*Dia 15: 3º Domingo do Advento - Ano A.
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A liturgia deste domingo lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: "não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar".
A primeira leitura anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir, num cenário de alegria e de festa, para a terra da liberdade.
O Evangelho descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o "Reino" da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.
A segunda leitura convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança.
LEITURA I (Is 35, 1-6a.10): ATUALIZAÇÃO
Para os otimistas, o nosso tempo é um tempo de grandes realizações, de grandes descobertas, em que se abre todo um mundo de possibilidades ao homem; para os pessimistas, o nosso tempo é um tempo de sobreaquecimento do planeta, de subida do nível do mar, de destruição da camada do ozono, de eliminação das florestas, de risco de holocausto nuclear... Para uns e para outros, é um tempo de desafios, de interpelações, de procura, de risco... Como é que nós nos relacionamos com este mundo? Vemo-lo com os olhos da esperança, ou com os óculos negros do desespero?
Os crentes não podem, contudo, esquecer que "Deus aí está": a sua intervenção faz com que o deserto se revista de vida e que na planície árida do desespero brote a flor da esperança. É com esta certeza da presença de Deus e com a convicção de que Ele não nos deixará abandonados nas mãos das forças da morte que somos convidados a caminhar pela vida e a enfrentar a história.
O Advento é o tempo em que se anuncia e espera a intervenção salvadora de Deus em favor do seu Povo. No entanto, Ele só virá se eu estiver disposto a acolhê-l'O; Ele só intervirá se eu estiver disposto a receber de braços abertos a proposta de libertação que Ele me vem fazer... Estou preparado para acolher o Senhor? Ele tem lugar na minha vida? A sua proposta libertadora encontrará eco no meu coração?
O profeta é o homem que rema contra a maré... Quando todos cruzam os braços e se afundam no desespero, o profeta é capaz de olhar para o futuro com os olhos de Deus e ver, para lá do horizonte do sol poente, um novo amanhã. Ele vai, então, gritar aos quatro ventos a esperança, fazer com que o desespero se transforme em alegria e que o imobilismo se transforme em luta empenhada por um mundo melhor. É este testemunho de esperança que procuramos dar?
EVANGELHO (Mt 11, 2-11): ATUALIZAÇÃO
O texto evangélico identifica Jesus com a presença salvadora e libertadora de Deus no meio dos homens. Neste tempo de espera, somos convidados a aguardar a sua chegada, com a certeza de que Deus não nos abandonou, mas continua a vir ao nosso encontro e a oferecer-nos a salvação.
Os "sinais" que Jesus realizou enquanto esteve entre nós têm de continuar a acontecer na história; agora, são os discípulos de Jesus que têm de continuar a sua missão e de perpetuar no mundo, em nome de Jesus, a ação libertadora de Deus.
Os que vivem amarrados ao desespero de uma doença incurável encontram em nós um sinal vivo do Cristo libertador que lhes traz a salvação?
Os "surdos", fechados num mundo sem comunicação e sem diálogo, encontram em nós a Palavra viva de Deus que os desperta para a comunhão e para o amor?
Os "cegos", encerrados nas trevas do egoísmo ou da violência, encontram em nós o desafio que Deus lhes apresenta de abrir os olhos à luz?
Os "coxos", impedidos de andar, encontram em nós a proximidade dos caminhos de Deus?
Os presos, privados da liberdade, escondidos atrás das grades em que a sociedade os encerra, encontram em nós a Boa Nova da liberdade?
Os "pobres", marginalizados, sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus?
Mais uma vez, somos interpelados e questionados pela figura vertical e coerente de João... Ele não é um pregador da moda, cujas ideias variam conforme as flutuações da opinião pública ou os interesses dos poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega para ganhar dinheiro, para defender os seus interesses, ou para ter uma vida cômoda e sem grandes exigências... Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e que procura cumpri-la, com fidelidade e sem medo.
A minha vida e o meu testemunho profético cumprem-se com a mesma verticalidade e honestidade, ou estou disposto e vender-me a interesses menos próprios, se isso me trouxer benefícios?
A "dúvida" de João acerca da messianidade de Jesus não é chocante, mas é sinal de uma profunda honestidade... Devemos ter mais medo daqueles que têm certezas inamovíveis, que estão absolutamente certos das suas verdades e dos seus dogmas, do que daqueles que procuram, honestamente, as respostas às questões que a vida todos os dias coloca.
Sou um fundamentalista, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, ou alguém que sabe que não tem o monopólio da verdade, que ouve os irmãos, e que procura, com eles, descobrir o caminho verdadeiro?
