Lagoa da Pedra: Primeira comunhão.
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Imagens da Missa de Primeira Comunhão na Comunidade Lagoa da Pedra, Lagoa da Canoa-AL no dia 4 de janeiro-2020.
EVANGELHO DO DIA – TEMPO DO NATAL: Quinta-feira, 9 de janeiro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pelo nascimento do vosso Filho, a aurora do vosso dia eterno despontou sobre as nações. Concedei ao vosso povo conhecer a fulgurante glória do seu redentor e por ele chegar à luz que não se extingue. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,14-22a)
14Jesus então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galileia. E a sua fama divulgou-se por toda a região. 15Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos. 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): 18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. 22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José?
3) Reflexão - Lc 4,14-22a
Animado pelo Espírito Santo, Jesus volta para a Galileia e começa a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chega em Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha participado das celebrações durante trinta anos. No sábado seguinte, conforme o seu costume, ele vai na sinagoga para estar com o povo e participar da celebração.
Jesus se levantou para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos. O texto refletia a situação do povo da Galileia no tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos. Retomando a antiga tradição dos profetas, ele proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu. Jesus quer reconstruir a comunidade, o clã, para que fosse novamente expressão da sua fé em Deus! Pois, se Deus é Pai/Mãe, todos e todas devemos ser irmãos e irmãs uns dos outros.
No antigo Israel, a grande família, o clã ou a comunidade, era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo principal da tradição e a defesa da identidade do povo. Era a maneira concreta de se encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã, a comunidade, era o mesmo que defender a Aliança com Deus. Na Galileia do tempo de Jesus, um duplo cativeiro marcava a vida do povo e estava contribuindo para a desintegração do clã, da comunidade: o cativeiro da política do governo de Herodes Antipas (4 aC a 39 dC) e o cativeiro da religião oficial. Por causa do sistema de exploração e de repressão da política de Herodes Antipas, apoiada pelo Império Romano, muita gente ficava sobrando e sem lugar, excluída e sem emprego (Lc 14,21; Mt 20,3.5-6). O clã, a comunidade, ficou enfraquecida. As famílias e as pessoas ficaram sem ajuda, sem defesa. E a religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época, em vez de fortalecer a comunidade, para que ela pudesse acolher os excluídos, reforçava ainda mais esse cativeiro. A Lei de Deus era usada para legitimar a exclusão de muita gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos. Era o contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos! Assim, tanto a conjuntura política e econômica como a ideologia religiosa, tudo conspirava para enfraquecer a comunidade local e impedir, assim, a manifestação do Reino de Deus. O programa de Jesus, baseado no profeta Isaías oferecia uma alternativa.
Terminada a leitura, Jesus atualizou o texto e o ligou com a vida do povo dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” A sua maneira de ligar a Bíblia com a vida do povo, provocou uma dupla reação. Uns acreditaram e ficaram admirados. Outros tiveram uma reação de descrédito. Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Diziam: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22) Por que ficaram escandalizados? É que Jesus falou em acolher os pobres, os cegos, os oprimidos. Mas eles não aceitaram a sua proposta. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído!
4) Para confronto pessoal
1) Jesus ligou a fé em Deus com a situação social do seu povo. E eu, como vivo a minha fé em Deus?
2) No lugar onde eu moro existem cegos, presos, oprimidos? O que faço?
5) Oração final
Seu nome será eternamente bendito, e durará tanto quanto a luz do sol. Nele serão abençoadas todas as tribos da terra, bem-aventurado o proclamarão todas as nações. (Sl 71, 17)
EVANGELHO DO DIA – TEMPO DO NATAL: Quarta-feira, 8 de janeiro-2020. - Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz, e fazei resplandecer em nossos corações aquela luz admirável que vimos despontar no povo da antiga aliança. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 45-52)
45Imediatamente ele obrigou os seus discípulos a subirem para a barca, para que chegassem antes dele à outra margem, em frente de Betsaida, enquanto ele mesmo despedia o povo. 46E despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar. 47À noite, achava-se a barca no meio do lago e ele, a sós, em terra. 48Vendo-os se fatigarem em remar, sendo-lhes o vento contrário, foi ter com eles pela quarta vigília da noite, andando por cima do mar, e fez como se fosse passar ao lado deles. 49À vista de Jesus, caminhando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram; 50pois todos o viram e se assustaram. Mas ele logo lhes falou: Tranqüilizai-vos, sou eu; não vos assusteis! 51E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor, 52pois ainda não tinham compreendido o caso dos pães; os seus corações estavam insensíveis.
3) Reflexão - Mc 6, 45-52
Depois da multiplicação dos pães (evangelho de ontem), Jesus obriga os discípulos a entrar no barco. Por que? Marcos não explica. O evangelho de João informa o seguinte. De acordo com a esperança da época, o Messias iria repetir o gesto de Moisés de alimentar o povo no deserto. Por isso, diante da multiplicação dos pães, o povo concluiu que Jesus devia ser o messias esperado, anunciado por Moisés (cf. Dt 18,15-18) e quis fazer dele um rei (cf. Jo 6,14-15). Este apelo do povo era uma tentação tanto para Jesus como para os discípulos. Por isso, Jesus obrigou-os a embarcar. Queria evitar que eles se contaminassem com a ideologia dominante, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus”, era muito forte (Mc 8,15). Jesus, ele mesmo, enfrenta a tentação por meio da oração.
Marcos descreve com arte os acontecimentos. De um lado, Jesus sobe o monte para rezar. De outro lado, os discípulos descem para o mar e entram no barco. Parece até um quadro simbólico que prefigura o futuro: é como se Jesus já subisse para o céu, deixando os discípulos sozinhos em meio às contradições da vida, no barquinho frágil da comunidade. Era noite. Eles estavam em alto mar, todos juntos num pequeno barco, querendo avançar remando, mas o vento era contrário. Estavam cansados. Já era a quarta vigília, isto é, entre 3 e 6 da madrugada. As comunidades do tempo de Marcos eram como os discípulos. Noite! Vento contrário! Não conseguiam nada, apesar de todo o esforço que faziam! Jesus parecia ausente! Mas ele estava presente e vinha até elas, mas elas, como os discípulos de Emaús, não o reconheciam (Lc 24,16).
No tempo de Marcos, em torno do ano 70, o barquinho das comunidades enfrentava o vento contrário tanto de alguns judeus convertidos que queriam reduzir o mistério de Jesus ao tamanho das profecias e figuras do Antigo Testamento, como de alguns pagãos convertidos que pensavam ser possível uma certa aliança da fé em Jesus com o império. Marcos procura ajudar os cristãos a respeitar o mistério de Jesus e a não querer reduzir Jesus ao tamanho dos próprios desejos e idéias.
Jesus chega andando sobre as águas do mar da vida. Eles gritam de medo, porque pensam que se trata de um fantasma. Como na história dos discípulos de Emaús, Jesus faz de conta que quer seguir adiante (Lc 24,28). Mas o grito deles faz com que ele mude de rumo, se aproxime deles e diga: “Calma, gente! Sou eu! Não tenham medo!” Aqui, de novo, quem conhece a história do Antigo Testamento, lembra alguns fatos muito importantes: (1) Lembra como o povo, protegido por Deus, atravessou sem medo o Mar Vermelho. (2) Lembra como Deus, ao chamar Moisés, declarou várias vezes o seu nome dizendo: “Sou eu!” (cf. Ex 3,15). (3) Lembra ainda o livro de Isaías que apresenta o retorno do exílio como um novo êxodo, onde Deus aparece repetindo inúmeras vezes: “Sou eu!” (cf. Is 42,8; 43,5.11-13; 44,6.25; 45,5-7). Esta maneira de evocar o Antigo Testamento, de usar a Bíblia, ajudava as comunidades a perceber melhor a presença de Deus em Jesus e nos fatos da vida. Não tenham medo!
Jesus sobe no barco e o vento pára. Mas o espanto dos discípulos, em vez de terminar, aumenta. O próprio evangelista Marcos faz um comentário crítico e diz: “Eles não tinham entendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido” (6,52). A afirmação coração endurecido evoca o coração endurecido do faraó (Ex 7,3.13.22) e do povo no deserto (Sl 95,8) que não queria ouvir Moisés e só pensava em voltar para o Egito (Nm 20,2-10), onde havia pão e carne com fartura (Ex 16,3).
4) Para confronto pessoal
1) Noite, mar agitado, vento contrário! Você já se sentiu assim alguma vez? Como fez para vencer?
2) Você já se espantou alguma vez porque não reconheceu Jesus presente e atuante em sua vida?
5) Oração final
Ele se apiedará do pobre e do indigente, e salvará a vida dos necessitados. Ele o livrará da injustiça e da opressão, e preciosa será a sua vida ante seus olhos. (Sl 71, 13-14)
“Dimensão missionária é fundamental no processo formativo”, afirma dom Dimas Lara Barbosa
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A arquidiocese de Campo Grande (MS) enviou missionários à prelazia de Borba, no Amazonas, com o objetivo de visitar e evangelizar as comunidades locais. Mais de trinta pessoas, entre bispos, missionários, leigos e seminaristas permanecerão no local para a “Missão Abadia” até o dia 29 de janeiro. Durante o período, os missionários irão participar de formação sobre a realidade da Amazônia e o sentido profético de ser missionário além das necessidades pastorais e específicas daquela região. Na ocasião, materiais formativos para a evangelização também serão entregues às lideranças comunitárias.
