O segundo padre desaparecido é encontrado carbonizado em Minas. O outro- da Paraíba- continua desaparecido.
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Corpo de padre desaparecido é encontrado carbonizado em Manhumirim, em MG
O padre, de 36 anos, foi visto por último nessa terça-feira (13). No corpo havia marcas de facadas.
Por Matheus Mesmer e Hérisder Matias, G1 Vales de Minas Gerais e Inter TV
O corpo do padre que estava desaparecido desde essa terça-feira (13), foi encontrado carbonizado e com marcadas de facadas, em Manhumirim (MG).
Segundo a Polícia Militar, Adriano da Silva Barros teria ido visitar a mãe, que está doente, em Martins Soares (MG), e retornaria para Simonésia (MG), onde é vigário, para celebrar uma missa na paróquia.
O religioso foi visto por último deixando a irmã em Reduto (MG), por volta das 13h. Ela foi a última pessoa que teve contato com ele.
No início da noite desta quarta-feira (14), a polícia foi acionada por um morador do Córrego Pirapetinga, em Manhumirim, ao perceber que havia um fogo no seu terreno e, ao chegar para apagar, encontrou o corpo carbonizado.
No local, a perícia constatou que havia ferimentos no corpo do padre provocados, provavelmente, por facas. A Polícia Civil suspeita que ele tenha sido vítima de latrocínio, já que o veículo em que ele estava foi visto no estado do Rio de Janeiro.
A autoria do crime ainda é investigada pela polícia. Dois suspeitos, que foram vistos por testemunhas próximo ao local onde o corpo foi encontrado, foram detidos pela Polícia Militar. Ainda não há confirmação de que eles tenham participação no crime.
O veículo utilizado pelo padre ainda não foi localizado. A Polícia Rodoviária Federal informou que ele foi visto passando por Teresópolis (RJ), por volta de 5h da manhã.
'Amigo do povo'
O padre Júlio César que também é pároco em Simonésia, divulgou um vídeo com o objetivo de encontrar Adriano, que estava desaparecido.
Segundo ele, o religioso não tinha problemas com ninguém e era amigo de todos. “É um padre jovem, 36 anos de idade, dinâmico, amigo do povo. Um padre que tem uma boa reflexão, uma boa comunicação”, afirmou. Fonte: https://g1.globo.com
NOTA OFICIAL
Polícia Civil. Manhuaçu 14/10/2020-21h15
Foi encontrado o início da noite desta quarta-feira, 14/10/20, o corpo do Padre Adriano, Vigário da Paróquia de Simonésia.
O corpo sem vida estava em uma estrada rural próxima a Manhumirim. Exames periciais iniciais indicam ao menos cinco perfurações causadas por arma branca - possivelmente uma faca -, sendo esta a possível causa da morte. A vítima estava carbonizado e vestígios de gasolina foram encontrados no local.
Familiares fizeram reconhecimento da vítima. Pertences pessoais encontrados junto ao corpo, em especial uma aliança usada por religiosos, corroboram para identificação. Exames de DNA poderão ser realizados a critério do Delegado de Polícia que presidirá o Inquérito Policial.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de latrocínio, pois já se tem informações de que o veículo da vítima foi visto no Estado do Rio de Janeiro na madrugada, por volta das 2h30, do dia 14/10/20. Fonte: Uol
Após pedido de socorro pelo Whatsapp, padre desaparece em João Pessoa
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Ele tinha saído para rezar por um morto, a pedido de familiares, segundo o secretário da paróquia
Por Carlos Rocha
Um sumiço misterioso está angustiando a família de padre de João Pessoa, que desapareceu misteriosamente após ser chamado para rezar por um corpo, nesta terça-feira (13). José Gilmar é pároco da Igreja Santa Teresinha, no bairro do Roger, e saiu ainda pela manhã.
De acordo com Thiago Melo, secretário da paróquia, o padre José Gilmar foi chamado pela família de um morto para "encomendar o corpo". Alguns instantes após ter saído, uma pessoa da paróquia recebeu uma mensagem do religioso, via Whatsapp, na qual pedia socorro.
Não houve resposta às tentativas de entrar em contato com o padre após o recebimento da mensagem. Segundo o secretário, o aparelho aparece sem sinal de internet, fora de área ou desligado.
A polícia foi acionada e faz buscas pelo religioso. Quem tiver informação sobre o paradeiro de José Gilmar pode entrar em contato através do número (83) 9 8829 9909. Fonte: https://www.portalt5.com.br
28º Domingo do Tempo Comum: Quarta-feira 14.
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A RELIGIÃO HIPÓCRITA... Evangelho do Dia (Lc 11, 42-46). Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 14 de outubro-2020.
Quarta-feira, 14 de outubro-2020. 28ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 42-46)
Naquele tempo disse Jesus: 42Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas. 43Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas! 44Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber. 45Um dos doutores da lei lhe disse: Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas. 46Ele respondeu: Ai também de vós, doutores da lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos.
3) Reflexão
No Evangelho de hoje continua o relacionamento conflituoso entre Jesus e as autoridades religiosas da época. Hoje, na igreja acontece o mesmo conflito. Numa determinada diocese, o bispo convocou os pobres a participar ativamente. Eles atenderam ao pedido e em grande número começaram a participar. Surgiu um grave conflito. Os ricos diziam que foram excluídos e alguns sacerdotes começaram a dizer: “O bispo só faz política e esquece o evangelho!”
Lucas 11,42: Ai de vocês, que deixam de lado a justiça e o amor
“Ai de vocês, fariseus, porque vocês pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo”. Esta crítica de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a justiça e o amor. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Santa Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
A observação final de Jesus dizia: “Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo”. Esta advertência faz lembrar uma outra observação de Jesus que serve de comentário: "Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu" (Mt 5,17-20)
Lucas 11,43: Ai de vocês, que gostam dos lugares de honra
“Ai de vocês, fariseus, porque gostam do lugar de honra nas sinagogas, e de serem cumprimentados em praças públicas”. Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento hipócrita de alguns fariseus. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes (cf. Mt 6,5; 23,5-7). Marcos acrescenta que eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! Pessoas assim vão receber um julgamento mais severo (Mc 12,38-40). Hoje acontece o mesmo na nossa igreja.
Lucas 11,44: Ai de vocês, túmulos escondidos
“Ai de vocês, porque são como túmulos que não se vêem, e os homens pisam sobre eles sem saber". Lucas modificou a comparação. Em Mateus se diz: “Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt 23,27-28). A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Por meio dela, Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. Lucas fala em sepulcros escondidos: “Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, e os homens pisam sobre eles sem saber". Quem pisa ou toca num sepulcro torna-se impuro, mesmo quando o sepulcro existe escondido debaixo do chão. A imagem é muito forte: por fora, o fariseu de sempre parece justo e bom, mas esse aspecto é um engano, pois dentro dele existe um sepulcro escondido que, sem o povo se dar conta, espalha um veneno que mata, comunica uma mentalidade que afasta de Deus, sugere uma compreensão errada da Boa Nova do Reino. Uma ideologia que faz do Deus vivo um ídolo morto!