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA
Sábado, 14 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que desponte em nossos corações o esplendor da vossa glória, para que, vencidas as trevas do pecado, a vinda do vosso Unigênito revele que somos filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 17, 10-13)
Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro? 11Jesus respondeu-lhes: Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. 12Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem. 13Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Os discípulos acabaram de presenciar Moisés e Elias reverenciando Jesus na transfiguração sobre o Monte (Mt 17,3). Era crença geral do povo de que Elias devia voltar para preparar a vinda do Reino. Dizia o profeta Malaquias: “Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grandioso e terrível Dia de Javé. Ele há de fazer que o coração dos pais voltem para os filhos e o coração dos filhos para os pais; e assim, quando eu vier, não condenarei o país à destruição total. (Mal 3,23-24; cf. Eclo 48,10). Os discípulos querem saber: "O que significa o ensinamento dos doutores da Lei, quando dizem que Elias deve vir antes?" Pois Jesus, o messias, já estava aí, já tinha chegado, e Elias ainda não veio. Qual o valor desse ensinamento do retorno de Elias?
Jesus responde: “Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo”. Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista.
Naquela situação de dominação romana que desintegrava o clã e a convivência familiar, o povo esperava que Elias voltasse para reconstruir as comunidades: reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais. Esta era a grande esperança do povo. Hoje, da mesma maneira, o sistema neoliberal do consumismo desintegra as famílias e promove a massificação que destrói a vida comunitária.
Reconstruir e refazer o tecido social e a convivência comunitária das família é perigoso, pois mina pela base o sistema de dominação. Por isso, João Batista foi morto. Ele tinha um projeto de reforma da convivência humana (cf. Lc 3,7-14). Ele realizava a missão de Elias (Lc 1,17). Por isso foi morto.
Jesus continua a mesma missão de João de reconstruir a vida em comunidade. Pois se Deus é Pai, somos todos irmãos e irmãs. Jesus reuniu os dois amores: amor a Deus e amor ao próximo e lhe deu visibilidade na nova maneira de conviver . Por isso, como João foi morto. Por isso, Jesus, o Filho do Homem será morto do mesmo jeito.
4) Para um confronto pessoal
1) Colocando-me na posição dos discípulos: a ideologia do consumismo tem poder sobre mim?
2) Colocando-me na posição de Jesus: tenho força para reagir e criar nova convivência humana?
5) Oração final
Que tua mão proteja teu escolhido, o homem que fortaleceste. De ti não nos separaremos mais, tu nos farás viver e invocaremos o teu nome. (Sl 79, 18-19)
Hino de Santa Luzia
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Hino de Santa Luzia
Divulgação: www.instagram.com/freipetronio
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.
13 de dezembro-2019, Festa de Santa Luzia.
Ó Santa Luzia,
Pedi a Jesus
Que sempre nos dê
Dos olhos a luz.
1-Aplaudamos todos
Com muita alegria
Os feitos heroicos
De Santa Luzia.
2-Siracusa, pátria
De tão grande Santa
Em que floresceu
Tão mimosa planta.
3-Melhor que Lucrécia
Melhor que Suzana
Soube defender-se
Das paixões humanas.
4-Eis a Virgem Sabia
Pura e vigilante
Une a fé as obras
Ama a Deus amante.
5-Odiou o corpo
Pra salvar a alma
E de Virgem Mártir
Traz nas mãos a palma.
6-Morreu e foi Santa
A Igreja o diz
Que Virgem ditosa!
Que Virgem feliz!
7-Desprezou o mundo
Gloria e vã riqueza
Hoje luz na glória
À celeste mesa.
8-Ó Santa Luzia
Vosso nome é luz
Vossa vida exemplo
Que a Jesus conduz.
O Corpo de Santa Luzia: Reportagem do Olhar.
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O Pe. Leonardi Giuseppe, dos Padres Cavanis- Direto de Veneza, Itália- fala sobre Santa Luzia- A Mártir. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 13 de dezembro-2019. www.olharjronalistico.com.br Conheça os Padres Cavanis. Acesse: www.cavanis.org
Jesus gay em especial do Porta dos Fundos atrai a ira não só de cristãos, mas também de muçulmanos
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Em outro programa, de 2018, Cristo era um mau caráter beberrão e hétero, mas não caiu no radar de religiosos
Para o Natal do ano passado, o Porta dos Fundos lançou um especial na Netflix, "Se Beber Não Ceie", em que Jesus era um baita de um mau caráter beberrão —e um bem hétero, aliás, de casinho com Maria Madalena.
O programa não caiu no radar de religiosos. O alvoroço estava guardado para 2019: "A Primeira Tentação de Cristo", o filme preparado para este fim de ano pelo grupo humorístico, despertou uma fúria interreligiosa que pôs na mesma arca de evangélicos a muçulmanos.
A grita evangélica foi a primeira a ecoar. Portais do segmento estamparam manchetes como "não escondem mais seu ódio" (Gospel Mais) e "o vilipêndio à fé com a conivência da Netflix" (Pleno News).
A Igreja Universal do Reino de Deus destacou em seu site um artigo que questiona o média-metragem em que "o Senhor Jesus é retratado como um adolescente indeciso em relação à Sua missão na Terra, que usa drogas, tem um relacionamento homossexual com o diabo e acredita que Deus é seu tio".
Um Deus, ressalta o texto, "arrogante e debochado, que despreza José e tem um romance extraconjugal com Maria, retratada como promíscua e interesseira".