Em entrevista ao portal da Conferência, o arcebispo de Campo Grande, dom Dimas Lara Barbosa, explicou que a Prelazia de Borba e a arquidiocese de Campo Grande fazem parte do Projeto Igrejas-irmãs. Criado em 1972 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o projeto tem como foco partilhar a fé, os dons da graça, as experiências cristãs, pessoas e recursos financeiros como gestos de caridade cristã para com as Igrejas da Amazônia e outras também necessitadas.
Para fortalecer a comunhão eclesial com a igreja-irmã de Borba, dom Dimas explicou que desde o começo do ano passado, em 2019, a arquidiocese vem cooperando com a Prelazia, exemplo disso foi o envio do padre Laércio da Paz como missionário da Paróquia Cristo Rei, em Borba. “Naquela ocasião nós viemos para a posse do padre Laércio e então surgiu a ideia de fazermos algo mais. Várias propostas foram colocadas em pauta desde a possibilidade de a diocese assumir permanentemente uma paróquia até a realização das Santas Missões que fazem parte do processo formativo dos nossos seminaristas”, conta.
Na arquidiocese, dom Dimas afirma que as Santas Missões são realizadas duas vezes por ano: sempre nas férias de Julho e em Dezembro; uma vez na área rural outra na área urbana. “Aqui em Campo Grande tem muito assentamento, então se faz missões também nesses assentamentos e aí tomamos a decisão de fazer Santas Missões em Borba”, contou. Dom Dimas fez a proposta ao Seminário Menor de Campo Grande e vários seminaristas acataram a ideia, surgindo então a “Missão Abadia”, na qual também participam as dioceses de Dourados, Coxim e Três Lagoas.
“A dimensão missionária é fundamental no processo formativo e eu espero (é o meu sonho) transformar Campo Grande em uma cidade missionária. Para a Amazônia é a primeira experiência e com a graça de Deus, outras virão. Como diz o papa Francisco está passando da hora de sermos uma Igreja em Saída não só saindo do nosso quintal, mas também indo além”, finalizou dom Dimas. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Domingo dos Santos Reis...
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Domingo dos Santos Reis... Mensagem gravada em Arapiraca/AL, por Frei Petrônio de Miranda, Carmelita. Quinta-feira, 5 de janeiro-2020. www.instagram.com/freipetronio
Domingo 5: Solenidade da Epifania do Senhor - Ano A
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A liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens... Ele é uma "luz" que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa "luz" incarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os "magos" do oriente, representantes de todos os povos da terra... Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n'O com esperança até O encontrar, reconhecem n'Ele a "salvação de Deus" e aceitam-n'O como "o Senhor". A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem excepção.
A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos - a comunidade de Jesus.
Evangelho (Mt 2, 1-12)
AMBIENTE
O episódio da visita dos magos ao menino de Belém é um episódio simpático e terno que, ao longo dos séculos, tem provocado um impacto considerável nos sonhos e nas fantasias dos cristãos... No entanto, convém recordar que estamos, ainda, no âmbito do "Evangelho da Infância"; e que os factos narrados nesta secção não são a descrição exata de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus e a sua missão... Por outras palavras: Mateus não está, aqui, interessado em apresentar uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado, recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos, em apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.
MENSAGEM
A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético.
Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no facto de Jesus ter nascido em Belém de Judá (cf. vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-lo a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para O reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela "especial" que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os "magos" para Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos astronómicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do antigo Médio Oriente... Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar factos históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de um personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (cf. Nm 24,17). Ora, é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a "estrela". Mateus está, sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos, ainda, as figuras dos "magos". A palavra grega "magos" usada por Mateus abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos... Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, em contato com o messianismo judaico. Seja como for, esses "magos" representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa "luz".
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os "magos" do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém "ficam perturbados" diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos "magos" reflete a caminhada que os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para o encontrar, perguntam aos judeus - que conhecem as Escrituras - o que fazer, encontram Jesus e adoram-n'O como "o Senhor". É muito possível que um grande número de pagano-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.
ATUALIZAÇÃO
Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os "magos", Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo... Diante de Jesus, o libertador enviado por Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os "magos"), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil "conhecer as Escrituras", como profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas e os valores de Jesus nos passem ao lado?
Os "magos" são apresentados como os "homens dos sinais", que sabem ver na "estrela" o sinal da chegada da libertação... Somos pessoas atentas aos "sinais" - isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos "sinais" que aparecem no nosso caminho a vontade de Deus?
Impressiona também, no relato de Mateus, a "desinstalação" dos "magos": viram a "estrela", deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
Os "magos" representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d'Ele. É a imagem da Igreja - essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
*LEIA O EVANGELHO NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- Evangelho do dia.
EVANGELHO DO DIA- Tempo do Natal- 4 de janeiro. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sede a luz dos vossos fiéis e abrasai seus corações com o esplendor da vossa glória, para reconhecerem sempre o Salvador e a ele aderirem totalmente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 1, 35-42)
35No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos. 36E, avistando Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus. 37Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. 38Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? 39Vinde e vede, respondeu-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima. 40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido. 41Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo). 42Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).
3) Reflexão (Jo 1, 35-42)
No evangelho de hoje, João Batista, novamente, aponta Jesus como “Cordeiro de Deus”. E dois dos seus discípulos, animados pelo próprio João, foram em busca de Jesus e perguntam: “Onde o senhor mora?”. Jesus responde: "Venham e vejam!" É convivendo com Jesus, que eles mesmos poderão verificar e confirmar se era isto que estavam buscando. O encontro confirmou a busca, pois os dois nunca mais esqueceram a hora do encontro. Quase setenta anos depois, João lembra: “Eram quatro horas da tarde!”
Quando uma pessoa é muito amada, ela costuma receber muitos apelidos, nomes ou títulos que expressam o carinho. No Evangelho de João, Jesus recebe muitos títulos e nomes que expressam o que ele significava para os primeiros cristãos. Estes nomes traduzem o desejo dos primeiros cristãos de conhecer melhor quem é Jesus para poder amá-lo com maior coerência. O quarto Evangelho é uma catequese muito bem feita. Os títulos e nomes de Jesus, que vão aparecendo durante os encontros e as conversas das pessoas com ele, fazem parte desta catequese. Eles ajudam os leitores e as leitoras a descobrir como e onde Jesus se revela nos encontros do dia-a-dia da vida. Ao longo dos seus 21 capítulos, através destes nomes e títulos, o evangelista João nos vai revelando quem é Jesus.
Também hoje, nossas comunidades devem poder dizer: "Venham e vejam!" É ver e experimentar para poder testemunhar. O apóstolo João escreve na sua primeira carta: "A vida se manifestou. Nós a vimos e dela damos testemunho!" (1Jo 1,2)
As pessoas que vão sendo chamadas professam a sua fé em Jesus através de títulos como: Cordeiro de Deus (Jo 1,36); Rabi (Jo 1,38); Messias ou Cristo (Jo 1,41); “aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas” (Jo 1,45); Jesus de Nazaré, o filho de José (Jo 1,45), Filho de Deus (Jo 1,49); Rei de Israel (Jo 1,49); Filho do Homem (Jo 1,51). São oito títulos em apenas quinze versos! A cristologia dos primeiros cristãos não começa com reflexões teóricas, mas com nomes e títulos que exprimem o carinho, o compromisso e o amor.
André descobriu que Jesus é o Messias. Ele gostou tanto do encontro, que partilhou sua experiência com o irmão e deu testemunho: "Encontramos o Messias!" Em seguida, conduziu o irmão até Jesus. Encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! É assim que a Boa Nova se espalha pelo mundo, até hoje! Conosco pode acontecer o que aconteceu com o irmão de André. No encontro com Jesus, ele teve seu nome mudado de Simão para Cefas (Pedra ou Pedro). Mudança de nome significa mudança de rumo. O encontro com Jesus pode produzir mudanças profundas na vida da gente. Deus queira!
4) Para um confronto pessoal
1) Como foi o chamado de Jesus em sua vida? Teve alguma mudança de rumo?
2) Você lembra a hora e o lugar de acontecimentos importantes da sua vida?
5) Oração final
Exultem em brados de alegria diante do Senhor que chega, porque ele vem para governar a terra. Ele governará a terra com justiça, e os povos com eqüidade. (Sl 97, 8-9)
EVANGELHO DO DIA- Tempo do Natal- 3 de janeiro. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pelo nascimento do vosso Filho, iniciastes maravilhosamente a redenção do vosso povo. Concedei aos vossos servos e servas uma fé tão firme, que nos deixemos conduzir por ele e cheguemos à glória prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 1, 29-34)
29No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim. 31Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel. 32(João havia declarado: Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele.) 33Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo. 34Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus.
