Sexta-feira, 27 de novembro-2020. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 29-33)
Naquele tempo, 29Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores. 30Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. 31Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus. 32Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra. 33Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33)..
Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”. Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).
Lucas 21,32-33:
“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!
A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!
No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia! Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?
5) Oração final
Feliz quem mora em tua casa: sempre canta teus louvores. Feliz quem encontra em ti sua força e decide no seu coração a santa viagem. (Sl 83)
AO VIVO-ANGRA DOS REIS/RJ. Dia da Adoração, Caridade e Confissão
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# Tempodecuidar : A Campanha continua!
Cáritas Brasileira/ CNBB- Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Angra dos Reis/RJ-Diocese de Itaguaí.
Neste tempo de pandemia, já doamos mais de 3 mil e 500 cestas básicas graças ao apoio da comunidade. Nós Frades Carmelitas; Petrônio e Marcelo, agradecemos a caridade de todos. (Contatos para doação: Convento do Carmo; 3367-3412 (Frei Petrônio). Meu Whatsapp- (21) 982917139. Whatsapp da Conceição Fonseca: 97404-1826)
Quinta-feira, 26 de novembro-2020. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 20-28)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína. 21Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade. 22Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito. 23Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo. 24Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 21, 20-28
No evangelho de hoje continua o Discurso Apocalíptico que traz mais dois sinais, o 7° e o 8°, que deverão ocorrer antes da chegada do fim dos tempos ou melhor antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e à nova Terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é o abalo da antiga criação.
Lucas 21,20-24. O sétimo sinal: a destruição de Jerusalém.
Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora ela estava destruída! Como explicar este fato? Será que Deus não deu conta do recado? Difícil para nós imaginar o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades tantos dos judeus como dos cristãos. Aqui cabe uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Ele usou o evangelho de Marcos para compor a sua narrativa sobre Jesus. Marcos escrevia no ano 70, o mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isso, Marcos escreveu dando uma dica ao leitor: “Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não devia estar - (aqui ele abre um parêntesis e diz) “que o leitor entenda!” (fecha parêntesis) - então, os que estiverem na Judéia devem fugir para as montanhas”. (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, já fazia mais de quinze anos que Jerusalém estava em ruínas. Por isso, ele omitiu o parêntesis de Marcos. Lucas diz: "Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se completa". Ao ouvirem Jesus anunciar a perseguição (6° sinal) e a destruição de Jerusalém (7° sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é o nosso hoje! Estamos no 6° e no 7° sinal!”
Lucas 21,25-26: O oitavo sinal: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim?
No fim, após ter ouvido falar de todos estes sinais que já tinham acontecido, ficava esta pergunta: “O projeto de Deus avançou muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta e na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais será que ainda faltam até que chegue o fim? Será que falta muito?” A resposta vem agora no 8° sinal: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados”. O 8° sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra são uma amostra de que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação, e o início da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a rachar é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Mundo Novo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus já está chegando. Dá para aguentar!
Lucas 21,27-28: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem.
“Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” Neste anúncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, tinham figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, como acontece com o reino neo-liberal até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho de Homem, isto é, com aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Só nos quatro evangelhos o nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes! Toda dor que suportamos desde agora, toda luta em favor da vida, toda perseguição por causa da justiça, tudo é dor de parto, semente do Reino que vai chegar no 8° sinal.
4) Para um confronto pessoal
1) Perseguição das comunidades, destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem o povo sofrer eu me desespero? Qual a fonte da minha esperança?
2) Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, tanto mais divino, dizia o Papa Leão Magno. No meu relacionamento com os outros sou humano? Humanizo?
5) Oração final
O SENHOR é bom, eterno é seu amor e sua fidelidade se estende a todas as gerações. (Sl 99, 5)
Quarta-feira, 25 de novembro-2020. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 12-19)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 13Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 14Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 15porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 16Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 17Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 18Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 21,12-19
* No evangelho de hoje, que é a continuação do discurso iniciado ontem, Jesus enumera mais um sinal para ajudar as comunidades a se situar dentro dos fatos e não perder a fé em Deus nem a coragem de resistir contra as investidas do império romano. Repetimos os primeiros cinco sinais do evangelho de ontem:
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11).
Até aqui foi o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, mais um sinal:
6º sinal: a perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19)
Lucas 21,12. O sexto sinal da perseguição.
Várias vezes, durante os poucos anos que passou entre nós, Jesus tinha avisado aos discípulos que eles iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, ele repete o mesmo aviso e faz saber que a perseguição deve ser levado em conta no discernimento dos sinais dos tempos: "Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos Jesus tinha dito: “Não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são "apenas o começo das dores de parto!" (Mc 13,8) Ora, dores de parto, mesmo sendo muito dolorosas para a mãe, não são sinal de morte, mas sim de vida! Não são motivo de medo, mas sim de esperança! Esta maneira de ler os fatos trazia tranqüilidade para as comunidades perseguidas. Assim, lendo ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus no ano 33, os leitores de Lucas dos anos oitenta podiam concluir: "Todas estas coisas já estão acontecendo conforme o plano previsto e anunciado por Jesus! Por tanto, a história não escapou da mão de Deus! Deus está conosco!"
Lucas 21,13-15: A missão dos cristãos em época de perseguição
A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desânimo ou de desespero, mas deve ser vista como uma oportunidade, oferecida por Deus, para as comunidades realizarem a missão de testemunhar com coragem a Boa Nova de Deus. Jesus diz: “Isso acontecerá para que vocês dêem testemunho. Portanto, tirem da cabeça a idéia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês”. Por meio desta afirmação Jesus anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Ele faz saber que, mesmo perseguidos, eles tinham uma missão a cumprir, a saber: testemunhar a Boa Nova de Deus e, assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria o povo a repetir o que diziam os magos do Egito diante dos sinais e da coragem de Moisés e Aarão: “Aqui há o dedo de Deus!” (Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo já era previsto por Deus, se tudo não passa de dor de parto, então não há motivo para ficarmos preocupados.
Lucas 21,16-17: Perseguição até dentro da própria família
“E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome”. A perseguição não vinha só de fora, da parte do império, mas também de dentro, da parte da própria família. Numa mesma família, uns aceitavam a Boa Nova, outros não. O anúncio da Boa Nova provocava divisões no interior das famílias. Havia até pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a denunciar e matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus (Dt 13,7-12).
Lucas 21,18-19: A fonte da esperança e da resistência
“Mas não perderão um só fio de cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!" Esta observação final de Jesus lembra a outra palavra que Jesus tinha dito: “nenhum cabelo vai cair da cabeça de vocês!” (Lc 21,18). Esta comparação era um apelo forte a não perder a fé e a continuar firme na comunidade. E confirma o que Jesus já tinha dito em outra ocasião: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,24).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você costuma ler as etapas da história da sua vida e do seu país?
