É decisão soberano do patrão de dar aos últimos o mesmo que tinha sido combinado com os da primeira hora. Estes não têm direito de reclamar. (3) Atuando dentro da justiça, o patrão tem o direito de fazer o bem que ele quer com as coisas que lhe pertencem. O operário da parte dele tem este mesmo direito. (4) A pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).
* O pano de fundo da parábola é a conjuntura daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da primeira hora são o povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha. Eles sustentaram o peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos. Agora, na undécima hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e eles chegam a ter a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
4) Para um confronto pessoal
1) Os da undécima hora chegam, levam vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino de Deus. Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais, se coloca na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas situações?
2) A ação de Deus ultrapassa nossos cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às vezes incomoda. Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que tirou?
5) Oração final
A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Sl 22, 6)
Olhar do Dia: Novo Bispo da Diocese de Penedo-AL
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DOM VALDEMIR FERREIRA DOS SANTOS É NOMEADO NOVO BISPO DA DIOCESE DE PENEDO (AL)
O Papa Francisco nomeou, nesta quarta-feira, 18 de agosto, o novo bispo da diocese de Penedo (AL). Dom Valdemir Ferreira dos Santos, atualmente bispo diocesano de Amargosa (BA), vai suceder dom Valério Breda, falecido em 16 de junho do ano passado. A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou saudação ao bispo.
Nascido em 30 de março de 1960, em nova Canaã (BA), dom Valdemir estudou Filosofia no Seminário Maior do Nordeste de Minas, em Teófilo Otoni (MG). Seus estudos de Teologia foram realizados na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Foi ordenado presbítero em 6 de setembro de 1987, em Ibicuí (BA).
Como padre, teve atuações como membro da equipe de Coordenação da Catequese do Regional Nordeste 3, coordenador da Pastoral Catequética na então diocese de Vitória da Conquista e coordenador da Pastoral Catequética do Sub-Regional V. Também foi professor no Instituto Diocesano de Filosofia, vice-reitor (1992-1994) e reitor (1995-1996) do Seminário Maior de Filosofia. Foi vice-presidente e depois presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (1996-1997), reitor do Seminário Propedêutico (1997), diretor da Escola de Formação Diaconal Arquidiocesana (2007), entre outras funções. Antes de sua nomeação episcopal, foi membro do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores, e ecônomo arquidiocesano.
Dom Valdemir foi nomeado bispo de Floriano (PI), pelo Papa Bento XVI, em 17 de março de 2010. A ordenação, com a presença do então arcebispo de Vitória da Conquista, dom Luís Gonzaga Pepeu, e de seu antecessor, dom Geraldo Lyrio Rocha, à época presidente da CNBB, ocorreu em 30 de maio daquele ano.
Em 4 de maio de 2016, foi nomeado bispo de Amargosa, sendo transferido da sede de Floriano.
Seu lema episcopal é “Pasce oves meas” (Apascenta as minhas ovelhas) Jo 21,17.
Saudação a Dom Valdemir Ferreira dos Santos
Estimado irmão, Dom Valdemir Ferreira dos Santos,
No dia de hoje, participamos da alegria de todo o povo de Deus na Diocese de Penedo, que o acolhe como novo bispo. Da mesma forma, manifestamos nossa proximidade fraterna, neste momento em que recebe uma nova missão.
Seu lema episcopal, “Pasce oves meas” (Apascenta as minhas ovelhas) cf. Jo 21,17, nos recorda uma reflexão do Papa Francisco sobre nosso ministério episcopal: Como bússola do pastor, a partir do encontro de Jesus com Pedro depois da ressurreição, permanecem três ensinamentos fundamentais: “’amar, apascentar e preparar-se para a cruz’. Estes três aspetos «são o ‘segue-me’; Jesus quer que os pastores o sigam assim: amando, apascentando e preparando-se para a cruz»”.
Que a Virgem do Santo Rosário, Mãe do Redentor, padroeira da Diocese de Penedo, seja guia e sustento seguro para um pastoreio frutuoso.
Em Cristo,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terça-feira, 17 de agosto-2019. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,23-30)
Naquele tempo, 23Jesus disse então aos seus discípulos: Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos céus!24Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.25A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: Quem poderá então salvar-se?26Jesus olhou para eles e disse: Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível.27Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?28Respondeu Jesus: Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.29E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.30Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros.
3) Reflexão Mateus 19,23-30
O evangelho de hoje é a continuação imediata do evangelho de ontem. Traz o comentário de Jesus a respeito da reação negativa do jovem rico.
Mateus 19,23-24: O camelo e o fundo da agulha.
Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele e disse: "Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". Duas observações a respeito desta afirmação de Jesus: 1) O provérbio do camelo e do buraco da agulha se usava para dizer que uma coisa era impossível e inviável, humanamente falando. 2) A expressão “um rico entrar no Reino” trata, não em primeiro lugar da entrada no céu depois da morte, mas sim da entrada na comunidade ao redor de Jesus. E até hoje é assim. Os ricos dificilmente entram e se sentem em casa nas comunidades que tentam viver o evangelho de acordo com as exigências de Jesus e que procuram abrir-se para os pobres, os migrantes e os excluídos da sociedade.
Mateus 19,25-26: O espanto dos discípulos
O jovem tinha observado os mandamentos, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Quando Jesus os chamou, fizeram exatamente o que Jesus tinha pedido ao jovem: largaram tudo e foram atrás de Jesus (Mt 4,20.22). Mesmo assim, ficaram espantados com a afirmação de Jesus sobre a quase impossibilidade de um rico entrar no Reino de Deus. Sinal de que não tinham entendido bem a resposta de Jesus ao moço rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” Pois, se o tivessem entendido, não teriam ficado tão chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido da vida e do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! "Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível."
Mateus 19,27: A pergunta de Pedro.
O pano de fundo da incompreensão dos discípulos transparece na pergunta de Pedro: “Olhe, nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?” Apesar da generosidade tão bonita do abandono de tudo, eles mantinham a mentalidade anterior. Abandonaram tudo para receber algo em troca. Ainda não entendiam bem o sentido do serviço e da gratuidade.
Mateus 19,28-30: A resposta de Jesus
"Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros". Nesta resposta, Jesus descreve o mundo novo, cujos fundamentos estavam sendo lançados pelo trabalho dele e dos discípulos. Jesus acentua três pontos importantes: (1) Os discípulos vão sentar nos doze tronos junto com Jesus para julgar as doze tribos de Israel (cf. Apc 4,4). (2) Vão receber em troca muitas vezes aquilo que tinham abandonado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, e terão a herança da vida eterna garantida. (3) O mundo futuro será a inversão do mundo atual. Nele os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. A comunidade ao redor de Jesus é semente e amostra deste mundo novo. Até hoje as pequenas comunidades dos pobres continuam sendo semente e amostra do Reino.
Cada vez que, na história do povo da Bíblia, surge um movimento para renovar a Aliança, ele começa restabelecendo os direitos dos pobres, dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Ele denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus, excluía os pobres. Jesus anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe os excluídos. Este é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de Jesus no meio dos pobres. Ela atinge a raiz e inaugura a Nova Aliança.
4) Para um confronto pessoal
1) Abandonar casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do nome de Jesus. Como isto acontece na sua vida? O que já recebeu de volta?
2) Hoje, a maioria dos países pobres não é da religião cristã, enquanto a maioria dos países ricos é da religião cristã. Como se aplica hoje o provérbio do camelo que não passa pelo fundo de uma agulha?
5) Oração final
Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso cajado são o meu amparo. (Sl 22, 4)
Domingo da Assunção de Nossa Senhora: A Festa da Alegria
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*Alegria e sentido de humor
- O que ficou dito até agora não implica um espírito retraído, tristonho, amargo, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é «alegria no Espírito Santo» (Rm14, 17), porque, «do amor de caridade, segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado. (...) Daí que a consequência da caridade seja a alegria».[99]Recebemos a beleza da sua Palavra e abraçamo-la «em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo» (1 Ts 1, 6). Se deixarmos que o Senhor nos arranque da nossa concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que pedia São Paulo: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Flp 4, 4).
- Os profetas anunciavam o tempo de Jesus, que estamos a viver, como uma revelação da alegria: «exultai de alegria» (Is12, 6). «Sobe a um alto monte, arauto de Sião. Grita com voz forte, arauto de Jerusalém» (Is40, 9). «Exulta de alegria, ó terra! Rompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o Senhor consola o seu povo e Se compadece dos desamparados» (Is 49, 13). «Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu Rei vem a ti; Ele é justo e vitorioso» (Zac 9, 9). E não esqueçamos a exortação de Neemias: «não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa força» (8, 10).