3) Reflexão - Jo 1, 29-34
No Evangelho de João história e símbolo se misturam. No texto de hoje, o simbolismo consiste sobretudo em evocações de textos conhecidos do Antigo Testamento que revelam algo a respeito da identidade de Jesus. Nestes poucos versos (João 1,29-34) existem as seguintes expressões com densidade simbólica: 1) Cordeiro de Deus; 2) Tirar o pecado do mundo; 3) Existia antes de mim; 4) A descida do Espírito sob a imagem de uma pomba; 5) Filho de Deus.
1. Cordeiro de Deus. Este título evocava a memória do êxodo. Na noite da primeira Páscoa, o sangue do Cordeiro Pascal, passado nas portas das casas, tinha sido sinal de libertação para o povo (Ex 12,13-14). Para os primeiros cristãos Jesus é o novo Cordeiro Pascal que liberta o seu povo (1Cor 5,7; 1Pd 1,19; Ap 5,6.9).
2. Tirar o pecado do mundo. Evoca a frase tão bonita da profecia de Jeremias: “Ninguém mais precisará ensinar seu próximo ou seu irmãos dizendo: “Procure conhecer a Javé” Por que todos, grandes e pequenos, me conhecerão, pois eu perdôo suas culpas e esqueço seus erros” (Jer 31,34).
3. Existia antes de mim. Evoca vários textos dos livros sapienciais, nos quais se fala da Sabedoria de Deus que existia antes de todas as outras criaturas e que estava junto de Deus como mestre-de-obras na criação do universo e que, por fim, foi morar no meio do povo de Deus (Prov 8,22-31; Eclo 24,1-11).
4. Descida do espírito como imagem de uma pomba. Evoca a ação criadora onde se diz que “o espírito de Deus pairava sobre as águas “ (Gn 1,2). O texto de Gênesis sugere a imagem de um pássaro que fica esvoaçando em cima do ninho. Imagem da nova criação em andamento através da ação de Jesus.
5. Filho de Deus: é o título que resume todos os outros. O melhor comentário deste título é a explicação do próprio Jesus: “As autoridades dos judeus responderam: "Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus." Jesus disse: "Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: 'Eu disse: vocês são deuses'? Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus? Se não faço as obras do meu Pai, vocês não precisam acreditar em mim. Mas se eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai." (Jo 10,33-39).
4) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória. (Sl 97, 1)
EVANGELHO DO DIA- Tempo do Natal- 2 de janeiro. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, nós vos pedimos que o Salvador, qual nova luz dos céus para a redenção do mundo, se levante cada dia para renovar os nossos corações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 1,19-28)
19Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: Quem és tu? 20Ele fez esta declaração que confirmou sem hesitar: Eu não sou o Cristo. 21Pois, então, quem és?, perguntaram-lhe eles. És tu Elias? Disse ele: Não o sou. És tu o profeta? Ele respondeu: Não. 22Perguntaram-lhe de novo: Dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo? 23Ele respondeu: Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías (40,3).24Alguns dos emissários eram fariseus. 25Continuaram a perguntar-lhe: Como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 26João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. 27Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado. 28Este diálogo se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
3) Reflexão - Jo 1,19-28
O evangelho de hoje fala do testemunho de João Batista. Os judeus enviaram “sacerdotes e levitas” para interroga-lo. Da mesma maneira, alguns anos depois, mandaram pessoas para controlar a atividade de Jesus (Mc 3,22). Há uma semelhança muito grande entre as respostas do povo a respeito de Jesus e as perguntas que as autoridades dirigiram a João. Jesus perguntou aos discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?”. Eles responderam: “Elias, João Batista, Jeremias, algum dos profetas” (cf. Mc 8,27-28). As autoridades fizeram as mesmas perguntas a João: “Quem é você: o Messias?, Elias?, o Profeta?” João respondeu citando o profeta Isaías: “Eu sou a voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor”. Os três outros evangelhos também trazem a mesma afirmação a respeito de João: ele não é o Messias, mas veio para preparar a vinda do messias. (cf. Mc 1,3; Mt 3,3; Lc 3,4). Todos os quatro evangelhos dão uma atenção muito grande à atividade e ao testemunho de João Batista. Qual o motivo desta insistência deles em dizer que João não é o Messias?
João Batista tinha sido executado por Herodes em torno do ano 30. Mas até o fim do primeiro século, época em que foi escrito o Quarto Evangelho, a liderança do Batista continuava muito forte entre os judeus. Mesmo depois da sua morte a memória de João continuava a exercer uma grande influência na vivência da fé do povo. Ele era visto como o profeta (Mc 11,32). Era o primeiro grande profeta que apareceu depois de séculos ausência de profetas. Muitos o consideravam como o Messias. Quando, nos anos 50, Paulo passou por Éfeso lá na Ásia Menor, ele encontrou um grupo de pessoas que tinham sido batizadas no nome de João (cf. At 19,1-4). Por isso, era importante divulgar o testemunho do próprio João Batista dizendo que não era o Messias e apontando Jesus como o messias. Assim, o próprio João contribuía para irradiar melhor a Boa Nova de Jesus.
Como é que você batiza se não é o Messias, nem Elias, nem o profeta?” A resposta de João é outra afirmação que aponta Jesus como o Messias: "Eu batizo com água, mas no meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem, e que vem depois de mim. Eu não mereço nem sequer desamarrar a correia das sandálias dele". E um pouco mais adiante (Jo 1,33), João faz alusão às profecias que anunciavam a efusão do Espírito para os tempos messiânicos: “Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo” (cf Is 11,1-9; Ez 36,25-27; Joel 3,1-2).
4) Para um confronto pessoal
1) Teve algum João Batista na sua vida que preparou em você o caminho para Jesus?
2) João foi humilde. Não se fez maior do que era na realidade: você já foi batista para alguém?
5) Oração final
Os confins da terra puderam ver a salvação de nosso Deus. Aclamai o Senhor, povos todos da terra; regozijai-vos, alegrai-vos e cantai. (Sl 97, 3-4)
Paróquia cria banho solidário para moradores de rua em Rio Preto: 'Traz conforto para o coração'
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Ação funciona aos sábados e domingos em diferentes pontos da cidade.
Por G1 Rio Preto e Araçatuba
A paróquia Nossa Senhora do Brasil, em Rio Preto (SP), criou um projeto que busca dar conforto aos moradores de rua da cidade: o banho solidário.
A ação funciona durante aos sábados e domingos em diferentes pontos da cidade. O morador de rua ganha, além do banho, um kit de higiene, roupas limpas e uma toalha. Cada banho dura cerca de dez minutos.
Para Debora Souza de Carvalho, que é moradora de rua, a ação traz conforto para quem não tem uma família. “A gente se sente como se tivesse uma família, se sente amado. Traz um conforto para o coração”, contou a moradora.
A água que abastece os chuveiros vem de um reservatório, e uma bomba gera energia para esquentar a água. Além dos banhos, a paróquia também realiza corte de cabelo para quem participar da ação.
Segundo o zelador da paróquia, Ronaldo Pereira de Souza, essa não é a única ação realizada pela paróquia.
Pelo menos uma vez por mês, os funcionários abrem a igreja para que os moradores de rua tenham a oportunidade de tomar banho.
“Um dia do mês os moradores vêm e tomam banho aqui. É uma forma de dar mais oportunidade para os moradores de rua”, contou. Fonte: https://g1.globo.com
Com portas fechadas, fiéis rezam na porta da igreja e realizam festa do Padroeiro em Traipu
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De acordo com a população o Padre mandou a igreja ficar fechada por três dias
A comunidade católica de Santa Cruz, povoado da cidade de Traipu, região agreste de Alagoas, está revoltada. A população diz que o Padre Geraldo mandou que as portas da Igreja ficassem fechadas para que não ocorresse a festa de Bom Jesus dos Aflitos, padroeiro da comunidade.
De acordo com a denúncia, a igreja ficou fechada de 23 a 25 de dezembro e a festa aconteceu do lado de fora da igreja. A festa do Bom Jesus dos Aflitos acontece a mais de 100 anos ininterruptos, todo dia 25 de dezembro. “Os fiéis desta comunidade têm um apresso e uma fé grandiosa pelo nascimento do menino Jesus e fazem suas orações de agradecimento pelo ano produtivo e pedem proteção para o ano que se aproxima, principalmente na noite de natal. Mas neste ano não foi possível, pois o então sacerdote pediu à comissão da igreja que fechassem as portas da igreja durante os dias de festividades do Bom Jesus dos Aflitos e estavam proibidos de abri-la, onde todas a chaves da igreja foram recolhidas pelo Seminarista desta comunidade, que participa do Seminário Mater Ecclesiae em Itapecerica da Serra – SP e do qual está em férias do mesmo”, diz a postagem em uma rede social.
“Um ato de injustiça para essa população que ficou indignada com tais feitos, por essas pessoas que deveriam levar a palavra de Deus, mas que na verdade são motivos de divisão na comunidade e da igreja Católica deste distrito. No entanto, a comunidade não se calou e no dia 25/12/2019 foram REZAR A NOVENA DE NATAL NA PORTA DA IGREJA, MESMO ELA ESTANDO FECHADA, e alguns representantes da comunidade pagaram os tocadores que ficaram do lado de fora da igreja no sol quente durante todo o dia celebrando a chegada do menino Jesus”, continua a postagem.