Lucas 11,45-46: Crítica do doutor da lei e a resposta de Jesus
“Um especialista em leis tomou a palavra, e disse: "Mestre, falando assim insultas também a nós!" Na resposta Jesus não voltou atrás mas deixou bem claro que a mesma crítica valia também para os escribas: "Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo”. No Sermão da Montanha, Jesus expressou a mesma crítica que serve de comentário: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo” (Mt 23,2-4).
4) Para um confronto pessoal
1) A hipocrisia mantém uma aparência enganadora. Até onde atua em mim a hipocrisia? Até onde a hipocrisia atua na nossa igreja?
2) Jesus criticava os escribas que insistiam na observância disciplinar das coisas miúdas da lei como dízimo da hortelã, da arruda e de todas as ervas, e esqueciam de insistir no objetivo da lei que é a prática da justiça e do amor. Vale para mim esta crítica?
5) Oração final
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. (Sl 1, 1-2)
El Salvador. Evangélicos superam católicos numericamente
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Pesquisa do CID Gallup constatou que pela primeira vez a grei evangélica é maior que o rebanho católico na República de El Salvador. Os evangélicos somam 44% da população estimada em 6,5 milhões de habitantes, enquanto católicos são 38%, outros 15% não se identificam com qualquer religião e 3% professam outros credos. A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Das pessoas com mais de 40 anos, 66% nasceram católicas; já @s que têm menos de 24 anos, apenas 38% são católicos. “É interessantes ver a perda dos fiéis do catolicismo ao longo dos anos”, avaliou o jornalista Jonathan Laguan, que conduziu a pesquisa. Segundo o levantamento, a Igreja Católica salvadorenha perdeu 17% de fiéis nos últimos anos.
Evangélicos estão há quase 125 anos em El Salvador, um país historicamente católico. Comentando esse crescimento ao portal Mundo Cristão, o pastor Jorge Aguirre, da Igreja Gamaliel, acha que ele aconteceu “por causa do que as igrejas fazem com indivíduos num país carente, com famílias destruídas”.
A população salvadorenha reconhece as ações sociais das igrejas evangélicas, num país marcado pela violência. “Logicamente há muito mais a ser feito, é preciso mudar as leis para que as pessoas tenham realmente medo de fazer o mal, mas ao mesmo tempo dar às pessoas uma oportunidade de desenvolvimento, de crescimento”, definiu o pastor Numa Rodezno.
Tramita na Assembleia Legislativa do país a proposta do Estado reconhecer a Igreja Evangélica em sua Constituição. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
É possível?... Um Olhar sobre Nossa Senhora Aparecida
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É POSSÍVEL?... Um Olhar sobre a devoção a Nossa Senhora Aparecida, por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 12 de outubro-2020.
Orai por nós, Nossa Senhora Aparecida
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Por Joaquim Ferreira dos Santos
Valei-me, Nossa Senhora Aparecida, porque hoje é o teu dia, sublime padroeira do Brasil, e já aqui bem cedo me faço presente para pedir socorro, arroz, esperança, o que tiver sobrado na tua sempre farta dispensa de generosidade e auxílio emergencial.
Eu sei que santo de casa não faz milagre, eu sei que o estado é laico e o jornalismo deveria sê-lo também. Não resisto, porém, à premência do desespero e à coincidência de te ter hoje no calendário. Mendigo das palavras, servo dos teus obséquios, faço em teu louvor os clamores desta oração.
Eis-me aqui, ó mulher preta dos orgulhos nacionais, na segunda-feira das crônicas ligeiras, te pedindo com a gravidade de um homem genuflexo, a excelsa delicadeza de jogar luz sobre essa mina escura e funda, o trem das nossas vidas.
Se fosse em outubros passados eu subiria os degraus da Penha e lá do alto, os olhos fitos no meu berço suburbano, eu pediria contrito pela conversão dos pecados, a vida eterna e o amém salvador – mas a festa da Penha acabou.
Peço desculpas, Virgem Altíssima, se atropelo a hierarquia celeste e, diante da falta de quadros nacionais, recorro com meu pedido de socorro à tua superior instância. No outro dia, apareceu por aqui um “Anjo” – mas suas asas guardavam apenas um bandido. Tem sido assim. Falta-nos santo.
Nunca tivemos tantos candidatos ao cargo, todos homens e mulheres que se anunciam ungidos pela hóstia do bem, dispostos a cerrar os olhos, dar as mãos e rezar um rosário de aleluias até na abertura das sessões do STF. Zombam da fé, esses insensatos. São padroeiros de si mesmos, santos que ainda estão com a comprovação de inocência percorrendo o devido trâmite legal.
Me perdoe, ó incomparável, o português ruim do pronome abrindo a frase, mas é que o acúmulo de aflições não permite uma prece com melhor homilia e revisão. Tenho pressa em comungar das tuas benesses. Quem me dera a poesia da encíclica papal, a beleza de citar Vinicius de Moraes, o branco mais preto-velho do Brasil, e repetir que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Perdão, mas hoje não tem a hóstia consagrada dos verbos mais bonitos. O bicho tá pegando.
Diz o dito popular, minha Aparecida do Norte, que pra baixo todo santo ajuda e, neste momento de ladeira abaixo nacional, 150 mil mortos pelo vírus, eu deveria seguir o conselho e pedir proteção a gente menos gabaritada do baixo clero - mas é aí que mora o perigo. Os novos santos têm pés-de-barro, são de pau oco. Foi falsificado em alguma universidade distante o currículo em que apresentam seus milagres.
A mentira virou sacramento, a esperteza ganhou o evangelho e atrás do púlpito federal o homem com ar desmiolado aponta o céu como se acusasse Jesus por todo esse horror. É a teologia do deboche. Valei-me, padroeira, porque faz apenas um ano e o Brasil ganhava sua primeira santa, Irmã Dulce, consagrada justamente depois de se examinar a veracidade de seus milagres.
Pioramos, e por tudo isso eis-me aqui, neste dia sagrado, súdito fiel aos teus pés, na carência pública por atenção. Orai por nós, Aparecida, e não nos deixei cair na tentação de piorar mais ainda. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
28º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar.
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28º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar. Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Angra dos Reis/RJ. 11 de outubro-2020.
Papa telefona para Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, e pede que não desanime e continue ao lado dos pobres
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Padre Júlio foi ameaçado ao menos duas vezes este ano. Papa Francisco viu fotos dos moradores de rua em São Paulo e disse conhecer as dificuldades por quais passam.
Por G1 SP
O Papa Francisco telefonou neste sábado (10) para o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, para perguntar sobre os moradores de rua no Brasil.