- Maria, que soube descobrir a novidade trazida por Jesus, cantava: «o meu espírito se alegra» (Lc1, 47) e o próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo» (Lc10, 21). Quando Ele passava, «a multidão alegrava-se» (Lc 13, 17). Depois da sua ressurreição, onde chegavam os discípulos, havia grande alegria (cf. At 8, 8). Jesus assegurou-nos: «vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria! (...) Eu hei de ver-vos de novo! Então o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 20.22). «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11).
- Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que «se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados».[100]É uma segurança interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos.
- Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelo sentido do humor, tão saliente, por exemplo, em São Tomás Moro, São Vicente de Paulo, ou São Filipe Néri. O mau humor não é um sinal de santidade: «lança fora do teu coração a tristeza» (Qo11, 10). É tanto o que recebemos do Senhor «para nosso usufruto» (1 Tm6, 17), que às vezes a tristeza tem a ver com a ingratidão, com estar tão fechados em nós mesmos que nos tornamos incapazes de reconhecer os dons de Deus.[101]
- Assim nos convida o seu amor paterno: «meu filho, se tens com quê, trata-te bem (...). Não te prives da felicidade presente» (Sir14, 11.14). Quer-nos positivos, agradecidos e não demasiado complicados: «no dia da felicidade, sê alegre. (…) Deus criou os homens retos, eles, porém, procuraram maquinações sem fim» (Qo7, 14.29). Em cada situação, devemos manter um espírito flexível, fazendo como São Paulo: aprendi a adaptar-me «às situações em que me encontre» (Flp 4, 11). Isto mesmo vivia São Francisco de Assis, capaz de se comover de gratidão perante um pedaço de pão duro, ou de louvar, feliz, a Deus só pela brisa que acariciava o seu rosto.
- Não estou a falar da alegria consumista e individualista muito presente nalgumas experiências culturais de hoje. Com efeito, o consumismo só atravanca o coração; pode proporcionar prazeres ocasionais e passageiros, mas não alegria. Refiro-me, antes, àquela alegria que se vive em comunhão, que se partilha e comunica, porque «a felicidade está mais em dar do que em receber» (At20, 35) e «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor9, 7). O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria, porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros: «alegrai-vos com os que se alegram» (Rm 12, 15). «Alegramo-nos quando somos fracos e vós sois fortes» (2 Cor 13, 9). Ao contrário, «concentrando-nos sobretudo nas nossas próprias necessidades, condenamo-nos a viver com pouca alegria».[102]
*EXORTAÇÃO APOSTÓLICA GAUDETE ET EXSULTATE DO SANTO PADRE FRANCISCO SOBRE A CHAMADA À SANTIDADE NO MUNDO ATUAL
A alegria que vem do Senhor: Assunção de Nossa Senhora
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
(Liturgia da Palavra de Deus. (Ap. 11,19 e 12,1-3-6ª. 10ab; 1 Cor. 15, 20-27a; Lu. 1, 39-56).
Nesta festividade da Assunção de Maria queremos lembrar-nos o convite do anjo Gabriel a Maria para a sua missão de ser mãe de Deus Filho e anunciar esta alegria à uma anciã Isabel, a sua prima. Assim se cumpre, o que tinha dito Zacarias: “O Seu Filho será cheio do Espírito Santo desde o seio da Sua mãe”. “Quem sou eu, para que a Arca do Senhor entra na minha casa”, assim se expressava Davi em 2 Sam. 6,9. Ao copiar estas palavras Lucas nos mostra, que Maria, que está gerando Jesus, é a Arca de Deus, de onde irradia o poder da santificação.
Maria ficou 3 meses com Isabel, como a Arca da Aliança ficou 3 meses na casa de Obededom (2 Sam. 6, 11).
Maria é feliz por ter acreditado. Outra alegria para Maria é ver, o que faz Deus presente nela. Talvéz para muita gente seja pouca coisa, mas este encontro de duas mulheres será, sem dúvida, um grande acontecimento em Israel, quando João Batista se manifesta. Aqui Deus revela, que a virgindade de Maria é fecunda: ela, que renunciou a ter filhos e dar vida, como desejam todas as mulheres, tem o encargo a dar vida, a vida do Espírito Santo. Em vários lugares da Bíblia encontramos passagens de pessoas, que receberam favores de Deus e dão graças a Ele; compreenderam, que o Reino de Deus está aparecendo aos humildes e oprimidos. Estas palavras de gratidão voltam a passar no canto, de Maria: “Desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. Dificilmente o orgulho deixará uma recordação duradoura desta. A Assunção de Maria faz nos lembrar, que Deus aceita pessoas, que expressam gratidão.
O nascimento do Filho de Deus, gerado por Maria Santíssima, é um bem superior para nós. A vida após a morte pela ressurreição é um prêmio para nós. Lucas mostra, que Deus derruba todos aqueles, que tramam contra a vida.
Reflexão.
Maria, faça do nosso lar uma morada de amor,
onde não há amargura, mas reine a Vossa benção,
onde não há rancor, mas o espírito de perdão,
onde não há abandono, mas a união,
onde sabemos imitar-Te com a nossa prontidão,
onde cada manhã é um início de um entrega de caridade,
onde cada noite nos encontramos num espírito de amor,
onde, quando amanhecer o grande dia de ir ao Teu encontro, estejamos unidos ao Teu filho Jesus, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Resposta à Palavra de Deus.
Podemos perceber a grandeza de Maria em Sua preocupação com os humildes, com os pequenos, com os famintos, com o povo. Sejamos imitadores de Maria.
Reflexão para a Solenidade da Assunção de Maria
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Maria, exemplo de mulher solidária com a missão de Jesus e com a nossa.
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
Chegamos à festa da Assunção da Santíssima Virgem, na qual celebramos, a cada 15 de agosto, a conclusão de sua vida terrena; celebramos seu início no dia 8 de dezembro, sua Imaculada Conceição. Portanto as duas efemérides mais importantes no calendário mariano são, dentro do Magistério Eclesial, motivo de duas encíclicas, a do Papa Pio IX, sobre a Imaculada Conceição, promulgada em 1854 e a da Assunção de Maria, do Papa Pio XII, promulgada em 1950. Todos os dois acontecimentos são dogmas de fé e têm relevante importância pastoral. Cremos que a Mãe de Jesus foi concebida sem a mancha do pecado original, no seio de Sant´Ana e que, completados seus dias, foi elevada ao Céu em corpo e alma.
Vejamos o Evangelho da liturgia da Assunção.
Extraído de Lc 1,39-56, fala da vista de Maria à prima Isabel e traz o canto de Maria, o Magnificat. A perícope inicia com a partida de Maria para as montanhas, onde irá assistir a prima Isabel. Segundo o Cardeal Martini, a decisão é a concretização de uma opção, seu ponto central. “É obediência à verdade”, “é expressar no cotidiano o que se entendeu”.[1] Logo, Maria concretiza ser a serva do Senhor, não apenas em consentir gerar o Filho de Deus em seu seio, mas em servir todas as pessoas, principalmente aquelas envolvidas com a missão de seu filho. Aliás, esse será o papel de Maria em todas as situações de grande significância redentora, desde as Bodas de Caná, sempre fazendo a vontade do Senhor, até sua presença junto aos discípulos na manhã de Pentecostes, Maria, a humilde serva do Senhor.
Como estão nossas concretizações? Estamos repletos de boas intenções, mas na vida, no dia a dia, como nos portamos? De acordo com nossas “de-cisões” ou deixamos as concretizações para depois, quando já for tarde demais? Maria se entregou ao Senhor, não apenas na hora do “faça-se”, mas a cada apelo que seu coração e inteligência anunciavam as solicitações da vida, de Deus!
Por outro lado, Maria guarda uma revelação, o anúncio de que está grávida de Deus, colaboradora na Missão Redentora do Verbo, e ela segundo Carlo Martini, sente um desejo de partilhar com alguém e esse alguém também foi contemplado com algo fora do comum – a gravidez de uma idosa! Maria, além de ir ajudar, “parte depressa para ser ajudada”[2]. E continua Martini, Isabel não teve revelação alguma sobre Maria, mas intuiu tudo e por isso disse:” A que devo que a mãe de meu Senhor, venha a mim? (v. 43) Isabel ficou plena de Deus ao receber Maria em sua casa, já que a Santíssima Virgem era portadora de Deus.
Maria, portadora de Deus, a nova arca da aliança, leva tudo o que isso significa, como a alegria. A alegria, não a euforia, é um dom divino, é a presença consoladora de Deus presente entre nós. João Batista pula de alegria no seio de Isabel, de modo que ela percebe nesse movimento, o reconhecimento que seu filho faz na chegada de Maria. A autêntica alegria é contagiante!