Segundo a comunidade os motivos do Padre Geraldo seriam a reforma da igreja e a mudança de data das festividades do padroeiro.
Em entrevista à Rádio 96FM, nesta sexta-feira (27), o pároco afirmou que aconteceu um adiamento da festa. “Não por minha vontade e nem da comissão da igreja, mas devido a problemas externos no entorno da igreja, a tal ponto para me preocupar com a integridade física, porque recebi ameaças, e assim perdeu o sentido de realizarmos nesse momento a festa do nosso padroeiro”.
O Padre Geraldo disse ainda que não tem interesse em reformar a igreja e sim de construir um centro paroquial. “Eu não entendi o motivo dessa conversa, no dia 20 foi colocado uma nota explicando os detalhes explicando essa preocupação com as ameaças. E com relação a festa externa, não cabe ao pároco da igreja se preocupar com o evento porque é de responsabilidade da prefeitura. Em nenhum momento foi intenção em cancelar, mas muitas pessoas não têm preocupação com a festa em si, mas com a parte externa, as atrações musicais”.
O pároco explicou que as decisões devem ser tomadas pelo conselho e que apenas 200 pessoas frequentam a igreja, disse ainda que no último domingo (22) esteve na comunidade e ninguém o procurou. Fonte: https://arapiraca.7segundos.com.br
Vinte e nove missionários foram assassinados no mundo em 2019
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Registra-se uma espécie de “globalização da violência”: enquanto no passado os missionários assassinados se concentravam em boa parte numa nação, ou numa área geográfica, em 2019 o fenômeno se mostra mais generalizado e difuso. Neste ano 10 países da África, 8 da América, 1 da Ásia e 1 da Europa foram banhados pelo sangue dos missionários
Cidade do Vaticano
Na esteira do Mês Missionário Extraordinário de outubro de 2019, vivido pelas comunidades católicas em todas as latitudes, que foi também ocasião de redescobrir as figuras de tantas testemunhas da fé das Igrejas locais que deram a vida pelo Evangelho e nos contextos e nas situações mais variadas, a agência missionária Fides prosseguiu também este ano seu serviço de colher as informações relacionadas aos missionários assassinados ao longo dos doze meses transcorridos.
Todo batizado é um discípulo missionário
O termo “missionário” é aqui utilizado para todos os batizados, conscientes de que “em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19). Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” (Evangelii Gaudium 120).
De resto, o elenco anual da Fides já de há muito não diz respeito somente aos missionários ad gentes propriamente, mas busca registrar todos os batizados engajados na vida da Igreja mortos de modo violento, não expressamente “por ódio à fé”.
29 missionários assassinados ao longo do ano
Por esse motivo se prefere aqui não utilizar o termo “mártires”, a não ser em seu significado etimológico de “testemunhas”, para não entrar no mérito do juízo que a Igreja possa eventualmente dar sobre alguns deles propondo-os, após um atento exame, para a beatificação ou a canonização.
“Segundo os dados levantados pela Fides, ao longo do ano 2019 foram assassinados no mundo 29 missionários, em sua maioria padres: 18 sacerdotes, 1 diácono permanente, 2 religiosos não sacerdotes, 2 irmãs, 6 leigos.”
Após oito anos consecutivos em que o número mais elevado de missionários assassinados foi registrado na América, a partir de 2018 tem sido a África a ocupar o primeiro lugar nesta trágica classificação.
Globalização da violência
Na África em 2019 foram mortos 12 sacerdotes, 1 religioso, 1 religiosa e 1 leiga (15). Na América foram assassinados 6 sacerdotes, 1 diácono permanente, 1 religioso e 4 leigos (12). Na Ásia foi morta uma leiga. Na Europa foi assassinada um irmã.
Outra nota reside no fato que se registra uma espécie de “globalização da violência”: enquanto no passado os missionários assassinados se concentravam em boa parte numa nação, ou numa área geográfica, em 2019 o fenômeno se mostra mais generalizado e difuso. Neste ano 10 países da África, 8 da América, 1 da Ásia e 1 da Europa foram banhados pelo sangue dos missionários. Fonte: www.vaticannews.va
Terça-feira, 31 de dezembro-2019. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que estabelecestes o princípio e a plenitude de toda a religião na encarnação do vosso Filho, concedei que sejamos contados entre os discípulos daquele que é toda a salvação da humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (João 1, 1-18)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - 1No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. 2Ele estava no princípio junto de Deus. 3Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. 4Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. 5A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. 7Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. 8Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 9[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. 10Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. 11Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 12Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, 13os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. 14E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. 15João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim. 16Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. 17Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou
3) Reflexão
O Prólogo é a primeira coisa que se vê ao abrir o evangelho de João. Mas foi a última a ser escrita. É o resumo final, colocado no início. Nele João descreve a caminhada da Palavra de Deus. Ela estava junto de Deus desde antes da criação e por meio dela tudo foi criado. Tudo que existe é expressão da Palavra de Deus. Como a Sabedoria de Deus (Prov 8,22-31), a Palavra quis chegar mais perto de nós e se fez carne em Jesus. Viveu no meio de nós, realizou a sua missão e voltou para Deus. Jesus é esta Palavra de Deus. Tudo que ele diz e faz é comunicação que nos revela o Pai.
Dizendo "No princípio era a Palavra", João evoca primeira frase da Bíblia que diz: "No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Deus criou tudo por meio da sua Palavra. "Ele falou e as coisas começaram a existir" (Sl 33,9; 148,5). Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus, sempre de novo, renasce no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. Não conseguimos viver sem Deus por muito tempo!
João Batista veio para ajudar o povo a descobrir e saborear esta presença luminosa e consoladora da Palavra de Deus na vida. O testemunho de João Batista foi tão importante, que muita gente pensava que ele fosse o Cristo (Messias). (At 19,3; Jo 1,20) Por isso, o Prólogo esclarece dizendo: "João não era a luz! Veio apenas para dar testemunho da luz!"
Assim como a Palavra de Deus se manifesta na natureza, na criação, da mesma maneira ela se manifesta no "mundo", isto é, na história da humanidade e, de modo particular, na história do povo de Deus. Mas o "mundo" não reconheceu nem recebeu a Palavra. Ela "veio para o que era seu, mas os seus não a receberam". Aqui, quando fala mundo, João quer indicar o sistema tanto do império como da religião da época, ambos fechados sobre si e, por isso mesmo, incapazes de reconhecer e de receber a Boa Nova (Evangelho) da presença luminosa da Palavra de Deus.
Mas as pessoas que se abrem aceitando a Palavra, tornam-se filhos e filhas de Deus. A pessoa se torna filho ou filha de Deus não por mérito próprio, nem por ser da raça de Israel, mas pelo simples fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade, nos aceita e nos acolhe. A Palavra entra na pessoa e faz com que ela se sinta acolhida por Deus como filha, como filho. É o poder da graça de Deus.
Deus não quer ficar longe de nós. Por isso, a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. O Prólogo diz literalmente: "A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!" Antigamente, no tempo do êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, "cheio de graça e de verdade!" Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação.
4) Para um confronto pessoal
1) Tudo que existe é uma expressão da Palavra de Deus, uma revelação da sua presença. Será que sou suficientemente contemplativo para poder perceber e experimentar esta presença universal da Palavra de Deus?
2) O que significa para mim poder ser chamado filho de Deus?
5) Oração final
Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e o que ele contém; exulte o campo e o que ele encerra, alegrem-se as árvores da floresta diante do Senhor, pois ele vem, ele vem julgar a terra. (Sl 95, 11-13)
Padre argentino acusado de abusos a menores se suicida
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As humilhações, que nunca serão julgadas, foram cometidas quando Eduardo Lorenzo trabalhou em dois lugares próximos de La Plata
O padre argentino Eduardo Lorenzo segurou uma arma e disparou na própria cabeça. Seu corpo foi encontrado poucas horas depois, na noite de segunda-feira, nas dependências da Caritas, em La Plata, onde estava alojado pelo arcebispado. Lorenzo estava prestes a ser preso por corrupção de menores e por abuso sexual de pelo menos cinco meninos. O arcebispo de La Plata disse na terça-feira que o padre “tirou a própria vida depois de longos meses de tensão e sofrimento” e pediu orações por ele. As vítimas declararam que a morte de Lorenzo “não repara o dano” e criticaram a lentidão da Justiça.
Eduardo Lorenzo cometeu os supostos abusos entre 1990 e 2001. A primeira denúncia contra ele foi apresentada em 2008, mas a promotora de La Plata, Ana Medina, decidiu que não havia “elementos suficientes para provar a existência do ato ilícito” e ordenou que o caso fosse arquivado. O assunto ficou semi esquecido, mas não encerrado, e em fevereiro deste ano o advogado do padre, Alfredo Gascón, solicitou que o caso fosse encerrado. Em julho, no entanto, duas novas denúncias foram apresentadas por dois homens que deram detalhes sobre os “jogos sexuais” que Lorenzo organizava com coroinhas de idades entre 13 e 16 anos.
