Uma reflexão sobre a comunhão espiritual em tempos de reclusão social
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Padre Leonardo Agostini Fernandes
O que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera estúpido, para assim confundir os sábios (1Cor 1,25.27a).
Introdução
O cristão, plenamente iniciado na fé, é uma pessoa eucarística. Vive da Eucaristia, porque crê e professa que, nela, Jesus Cristo está realmente presente, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. A fé nessa presença não tem tanto a ver com o milagre, mas com a eficácia das palavras que o próprio Jesus Cristo disse, quando instituiu o Memorial de sua Paixão, Morte e Ressurreição: "Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim... Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim" (1Cor 11,24-25).
Contudo, essa presença é sacramental; isto é, ocorre através de um meio eficaz pelo qual algo ou alguém sagrado se faz presente em realidades sensíveis, como no caso do pão e do vinho usados por Jesus Cristo na Última Ceia e ressignificados a partir da festa pascal do seu povo. Jesus Cristo, assim, tendo pão e vinho em suas mãos, uniu gestos e palavras, pelos quais comunicou a salvação.
No momento em que os discípulos comeram e beberam do pão e do vinho eucaristizados pelas palavras consecratórias de Jesus Cristo, não estavam, realmente, comendo a sua carne ou bebendo o seu sangue, pois não se trata de uma ação antropofágica, mas de experimentar a força e a graça que derivariam da sua ação em vista da sua total e incondicional entrega no Mistério Pascal.
Nesse sentido, a instituição da Eucaristia foi uma recapitulação-antecipação de tudo o que aconteceu no seu ministério público e de tudo o que estava para acontecer, desde a prisão no Horto das Oliveiras à sua ressurreição do sepulcro. Assim, Jesus Cristo realizou, diante de e para os seus apóstolos, a eficácia do seu amor de modo sacramental; fez com que experimentassem a vitória sobre a morte antes dela ocorrer. A Igreja, a partir desse momento, nunca mais deixou de celebrar a Eucaristia, e esta é a vida que a sustenta até que Jesus Cristo venha para julgar os vivos e os mortos.
A comunhão sacramental e a espiritual
Ao longo dos séculos, a Igreja foi imergindo, cada vez mais profundamente, na compreensão do mistério eucarístico, razão pela qual passou a celebrar a Eucaristia não apenas aos domingos, mas também nos dias da semana. Pouco a pouco, foram se multiplicando as celebrações, e os méritos de Jesus Cristo foram aplicados às mais diversas circunstâncias. Em muitas ocasiões, porém, a Igreja se viu impossibilitada de ministrar aos fiéis o Sacramento da Eucaristia, como guerras, perseguições, pestes, epidemias etc.
De tal modo que a reflexão sobre o Sacramento da Eucaristia levou a Igreja a se aprofundar quanto ao seu sentido e à duração da sua eficácia no tempo, no espaço e na vida de cada fiel. Se a Igreja julgou relevante ordenar a comunhão eucarística, ao menos uma vez por ano, bem como a recepção do Sacramento da Reconciliação e Penitência, como condição prévia, o fez por possuir a plena consciência da ilimitada eficácia que reside na obra da redenção realizada por Jesus Cristo.
É com base nessas premissas que se pode falar de comunhão sacramental, de comunhão espiritual e de ambas conjuntamente. Santo Tomás de Aquino fez essa distinção, ao falar dos dois modos de se receber a Eucaristia (STh III, q. 80, a.1). No caso da comunhão sacramental, acontece a recepção de Jesus Cristo através das espécies visíveis do pão e do vinho eucaristizados, mas, ainda assim, se está recebendo um alimento espiritual, visto que resulta de uma ação sacramental; logo do que esta ação concretamente representa: a comunhão espiritual com Jesus Cristo e sua Igreja.
Nesse sentido, uma está ordenada para a outra, quer dizer: não deveria haver comunhão sacramental que não fosse espiritual, e não deveria haver comunhão espiritual que não fosse sacramental. Uma, então, não deveria existir sem a outra, e ambas, na verdade, se completam. Assim sendo, perfeita comunhão sacramental acontece quando é também espiritual, e a perfeita comunhão espiritual acontece quando, existindo um impedimento real que independe das reais condições de cada fiel, este, de modo contrito e humilde, arde de desejo pelo seu Senhor, presente visivelmente no Santíssimo Sacramento do Altar.
Aqui reside um grande mistério. Muitos recebem a comunhão sacramental, mas não se abrem ou comungam indignamente, deixando de se beneficiar plenamente dos seus efeitos. Outros, ainda que impedidos de receber a comunhão sacramental, a desejam de tal forma que experimentam a eficácia dos seus efeitos. Isto não é difícil de ser percebido, pois se está diante da intenção pela qual Nosso Senhor instituiu a Eucaristia: "Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali no meio deles" (Mt 18,20); "E eis que estou convosco até a consumação dos tempos" (Mt 28,20).
Diante da atual situação
Pois bem, como está ocorrendo nesse momento, a Igreja continua celebrando o Sacramento da Eucaristia, mas de modo privado e sem a presença do povo, impedido, contra a sua vontade, de participar e de receber a comunhão nas espécies consagradas. Contudo, embora esteja sem receber o sacramento, o fiel pode receber a eficácia que dele deriva. Disso se trata a comunhão espiritual, pela qual os efeitos salutares da Eucaristia são comunicados, estando o fiel presente ou não à celebração. Desde de que, de todo o coração, o fiel deseje a sua união com Jesus sacramentado, pela fé e pela caridade que derivam da Eucaristia, a sua comunhão é válida e seus efeitos são eficazes na sua vida.
Pela comunhão espiritual, portanto, ocorre o encontro de dois desejos. Por um lado, do Senhor que disse: "Desejei ardente comer convosco essa páscoa antes de sofrer. Ao que acrescentou: pois eu vos digo que já não a comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus" (Lc 22,15-16). Nota-se que há um hiato entre a celebração da páscoa-eucaristia e o seu cumprimento no Reino de Deus. Por outro lado, do desejo de cada fiel que está vivendo esse hiato que o impossibilita de receber a comunhão sacramental. Nessas circunstâncias, o hiato não só pode como deve ser preenchido pela comunhão espiritual, permitindo que, no fiel, o desejo da comunhão sacramental esteja unido ao desejo do Senhor que quer estar nele e em cada um de seus irmãos e irmãs de forma plena e eficaz.