E como nós, batizados, possuidores da luz de Cristo, vivemos a alegria e a partilhamos? Neste tempo de pandemia, como está nossa alegria, confundida como manifestação irresponsável? Presente de um modo eufórico nos bailes e festas proibidos por causa da aglomeração?
Consciente de que Deus visita os humildes, os abençoa e os engrandece e ciente de seu papel na missão do Verbo, Maria entoa seu hino, bendizendo a Deus. Em alguns versículos, Maria fala em nome do Povo de Israel e de todos os oprimidos, discriminados por vários motivos, como quando diz: “o Senhor olhou para a humildade de sua serva” e “todas as gerações me proclamarão bendita” e ainda, “porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor” (vv.48-49).
Como está nossa capacidade de louvar o Senhor por todas as maravilhas que fez conosco e com pessoas do povo, especialmente as marginalizadas pela nossa sociedade do descarte? Somos inclusivos?
Maria, exemplo de mulher solidária com a missão de Jesus e com a nossa. Como está nosso relacionamento com ela? Olhamos para ela como modelo a ser seguido, como Mãe atenta às carências de seus filhos? Pedimos para ela nos colocar com seu filho Jesus? Maria, essa mulher que sempre foi de Deus, mesmo antes de nascer, durante sua vida terrena e agora, ao lado do Senhor, de modo pleno, conheceu nossas carências e, como mãe atenta, percebe nossas debilidades e nos socorre com seu carinho, com sua ternura, em todos os momentos de nossa vida, nos aproximando de seu filho Jesus, o Redentor!
[1] MARTINI, Carlo A Mulher da Reconciliação, São Paulo, Edições Loyola, 1991, 16
[2] MARTINI, Carlo A Mulher No Seu Povo, São Paulo, Edições Loyola,1986, 55
Fonte: https://www.vaticannews.va
Santa Dulce dos Pobres: Liturgia
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13 agosto: SANTA DULCE DOS POBRES, virgem
Memória
Santa Dulce dos Pobres, no século Maria Rita, nasceu no dia 26 de maio de 1914, na Cidade de Salvador, Bahia, de uma família cristã praticante, de profunda piedade e dedicada caridade. Desde criança cultivou grande bondade para os pobres e desvalidos. Ingressou na vida religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde exerceu a função de professora e de auxiliar dos enfermos. Fundou a Obra Social Irmã Dulce e o Hospital “Santo Antônio” para cuidar dos aflitos e miseráveis. No dia 13 de março de 1992, em Salvador, piedosamente descansou no Senhor após uma grave enfermidade e em grande fama de santidade. Do Comum das santas: para uma santa.
Ofício das Leituras
Segunda leitura
Das «Reflexões» de Santa Dulce dos Pobres, virgem
(Positio super virtutibus, Roma 2003, pp. 584-585)
Cristo vive em mim, na pessoa dos fracos e desprezados
Na lª Comunhão «Ele» se faz «Um» conosco e d'essa união admirável é que nos vem toda aquela força espiritual que nos leva a aceitar, sofrimento, incompreensão, problemas, tudo enfim, porque temos a certeza que «Ele» está comigo, não estou trabalhando nem sofrendo sozinha … São coisas que só quem as vive pode compreender.
Muitas pessoas reclamam que faço errado, protegendo, defendendo os pobres... coitados dos irmãos pobres!! Só quem convive diariamente com eles, pode compreender quanto eles sofrem, quanto eles são carentes da palavra de Deus, de uma mão amiga, que se estenda à mão d'ele.
Muitas pessoas me censuram dizendo que faço demais, que vicio os pobres. Quem de nós que se encontrasse na mesma situação d'eles e não queria receber também tudo? o carinho, o amor de Deus, o pão para matar sua fome e a roupa para cobrir a sua nudez. Pouco me incomodam o que dizem de mim, o importante é que vejo Deus, no meu irmão o pobre, e por Ele daria até a própria vida.
Quantas vezes as lágrimas me chegam aos olhos, o meu coração dói, quando vejo tanta miséria em volta de mim. Nesta hora, me dá vontade de gritar, de falar a todos que tem tudo, todo conforto, a aqueles aos quais nada lhes falta que vivem em abundância sem se lembrar que bem perto d'eles, milhões estão com fome, doentes, nas sarjetas das ruas. Por favor me ajudem! Me deem o necessário para tirar esses nossos pobres irmãos do barraco coberto de papelão ou de latas velhas, com fome, desempregados, doentes, a família passando fome. Se houvesse mais amor e menos egoísmo o mundo seria outro.
Neste nosso trabalho a doação chega ao ponto de nos esquecermos de nós próprios e vivermos a vida dos nossos irmãos. Os problemas d'eles tornam-se nossos, a vida d'eles a nossa vida. Chegamos ao ponto como dizia S. Paulo: «Vivo, já não eu, é Cristo que vive em mim», na pessoa do irmão carente e abandonado.
Quando estamos doentes temos tudo: os amigos, a Congregação nos arranjamos. E os pobres? Quem eles têm por eles? Só nós, exclusivamente nós.
A minha vocação é o apostolado. O meu carisma é o trabalho com os pobres, procurando salvar as suas almas, levando-as para Deus.
Responsório
Cf. Mt 25, 25-40; Prv 19, 17
R/.Tive fome e me destes de comer, sede e me destes de beber, forasteiro e me acolhestes, * O que fizestes a um desses irmãos, fizestes a mim.
V/.Bendito do Senhor, aquele que socorre os pobres. R/.O que fizestes a um desses irmãos, fizestes a mim.
Oração
Ó Deus que maravilhosamente concedestes a caridade à Santa Dulce dos Pobres, Virgem, a fim de ajudar humildemente e benignamente os pobres nas suas enfermidades, dai-nos, Vo-lo pedimos, por seu exemplo, o espírito de pobreza para Vos servir com toda solicitude nos pobres. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém!
13 de AGOSTO SANTA DULCE DOS POBRES
FESTA (Em Salvador, BA)
Coleta
Ó Deus, que maravilhosamente
concedestes a caridade à Santa Dulce dos Pobres, a fim de ajudar humildemente e
benignamente os pobres nas suas enfermidades, dai-nos, vo-lo pedimos, por seu exemplo,
o espírito de pobreza
para vos servir com toda solicitude nos pobres. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas
Ó Deus, ouvi as nossas preces
ao proclamarmos as vossas maravilhas em Santa Dulce dos Pobres,
e, assim como vos agradou por sua vida, seja de vosso agrado o nosso culto.
Por Cristo nosso Senhor.
Depois da comunhão
Renovados por estes sagrados mistérios, concedei-nos, ó Deus, seguir o exemplo da Santa Dulce dos Pobres,
que vos serviu com filial constância
e se dedicou ao vosso povo com imensa caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
13 de AGOSTO-Santa Dulce dos Pobres
FESTA (Em Salvador, BA) PRIMEIRA LEITURA (própria)
Leitura do livro de Tobias (12,6-13)
Naqueles dias, o anjo falou a Tobit e seus filhos: “Bendizei a Deus e dai-lhe graças, diante de todos os viventes, pelos benefícios que vos concedeu. Bendizei e cantai o seu nome. Manifestai a todos os homens as obras de Deus, como é justo, e não hesiteis em expressar-lhe o vosso reconhecimento. Se é bom guardar o segredo do rei, é justo revelar e publicar as obras de Deus. Fazei o bem, e o mal não vos atingirá. É valiosa a oração com jejum, e a esmola com a justiça. Melhor é pouco com justiça, do que muito com iniqüidade. Melhor é dar esmolas, do que acumular tesouros. A esmola livra da morte e purifica de todo pecado. Os que dão esmola serão saciados de vida. Aqueles, porém, que cometem o pecado e a injustiça, são inimigos de si mesmos. E agora vos manifestarei toda a verdade, sem vos ocultar coisa alguma. Já vos declarei e disse: 'É bom guardar o segredo do rei, mas as obras de Deus devem ser reveladas, com a glória devida'. Pois bem, quando tu e Sara fazíeis a oração, eu apresentava o memorial da vossa prece diante da glória do Senhor. E fazia o mesmo quando tu, Tobit, enterravas os mortos. Quando não hesitaste em levantar-te da mesa, deixando a refeição e saindo para sepultar um morto, fui enviado a ti para te pôr à prova”. Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial 14 (15)
R/. O justo habitará no monte santo do Senhor.
1-Aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo e não solta em calúnia sua língua.
2-Que em nada prejudica o seu irmão, nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que respeitam o Senhor .
3-Não empresta o seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Jamais vacilará quem vive assim.