2) Olhando a história da humanidade dos últimos 50 anos, a esperança aumentou em você, ou diminuiu?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel. (Sl 97, 2-3)
Uma só casa de oração
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O rabino Sobel e sua palavra de diálogo e pluralismo fazem falta nestes tempos difíceis
Michel Schlesinger e dom Odilo Scherer, O Estado de S.Paulo
“Porque a minha casa é uma casa de oração querida por todos os povos” – essa frase, gravada sobre os portões de inúmeras sinagogas ao redor do mundo, é de Isaías, que viveu há 2.800 anos e é considerado um profeta por judeus, cristãos e muçulmanos.
Diz a tradição judaica que Isaías, certa vez, ouviu Deus perguntar-se: “Quem eu devo enviar para transmitir minha palavra a meu povo?”. O profeta teria então dito: “Aqui estou, manda-me”.
E a resposta de Deus foi: “Minhas crianças são problemáticas. Se você está preparado para receber insultos e até golpes, pode aceitar minha mensagem. Se não estiver, é melhor renunciar à missão.”
Isaías aceitou e cumpriu a missão. Previu vitórias, como o colapso dos exércitos assírios às portas de Jerusalém, em 701 a.C. Mas também criticou duramente os erros do povo hebreu e, principalmente, os excessos dos governantes ao exercerem o poder. E, como Deus dissera, pagou um preço alto – a própria vida, tirada por quem se sentiu atacado por suas profecias.
Nada mais apropriado que lembrar Isaías e sua citação mais famosa no momento em que se aproxima a Haskará, a cerimônia de primeiro aniversário da morte do rabino Henry Sobel (1944-2019), falecido no dia 22 de novembro do ano passado.
Sobel nasceu em Portugal e educou-se nos EUA, mas foi no Brasil que se destacou na luta em defesa dos direitos humanos. Uma luta que começou ao lado de dom Paulo Evaristo Arns, então cardeal-arcebispo de São Paulo, e do reverendo Jaime Wright, da Igreja Presbiteriana, com a resistência a autorizar o enterro do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar em 1975, na ala dos suicidas do Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo.
O ato ecumênico em homenagem a Vladimir Herzog, liderado por esses três gigantes na Catedral da Sé, foi a primeira das inúmeras mobilizações populares que conduziram ao fim do regime militar, dez anos depois.
O envolvimento de Sobel em causas humanitárias se estenderia por quatro décadas. Do apoio aos despossuídos da cidade e do campo à defesa de uma solução negociada para o conflito entre Israel e palestinos, Sobel jamais se acovardou. Por isso era recebido e respeitado por todos os presidentes da República – de Fernando Henrique a Lula –, assim como por todos os papas e mesmo pelo líder palestino Yasser Arafat.
Ao longo de seu período de atividade, ele também foi um grande expoente do diálogo inter-religioso e da promoção da convivência pacífica entre as diferentes denominações religiosas no Brasil. Seu sotaque inconfundível, a quipá (solidéu) cor de vinho sobre os cabelos loiros desalinhados e sua voz poderosa em defesa dos humildes lhe garantiram um lugar especial na História do Brasil. E, claro, também multiplicaram seus detratores, dentro e fora da comunidade judaica, sempre prontos a aproveitar qualquer brecha para desacreditá-lo diante de uma opinião pública que retribuía o carinho com que ele agasalhou o Brasil em seu coração nova-iorquino.
Sobel era um personagem extraordinário e, como todos nós, seres humanos, sujeito a erros. E os cometeu, porque só não erra quem não age – esse talvez seja o maior de todos os erros. Muitas vezes Sobel foi muito mais duro com suas próprias falhas do que com os erros de outros. Ele mesmo o reconheceu quando prestou solidariedade a outro grande expoente da defesa dos direitos humanos, o padre Júlio Lancellotti, perseguido injustamente por quem nunca aceitou sua dedicação aos sem-casa de São Paulo.
Ao longo da história das religiões sempre houve quem visse a fé das pessoas como um instrumento de união, de promoção de um mundo melhor, mais fraterno. Aqueles para quem a crença em algo superior humaniza no dia a dia e estimula um olhar generoso para com o próximo.
Mas também sempre houve quem utilizasse a religião como instrumento de intolerância, uma fórmula sectária de acumulação de poder. Aqueles que constroem o “seu” Deus e em nome dessa exclusividade – que fere o princípio básico das religiões, que é dar alívio a quem sofre – mobilizam audiências e, por vezes, exércitos.
É em momentos como este que estamos vivendo, de pandemia, isolamento e dificuldades econômicas, que essas duas visões sobre a religião – opostas e irreconciliáveis – se tornam mais evidentes. Daí a relevância de marcar a Haskará do rabino Sobel com uma iniciativa inter-religiosa, reunindo líderes judeus, cristãos, muçulmanos, budistas, do candomblé e da fé Baha’i.
Como o profeta Isaías, Henry Sobel colheu grandes vitórias em seu trabalho pastoral. E também pagou caro por sua ousadia. Na conta final, o rabino Sobel e sua palavra permanente de diálogo e pluralismo fazem muita falta nestes tempos difíceis. Porque a casa de oração de Henry Sobel sempre foi um templo querido para todas as religiões. E aberto a todos os povos e cores que constituem este Brasil plural.
O evento, virtual, será realizado hoje, dia 24 de novembro, às 19h30 (link https://bit.ly/3eIvsPf).
RESPECTIVAMENTE, RABINO DA CONGREGAÇÃO ISRAELITA PAULISTA (CIP) E CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO.
Terça-feira, 24 de novembro-2020. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 5-11)
Naquele tempo, 5Como lhe chamassem a atenção para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse: 6Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído. 7Então o interrogaram: Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir? 8Jesus respondeu: Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles. 9Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim. 10Disse-lhes também: Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. 11Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 21, 5-11
No evangelho de hoje começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos próximos dias até o fim desta última semana do ano eclesiástico. Para nós do Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Mas para o povo pobre e perseguido das comunidades cristãs daquele tempo era a fala que todos entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto da teimosia da fé destes pobres que, apesar das perseguições e contra todas as aparências em contrário, continuavam a crer que Deus estava com eles e que Ele continuava sendo o Senhor da história.
Lucas 21,5-7: Introdução ao Discurso Apocalíptico.
Nos dias anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus tinha rompido com o Templo (Lc 19,45-48), com os sacerdotes e os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc 20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no fim, como vimos no evangelho de ontem, terminou elogiando a viúva que deu em esmola tudo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ouvindo como “algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa”, Jesus responde anunciando a destruição total do Templo: "Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído." Ouvindo este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?" Eles querem mais informação. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta pergunta dos discípulos sobre o quando e o como da destruição do Templo. O evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou este discurso. Ele diz que Jesus tinha saído da cidade e estava sentado no Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Lá do alto do Monte ele tinha uma visão majestosa sobre o Templo. Marcos informa ainda que havia só quatro discípulos para escutar o último discurso. No início da sua pregação, três anos antes, lá na Galileia, as multidões iam atrás de Jesus para escutar suas palavras. Agora, no último discurso, há apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3). Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
Lucas 21,8: Objetivo do discurso: "Não se deixem enganar!"
