Quarta-feira, 13 de janeiro-2021. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 29-39)
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: "Todos estão te procurando". 38Jesus respondeu: "Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim". 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
Palavra da Salvação.
3) Reflexão
Jesus restaura a vida para o serviço. Depois de participar da celebração do sábado na sinagoga, Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. A cura fez com ela se colocasse de pé e, com a saúde e a dignidade recuperadas, começasse a servir as pessoas. Jesus não só cura a pessoa, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
Jesus acolhe os marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o sábado na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
Permanecer unido ao Pai pela oração. Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam atrás dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus para levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram. Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na tomada das decisões.
Foi para isto que eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos, este mal-entendido, apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e chegar a uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências, para não permitir que elas cresçam até à ruptura.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão através da oração. E a minha oração?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do SENHOR dura para sempre. (Sl 116)
Nove mil crianças morreram em orfanatos católicos para filhos de mães solteiras, conclui investigação da Irlanda
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Santuário em Tuam feito em memória das crianças vítimas dos antigos lares para mães solteiras administrados pela Igreja Católica da Irlanda Foto: PAUL FAITH / AFP
Abusos aconteceram entre os anos 1920 e 1990. Relatório final de investigação de ex-instituições católicas mostrou que taxa de mortalidade era cinco vezes maior do que a média da época
Da Reuters
DUBLIN — Nove mil crianças morreram em orfanatos administrados pela Igreja Católica da Irlanda entre 1920 e 1990. As 9 mil mortes equivalem a uma taxa de mortalidade de 15%, cinco vezes maior do que a média do período e considerada "chocante" pelos autores de um relatório encomendado pelo governo irlandês, divulgado nesta terça-feira.
A investigação abrangeu 18 antigas instituições católicas, chamadas Lares para Mães e Bebês, onde jovens solteiras grávidas e depois seus filhos foram escondidos da sociedade por décadas. Os orfanatos recebiam subsídios do Estado.
O documento é o último de uma série que revela alguns dos capítulos mais sombrios da Igreja Católica no país. A alta mortalidade reflete as condições de vida brutais nessas instituições. As crianças eram filhas de milhares de mulheres, incluindo vítimas de estupro e incesto, que foram levadas a esses chamados lares para dar à luz. Calcula-se que 56 mil mulheres passaram pelos lares.
Parte das crianças era oferecida para adoção, na Irlanda e no exterior. As sobreviventes ficavam até a maioridade, e não sabiam quem eram suas mães.
Parentes das mulheres afirmaram que os bebês eram maltratados porque nasceram de mães solteiras que, como seus filhos, eram vistas como uma mancha na imagem da Irlanda como uma devota nação católica. As investigações mostraram também que as crianças sofriam com desnutrição, doenças e miséria. Muitas não sobreviviam, e seus corpos eram colocados em valas comuns, sem indicações sobre sua identidade.
Em apenas uma das instituições, em Bessborough, no condado de Cork, a taxa de mortalidade de menores de 1 ano foi de 75% in 1943. A tragédia dos lares foi lembrada no filme "Philomena", de Stephen Frears, lançado em 2013. Ele conta a história real de uma mulher que busca o filho arrancado dos seus braços em uma das instituições.
O inquérito foi aberto seis anos atrás, depois que evidências de um cemitério não identificado na cidade de Tuam foram descobertas pela historiadora local Catherine Corless, que disse ter sido assombrada por memórias de infância de crianças magras do lar local. Um relatório de 2017 indicou que os restos mortais de 802 crianças, de recém-nascidos a bebês de 3 anos, foram enterrados entre 1925 e 1961 nesse orfanato, que ficou conhecido como "casa de Tuam".
O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, fará um pedido formal de desculpas às famílias das vítimas afetadas pelas antigas instituições católicas. Em um comunicado, o premier informou que haverá uma indenização, e leis serão aprovadas para fazer a busca, exumação e, quando possível, a identificação de restos mortais.
"O relatório deixa claro que, por décadas, a Irlanda teve uma cultura sufocante, opressora e brutalmente misógina, em que uma estigmatização generalizada de mães solteiras e seus filhos roubou desses indivíduos sua dignidade e às vezes seu futuro", disse o ministro da Criança, Roderic O'Gorman, em nota.
A associação de sobreviventes da rede de orfanatos descreveu o relatório como "muito chocante", ma disse que ele omitiu o papel do Estado na administração dos lares. "O que ocorreu foi um dos aspectos de um Estado recém-formado que era profundamente antimulheres em suas leis e cultura", disse o grupo em comunicado.
A reputação da Igreja Católica na Irlanda foi destruída por uma série de escândalos envolvendo padres pedófilos, abusos em asilos, adoções forçadas de bebês e outras questões dolorosas. Em 2018, o Papa Francisco pediu perdão pelos crimes cometidos pela Igreja no país. A declaração foi feita durante a primeira visita de um Pontífice à Irlanda em quase quatro décadas. Fonte: https://oglobo.globo.com
Terça-feira, 12 de janeiro-2021. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 21-28)
21Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24"Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus". 25Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele"!26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
A sequência dos evangelhos dos dias desta semana. O evangelho de ontem informava sobre a primeira atividade de Jesus: chamou quatro pessoas para formar comunidade com ele (Mc 1,16-20). O evangelho hoje descreve a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22) e o primeiro milagre expulsando um demônio (Mt 1,23-28). O evangelho de amanhã narra a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc 1,32-34) e a oração de Jesus num lugar isolado (Mc 1.35-39). Marcos recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu entre si como tijolos numa parede. Nos anos 70, ano em que ele escreve, as Comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa Nova. Marcos faz catequese contando para as comunidades os acontecimentos da vida de Jesus.
Jesus ensina com autoridade, diferente dos escribas. A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas. Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no coração.