Se o batismo de desejo é eficaz quando houve a impossibilidade de recebê-lo, de igual modo é eficaz a comunhão espiritual que expressa o desejo sincero de se receber a comunhão sacramental.
Sobre isso, o Concílio de Trento ensina que os impossibilitados de receber Jesus Cristo na Santa Eucaristia, “o recebem em espírito, fazendo atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo de se unirem ao soberano Bem, e, por meio disto, se põem em estado de obter os frutos do Divino Sacramento” (Sess. XIII, c.8.).
Cabe agora refletir sobre quando e como fazer a comunhão espiritual. Se no passado os sinos das igrejas indicavam o momento da consagração, permitindo que os fiéis impossibilitados de fazer a comunhão sacramental o pudessem fazer de forma espiritual, nos nossos dias, graças às diversas formas televisivas, radiofônicas e midiáticas, o fiel pode se predispor a seguir o Santo Sacrifício da missa de forma contrita e, na hora da comunhão do presbítero, tendo feito um sincero ato de contrição, seguido do pedido de perdão, se confiar à Divina Misericórdia e desejar, vivamente, o amor que se encontra presente e inexaurível na comunhão sacramental.
O fervor desse momento pode ser acompanhado da mais pura imaginação, ajudada de várias maneiras. Por isso, nada melhor do que preparar, em lugar apropriado, um altar familiar, com velas, um Crucifixo, a Sagrada Escritura, uma imagem de Nossa Senhora etc. São sinais, pelos quais o fiel, endereçará ao Senhor Jesus, pessoalmente, o convite para vir habitar e preencher todo o seu ser. Sugere-se que o momento da comunhão espiritual seja seguido com uma breve oração:
“Creio, meu dulcíssimo Jesus, que estais real e verdadeiramente presente à destra de Deus Pai e no Santíssimo Sacramento do Altar, sobre as espécies consagradas do pão e do vinho. Eu vos amo sobre todas as coisas e desejo, vivamente, receber-vos dentro do meu ser. Não podendo, agora, vos receber sacramentalmente, vinde, ao menos, espiritualmente na minha vida, em minha mente e em meu coração. Em meu íntimo e com todo o fervor, me uno a vós e aos meus irmãos e irmãs. Senhor, que eu nunca me separe de vós. Amém.”
Considerações finais
Se no passado, a comunhão espiritual foi tão pouco praticada, pois, relativamente, em todas as horas do dia era possível receber a comunhão sacramental, hoje, por uma situação de reclusão social, permitida pelo Senhor, se redescobre esse grande tesouro, capaz de encher a alma de tantos e incalculáveis bens. Assim, o que de fato acontece em cada comunhão sacramental, com disposição perfeita, é possível, igualmente, se suprir a sua falta pela comunhão espiritual, podendo-se obter, segundo a Divina Providência, todas as graças e bênçãos que, inclusive, em muitas comunhões sacramentais se deixou de receber por negligência ou por falta do devido amor à Sagrada Eucaristia.
Em muitos de nós, esse momento de real impossibilidade da comunhão sacramental permite que se experimente a dor de muitos fiéis, irmãos e irmãs nossos, que desejam comungar e, por algum motivo, estão impedidos ou não a podem fazer. É como diz o ditado popular: “muitos só dão o real valor quando perdem ou ficam sem o que sempre tiveram em abundância”.
Que a nossa comunhão espiritual abrase nossa vida na ardente fornalha do amor de Deus e, a Ele unidos, estejamos cada vez mais atentos aos seus apelos de amor pelos mais necessitados. Que a graça da comunhão espiritual elimine a nossa insensibilidade e indiferença, pois, ao contrário da comunhão sacramental, as graças da comunhão espiritual podem ser recebidas várias vezes ao longo do dia e aplicadas às mais diferentes necessidades pessoais, sociais e eclesiais.
Divino Jesus Eucarístico, eu confio e espero em vós! Fonte: http://arqrio.org
Dom Walmor apresenta Pacto pela Vida e pelo Brasil ao presidente do STF
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O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, participou nesta segunda-feira, 20 de abril, de uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, para apresentar o Pacto pela Vida e pelo Brasil, documento assinado conjuntamente com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Comissão Arns, Academia Brasileira de Ciências, Associação Brasileira de Imprensa e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
A reunião aconteceu de forma online, durou cerca de 40 minutos e, além de dom Walmor, contou com a participação dos presidentes das referidas instituições. Na ocasião, o presidente da Comissão Arns, José Carlos Dias, fez um resumo do Pacto e, posteriormente, cada um dos representantes teve a oportunidade de destacar pontos do documento ao ministro Dias Toffoli.
Dom Walmor, presidente da CNBB, disse que é gravíssimo o momento que estamos vivendo. “Nosso grande compromisso é o de fortalecer as instituições que são muito importantes na nossa sociedade brasileira, como é o caso do STF”, afirmou.
Destacando a parte do Pacto que fala que “este é o momento de entrar em cena, no Brasil, o coro dos lúcidos”, dom Walmor ressaltou que é a hora de se fazer valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a sociedade em um tempo, de fato, novo.
Por fim, dom Walmor salientou que a árdua tarefa de combate à pandemia é dever de todos, com a participação de todos, incluindo o Governo Federal em articulada cooperação com os governos dos Estados e Municípios e em conexão estreita com “as nossas instituições”.
O Pacto
O Pacto pela Vida e pelo Brasil foi divulgado no Dia Mundial da Saúde, 07 de abril. No Documento, as instituições reconhecem que o Brasil vive uma grave crise – sanitária, econômica, social e política – e que exige de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis.
PACTO PELA VIDA E PELO BRASIL
Cidadãos brasileiros, mulheres e homens de boa-vontade, mais uma vez, conclamamos a todos:
O Brasil vive uma grave crise – sanitária, econômica, social e política -- exigindo de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis. O momento que estamos enfrentando clama pela união de toda a sociedade brasileira, para a qual nos dirigimos aqui. O desafio é imenso: a humanidade está sendo colocada à prova. A vida humana está em risco.