Os discípulos tinham perguntado: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” Jesus começa a sua resposta com uma advertência: "Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu!' E ainda: 'O tempo já chegou'. Não sigam essa gente”. Em época de mudanças e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando os outros. Isto acontece hoje e estava acontecendo nos anos 80, época em que Lucas escreve o seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da destruição de Jerusalém do ano 70 e diante da perseguição dos cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. Havia até gente que dizia: “Deus já não controla mais os fatos! Estamos perdidos!” Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não serem enganadas pelas conversas do povo sobre o fim do mundo: "Cuidado para que vocês não sejam enganados!". Em seguida, vem o discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança
Lucas 21,9-11: Sinais para ajudar a ler os fatos.
Depois desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro, essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." E Jesus continuou: "Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.". Para entender bem estas palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores de Lucas viviam e escutavam no ano 85. Ora, nos cinquenta anos entre o ano 33 e o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já tinham acontecido e eram do conhecimento de todos. Por exemplo, em várias partes do mundo havia guerras, apareciam falsos messias, surgiam doenças e pestes e, na Ásia Menor, os terremotos eram frequentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do projeto de Deus em andamento na história do Povo de Deus, desde a época de Jesus até o fim dos tempos:
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11);
Até aqui vai o evangelho de hoje. O evangelho de amanhã traz mais um sinal: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã traz mais dois sinais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época em que Lucas escreve o seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história não tinha escapado da mão de Deus. Tudo estava conforme tinha sido previsto e anunciado por Jesus no Discurso Apocalíptico.
4) Para um confronto pessoal
1-Qual o sentimento que você teve durante a leitura deste evangelho de hoje? De medo ou de paz?
2-Você acha que o fim do mundo está próximo? O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? O que, hoje, anima o povo a resistir e ter esperança?
5) Oração final
Alegrem-se diante do SENHOR, pois ele vem, ele vem julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e com sua fidelidade todas as nações. (Sl 95, 13-14)
Segunda-feira, 23 de novembro-2020. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 1-4)
Naquele tempo, 1Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas ofertas no cofre do templo. 2Viu também uma viúva pobrezinha deitar duas pequeninas moedas, 3e disse: Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros. 4Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No Evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que soube partilhar mais que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa pobre morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível. Dona Cícera que veio do interior da Paraíba, Brasil, para morar na periferia da cidade dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!” De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem.
No início da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, na sua maioria, eram de gente pobre (1 Cor 1,26). Aos poucos, foram entrando também pessoas mais ricas, o que trouxe consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começaram a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando elas se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou quando faziam reunião (Tg 2,1-4). Por isso, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como para nós hoje.
Lucas 21,1-2: A esmola da viúva.
Jesus estava em frente ao cofre do Templo e observava como todo mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Elas dependiam em tudo da caridade dos outros, mas mesmo assim, faziam questão de partilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do templo. Dois centavos, apenas!
Lucas 21,3-4: O comentário de Jesus
O que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as moedas dos ricos eram muito mais úteis para fazer caridade, do que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dado a sugestão de comprar pão para dar de comer ao povo (Lc 9,13; Mc 6,37). Filipe chegou a dizer: “Duzentos denários não bastam para dar um pouco para cada um!” (Jo 6,7). De fato, para quem pensa assim, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas Jesus diz: “Esta viúva depositou mais do que todos os outros”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina a eles e a nós onde devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha. E um critério muito importante é este: “Todos os outros depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que possuía para viver”.
Esmola, partilha, riqueza
A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra”. (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do templo, seja para o culto, seja para os necessitados, órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; cf. Eclo 17,17; 29,12; 40,24). Dar esmola era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores desses dons. Mas a tendência à acumulação continua muito forte. Cada vez de novo, ela renasce no coração humano. A conversão é sempre necessária. Por isso Jesus dizia ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá para os pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecoste era este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35ª; 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45). A entrada de ricos na comunidade cristã possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para as viagens missionárias. Mas, por outro lado, a tendência à acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças.” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou com os outros até o necessário para viver (Lc 21,4).
4) Para um confronto pessoal
1-Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou em sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?
2-Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual a mensagem deste texto para nós hoje?
5) Oração final
Ficai sabendo que o Senhor é Deus; ele nos fez e nós somos seus, seu povo e rebanho do seu pasto. (Sl 99, 3)
DIA NACIONAL DOS CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS 2020
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Há 29 anos a Igreja no Brasil celebra o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas no último domingo do ciclo litúrgico anual, unindo uma antiga tradição da Ação Católica, onde neste domingo se recorda o batismo como fonte da missão, com a celebração de Cristo Rei. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 22 de novembro-2020.
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano A
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No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história através do amor e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há de vir.
A primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.
O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, o "rei" Jesus a interpelar os seus discípulos acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos.
A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não tem lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios ficará à margem do Reino.
Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse "Reino de Deus" de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á em tudo e atuará como
EVANGELHO - Mt 25,31-46: Atualização.
Quem é que a nossa sociedade considera uma "pessoa de sucesso"? Qual o perfil do homem "importante"? Quais são os padrões usados pela nossa cultura para aferir a realização ou a não realização de alguém? No geral, o "homem de sucesso", que todos reconhecem como importante e realizado, é aquele que tem dinheiro suficiente para concretizar todos os sonhos e fantasias, que tem poder suficiente para ser temido, que tem êxito suficiente para juntar à sua volta multidões de aduladores, que tem fama suficiente para ser invejado, que tem talento suficiente para ser admirado, que tem a pouca vergonha suficiente para dizer ou fazer o que lhe apetece, que tem a vaidade suficiente para se apresentar aos outros como modelo de vida... No entanto, de acordo com a parábola que o Evangelho propõe, o critério fundamental usado por Jesus para definir quem é uma "pessoa de sucesso" é a capacidade de amar o irmão, sobretudo o mais pobre e desprotegido. Para mim, o que é que faz mais sentido: o critério do mundo ou o critério de Deus? Na minha perspectiva, qual é mais útil e necessário: o "homem de sucesso" do mundo ou o "homem de sucesso" de Deus?
O amor ao irmão é, portanto, uma condição essencial para fazer parte do Reino. Nós cristãos, cidadãos do Reino, temos consciência disso e sentimo-nos responsáveis por todos os irmãos que sofrem? Os que não têm trabalho, nem pão, nem casa, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os imigrantes, perdidos numa realidade cultural e social estranha, vítimas de injustiças e violências, condenados a um trabalho escravo e que, tantas vezes, não respeita a sua dignidade, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os pobres, vítimas de injustiças, que nem sequer têm a possibilidade de recorrer aos tribunais para que lhes seja feita justiça, podem contar com a nossa solidariedade ativa?
Os que sobrevivem com pensões de miséria, sem possibilidades de comprar os medicamentos necessários para aliviar os seus padecimentos, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os que estão sozinhos, abandonados por todos, sem amor nem amizade, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os que estão presos a um leito de hospital ou a uma cela de prisão, marginalizados e condenados em vida, podem contar com a nossa solidariedade ativa?
O Reino de Deus - isto é, esse mundo novo onde reinam os critérios de Deus e que se constrói de acordo com os valores de Deus - é uma semente que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história através do amor e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há de vir. Não esqueçamos, no entanto, este fato essencial: o Reino de Deus está no meio de nós; a nossa missão é fazer com que ele seja uma realidade bem viva e bem presente no nosso mundo. Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma realidade a crescer e a transformar o mundo e a vida dos homens.