SEGUNDA LEITURA (própria) Leitura da Primeira Carta de São João (4,7-16)
Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi
ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós. A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito. E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus. E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele. Palavra do Senhor.
EVANGELHO (próprio)
o Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 25,31-40)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar'. Então os justos lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te damos de comer? Com sede e te damos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?' Então o Rei lhes responderá: 'Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!'”. Palavra da Salvação
LADAINHA
Senhor, tende piedade de nós... Jesus Cristo, tende piedade de nós... Senhor, tende piedade de nós...
- Imaculada Conceição da Mãe de Deus, Rogai por nós! São José, esposo castíssimo, Rogai por nós!
São Francisco, irmão dos Pobres, Rogai por nós! Sant'Antônio de Pádua, nosso amigo, Intercedei por nós!
- Santa Dulce, nossa irmã, Rogai por nós! Santa Dulce, nossa mãe, Rogai por nós! Santa Dulce, mãe dos Pobres, Rogai por nós!
Santa Dulce, mãe de amor, Intercedei por nós!
- Filha fiel de São Francisco, Rogai por nós! Amiga íntima de Sant'Antônio, Rogai por nós! Filha amada de Maria, Rogai por nós!
Filha devota da Igreja, Intercedei por nós!
- Santa Dulce, grandiosa na oblação, Rogai por nós! Santa Dulce, missionária da bondade, Rogai por nós! Santa Dulce, amparo dos sofridos, Rogai por nós!
Santa Dulce, exemplo de serviço, Intercedei por nós!
- Santa exemplo de bondade, Rogai por nós! Santa exemplo de humildade, Rogai por nós! Santa que viveu a caridade, Rogai por nós! Santa Dulce dos Pobres, Intercedei por nós!
- Anjo azul dos Alagados, Rogai por nós! Anjo bom de Salvador, Rogai por nós!
Anjo bom da Bahia e do Brasil, Rogai por nós! Anjo bom da Santa Igreja, Intercedei por nós!
- Sede-nos propício, ouvi-nos Senhor!
Para que nos livreis de todo o mal, ouvi-nos Senhor! Para que nos livreis de todo o pecado, ouvi-nos Senhor! Para que nos livreis da morte eterna, ouvi-nos Senhor!
- Pela vossa encarnação, ouvi-nos Senhor!
Pela vossa morte e ressurreição, ouvi-nos Senhor! Pela efusão do Espírito Santo, ouvi-nos Senhor!
Apesar de nossos pecados, ouvi-nos Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, atendei-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, piedade de nós!
Cristo, ouvi-nos... Cristo, ouvi-nos!
Cristo, atendei-nos... Cristo, atendei-nos!
EVANGELHO DO DIA-19ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 12 de agosto-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,21-19,1)
18:21Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves! 29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. 19:1Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão.
3) Reflexão Mateus 18,21-19,1
No evangelho de ontem ouvimos as palavras de Jesus sobre a correção fraterna (Mt 18,15-20). No evangelho de hoje (Mt 18,21-39) o assunto central é o perdão e a reconciliação.
Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!.
Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?” Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” É como se dissesse: “Sempre, não! Pedro, mas setenta vezes sempre!” Pois não há proporção entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec do AT. “Lamec disse para as suas mulheres: da e Sela, ouçam minha voz; mulheres de Lamec, escutem minha palavra: Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete" (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de reverter o processo da espiral da violência. Para esclarecer a sua resposta a Pedro Jesus conta a parábola do perdão sem limite.
Mateus 18,23-27: A atitude do patrão
Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um patrão, mas pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de se tratar de coisas normais diários, existe algo nesta história que não acontece nunca na vida diária. Na história que Jesus conta, o patrão segue as normas do direito da época. Era um direito dele de prender o empregado com toda a sua família e mantê-lo na prisão até que tivesse pago pelo trabalho escravo a sua dívida. Mas diante do pedido do empregado endividado, o patrão perdoa a dívida. O que chama a atenção é o tamanho da dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é proposital. Nossa dívida frente a Deus é incalculável e impagável.
Mateus 18,28-31: A atitude do empregado
Ao sair daí, esse empregado perdoado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague logo o que me deve'. Dívida de cem denários é o salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Nem dá para entender a atitude do empregado: Deus lhe perdoou 350 toneladas de outro e ele não quer perdoas 30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, ele faz com o companheiro aquilo que o patrão ia fazer, mas não fez. Mandou prender o companheiro de acordo com as normas da lei, até que fosse paga a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Chocou os outros companheiros. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. Qualquer um de nós teria tido a mesma atitude de desaprovação.
Mateus 18,32-35: A atitude de Deus
“O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: 'Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?' O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida”. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350 toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos ao irmão a pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites. O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus vem de nós mesmos, da nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12-15).
A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade
A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e religião. Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.
4) Para um confronto pessoal
1) Perdoar. Tem gente que diz: “Perdôo, mas não esqueço!” E eu? Sou capaz de imitar a Deus?
2) Jesus deu o exemplo. Na hora de ser morto pediu perdão para os seus assassinos (Lc 23,34). Será que sou capaz de imitar Jesus?
5) Oração final
Desde o nascer ao pôr-do-sol, seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, sua glória ultrapassa a altura dos céus. (Sl 112, 3-4)
Por que Santa Clara é a padroeira da Televisão?
- Detalhes
Como é possível que uma jovem italiana, Clara, nascida em Assis, no ano de 1193, possa ser chamada padroeira da televisão?
No tempo de Clara, os meios de comunicação mais modernos eram os púlpitos das igrejas, as praças públicas e as canções dos trovadores populares. Sequer jornais existiam. Se considerarmos a data de 1930 como aquela em que os televisores começaram a ser usados pela população, então Santa Clara nasceu quase 750 anos antes.
Mas a jovem Clara de Assis, companheira de missão de São Francisco e coroada com a graça da santidade em Jesus Cristo, tornou-se, pela sua vida, um exemplo que ultrapassa séculos e gerações e, por isso mesmo, quando do surgimento da televisão, alguém se recordou dela, de sua história e de algumas curiosidades de sua biografia.
Como para o povo cristão é de bom tom relacionar a vida com a fé, foi preciso encontrar uma padroeira para a nova tecnologia que nascia. E, em 1958, o Papa Pio XII proclamou-a padroeira da televisão e de todos os que trabalham com esse meio de comunicação.
E qual foi o fato extraordinário da vida de Santa Clara que a fez candidata ao posto de padroeira da televisão?
Conta-nos a história que no natal de 1253, um ano antes de sua morte, Clara, acamada, desejava muito participar da santa missa na igreja de São Francisco, mas não tinha condições físicas para sair.
Em oração profunda, Clara clamou ao Senhor que permitisse a ela viver a missa de natal. Então, de acordo com o testemunho da própria santa, o milagre aconteceu. Em seu quarto, na cama, Clara viu e ouviu a missa completa e ainda pôde até comungar – “Escutei, por graça do Senhor, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco e lá estive presente, recebendo até a santa comunhão. Agradecei comigo a Nosso Senhor Jesus Cristo, por tal graça a mim concedida”.
Por ter vivido essa “transmissão” da missa em seu próprio leito, Clara é agora chamada padroeira da televisão. Uma pena que hoje em dia, pela televisão, muita coisa ruim e desnecessária entre dentro de nossas casas. Que bom seria se cada um de nós soubéssemos selecionar o que passa por essa janela midiática e escolher somente coisas boas para o entretenimento de nossas. Fonte: https://saosebastiaofabriciano.com.br
EVANGELHO DO DIA-19ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quarta-feira, 11 de agosto-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)
Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
3) Reflexão Mateus 18,15-20
No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar. pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.
A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na comunidade.
Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar.
Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.
Mateus 18,19: A oração em comum
A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.
Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade.
O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.
4) Para um confronto pessoal
- Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
- Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?
5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)
São Lourenço: os pobres são as estrelas e os tesouros da Igreja
- Detalhes
Morto como mártir de Cristo, São Lourenço é Padroeiro dos Diáconos. Por ocasião da sua festa, celebrada hoje 10 de agosto, o céu, à noite, se ilumina de rastros luminosos. O fenômeno ocorre por uma chuva de meteoritos. O Diácono de Roma morreu martirizado durante a perseguição do imperador Valério no ano 258
Amedeo Lomonaco – Vatican News
O terceiro santo padroeiro da cidade de Roma depois dos santos Pedro e Paulo, Lourenço nasceu na Espanha na primeira metade do século III. Foi diácono da Igreja de Roma em uma época de perseguição dos cristãos. Ele administrava bens e ofertas para suprir as necessidades dos pobres, órfãos e viúvas. Em 258 d.C., o imperador Valério emitiu um édito segundo o qual todos os bispos, presbíteros e diáconos seriam condenados à morte. O pontífice, Papa Sisto II, tinha sido morto em 6 de agosto. Inicialmente, Lourenço foi poupado com o objetivo de obter informações sobre os bens da comunidade. Mas Lourenço, depois de distribuir aos pobres os poucos bens que a Igreja tinha na época, apresentou uma multidão de pobres, aleijados e cegos às autoridades romanas e disse: "Estes são os tesouros da Igreja".