Vieste para nos destruir! Em Marcos, o primeiro milagre é a expulsão de um demônio. Jesus combate e expulsa o poder do mal que tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. O possesso gritava: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” O homem repetia o ensinamento oficial que apresentava o messias como “Santo de Deus”, isto é, como um Sumo Sacerdote, ou como rei, juiz, doutor ou general. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma, enganada pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do comércio. Repete o que ouve dizer. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações em dinheiro, ameaçada pelos cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como deveria ser se eles não puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e recomenda.
Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” O espírito sacudiu o homem, deu um grande grito e saiu dele. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. Faz a pessoa recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc 5,15). Não é nem era fácil, nem ontem, nem hoje, fazer com que a pessoa comece a pensar e atuar diferentemente da ideologia oficial.
Ensinamento novo! Ele manda até nos espíritos impuros. Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus, são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus, e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza. Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida por Deus a Abraão. Ela teria que purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e normas dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura, longe de Deus. Agora, purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia para eles!
4) Para um confronto pessoal
1) Será que posso dizer: “Eu sou plenamente livre, senhor de mim mesmo”? Se não o posso dizer de mim mesmo, então algo em mim é possesso por outros poderes. Como faço para expulsar este poder estranho?
2) Hoje muita gente não vive, mas é vivido. Não pensa, mas é pensado pelos meios de comunicação. Já não tem pensamento crítico. Já não é dono de si mesmo. Como expulsar este “demônio”?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)
Segunda-feira, 11 de janeiro-2021. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 14-20)
14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15"O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!" 16E, passando à beira do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens". 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
3) Reflexão
Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?
Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:
- Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.
- O Reino de Deus chegou! Para os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
- Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.
- Acreditem nesta Boa Notícia! Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!
O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!
4) Para um confronto pessoal
1) Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?
5) Oração final
Tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra, tu és excelso acima de todos os deuses. (Sl 96, 9)
Batismo do Senhor: Um Olhar
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013
A pregação do Evangelho aos pagãos, no início, parecia um trabalho sem resultado, mas Jesus vai mostrar, que a conversão é uma caminhada contínua. Por isso vai entrar na fila para ser batizado por João. Assim mostrará, que a humanidade é o caminho do perdão e da conversão. Desta maneira buscamos a justiça e a reforma da própria vida.
Jesus não necessita do batismo de João. Ele é o próprio Salvador, e deseja, que todos procuram o acolhimento e o perdão. O batismo de Jesus é revestir-se do Espírito Santo e a Paz.
Reflexão
Senhor, Pai de todos os homens, nós Vos agradecemos, porque estivestes tão perto de nós em Jesus Cristo: simples e realmente encomendado por nossa causa. Fazei a nossa vida. Como Ele viveu. Fazei-nos pedras vivas do Vosso Reino, que permanecerão até a vida eterna. Amém
Resposta à Palavra de Deus.
João batizava aqueles, que viveram para ouvi-lo. Assim demonstravam o seu propósito de começar uma vida nova e mais justa. O sacramento do Batismo nos compromete com Cristo para segui-lo e emita-lo.
Covid. México: mortos 7 padres nas últimas 2 semanas de 2020. Ao todo, 14 bispos infectados
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A atualização do relatório se refere ao período de 15 a 31 de dezembro de 2020, durante o qual morreram sete sacerdotes. Não houve novas mortes de bispos, mas houve novas infecções. Ao todo, 14 bispos foram infectados até agora, com quatro mortes. O Centro Multimídia Católico adverte que este último período foi dramático para todo o país, que está no meio da segunda onda, também devido à "irresponsabilidade comunitária durante as festividades, celebrações e atividades econômicas do último período"
O número oficial de mortos vítimas da Covid-19 na Igreja no México aumentou para 4 bispos, 135 sacerdotes e religiosos, 8 diáconos e 5 religiosas, num total de 152 pessoas. O dado é do 14º relatório do Centro Multimídia Católico, que há meses vem monitorando o impacto do vírus nos padres e religiosos do país.
A atualização do relatório se refere ao período de 15 a 31 de dezembro de 2020, durante o qual morreram sete sacerdotes. Entre estes, o mais conhecido é o padre Pedro Pantoja Arreola, fundador da Casa do Migrante na Diocese de Saltillo (Coahuila) e constantemente comprometido, em seu ministério, em favor dos mais marginalizados.
Último período tem sido dramático para todo o país
Não houve novas mortes de bispos, mas houve novas infecções e o bispo auxiliar da Arquidiocese de Cidade do México, dom Francisco Daniel Rivera Sánchez, encontra-se em graves condições de saúde.
Ao todo, 14 bispos foram infectados até agora, com quatro mortes. O Centro Multimídia Católico adverte que este último período foi dramático para todo o país, que está no meio da segunda onda, também devido à "irresponsabilidade comunitária durante as festividades, celebrações e atividades econômicas do último período".
58% das dioceses mexicanas registram perdas
Na maioria dos casos, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais estão lotadas. O relatório ressalta que, no que diz respeito aos números fornecidos, certamente há muitos casos de homens e mulheres religiosos que não foram relatados.
As mortes de sacerdotes e religiosos foram registradas em 58% das dioceses mexicanas; a mais afetada, com 15 mortes no total, é a Arquidiocese de Puebla. Cidade do México, Morelia e San Luis Potosí seguem com 7, Guadalajara com 6 mortes – 3 das quais nas últimas semanas. (Sir). Fonte: https://www.vaticannews.va
Núncio no Brasil apresenta suas credenciais
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Dom Diquattro começou sua carreira diplomática em 1985 e já foi Núncio no Panamá, Bolívia, Índia e Nepal.