Segundo comunicado divulgado pela Arquidiocese de São Paulo, o papa telefonou para o padre Júlio às 14h15 e queria saber por quais dificuldades a pastoral passa.
O papa pediu ao padre, que mesmo diante de todas as dificuldades, não "desanime" e continue junto aos pobres (leia íntegra da nota abaixo).
Neste ano, padre Júlio foi ameaçado ao menos duas vezes. Em janeiro, policiais teriam dito a três jovens moradores de rua que "a hora do Padre Julio Lancelotti vai chegar", no Belenzinho, Zona Leste da cidade. A Corregedoria da Polícia Militar apura a denúncia e a a Defensoria Pública da União "afirmou preocupada com a integridade pessoal e a liberdade de manifestação do padre".
Em setembro, padre Júlio registrou um boletim de ocorrência por ameaça após ter sido xingado por um motoqueiro enquanto fazia trabalho de atendimento a moradores de rua no Centro da cidade.
Lancellotti afirma ser alvo de uma campanha de difamação vinda do deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Arthur do Val (Patriota), conhecido pelo apelido de Mamãe Falei. O político nega as ameaças.
No último dia 1º, a Justiça Eleitoral determinou a remoção das publicações nas redes sociais de Arthur do Val nas quais ele critica o padre Júlio. Conhecido pelo apelido Mamãe Falei, o candidato publicou vídeos em suas redes sociais chamando o padre de "cafetão da miséria".
Comunicado
"Neste sábado, 10 de outubro, às 14h15, recebi o telefonema de sua santidade o Papa Francisco que falou comigo com toda simplicidade e proximidade, perguntando sobre a população de rua, como é nossa convivência com os irmãos de rua, quais as dificuldades que sentimos.
O Papa disse que viu as fotos que enviamos para ele e que sabe das dificuldades que passamos, mas que não desanimemos e façamos sempre como Jesus, estando junto dos mais pobres.
Pediu para transmitir a todos os moradores de rua o seu amor e proximidade e que todos rezem por ele. Ele reza por todos nós também.
Padre Julio Lancellotti
Vigário Episcopal para o Povo da Rua
Arquidiocese de São Paulo".
Fonte: https://g1.globo.com
*28º Domingo do Tempo Comum - Ano A: Um Olhar
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A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do "banquete" para descrever esse mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.
Na primeira leitura, Isaías anuncia o "banquete" que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os Povos. Acolher o convite de Deus e participar nesse "banquete" é aceitar viver em comunhão com Deus. Dessa comunhão resultará, para o homem, a felicidade total, a vida em abundância.
O Evangelho sugere que é preciso "agarrar" o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso batismo não é "conversa fiada"; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade cristã de Filipos. É uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. A comunidade de Filipos constitui, verdadeiramente, um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presente.
Não basta...
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 9 de outubro-2020.
Não basta ser de uma pastoral, associação religiosa ou exercer uma função “evangelizadora” na comunidade. É necessário ter as vestes da amorosidade, porque as vezes somos verdadeiros pit bulls!
Quando as pessoas se aproximam atacamos, ferimos e, muitas vezes, até matamos e condenamos o nosso “irmão” de comunidade com o nosso olhar e atitudes de indiferença, discriminação e rejeição.
Não basta estar no convento, seminário, mosteiro ou comunidade de vida. É necessário termos as vestes do perdão, do diálogo, da humildade e da mansidão.
Quantos religiosos, religiosas, seminaristas, consagrados e consagradas que vivem em um verdadeiro inferno comunitário. São obrigados a rezarem juntos, viverem juntos e celebrarem juntos, mas na verdade são incapazes de falar um Bom dia, uma Boa tarde e uma Boa noite. São incapazes de perdoar o seu irmão (a) de comunidade- mesmo falando no perdão- e se fecha no individualismo, moralismo e conservadorismo, criando assim uma máscara para se protegerem.
Não basta se apresentar no altar ou testemunhar o amor conjugal em retiros, conferências, palestras e formação. É necessário usar as vestes do diálogo na família, é necessário usar as vestes da compreensão, da tolerância e da amizade com os filhos e a família.
Quantos casais “igrejeiros” não conseguem aceitar os filhos por questões sexuais? Quantos casais líderes de movimentos que são incapazes de ser família nas questões de ecumenismo ou no trato com as diferenças econômicas e raciais no seio da família?
Não basta usar um Escapulário de Nossa Senhora do Carmo ou o hábito carmelita- Seja na ordem primeira, segunda ou terceira- é necessário usarmos as vestes evangélicas para termos assim uma vida com “sabor do Evangelho”, como afirma o Sumo pontífice, o Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti.
Não basta dizer que é candidato do Movimento A ou do Movimento B da Igreja Católica. É necessário usar as vestes da ética nas relações políticas, econômicas, religiosas e sociais com o próximo.
Quantos políticos ditos “cristãos” foram presos ou condenados na operação lava-jato? Quantos candidatos “igrejeiros” que agem e vivem completamente contra a Boa Nova do Evangelho no que se refere aos menos favorecidos e vulneráveis?
Sim, em nossas relações diárias precisamos usar as vestes evangélicas anunciadas, “vendidas” e defendidas por Jesus Cristo. Caso o contrário, não passamos de intrusos na Festa do Banquete e verdadeiros estrupícios que, em nome de uma fé, de uma religião ou de uma “verdade” que professamos, não passamos de fariseus e hipócritas aproveitadores do sagrado. E tenho dito!
EVANGELHO - Mt 22,1-14: Atualização
No nosso texto, a questão decisiva não é se Deus convida ou se não convida; mas é se se aceita ou se não se aceita o convite de Deus para o "banquete" do Reino. Os convidados que não aceitaram o convite representam aqueles que estão demasiado preocupados a dirigir uma empresa de sucesso, ou a escalar a vida a pulso, ou a conquistar os seus cinco minutos de fama, ou a impor aos outros os seus próprios esquemas e projetos, ou a explorar o bem estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus.
Vivemos obcecados com o imediato, o politicamente correto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores eternos, duradouros, exigentes, que exigem o dom da própria vida. A questão é: onde é que está a verdadeira felicidade? Nos valores do Reino, ou nesses valores efémeros que nos absorvem e nos dominam?
Os convidados que não aceitaram o convite representam também aqueles que estão instalados na sua autossuficiência, nas suas certezas, seguranças e preconceitos e não têm o coração aberto e disponível para as propostas de Deus. Trata-se, muitas vezes, de pessoas sérias e boas, que se empenham seriamente na comunidade cristã e que desempenham papéis fundamentais na estruturação dos organismos paroquiais... Mas "nunca se enganam e raramente têm dúvidas"; sabem tudo sobre Deus, já construíram um deus à medida dos seus interesses, desejos e projetos e não se deixam questionar nem interpelar. Os seus corações estão, também, fechados à novidade de Deus.