Portanto, o martírio de São Lourenço foi 4 dias depois do Papa e de acordo com uma antiga "paixão", extraída dos escritos de Santo Ambrósio, foi queimado em uma grelha de ferro. No "De Officiis" Santo Ambrósio imagina um encontro no caminho do martírio. No texto, Lourenço faz algumas perguntas ao Papa Sisto II. "Pai, para onde vais sem o teu filho? Para onde te apressas, santo bispo, sem teu diácono? Jamais ofereceste o sacrifício sem o teu ministro. O que fiz para desagradá-lo, pai? Talvez me consideres indigno? Provai-me, e vejas se escolheste um ministro indigno para a distribuição do sangue do Senhor. Talvez recuses àquele que admitiste aos mistérios divinos de ser teu companheiro no derramamento do sangue"?
Nas pegadas de São Lourenço
O testemunho de São Lourenço vai além do período histórico em que o diácono da Igreja de Roma viveu. Ao encontrar os diáconos permanentes da diocese de Roma em 19 de junho de 2021, o Papa Francisco entrelaça o exemplo de São Lourenço com os desafios atuais. E ele os exorta a "se inspirarem nas raízes da Igreja":
"A diminuição do número de sacerdotes levou a um compromisso predominante dos diáconos com tarefas de substituição que, por muito importantes que sejam, não constituem a natureza específica do diaconado. São tarefas de substituição. O Concílio, depois de falar de serviço ao Povo de Deus ‘no ministério da Liturgia, da palavra e da caridade’, sublinha que os diáconos são sobretudo — sobretudo — ‘consagrados aos ofícios da caridade e da administração’. A frase remonta ao início dos séculos, quando os diáconos se ocupavam em nome e por conta do bispo das necessidades dos fiéis, especialmente dos pobres e dos doentes. Podemos também recorrer às raízes da Igreja de Roma. Não penso apenas em São Lourenço, mas também na decisão de dar vida às diaconias. Na grande metrópole imperial foram organizados sete lugares, distintos das paróquias e distribuídos pelos municípios da cidade, nos quais os diáconos realizavam um trabalho intenso a favor de toda a comunidade cristã, em particular dos ‘últimos’, de modo que, como dizem os Atos dos Apóstolos, nenhum entre eles fosse necessitado. Por esta razão, em Roma, procurou-se recuperar esta antiga tradição com a diaconia na igreja de Santo Estanislau".
Estrelas cadentes
A noite de São Lourenço é tradicionalmente associada com o fenômeno das estrelas cadentes. São consideradas evocativos das brasas ardentes sobre as quais o santo foi martirizado. Neste momento, a Terra passa pela chuva de meteoritos Perseidas. No poema intitulado "10 de agosto", Giovanni Pascoli interpreta a "chuva" de estrelas cadentes como um rio de lágrimas celestiais:
São Lourenço, eu sei porque cai e cintila
tanta estrela nesse espaço tranquilo,
porque é um grande pranto o que resplandece
nesse côncavo céu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Pesar dos bispos e religiosos franceses por sacerdote assassinado
- Detalhes
A vítima é o padre Olivier Maire, Superior Provincial da Congregação dos Missionários Monfortinos, com sede em Saint-Laurent-sur-Sèvre. Um ruandês que já havia sido indiciado pelo incêndio na Catedral de Nantes no ano passado confessou o assassinato.
Gabriella Ceraso e Michele Raviart - Cidade do Vaticano
Padre Olivier Maire, Superior Provincial dos Monfortinos, foi assassinado na segunda-feira, 9, em Vendée, na localidade de Saint-Laurent-Sur-Sevre. Seu corpo foi encontrado pela gendarmaria após indicação de um ruandês que se apresentou como autor do assassinato.
Emmanuel Abayisenga, 40 anos, nascido em Ruanda, também é o principal suspeito do incêndio doloso da Catedral de Nantes, em julho de 2020. Indiciado, foi libertado sob vigilância judicial no início de junho, sendo acolhido em uma comunidade religiosa - da qual o sacerdote assassinado fazia parte – à espera do julgamento, previsto para 2022. Como indicado por seu advogado, seria um homem "frágil física e psicologicamente". Os investigadores excluíram qualquer motivação ligada ao terrorismo e seguem a linha de homicídio voluntário.
A dor da Igreja na França
Dor e proximidade da Igreja na França à família do sacerdote e à sua Congregação, foram expressos por meio de um tweet pelo presidente do episcopado francês, Dom Éric de Moulins-Beaufort. Ele viveu - escreve o prelado - seguindo a Cristo até o fim, na acolhida incondicional de todos. Rezo por sua família, seus confrades e por toda a população traumatizada por esta tragédia, e também por seu assassino.
A mesma dor presente nas palavras do Superior Geral dos Monfortinos, padre Santino Brembilla, que fala do padre Olivier Maire como um "religioso, um sacerdote e um missionário de grande valor, um especialista em espiritualidade montfortiana que acompanhou toda a sua comunidade na compreensão profunda da mensagem de seu fundador, Louis-Marie Grignion de Montfort".
A Conferência dos Bispos da França (CEF) e a Conferência dos Religiosos e Religiosas da França (CORREF) expressam sua imensa tristeza e também temor pelo ocorrido, assegurando suas orações "aos familiares, aos missionários monfortinos, à comunidade da Basílica de Saint Louis-Marie Grignon de Montfort em Saint-Laurent-sur-Sèvres e a toda a grande família religiosa Montfortina".
Já Dom Dominique Lebrun, bispo da Diocese de Rouen - onde foi assassinado o padre Jacques Hamel -, uniu-se ao luto dos familiares do sacerdote, aos irmãos da comunidade dos Montfortinos, à Diocese de Luçon, recordando que "a dor e a ira costumam estar muito próximas. Todos experimentam isso." Neste sentido, assegura a oração dos católicos de sua diocese para que Deus aplaque a dor do coração das pessoas próximas ao sacerdote assassinado.
“Pai Nosso… livra-nos do Mal”, são as primeiras e as últimas palavras da oração cristã. Todos os dias o cristão faz essa oração. Ela recobra a esperança na fraternidade que Deus deseja para todos os homens. Ela pede a Deus e a recebe d’Ele, como uma missão. Com todos os homens de boa vontade, ele quer lutar contra toda violência. Suas armas são a justiça, a paz e o perdão. Domingo, 15 de agosto, rezaremos intensamente à Virgem da Assunção pela França, com o coração em Vendée."
As palavras do presidente Macron e do governo
Proximidade e solidariedade a todos os católicos da França, bem como à Congregação dos Montfortinos (Companhia de Maria, em latim Societas Mariae Montfortana) foi expressa pelo presidente Emmanuel Macron e pelo primeiro-ministro Jean Castex, que se disseram profundamente consternados com o ocorrido. “Demonstrava nos traços de seu rosto a generosidade e o amor ao próximo”, escreveu o presidente no Twitter, assegurando que “proteger aqueles que creem é uma prioridade”.
“Queremos que este ato odioso seja esclarecido: agredir um sacerdote, um homem de Igreja, é agredir a alma da França”, disse por sua vez o ministro do Interior em uma coletiva de imprensa, ao final do encontro com os membros da Congregação montfortiana na tarde de segunda-feira. Gérald Darmanin rejeitou qualquer controvérsia com a líder da extrema direita Marine Le Pen, que condenou a não expulsão do ruandês após o incêndio em Nantes. Este é o momento de luto e não de polêmica, afirmou o ministro, explicando que o homem não poderia ser expulso pois estava sob controle judicial enquanto aguardava decisão da justiça.
Sacerdotes e religiosos vítimas da violência na França
Diversas tragédias envolvendo sacerdotes e religiosos na França suscitaram comoção, como o assassinato do padre Jacques Hamel, em 26 de julho de 2016, o primeiro ocorrido durante uma Celebração Eucarística desde a Revolução Francesa.