A pandemia do novo coronavírus se espalha pelo Brasil exigindo a disciplina do isolamento social, com a superação de medos e incertezas. O isolamento se impõe como único meio de desacelerar a transmissão do vírus e seu contágio, preservando a capacidade de ação dos sistemas de saúde e dando tempo para a implementação de políticas públicas de proteção social. Devemos, pois, repudiar discursos que desacreditem a eficácia dessa estratégia, colocando em risco a saúde e sobrevivência do povo brasileiro. Em contrapartida, devemos apoiar e seguir as orientações dos organismos nacionais de saúde, como o Ministério da Saúde, e dos internacionais, a começar pela Organização Mundial de Saúde - OMS.
Os países democráticos atingidos pelo COVID-19 estão construindo agendas e políticas para combatê-lo de maneira própria, segundo suas características, mas, todos, sem exceção, na colaboração estreita entre sociedade civil e classe política, entre agentes econômicos, pesquisadores e empreendedores, convencidos de que a conjugação de crise epidemiológica e crise econômica assume tal magnitude, que só um amplo diálogo pode levar à sua resolução. É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcido fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo.
Nossa sociedade civil espera, e tem o direito de exigir, que o Governo Federal seja promotor desse diálogo, presidindo o processo de grandes e urgentes mudanças em harmonia com os poderes da República, ultrapassando a insensatez das provocações e dos personalismos, para se ater aos princípios e aos valores sacramentados na Constituição de 1988. Cabe lembrar que a árdua tarefa de combate à pandemia é dever de todos, com a participação de todos -- no caso do Governo Federal, em articulada cooperação com os governos dos Estados e Municípios e em conexão estreita com as nossas instituições.
A hora é grave e clama por liderança ética, arrojada, humanística, que ecoe um pacto firmado por toda a sociedade, como compromisso e bússola para a superação da crise atual. Como em outras pandemias, sabemos que a atual só agravará o quadro de exclusão social no Brasil. Associada às precárias condições de saneamento, moradia, renda e acesso a serviços públicos, a histórica desigualdade em nosso país torna a pandemia do novo coronavírus ainda mais cruel para brasileiros submetidos a privações. Por isso, hoje nos unimos para conclamar que todos os esforços, públicos e privados, sejam envidados para que ninguém seja deixado para trás nesta difícil travessia.
Não é justo jogar o ônus da imensa crise nos ombros dos mais pobres e dos trabalhadores. O princípio da dignidade humana impõe a todos e, sobretudo, ao Estado, o dever de dar absoluta prioridade às populações de rua, aos moradores de comunidades carentes, aos idosos, aos povos indígenas, à população prisional e aos demais grupos em situação de vulnerabilidade. Acrescente-se ao princípio da dignidade humana, o princípio da solidariedade – só assim iremos na direção de uma sociedade mais justa, sustentável e fraterna.
É fundamental que o Estado Brasileiro adote políticas claras para garantir a saúde do povo, bem como a saúde de uma economia que se volte para o desenvolvimento integral, preservando emprego, renda e trabalho. Em tempos de calamidade pública, tornam-se inadiáveis a atualização e ampliação do Bolsa Família; a rápida distribuição dos benefícios da Renda Básica Emergencial, já aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Executivo, bem como a sua extensão pelo tempo que for necessário para a superação dos riscos de saúde e sobrevivência da população mais pobre; a absorção de parte dos salários do setor produtivo pelo Estado; a ampliação de estímulos fiscais para doações filantrópicas ou assistenciais; a criação do imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição Federal e em análise no Congresso Nacional; a liberação antecipada dos precatórios; a capitalização de pequenas e médias empresas; o estímulo à inovação; o remanejamento de verbas públicas para a saúde e o controle epidemiológico; o aporte de recursos emergenciais para o setor de ciência & tecnologia no enfrentamento da pandemia; e o incremento geral da economia. São um conjunto de soluções assertivas para salvaguardar a vida, sem paralisar a economia.
Ressalte-se aqui a importância do Sistema Único de Saúde - SUS, mais uma vez confirmada, com seus milhares de agentes arriscando as próprias vidas na linha de frente do combate à pandemia. É necessário e inadiável um aumento significativo do orçamento para o setor: o SUS é o instrumento que temos para garantir acesso universal a ações e serviços para recuperação, proteção e promoção da saúde.
Em face da expansão da pandemia e de suas consequências, é imperioso que a condução da coisa pública seja pautada pela mais absoluta transparência, apoiada na melhor ciência e condicionada pelos princípios fundamentais da dignidade humana e da proteção da vida. Reconhecemos que a saúde das pessoas e a capacidade produtiva do país são fundamentais para o bem-estar de todos. Mas propugnamos, uma vez mais, a primazia do trabalho sobre o capital, do humano sobre o financeiro, da solidariedade sobre a competição.
É urgente a formação deste Pacto pela Vida e pelo Brasil. Que ele seja abraçado por toda a sociedade brasileira em sua diversidade, sua criatividade e sua potência vital. E que ele fortaleça a nossa democracia, mantendo-nos irredutivelmente unidos. Não deixaremos que nos roubem a esperança de um futuro melhor.
Dia Mundial da Saúde, 7 de abril de 2020
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
José Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns
Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências - ABC
Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa - ABI
Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência– SBPC
Fonte: http://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-2ª SEMANA DA PÁSCOA. Quarta-feira, 22 de abril-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Imploramos, ó Deus, a vossa clemência, ao recordar cada ano o mistério pascal que renova a dignidade humana, e nos traz a esperança de ressurreição: concedei-nos acolher com amor o que celebramos com fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 16-21)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 16De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. 19Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus.
3) Reflexão
O evangelho de João é como um tecido, feito com três fios diferentes mas parecidos. Os três combinam tão bem entre si que, às vezes, não dá para perceber quando se passa de um fio para outro. 1. O primeiro fio são os fatos e as palavras de Jesus dos anos trinta, conservados pelas testemunhas oculares que guardaram as coisas que Jesus fez e ensinou. 2. O segundo fio são os fatos da vida das comunidades. A partir da sua fé em Jesus e convencidas da presença dele em seu meio, as comunidades iluminavam a sua caminhada com as palavras e os gestos de Jesus. Isto influenciou a descrição dos fatos. Por exemplo, o conflito das comunidades com os fariseus do fim do primeiro século marcou a maneira de descrever os conflitos de Jesus com os fariseus. 3. O terceiro fio são comentários feitos pelo evangelista. Em certas passagens, é difícil perceber quando Jesus deixa de falar e o próprio evangelista começa a tecer seus comentários. O texto do evangelho de hoje, por exemplo, é uma reflexão bonita e profunda do próprio evangelista a respeito da ação de Jesus. A gente quase nem percebe a diferença entre a fala de Jesus e a fala do evangelista. De qualquer maneira, tanto uma como outra, ambas são palavra de Deus.