Vatican News
O presidente Jair Bolsonaro recebeu na quinta-feira (07/01), em Brasília, as credenciais do novo Núncio Apostólico da Santa Sé no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. O Núncio foi nomeado pelo Papa Francisco em 29 de agosto de 2020.
Giambattista Diquattro nasceu em Bolonha, Emília-Romanha, Itália, em 18 de março de 1954 é arcebispo, diplomata, teólogo e canonista. Foi ordenado sacerdote em 1981. Recebeu seu mestrado em Direito Civil na Universidade de Catânia, e doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma e mestrado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma.
Entrou para o Serviço Diplomático da Santa Sé em 1º de maio de 1985, e serviu em missões diplomáticas nas representações pontifícias na República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Chade, nas Nações Unidas em Nova York, e mais tarde na Secretaria de Estado do Vaticano, e na Nunciatura Apostólica na Itália.
O Papa João Paulo II o nomeou núncio apostólico no Panamá em 2 de abril de 2005. Bento XVI o nomeou núncio apostólico na Bolívia em 21 de novembro de 2008 e em 21 de janeiro de 2017, o Papa Francisco o nomeou Núncio Apostólico na Índia e no Nepal. Fonte: https://www.vaticannews.va
*Terça-feira, 5 de janeiro-2021. Evangelho do dia: Um olhar
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Evangelho: Marcos 6, 34-44
O Evangelho de hoje mostra-nos o amor, a ternura e a generosidade de Jesus. O Senhor comove-se diante da multidão que O seguiu, «porque eram como ovelhas sem pastor», e dá-lhes o pão: o pão da sua palavra «Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas» e o pão material que é, acima de tudo, prefiguração da sua vontade em nos alimentar com o seu corpo e o seu sangue.
O verdadeiro pão é Ele. Estamos perante um novo milagre do maná (cf. Ex 16), feito por Jesus, o novo Moisés, revelador escatológico e mediador dos sinais de Deus (cf. Ex 4, 1-9), num novo êxodo: é o símbolo da Eucaristia, verdadeiro alimento do povo de Deus. É preciso comer o pão vivo descido do céu para ter a vida e entrar em comunhão íntima com Jesus.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
A VERDADE E A MENTIRA
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Dom Wilson Tadeu Jönck
Arcebispo de Florianópolis (SC)
Conta uma parábola de origem judaica que a Mentira e a Verdade, em um dia de sol, saíram a caminhar no campo. E resolveram banhar-se nas águas de um rio que se apresentava muito convidativo. Cada uma tirou a sua roupa e caíram na água. Mas, a um dado momento a Mentira aproveitou-se da distração da Verdade, saiu da água e vestiu as roupas da Verdade. Quando esta saiu da água, negou-se a usar as vestes da Mentira. Saiu nua a perseguir a Mentira. As pessoas que as viam passar acolhiam a Mentira com as vestes da Verdade, mas proferiam impropérios e condenações contra a atitude despudorada da Verdade. Moral: as pessoas estão mais dispostas a aprovar a Mentira com vestes de Verdade do que enfrentar a Verdade nua e crua.
A parábola apresenta uma realidade da comunidade dos seres humanos. Aquilo que mostram nem sempre corresponde à verdade. Mais, as pessoas na sociedade atual consomem tempo e dinheiro para construir vestes vistosas que possam ocultar a realidade da vida. Torna-se uma segunda natureza, artigo que não pode faltar no dia a dia. Há uma indústria de cosméticos, de vestuário, de perfumaria que assumem o nível de primeira necessidade na vida do ser humano. E tantas vezes eles existem para esconder imperfeições ou aspectos menos aceitáveis da própria pessoa.
Outra característica da sociedade hodierna é a exposição da imagem. Os meios de comunicação são especializados em produzir aparências. Aquelas imagens que aparecem na TV são produzidas para provocarem impacto. Quando as pessoas mostram admiração pela imagem apresentada por nós, reagimos como se a imagem fosse o eu verdadeiro. Na sociedade atual somos educados a esconder a verdade que somos nós. Já dizia Fernando Pessoa “o poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que dor, a dor que deveras sente”.
É da natureza humana o querer apresentar uma imagem de si, melhor do que a realidade. Podemos afirmar de nós mesmos que não somos tão bons, tão justos, tão generosos, tão honestos como fazemos acreditar. Dar-se conta disto é o caminho para se chegar à verdade de si mesmo. Diz o Evangelho: “a verdade liberta”. O mundo da aparência traz consigo o peso da escravidão. Um exemplo: Quando o casamento é realizado sobre aparências que encobrem a verdade, acaba se tornando insustentável. Descobrir a verdade sobre nós mesmos, sobre a realidade que nos cerca, é o caminho de libertação.
Para terminar, uma frase atribuída a Bismark: “Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante a guerra, e depois de uma caçada”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Bispo é libertado de sequestro na Nigéria: o agradecimento ao Papa e à Polícia
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O Papa tinha feito um apelo no Angelus desta sexta-feira (01) pela libertação de dom Moses Chikwe e seu motorista, sequestrados em 27 de dezembro. Representantes da Organização das Mulheres Cristãs tinham organizado uma manifestação pedindo a libertação dos dois. A arquidiocese de Owerri, no Estado de Imo, na Nigéria, divulgou nota oficial comunicando que eles foram libertados ilesos: dom Anthony Obinna agradeceu a Francisco e à Polícia local.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco, no Angelus desta sexta-feira (1), fez um apelo pela “segurança, concórdia e paz” na Nigéria e pediu orações para todas as pessoas sequestradas no país, entre elas, o bispo auxiliar de Owerri. Neste sábado (2), a boa notícia divulgada pelo arcebispo local, dom Anthony Obinna: o prelado e o seu motorista, sequestrados no último domingo, 27 de dezembro, foram libertados na noite desta sexta-feira, 1º de janeiro.