Os convidados que aceitaram o convite representam todos aqueles que, apesar dos seus limites e do seu pecado, têm o coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz. Percebem os limites da sua miséria e finitude e estão permanentemente à espera que Deus lhes ofereça a salvação. São humildes, pobres, simples, confiam em Deus e na salvação que Ele quer oferecer a cada homem e a cada mulher e estão dispostos a acolher os desafios de Deus.
A parábola do homem que não vestiu o traje apropriado convida-nos a considerar que a salvação não é uma conquista, feita de uma vez por todas, mas um sim a Deus sempre renovado, e que implica um compromisso real, sério e exigente com os valores de Deus. Implica uma opção coerente, contínua, diária com a opção que eu fiz no Batismo... Não é um compromisso de "meias tintas", de tentativas falhadas, de "tanto se me dá como se me deu"; mas é um compromisso sério e coerente com essa vida nova que Jesus me apresentou.
*Leia o Evangelho na íntegra. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
Prelazia do Marajó: NOTA SOBRE A VISITA DO PRESIDENTE AO MARAJÓ
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Prelazia do Marajó
NOTA SOBRE A VISITA DO PRESIDENTE AO MARAJÓ
“Somar para chegar aonde sozinho não se pode”. (Documento Final do Sínodo para a Amazônia - DF 39) “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10).
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de uma comitiva governamental, chega à cidade de Breves, no Arquipélago do Marajó, para o anúncio de medidas do Programa Abrace o Marajó. A solenidade, em pleno período eleitoral, integra um espetáculo midiático com questionáveis efeitos
concretos. Soa estranho, também, em plena pandemia, em uma região com um sistema de saúde precário, a realização de atividades que favoreçam a aglomeração social, sem respeito às normas sanitárias, onde as taxas de contágio e óbitos em decorrência da Covid-19 são preocupantes.
A Prelazia do Marajó se associa às iniciativas democraticamente construídas, com vistas à promoção do desenvolvimento socioeconômico e do bem estar da população marajoara. Sobretudo, aquelas medidas destinadas a superar dívidas históricas com o povo da região, com a proteção do meio ambiente e com a valorização da cultura regional. “A Amazônia (inclua-se o Marajó) hoje é uma beleza ferida e deformada, um lugar de dor e violência. Os ataques à natureza têm consequências negativas na vida dos povos” (DF10).
O Programa Abrace o Marajó poderia ser uma iniciativa governamental com vistas a oferecer respostas públicas às demandas da região. Para isso, seria indispensável um diálogo com o governo do Estado, com os poderes municipais e, principalmente, com as lideranças da sociedade civil. Um diálogo sincero, franco, responsável, envolvendo a pluralidade do tecido social da região: as lideranças religiosas das diferentes denominações, as lideranças dos variados
setores da atividade econômica, formal e informal, as lideranças dos trabalhadores, das populações tradicionais, dos artistas, das juventudes, das
mulheres, bem como lideranças de movimentos sociais e ambientais. Para se constituir em um programa de governo, com efetivos resultados econômicos e sociais, com responsabilidade ambiental, demandaria o envolvimento daqueles
que trabalham em defesa da cidadania, da convivência democrática, do respeito à pluralidade e da justiça social e do cuidado com a “Casa Comum”. Como ensina o Sínodo para a Amazônia: “Para os cristãos, o interesse e a preocupação com a promoção e o respeito dos direitos humanos, tanto individuais quanto coletivos, não são opcionais. O ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus Criador, e sua dignidade é inviolável. É por isso que a defesa e a promoção dos direitos humanos não são meramente um dever político ou uma tarefa social, mas
também, acima de tudo, um requisito de fé” (DF 70).
A história brasileira tem demonstrado fartamente o fracasso de iniciativas governamentais que veem o povo como destinatário e não como interlocutor, que dispensaram o seu conhecimento e as suas contribuições. Somar é a melhor estratégia para chegar aonde não se pode chegar sozinho (cf. DF 39) e o diálogo é o meio mais adequado para se conferir audiências aos interlocutores legítimos
e às suas demandas. Portanto, é importante indagar sobre esta visita repentina do presidente e sua comitiva ao Marajó: Com quem o governo do presidente Jair Bolsonaro estará somando em pleno processo eleitoral? A que interlocutores
estará conferindo audiência? Que mensagens estará veiculando?
Esta solenidade do anúncio de medidas do programa Abrace o Marajó não contará com a acolhida da Prelazia do Marajó porque não está inscrita em uma estratégia de somar forças, de estabelecer diálogos com a sociedade e de
impulsionar iniciativas. Como estratégia midiática e eleitoral, parece claro que o presidente Jair Bolsonaro não veio ao Marajó para construir parcerias. Sua postura unilateral, com absoluto desprezo às autoridades constituídas, à
população residente e às lideranças marajoaras, sinaliza que o objetivo de sua viagem está mais inclinado à busca de aplausos e não do estabelecimento de diálogos; reflete mais o desejo por plateias e menos a busca de interlocutores e
de parcerias para um empreendimento público, orientado para a resolução de demandas regionais importantes.
A Prelazia do Marajó está disponível, como sempre esteve, ao diálogo construtivo e democraticamente cultivado. Contudo, recusa-se, por convicção ética e evangélica, a participar de eventos que favoreçam apropriações político-partidárias, especialmente no curso de processos eleitorais. Não compactuaremos com ações que confisquem a voz do povo marajoara e exonerem as suas agendas. Acolheremos, com especial atenção, dedicação e envolvimento, todas as ações destinadas ao Marajó que se abram à participação
das populações locais, dando-lhes voz e vez nas decisões, considerando suas necessidades, respeitando suas tradições e culturas e garantindo a preservação do meio ambiente saudável.
Aproveitamos a oportunidade para desejar a todos os marajoaras e paraenses, um Círio de paz, de alegria, e de fraternidade. Que a Virgem de
Nazaré nos inspire a sermos fiéis discípulos de Jesus, caminhando guiados pelo seu Evangelho.
Evaristo Pascoal Spengler
Bispo da Prelazia do Marajó
Breves-PA, 09 de outubro de 2020.
Fonte: Facebook (Pascom Soure)
Sexta-feira, 9 de outubro-2020. 27ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 15-26)
15Mas alguns deles disseram: Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios. 16E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu. 17Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. 18Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. 19Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! 20Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. 21Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. 22Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. 23Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha. 24Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; não o achando, diz: Voltarei à minha casa, donde saí. 25Chegando, acha-a varrida e adornada. 26Vai então e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele e entram e estabelecem-se ali. E a última condição desse homem vem a ser pior do que a primeira.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma longa discussão em torno da expulsão de um demônio mudo que Jesus acabava de realizar diante do povo.
Lucas 11,14-16: Três reações diferentes diante da mesma expulsão
Jesus estava expulsando demônios. Diante deste fato bem visível, realizado diante de todos, houve três reações diferentes. O povo ficou admirado, aplaudiu. Outros diziam: "É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios". O evangelho de Marcos informa que se tratava dos escribas que tinham vindo de Jerusalém para controlar a atividade de Jesus (Mc 3,22). Outros ainda pediam um sinal do céu, pois não se convenceram diante do sinal tão evidente da expulsão realizada diante de todo o povo.