Uma das vítimas, Julián, deu uma entrevista coletiva na qual explicou que durante 20 anos havia mantido em segredo os abusos sofridos e que a leitura na imprensa do que aconteceu com outra vítima, León, o primeiro denunciante, o havia mergulhado em uma crise. Finalmente, decidiu falar. “Quero que meus filhos vejam como o pai deles enfrentou dois anos e meio de abuso”, disse. Julián, um ex-escoteiro, deu detalhes de como o padre o recebia nu e o atraía para sua cama. “Quase toda sexta-feira organizava jantares com meninos”, disse ele.
Duas outras vítimas apresentaram denúncias. O caso foi reaberto e a promotora Ana Medina pediu à juíza de Garantias de La Plata, Marcela Garmendia, que ordenasse a prisão de Eduardo Lorenzo. Algumas semanas atrás, a juíza pediu a realização de um laudo psicológico do padre. Os especialistas concluíram que Lorenzo tinha “uma personalidade com características de manipulação, elevado autocentramento e egocentrismo, com pouca autocrítica e auto-observação impregnada de traços narcisistas”. Tentou dominar os psicólogos levantando continuamente a voz. “Tornei-me padre para dar uma mão, não quero que vejam agora como desmorono”, comentou.
Na semana passada, a juíza determinou a prisão provisória. O suicídio ocorreu quando a ordem ainda não havia sido expedida.
Os supostos abusos, que nunca serão julgados, foram cometidos quando Lorenzo trabalhou na igreja de San José Obrero, em Berisso, e na paróquia Inmaculada Madre de Dios, em Gonnet, duas localidades próximas de La Plata. Nos últimos anos foi capelão do Serviço Penitenciário de Buenos Aires e tornou-se amigo do padre Julio César Grassi, que cumpria pena de 15 anos de prisão por corrupção de menores e abuso sexual.
O arcebispo de La Plata, Víctor Manuel Fernández, divulgou uma declaração falando do sofrimento de Eduardo Lorenzo, pedindo orações por ele e dizendo: “O próprio Senhor nos ajudará a compreender algo no meio desse mistério sombrio e nos ensinará algo mesmo através dessa dor”.
As palavras do arcebispo indignaram os denunciantes, reunidos na Rede de Sobreviventes de Abuso Eclesiástico da Argentina. “A morte não repara o dano, a única coisa que repara o dano causado às vítimas é a justiça. A morte do padre Eduardo Lorenzo confirma que os sobreviventes disseram e sempre dizem a verdade”, declararam em um comunicado. Acrescentaram que tudo o que aconteceu foi possível “por causa de uma intolerável demora da Justiça”. Fonte: https://brasil.elpais.com
Igrejas evangélicas vão ajudar na coleta de assinaturas para partido de Bolsonaro
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Religiosos de distintas denominações vão apoiar o processo de formalização da nova sigla
Gustavo Schmitt
SÃO PAULO — Com pouco menos de quatro meses para ser criado a tempo das eleições municipais de 2020, o Aliança pelo Brasil, futuro partido do presidente Jair Bolsonaro, encontrou forte apoio de lideranças evangélicas na tarefa de coletar as 491 mil assinaturas exigidas para lançar a legenda. Do presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab), bispo Robson Rodovalho, ao presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Silas Câmara (Republicanos-AM), religiosos de distintas denominações estão dispostos a apoiar o processo de formalização da nova sigla. Segundo informou a colunista Bela Megale, os bolsonaristas apostam também no apoio dos militares para a coleta das assinaturas.
Ao GLOBO, Rodovalho disse que o presidente Bolsonaro “merece essa ajuda”. Líder da Sara Nossa Terra, denominação com 2 milhões de fiéis em 1,2 mil templos no país, o bispo informou já ter sido procurado por um mensageiro do partido, e que uma das estratégias será atrair apoio durante os grandes eventos da igreja.
Na Sara Nossa Terra, as maiores aglomerações de fiéis acontecem em janeiro e fevereiro, incluindo o chamado “carnaval evangélico”, evento com shows de música gospel que reúne milhares de participantes.
— Vou ajudar. Estou à disposição. A visão que o presidente (Bolsonaro) tem pelo Brasil merece esse gesto de apoiamento — afirmou Rodovalho, que recebeu O GLOBO em sua igreja em São Paulo, na última segunda-feira.
O Aliança pelo Brasil anunciou, no último domingo no Twitter, que começará nesta semana a coleta de assinaturas para sua fundação. O desafio é justamente o prazo curto no calendário: a sigla precisa de todas as assinaturas até 4 de abril do ano que vem para ter o registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e assim lançar candidatos aos cargos de prefeito e vereador.
Ex-deputado e com experiência de coleta de assinaturas para criação de partidos como PL e PRB, Rodovalho disse que considera melhor atuar em grandes eventos. Nos cultos, o público é menor, avalia. No entanto, o bispo destaca que as assinaturas não seriam coletadas dentro da igreja ou dos eventos, mas que não teria problema se fosse na porta.
— Nas igrejas, os cultos são rápidos e o ajuntamento de pessoas não é tão numeroso, com exceção de templos muito grandes. Mas, como precisa de muitas assinaturas para validar, penso que os eventos, que duram alguns dias, seriam mais proveitosos — explicou.
Outras conversas
Rodovalho disse que conversou com outras lideranças que também se colocaram à disposição para ajudar:
— Conversei com alguns líderes que se disponibilizaram. Não são muitos, mas não encontrei ninguém reticente. Eu acredito que a Assembleia de Deus, do pastor Silas Câmara (deputado federal do Amazonas pelo Republicanos), também faria com bom coração.
Silas Câmara diz que, se convocado para ajudar na criação do Aliança, vai trabalhar a favor da coleta. Irmão do pastor Samuel Câmara, que dirige a igreja Assembleia de Deus de Belém, Silas afirmou que não vê problemas em auxiliar na coleta de assinaturas, e que vê boa vontade das lideranças de diferentes igrejas em ajudar o presidente.
— Não vejo nenhum problema. Eu ajudarei, se for convocado. Se precisar, eu ajudo com alegria — disse Silas Câmara, ressaltando que apoiará “como deputado federal”.
Samuel Câmara, por sua vez, também se disse disposto a ajudar Bolsonaro na criação do partido, mas deixou claro que os evangélicos “jamais perfilarão em um só partido”. Com tom menos efusivo, Samuel diz que qualquer gesto não significará apoio incondicional ao governo ou ao presidente.
— A igreja é também um grupo social que tem vontade política. E, no quebra-cabeça de hoje, as pessoas que gostam do Bolsonaro vão acompanhar isso. E elas estão dentro da nossa igreja. Então, não criaríamos dificuldade. Mas não faria disso uma bandeira (política). Fonte: https://oglobo.globo.com
Crises econômicas elevam o número de fiéis evangélicos
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Estudo relaciona pela primeira vez economia e fé, com seus impactos na política
Crises econômicas têm impulsionado a expansão da população evangélica no Brasil, com reflexos sobre a balança política, pois esse movimento favorece a eleição de candidatos ligados a essa fé.
Essa é a conclusão de um estudo dos economistas Francisco Costa, Angelo Marcantonio e Rudi Rocha, que, pela primeira vez, aferiu o impacto da abertura comercial dos anos 1990 em diferentes regiões do país sobre as preferências religiosas da população.
A hipótese dos autores é que os brasileiros adversamente atingidos por crises se tornam mais suscetíveis à forte retórica religiosa de cura dos problemas pela fé apresentada pelas religiões evangélicas.
Daí a escolha de incluir o “Pare de sofrer”, lema da Igreja Universal do Reino de Deus, já no título do artigo em inglês (“Stop Suffering! Economic Downturns and Pentecostal Upsurge”), que está sendo avaliado para publicação em um periódico estrangeiro.
Simulação feita pelos autores a pedido da Folha indica que problemas como o aumento do desemprego e a queda da renda nas áreas afetadas pelo choque econômico explicam um crescimento de cerca de 10% no número de adeptos a denominações como as pentecostais e neopentecostais, entre 1991 e 2000. Isso representou a adição de 1,3 milhão novos evangélicos apenas naquela década.
Os pesquisadores conseguiram mensurar a queda salarial explicada apenas pelo choque da abertura comercial ao comparar o que ocorreu com a renda e o desemprego em diferentes regiões do país, descontando o impacto de fatores como educação, gênero e idade entre 1991 e 2000.
A partir da conta, calcularam o quanto a redução de rendimento afetava a expansão da população evangélica.
Sua conclusão foi que, para cada 1% de queda esperada da renda, a adesão ao pentecostalismo cresceu 0,8%, nos anos 1990. Em termos estatísticos, é um efeito significativo.
A pesquisa mostra ainda que parte dos evangélicos convertidos pela crise é dissidente do catolicismo, que, embora ainda seja a religião dominante no Brasil, vem encolhendo.
Segundo o trabalho, o impacto religioso da abertura comercial nas regiões que perderam —pelo menos, temporariamente— competitividade não se circunscreveu aos anos subsequentes à primeira metade da década 1990, quando a tarifa média de importação caiu quase 60%.