Em nota oficial da Arquidiocese de Owerri, veio a confirmação da libertação. O arcebispo disse que chegou a visitar o bispo auxiliar, na sua casa, próximo das 23h: "ele parecia fraco pela experiência traumática".
Segundo a Agência de Notícias Fides, o porta-voz da polícia local, Orlando Ikeokwu, disse que o bispo auxiliar e o motorista foram libertados ilesos e sem nenhum resgate pago, graças a uma operação da Polícia do Estado de Imo. O motorista, no entanto, foi levado ao hospital às pressas para receber o tratamento necessário devido às feridas causadas por facadas.
O arcebispo de Owerri, na nota oficial, agradeceu à polícia pelos esforços empreendidos para conseguir libertar o prelado e o motorista. O agradecimento também foi dirigido ao Papa Francisco, que fez um apelo pela libertação, além de bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que rezaram pela feliz conclusão do sequestro. Representantes da Organização das Mulheres Cristãs (CWO) haviam organizado uma marcha de protesto no último dia 30 de dezembro, em Owerri, também pedindo a libertação dos dois homens. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa não preside os ritos de fim e início de ano por causa de uma ciatalgia
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Neste ano o Te Deum será presidio pelo cardeal decano Giovanni Battista Re que lerá a homilia do Papa Francisco ausente devido a uma dolorosa ciatalgia. A cerimônia das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, será realizada na tarde desta quinta-feira e se concluirá com o hino cristão pelo ano transcorrido marcado pela Covid.
Vatican News
Devido a uma dolorosa ciatalgia, as celebrações desta noite e da manhã do dia 1º de janeiro no altar da Cátedra na Basílica do Vaticano não serão presididas pelo Papa Francisco. As Primeiras Vésperas e Te Deum desta noite, 31 de dezembro de 2020, serão presididas por Sua Eminência Card. Giovanni Battista Re, Decano do Colégio dos Cardeais, enquanto a Santa Missa amanhã, 1º de janeiro de 2021, será presidida por Sua Eminência o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado. Amanhã, 1º de janeiro de 2021, o Papa Francisco ainda fará a oração do Angelus na Biblioteca do Palácio Apostólico, conforme previsto.
Um ano que se encerra com a incerteza global e os medos com os quais iniciara, no sofrimento produzido nestes últimos meses, e portanto com uma necessidade ainda mais aguda de confiar tudo ao céu. De certa forma, os gestos e as notas da tradição e a solenidade simples do Te Deum na tarde desta quinta-feira 17 horas, hora de Roma (13 horas de Brasília) na Basílica de São Pedro resumem todos os Te Deum que serão cantados nas igrejas do mundo inteiro, no final de doze meses duramente condicionados pela pandemia.
Te Deum 2020
O hino de ação de graças que neste 31 de dezembro é cantado durante as Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Mãe de Deus, mas que acompanha a vida da Igreja também noutras ocasiões importantes - na Capela Sistina, após a eleição de um novo Pontífice, antes da dissolução do Conclave ou na conclusão de um Concílio - presidido pelo cardeal decano será um ato de veneração ao Menino Jesus no início e no fim do rito. No final das Vésperas haverá a exposição do Santíssimo Sacramento e alguns minutos de silêncio para adoração. Depois, o Te Deum será cantado e o cardeal Giovanni Battista Re concederá a Bênção com o Santíssimo Sacramento.
Uma breve história de um cântico antigo
Hoje os especialistas atribuem a redação final do Te Deum a Niceta, bispo de Remesiana, no final do século IV, quando anteriormente o autor era considerado São Cipriano de Cartago. Não existe, contudo, qualquer base histórica para a tese – que remonta a uma crônica de Milão do século XI falsamente atribuída ao bispo Dacio - de que o Te Deum foi cantado por Santo Ambrósio e Santo Agostinho no dia do batismo deste último, que teve lugar em Milão em 386.
Rádio Vaticano – Vatican News irá transmitir a celebração com comentários em português a partir das 12h55, hora de Brasília. Fonte: https://www.vaticannews.va
30 de dezembro. Evangelho do Dia-Lectio Divina- Frei Carlos Mesters, O.Carm.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que o novo nascimento de vosso Filho como homem nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 2, 36-40)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 36Havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada. 37Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. 38Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação. 39Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, à sua cidade de Nazaré. 40O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
3) Reflexão
Nos primeiros dois capítulos de Lucas, tudo gira em torno do nascimento de duas crianças: João e Jesus. Os dois capítulos nos fazem sentir o perfume do Evangelho de Lucas. Neles, o ambiente é de ternura e de louvor. Do começo ao fim, se louva e se canta a misericórdia de Deus: os cânticos de Maria (Lc 1,46-55), de Zacarias (Lc 1,68-79), dos anjos (Lc 2,14), de Simeão (Lc 2,29-32). Finalmente, Deus chegou para cumprir suas promessas, e Ele as cumpre em favor dos pobres, dos anawim, dos que souberam perseverar e esperar pela sua vinda: Isabel, Zacarias, Maria, José, Simeão, Ana, os pastores.
Os capítulos 1 e 2 do Evangelho de Lucas são muito conhecidos, mas pouco aprofundados. Lucas escreve imitando os escritos do AT. É como se os primeiros dois capítulos do seu evangelho fossem o último capítulo do AT que abre a porta para a chegada do Novo. Estes dois capítulos são a dobradiça entre o AT e o NT. Lucas quer mostrar como as profecias estão se realizando. João e Jesus cumprem o Antigo e iniciam o Novo.