Alguém acusou a religião cristã de ser o "ópio do povo", por pôr as pessoas a sonhar com o mundo que há de vir, em lugar de as levar a um compromisso efetivo com a transformação do mundo, aqui e agora. Na verdade, nós os cristãos caminhamos ao encontro do mundo que há de vir, mas de pés bem assentes na terra, atentos à realidade que nos rodeia e preocupados em construir, desde já, um mundo de justiça, de fraternidade, de liberdade e de paz.
A experiência religiosa não pode, nunca, servir-nos de pretexto para a evasão, para a fuga às responsabilidades, para a demissão das nossas obrigações para com o mundo e para com os irmãos.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Glória, cancela missa afro pelo Dia da Consciência Negra após ameaças
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A tradicional missa em homenagem ao Dia da Consciência Negra, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Glória, na Zona Sul do Rio, foi cancelada este ano. No ano passado, a celebração terminou em confusão ao ser invadida por um grupo religioso tradicionalista. Fiéis atribuem o cancelamento a uma ordem da Arquidiocese do Rio, comunicada nesta quinta-feira (19), após reunião dos bispos. A Arquidiocese ainda não respondeu sobre o assunto.
— A Arquidiocese, através de seus bispos, mandou recado proibindo a missa da Consciência Negra na nossa igreja. Estamos proibidos de fazer missa aculturada, principalmente a da Consciência Negra. Por isso, não terá missa amanhã (sexta-feira, 20), na igreja, em total desrespeito à comunidade que não foi ouvida e às instituições que abraçam a causa negra — afirmou Maurício Rodrigues dos Santos, membro da Pastoral da Comunicação da Paróquia do Sagrado Coração.
Segundo Maurício, que postou vídeo nas redes sociais reclamando do cancelamento da missa, a proibição dos bispos teria ocorrido após forte campanha nas redes sociais lançada pelo Centro Dom Bosco, instituição que defende a liturgia e respeito às tradições da Igreja Católica. O padre Wanderson Guedes, que celebraria a missa afro, não foi localizado para comentar o cancelamento.
— Este ano, eles disseram que, se fizéssemos a missa, colocariam carros de som na porta da igreja e ficariam rezando alto para atrapalhar. E também foram pedir a Arquidiocese do Rio que impedisse a missa e, por incrível que pareça, conseguiram — lamentou Maurício.
O Centro Dom Bosco foi procurado, mas até o fechamento desta reportagem não havia enviado uma resposta sobre o pedido para cancelamento da missa afro.
— Venceu a intolerância, o racismo e a ignorância. A Igreja do Sagrado Coração de Jesus realizava a missa da Consciência Negra há 16 anos. Eles venceram a primeira batalha, mas não ganharam a guerra. Preciso do apoio de todos para que se indignem com esta atitude — convocou Maurício.
Quase um ano depois da confusão da missa afro na Glória, porém, a Polícia Civil anunciou o indiciamento de cinco homens por intolerância religiosa e alguns por racismo. Eles são acusados de terem tentado impedir a realização do culto em 20 de novembro de 2019. Fonte: https://extra.globo.com
Quinta-feira, 19 de novembro-2019. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 41-44)
Naquele tempo, 41Aproximando-se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo: 42Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos. 43Virão sobre ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados; 44destruir-te-ão a ti e a teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje informa como Jesus, chegando perto de Jerusalém, ao ver a cidade, começou a chorar e pronunciou palavras que faziam ver um futuro muito sombrio para a cidade, capital do seu povo.
Lucas 19,41-42 Jesus chora sobre Jerusalém
“Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. E disse: "Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos!”. Jesus chora, pois ama a sua pátria, o seu povo, a capital da sua terra, o Templo. Chora, porque sabe que tudo vai ser destruído por culpa do próprio povo que não soube perceber nem avaliar o apelo de Deus dentro dos fatos. O povo não percebeu o caminho que pudesse levar à Paz, Shalôm. Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos! Esta afirmação evoca a crítica de Isaías à pessoa que adorava ídolos: “Esse homem se alimenta de cinza. Sua mente enganada o iludiu, de modo que ele não consegue salvar a própria vida e nem é capaz de dizer: Não será mentira isso que tenho nas mãos?" (Is 44,20). A mentira estava nos olhos deles e, por isso, tornaram-se incapazes de perceber a verdade. Como diz São Paulo: “Eles se revoltam e rejeitam a verdade, para obedecerem à injustiça” (Rm 2,8). A verdade ficou prisioneira da injustiça. Numa outra ocasião, Jesus lamentou que Jerusalém não soube perceber nem acolher a visita de Deus: "Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis! Eis que a casa de vocês ficará abandonada” (Lc 13,34-35).
Lucas 19,43-44 Anúncio da destruição de Jerusalém.
“Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras contra você, a cercarão e apertarão de todos os lados. Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. ". Jesus descreve o futuro que vai acontecer com a Jerusalém. Usa as imagens de guerra que eram comuns naquele tempo quando um exército atacava uma cidade: trincheiras, cerco fechado ao redor, matança do povo e destruição total das muralhas e das casas. Assim, no passado, Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor. Assim, as legiões romanas costumavam fazer com as cidades rebeldes e assim seria feito novamente, quarenta anos depois, com a própria cidade de Jerusalém. De fato, no ano 70, Jerusalém foi cercada e invadida pelos exércitos romanos. Tudo foi destruído. Diante deste pano de fundo histórico, o gesto de Jesus se torna uma advertência muito séria a todos que pervertem o sentido da Boa Nova de Deus. Eles devem ouvir a advertência final: “Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la”. Nesta advertência, todo o trabalho de Jesus é definido como uma “visita de Deus”
4) Para um confronto pessoal
1) Você chora sobre a situação do mundo? Olhando a situação do mundo, será que Jesus iria chorar? A previsão é sombria. Do ponto de vista da ecologia, já passamos do limite. A previsão é trágica.
2) O trabalho de Jesus é visto como uma visita de Deus. Você já recebeu alguma visita de Deus em sua vida?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo; ressoe seu louvor na assembleia dos fiéis. Alegre-se Israel no seu Criador, exultem no seu rei os filhos de Sião. (Sl 149, 1-2)
Vaticano investiga após conta do Papa no Instagram curtir foto de modelo brasileira
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Por: Fernando Moreira
O Vaticano lançou investigação para apurar a curtida que a conta oficial do Papa Francisco deu numa foto sexy da modelo brasileira Natalia Garibotto, mais conhecida como Nata Gata.
A informação foi divulgada pela Catholic News Agency (CNA), que disse ter recido a informação de fontes dentro do Vaticano. Segundo elas, as contas nas mídias sociais do chefe da Igreja Católica são administradas por vários funcionários da Santa Sé. Uma investigação está em curso para determinar quem está por trás do "like".