João 3,16:: Deus amou o mundo. A palavra mundo é uma das palavras mais freqüentes no evangelho de João: 78 vezes! Ela tem vários significados. Em primeiro lugar mundo pode significar a terra, o espaço habitado pelos seres humanos (Jo 11,9; 21,25) ou mesmo o universo criado (Jo 17,5.24). Mundo também pode significar as pessoas que habitam esta terra, a humanidade toda (Jo 1,9; 3,16; 4,42; 6,14; 8,12). Pode significar ainda um grande grupo, um grupo numeroso de pessoas, no sentido quando falamos “todo mundo” (Jo 12,19; 14,27). Aqui no nosso texto a palavra mundo tem o sentido de humanidade, todo ser humano. Deus ama a humanidade de tal modo que chegou a entregar seu filho único. Quem aceita que Deus chega até nós em Jesus, este já passou pela morte e já tem a vida eterna.
João 3,17-19: O verdadeiro sentido do julgamento. A imagem de Deus que transparece nestes três versículos é de um pai cheio de ternura e não de um juiz severo. Deus mandou seu filho não para julgar e condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem crê em Jesus e o aceita como revelação de Deus não é julgado, pois já é aceito por Deus. E quem não crê em Jesus já está julgado. Ele se excluiu a si mesmo. E o evangelista repete o que já disse no prólogo: muitas pessoas não querem aceitar Jesus, porque a sua luz revela a maldade que nelas existe (cf. Jo 1,5.10-11).
João 3,20-21: Praticar a verdade. Existe em todo ser humano uma semente divina, um traço do Criador. Jesus, como revelação do Pai, é uma resposta a este desejo mais profundo do ser humano. Quem quer ser fiel ao mais profundo de si mesmo, aceitará Jesus. Difícil você encontrar uma visão ecumênica mais ampla do que o evangelho de João expressa nestes versículos.
Completando o significado da palavra mundo no Quarto Evangelho. Outras vezes, a palavra mundo significa aquela parte da humanidade que se opõe a Jesus e à sua mensagem. Aí a palavra mundo toma o sentido de “adversários” ou “opositores” (Jo 7,4.7; 8,23.26; 9,39; 12,25). Este mundo contrário à prática libertadora de Jesus é chefiado pelo Adversário ou Satã, também chamado de “príncipe deste mundo” (Jo 14,30; 16,11). Ele representa o império romano e, ao mesmo tempo, os líderes dos judeus que estão expulsando os seguidores e as seguidoras de Jesus das sinagogas. Este mundo persegue e mata as comunidades, trazendo tribulações aos fiéis (Jo 16,33). Jesus as libertará, vencendo o príncipe deste mundo (Jo 12,31). Assim, mundo significa uma situação de injustiça, de opressão, gerando ódio e perseguição contra as comunidades do Discípulo Amado. Os perseguidores são aquelas pessoas que estão no poder, os dirigentes, tanto do império quanto da sinagoga. Enfim, todos aqueles que praticam a injustiça usando para isto o nome do próprio Deus (Jo 16,2). A esperança que o evangelho dá para as comunidades perseguidas é que Jesus é mais forte que o mundo. Por isso ele diz: “No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem: eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
4) Para um confronto pessoal
1) Deus amou o mundo de tal modo que chegou a entregar seu próprio filho. Será que esta verdade já chegou a penetrar no mais profundo do meu eu, da minha consciência?
2) A realidade mais ecumênica que existe é a vida que Deus nos deu e pela qual Ele entregou seu próprio filho. Como vivo o ecumenismo no dia a dia da minha vida?
5) Oração final
Bendirei o SENHOR em todo tempo, seu louvor estará sempre na minha boca. Eu me glorio no SENHOR, ouçam os humildes e se alegrem. (Sl 33, 2-3
EVANGELHO DO DIA-2ª SEMANA DA PÁSCOA. Terça-feira, 21 de abril-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder do Cristo ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 7b-17)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 7bÉ necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos, então, perguntou: “Como pode isso acontecer?” 10Jesus respondeu: “Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? 13Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, 15a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos tinha ouvido falar das coisas que Jesus realizava, ficou impressionado e queria conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele pensava conhecer as coisas de Deus. Vivia com o livrinho do passado na mão para ver se o novo que Jesus anunciava estava de acordo. Na conversa, Jesus disse que a única maneira para ele, Nicodemos, poder entender as coisas de Deus era nascer de novo! Às vezes, nós somos como Nicodemos: só aceitamos como novo aquilo que está de acordo com as nossas antigas idéias. Outras vezes, deixamos nos surpreender pelos fatos e não temos medo de dizer: "Nasci de novo!"
Quando os evangelistas recolhem as palavras de Jesus, eles têm presente os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus eram um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Por isso, as respostas de Jesus a Nicodemos eram, ao mesmo tempo, uma resposta para os problemas daquelas comunidades. Era assim que os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos fazia parte da catequese batismal, pois diz que as pessoas devem renascer da água e do espírito (Jo 3,6).
João 3,7b-8: Nascer do alto, nascer de novo, nascer do Espírito. Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto. Jesus tinha dito “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito" (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce só das nossas idéias. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus reafirmou novamente o que tinha dito antes: “Vocês devem nascer do alto (de novo)”. Ou seja, devem renascer do Espírito que vem do alto. E ele explica que o Espírito é como o vento. Tanto no hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito e vento. Jesus diz: "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito". O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento Norte ou o vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o Espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
João 3,9: Pergunta de Nicodemos: Como é que isto pode acontecer? Jesus não disse nada mais do que resumir o que o Antigo Testamento já ensinava sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e que Nicodemos, como mestre e doutor, devia saber. Mesmo assim, Nicodemos se espantou com a resposta de Jesus e se faz de ignorante: "Como é que isto pode acontecer?".