Lucas 11,17-19: Jesus mostra a incoerência dos adversários
Jesus usa dois argumentos para rebater a acusação de estar expulsando demônio em nome de Beelzebu. Em primeiro lugar, se o demônio expulsa o próprio demônio, ele se divide a si mesmo e não vai sobreviver. Em segundo lugar, Jesus lhes devolve o argumento: Se eu expulso em nome de demônio, os filhos de vocês o fazem em nome de quem? Com outras palavras, eles também estariam fazendo as expulsões em nome de Beelzebu.
Lucas 11,20-23: Jesus é o homem mais forte que chegou, sinal da chegada do Reino
Aqui Jesus chega no ponto central da sua argumentação: “Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou.”. Na opinião do povo daquele tempo, Satanás dominava o mundo através de demônios (daimônia). Ele era o homem forte e bem armado que guardava a sua casa. A grande novidade era o fato de que Jesus conseguia expulsar os demônios. Sinal de que ele era e é o homem mais forte que chegou. Com a chegada de Jesus o reino de Beelzebu entrou em declínio: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês”. Quando os magos do Faraó viram que Moisés fazia coisas que eles não eram capazes de realizar, foram mais honestos que os escribas diante de Jesus e disseram: “Aqui tem o dedo de Deus!” (Ex 8,14-15).
Lucas 11,24-26: A segunda queda é pior que a primeira
Na época de Lucas nos anos 80, diante das perseguições, muitos cristãos voltaram atrás e abandonaram as comunidades. Voltaram à maneira de viver de antes. Para advertência a eles e a todos nós, Lucas guardou estas palavras de Jesus sobre a segunda queda que é pior do que a primeira.
A expulsão dos demônios
O primeiro impacto que a ação de Jesus causava no povo era a expulsão dos demônios: “Até mesmo aos espíritos impuros ele dá ordens e eles lhe obedecem!” (Mc 1,27). Uma das principais causas da briga de Jesus com os escribas era a expulsão dos demônios. Eles o caluniavam dizendo: “Ele está possuído por Beelzebu! É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios!” O primeiro poder que os apóstolos receberam quando foram enviados em missão foi o poder de expulsar os demônios: “Deu-lhes poder sobre os espíritos maus” (Mc 6,7). O primeiro sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios: “Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome!” (Mc 16,17). A expulsão dos demônios era o que mais chamava a atenção do povo (Mc 1,27). Ela atingia o centro da Boa Nova do Reino. Por meio dela Jesus devolvia as pessoas a si mesmas. Devolvia-lhes o juízo, a consciência (Mc 5,15). É sobretudo o evangelho de Marcos, do começo ao fim, com palavras quase iguais, repete sem parar a mesma mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.34.39; 3,11-12.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,17). Parece um refrão que sempre volta. Hoje, em vez de usar sempre as mesmas palavras usaríamos palavras diferentes para transmitir a mesma mensagem e diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou, aniquilou, abateu, destruiu e matou!” O que o Evangelho nos quer dizer é isto: “Ao cristão é proibido ter medo de Satanás!” Pela sua ressurreição e pela sua ação libertadora, Jesus afasta de nós o medo de Satanás, cria liberdade no coração, firmeza na ação e esperança no horizonte! Devemos caminhar na Estrada de Jesus com sabor de vitória sobre o poder do mal!
4) Para um confronto pessoal
1) Expulsar o poder do mal. Qual é hoje o poder do mal que massifica o povo e roube dele a consciência crítica?
2) Você pode dizer de você mesma que é totalmente livre e liberta? Caso a resposta for negativa, alguma parte em você está em poder de outras forças. O que você faz para expulsar este poder que toma conta de você?
5) Oração final
Sua obra é toda ela majestade e magnificência. E eterna a sua justiça. Memoráveis são suas obras maravilhosas; o Senhor é clemente e misericordioso. (Sl 110, 3-4)
Quinta-feira, 8 de outubro-2020. 27ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 5-13)
5Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 6pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; 7e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães; 8eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar. 9E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá. 11Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? 12Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião? 13Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.
3) Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao assunto da oração, iniciado ontem com o ensinamento do Pai Nosso (Lc 11,1-4). Hoje Jesus ensina que devemos rezar com fé e insistência, sem esmorecer. Para isto ele usa uma parábola provocador
Lucas 11,5-7: A parábola que provoca
Como de costume, quando ele tem uma coisa importante para ensinar, Jesus recorre a uma comparação, uma parábola. Hoje ele nos conta uma história curiosa que termina em pergunta, e ele dirige esta pergunta ao povo que o escutava e também a nós que hoje lemos ou escutamos a história: "Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: 'Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele'. Será que lá de dentro o outro responderia: 'Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?” Antes de Jesus mesmo dar a resposta, ele quer que você dê a sua opinião. O que você responderia: sim ou não?
Lucas 11,8: Jesus mesmo responde à provocação
Jesus dá a sua resposta: “Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita”. Se não fosse Jesus, será que você teria a coragem de inventar uma história na qual se sugere que Deus atende às nossas orações para ver-se livre da amolação? A resposta de Jesus reforça a mensagem sobre a oração, a saber: Deus atende sempre à nossa oração. Esta parábola lembra a outra, também em Lucas, da viúva que insiste em conseguir seus direitos junto ao juiz ateu que não se importa com Deus nem com a justiça e que atende à viúva não porque quer ser justo, mas porque quer ver-se livre da amolação da mulher (Lc 18,3-5). Em seguida, Jesus tira duas conclusões para aplicar a mensagem da parábola na vida.
Lucas 11,9-10: A primeira aplicação da Parábola
“Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois, todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”. Pedir, procurar, bater! Jesus não coloca condição. Se você pedir, vai receber. Se você procurar, vai encontrar. Se você bater na porta, ela vai ser aberta. Jesus não diz quanto tempo vai durar o pedir, o buscar, o bater, mas é certo que vai ter resultado.
Lucas 11,11-12: A segunda aplicação da parábola
“Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião?” Esta segunda aplicação deixa transparecer o público que escutava as palavras de Jesus e também o jeito de ele ensinar em forma de diálogo. Ele pergunta: “Vocês que são pais, quando o filho pede um peixe, vocês dão uma cobra?” O povo responde: “Não!” –“E se pede um ovo, vocês dão um escorpião?” -“Não!” Por meio do diálogo, Jesus envolve as pessoas na comparação e, pela resposta que recebe delas, ele as compromete com a mensagem da parábola.