Antes ainda, recordemos padre Jean-Luc Cabes, da Diocese de Tarbes e Lourdes, assassinado em Tarbes na noite de 10 para 11 de maio de 1991. A Diocese de Tulle também recorda padre Louis Jousseaume, pároco de Égletons, em Corrèze , assassinado no seu presbitério no dia 26 de outubro de 2009. Era 16 de agosto de 2005, quando os peregrinos que rezavam as Vésperas na Igreja ds Reconciliação, coração da comunidade de Taizé, foram abalados pelo assassinato do fundador da Comunidade de Taizé, Irmão Roger Schutz, por uma pessoa com desequilíbrio mental. Fonte: https://www.vaticannews.va
19º Domingo do Tempo Comum - Ano B
- Detalhes
A liturgia do 19º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta, uma vez mais, da preocupação de Deus em oferecer aos homens o "pão" da vida plena e definitiva. Por outro lado, convida os homens a prescindirem do orgulho e da autossuficiência e a acolherem, com reconhecimento e gratidão, os dons de Deus.
A primeira leitura mostra como Deus se preocupa em oferecer aos seus filhos o alimento que dá vida. No "pão cozido sobre pedras quentes" e na "bilha de água" com que Deus retempera as forças do profeta Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo.
O Evangelho apresenta Jesus como o "pão" vivo que desceu do céu para dar a vida ao mundo. Para que esse "pão" sacie definitivamente a fome de vida que reside no coração de cada homem ou mulher, é preciso "acreditar", isto é, aderir a Jesus, acolher as suas propostas, aceitar o seu projeto, segui-l'O no "sim" a Deus e no amor aos irmãos.
A segunda leitura mostra-nos as consequências da adesão a Jesus, o "pão" da vida... Quando alguém acolhe Jesus como o "pão" que desceu do céu, torna-se um Homem Novo, que renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e que passa a viver no caridade, a exemplo de Cristo.
LEITURA I - 1 Re 19,4-8
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias,
Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro.
Depois sentou-se debaixo de um junípero
e, desejando a morte, exclamou:
«Já basta, Senhor. Tirai-me a vida,
porque não sou melhor que meus pais».
Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero.
Nisto, um Anjo do Senhor tocou-lhe e disse:
«Levanta-te e come».
Ele olhou e viu à sua cabeceira
um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água.
Comeu e bebeu e tornou a deitar-se.
O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse:
«Levanta-te e come,
porque ainda tens um longo caminho a percorrer».
Ele levantou-se, comeu e bebeu.
Depois, fortalecido com aquele alimento,
caminhou durante quarenta dias e quarenta noites
até ao monte de Deus, Horeb.
AMBIENTE
Elias atua no Reino do Norte (Israel) durante o século IX a.C., num tempo em que a fé jahwista é posta em causa pela preponderância que os deuses estrangeiros (especialmente Baal) assumem na cultura religiosa de Israel. Provavelmente, estamos diante de uma tentativa de abrir Israel a outras culturas, a fim de facilitar o intercâmbio cultural e comercial... Mas essas razões políticas não são entendidas nem aceites pelos círculos religiosos de Israel. O ministério profético de Elias desenvolve-se sobretudo durante o reinado de Acab (873-853 a.C.), embora a sua voz também se tenha feito ouvir no reinado de Ocozias (853-852 a.C.).
Elias é o grande defensor da fidelidade a Jahwéh. Ele aparece como o representante dos israelitas fiéis que recusavam a coexistência de Jahwéh e de Baal no horizonte da fé de Israel. Num episódio dramático, o próprio profeta chegou a desafiar os profetas de Baal para um duelo religioso que terminou com um massacre de quatrocentos profetas de Baal no monte Carmelo (cf. 1 Re 18). Esse episódio é, certamente, uma apresentação teológica dessa luta sem tréguas que se trava entre os fiéis a Jahwéh e os que abrem o coração às influências culturais e religiosas de outros povos.
Para além da questão do culto, Elias defende a Lei em todas as suas vertentes (veja-se, por exemplo, a sua defesa intransigente das leis da propriedade em 1 Re 21, no célebre episódio da usurpação das vinhas de Nabot): ele representa os pobres de Israel, na sua luta sem tréguas contra uma aristocracia e uns comerciantes todo-poderosos que subvertiam a seu bel-prazer as leis e os mandamentos de Jahwéh.
Após o massacre dos 400 profetas de Baal no monte Carmelo, Acab e a sua esposa fenícia juraram matar Elias; e o profeta fugiu para o sul, a fim de salvar a vida. Chegado à zona de Beer-Sheba, Elias internou-se no deserto. É precisamente nesse contexto que o episódio do Livro dos Reis que hoje nos é proposto nos situa.
MENSAGEM
A cena apresenta-nos um Elias abatido, deprimido e solitário face à incompreensão e à perseguição de que é alvo. O profeta sente que falhou, que a sua missão está condenada ao fracasso e que a sua luta o conduziu a um beco sem saída; sente medo e está prestes a desistir de tudo... O pedido que o profeta faz a Deus no sentido de lhe dar a morte (vers. 4) reflecte o seu profundo desânimo, desilusão, angústia e desespero. É uma cena tocante, que nos recorda que o profeta é um homem e que está, por isso, condenado a fazer a experiência da sua fragilidade e da sua finitude.
No entanto, Deus não está longe e não abandona o seu profeta. O nosso texto refere, neste contexto, a solicitude e o amor de Deus, que oferece a Elias "pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água" (vers. 6). É a confirmação de que o profeta não está perdido nem abandonado por Deus, mesmo quando é incompreendido e perseguido pelos homens. A cena garante-nos a presença contínua de Deus e o seu cuidado com aqueles que chama e a quem dá o alimento e o alento para serem fiéis à missão, mesmo em contextos adversos. Repare-se como Deus não anula a missão do profeta, nem elimina os perseguidores; mas limita-Se a dar ao profeta a força para continuar a sua peregrinação.
Alimentado pela força de Deus, o profeta caminha durante "quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, o Horeb" (vers. 8). A referência aos "quarenta dias e quarenta noites" alude certamente à estadia de Moisés na montanha sagrada (cf. Ex 24,18), onde se encontrou com Deus e onde recebeu de Jahwéh as tábuas da Lei; também pode aludir à caminhada do Povo durante quarenta anos pelo deserto, até alcançar a Terra Prometida. Em qualquer caso, esta peregrinação ao Horeb - o monte da Aliança - é um regresso às fontes, uma peregrinação às origens de Israel como Povo de Deus... Perseguido, incompreendido, desesperado, Elias necessita revitalizar a sua fé e reencontrar o sentido da sua missão como profeta de Jahwéh e como defensor dessa Aliança que Deus ofereceu ao seu Povo no Horeb/Sinai.
ACTUALIZAÇÃO
No quadro que o texto nos apresenta, Elias aparece como um homem vencido pelo medo e pela angústia, marcado pela decepção e pelo desânimo, que experimentou dramaticamente a sua impotência no sentido de mudar o coração do seu Povo e que, por isso, desistiu de lutar; a sua desilusão é de tal forma grande, que ele prefere morrer a ter de continuar. "Este" Elias testemunha essa condição de fragilidade e de debilidade que está sempre presente na experiência profética. É um quadro que todos nós conhecemos bem... A nossa experiência profética está, muitas vezes, marcada pelas incompreensões, pelas calúnias, pelas perseguições; outras vezes, é o sentimento da nossa impotência no sentido de mudar o mundo que nos angustia e desanima; outras vezes ainda, é a constatação da nossa fragilidade, dos nossos limites, da nossa finitude que nos assusta... Como responder a um quadro deste tipo e como encarar esta experiência de fragilidade e de debilidade? A solução será baixar os braços e abandonar a luta? Quem pode ajudar-nos a enfrentar o drama da desilusão e da decepção?
O nosso texto garante-nos que Deus não abandona aqueles a quem chama a dar testemunho profético. No "pão cozido sobre pedras quentes" e na "bilha de água" com que Deus retempera as forças de Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo. Quando tudo parece cair à nossa volta e quando a nossa missão parece condenada ao fracasso, é em Deus que temos de confiar e é n'Ele que temos de colocar a nossa segurança e a nossa esperança.
Como nota marginal, atentemos na forma de atuar de Deus: Ele não resolve magicamente os problemas do profeta, nem Se substitui ao profeta... O profeta deve continuar a sua missão, enfrentando os mesmos problemas de sempre; mas Deus "apenas" alimenta o profeta, dando-lhe a coragem para continuar a sua missão. Por vezes, pedimos a Deus que nos resolva milagrosamente os problemas, com um golpe mágico, enquanto nós ficamos, de braços cruzados, a olhar para o céu... O nosso Deus não Se substitui ao homem, não ocupa o nosso lugar, não estimula com a sua ação a nossa preguiça e a nossa instalação; mas está ao nosso lado sempre que precisamos d'Ele, dando-nos a força para vencer as dificuldades e indicando-nos o caminho a seguir.