João 3,10-15: Resposta de Jesus: a fé nasce do testemunho e não do milagre. Jesus dá o troco: "Você é mestre em Israel e não sabe disso?" Pois para Jesus, se uma pessoa crê só quando as coisas estão de acordo com os seus próprios argumentos e idéias, ainda não é perfeita a sua fé. Perfeita, sim, é a fé da pessoa que acredita por causa do testemunho. Ela deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque crê naquele que testemunhou.
4) Para um confronto pessoal
1-Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo? Como foi?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento. O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus em nossa vida? Você já colocou as velas do barco da sua vida de acordo com o rumo do vento, do Espírito?
5) Oração final
O SENHOR reina, de esplendor se veste, o SENHOR se reveste e se cinge de poder; está firme o mundo, jamais será abalado. Dignos de fé são teus testemunhos; a santidade convém à tua casa por dias sem fim, ó SENHOR! (Sl 92, 1.5)
EVANGELHO DO DIA-2ª SEMANA DA PÁSCOA. Segunda-feira, 20 de abril-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 1-8)
Naquele tempo, 1Havia alguém dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. 2À noite, ele foi se encontrar com Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus!” 4Nicodemos perguntou: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. 6O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. 7Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo 3,1-13; 7,50-52; 19,39). Ele era uma pessoa de certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado Sinédrio. No evangelho de João, ele representa o grupo de judeus que eram piedosos e sinceros, mas que não chegavam a entender tudo que Jesus fazia e falava. Nicodemos tinha ouvido falar dos sinais, das coisas maravilhosas que Jesus realizava, e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele era uma pessoa estudada que pensava entender as coisas de Deus. Ele esperava o Messias com o livrinho da lei na mão para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz perceber a Nicodemos que a única maneira para alguém poder entender as coisas de Deus é nascer de novo! Hoje acontece a mesma coisa. Alguns são como Nicodemos: só aceitam como novo aquilo que está de acordo com as suas próprias idéias. O que não estiver de acordo é recusado como sendo contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não têm medo de dizer: "Nasci de novo!"
João 3,1: Um homem, chamado Nicodemos
Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que só se interessavam pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade mas a sua fé ainda era imperfeita. A conversa com Jesus vai ajudá-lo a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
João 3,2: 1ª pergunta de Nicodemos: tensão entre o velho e o novo
Nicodemos era um fariseu, pessoa de destaque entre os judeus e com um bom raciocínio. Ele foi encontrar Jesus de noite e lhe diz: "Você vem da parte de Deus como um mestre, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que você faz!" Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, tem dentro de si. Isto já é um passo importante, mas não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e produzir nela um interesse. Podem gerar curiosidade, mas não geram entrega nem fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Para isto é necessário dar mais um passo. Qual é este passo?
João 3,3: Resposta de Jesus: "Tem que nascer de novo!"
Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, ele terá que nascer de novo, do alto. Quem tenta compreender Jesus só a partir dos seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Enquanto Nicodemos fica só com o catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Ele terá que abrir mão de tudo. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que fazer uma escolha entre, de um lado, manter a segurança que lhe vem da religião organizada com suas leis e tradições e, do outro lado, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
João 3,4: 2ª pergunta de Nicodemos: Como é possível nascer de novo?
Nicodemos não dá o braço a torcer e torna a perguntar com certa ironia: "Como uma pessoa pode nascer sendo já velha? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" Nicodemos tomou as palavras de Jesus ao pé da letra e, por isso, não entendeu nada. Ele deveria ter percebido que as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
João 3,5-8: Resposta de Jesus: Nascer do alto, nascer do espírito
Jesus explica o que quer dizer: nascer do alto ou nascer de novo. É "nascer da água e do Espírito". Aqui temos uma alusão muito clara ao batismo. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão do nosso batismo. Ele relata as seguintes palavras de Jesus: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito". Carne significa aquilo que nasce só das idéias nossas. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito" O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, no vento Norte ou vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
Uma chave para entender melhor as palavras de Jesus sobre o Espírito Santo
A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como dissemos, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento Norte, vento Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação. O Espírito estava presente na criação sob a forma de uma ave pairando sobre as águas do caos (Gn 1,2). Ano após ano, ele renova a face da terra e coloca a natureza em movimento através da seqüência das estações (Sl 104,30; 147,18). Este mesmo Espírito está presente também na história. Fez recuar o Mar Vermelho (Ex 14,21) e trouxe as codornizes para o povo comer (Nm 11,31). Esteve com Moisés e, a partir dele, se distribuiu nas lideranças do povo (Nm 11,24-25). Tomava posse dos líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25; 14,6.19; 15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produziu inveja nos outros, mas Moisés reagiu: "Oxalá todo o povo fosse profeta e recebesse o Espírito de Javé!" (Nm 11,29).
* Ao longo dos séculos cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27; 39,29; Is 32,15; 44,3). A grande promessa do Espírito transparece de várias maneiras nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1; 44,1-3; 61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que o povo, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf. Is 32,15-20).
* O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
4) Para um confronto pessoal
1-Como você costuma reagir diante das novidades que se apresentam? É como Nicodemos ou aceita a surpresa de Deus?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento (Jo 3,8). O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus na minha vida?Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo?
5) Oração final
Vou proclamar o decreto do SENHOR: Ele me disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei! Servi ao SENHOR com reverência e prestai-lhe homenagem com tremor. (Sl 2, 7.11)
AO - VIVO ANGRA DOS REIS/RJ. Noite de Louvor.
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Paróquia da Imaculada Conceição de Angra dos Reis/RJ. Louvando em Quarentena com a Banda Petrus.
Sábado 18 de abril-2020. Oitava da Páscoa- Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela riqueza da vossa graça multiplicai os povos que creem em vós, contemplai solícitos aqueles que escolhestes e dai aos que renasceram pelo batismo a veste da imortalidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo..
2) Leitura do Evangelho (Marcos 16, 9-15)
9Ressuscitado na madrugada do primeiro dia depois do sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem tinha expulsado sete demônios. 10Ela foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e choravam. 11Quando ouviram que ele estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. 12Depois disso, Jesus apareceu a dois deles, sob outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. 13Eles contaram aos outros. Também não acreditaram nesses dois. 14Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos, enquanto estavam comendo. Ele os criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!