Deputados ligados a bancadas religiosas fustigaram a produção, e um abaixo-assinado no site Charge.org acumulava 1,2 milhão de assinaturas até a tarde de quinta (12). Pede "o impedimento do filme" por "ofender gravemente os cristãos".
O parlamentar Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é batista, deu seu pitaco. "Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população?"
O deputado Marco Feliciano (sem partido-SP) também se mostrou indignado. "Essa questão do Porta dos Fundos já passou do limite do razoável. Qualquer estudante de primeiro ano de direito sabe que nenhum direito é absoluto, nem mesmo a vida. Prova disso é que a Constituição permite a pena de morte em tempos de guerra”, diz à reportagem.
Desde o começo de dezembro no ar, a obra coleciona manifestações de repúdio que não se restringem a evangélicos.
Numa rede social, dom Henrique Soares, à frente da Arquidiocese de Palmares (PE), contou que cancelou sua assinatura no serviço de streaming. “Tinha que desfazê-la! Era o mínimo que poderia fazer! Desfi-la e senti-me feliz, contente, como quem presta uma homenagem a Alguém muito amado!"
Tido em alta conta por fileiras conservadoras do catolicismo brasileiro, o bispo questionou como é que pode, "em pleno tempo de preparação para o Natal do Senhor", a Netflix dar "um bofetão no rosto de todos os cristãos" e "cuspir na nossa cara, zombando da nossa fé".
A Anaji (Associação Nacional dos Juristas Islâmicos), por meio de seu presidente, Girrad Mahmoud Sammour, engrossou a coalizão ecumênica contra Porta dos Fundos/Netflix.
Os juristas muçulmanos, que têm Jesus como profeta, afirmam que a Constituição brasileira "deixa bem claro a proteção e respeito ao Sagrado". Se a Carta garante a liberdade de expressão, impõe a ela um "caráter relativo". Se atropelar o "ordenamento jurídico" e fomentar "aversões ou agressões a grupos religiosos", já era.
Sammour defende que é preciso ser solidário "aos nossos irmãos cristãos", já que "Deus diz no alcorão para nos auxiliarmos na virtude e piedade e não no pecado e hostilidade".
"Todos os cidadãos de bem", portanto, estão convocados a denunciar os vídeos, "independente da religião, pois a liberdade deve ser para todos sem exceção, pois amanhã os injustiçados seremos nós".
"Je Vous Salue, Marie", do francês Jean-Luc Godard, e "A Vida de Brian", do Monty Python, são exemplos de produções que revoltaram cristãos em décadas passadas.
Em outros cantos do mundo, são muçulmanos que costumam protagonizar embates com grupos culturais. De tempos em tempos, ilustrações de Maomé acendem o pavio dessa polêmica.
Para boa parte dessa comunidade religiosa, a representação de seu profeta máximo é uma das maiores ofensas à sua fé, capaz de provocar um ultraje tão grande quanto, digamos, ativistas que introduziram estátuas de Nossa Senhora em suas vaginas num protesto na visita do papa ao Brasil em 2013.
Caso de um jornal dinamarquês que, em 2006, publicou uma série de charges com Maomé —que, numa delas, tem no lugar do turbante uma bomba.
Sátiras assim anabolizam um preconceito generalizado contra a religião, reclamam muçulmanos. Por vezes, bastam para atentados terroristas como o que matou, em 2015, 12 pessoas na redação do Charlie Hebdo, semanário francês conhecido por tirar sarro de políticos e líderes religiosos.
"Eles [cristãos] sentiram na pele o que um muçulmano passa diariamente, de generalização quando uma célula podre faz algo de errado, de desrespeito ao nosso profeta", afirma Sammour à reportagem.
O presidente da Anaji enquadrou a produção como um catalisador de ódio. Por que retratar Jesus como gay seria isso? Ele responde: "Não há nenhuma indicação de que ele tenha sido homossexual, seja na Torá, no Evangelho ou no Corão. Estão criando algo que não existe, colocando as pessoas umas contra as outras".
O desagravo dos juristas islâmicos aos cristãos integra-se às chamadas guerras culturais, uma batalha no campo moral que costuma opor pelotões conservadores que se sentem ameaçados pelo que veem como uma horda progressista desprovida de valores "família".
Serviu não só para dar liga a um front que uniu vários credos. Também deu corda para bicadas internas, como franjas católicas ultraconservadoras que indagaram por que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) demorou tanto para se posicionar.
O Templário de Maria foi um desses grupos. Ao sublinhar o apoio dos muçulmanos, publicou em letras garrafais: "CNBB se mantém calada".
A entidade, por fim, falou. Na quinta (12), horas após ser procurada pela Folha, compartilhou uma nota assinada por seu presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo.
"Quando há desrespeito em produções midiáticas, os meios de comunicação tornam-se violentos, verdadeiras armas que contribuem para ridicularizar e matar os valores mais profundos de um povo", diz. "Não podemos nos deixar conduzir por atitudes de quem, utilizando a inteligência recebida de Deus, agride esse mesmo Deus."