Os resultados indicam que o fenômeno de adesão ao pentecostalismo persistiu na década seguinte, ainda que em ritmo mais lento.
Eles revelam ainda que o movimento de conversão foi acompanhado por uma mudança de preferência eleitoral que favoreceu políticos associados às religiões evangélicas.
Ao contrário do ritmo de conversão de novos adeptos associada ao choque de tarifas —que, embora tenha persistido, perdeu fôlego—, o impulso à eleição de candidatos pentecostais continuou ganhando força.
Segundo os autores, cada 1% de queda provável na renda associada à abertura comercial resultou em um aumento de 2% na parcela dos votos recebidos por esses políticos no longo prazo. “O efeito de aumento da população evangélica continuou entre 2000 e 2010, embora menos robusto. Mas, na política, ele vem aumentando. Parece um fenômeno que ganhou vida própria, após um choque”, diz Rocha, que é professor da FGV Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas).
Em uma terceira linha de investigação, a pesquisa revela que a escolha de políticos ligados ao pentecostalismo tem levado a um aumento da proposição de leis relacionadas a temas caros a essas religiões, como oposição ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Para Costa, que é professor da FGV EPGE (Escola de Economia e Finanças da FGV), as conclusões relacionadas à esfera política chamam a atenção para um risco sobre o qual o país precisa refletir:
“Mesmo em estados democráticos laicos, como o Brasil, esses choques econômicos abrem espaço para o florescimento de grupos religiosos partidários que podem levar ao retrocesso de valores democráticos que possibilitaram sua ascensão”.
Para os dois economistas, é possível inferir que outros eventos recessivos das últimas décadas no Brasil tenham contribuído tanto para alimentar o contínuo crescimento da população evangélica quanto para alavancar sua representação política.
“O que descobrimos ao fazer essa pesquisa parece bater muito com o voto recente no [presidente Jair] Bolsonaro”, diz Rocha.
O capitão reformado foi eleito em 2018 com forte apoio da bancada evangélica, em um período em que o Brasil vivia uma lenta recuperação econômica após uma das recessões mais severas da história.
A percepção de que a necessidade de apoio espiritual e atenção individual aumenta em momentos de crise pode estar contribuindo para a criação de novas igrejas.
Foi o que motivou Gilson Alves, por exemplo, a criar a Igreja Apostólica Livres para Adorar, de orientação neopentecostal, no bairro do Capão Redondo, em São Paulo, há quatro anos. “Vi que era mais fácil acolher as pessoas em um ministério pequeno”, diz.
Antes disso, Alves —conhecido como bispo Gilson— foi ligado às denominações Paz e
Além dos 40 frequentadores assíduos, os cultos no salão instalado no primeiro andar de sua própria casa recebem outros visitantes ocasionais, como um casal de venezuelanos refugiados que esteve na igreja recentemente.
“Somos procurados por pessoas com problemas como alcoolismo, drogas e dificuldades financeiras”, afirma bispo Gilson, que, além de administrar a igreja, cuida dos três filhos pequenos, enquanto sua mulher trabalha como empregada doméstica.
RELIGIÃO AVANÇA NO MUNDO POR OFERECER UMA REDE DE PROTEÇÃO
O fenômeno de expansão de religiões evangélicas não é exclusividade do Brasil. Pesquisas mostram que essa é uma das denominações cristãs que mais crescem no mundo.
No país, ministérios como o fundado por bispo Gilson fazem parte de uma terceira onda de renovação do movimento evangélico, iniciada nos anos 1970. Rocha, Costa e Marcantonio ressaltam que essas igrejas se destacam por sua interpretação mais literal dos textos sagrados.
Segundo especialistas, a rede de apoio criada pelos evangélicos e a abordagem feita nos cultos sobre os problemas do dia a dia ajudam a explicar a atração de novos adeptos em crises econômicas.
“Faz muito sentido [a conclusão do estudo]. Os brasileiros de posições mais conservadoras se sentem muito isolados nos centros urbanos. Os evangélicos são uma exceção porque têm a igreja”, diz Breno Barlach, gerente de projetos da consultoria Plano CDE.
Segundo ele, que coordenou um estudo feito neste ano sobre o perfil dos conservadores brasileiros, os templos se tornaram tanto um espaço de convivência como de troca.
“É ali que o pequeno empreendedor constrói sua rede de contatos, que a mulher, deslocada do mercado de trabalho, se torna vendedora”, afirma.
A participação nessa rede —que os estudiosos do tema chamam de clube— exige uma contrapartida elevada dos participantes. “Você não pode se dizer evangélico se não frequenta assiduamente os cultos”, diz Barlach.
Mas, como ressalta Costa, da FGV, o custo de oportunidade dessa escolha despenca durante crises econômicas.
“A queda da renda reduz a capacidade de consumo mundano e torna o consumo etéreo oferecido pela religião mais atraente”, diz.
Para o economista Rodrigo Soares, professor da Universidade Columbia, uma questão suscitada pelo estudo é o papel de outros atores em crises econômicas. “Por algum motivo, as igrejas evangélicas parecem ter exercido um papel que nem o Estado nem a Igreja Católica conseguiram.”
Outro caminho para mais investigações apontado pela pesquisa é a relação entre a expansão da população evangélica e o aumento do voto em políticos associados à religião, segundo o economista Claudio Ferraz, professor da Universidade British Columbia.
Assim como Soares, Ferraz leu o estudo de Rocha, Costa e Marcantonio. Para ele, a pesquisa comprova, de forma sólida, a relação entre a desaceleração da abertura e a conversão ao pentecostalismo.
“A dificuldade vem em saber se um aumento de eleitores pentecostais atraiu políticos ou se políticos e a mídia que dominam têm um efeito de persuasão que aumenta a fatia de pentecostais”, diz.
IMPACTO DA ECONOMIA SOBRE CONVERSÃO PODE PERSISTIR NO LONGO PRAZO
Desde os anos 1990, o pentecostalismo tem um crescimento significativo no Brasil. Só naquela década, a população evangélica dobrou, de 13,2 milhões para 26,2 milhões.
Como mostra a estimativa feita pelos autores do estudo, parte desse aumento pode ser atribuída às consequências do choque comercial em regiões prejudicadas pela abertura.
Resta identificar outras causas da expansão. Não há dados recentes do Censo sobre preferências religiosas, mas dados do Datafolha indicam que a fatia de evangélicos na população brasileira continuou crescendo. Depois de atingir 22,9% em 2010, voltou a pular, para cerca de 31%, em 2019.
Embora Rocha e Costa acreditem que as dificuldades econômicas recorrentes do país tenham continuado a impulsionar a procura por igrejas pentecostais, o estudo não incluiu uma análise da dinâmica evangélica nos anos recentes.
Para medir a alta no número de adeptos ao pentecostalismo, os autores analisaram os dados até 2010. O impacto político foi mensurado até 2014.
A escolha da abertura econômica como pano de fundo da investigação é explicada pela possibilidade de analisar o impacto de desacelerações da atividade em varáveis diversas. Como diferentes regiões dentro de um país se especializam em ramos de atividade distintos, os efeitos de uma liberalização comercial variam bastante.
Há desde áreas pouco afetadas, como cidades litorâneas do Nordeste onde o turismo é forte, a outras muito atingidas, como municípios da região metropolitana de São Paulo especializados na produção de roupas e equipamentos eletrônicos, cujas tarifas de importação despencaram nos anos 1990.
Os efeitos heterogêneos têm servido como uma espécie de laboratório para economistas.
Um trabalho de Rafael Dix-Carneiro, da Universidade Duke, e Brian Kovak, da Universidade Carnegie Mellon, mostrou, por exemplo, que os efeitos negativos da abertura nas regiões que se tornaram mais expostas à competição externa foram persistentes.
Segundo o estudo, a distância de salários e crescimento no emprego entre as áreas afetadas positiva e negativamente pela liberalização aumentou durante 20 anos no Brasil após o choque comercial da década de 1990.
Dix-Carneiro ressalta que o trabalho não conclui se o balanço da abertura para o país como um todo foi positivo ou negativo. “Ele mostra que choques comerciais têm efeitos disruptivos no mercado de trabalho, que evoluem de forma lenta e duradoura”, afirma.
Soares —que é coautor com Dix-Carneiro e Gabriel Ulyssea de outro trabalho, que identifica um aumento da criminalidade em regiões negativamente afetadas pela abertura comercial no Brasil— ressalta que a metodologia desses estudos permite a descoberta de consequências de crises econômicas de difícil mensuração em outros contextos.
Uma área de interesse crescente, que pode ser relacionada à pesquisa de Costa, Rocha e Marcantonio, é a relação entre o impacto da globalização em diferentes regiões dos países e a expansão do conservadorismo. O tema está no centro das discussões de eventos como o brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), que pode ocorrer em breve após a ampla vitória parlamentar do primeiro-ministro Boris Johnson na semana passada.
Segundo os três pesquisadores brasileiros, seu trabalho é o primeiro a mostrar uma relação de causa e consequência entre uma crise econômica e o entrincheiramento de grupos políticos em democracias modernas e pode contribuir para o debate sobre o tema tanto no Brasil quanto no exterior. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O que se sabe sobre a sexualidade de Jesus? Houve um evangelho erótico?