Na foto, a modelo aparece com uniforme estilizado de colegial e calcinha fio-dental. Após ser alertada do "like", Natalia, que é radicada na Grécia, postou no Twitter que "pelo menos vai para o céu". (leia mais aqui)
O momento exato do "like" é incerto, mas a mesma conta retirou a curtida no último sábado (14/11), após o caso viralizar, acrescentou a CNA. Fonte: https://extra.globo.com
Quarta-feira, 18 de novembro-2019. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 11-28)
Naquele tempo, 11Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola: 12Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. 13Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar. 14Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós. 15Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. 16Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas. 17Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. 18Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas. 19Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades. 20Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. 22Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei... 23Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros. 24E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 25Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!... 26Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem. 27Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença. 28Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 19,11-28
O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos, na qual Jesus fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Lucas 19,11: A chave para entender a história da parábola
Para introduzir a parábola Lucas diz o seguinte:“Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levaram Jesus a contar a parábola: (1) A acolhida a ser dada aos excluídos, pois, dizendo “tendo eles ouvido isso”, ele se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído, que foi acolhido por Jesus. (2) A proximidade da paixão, morte e ressurreição, pois dizia que Jesus estava perto de Jerusalém onde seria preso e morto em breve. (3) A chegada iminente do Reino de Deus, pois as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo.
Lucas 19,12-14: O início da Parábola
“Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e depois voltar. Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata para cada um, e disse: 'Negociem até que eu volte”. Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: 'Não queremos que esse homem reine sobre nós'. Alguns estudiosos acham que, nesta parábola, Jesus se refere a Herodes que, setenta anos antes (40 aC), tinha ido para Roma a fim de receber o título e o poder de Rei da Palestina. O povo não gostava de Herodes e não queria que ele se tornasse rei, pois a experiência que tiveram com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi trágica e dolorosa. Por isso diziam: “Não queremos que esse homem reine sobre nós” Ao este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: “E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e matem na minha frente”. De fato, Herodes matou muita gente.
Lucas 19,15-19: Prestação de conta dos primeiros empregados que receberam cem moedas de prata
A história informa ainda que Herodes recebeu a realeza e voltou para a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chamou os empregados aos quais tinha dado cem moedas de prata, a fim de saber quanto haviam lucrado. O primeiro chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais'. O homem disse: 'Muito bem, empregado bom. Como você foi fiel em coisas pequenas, receba o governo de dez cidades'. O segundo chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais'. O homem disse também a este: 'Receba também você o governo de cinco cidades”. De acordo com a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam lidar com dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei deu dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que tinha recebido, e cinco cidades a quem as multiplicou por cinco.
Lucas 19,20-23: Prestação de conta do empregado que não lucrou nada
O terceiro empregado chegou e disse: 'Senhor, aqui estão as cem moedas que guardei num lenço. Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o que não deste, e colhes o que não semeaste'. Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma, na sua própria observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: 'Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei. Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros'. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus tão severo, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ele é condenado não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a idéia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.
Lucas 19,24-27: Conclusão para todos
“Depois disse aos que estavam aí presentes: Tirem dele as cem moedas, e dêem para aquele que tem mil. Os presentes disseram: Senhor, esse já tem mil moedas! Ele respondeu: Eu digo a vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”. O senhor mandou tirar dele as cem moedas e dar àquele que já tinha mil, pois “a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. Nesta frase final está a chave que esclarece a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, tudo aquilo que faz a pessoa crescer e revela a presença de Deus: amor, serviço, partilha. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. A pessoa, porém, que não pensa em si mas se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições” (Mc 10,30). “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la” (Lc 9,24; 17,33; Mt 10,39;16,25;Mc 8,35). O terceiro empregado teve medo e não fez nada. Não quis perder nada e, por isso, não ganhou nada. Perdeu até o pouco que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
Lucas 19,28: Voltando à tríplice chave inicial
No fim, Lucas encerra o assunto com esta informação: Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. Esta informação final evoca a tríplice chave dada no início: acolhida a ser dada aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da chegada iminente do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estivesse para chegar, a parábola manda mudar os olhos. O Reino de Deus chega sim, mas através da morte e ressurreição de Jesus que vai acontecer em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi a acolhida que ele, Jesus, dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Incomodou os grandes e eles o eliminaram condenando-o à morte de cruz,
4) Para um confronto pessoal
1-Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2-Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons?
5) Oração final
Louvai a Deus no seu santuário, louvai-o no firmamento do seu poder. Louvai-o por suas grandes obras, louvai-o pela sua imensa grandeza. (Sl 150, 1-2)
Terça-feira, 17 de novembro-2019. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 1-10)
Naquele tempo, 1Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador... 8Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, estamos chegando ao fim da longa viagem que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante a viagem, não se sabia bem por onde Jesus andava. Só se sabia que ele ia em direção a Jerusalém. Agora, no fim, a geografia fica clara e definida. Jesus chegou em Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém! Foi em Jericó, que terminou a longa caminhada do êxodo de 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Na entrada de Jericó, Jesus encontrou um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, na saída da cidade, ele encontra Zaqueu, um publicano, que também queria vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois incomodavam o povo: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada um a seu modo.
Lucas 19,1-2: A situação
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. "Havia ali um homem, chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos". Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação da mercadoria. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei do nosso povo é Deus. Por isso, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!” Assim, soldados que serviam no exército romano e cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e evitados como pecadores e impuros.
Lucas 19,3-4: A atitude de Zaqueu
Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre na frente, sobe numa árvore e aguarda Jesus passar. É muita vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do rico sem nome (Lc 16,19-31), Jesus mostrava como é difícil um rico se converter e abrir a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha na sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de destaque na cidade, trepa numa árvore, é porque já nem liga para a opinião dos outros. Algo mais importante o move por dentro. Ele está querendo abrir a porta para o pobre Lázaro.
Lucas 19,5-7: Atitude de Jesus, reação do povo e de Zaqueu
Chegando perto e vendo Zaqueu na árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: "Zaqueu, desça depressa! Hoje devo ficar em sua casa!" Zaqueu desceu e recebeu Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: "Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando sozinho na sua atitude de dar acolhida aos excluídos, sobretudo aos colaboradores do sistema. Mas Jesus não se importa com as críticas. Ele vai na casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, o chama de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
Lucas 19,8: Decisão de Zaqueu
"Dou a metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro vezes o que roubei!" Esta é a conversão, produzida em Zaqueu pela acolhida que Jesus lhe deu. Restituir quatro vezes era o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37; 22,3). Dar a metade dos bens aos pobres era a novidade que o contato com Jesus nele produziu. Era a partilha acontecendo de fato!
Lucas 19,9-10: Palavra final de Jesus
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio procurar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
Filho de Abraão.
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3; 22,18). Para as comunidades de Lucas, formadas por cristãos tanto de origem judaica como de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu de “filho de Abraão”, era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto judeus como gentios. Estes são também filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe os que não eram acolhidos. Oferece lugar aos que não tinham lugar. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e rotulavam como:
imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jo 4,7-42),
impuras: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
marginalizadas: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
pelegos: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).
4) Para um confronto pessoal
1-Como nossa comunidade acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes, como Jesus, de perceber os problemas das pessoas e dar atenção a elas?