Lucas 2,36-37: A vida da profetisa Ana
“Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Tinha-se casado bem jovem, e vivera sete anos com o marido. Depois ficou viúva, e viveu assim até os oitenta e quatro anos. Nunca deixava o Templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações”. Como Judite (Jd 8,1-6), Ana é viúva. Como Débora (Jz 4,4), ela é profetisa. Isto é, pessoa que comunica algo de Deus e que tem uma abertura especial para as coisas da fé a ponto de poder comunicá-las aos outros. Ana casou jovem, viveu em casamento durante sete anos, ficou viúva e continuou dedicada a Deus até oitenta e quatro anos. Hoje, em quase todas as nossas comunidades, no mundo inteiro, você encontra um grupo de senhoras de idade, muitas delas viúvas, cuja vida se resume em rezar e marcar presença nas celebrações e em servir ao próximo.
Lucas 2,38: Ana e o menino Jesus
“Ela chegou nesse instante, louvava a Deus, e falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Chegou ao templo no momento em que Simeão abraçava o menino e conversava com Maria sobre o futuro do menino (Lc 2,25-35). Lucas sugere que Ana participou neste gesto. O olhar de Ana é um olhar de fé. Ela vê um menino nos braços de sua mãe, e descobre nele o Salvador do mundo.
Lucas 2,39-40: A vida de Jesus em Nazaré
”Quando acabaram de cumprir todas as coisas, conforme a Lei do Senhor, voltaram para Nazaré, sua cidade, que ficava na Galileia. O menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele”. Nestas poucas palavras, Lucas comunica algo do mistério da encarnação. “A Palavra de fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). O Filho de Deus tornou-se igual a nós em tudo e assumiu a condição de servo (Filp 2,7). Foi obediente até a morte e morte de cruz (Filp 2,8). Dos trinta e três anos que viveu entre nós, trinta foram vividos em Nazaré. Se você quiser saber como foi a vida do Filho de Deus durante os anos que ele viveu em Nazaré, procure conhecer a vida de qualquer nazareno daquele época, mude o nome, coloque Jesus e você terá a vida do Filho de Deus durante trinta dos trinta e três anos da sua vida, igual a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4,15). Nestes trinta anos da sua vida, “o menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele”. Em outro lugar Lucas afirma a mesma coisa com outras palavras. Ele diz que o menino “crescia em sabedoria, idade e tamanho diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Crescer em Sabedoria significa assimilar os conhecimentos, a experiência humana acumulada ao longo dos séculos: os tempos, as festas, os remédios, as plantas, as orações, os costumes, etc. Isto se aprende vivendo e convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em Tamanho significa nascer pequeno, crescer aos poucos e ficar adulto. É o processo de cada ser humano com suas alegrias e tristezas, descobertas e frustrações, raivas e amores. Isto se aprende vivendo e convivendo na família com os pais, os irmãos e irmãs, os tios, os parentes. Crescer em Graça significa: descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, a vocação, o chamado dele. A carta aos hebreus diz que: “Embora fosse filho de Deus, Jesus teve que aprender a ser obediente através dos seus sofrimentos” (Hb 4,8).
4) Para um confronto pessoal
1) Conhece pessoas como Ana, que tem um olhar de fé sobre as coisas da vida?
2) Crescer em sabedoria, tamanho e graça: como isto acontece em minha vida?
5) Oração final
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação.
Entre os povos narrai a sua glória, entre todas as nações dizei seus prodígios. (Sl 95, 2-3)
29 de dezembro. Evangelho do Dia-Lectio Divina- Frei Carlos Mesters, O.Carm
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1) Oração
Ó Deus invisível e todo-poderoso, que dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz, volvei para nós o vosso olhar, a fim de que proclamemos dignamente a maravilhosa natividade de vosso Filho Unigênito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 2, 22-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 22Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 23conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); 24e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 27Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 28tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31que preparastes diante de todos os povos, 32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel. 33Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 35a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.
3) Reflexão
Os primeiros dois capítulos do Evangelho de Lucas, escrito na metade dos anos 80, não são história no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam muito mais como espelho, onde os cristãos convertidos do paganismo descobriam que Jesus tinha vindo realizar as profecias do Antigo Testamento e atender às mais profundas aspirações do coração humano. São também símbolo e espelho do que estava acontecendo entre os cristãos do tempo de Lucas. As comunidades vindas do paganismo tinham nascido das comunidades dos judeus convertidos, mas eram diferentes. O Novo não correspondia ao que o Antigo imaginava e esperava. Era "sinal de contradição" (Lc 2,34), causava tensões e era fonte de muita dor. Na atitude de Maria, imagem do Povo de Deus, Lucas apresenta um modelo de como perseverar no Novo, sem ser infiel ao Antigo.
Nestes dois primeiros capítulos do evangelho de Lucas tudo gira em torno do nascimento de duas crianças: João e Jesus. Os dois capítulos nos fazem sentir o perfume do Evangelho de Lucas. Neles, o ambiente é de ternura e de louvor. Do começo ao fim, se louva e se canta, pois, finalmente, a misericórdia de Deus se revelou e, em Jesus, ele cumpriu as promessas feitas aos pais. E Deus as cumpriu em favor dos pobres, dos anawim, como Isabel e Zacarias, Maria e José, Ana e Simeão, os pastores. Estes souberam esperar pela sua vinda.
A insistência de Lucas em dizer que Maria e José cumpriram tudo aquilo que a Lei prescreve evoca o que Paulo escreveu na carta aos Gálatas: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” (Gal 4,4-5).
A história do velho Simeão ensina que a esperança, mesmo demorada, um dia se realiza. Ela não se frustra nem se desfaz. Mas a forma de ela realizar-se nem sempre corresponde à maneira como a imaginamos. Simeão esperava o Messias glorioso de Israel. Chegando ao templo, no meio de tantos casais que trazem seus meninos ao templo, ele vê um casal pobre lá de Nazaré. É neste casal pobre com seu menino ele vê a realização da sua esperança e da esperança do povo: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel."