3) Reflexão
O evangelho de hoje faz parte de uma unidade literária mais ampla (Mc 16,9-20) que traz uma lista ou um resumo de várias aparições de Jesus: (1) Jesus aparece a Maria Madalena, mas os discípulos não aceitam o testemunho dela (Mc 16,9-11); (2) Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram no testemunho deles (Mc 16,12-13); (3) Jesus aparece aos Onze, critica a falta de fé e dá ordem de anunciar a Boa Nova a todos (Mc 16,14-18); (4) Jesus sobe ao céu e continua cooperando com os discípulos (Mc 16,19-20).
Além desta lista de aparições do evangelho de Marcos, existem outras listas de aparições que nem sempre coincidem entre si. Por exemplo, a lista conservada por Paulo na carta aos Coríntios é bem diferente (1 Cor 15,3-8). Esta variedade mostra que, inicialmente, os cristãos não se preocupavam em provar a ressurreição por meio das aparições. Para eles a fé na ressurreição era tão evidente e tão vivida, que não havia necessidade de prova. Uma pessoa que toma banho de sol na praia não se preocupa em provar que o sol existe. Ela mesma, bronzeada, é a prova viva de que o sol existe. As comunidades, elas mesmas, existindo no meio daquele império imenso, eram uma prova viva da ressurreição. As listas das aparições começam a aparecer mais tarde, na segunda geração, para rebater as críticas dos adversários.
Marcos 16,9-11: Jesus aparece a Maria de Mágdala, mas os outros discípulos não creram nela. Jesus aparece primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos outros. Para vir ao mundo, Deus quis depender do sim de uma jovem de 15 ou 16 anos, chamada Maria, lá de Nazaré (Lc 1,38). Para ser reconhecido como vivo no meio de nós, quis depender do anúncio de uma moça que tinha sido libertada de sete demônios, também chamada Maria, lá de Mágdala! (Por isso, era chamada Maria Magdalena). Mas os outros não acreditaram nela. Marcos diz que Jesus apareceu primeiro a Madalena. Na lista das aparições, transmitida na carta aos Coríntios (1 Cor 15,3-8), já não constam as aparições de Jesus às mulheres. Os primeiros cristãos tiveram dificuldade de crer no testemunho das mulheres. É pena!
Marcos 16,12-13: Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram neles. Sem muitos detalhes, Marcos se refere a uma aparição de Jesus a dois discípulos, “enquanto estavam a caminho do campo”. Trata-se, provavelmente, de um resumo da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús, narrada por Lucas (Lc 24,13-35). Marcos insiste em dizer que “os outros não acreditaram nem mesmo nestes”.
Marcos 16,14-15: Jesus critica a incredulidade e manda anunciar a Boa Nova a todas as criaturas. Por fim, Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Novamente, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será? Provavelmente, para ensinar três coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar, quando a dúvida e a descrença nascem no coração. Terceiro, para rebater as críticas dos que diziam que cristão é ingênuo e aceita sem crítica qualquer notícia, pois os onze discípulos tiveram muita dificuldade em aceitar a verdade da ressurreição!
O evangelho de hoje termina com o envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” Jesus lhes confere a missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
4) Para um confronto pessoal
1) Maria Madalena, os dois discípulos de Emaús e os onze discípulos: quem é que teve maior dificuldade em crer na ressurreição? Por que? Eu me identifico com qual deles?
2) Quais são os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?
5) Oração final
O SENHOR é justo em todos os seus caminhos, santo em todas as suas obras. O SENHOR está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam de coração sincero. (Sl 144, 17-18)
Sexta-feira, 17 de abril-2020. Oitava da Páscoa- Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. 9Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
3) Reflexão
O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.
João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galileia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.
João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.
João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.
4) Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, porque ele é bom; pois eterno é seu amor. Que Israel diga: eterno é seu amor. Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor. Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)
Bento XVI completa 93 anos e reza pelos doentes da Covid-19
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Dom Gänswein conta ao "Vatican News" o aniversário do Papa emérito: uma festa sem visitas por causa da pandemia, mas circundado pelo afeto e pelas orações e com um pensamento especial voltado para as vítimas do coronavírus
Alessandro Gisotti - Vatican News
No sinal da sobriedade e da gratidão ao Senhor. Assim Bento XVI está transcorrendo seu 93º aniversário no mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano. No respeito pelas medidas preventivas ao contágio, o Papa emérito não recebeu visitas, conta ao Vatican News dom Georg Gänswein.
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Todavia, prossegue o secretário particular de Ratzinger, nestas horas está recebendo numerosos telefonemas de felicitações, em particular do irmão Georg. Também são muitas as mensagens que estão chegando pelo correio eletrônico.
O Papa emérito está constantemente informado sobre os desdobramentos da pandemia e reza diariamente pelos doentes e por aqueles que sofrem por causa do vírus, afirma o prefeito da Casa Pontifícia.
“Ficou também particularmente impressionado com os muitos sacerdotes, médicos e enfermeiros mortos, em particular no norte da Itália, na realização do próprio serviço de assistência aos doentes do coronavírus”, disse seu secretário. Bento XVI, concluiu dom Gänswein, “participa desta dor”, acompanha “com preocupação”, mas “não se deixa roubar a esperança.”
Iniciado com a Missa na capela do mosteiro – uma celebração mais solene do que o habitual –, o dia no Mater Ecclesiae prossegue marcado por momentos de oração e leituras, mas também momentos dedicados aos cantos típicos da Baviera (sul da Alemanha), pátria de Bento XVI.
Particularmente apreciado o presente que o Papa emérito recebeu esta manhã: uma volumosa biografia escrita pelo jornalista alemão Peter Seewald, que será publicada no próximo dia 4 de maio.
“Inicialmente – disse dom Gänswein –, Seewald pretendia presenteá-la pessoalmente nestes dias ao Papa emérito. Infelizmente, a pandemia o tornou impossível.”