2-Como percebemos a salvação entrando hoje na nossa casa e na nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus provocou uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora da nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?
5) Oração final
De todo coração te procuro: não me deixes desviar dos teus preceitos. Conservo no coração tuas promessas para não te ofender com o pecado. (Sl 118, 10-11)
Dia Mundial dos Pobres: mensagem do assistente eclesiástico da Caritas Internacional
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15 de novembro é o “Dia Mundial dos Pobres” e não “para os pobres”, porque com os pobres não se limita apenas a partilhar parte da riqueza, mas também se recebe algo deles, afirma mons. Pierre Cibambo. “Uma mão estendida é um sinal; um sinal que fala imediatamente de proximidade, solidariedade e amor. No Dia Mundial dos Pobres, juntos, estenderemos as nossas mãos como uma família humana na solidariedade global para construir sociedades inclusivas e equitativas e uma Igreja acolhedora e transformadora”, acrescenta ele
“A mão que estendemos aos pobres não é apenas uma mão que distribui, mas também uma mão que precisa de ajuda. Precisamos dos pobres tanto quanto eles precisam de nós”: é o que afirma o assistente eclesiástico da Caritas Internacional, mons. Pierre Cibambo, numa mensagem difundida em vista do Dia Mundial dos Pobres, celebrado este domingo, 15 de novembro.
”Estende a tua mão ao pobre”
Mons. Cibambo ressalta que os pobres “desafiam-nos a tornarmo-nos cada vez mais verdadeiras testemunhas de Cristo”, “convidam-nos a abrir os nossos corações e a transformar a nossa visão estreita e mundana para ver Cristo”.
“A mensagem deste ano é: 'Estende a tua mão ao pobre' (Sir 7,32)", explica o assistente eclesiástico da Caritas Internacional. “Este é um convite apropriado para todos nós num ano em que muitos de nós nos fechamos ao mundo para nos protegermos da pandemia do coronavírus.”
A Caritas, acrescenta mons. Cibambo, “demonstrou que o amor não se fecha sobre si mesmo, nem rejeita os pobres e os mais vulneráveis, especialmente num momento em que estão em grande necessidade”, e também recorda que “a missão da Caritas é ouvir e acompanhar”, levada adiante por muitos voluntários e muitas pessoas que se dedicam de forma totalmente despojada à construção de um mundo melhor.
“A Caritas está no centro da Igreja”
Em sua mensagem, mons. Cibambo frisa que, como vários pontífices reiteraram, “a Caritas está no centro da Igreja” e que o Dia Mundial dos Pobres é um momento para recordar e reforçar a dedicação para colocar os pobres no centro, para os ajudar e para fazer ouvir as suas vozes.
“A nossa missão – prossegue o assistente eclesiástico da Caritas Internacional – é ‘assegurar que as pessoas que vivem na pobreza tomem parte ativa na construção de uma sociedade inclusiva e equitativa, de uma Caritas transformadora e uma Igreja acolhedora’.”
Em Cristo somos todos uma só coisa
Em seguida, o prelado evidencia que 15 de novembro é o “Dia Mundial dos Pobres” e não “para os pobres”, porque com os pobres não se limita apenas a partilhar parte da riqueza, mas também se recebe algo deles.
“Numa verdadeira comunidade cristã não há membros que dão e outros que recebem. Há somente pessoas próximas que partilham, porque em Cristo somos todos uma só coisa”, destaca a mensagem.
Mão estendida: proximidade, solidariedade e amor
Por fim, mons. Cibambo encoraja a refletir sobre o que se aprende com os pobres a nível pessoal e comunitário, e conclui:
“Uma mão estendida é um sinal; um sinal que fala imediatamente de proximidade, solidariedade e amor. No Dia Mundial dos Pobres, juntos, estenderemos as nossas mãos como uma família humana na solidariedade global para construir sociedades inclusivas e equitativas e uma Igreja acolhedora e transformadora.”
Vatican News – TC/RL
Dia Mundial dos Pobres
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Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo
Os pobres não devem ser reduzidos a números e estatísticas, mas precisam ser reconhecidos e tratados como pessoas que têm uma história pessoal, sentimentos e desejos.
A Igreja celebra, por iniciativa do Papa Francisco, o Dia Mundial dos Pobres, no domingo anterior à Solenidade de Cristo Rei. Neste ano, será no dia 15 de novembro. A “comemoração” tem a finalidade de nos lembrar de que os pobres são uma realidade constante e desafiadora para todos nós, como cidadãos e, mais ainda, como pessoas de fé. Os pobres questionam constantemente nossa vida e nossa organização social, econômica e política. Por que há tantos pobres? Por que não conseguem sair da pobreza? O que pode ser feito para que eles consigam superar o estado de pobreza em que se encontram?
O Papa Francisco publicou uma bela mensagem para o Dia Mundial dos Pobres deste ano, com o título “Estende a tua mão ao pobre” (Eclo 7,36), que está disponível e ao alcance de todos na internet. Nela, o Papa recorda mais uma vez que o culto prestado a Deus não deve estar desvinculado do amor concreto ao próximo. Sem a caridade, nossa vida cristã está incompleta e nosso culto não seria agradável a Deus. Durante a semana que antecede o Dia Mundial dos Pobres, a Caritas Arquidiocesana está promovendo diversas iniciativas em preparação à comemoração, cujo objetivo é evangelizador e pedagógico. Nunca devemos esquecer que o amor aos pobres é inseparável do amor a Deus.
O Dia Mundial dos Pobres recorda-nos de que a vida cristã passa pela prática das obras de misericórdia, das quais a Escritura trata em diversos momentos. A passagem mais conhecida é a da parábola do grande julgamento (cf. Mt,25), quando Jesus Cristo glorioso, Senhor e Juiz de todos, admitirá ao banquete da vida eterna aqueles que tiverem praticado as obras de misericórdia e excluirá do céu quem não as tiver praticado. Essas se referem aos cuidados dos pobres, doentes, moradores de rua, prisioneiros e aflitos de todo tipo. De alguma forma, todos eles são equiparados aos pobres, e Jesus dirá que foi a Ele que fizemos ou deixamos de fazer tudo isso.
Temos uma imensidade de ocasiões para a prática da caridade e da misericórdia, de maneira pessoal e de maneira comunitária e organizada. A Palavra de Deus e da Igreja nos ensina e pede que nos empenhemos pessoalmente na caridade, encontremos as pessoas que necessitam de ajuda e não nos esquivemos delas. Os pobres não devem ser reduzidos a números e estatísticas, mas precisam ser reconhecidos e tratados como pessoas que têm uma história pessoal, sentimentos e desejos. Muitas vezes, querem apenas um pouco do nosso tempo e atenção, ser ouvidos e valorizados. Outras vezes, precisamos ser como o bom samaritano, envolver-nos e cuidar deles. Outras, ainda, será necessário ir além dos gestos de socorro imediato e pontual, empenhando-se na superação do seu estado de pobreza e na sua libertação daquilo que os mantém nessa situação. A promoção da dignidade dos pobres também é uma grande caridade.