No texto do evangelho deste dia, aparecem os temas preferidos de Lucas, a saber, uma grande insistência na ação do Espírito Santo, na oração e no ambiente orante, uma atenção contínua à ação e à participação das mulheres, e uma preocupação constante com os pobres e com a mensagem a ser dada aos pobres.
4) Para um confronto pessoal
1) Você seria capaz de perceber numa criança pobre a luz para iluminar as nações?
2) Você seria capaz de agüentar uma vida inteira esperando a realização da sua esperança?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sal 95, 1-2)
28 de dezembro - Santos Inocentes, mártires. Evangelho-Lectio Divina, Frei Carlos Mesters, O.Carm
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1) Oração
Ó Deus, hoje os santos inocentes proclamam vossa glória, não por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com nossa vida o que nossos lábios professam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 2,13-18)
13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei o meu Filho". 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18"Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais.
3) Reflexão
O Evangelho de Mateus, redigido em torno dos anos 80 e 90, tem a preocupação de mostrar que em Jesus se realizam as profecias. Muitas vezes se diz: “Isto aconteceu para que se realizasse o que diz a escritura....” (cf. Mt 1,22; 2,17.23; 4,14; 5,17; etc). É porque os destinatários do Evangelho de Mateus são as comunidades de judeus convertidos que viviam uma crise profunda de fé e de identidade. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70, os fariseus eram o único grupo sobrevivente do judaísmo. Nos anos 80, quando eles começaram a se reorganizar, crescia a oposição entre judeus fariseus e judeus cristãos. Estes últimos acabaram sendo excomungados da sinagoga e separados do povo das promessas. A excomunhão tornou agudo o problema da identidade. Já não podiam mais freqüentar suas sinagogas. E vinha a dúvida: Será que erramos? Quem é o verdadeiro povo de Deus? Jesus é realmente o Messias?
É para este grupo sofrido que Mateus escreve o seu evangelho como Evangelho da consolação para ajudá-los a superar o trauma da ruptura; como Evangelho da revelação para mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias, o novo Moisés, no qual se realizam as promessas; como Evangelho da nova prática para ensinar o caminho de como alcançar a nova justiça, maior do que a justiça dos fariseus (Mt 5,20).
No evangelho de hoje transparece esta preocupação de Mateus. Ele consola as comunidades perseguidas mostrando que Jesus também foi perseguido. Ele revela que Jesus é o Messias, pois por duas vezes insiste em dizer que as profecias nele se realizaram; e sugere ainda que Jesus seja o novo Moisés, pois como Moisés foi perseguido e teve que fugir. Ele aponta um novo caminho, sugerindo que devem fazer como os magos que souberam driblar a vigilância da Herodes e voltaram por um ouro caminho para casa.
4) Para um confronto pessoal
1) Herodes mandou matar as crianças de Belém. O Herodes de hoje continua matando milhões de crianças. Elas morrem de fome, de doença, de desnutrição, de aborto. Quem é hoje Herodes?
2) Mateus ajuda a superar a crise de fé e de identidade. Hoje, muitos vivem uma crise profunda de fé e de identidade. Como o Evangelho pode ajudar a superar esta crise?
5) Oração final
Nosso auxílio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra. (Sal 123, 8)
Domingo 27 de dezembro. Festa da Sagrada Família - Ano B
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A liturgia deste domingo propõe-nos a família de Jesus como exemplo e modelo das nossas comunidades familiares... Como a família de Jesus - diz-nos a liturgia deste dia - as nossas famílias devem viver numa atenção constante aos desafios de Deus e às necessidades dos irmãos.
O Evangelho põe-nos diante da Sagrada Família de Nazaré apresentando Jesus no Templo de Jerusalém. A cena mostra uma família que escuta a Palavra de Deus, que procura concretizá-la na vida e que consagra a Deus a vida dos seus membros. Nas figuras de Ana e Simeão, Lucas propõe-nos também o exemplo de dois anciãos de olhos postos no futuro, capazes de perceber os sinais de Deus e de testemunhar a presença libertadora de Deus no meio dos homens.
Evangelho- Atualização (LC 2,22-40).
Neste episódio do "Evangelho da Infância", Lucas apresenta-nos uma família - a Sagrada Família - que vive atenta aos apelos de Deus e que se empenha em cumprir cuidadosamente os preceitos do Senhor. Por quatro vezes (vers. 22.23.24.27), Lucas refere, a propósito da família de Jesus, o cumprimento da Lei de Moisés, da Lei do Senhor ou da Palavra do Senhor - o que sugere a importância que a Palavra de Deus assume na vida da família de Nazaré. Trata-se, na perspectiva de Lucas, de uma família que escuta a Palavra de Deus e que constrói a sua existência ao ritmo da Palavra de Deus e dos desafios de Deus.
Maria e José perceberam provavelmente que uma família que escuta a Palavra de Deus e que procura responder aos desafios postos por essa Palavra é uma família feliz, que encontra na Palavra indicações seguras acerca do caminho que deve percorrer e que se constrói sobre a rocha firme dos valores eternos. Que importância é que a Palavra de Deus assume na vida das nossas famílias? Procuramos que cada membro das nossas famílias cresça numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus e aos desafios de Deus? Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus e para partilhar, em família, a Palavra de Deus?