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Os Evangelhos que a Bíblia católica nos oferece são uma fonte de sabedoria. Basta ter a coragem de lê-los sem preconceitos, sem artifícios de sacerdotes e pastores
Entre os muitos mistérios contidos nos Evangelhos cristãos e suas ainda muitas perguntas sem respostas, acredita-se que pôde ter existido um Evangelho secreto de Marcos, anterior ao que hoje conhecemos como um dos quatro Evangelhos canônicos e considerado o mais antigo. E até mesmo um Evangelho erótico.
“Quanto à possibilidade de que tenha existido um Evangelho secreto de Marcos, há por exemplo uma passagem muito concreta que difere claramente do Marcos oficial. Um texto que criou muitos problemas, pois houve algumas seitas, como os carpocracianos, que o interpretaram em chave homossexual ou erótica. Por isso deve ter desaparecido da versão posterior, que é a oficial atualmente. O texto diz: “E chegaram a Betânia. Havia ali uma mulher cujo irmão tinha morrido. Aproximando-se de Jesus, ajoelhou-se e lhe disse: ‘Filho de David, tem misericórdia de mim”, mas os discípulos a afastaram, e Jesus, "enfurecido, saiu com ela para o jardim, onde estava o monumento, e logo depois ouviu-se um grito procedente dali.” Jesus se aproximou e removeu a pedra da entrada do monumento. Em seguida, entrando no local onde estava o jovem, estendeu sua mão e o ressuscitou. “Levantando os olhos, o jovem o amou e começou a lhe pedir que o deixasse ficar com ele. E, ao sair do monumento, eles entraram na casa do jovem, que era rico. Passados seis dias, Jesus lhe disse o que tinha que fazer e, durante a noite, o jovem veio até ele, usando um vestido de linho sobre seu corpo nu. E ficou com ele naquela noite, pois Jesus lhe mostrou o mistério do reino de Deus.”
A ideia que estudiosos da Bíblia, como John Dominic Crossan, têm sobre essa passagem é que esta versão figurava no Marcos secreto, sendo depois censurada. Acredita-se que poderia ser um texto usado durante o ritual nudista do batismo, razão pela qual alguns fiéis teriam lhe dado uma interpretação de tipo erótica. Por isso, teria sido excluído da versão oficial. Mas há quem pense que, mais do que ser eliminado, esse texto foi diluído em diversas partes no texto oficial de Marcos. Por exemplo, restos daquele texto estariam no curioso episódio de Marcos que conta que, no momento em que foram deter Jesus no Jardim das Oliveiras, “todos o abandonaram e fugiram” e que “um jovem, envolto em um lençol sobre o corpo nu”, seguia Jesus e, após tê-lo alcançado, “largando o lençol, fugiu nu”. E depois, levantando-se, se voltou à margem do Jordão.
Crossan afirma que, nos tempos de Clemente de Alexandria, chegaram a existir três versões do Evangelho de Marcos: o secreto, o canônico e o erótico, e que o Marcos secreto deve ter exercido um papel muito importante na liturgia do batismo, pois, do contrário, simplesmente o teriam destruído. Por outro lado, Jesus não batizava, embora tenha sido batizado por João Batista, e o batismo nudista não tinha por que ser visto de forma homossexual como fizeram algumas seitas dissidentes.
Tudo isso, explicam os especialistas bíblicos, revela a importância que muitos Evangelhos considerados apócrifos teriam tido se não tivessem sido censurados e inclusive eliminados muitas vezes só porque podiam ferir a sensibilidade dos legalistas e dos alérgicos a qualquer tipo de sexualidade.
Hoje não se descarta que Jesus, se for verdade que não se casou —coisa cada vez mais difícil de provar, considerando a cultura daquele tempo, em que era inconcebível que um homem não se casasse e tivesse uma família—, pode ter sido homossexual, como, por sinal, aparece na sátira produzida pelo Porta dos Fundos, um produto humorístico que não deveria escandalizar ninguém. Chegou-se a supor que o companheiro de Jesus fosse o jovem discípulo João, um dos poucos dos quais não se fala que tenha formado uma família.
A questão do possível casamento de Jesus com Madalena, que não era a prostituta que a Igreja afirmou durante anos, e sim uma mulher de alta formação intelectual, do movimento gnóstico, do qual existe um Evangelho escrito por ela entre os manuscritos encontrados no Alto Egito, é outro dos temas sobre os quais a Igreja prefere fechar os olhos.
Há quem tenha visto, por exemplo, na passagem da crucificação, onde se conta que foi Madalena, e não sua mãe ou os apóstolos, por exemplo, a primeira pessoa à qual Jesus apareceu após ser ressuscitado, a demonstração de que ela era sua mulher. Até mesmo São Tomás de Aquino, doutor da Igreja, atormentava-se pensando por que Jesus não tinha aparecido primeiro aos apóstolos e o havia feito a uma mulher, já que, além disso, naquele tempo o testemunho de uma mulher não tinha valor nem durante um julgamento. Não se acreditava na palavra da mulher.
Jesus, que já havia quebrado todos os preconceitos burgueses e culturais para pregar a força da liberdade do espírito, quis naquele momento fundamental, como foi a passagem da morte à vida, deixar o registro, ainda que de maneira metafórica, de que ele não aceitava preconceitos sociais. E que se para ele não existia diferença entre judeus e gentios, entre justos e pecadores, tampouco existia entre homem e mulher. Foi para outra mulher, a Samaritana, perto de um poço, que revelou que chegaria o dia em que os filhos de Deus não precisariam disputar templos e catedrais para a adoração de Deus; renderiam culto em seu próprio coração e na liberdade de espírito.
Os Evangelhos que a Bíblia católica nos oferece são uma fonte de sabedoria antiga e moderna ao mesmo tempo. Apesar de terem sido censurados, a maioria dos outros Evangelhos existentes nos primeiros anos e séculos do cristianismo constituem ainda hoje não só uma importante fonte literária, mas libertadora de tabus. Basta ter a coragem de lê-los sem preconceitos, sem artifícios de sacerdotes e pastores. Esses textos possuem uma grande força espiritual e humana. E nos convocam a nos libertarmos de preconceitos e imposições externas castradoras da cultura. Querer domesticá-los e usá-los para acorrentar consciências seria o maior pecado, para o qual Jesus dizia que não havia perdão. Fonte: https://brasil.elpais.com
A revolução cultural cristã
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Os cristãos emergem na escrita de Nixey como um bando de talibãs fanáticos
Luiz Felipe Pondé
A violência é a parteira da história. Essa ideia era comum entre intelectuais de esquerda no século 20. Hoje, a ideia é politicamente incorreta. A esquerda se fez vegana. A expressão Revolução Cultural chinesa era objeto de orgasmo para gente chique como Sartre e Beauvoir: a via maoísta.
A Revolução Cultural chinesa nos anos 1960 foi um massacre. Uso a expressão revolução cultural cristã aqui como analogia com a Revolução Cultural chinesa.
O cristianismo teve sua revolução cultural principalmente entre os séculos 4º e 6º d.C., após a conversão do imperador Constantino (272 d.C. - 337 d.C.). Foi violenta, sangrenta, boçal e eficaz, como a chinesa. Mas, enquanto pega bem louvar a chinesa, é chique, nos jantares inteligentes, xingar a cristã.
É justamente a revolução cultural cristã que a jornalista britânica Catherine Nixey narra no seu excelente livro “A Chegada das Trevas: Como os Cristãos Destruíram o Mundo Clássico” (pela editora portuguesa Desassossego).
A rigor não há nada de novo no que ele narra, para quem conhece um pouco do traçado, mas o livro tem inúmeros méritos: conciso, elegante, bom aparelho crítico com relação às fontes, oferecendo uma bela síntese do modo como muitos cristãos, entre eles os famosos monges do deserto, chamados por ela de “fedorentos”, destruíram templos, estátuas, pergaminhos (livros) e fontes essenciais do que era a cultura clássica.
Esses cristãos emergem na escrita de Nixey como um bando de talibãs fanáticos e bem distantes da ideia que se tem desses heróis do paliocristianismo. Nomes como João Crisóstomo, Santo Agostinho e Basílio Magno saem bem chamuscados depois das passagens em que ficam claras suas reservas para com a
cultura clássica.
Nixey reconhece que muito foi salvo graças a cristãos cultos, mas, como ela mesma repete, muito, muito, muito mais foi destruído graças às taras da maioria dos idiotas da fé. Filha de pais cristãos, Nixey está longe dos tiques nervosos do anticlericalismo típico de quem conhece pouco do cristianismo em geral.
O mundo clássico era belo, rico, produtivo e com tendências que chamaríamos, anacronicamente, de tolerante, em oposição ao cristianismo, que, com sua marca monoteísta e proselitista, varreu o mundo greco-romano com a sanha do Deus único.