A biografia de Seewald “Bento XVI – uma vida” será publicada pela casa editora Droemer Knaur. O autor publicou vários livros-entrevista com o Papa emérito, entre os quais os best sellers “Luz do mundo” e “Últimas conversações”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 15 de abril-2020. Oitava da Páscoa- Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)
13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
3) Reflexão Luca 24,13-35
O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
4) Para um confronto pessoal
1-Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
2-Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)
De líder religioso a escândalos de pedofilia: relembre a história de Dom Aldo
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Um dos mais emblemáticos e polêmicos líderes religiosos que passaram pelo comando da Arquidiocese da Paraíba, o arcebispo emérito, Dom Aldo di Cillo Pagotto, morreu nesta terça-feira (14), com suspeita de Coronavírus. Dom Aldo tem uma história cercada de polêmicos questionamentos, assim como, feitos à frente da Igreja Católica na Paraíba, quando foi nomeado em 5 de maio de 2004 em substituição a Dom Marcelo Carvalheira.
Ele cursou filosofia e teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário Caratinga (Minas Gerais) e no Seminário S. Pio X dos Padres Sacramentinos, Caratinga. Na Universidade Gregoriana estudou de 1988 a 1991, onde bacharelou-se em Filosofia e especializou-se em teologia dogmática.
Dom Aldo foi ordenado bispo no dia 31 de outubro de 1997, por Dom Cláudio Hummes, então Arcebispo de Fortaleza. Logo ordenado bispo, sucedeu a Dom Walfrido Teixeira em Sobral, no interior norte do Ceará entre 18 de março de 1998 e 5 de maio de 2004. Como bispo, foi encarregado da Dimensão Ecumênica no Regional NE 1; Comissão Pastoral da Seca no Nordeste. Em 2000, foi eleito Presidente do Regional Nosdeste, CNBB. Foi também Presidente da Comissão Episcopal Serviço, Caridade, Justiça e Paz (2003-2007).
No dia 30 de outubro de 2007, Dom Aldo recebeu da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba a medalha Papa João Paulo II. Da Câmara Municipal de João Pessoa, recebeu a medalha do Mérito da Cidade de João Pessoa.
Polêmicas
Em abril de 2002, o Ministério Público do Ceará acusou dom Aldo Pagotto de coagir adolescentes a mudar depoimentos sobre abuso sexual, no caso do frei Luis Sebastião Thomaz -apontado como suposto autor de abuso sexual contra 21 meninas de Santana do Acaraú, no interior cearense. Nove das supostas vítimas passaram por exames no IML (Instituto Médico Legal). A polícia revelou que uma delas teria sofrido estupro e duas teriam mantido relações sexuais com o frei.
Em julho de 2016, o Papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo da Paraíba Aldo Pagotto. De acordo com a imprensa italiana, ele era suspeito de ter abrigado em sua diocese padres e seminaristas acusados de abusar sexualmente de menores e expulsos por outros bispos.
Depois do início da investigação do Vaticano, em 2015, Pagotto recebeu a determinação de não ordenar padres ou receber novos seminaristas.
Em novembro de 2017, Dom Aldo di Cillo Pagotto – arcebispo emérito da Paraíba – e outros padres daquela Arquidiocese foram inocentados da acusação da prática de crimes sexuais devido a prescrição. Mas processo na Justiça do Trabalho, prosseguiu e a Igreja Católica foi condenada a pagar 12 milhões de reais devido à condenação por Exploração Sexual.
Sobre a morte
Dom Aldo havia sido foi internado, em Fortaleza, no estado do Ceará, nesta terça-feira (14). A informação tinha sido confirmada pela assessoria da Arquidiocese da Paraíba. Já a informação da morte foi confirmada pela Arquidiocese de Fortaleza.
O sacerdote foi levado à UTI (Unidade de Terapia Intenvisa) em Fortaleza. Dom Aldo Pagotto vivia em Fortaleza desde que deixou o cargo de Arcebispo da Paraíba, sendo substituído por Dom Manoel Delson. O título de emérito de Dom Aldo é uma espécie de aposentadoria dentro da Igreja Católica. Fonte: https://fonte83.com.br
Convento no centro de SP tem 8 freis infectados pelo coronavírus
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Dois franciscanos estão internados. Convento pede ajuda do governo com organização de fila para distribuição de comida.
O Convento São Francisco, no Centro de São Paulo, tem 8 freis infectados pelo coronavírus, do total de 14. Dois deles estão internados, informou o Frei David, que também teve sintomas da doença. O convento organiza diariamente doações de comida para moradores em situação de rua, o que provoca enormes filas em frente ao local.
O Frei Davi explica que os mais jovens organizam a distribuição, e que não sabe como o vírus chegou aos franciscanos. "Estamos preocupados com a ausência do estado em organiza para nós a fila", disse o Frei Davi. Sem máscaras e sem o distanciamento mínimo recomendado, milhares de pessoas aguardam na fila por um parto de comida.
A cena tem se repetido no centro da capital. A fila se forma pouco antes do almoço. Voluntários também costumam entregar matéria de higiene pessoal, mas as doações não dão conta da alta demanda. Fonte: https://g1.globo.com
Terça-feira, 14 de abril-2020. Oitava da Páscoa- Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)
Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
4) Para um confronto pessoal
1-Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2-Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)
ANGRA: Carreata de São Benedito.
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CARMELITAS EM ANGRA DOS REIS, RIO DE JANEIRO. Carreata e Bênção de São Benedito- Patrono da cidade- contra o coronavirus. Segunda-feira, 13 de abril-2020. Câmera: Guilherme Bertoldo.
Dom Murilo: É Páscoa! Cristo ressuscitou!
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Dom Murilo S.R. Krieger, scj - Administrador Apostólico de São Salvador da Bahia
É Páscoa! Cristo ressuscitou! Ele está vivo! Ele está nos dando uma nova oportunidade de construirmos a vida segundo o seu Evangelho. Não adianta procurarmos outros caminhos para sermos felizes. Só Ele, o Filho de Deus, o Salvador, será capaz de preencher os anseios de felicidade que sentimos em nosso coração.
Neste domingo de Páscoa Dom Murilo Krieger enviou aos padres da arquidiocese de São Salvador um homilia que, se eles quiserem, podem ler na Missa deste Domingo. Eis a íntegra do seu texto.
Caros irmãos,
caras irmãs em Jesus Cristo!