Gregório Duvivier, que encarna Jesus no filme, evoca o britânico Mick Hume, autor de "Direito a Ofender". "Sim, esse conteúdo pode ser ofensivo. Mas ofensa é um critério totalmente subjetivo. Contrariamente à calúnia, o Estado não tem o direito de arbitrar sobre o que é por si só ofensivo porque isso não existe."
Continua Duvivier, que é também colunista da Folha: "O Velho Testamento, pra mim, é super ofensivo. Não pode tocar em mulher menstruada".
O humorista lembra que o próprio Porta é uma feijoada de crenças. "Rafael Portugal [José, no filme] é evangélico. Antonio Tabet [que faz Deus] é espírita. Evelyn Castro [Maria] é católica. Eu, ateu praticante."
O que Duvivier diz que não consegue entender é por que, em 2018, "Jesus era mau caráter e não teve protesto, e neste ano ele é gay e fazem um escândalo".
"Me entristece perceber que, pra muita gente, Jesus ser gay é uma ofensa, quando na verdade é uma característica", afirma
Fábio Porchat, que interpreta o paquera do filho de Deus. "Muita gente diz que Jesus é branco, e ele não era. Característica. Mas estamos evoluindo, e a homofobia já é crime."
Tabet também se manifestou à Folha: "Acredito que meu Deus de amor, onisciente, onipresente e onipotente, tenha prioridades maiores que se ofender com um grupo de comediantes brasileiros. Dito isso, seria previsível que homens oportunistas e vaidosos, que acham que falam em nome de Deus mesmo sem procuração, queiram mobilizar fieis menos esclarecidos em torno de campanhas de boicote ou censura".
"No mais, a Netflix é uma plataforma de streaming. Você escolhe o que quer ver", diz Duvivier. "Isso não faz sentido."
Procurada, a plataforma não quis se pronunciar. Segundo Porchat, remover "A Primeira Tentação de Cristo" do ar, como pedem os opositores religiosos, "não é uma coisa nem que passou pela cabeça do Porta dos Fundos".
A Netflix só confirma que a retirada não está em seus planos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Sexta-feira, 13 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus onipotente, dai ao vosso povo esperar vigilante a chegada do vosso Filho, para que, instruídos pelo próprio Salvador, corramos ao seu encontro como nossas lâmpadas acesas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 16-19)
Naquele tempo disse Jesus: 16 “Com quem vou comparar esta geração? É parecida com crianças sentadas nas praças, gritando umas para as outras: 17 ‘Tocamos flauta para vós, e não dançastes. Entoamos cantos de luto e não chorastes!’ 18 Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Tem um demônio’. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida em virtude de suas obras”.conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
3) Reflexão
Os líderes, os sábios, não gostam quando alguém os critica ou questiona. Isto acontecia no tempo de Jesus e acontece hoje, tanto na sociedade, como na igreja. João Batista veio, criticou, e não foi aceito. Diziam:”tem o demônio!” Jesus veio, criticou e não foi aceito. Diziam: -“Beberão!”. –“Louco!” (Mc 3,21) -“Tem o diabo!” (Mc 3,22) -“É um samaritano!” (Jo 8,48) -“Não é de Deus!” (Jo 9,16). Hoje acontece o mesmo. Há pessoas que se agarram ao que sempre foi ensinado e não aceitam outra maneira de explicar e viver a fé. Logo inventam motivos e pretextos para não aderir: -“É marxismo!” -“É contra a Lei de Deus!” -“É desobediência à tradição e ao magistério!”
Jesus se queixa da falta de coerência do seu povo. Eles inventavam sempre algum pretexto para não aceitar a mensagem de Deus que Jesus lhes trazia. De fato, é relativamente fácil encontrar argumentos e pretextos para refutar os que pensam diferente de nós.
Jesus reage e mostra a incoerência deles. Eles se consideravam sábios, mas não passavam de crianças que querem divertir o povo na praça e que reclamam quando o povo não brinca conforme a música que eles tocam. Os que se diziam sábios não têm nada de realmente sábio. Apenas aceitavam o que combinava com as idéias deles. E assim eles mesmos pela sua atitude incoerente se condenavam a si mesmos.
4) Para um confronto pessoal
1) Até onde sou coerente com a minha fé?
2) Tenho consciência crítica com relação ao sistema social e eclesiástico que, muitas vezes, inventa motivos e pretextos para legitimar a situação e impedir qualquer mudança?
5) Oração final
Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do Senhor encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)
Neopentecostais armados atormentam minorias religiosas brasileiras
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Evangélicos ligados a gangues criminosas vêm atacando membros de minorias religiosas
Terrence McCoy
THE WASHINGTON POST
Ele ouviu batidas fortes na porta. Estranho, pensou o sacerdote –ele não estava esperando ninguém. Marcos Figueiredo foi até a entrada do terreiro e abriu a porta. Armas. Três delas. Todas apontadas para ele.