São Vicente de Paulo dizia que a caridade precisa ser praticada de maneira pessoal, mas também de maneira organizada. Por isso, existem na Igreja numerosas organizações voltadas para a caridade, como as obras sociais e tantas iniciativas que agregam pessoas e recursos para ajudar os pobres e, ao mesmo tempo, oferecem a ocasião para que muitas pessoas se unam a essas iniciativas e pratiquem a caridade.
Desejo manifestar, nesta ocasião, meu apreço e apoio aos muitos grupos, organizações e entidades voltados à prática da caridade e à ajuda concreta aos pobres. De fato, esses são muitos e trabalham, geralmente, no silêncio, sem fazer barulho. Peço que o nosso povo e as nossas comunidades apoiem de muitas maneiras essas entidades e organizações que fazem a caridade aos pobres. Da mesma forma, renovo meu apreço e apoio ao trabalho e missão do Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, que possui um papel profético no serviço aos pobres em nossa Arquidiocese.
Jesus falou um dia que sempre teríamos pobres no meio de nós (cf. Mt 26,11). Ele sabia que a humanidade ficaria sempre em débito para com os pobres. Essas palavras de Jesus, contudo, também são uma advertência para todos nós: que façamos o nosso possível para ajudar os pobres, e que lutemos contra toda forma de indiferença e insensibilidade em relação a eles. Que aprendamos a estender as mãos generosamente aos pobres, todos os dias. Isso será bom para eles e bom para nós também.
Fonte: O São Paulo
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 13 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 26-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos: 26Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. 27Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos. 28Também do mesmo modo como aconteceu nos dias de Lot. Os homens festejavam, compravam e vendiam, plantavam e edificavam. 29No dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu, que exterminou todos eles. 30Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. 31Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. 32Lembrai-vos da mulher de Lot. 33Todo o que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; mas todo o que a perder, encontrá-la-á. 34Digo-vos que naquela noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado; 35duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. 36Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado. 37Perguntaram-lhe os discípulos: Onde será isto, Senhor? Respondeu-lhes: Onde estiver o cadáver, ali se reunirão também as águias. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e traz palavras de Jesus sobre como preparar-se para a chegada do Reino. Era um assunto quente que, naquele tempo, provocava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Mas o tempo de Deus (kairós) não se mede pelo tempo do nosso relógio (chronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos igual a um dia (Sl 90,4; 2Pd 3,8). O tempo de Deus corre invisível dentro do nosso tempo, mas independente de nós e do nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, mas devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente dentro do nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que dá segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas sim a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, mas a palavra dele jamais passará (cf Is 40,7-8).
Lucas 17,26-29: Como nos dias de Noé e de Ló
A vida corre normalmente: comer, beber, casar, comprar, vender, plantar, colher. A rotina pode envolver-nos de tal modo que já não conseguimos pensar em outra coisa, em mais nada. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção à dimensão mais profunda da vida. Deixamos o cupim entrar na viga da fé que sustenta o telhado da nossa vida. Quando tempestade derrubar a casa, muitos dão a culpa ao carpinteiro: “Mau serviço!” Na realidade, a causa da queda foi a nossa desatenção prolongada. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no fim dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 dC (cf Mc 13,14).
Lucas 17,30-32: Assim será nos dias do Filho do Homem
“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado”. Difícil para nós imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em casa, e quem estiver nos campos não volte para trás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer para casa para buscar alguma coisa dentro da casa (Mc 13,15-16). “Lembrem-se da mulher de Ló” (cf. Gn 19,26), isto é, não olhem para trás, não percam tempo, tomem a decisão e vão em frente: é questão de vida ou de morte.
Lucas 17,33: Perder a vidas para ganhá-la
“Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la”. Só se sente realizada na vida a pessoa que for capaz de doar-se inteiramente pelos outros. Perde a vida quem quer conservá-la só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na doação da vida. É dando que se recebe. “Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Importante é a motivação que o Evangelho de Marcos acrescenta: “Por causa de mim e por causa do Evangelho” (Mc 8,35). Dizendo que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus evoca o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “O homem não pode comprar seu próprio resgate, nem pagar a Deus o preço de si mesmo. É tão caro o resgate da vida, que nunca bastará para ele viver perpetuamente, sem nunca ver a cova”. (Sl 49,8-10).
Lucas 17,34-36: Vigilância
“Eu digo a vocês: nessa noite, dois estarão numa cama. Um será tomado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada, e a outra deixada. Dois homens estarão no campo. Um será levado, e o outro será deixado". Evoca a parábola das dez moças. Cinco eram prudentes e cinco eram bobas (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado. As palavras “Um será tomado, e o outro será deixado” evocam as palavras de Paulo aos Tessalonicenses (1Tes 4,13-17), quando diz que, na vinda do Filho do homem, seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras “deixados para trás” forneceram o título para um terrível e perigoso romance da extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: “Lefted behind!” Este romance não nada tem a ver com o sentido real das palavras de Jesus:
Lucas 17,37: Onde e quando?
“Os discípulos perguntaram: "Senhor, onde acontecerá isso?" Jesus respondeu: "Onde estiver o corpo, aí se reunirão os urubus". Resposta enigmática. Alguns acham que Jesus evoca a profecia de Ezequiel, retomada no Apocalipse, na qual o profeta se refere à batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina ou os urubus serão convidadas para comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18). Outros acham que se trata do vale de Josafá, onde será realizado o juízo final conforme a profecia de Joel (Joel 4,2.12). Outros ainda acham que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o mesmo que diz o nosso provérbio: “Onde tem fumaça, tem fogo!”
4) Para um confronto pessoal
1) Sou dos tempos de Noé e de Ló?
2) Romance da extrema direita. Como me situa diante desta manipulação política da fé em Jesus?
5) Oração final
Felizes os que procedem com retidão, os que caminham na lei do Senhor. Felizes os que guardam seus testemunhos e o procuram de todo o coração. (Sl 118, 1-2)
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 12 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 20-25)
Naquele tempo, 20Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. 21Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós. 22Mais tarde ele explicou aos discípulos: Virão dias em que desejareis ver um só dia o Filho do Homem, e não o vereis. 23Então vos dirão: Ei-lo aqui; e: Ei-lo ali. Não deveis sair nem os seguir. 24Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem no seu dia. 25É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma discussão entre Jesus e os fariseus sobre o momento da vinda do Reino. Os evangelhos de hoje e dos próximos dias tratam da chegada do fim dos tempos.
Lucas 17,20-21: O Reino no meio de nós
“Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou: está ali, porque o Reino de Deus está no meio de vocês". Os fariseus achavam que o Reino só poderia vir depois que povo tivesse chegado à perfeita observância da Lei de Deus. Para eles, a vinda do Reino seria a recompensa de Deus pelo bom comportamento do povo, e o messias viria de maneira bem solene como um rei, recebido pelo seu povo. Jesus diz o contrário. A chegada do Reino não pode ser observada como se observa a chegada dos reis da terra. Para Jesus, o Reino de Deus já chegou! Já está no meio de nós, independente do nosso esforço ou mérito. Jesus tem outro modo de ver as coisas. Tem outro olhar para ler a vida. Ele prefere o samaritano que vive na gratidão aos nove que acham que merecem o bem que recebem de Deus (Lc 17,17-19).