Mesmo não podendo presidir esta celebração, quero entrar em sua casa e em seu coração neste Domingo da Páscoa. Desejo que esta minha mensagem seja um eco do que ouvimos nas três leituras que foram há pouco proclamadas: Cristo ressuscitou! Ele está vivo!
O apóstolo Pedro, em Cesareia, disse isso de forma clara: “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia!”
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Colossenses, acentuou: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus!”.
E o evangelista João, que esteve com Pedro no sepulcro, em Jerusalém, na manhã da Páscoa, ao ver o túmulo vazio, testemunhou: “De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”.
Desde aquela manhã, pelos séculos afora, o anúncio que a Igreja faz, não só anualmente, mas dia por dia, é o mesmo: Jesus Cristo ressuscitou! Ele venceu o pecado e a morte! Verdadeiramente acontece o que ele prometeu em sua ascensão ao céu, ao partir para o Pai: “Eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação do mundo!”
Esse anúncio poderá soar estranho em meio à experiência que estamos vivendo. Ressurreição fala de vida, de vitória e de alegria! Ora, vivemos em uma situação que nunca havíamos imaginado que poderíamos viver. A pandemia do Covid-19 mudou os nossos planos, derrubou nossas certezas e nos está fazendo conhecer um número crescente de notícias tristes. Nossas relações foram interrompidas, o emprego de muitos está ameaçado e a necessidade de isolamento leva muitos à tristeza e depressão. Muitos se perguntam: O que está ocorrendo? O que não estão funcionando? O que devemos fazer? O que não devemos fazer? Quanto tempo isso durará? Quantos morrerão?
Ao mesmo tempo, surpreendem-nos notícias e imagens que expressam solidariedade, amor e doação. Só na Itália, quase setenta sacerdotes faleceram por atenderem pessoas infectadas. Além disso, dezenas de médicos e profissionais da saúde morreram ou estão com a vida ameaçada. Voluntários socorrem necessitados. Multiplicam-se iniciativas para prestar ajuda a quem está sozinho. Mas as perguntas se renovam: O que está acontecendo? Por que isso? Será que Deus não está vendo aquilo que estamos vivendo?
Na manhã da ressurreição, tanto as mulheres que foram ao túmulo de Jesus como os apóstolos Pedro e João, não viram nada de extraordinário. Viram apenas um túmulo vazio. Muito mais vazio, porém, estavam os seus corações. Depois disso, Jesus começou a aparecer a um e a outro discípulo; na tarde daquele domingo, apareceu aos apóstolos. Mesmo assim, não lhes foi fácil acreditar que Jesus havia ressuscitado. Tomé, inclusive, colocou uma condição para acreditar na ressurreição do Mestre: só acreditaria se pudesse colocar o seu dedo nas chagas de Cristo! Quando, finalmente, os apóstolos e discípulos acreditaram que era mesmo Jesus que lhes aparecia, quando comeram com ele e Tomé pôde tocar em suas chagas, a vida deles mudou! De medrosos que eram, tornaram-se fortes e corajosos. Partiram pelo mundo para anunciar: Cristo está vivo! Ele está no meio de nós! A maioria deles chegou, inclusive, a dar a própria vida para confirmar isso.
Hoje, não deixa de ser um desafio tomar consciência da presença de Cristo em meio a essa pandemia que deixa marcas profundas por toda a parte. Gostaríamos, como muitos que estavam aos pés da Cruz, que Jesus não ficasse em silêncio; desejaríamos que ele mostrasse a sua força – ou, como alguns lhe diziam ironicamente: “Se és mesmo o Cristo, desce da Cruz que acreditaremos!” Mas houve também, naquele momento, o testemunho belíssimo de um soldado pagão, que proclamou: “Verdadeiramente, Ele é o Filho de Deus!”
Temos grandes desafios nesta Páscoa de 2020. Devemos prestar atenção a tais desafios para, então, perceber os sinais que Deus está enviando ao nosso mundo envolvido pelo coronavirus. Não é possível que, passado tudo isso, continuemos os mesmos, como se nada de significativo tivesse ocorrido. Lembro-lhes alguns dos desafios:
- Quando tanta certeza se desmorona; quando a ideia de um progresso indefinido cai por terra; quando nosso conforto está ameaçado, perguntemo-nos: Qual o lugar que Deus tem ocupado em nossa vida? Em minha vida? Posso afirmar que o amo sobre todas as coisas? Ele é, realmente, o meu SENHOR?
- Quando vemos cenas de ruas ou, mesmo, de bairros imensos, sem água, sem esgoto e sem o mínimo necessário para se falar em uma vida digna, perguntemo-nos: Colocamos em prática o ensinamento de Jesus, que devemos amar o próximo como a nós mesmos? Que devemos nos amar como ele nos ama? Que devemos repartir com os outros os bens que dele recebemos?
- Quando procuramos afastar de nossa vida a ideia da morte, do juízo final e da eternidade, perguntemo-nos: Jesus deu sua vida por nós apenas para termos uma vida confortável aqui na terra? Ele veio até nós para fundar uma ONG ou para dar início à Igreja, que é a família daqueles que ele, Jesus, conquistou com o seu sangue?
- Quando a humanidade procura construir um mundo no qual não há lugar para Deus; quando crianças e jovens crescem sem conhecer que “Deus é amor”; quando muitos se fecham em seu egoísmo e comodismo, perguntemo-nos: do alto da Cruz, o que Jesus nos ensina? O que ele quis dizer quando falou: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem?”
É Páscoa! Cristo ressuscitou! Ele está vivo! Ele está nos dando uma nova oportunidade de construirmos a vida segundo o seu Evangelho. Não adianta procurarmos outros caminhos para sermos felizes. Só Ele, o Filho de Deus, o Salvador, será capaz de preencher os anseios de felicidade que sentimos em nosso coração. Talvez as palavras do evangelista João se refiram também a nós: “De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos!” Hoje, neste domingo da Páscoa, voltados para Jesus, proclamamos:
Jesus, eu creio que ressuscitaste!
Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
Eu creio que tu tens palavras de vida eterna!
Dá-me a graça, dá-nos a graça de ressuscitar contigo para uma vida nova.
Tu tens esse poder!
O teu sangue tem poder!
Eu creio que tu estás presente no meio de nós!
Sim, eu creio, mas aumenta a minha fé!
Amém!
Fonte: https://www.vaticannews.va
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