O “Bonde de Jesus” havia chegado. Eram três membros de uma quadrilha de cristãos evangélicos extremistas que assumiu o controle do bairro pobre de Parque Paulista, em Duque de Caxias.
Primeiro a quadrilha montou barreiras nas ruas para impedir a entrada da polícia e criar um refúgio seguro para o tráfico a uma hora de carro do Rio de Janeiro. Agora, estava atacando qualquer pessoa cuja religião não se alinhasse com a sua. Isso incluía impor o fechamento de templos de religiões de matriz africana, como o terreiro de candomblé de Marcos Figueiredo.
“Ninguém aqui quer saber de macumba”, disse um dos agressores a Figueiredo, segundo o depoimento que ele deu às autoridades. “Você tem uma semana para acabar com isso daqui tudo.”
Eles foram embora dando tiros no ar e deixando Figueiredo com uma escolha impossível: sua fé ou sua vida.
É uma decisão que mais brasileiros estão sendo forçados a tomar. À medida que o cristianismo evangélico reconfigura o mapa espiritual do maior país da América Latina, atraindo dezenas de milhões de fiéis, conquistando poder político e ameaçando a hegemonia histórica da Igreja Católica, seus fiéis mais radicais, em muitos casos filiados a gangues criminosas, vêm atacando com frequência crescente membros de minorias religiosas não cristãs no Brasil.
Sacerdotes foram mortos. Crianças foram apedrejadas. Uma idosa foi gravemente ferida. Provocações e ameaças de morte são comuns. As quadrilhas hasteiam a bandeira de Israel, país visto por alguns evangélicos como necessário para assegurar o retorno de Cristo à terra.
Como a santeria e o vodu, o candomblé tem suas raízes nas crenças trazidas para a América Latina por escravos vindos da África ocidental. E está desaparecendo de comunidades inteiras.
“Alguns deles se dizem ‘traficantes de Jesus’, criando uma identidade singular”, disse Gilbert Stivanello, comandante da unidade de crimes de intolerância da polícia do Rio de Janeiro. “Eles portam armas e vendem drogas, mas se sentem no direito de proibir as religiões de matriz africana, dizendo que estão ligadas ao demônio.”
A violência crescente deixa os evangélicos tradicionais chocados. “Quando vejo esses terreiros, rezo contra eles, porque há uma influência demoníaca em ação ali”, comentou o missionário americano David Bledsoe, que vive no Brasil há duas décadas. “Mas eu condenaria esses atos.”
O Rio de Janeiro, que durante muito tempo abrigou um conjunto diverso de religiões afro-brasileiras, hoje também é o centro do neopentecostalismo brasileiro, uma vertente acirrada do movimento evangélico que é mais frequentemente vinculada à intolerância.
O prefeito do Rio, Marecelo Crivella (Republicanos) é bispo de uma igreja pentecostal. O Rio é a cidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), batizado no rio Jordão e conduzido ao cargo pelo voto pentecostal.
E foi no Rio que nasceu a poderosa Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Macedo, aliado estreito de Bolsonaro e autor de um livro que condena as religiões afro-brasileiras como “diabólicas” e “filosofias usadas por demônios”. O livro chegou a ser proibido por algum tempo por um juiz que o considerou “abusivo e prejudicial”.
Frequentemente defendidas pelos pastores pentecostalistas brasileiros, ideias como essas agora ecoam nas favelas cariocas.
As denúncias de ataques contra adeptos das religiões afro-brasileiras aumentaram de 14 em 2016 para 123 nos dez primeiros meses deste ano no estado do Rio de Janeiro. As autoridades estaduais dizem que essas cifras são inferiores ao número real; muitas vítimas teriam medo de abrir a boca.
Mais de 200 terreiros foram fechados neste ano em função de ameaças, segundo a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), sediada no Rio. É o dobro do número do ano passado. Milhares de pessoas foram privadas de seus locais de culto.
Marcos Figueiredo não tinha dinheiro para se mudar para outro lugar. Não podia fundar uma congregação nova. Tinha que fazer uma opção.
Resistir? Ou fechar seu terreiro? Ele tinha uma semana para decidir.
REVOLUÇÃO ESPIRITUAL
Em uma geração o Brasil passou por uma transformação espiritual como a de poucos outros lugares no planeta. Ainda em 1980, cerca de nove em cada dez brasileiros se identificavam como católicos. Mas essa parcela caiu vertiginosamente, para 50%, e em pouco tempo será superada pela dos evangélicos, que hoje formam um terço da população.
O televangelismo corre solto na TV. A indústria de música evangélica movimenta cerca de US$1 bilhão. Políticos evangélicos puxaram o país para a direita nas questões sociais. E o sistema carcerário, há anos o maior centro de recrutamento das quadrilhas criminosas, virou o campo de uma conversão.
Pesquisas revelam que 81 das cem organizações religiosas que trabalham com questões sociais dentro dos presídios são evangélicas. A IURD diz que despachou um exército de 14 mil fiéis voluntários para converter os detentos.