Lucas 17,22-24: Sinais para reconhecer a vinda do Filho do Homem
"Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. Dirão a vocês: 'Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem”. Nesta afirmação de Jesus existem elementos que vem da visão apocalíptica da história, muito comum nos séculos antes e depois de Jesus. A visão apocalíptica da história tem a seguinte característica. Em épocas de grande perseguição e de opressão, os pobres têm a impressão de que Deus perdeu o controle da história. Eles se sentem perdidos, sem horizonte e sem esperança de libertação. Nestes momentos de aparente ausência de Deus, a profecia assume a forma de apocalipse. Os apocalípticos, procuram iluminar a situação desesperadora com a luz da fé para ajudar o povo a não perder a esperança e para continuar com coragem na caminhada. Para mostrar que Deus não perdeu o controle da história, eles descrevem as várias etapas da realização do projeto de Deus através da história. Iniciado num determinado momento significativo no passado, este projeto de Deus avança, etapa após etapa, através da situação presente vivida pelos pobres, até à vitória final no fim da história. Deste modo, os apocalípticos situam o momento presente como uma etapa já prevista dentro do conjunto mais amplo do projeto de Deus. Geralmente, a última etapa antes da chegada do fim costuma ser apresentada como um momento de sofrimento e de crise, do qual muitos tentam se aproveitar para iludir o povo dizendo: “Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem” Tendo olhar de fé que Jesus comunica, os pobres vão poder perceber que o reino já está no meio deles (Lc 17,21), como relâmpago, sem sombra de dúvida. A vinda do Reino traz consigo sua própria evidência e não depende dos palpites e prognósticos dos outros.
Lucas 17,25: Pela Cruz até à Glória
“Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. Sempre a mesma advertência: a Cruz, escândalo para judeus e loucura para os gregos, mas para nós expressão da sabedoria e do poder de Deus (1Cor 1,18.23). O caminho para a Glória passa pela cruz. A vida de Jesus é o nosso cânon, é a norma canônica para todos nós.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus diz: “O reino está no meio de vós!” Você já encontrou algum sinal da presença do Reino em sua vida, na vida do seu povo ou na vida da sua comunidade?
2) A cruz na vida. O sofrimento. Como você vê o sofrimento, o que faz com ele?
5) Oração final
O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos oprimidos, dá alimento a quem tem fome. O Senhor livra os prisioneiros. (Sl 145, 6b-7)
O SANTO DO DIA: São Martinho de Tours (Quarta-feira, 11 de novembro)
- Detalhes
Origens
Nascido por volta de 316 numa família pagã, Martinho era filho de um oficial do exército romano que atuava na Panônia, hoje Hungria. Quando entrou na adolescência, começou a frequentar uma igreja cristã por mera curiosidade. Porém, começou a gostar muito do convívio com os cristãos e da doutrina de Cristo. Isso preocupou seu pai.
Cavaleiro do exército imperial
Seu pai quis afastá-lo do cristianismo. Por isso, sendo Martinho ainda adolescente, seu pai o fez ingressar na cavalaria do exército imperial. O plano, porém, não deu certo, pois, mesmo sendo da cavalaria, Martinho continuava frequentando a Igreja e praticando a caridade.
Encontro com Cristo na França
Perto de completar vinte anos, Martinho foi designado para a cavalaria da Gália, hoje França. Lá, foi abordado por um mendigo que tremia de frio. O homem pediu esmola a Martinho. Não tendo dinheiro no momento, Martinho cortou seu manto ao meio e deu metade ao pobre. À noite, Jesus lhe apareceu num sonho. O Mestre estava usando a metade do manto que Martinho tinha dado ao pedinte e agradeceu por ter sido aquecido. Depois disso, Martinho deixou o exército para se dedicar à fé.
Vida de monge
Com apenas vinte e dois anos, Martinho estava batizado. Dedicou-se à oração e à vida solitária, sendo orientado pelo bispo Hilário de Poitiers, que se tornou santo. Mais tarde, este mesmo bispo ordenou-o diácono. Tempos depois, quando o mesmo bispo retornou de um exílio, no ano 360, fez uma doação a Martinho: um terreno que ficava a doze quilômetros de Poitiers, em Ligugé.
Primeiro Mosteiro da França
No terreno ganhado, o Diácono Martinho fundou uma comunidade monástica. Pouco tempo depois, um grande número de jovens queria seguir o mesmo tipo de vida. Por isso, São Martinho construiu ali o primeiro mosteiro em terras francesas e de toda a Europa ocidental.
Monges padres e missionários
Diferentemente do Oriente, os monges do Ocidente podiam ser ordenados sacerdotes e serem missionários no meio do povo. Por isso, São Martinho liderou um movimento de evangelização juntamente com seus monges. Visitavam aldeias, pregavam a Boa Nova, levavam o povo a abandonar seus ídolos e construíam igrejas. Se encontrava resistência, construía um mosteiro no local. Ali, os monges evangelizavam através da caridade e do exemplo. Logo, o povo se abria para a uma conversão sincera.
Dons extraordinários
São Martinho recebeu dons místicos, que o auxiliaram na missão evangelizadora. Através de sua oração, vários milagres e curas foram operados para o bem dos doentes e pobres, que não poderiam jamais recorrer aos médicos.
Bispo
Quando o bispo de Tours faleceu, em 371, o povo, por unanimidade, aclamou São Martinho como o novo bispo. Ele resistiu, mas aceitou. Porém, não deixou sua peregrinação missionária. Fazia questão de visitar todas as paróquias, zelava cuidadosamente pela liturgia e não desistia de evangelizar os pagãos. Primava pelo exercício exemplar da caridade. Fundou um outro mosteiro, o qual chamou de Marmoutier. E de lá, saiu São Patrício, o grande evangelizador da Irlanda. Assim sua missão exemplos não se limitou a Tours, mas se expandiu para muito mais longe.
Morte
São Martinho exerceu seu ministério episcopal durante vinte e cinco anos. Faleceu com oitenta e um anos, em Candes. Era o dia 8 de novembro do ano 397. Sua festa passou a ser celebrada no dia 11, porque este foi o dia de seu sepultamento na cidade de Tours. Passou a ser venerado como são Martinho de Tours. Foi o primeiro santo não-mártir a ser cultuado oficialmente pela Igreja. Além disso, passou a ser um dos mais populares santos de toda a Europa.
Oração a São Martinho de Tours
“Glorioso São Martinho, nosso amigo e protetor, que ao dividir vosso manto com o mendigo que padecia de frio na neve encontrastes o próprio Senhor Jesus, ajudai-nos, a saber, partilhar o que temos com os mais empobrecidos que encontramos em nosso caminho, principalmente as crianças mais abandonadas, reconhecendo nelas a imagem de nosso divino mestre.
Ó bom Jesus, por intercessão de São Martinho dai-nos os dons da caridade e do amor fraterno que nos fazem servir com desprendimento aos vossos filhos mais excluídos dessa terra. Amém. São Martinho, rogai por nós.” Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
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