Lucas 11,13: A mensagem: receber o dom do Espírito Santo
“Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem." O dom máximo que Deus tem para nós é o dom do Espírito Santo. Quando fomos criados, ele soprou o seu espírito nas nossas narinas e nós nos tornamos um ser vivente (Gn 2,7). Na segunda criação através da fé em Jesus, ele nos dá novamente o Espírito, o mesmo Espírito que fez com que a Palavra se encarnasse em Maria (Lc 1,35). Com a ajuda do Espírito Santo, o processo da encarnação da Palavra continuou até à hora da morte da Cruz. No fim, na hora da morte, Jesus devolveu o Espírito ao Pai: “Em tuas mãos entrega o meu espírito” (Lc 23,46). É este Espírito que Jesus nos prometeu como fonte de verdade e de compreensão (Jo 14,14-17; 16,13), e como ajuda no meio das perseguições (Mt 10,20; At 4,31). Este Espírito não se compra a preço de dinheiro nos shoppingcentros. A única maneira de consegui-lo é através da oração. Foram nove dias de oração que conseguiu o dom abundante do Espírito no dia de Pentecostes (At 1,14; 2,1-4).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você responde à provocação da parábola? Uma pessoa que vive num apartamento pequeno em cidade grande, como ela responderia? Abriria a porta?
2) Quando você reza, reza com a convicção de conseguir o que pede?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Terça-feira, 6 de outubro-2020. 27ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 10,38-42)
38Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. 39Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!” 41O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. 42No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.
3) Reflexão Lucas 10, 38-42
O evangelho de hoje traz o episódio de Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro. Maria, sentada aos pés de Jesus escutava a sua palavra. Marta, na cozinha, ocupada nos afazeres domésticos. Esta família amiga de Jesus é mencionada somente nos evangelho de Lucas (Lc 10,38-41) e de João (Jo 11,1-39; 12,2).
Lucas 10,38: A casa amiga em Betânia
“Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa”. Jesus está a caminho para Jerusalém, onde será preso e morto. Ele chega na casa de Marta que o recebe. Lucas não diz que a casa de Marta ficava em Betânia. É João que nos faz saber que a casa de Marta ficava em Betânia, perto de Jerusalém. A palavra Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre no alto do Monte das Oliveiras, perto de Jerusalém. Quando ia a Jerusalém Jesus costumava passar na casa de Marta, Maria e Lázaro (Jo 12,2)
É impressionante verificar como Jesus entrava e vivia nas casas do povo: na casa de Pedro (Mt 8,14), de Mateus (Mt 9,10), de Jairo (Mt 9,23), de Simão o fariseu (Lc 7,36), de Simão o leproso (Mc 14,3), de Zaqueu (Lc 19,5). O oficial reconhece: “Não sou digno de que entres em minha casa” (Mt 8,8). O povo procurava Jesus na casa dele (Mt 9,28; Mc 1,33; 2,1; 3,20). Os quatro amigos do paralítico tiram o telhado para fazer baixar o doente dentro da casa onde Jesus estava ensinando o povo (Mc 2,4). Quando ia a Jerusalém, Jesus parava em Betânia na casa de Marta, Maria e Lázaro (12,2). No envio dos discípulos e discípulas a missão deles é entrar nas casas do povo e levar a paz (Mt 10,12-14; Mc 6,10; Lc 10,1-9).
Lucas 10,39-40: A atitude das duas irmãs
“Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres”. Duas atitudes importantes, sempre presentes na vida dos cristãos: estar atenta à Palavra de Deus e estar atenta às necessidades das pessoas. Cada uma destas duas atitudes exige atenção total. Por isso, as duas vivem em tensão contínua que se expressa na reação de Marta: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!". Expressa-se também na reação dos apóstolos diante do problema que surgiu na comunidade de Jerusalém. O serviço à mesa das viúvas estava tomando todo o tempo deles e já não podiam dedicar-se inteiramente ao anúncio da Palavra. Por isso, eles reuniram a comunidade e disseram: “Não é correto que deixemos a pregação da palavra de Deus para servir às mesas” (At 6,2).
Lucas 10,41-42: A resposta de Jesus
"Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada." Marta queria que Maria sacrificasse sua atenção à palavra para ajuda-la no serviço da mesa. Mas não se pode sacrificar uma atitude em favor da outra. O que é preciso é alcançar o equilíbrio. Não se trata de escolher entre vida contemplativa e vida ativa, como se aquela fosse melhor que esta. Trata-se de encontrar a justa distribuição das tarefas apostólicas e dos ministérios dentro da comunidade. Baseando-se nesta palavra de Jesus, os apóstolos pediram à comunidade que escolhesse sete diáconos (servidores). O serviço das mesas foi entregue aos diáconos e assim os apóstolos podiam continuar a sua atividade pastoral: “dedicar-se inteiramente à oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4). Não se trata de encontrar nesta palavra de Jesus um argumento para dizer que a vida contemplativa nos mosteiros é superior à vida ativa dos que labutam na pastoral. As duas atividades tem a ver com o anúncio da Palavra de Deus. Marta não pode exigir que Maria sacrifique a atenção à palavra. Bonita é a interpretação do místico medieval, o frade dominicano Mestre Eckart que dizia: Marta já sabia trabalhar e servir às mesas sem prejudicar em nada sua atenção à presença e à palavra de Deus. Maria, assim ele diz, ainda estava aprendendo junto de Jesus. Por isso, ela não podia ser interrompida. Maria escolheu o que para ela era a melhor parte. A descrição da atitude de Maria diante de Jesus evoca a outra Maria, da qual Jesus dizia: “Felizes os que ouvem a Palavra e a colocam em prática” (Lc 11,27).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você equilibra na sua vida o desejo de Maria e a preocupação de Marta?
2) À luz da resposta de Jesus para Marta, os apóstolos souberam encontrar uma solução para o problema da comunidade de Jerusalém. A meditação das palavras e gestos de Jesus me ajuda a iluminar os problemas da minha vida?
5) Oração final
As obras de suas mãos são verdade e justiça, imutáveis os seus preceitos, irrevogáveis pelos séculos eternos, instituídos com justiça e equidade. (Sl 110, 7-8)
SÃO BENEDITO- O Santo deste dia 5 de outubro.
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SÃO BENEDITO- 05, outubro. (Sicília, 1589) No Brasil celebra-se neste dia a festa de São Benedito, o Preto. Em outros países, é a 4 de abril que se comemora essa festa. Benedito nasceu na Sicília, por volta de 1526, filho de pretos que haviam sido escravos ou que descendiam de outros que o tinham sido. Ingressou num convento franciscano de Palermo, capital da Sicília, e foi religioso exemplar, primando pelo espírito de oração, pela humildade e pela obediência.
Embora simples irmão leigo e analfabeto, a sabedoria e o discernimento que possuía fizeram com que fosse nomeado mestre de noviços e mais tarde fosse eleito superior do convento.