Segundo a Lei judaica, todo o primogénito devia ser consagrado e dedicado ao Senhor. Também Jesus é apresentado no Templo e consagrado ao Senhor. Nas nossas famílias cristãs há normalmente uma legítima preocupação com o proporcionar a cada criança condições ótimas de vida, de educação, de acesso à instrução e aos cuidados essenciais... Haverá sempre uma preocupação semelhante no que diz respeito à formação para a fé e em proporcionar aos filhos uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo? Os pais cristãos preocupam-se sempre em proporcionar aos seus filhos um exemplo de coerência com os compromissos assumidos no dia do Batismo? Preocupam-se em ser os primeiros catequistas dos próprios filhos, transmitindo-lhes os valores do Evangelho? Preocupam-se em acompanhar e em potenciar a formação e a caminhada catequética dos próprios filhos, em inseri-los numa comunidade de fé, em integrá-los na família de Jesus, em consagrá-los ao serviço de Deus?
Simeão e Ana, os dois anciãos que acolhem Jesus no Templo de Jerusalém, não são pessoas desiludidas da vida, que vivem voltadas para o passado sonhando com um tempo ideal que já não volta; mas são pessoas voltadas para o futuro, atentas ao Deus libertador que vem ao seu encontro, que sabem ler os sinais de Deus naquele menino que chega e que testemunham diante dos seus conterrâneos a presença salvadora e redentora de Deus no meio do seu Povo. Os anciãos - quer pela sua maturidade, sabedoria e equilíbrio, quer pelo tempo de que normalmente dispõem - podem ser testemunhas privilegiadas dos valores de Deus, intérpretes dos sinais de Deus, profetas credíveis que obrigam o mundo a confrontar-se com os desafios de Deus. É preciso que não vivam voltados para o passado, refugiados numa realidade que alienam transformados em "estátuas de sal", mas que vivam de olhos postos no futuro, de espírito aberto e livre, pondo a sua sabedoria e experiência ao serviço da comunidade humana e cristã, ensinando os mais jovens a distinguir entre o que é eterno e importante e o que é passageiro e acessório.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado o link- EVANGELHO DO DIA.
26 de dezembro – Santo Estêvão. Lectio Divina do Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos santo Estêvão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 17-22)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 17 Cuidado com os homens, porque eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. 18 Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos. 19 Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. 20 Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós. 21 O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. 22 Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
3) Reflexão
O contraste é grande. Ontem, dia de Natal, foi o presépio do recém nascido com o canto dos anjos e a visita dos pastores. Hoje é o sangue derramado de Estevão, apedrejado até a morte, porque teve a coragem de crer na promessa expressa na simplicidade do presépio. Estevão criticou a interpretação fundamentalista da Lei de Deus e o monopólio do Templo. Por isso foi morto por eles (At 6,13-14).
Hoje, na festa de Estevão, primeiro mártir, a liturgia traz um trecho do evangelho de Mateus (Mt 10,17-22), tirado do assim chamado Sermão da Missão (Mt 10,5-42). Nele Jesus adverte os seus discípulos dizendo que a fidelidade ao evangelho traz dificuldades e perseguição: “eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles”. Mas para Jesus o que importa na perseguição não é o lado doloroso do sofrimento, mas sim o lado positivo do testemunho: “Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações”. A perseguição é uma oportunidade para dar testemunho da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.
Foi o que aconteceu com Estevão. Ele deu testemunho da sua fé em Jesus até o último momento da sua vida. Na hora de morrer ele disse: “Vejo os céus abertos, e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (At 7,56). E ao cair morto debaixo das pedradas imitou Jesus gritando: “Senhor, não lhes leve em conta este pecado!” (At 7,60; Lc 23,34).
Jesus tinha dito: “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. Esta profecia de Jesus também se realizou em Estevão. Os seus adversários “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com o qual ele falava” (At 6,10). “Os membros do sinédrio tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo” (At 6,15). Estevão falava “repleto do Espírito Santo” (At 7,55). Por isso, a raiva dos outros era maior e o lincharam na hora.
Até hoje acontece o mesmo. Em muitos lugares muita gente é arrastada diante dos tribunais e sabe dar respostas que superam em sabedoria aos sábios e entendidos (Lc 10,21).
4) Para um confronto pessoal
1) Colocando-se na posição de Estevão: você já sofreu alguma vez por causa da sua fidelidade ao Evangelho?
2) A simplicidade do presépio e a dureza do martírio vão de par em par na vida dos Santos e Santas e na vida de tantas pessoas que hoje são perseguidas até a morte por causa da sua fidelidade ao evangelho. Você conheceu de perto pessoas assim?
5) Oração final
Inclina para mim teu ouvido, vem depressa livrar-me. Sê para mim o rochedo que me acolhe, refúgio seguro, para a minha salvação. Pois tu és minha rocha e meu baluarte, pelo teu nome me diriges e me guias. (Sal 30, 3-4)
Natal do Senhor - Missa do Dia - Ano B: 25 de dezembro-2020
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A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na encarnação de Jesus... Ele é a "Palavra" que se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus".
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a "Palavra" viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/"Palavra" é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
Evangelho (Jo 1,1-18). Atualização
A transformação da "Palavra" em "carne" (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.
Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus". O presépio que hoje contemplamos é apenas um quadro bonito e terno, ou uma interpelação a acolher a "Palavra", de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?
Hoje, como ontem, a "Palavra" continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem. Sensíveis à "Palavra", embarcados na mesma aventura de Jesus - a "Palavra" viva de Deus - como nos situamos diante de tudo aquilo que rouba a vida do homem? Podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos direitos e à dignidade do homem?
Jesus (esse menino do presépio) é para nós a "Palavra" suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras "palavras" nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado? Quais são essas "palavras" que às vezes nos seduzem e nos afastam da "Palavra" eterna de Deus que ecoa no Evangelho que Jesus veio propor?