A professora de sociologia Cristina Vital da Cunha, da Universidade Federal Fluminense, estuda há décadas o evangelismo nas favelas cariocas. Ela disse: “Alguns pastores e denominações fizeram uma aposta estratégica na conversão dos traficantes nos locais privilegiados na hierarquia do crime”.
Jorge Duarte, 63, era sacerdote do terreiro de candomblé mais antigo do Parque Paulista. Ele se recorda de quando o Terceiro Comando Puro tomou o poder, por volta de 2012.
O Terceiro Comando Puro controlava a programação dos terreiros, decretando um toque de recolher, permitindo as celebrações religiosas apenas em dias determinados e limitando o número de fiéis que podiam ir aos terreiros. Carros desconhecidos que entrassem na comunidade eram barrados por homens armados. O uso de roupas brancas, tradicionais no candomblé, foi proibido em público.
Começaram a chegar a Parque Paulista histórias de perseguição religiosa em outras partes da cidade: disseram a uma menina de 11 anos que ela ia arder no inferno e depois lhe deram uma pedrada na cabeça. Uma mulher de 65 anos foi apedrejada. Imagens de seu rosto ferido se espalharam pela televisão em toda a cidade.
Uma sacerdotisa de candomblé foi forçada sob a mira de armas a destruir todos os artefatos em seu terreiro, enquanto bandidos a atormentavam.
“Todo o mal precisa ser desfeito em nome de Jesus!”, disse um homem em um vídeo da agressão. “Sou a favor da honra e glória de Jesus!”, acrescentou outro. “Quebre tudo, porque você é o diabo!”, outro comandou.
Faz dois anos que Carmen Flores foi forçada a destruir seus artefatos –seus vasos de cerâmica e estatuetas de orixás. Mas ela ainda ouve as provocações em sua cabeça.
“Tenho medo de alguém vir para cá e nos massacrar”, disse Flores, 68. “Tenho medo de sair para a rua. Tenho medo de pegar o ônibus. E não sou só eu.”
TERROR RELIGIOSO
Pouco depois da visita que fizeram a Marcos Figueiredo, os homens do Bonde de Jesus foram ao terreiro mais antigo do Parque Paulista. Quatro membros da quadrilha bateram à porta, apontaram uma arma para a sacerdotisa de 86 anos e mandaram que ela destruísse todos os objetos religiosos da casa e ateasse fogo a ela.
“É tortura psicológica”, disse sua neta, Vivian Lessa. “Você tem uma coisa como sagrada e é forçada a quebrar essa coisa, enquanto eles ficam dizendo ‘ninguém vem te salvar’.”
Isso mostrou a Figueiredo tudo o que ele precisava saber. Se a quadrilha estava disposta a fazer isso com uma senhora de 86 anos, o que não faria com ele? Ele não resistiria. Fecharia o terreiro.
Em agosto, a polícia anunciou a prisão do Bonde de Jesus, formado por oito membros do Terceiro Comando Puro. Segundo as autoridades, no prazo de algumas semanas seus integrantes haviam destruído ou forçado o fechamento de um terreiro depois de outro. Um dos homens era o líder do Terceiro Comando no Parque Paulista. Além de suas responsabilidades na quadrilha, trabalhava como pastor evangélico.
Figueiredo viu os relatos da imprensa mas não viu os rostos de seus agressores entre os detidos. Eles ainda estavam lá fora e retornariam. E quando o fizessem, como ele poderia confiar que outros moradores o ajudassem, sendo que não haviam ajudado antes? Como poderia confiar que o governo ajudaria, quando tantos políticos são evangélicos?
Seria mais seguro fechar o terreiro. Em pouco tempo, todos os terreiros que ele conhecia no Parque Paulista tinham desaparecido.
“Este daqui fechou”, disse Figueiredo, percorrendo o bairro de carro e apontando para uma casa abandonada.
“Fechado, também”, falou, vendo outra. “Lá na frente havia outro terreiro, mas fechou as portas.”
Olhando para o bairro, onde sua religião foi proibida, Figueiredo enxergou o futuro.
“A teocracia”, disse.
Com reportagem de Heloísa Traiano
Tradução de Clara Allain
O OLHAR NO MÉXICO: Nossa Senhora de Guadalupe-01
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12 DE DEZEMBRO, NOSSA SENHORA DE GUADALUPE: Nota: Nossa Senhora de Guadalupe ou Virgem de Guadalupe é a denominação de uma aparição mariana da Igreja Católica de origem mexicana, cuja imagem tem como seu principal local de culto a Basílica de Guadalupe, localizada no sopé do monte Tepeyac, ao norte da Cidade do México. Fonte: https://pt.wikipedia.org Divulgação: www.instagram.com/freipetronio
Celam: 12 de dezembro, Dia Continental de Oração pela Paz
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O objetivo é unir-se em oração com a intenção comum para todos os países da América Latina e Caribe: obter a paz.