Atendia a consultas de muitas pessoas que o procuravam para pedir conselhos e orientação segura. Foi favorecido por Deus com o dom dos milagres. Tendo concluído seu período como superior, retornou com humildade e naturalidade para a cozinha do convento, reassumindo com alegria as funções modestas que antes desempenhara. E assim, na mais sublime indiferença pela sua própria pessoa, faleceu com fama de eminente santidade.
Foi canonizado em 1807 e é um dos padroeiros de Palermo. No Brasil, entre os escravos e as pessoas de cor, foi muito difundida sua devoção, geralmente associada à de Nossa Senhora do Rosário, à de Santo Elesbão, Imperador negro da Etiópia, e à de Santa Efigênia, princesa também negra e igualmente etíope. Fonte: Redemptor. Divulgação: Olhar Jornalístico.
Liberdade religiosa retorna ao Supremo com sábado sagrado.
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Corte julgará se vale mais princípio de igualdade ou respeito às crenças
RIO DE JANEIRO
A liberdade religiosa voltará à agenda do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 14 de outubro. São dois casos inseridos na pauta pelo novo presidente da corte, Luiz Fux, e ambos decidem se o Estado deve oferecer uma alternativa a quem, por causa de sua fé, não pode exercer atividades aos sábados.
Um deles, que está no tribunal desde 2017 e sob relatoria de Edson Fachin, trata de uma servidora que “cometeu 90 faltas injustificadas durante o período de estágio probatório, em razão de suas convicções religiosas”.
É uma professora adventista dispensada, segundo o processo, dentro dos três anos em que a pessoa que passou no concurso público está em fase de teste. A docente foi reprovada por não aceitar dar aulas entre o pôr do sol das sextas-feiras e dos sábados.
Para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, atividades seculares (extrarreligiosas) devem ser interrompidas nesse horário, já que a denominação “reconhece o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus”.
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou o mandado de segurança que a professora pleiteou, sustentando que: 1) o servidor não tem direito de estabilidade no estágio probatório; 2) o Estado não pode conceder privilégios “que indiquem preferência dos responsáveis pela condução dos negócios públicos em favor desta ou daquela orientação religiosa”.
A defesa afirma que a docente não pediu para deixar de trabalhar, e sim para cumprir horários alternativos, e que exonerá-la por professar sua fé afronta a Constituição.
O segundo caso, que tem Dias Toffoli como relator no Supremo, discute se é possível realizar uma etapa de concurso público “em horário diverso daquele determinado pela comissão organizadora do certame por força de crença religiosa”.
A história, aqui, aconteceu em Manaus, com um candidato a cargo público que pediu para fazer uma prova de capacidade física num domingo, e não no sábado programado para os concorrentes.
Em 2011, Toffoli disse sobre a discussão: “Tem o potencial de repetir-se em inúmeros processos, visto ser provável que sejam realizadas etapas de concursos públicos em dias considerados sagrados para determinados credos religiosos, o que impediria, em tese, os seus seguidores a efetuar a prova na data estipulada”.
Há dez anos no STF, o processo propõe dilema judicial semelhante: o que vem primeiro, o princípio de igualdade (todos os cidadãos receberem tratamento isonômico no serviço público) ou a “inviolável liberdade de crença” citada na Constituição (o respeito ao sábado sagrado, para adventistas)?
“A conquista por horários alternativos está relativamente consolidada na prática nacional. Vejamos, por exemplo, o que acontecia com os participantes do Enem que requeriam essa providência. Cremos que o STF caminhará nesta direção”, diz à Folha o advogado Antônio Carlos Junior, autor de “Manual Prático do Direito Religioso”.
“Qualquer indivíduo que queira ingressar no serviço público em função que, pelo horário, viole suas crenças deve optar entre o sustento próprio e de sua família e o exercício da crença”, afirma Antônio Carlos. “Absurdamente ilógico, ainda mais em tempos em que o Estado tem se adaptado às novas roupagens laborativas, incluindo jornadas integrais em home office.”
É dele um artigo sobre o tema publicado pelo Gospel Prime, um dos maiores portais evangélicos do Brasil. São temas que abrangem várias religiões e vêm sendo seguidos com lupa por evangélicos.
Estão na fila do Supremo, por exemplo, ações contra leis estaduais (Mato Grosso do Sul e Amazonas) que obrigam o poder público a manter uma Bíblia nas bibliotecas e escolas estaduais. Outra: o debate sobre eventual “proibição de uso de hábito religioso que cubra a cabeça ou parte do rosto em fotografia de documento de habilitação e identificação civil”.
A advogada constitucionalista Vera Chemin lembra de outro recurso que está na sala de espera do STF: se alguém pode recusar transfusão sanguínea por motivos religiosos. O caso concreto é o de uma testemunha de Jeová que solicitou tratamento alternativo que não era realizado pela rede pública. A religião proíbe o procedimento por levar ao pé da letra passagens bíblicas nas quais Deus nos ordena a se abster de sangue.
É um tema “extremamente controvertido, ao contrapor a liberdade religiosa e o dever do Estado de assegurar a prestação de saúde universal e igualitária”, diz Chemin. “Ou seja, saber se o exercício da liberdade religiosa justifica o custeio de tratamento de saúde pelo Estado.”
Um bom termômetro de como a corte costuma enxergar o assunto, segundo a advogada: em 2017, por 6 votos a 5, os ministros decidiram que os professores de escolas públicas podem pregar suas crenças na sala de aula.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) pleiteava que o ensino religioso na rede pública não fosse vinculado a uma religião específica, vedando a admissão de professores que representassem algum credo —como um padre ou pastor. “Privilegiou-se o binômio laicidade/liberdade religiosa, ratificando o modelo religioso confessional em caráter facultativo para os alunos”, afirma Chemin.
A liberdade religiosa entrou no rol de julgamentos que o STF reconhece como históricos. No epicentro, um bispo excomungado em 1945, dom Carlos Duarte Costa, que acusou o papa da época, Pio 12, de ser omisso ante os crimes do nazismo.
Quatro anos depois, dom Carlos e sua Igreja Católica Apostólica Brasileira, que fundou como dissidência da matriz romana, foram à corte. “Por ato ilegal e violento da polícia”, diziam que não conseguiam realizar missas. O Supremo ficou ao lado do Estado, alegando que os ritos da versão brasileira se confundiam com os da Santa Sé.
Um único ministro, Hahnemann Guimarães, viu ali um atentado contra a liberdade religiosa. Disse em seu voto: “É este princípio fundamental da política republicana, este princípio da liberdade de crença, que reclama a separação da Igreja do Estado e que importa, necessariamente, na liberdade do exercício do culto”. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Segunda-feira, 5 de outubro-2020. 27ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 10,25-37)
25Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? 26Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? 27Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). 28Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás.29Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? 30Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. 31Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. 32Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. 33Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. 34Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. 35No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. 36Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? 37Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a parábola do Bom Samaritano. Meditar uma parábola é o mesmo que aprofundar a vida, a fim de descobrir dentro dela os apelos de Deus. Ao descrever a longa viagem de Jesus a Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas ajuda as comunidades a entender melhor em que consiste a Boa Nova do Reino. Ele faz isto apresentando pessoas que vêm falar com Jesus e lhe fazem perguntas. Eram perguntas reais do povo do tempo de Jesus e eram também perguntas reais das comunidades do tempo de Lucas. Assim, no evangelho de hoje, um doutor da lei pergunta: "O que devo fazer para obter a vida eterna?" A resposta, tanto do doutor como de Jesus, ajuda a entender melhor o objetivo da Lei de Deus.