Mas Nixey não é nenhuma idealista do mundo clássico. Por exemplo, sua descrição dos banhos romanos, objeto de ódio dos cristãos “puritanos”, não deixa dúvida: eram imundos, fedorentos, promíscuos. Sua água fedia e a chance de você pegar todo tipo de doença era enorme.
Todavia, a revolução cultural cristã, como a chinesa, devastou a herança clássica. Teríamos mais tesouros, além de Platão, Aristóteles, Sófocles, Marco Aurélio, Sêneca, entre outros, se esses malucos fanáticos não tivessem se posto a destruir as fontes. No que tange à beleza dos templos greco-romanos, a devastação foi monstruosa.
Um dos pontos mais fortes do livro está no desmonte da ideia de que os oficiais romanos eram, na sua maioria, uns tarados pelo sangue inocente cristão.
A análise dos autos em que oficiais romanos tentavam salvar cristãos fanáticos do martírio é excelente. Muito distante da falsa imagem que parte da história oficial do cristianismo e o cinema construíram, a maioria dos oficiais romanos era gente razoável que estava muito longe de querer “rolo” com um bando de fanáticos.
E aqui, vem, a meu ver, o coração da tese da autora. Descrevendo um desses oficiais romanos encarregados de lidar com a sanha fanática dos mártires malucos, Nixey diz algo assim: “Como membro da elite romana, e de toda elite, era um homem bem educado o bastante para não crer na religião, qualquer que fosse ela, mas, também, era bem formado o bastante para não desdenhar de nenhuma delas”.
Aqui reside toda a diferença de uma verdadeira atitude culta em relação às religiões: se, por um lado, a adesão a elas revela uma certa pobreza de espírito, o desprezo para com elas, revela uma certa pobreza de alma. Desdenhar das religiões é um atestado de fraqueza intelectual.
*Escritor e ensaísta, autor de “Dez Mandamentos” e “Marketing Existencial”. É doutor em filosofia pela USP.
Segunda-feira, 16 de dezembro-2019. 3ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Inclinai, ó Deus, o vosso ouvido de Pai À voz da nossa súplica, E iluminar as trevas do nosso coração com a visita do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 21, 23-27)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 23Dirigiu-se Jesus ao templo. E, enquanto ensinava, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se e perguntaram-lhe: Com que direito fazes isso? Quem te deu esta autoridade? 24Respondeu-lhes Jesus: Eu vos proporei também uma questão. Se responderdes, eu vos direi com que direito o faço. 25Donde procedia o batismo de João: do céu ou dos homens? Ora, eles raciocinavam entre si: Se respondermos: Do céu, ele nos dirá: Por que não crestes nele? 26E se dissermos: Dos homens, é de temer-se a multidão, porque todo o mundo considera João como profeta. 27Responderam a Jesus: Não sabemos. Pois eu tampouco vos digo, retorquiu Jesus, com que direito faço estas coisas.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve o conflito que Jesus teve com as autoridades religiosas da época depois que expulsou os vendedores do Templo. Os sacerdotes e anciãos do povo queriam saber com que autoridade Jesus fazia as coisas a ponto de entrar no Templo e expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). As autoridades se consideravam os donos de tudo e achavam que ninguém podia fazer nada sem a licença delas. Por isso, perseguiam a Jesus e procuravam mata-lo. Algo semelhante estava acontecendo nas comunidades cristãs dos anos setenta-oitenta, época em que foi escrito o evangelho de Mateus. Os que resistiam às autoridades do império eram perseguidos. Havia outros que, para não serem perseguidos, tentavam conciliar o projeto de Jesus com o projeto do império romano (cf. Gal 6,12). A descrição do conflito de Jesus com as autoridades do seu tempo era uma ajuda para os cristãos continuarem firmes nas perseguições e não se deixarem manipular pela ideologia do império. Também hoje, alguns que exercem o poder, tanto na sociedade como na igreja e na família, querem controlar tudo como se fossem eles os donos de todos os aspectos da vida do povo. Às vezes, chegam até a perseguir os que pensam diferente. Com estes pensamentos e problemas na cabeça, vamos ler e meditar o evangelho de hoje.
Mateus 21,23: A pergunta das autoridades religiosas a Jesus
“Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram, e perguntaram: Com que autoridade fazes tais coisas? Quem foi que te deu essa autoridade?" Jesus circula, novamente, na enorme praça do Templo. Logo aparecem alguns sacerdotes e anciãos para interrogá-lo. Depois de tudo que Jesus já tinha feito, na véspera, eles querem saber com que autoridade ele faz as coisas. Eles não perguntam pela verdade nem pelo motivo que levou Jesus a expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). Perguntam apenas pela autoridade. Eles acham que Jesus deve prestar conta a eles. Pensam ter o direito de controlar tudo. Não querem perder o controle das coisas.
Mateus 21,24-25ª: A pergunta de Jesus às autoridades
Jesus não se nega a responder, mas mostra a sua independência e liberdade e diz: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Se responderem, eu também direi a vocês com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?". Pergunta inteligente, simples como a pomba e esperta como a serpente! (cf. Mt 10,16). A pergunta vai revelar a falta de honestidade dos adversários. Para Jesus, o batismo de João era do céu, vinha de Deus. Ele mesmo tinha sido batizado por João (Mt 3,13-17). Os homens do poder, ao contrário, tinham tramado a morte de João (Mt 14,3-12). Mostraram, assim, que não aceitavam a mensagem de João e que consideravam o batismo dele como coisa dos homens e não de Deus.
Mateus 21,25b-26 : Raciocínio das autoridades
Os sacerdotes e os anciãos perceberam o alcance da pergunta e raciocinavam entre si da seguinte maneira: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: Então, por que vocês não acreditaram em João? Se respondemos que vinha dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como um profeta”. Por isso, para não se expor, responderam: “Não sabemos!” Resposta oportunista, fingida e interesseira. O único interesse deles era não perder a sua liderança junto do povo. Dentro deles mesmos, já tinham decidido tudo: Jesus devia ser condenado e morto (Mt 12,14).
Mateus 21,27: Conclusão final de Jesus
E Jesus disse a eles: Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas". Por causa da sua total falta de honestidade, eles não merecem resposta de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1-Alguma vez, você já se sentiu controlado ou observado, indevidamente, pelas autoridades, em casa, no trabalho, na igreja? Qual foi a sua reação?
2-Todos e todas temos alguma autoridade. Mesmo numa simples conversa entre duas pessoas, cada uma exerce algum poder, alguma autoridade. Como uso o poder, como exerço a autoridade: para servir e libertar ou para dominar e controlar?
5) Oração final
Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas. Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva, e em ti sempre esperei. (Sal 24, 4-5)
Netflix no céu: Eu gosto da minha liberdade de expressão sem 'mas'
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— Senhor, temos um problema.
— O que se passa, Pedro?
— Já vistes o novo especial do Porta dos Fundos, na Netflix?
— A tua pergunta é se eu, Deus todo-poderoso, Senhor do Universo, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, vi um programa da Netflix? Já, sim. Subscrevi o serviço de streaming por causa do “Breaking Bad” e agora tenho visto tudo.
— Estais a ser irônico, Senhor?
— Claro, Pedro.
— Eu preferia quando Vos exprimíeis por meio de parábolas, Senhor. Com a ironia ainda é mais difícil entender o que Vós quereis dizer.
— Neste milênio estou a experimentar a ironia. Habitua-te.
— Bom, é o seguinte: um grupo de comediantes brasileiros fez um filme em que Vós sois gay.
— Oh! Como é possível? Estou tão ofendido!
— A sério, Senhor?
— Não. Presta atenção ao tom. A ironia depende muito do tom.
— Mas, Senhor, eles podem fazer isso? Será que podemos rir de tudo? Quais são os limites do humor?
— Essa questão interessa-me muito.
— Ironia?
— Bravo.
— Muita gente ficou ofendida, Senhor. Dom Henrique Soares, da Arquidiocese de Palmares, cancelou a sua assinatura da Netflix em homenagem a Vós.
— Que homenagem bonita. Sabe quando, na última ceia, eu peguei o pão e disse: “Tomai e comei todos. Fazei isto em memória de mim”? Devia ter acrescentado: “E cancelai serviços de streaming em memória de mim”, também.
— Essa eu percebi. É ironia. Mas Eduardo Bolsonaro também não gostou do filme.
— Quem é?
— É o filho do presidente do Brasil. Foi visitar o pai ao hospital com uma pistola no cinto.
— Ah, sim. Um homem que absorveu bem a minha mensagem de paz e de amor.
— Exato… Estais a ser irônico de novo?
— Claro.
— Estais imparável, Senhor. Ele disse: “Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população?”.
— Ah. Uma dessas pessoas que diz “somos a favor da liberdade de expressão, mas”. O “mas” é que interessa, Pedro. Eu gosto da minha liberdade de expressão sem “mas”. É liberdade de expressão sem “mas”, e café sem açúcar. Em ambos, não fica tão docinho, mas não estraga o verdadeiro sabor.
— Então não estais ofendido, Senhor? Não vale a pena lançar uma praga sobre o Brasil?
— Não. Até porque duvido que eles notariam. Fonte: www1.folha.uol.com.br
*Ricardo Araújo Pereira
Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.
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