A "peregrinação" de Elias ao Horeb/Sinai, para se reencontrar com as origens da fé israelita e para recarregar as baterias espirituais, sugere-nos a necessidade de, por vezes, encontrarmos momentos de "paragem", de reflexão, de "retiro", de reencontro com Deus, de redescoberta dos fundamentos da nossa missão... Essa "paragem" não será nunca um tempo perdido; mas será uma forma de recentrarmos a nossa vida em Deus e de redescobrirmos os desafios que Deus nos faz, no âmbito da missão que nos confiou.
EVANGELHO - Jo 6,41-51: ATUALIZAÇÃO
Repetindo o tema central do texto que refletimos no passado domingo, também o Evangelho que hoje nos é proposto nos convida a acolher Jesus como o "pão" de Deus que desceu do céu para dar a vida aos homens... Para nós, seguidores de Jesus, esta afirmação não é uma afirmação de circunstância, mas um facto que condiciona a nossa existência, as nossas opções, todo o nosso caminho. Jesus, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, com o seu amor, com a sua proposta, veio dizer-nos como chegar à vida verdadeira e definitiva. Que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? É à volta d'Ele que construímos a nossa existência? O projeto que Ele veio propor-nos tem um real impacto na nossa caminhada e nas opções que fazemos em cada instante?
"Quem acredita em Mim, tem a vida eterna" - diz-nos Jesus. "Acreditar" não é, neste contexto, aceitar que Ele existiu, conhecer a sua doutrina, ou elaborar altas considerações teológicas a propósito da sua mensagem... "Acreditar" é aderir, de facto, a essa vida que Jesus nos propôs, viver como Ele na escuta constante dos projetos do Pai, segui-l'O no caminho do amor, do dom da vida, da entrega aos irmãos; é fazer da própria vida - como Ele fez da sua - uma luta coerente contra o egoísmo, a exploração, a injustiça, o pecado, tudo o que desfeia a vida dos homens e traz sofrimento ao mundo. Eu posso dizer, com verdade e objetividade, que "acredito" em Jesus?
No seu discurso, Jesus faz referência ao maná como um alimento que matou a fome física dos israelitas em marcha pelo deserto, mas que não lhes deu a vida definitiva, não lhes transformou os corações, não lhes assegurou a liberdade plena e verdadeira (só o "pão" que Jesus oferece sacia verdadeiramente a fome de vida do homem). O maná pode representar aqui todas essas propostas de vida que, tantas vezes, atraem a nossa atenção e o nosso interesse, mas que vêm a revelar-se falíveis, ilusórias, parciais, porque não nos libertam da escravidão nem geram vida plena. É preciso aprendermos a não colocar a nossa esperança e a nossa segurança no "pão" que não sacia a nossa fome de vida definitiva; é necessário aprendermos a discernir entre o que é ilusório e o que é eterno; é preciso aprendermos a não nos deixarmos seduzir por falsas propostas de realização e de felicidade; é necessário aprendermos a não nos deixarmos manipular, aceitando como "pão" verdadeiro os valores e as propostas que a moda ou a opinião pública dominante continuamente nos oferecem...
Porque é que os judeus rejeitam a proposta de Jesus e não estão dispostos a aceitá-l'O como "o pão que desceu do céu"? Porque vivem instalados nas suas grandes certezas teológicas, prisioneiros dos seus preconceitos, acomodados num sistema religioso imutável e estéril e perderam a faculdade de escutar Deus e de se deixar desafiar pela novidade de Deus. Eles construíram um Deus fixo, calcificado, previsível, rígido, conservador, e recusam-se a aceitar que Deus encontre sempre novas formas de vir ao encontro dos homens e de lhes oferecer vida em abundância. Esta "doença" de que padecem os líderes e "fazedores" de opinião do mundo judaico não é assim tão rara... Todos nós temos alguma tendência para a acomodação, a instalação, o aburguesamento; e quando nos deixamos dominar por esse esquema, tornamo-nos prisioneiros dos ritos, dos preconceitos, das ideias política ou religiosamente corretas, de catecismos muito bem elaborados mas parados no tempo, das elaborações teológicas muito coerentes e muito bem arrumadas mas que deixam pouco espaço para o mistério de Deus e para os desafios sempre novos que Deus nos faz. É preciso aprendermos a questionar as nossas certezas, as nossas ideias pré-fabricadas, os esquemas mentais em que nos instalamos comodamente; é preciso termos sempre o coração aberto e disponível para esse Deus sempre novo e sempre dinâmico, que vem ao nosso encontro de mil formas para nos apresentar os seus desafios e para nos oferecer a vida em abundância.
*Leia na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA
19º Domingo do Tempo Comum: O Pão que alimentou Elias e o Pão que nos alimenta...
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Há momentos em que a vida torna-se pesada, demais. Às vezes pensamos assim: “Se continuar assim, prefiro morrer”. A liturgia da Missa nos apresente o profeta Elias, um grande homem. Mas aqui o encontramos num momento mais difícil da sua vida. Ele prefere dormir para nunca mais acordar. Ele deu-se totalmente para defender a causa de Deus.
Mesmo assim os inimigos o perseguem para tirar-lhe a vida. Daí vem o momento mais crítico: parece que as dificuldades são insuperáveis.
Ele prefere morrer. Numa última tentativa procura fugir das dificuldades. Foge pelo deserto até chegar ao monte Horeb, o lugar santo de Deus. Mas nem lá, assim parece, encontra a paz de Deus. Apesar de tudo, Deus o consola com a Sua presença amiga.
Introdução às Leituras.
O profeta Elias teve que enfrentar os adoradores de Baal, mas Jesabel quer vigar-se matando Elias, que foge para o monte Horeb para viver em paz. Paulo mostra a angústia na sua carta por causa de tantas famílias que não conseguem a harmonia nos lares por causa dos filhos, que perdem a fé. Jesus não abandonou a Igreja e deseja apaziguar as contrariedades que encontramos.
Reflexão.
Senhor, gostaria de ser um bom pai. Sei que a consciência da paternidade vem pouco a pouco. Ser pai é um processo, que se prolonga no dia a dia.
Há, sem dúvida, na caminhada de pai, uma grande parcela de improvisação, em que prevalece o método do ensaio e do erro. Às vezes penso: Será que a minha missão de pai está dando certo?
Sei, Senhor, que um pai não poderá ser avaliado através de um sucesso ou de um fracasso. Já fui tentado a imaginar, que o pai ideal seria aquele que se ajustasse às necessidades, à personalidade e às expectativas dos filhos para com ele.
Outras vezes fui levado a pensar que, para melhor cumprir a minha missão deveria buscar e tentar, principalmente, ser eu mesmo. Os filhos deveriam se adaptar a mim e não eu a eles.
Mas, Senhor, vejo que a realidade é outra. Filhos e pais não são, mas estão e vão sendo. Numa caminhada, que é ao mesmo tempo uma grande aventura de imensos riscos e não menos gratificações; mas sem o qual nem os pais, nem os filhos serão gente.
Senhor, sou o pai que meus filhos tem. Não fui planejado, nem premeditado. Que posso ser para os meus os meus filhos aquele, que eu gostaria de ser. Amém.
Resposta à Palavra de Deus.
Que diante das ilusões da vida tenhamos a força de olhar para Cristo, e recomeçar a vida com fé firme.
OS PAIS
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Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
A Igreja está comemorando cinco anos da publicação da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” sobre a beleza e a alegria do amor familiar. Neste dia, 19 de março, o Papa Francisco inaugurou o Ano “Família Amoris Laetitia”, que terminará em 26 de junho de 2022, por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias em Roma. Nestes dias, em que celebramos o dia dos pais, nas famílias, é tempo de nos unirmos com esta realidade familiar. Uma família só se dá com os pais presentes e atuantes. Neste ano, sobretudo com o Ano “Família Amoris Laetitia”, o Papa quer que nós possamos revisitar, renovar, o amor pelas famílias e ver as propostas que ainda não conseguimos pôr em prática.
Ajudar as pessoas a experimentarem “que o Evangelho da família é alegria que enche o coração e a vida inteira” (AL 200). Uma família que descobre e experimenta a alegria de ter um dom e de ser um dom para a Igreja e para a sociedade, o será sempre. Como precisamos hoje desta luz, sobretudo neste tempo da pandemia, em que ficou ainda mais presente esta realidade. A questão central está na importância que damos ao sacramento, no sentido fiel da palavra. Nem falamos no sacramento no sentido de um momento solene somente, mas no sentido fiel, da busca de Deus na vida de cada um que se encontra para uma nova vida a dois. Ninguém de nós casa por um motivo unicamente social, mas porque vemos em Deus a razão de ser, de viver, de se portar antes e depois do matrimônio. Temos este dom presente, um grande presente, de modo que não se viva mais uma vida a dois, mas desde sempre, com três, com Deus, e, sobretudo, com os filhos que Deus nos dá.