Lucas 10,25-26: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?"
Um doutor, conhecedor da lei, quer provocar Jesus e pergunta: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?" O doutor acha que deve fazer algo para poder herdar. Ele quer garantir a herança pelo seu próprio esforço. Mas uma herança não se merece. Herança, nós a recebemos pelo simples fato de sermos filho ou filha.”Você já não é escravo, mas filho; e se é filho, é também herdeiro por vontade de Deus”. (Gal 4,7). Como filhos e filhas não podemos fazer nada para merecer a herança. Podemos é perdê-la!
Lucas 10,27-28: A resposta do doutor
Jesus responde com uma nova pergunta: "O que diz a lei?" O doutor responde corretamente. Juntando duas frases da Lei, ele diz: "Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento e ao próximo como a ti mesmo!" A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do Levítico (Lv 19,18). Jesus aprova a resposta e diz: "Faz isto e viverás!" O importante, o principal, é amar a Deus! Mas Deus vem até mim no próximo. O próximo é a revelação de Deus para mim. Por isso, devo amar também o próximo de todo o meu coração, de toda a minha alma, com toda a minha força e com todo o meu entendimento!
Lucas 10,29: "E quem é o meu próximo?"
Querendo justificar-se, o doutor pergunta: "E quem é o meu próximo?" Ele quer saber para si mesmo: "Em que próximo Deus vem até mim?" Ou seja, qual é a pessoa humana próxima de mim que é revelação de Deus para mim? Para os judeus, a expressão próximo estava ligada ao clã. Quem não era do clã, não era próximo. Conforme o Deuteronômio, eles podiam explorar ao “estrangeiro”, mas não ao “próximo” (Dt 15,1-3). A proximidade era baseada nos laços de raça e de sangue. Jesus tem outra maneira de ver, que ele expressa na parábola do Bom Samaritano.
Lucas 10,30-36: A parábola
Lucas 10,30: O assalto na estrada de Jerusalém para Jericó
Entre Jerusalém e Jericó encontra-se o deserto de Judá, refúgio de revoltosos, marginais e assaltantes. Jesus conta um caso real que deve ter acontecido muitas vezes. “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu na mão de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto”
Lucas 10,31-32: Passa um sacerdote, passa um levita
Casualmente, passa um sacerdote e, em seguida, um levita. São funcionários do Templo, da religião oficial. Os dois viram o assaltado, mas passaram adiante. Não fizeram nada. Por que não fizeram nada? Jesus não o diz. Ele deixa você supor ou se identificar. Deve ter acontecido muitas vezes, tanto no tempo de Jesus como no tempo de Lucas. Acontece também hoje: uma pessoa de igreja passa perto de um pobre sem dar-lhe ajuda. Pode até ser que o sacerdote e o levita tenham tido a justificativa: "Ele não é meu próximo!" ou: "Ele está impuro e se eu tocar nele, ficarei impuro também!" E hoje: "Se eu ajudar, perco a missa do domingo e faço pecado mortal!"
Lucas 10,33-35: Passa um samaritano
Em seguida, chega um samaritano que estava de viagem. Ele vê, move-se de compaixão, aproxima-se, cuida das chagas, coloca o homem no seu próprio animal, leva-o até a hospedaria, cuida dele durante a noite e, no dia seguinte, dá ao dono da hospedaria dois denários, o salário de dois dias, dizendo: "Cuida dele e o que gastares a mais no meu regresso te pago!" É ação concreta e eficiente. É ação progressiva: chegar, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se e partir para a ação. A parábola diz "um samaritano que estava de viagem". Jesus também estava em viagem até Jerusalém. Jesus é o bom samaritano. As comunidades devem ser o bom samaritano.
Lucas 10,36-37: Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?
No início, o doutor tinha perguntado: "Quem é o meu próximo?" Por de trás da pergunta estava a preocupação consigo mesmo. Ele queria saber: "A quem Deus me manda amar, para que eu possa ter a consciência em paz e dizer: Fiz tudo que Deus pede de mim!" Jesus faz outra pergunta: "Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?" A condição de próximo não depende da raça, do parentesco, da simpatia, da vizinhança ou da religião. A humanidade não está dividida em próximos e não-próximos. Para você saber quem é o seu próximo, isto depende de você chegar, ver, mover-se de compaixão e se aproximar. Se você se aproximar, o outro será o seu próximo! Depende de você e não do outro! Jesus inverteu tudo e tirou a segurança que a observância da lei poderia dar ao doutor.
Os Samaritanos.
A palavra samaritano vem de Samaria, capital do reino de Israel no Norte. Depois da morte de Salomão, em 931 antes de Cristo, as dez tribos do Norte se separaram do reino de Judá no Sul e formaram um reino independente (1 Rs 12,1-33). O Reino do Norte sobreviveu durante uns 200 anos. Em 722, o seu território foi invadido pela Assíria. Grande parte da sua população foi deportada (2 Rs 17,5-6) e gente de outros povos foram trazidos para Samaria (2 Rs 17,24). Houve mistura de raça e de religião (2 Rs 17,25-33). Desta mistura nasceram os samaritanos. Os judeus do Sul desprezavam os samaritanos como infiéis e adoradores de falsos deuses (2 Rs 17,34-41). Havia muito preconceito contra os samaritanos. Eles eram mal vistos. Dizia-se deles que tinham uma doutrina errada e que não faziam parte do povo de Deus. Alguns chegaram ao ponto de dizer que ser samaritano era coisa do diabo (Jo 8,48). Muito provavelmente, a causa deste ódio não era só a raça e a religião. Era também um problema político-econômico, ligado à posse da terra. Esta rivalidade perdurava ate o tempo de Jesus. Mesmo assim Jesus coloca os samaritanos como exemplo e modelo para os outros.
4) Para um confronto pessoal
1-O samaritano da parábola não era do povo judeu, mas era ele que fazia o que Jesus pede. Isto acontece hoje? Você conhece gente que não frequenta a igreja mas vive o que evangelho pede? Quem são hoje o sacerdote, o levita e o samaritano?
2-O doutor perguntou: “Quem é o meu próximo?” Jesus perguntou: “Quem foi próximo do homem assaltado?” São duas perspectivas diferentes: o doutor pergunta a partir de si mesmo. Jesus pergunta a partir das necessidades do outro. Qual é a minha perspectiva?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembleia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
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