*Leia a reflexão na integra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Evangelho do dia- Lectio Divina. Quarta-feira. 23 de dezembro-2020. 4ª Semana do Advento. - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, ao aproximar-nos do natal do vosso Filho, concedei-nos obter a misericórdia do Verbo, que se encarnou no seio da Virgem e quis viver entre nós Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 57-66)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 57Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. 58Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela. 59No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias. 60Mas sua mãe interveio: Não, disse ela, ele se chamará João. 61Replicaram-lhe: Não há ninguém na tua família que se chame por este nome. 62E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. 63Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: João é o seu nome. Todos ficaram pasmados. 64E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus. 65O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia. 66Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele.
3) Reflexão
Nos capítulos 1 e 2 do seu evangelho, Lucas descreve o anúncio e o nascimento de dois meninos, João e Jesus, que vão ocupar um papel importante na realização do projeto de Deus. O que Deus iniciou no AT começa a ser realizado por meio deles. Por isso, nestes dois capítulos, Lucas evoca muitos fatos e pessoas do AT e ele chega a imitar o estilo do AT. É para sugerir que com o nascimento destes dois meninos a história faz a grande curva e inicia a realização das promessas de Deus por meio de João e de Jesus e com a colaboração dos pais Isabel e Zacarias e Maria e José.
Existe certo paralelismo entre o anúncio e o nascimento dos dois meninos:
- O anúncio do nascimento de João (Lc 1,5-25) e de Jesus (Lc 1,26-38)
- As duas mães grávidas se encontram e experimentam a presença de Deus (Lc 1,27-56)
- O nascimento de João (Lc 1,57-58) e de Jesus (Lc 2,1-20)
- A circuncisão na comunidade de João (Lc 1,59-66) e de Jesus (Lc 2,21-28)
- O canto de Zacarias (Lc 1,67-79) e o canto de Simeão com a profecia de Ana (Lc 2,29-32)
- A vida oculta de João (Lc 1,80) e de Jesus (Lc 2,39-52)
Lucas 1,57-58: Nascimento de João Batista
“Completou-se para Isabel o tempo do parto e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela”. Como tantas mulheres do AT, Isabel era estéril: Como Deus teve piedade de Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), de Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sam 1,2.6.11) transformando a esterilidade em fecundidade, assim Ele teve piedade de Isabel, e ela concebeu um filho. Grávida, Isabel escondeu-se durante cinco meses. Quando, depois de cinco meses, o povo pôde verificar no corpo dela como Deus tinha sido bom para Isabel, todos se alegraram com ela. Este ambiente comunitário em que todos se envolvem com a vida dos outros, tanto na alegria como na dor, é o ambiente em que João e Jesus nasceram, cresceram e receberam a sua formação. Um ambiente assim marca a personalidade das pessoas pelo resto da sua vida. É este ambiente comunitário que mais nos falta hoje.
Lucas 1,59: Dar o nome no oitavo
“No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias”. O envolvimento da comunidade na vida da família de Zacarias, Isabel e João é tanto que os parentes e vizinhos chegam a interferir até na escolha do nome do menino. Querem dar ao menino o nome do pai: Zacarias!” Zacarias quer dizer: Deus se lembrou. Talvez quisessem expressar a gratidão a Deus por Ele ter se lembrado de Isabel e de Zacarias e por ter-lhes dado um filho na velhice.
Lucas 1,60-63: O nome dele será João!
Mas Isabel intervém e não permite os parentes tomarem a dianteira na questão do nome. Lembrando o anúncio do nome pelo anjo a Zacarias (Lc 1,13), ela diz: "Não! Ele vai se chamar João". Num lugar pequeno como Ain Karem na serra da Judéia, o controle social é muito forte. E quando uma pessoa sai fora dos costumes normais do lugar, ela é criticada. Isabel não seguiu os costumes do lugar e escolheu um nome fora dos padrões normais. Por isso, os parentes e vizinhos reclamam: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" Os parentes não cedem com facilidade e fazem sinais ao pai para saber dele como quer que o menino seja chamado. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: "O nome dele é João." Todos ficaram admirados, pois deviam ter percebido algo do mistério que Deus que envolvia o nascimento do menino.
É esta percepção que o povo teve do mistério de Deus presente nos fatos tão comuns da vida, que Lucas quer comunicar a nós, seus leitores e leitoras. Na sua maneira de descrever os acontecimentos, Lucas não é como o fotógrafo que só registra o que os olhos podem ver. Ele é como quem usa o Raio-X que registra aquilo que os olhos não podem ver. Lucas lê os fatos com o Raio-X da fé que revela o que o olhar comum não percebe.
Lucas 1,64-66: A notícia do menino se espalha
“No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser?" De fato, a mão do Senhor estava com ele”. A maneira de Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25), Samuel (1Sam 1,13-28 e 2,11).
Quanto mais conhecimento você conseguir acumular do Antigo Testamento, mais evocações vai descobrir nos escritos de Lucas. Os dois primeiros capítulos do seu Evangelho não são histórias no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam mais como espelho para ajudar os leitores e leitoras a descobrir que João e Jesus tinham vindo realizar as profecias do Antigo Testamento. Lucas quer mostrar como Deus, através dos dois meninos, veio atender às mais profundas aspirações do coração humano. De um lado, Lucas mostra que o Novo realiza o que o Antigo prefigurava. De outro lado, ele mostra que o novo ultrapassa o antigo e não corresponde em tudo ao que o povo do Antigo Testamento imaginava e esperava. Na atitude de Isabel e Zacarias, de Maria e José, Lucas apresenta um modelo de como se converter e acreditar no Novo que está chegando.
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais me cativou na maneira de Lucas descrever os fatos da vida?
2) Como leio os fatos da minha vida? Como fotografia ou como raio-X?
5) Oração final
Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir, eu entrarei e cearemos juntos. (Ap 3, 20)
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