Cidade do Vaticano
O Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) convida as Conferências episcopais, as organizações eclesiais, comunidades religiosas, movimentos apostólicos e o Povo de Deus, em geral, a se unirem ao Dia Continental de Oração pela Paz pelos povos da América Latina e Caribe, no dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe. O organismo eclesial confia as dores e alegrias dos povos da América Latina e Caribe à intercessão materna de Maria.
O objetivo é unir-se em oração com a intenção comum para todos os países da América Latina e Caribe: obter a paz. “Convidamos vocês a organizar com suas comunidades paroquiais, movimentos apostólicos, Conferências episcopais, famílias e amigos, um momento de oração, rezando o Terço, participando de uma liturgia da Palavra ou da Eucaristia ou dedicando um tempo durante o dia para rezar por essa intenção ”, destaca o Celam numa nota.
Fluxo público de comunicação nas redes sociais
O Celam pede também para que seja criado um fluxo público de comunicação sobre o que acontecerá durante o Dia Continental de Oração pela Paz, através das redes sociais, usando a hashtag #AméricaLatinaRezaPorLaPaz.
“Conte-nos de onde vocês se unirão para rezar pela paz no continente, como celebrarão a festa da Virgem de Guadalupe em seu países. Recordamos que a mensagem da Virgem de Guadalupe é a da harmonia entre todos os povos numa única civilização de amor e dedicação a Deus.”
No evento de Guadalupe, “Maria aperfeiçoa a inculturação do Evangelho. Ela é o nosso modelo de discípula e missionária a quem confiamos o destino de nossos povos”, conclui a nota do Celam. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 11 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, que nos mandais preparar o caminho do Cristo Senhor, fazei que, confortados pela presença do divino médico, nenhuma fraqueza possa abater-nos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 28-30)
Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30Porque meu jugo é suave e meu peso é leve. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Certos textos dos Evangelhos só revelam todo o seu sentido quando colocados diante do pano de fundo do Antigo Testamento. Assim é este texto tão breve e tão bonito do evangelho de hoje. Nele ressoam dois temas muito amados e lembrados do Antigo Testamento, um de Isaías e outro dos livros chamados sapienciais.
Isaías fala do Messias-Servo e o apresenta como um discípulo que está sempre em busca de uma palavra de conforto para poder animar os desanimados: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado. Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos”. (Is 50,4) E o Messias servo faz um convite: “Vocês que estão com sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro: comprem e comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar” (Is 55,1). Estes textos povoavam a memória do povo. Eram como os cânticos da nossa infância. Quando a gente os escuta dá uma nostalgia, uma saudade! Assim, a palavra de Jesus: “Venham a mim!” despertava a memória e trazia para perto o eco longínquo daqueles textos bonitos de Isaías.
Os livros sapienciais apresentam a sabedoria divina sob a figura de uma mulher, uma mãe, que transmite aos filhos a sua sabedoria e lhes diz: "Comprem a sabedoria sem dinheiro. Coloquem o pescoço debaixo do seu jugo e acolham a sua instrução. A sabedoria está próxima, e pode ser encontrada. Vejam com seus próprios olhos como trabalhei pouco, e acabei encontrando profundo repouso”.(Eclo 51,25-27). Jesus repete quase a mesma frase: “Vocês encontrarão repouso!”
Por esta sua maneira de falar ao povo, Jesus despertava a memória do povo e fazia com que o coração se alegrasse e dissesse: “Chegou o messias que tanto esperamos!” Jesus transformava a saudade em esperança. Fazia o povo dar um passo. Em vez de agarrar-se à imagem de um messias glorioso, rei e dominador, ensinadas pelos escribas, o povo mudava de visão e aceitava Jesus como o messias servidor. Messias humilde e manso, acolhedor e cheio de ternura, que fazia os pobres se sentirem em casa junto de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) A lei de Deus é para mim um jugo leve que me anima, ou é um peso que me cansa?
2) Já senti alguma vez a alegria e a leveza do jugo da lei de Deus que Jesus nos revelou?:
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
Padres decaídos: devemos ouvir suas histórias?
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Em setembro, ao falar sobre o escândalo dos abusos sexuais na Igreja em um congresso sobre “Imaginação Católica” na Loyola University, em Chicago, nos EUA, o ensaísta Richard Rodriguez disse uma coisa muito corajosa. O comentário é de Paul Baumann, publicado por Commonweal, 04-12-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“O que sabemos sobre esses padres? Não sabemos nada sobre o fardo desses padres decaídos”, disse Rodriguez, de acordo com reportagens do National Catholic Reporter. “Não conhecemos as suas histórias. O que eles pensavam que estavam fazendo? Não temos nenhuma ideia de quem eles eram ou do que sofriam. A nossa imaginação ficou inerte.”
Evidentemente, os comentários de Rodriguez foram motivados, em certa medida, pela morte em 2016 do seu amigo, o teólogo da Notre Dame Virgilio Elizondo. Elizondo havia sido acusado de abusar de um menor e parece ter cometido suicídio. Ele negava as acusações.