Um dos graves problemas do nosso tempo são as pessoas terem alguém que as acompanha, no seu casamento, um bom leigo, um padre, um diácono ou uma irmã religiosa. Já fizemos este caminho de proximidade. Um casal deve estar pronto a ir ao encontro de outro, na sua casa, nos lugares onde vivem. Quando um casal realiza estes encontros, temos certeza de que serão, eles mesmos, muito abençoados. Como é significativo para um casal falar destas realidades da vida, do que reside em seu coração e, guarda, secretamente para um dia revelar diante de Deus. Quantas realidades nós podíamos resolver antes! Para tanto, é necessário “um esforço evangelizador e catequético dirigido à família” (AL 200), pois uma família discípula torna-se também família missionária. Todos nós, padres e diáconos, leigos e leigas, somos chamados ao trabalho com a vocação matrimonial. Com certeza, a Exortação Apostólica “A alegria do amor”, ainda tem que ser muito visitada, lida, refletida e conversada pastoralmente.
“Toda a criança tem o direito de receber o amor de uma mãe e de um pai, ambos necessários para o seu amadurecimento íntegro e harmonioso” (AL 172). De fato, “não apenas do amor do pai e da mãe separadamente, mas também do amor entre eles, captado como fonte da própria existência, como ninho acolhedor e como fundamento da família. […] Mostram aos seus filhos o rosto materno e o rosto paterno do Senhor” (AL 172). A sociedade atual fala da “ausência do pai”. Vemos como isto pode realmente estar presente, seja pelo fato de que as mulheres assumem a paternidade, junto com a maternidade. Olhamos ainda que os pais, muitas vezes, são pessoas importantes em seu trabalho ou nas suas realizações pessoais. Mas, não terá nisso um “coração” de mulher? Mas por outro lado, vemos hoje muitos pais muito próximos. Estes pais os seus filhos os veem como o modelo a ser seguido. Parabéns, queridos pais! Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-18ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 5 de agosto-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 16, 13-23)
13Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem? 14Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. 15Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou? 16Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! 17Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. 18E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. 20Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. 21Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia. 22Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá! 23Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!
3) Reflexão Mateus 16,13-23
Estamos na parte narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco Sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, ele cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, ele traz textos que só aparecem no evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro do evangelho de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.
Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem à comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com a pessoa de Pedro. As da Grécia, com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1 Cor 1,11-12).
Mateus 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus.
Jesus faz um levantamento da opinião do povo a respeito da sua pessoa, o Filho do Homem. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando Jesus pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento.
Mateus 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: "Feliz você, Pedro!"
Jesus proclama Pedro “Feliz!”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas novas que, antes deles, ninguém conhecia nem tinha ouvido falar (Mt 13,16).
Mateus 16,18-20: As atribuições de Pedro: Ser pedra e tomar conta das chaves do Reino.
- Ser Pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus. A função de ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção”. (Is 51,1-2). Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus.
- As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado também às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão. É uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem ligar e desligar, isto é, fazer com que haja reconciliação, aceitação mútua, construção da fraternidade, até setenta vezes sete (Mt 18,22).
Mateus 16,21-22: Jesus completa o que faltava na resposta de Pedro, e este reage.
Jesus começou a dizer: “que devia ir a Jerusalém, e sofrer muito da parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos doutores da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. Dizendo que devia ir e devia ser morto, ou que era necessário sofrer, ele indicava que o sofrimento estava previsto nas profecias. O caminho do Messias não é só de triunfe de glória, também de sofrimento e de cruz! Se Pedro aceita Jesus como Messias e Filho de Deus, deverá aceitá-lo também como o Messias Servo que vai ser morto. Mas Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo. Levou Jesus para um lado, e o repreendeu, dizendo: "Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!".
Mateus 16,23: A resposta de Jesus a Pedro: pedra de tropeço
A resposta de Jesus é surpreendente. Pedro queria orientar Jesus tomando a dianteira. Jesus reage: "Sai daqui para atrás de mim. Você é satanás e uma pedra de tropeço para mim. Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!" Pedro deve seguir Jesus, e não o contrário. É Jesus que dá a direção. Satanás é aquele que desvia a pessoa do caminho traçado por Deus. Novamente, aparece a expressão pedra, mas agora em sentido oposto. Pedro, ora é pedra de apoio, ora é pedra de tropeço! Assim eram as comunidades da época de Mateus, marcadas pela ambiguidade. Assim, somos todos nós e assim é, no dizer de João Paulo II, é o próprio papado, marcado pela mesma ambiguidade de Pedro: pedra de apoio na fé e pedra de tropeço na fé.
4) Para um confronto pessoal
- Quais as opiniões que na nossa comunidade existem sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquecem a comunidade ou prejudicam a caminhada?
- Que tipo de pedra é a nossa comunidade? Qual a missão que resulta disso para nós?
5) Oração final
Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza. De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito. (Sl 50, 12-13)
AOS PADRES, NOSSO APREÇO, NOSSA GRATIDÃO
- Detalhes
Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A Igreja celebra, no dia 4 de agosto, a memória de São João Maria Vianney. Também conhecido como Cura d’Ars, nasceu (1786) e viveu na França e foi pároco da pequenina cidade de Ars. Considerado limitado em sua inteligência, fez verdadeiros milagres a partir da escuta. Isso mesmo. Passava horas ao confessionário, diariamente, escutando as pessoas. Essas confissões foram fonte de graças para milhares de penitentes que vinham ao seu encontro. Viveu na mais completa simplicidade. Morreu no dia 04 de agosto de 1859. Foi proclamado Santo.
Nessa data introduziu-se o costume de celebrar o Dia do Pároco e, por extensão, o Dia do Padre. Sirvo-me desse espaço para homenagear os padres da Arquidiocese de Montes Claros, aqueles chamados diocesanos, cujo vínculo de incardinação é com a diocese, e os religiosos, que pertencem a diferentes expressões da vida consagrada e exercem seu ministério nestas paragens.
Às vésperas da etapa arquidiocesana da IV Assembleia de Pastoral, há 134 padres no elenco da Arquidiocese. Os diocesanos somam 96; 42 exercem o ministério nas paróquias de Montes Claros e 43 nas paróquias das outras cidades da Arquidiocese. Estão fora do território arquidiocesano, por motivos diversos, 11 padres: 2 servindo como Capelães no Ordinariado Militar, 1 em Roma, para estudos e 8 em outras missões, no Brasil e no exterior.
Os religiosos somam 38 padres. O maior grupo é dos Cônegos Premonstratenses, primeira Ordem a chegar em Montes Claros, em 1903. Hoje são 15 sacerdotes que, além do Priorado, atendem a 3 paróquias. Os Franciscanos da Ordem dos Frades Menores são 7, 4 servindo na Paróquia Santo Antônio de Salinas e outros 3 no Noviciado São Benedito, em Montes Claros. Os Jesuítas estão em número de 4 e cuidam da extensa Paróquia N. Srª de Montes Claros e São José de Anchieta, além de outras obras, entre as quais a Casa de Nazaré. Os Missionários da Sagrada Família são 7 e cuidam de duas paróquias, uma em Taiobeiras e outra em Montes Claros. Estão em número de 3 os padres da Sagrada Família de Bérgamo. Eles cuidam da Paróquia Sagrada Família. Arautos do Evangelho são 2.
Merecem destaque os “patriarcas”: Mons. Antônio Rocha, o mais idoso, com 90 anos; Mons. Antônio Alencar, próximo dos 90 anos; Pe. Antônio Maia, em Bocaiúva; Mons. Tolentino, com 55 anos de sacerdócio, tendo sido ordenado por São Paulo VI em Roma, em 1966. Dos religiosos: Pe. João Batista e Dom Paulo (O. Praem.), acompanhados do Pe. Arlindo e do Pe. Germano (MSF), e, também, do Pe. Sefrin (SJ). Todos esses já passaram dos 80 anos e continuam servindo com alegria e disposição ao povo de Deus.
Citemos, também, o mais jovem, tanto em idade quanto em tempo de ordenação: o Pe. Cleydson Rafael, com 29 anos de idade e 7 meses de sacerdócio.
Insisto que é importante escrever a história dos nossos padres. Em Montes Claros, por exemplo, há ruas com nomes de sacerdotes e muitos não sabem dizer quem foram, embora eu esteja certo de que foram notáveis. Professores, doutores, médicos, advogados, psicólogos, músicos, artistas, comunicadores… quantos carismas reúne o presbitério. A todos os padres, nosso apreço, reconhecimento e gratidão. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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