Rodriguez foi criticado por alguns por mostrar preocupação e até mesmo simpatia pelos padres que a maioria das pessoas consideram como monstros que não merecem nada além de condenação e esquecimento social.
Tais padres e os bispos que ocultaram seus crimes continuam sendo a peça-chave no caso contra uma instituição corrupta, desesperadamente patriarcal e arrogante. Quem, afinal, quer ser visto expressando interesse por tais pessoas, sem falar em lhes oferecer conforto? Isso simplesmente não traumatiza as vítimas de novo?
Os desejos, o bem-estar e a confidencialidade das vítimas precisam ser postos em primeiro lugar. Mas isso significa que não temos nada a aprender com os padres agressores sobre as causas e as consequências da crise? As críticas de Rodriguez me parecem equivocadas. Foi preciso muita coragem para Jason Berry irromper com a história dos abusos sexuais na Louisiana em 1985.
Desde cedo, Thomas Doyle, OP, mostrou a mesma destemida determinação ao exigir que a hierarquia parasse de fechar os olhos às vítimas e à crise. Em 2002, o Boston Globe assumiu riscos ao expor o grotesco fracasso do cardeal Bernard Law e da Arquidiocese de Boston.
Mas, nesta altura do campeonato, simplesmente condenar a Igreja é fácil demais, especialmente à luz dos passos bem documentados que a Igreja deu para proteger as crianças.
Rodriguez levanta um ponto importante. É possível entender o abuso sexual se as histórias dos padres abusadores forem consideradas intocáveis e irrelevantes? Tal ignorância nos ajudará a evitar abusos futuros? Os jornalistas não têm a obrigação de buscar tais histórias, por mais não palatáveis que sejam?
O que Rodriguez parece estar exigindo em um nível de imaginação não é nada diferente do que Truman Capote realizou ao escrever “A sangue frio”. A fim de dar um sentido aos assassinatos brutais e aparentemente sem motivação da família Clutter, Capote teve que mostrar quem eram os assassinos.
Ele não diminuiu a culpa deles ou o horror do crime; ele retratou uma imagem mais ampla e profunda da trágica colisão entre dois lados diferentes da vida americana dos anos 1950, cada um deles em grande parte e tragicamente ignorante um do outro.
Andrew O’Hagan faz algo semelhante em “Be Near Me”, um romance sobre um padre que viola as fronteiras sexuais com um adolescente. O’Hagan complexifica, mas não absolve as ações de seu protagonista. Como Hilary Mantel escreveu em sua resenha no The Guardian, “Be Near Me” é “um tratamento nuançado, intenso e complexo de uma história triste e simples. Leia-o duas vezes”.
No início deste ano, eu recebi um e-mail de um padre que há muito tempo foi confinado ao ministério restrito por ter abusado sexualmente de um menor. Ele e alguns colegas padres têm tentado lançar um projeto que complexificaria aquilo que ele chama de “narrativa dominante” sobre a história do abuso clerical.
Eu disse a ele que, no clima atual, ele não teria muita sorte nesse ponto. Alguns aspectos do que ele estava propondo pareciam moralmente evasivos – por exemplo, descrever a pedofilia como um “problema de saúde pública”.
Mas ele está certo ao insistir em que as ações dos padres católicos não podem ser entendidas sem se levar em conta o problema social muito maior do abuso sexual.
Nenhuma instituição que lida com adolescentes e crianças está imune, e há poucas evidências de que a Igreja Católica seja pior do que outras organizações nesse sentido. Infelizmente, também não há evidências de que seja melhor.
A proposta do meu correspondente de e-mail se baseava nos relatórios muitas vezes negligenciados do instituto John Jay, encomendados pelos bispos. “O que os relatórios nos dizem sobre os estados psicológicos dos clérigos agressores, da sua formação no seminário, do seu entendimento sobre as suas ofensas e das causas contextuais das suas agressões?”, escreve ele. “As agressões resultaram mais de ignorância e fraqueza ou de poder e arrogância clericais? O que precisamos aprender ouvindo os próprios agressores?”
A pesquisa sobre os danos causados às vítimas, observa ele, só começou no fim dos anos 1970. A maioria dos agressores entendeu o dano que estavam causando? Parafraseando os relatórios do John Jay, ele escreve: “Os clérigos abusivos eram, de várias maneiras, eles mesmos, adolescentes, e a maioria das suas agressões consistia em esforços desastrosos de intimidade”.
A maioria dos agressores não eram predadores em série: mais da metade deles foram acusados de ter uma vítima.
Como Peter Steinfels escreveu, os relatórios do John Jay levantam sérias interrogações sobre aquilo que meu correspondente chamou de “narrativa dominante”, que classifica o agressor típico como um estuprador em série que agiu por poder e arrogância.
Eu tenho algum conhecimento pessoal de dois padres acusados de abuso sexual. Um deles era meu amigo de pós-graduação.
Acusado, ele prontamente confessou ter abusado de um adolescente e acabou sendo laicizado. O que ele achou que estava fazendo? As minhas poucas tentativas de contatá-lo nos últimos 17 anos foram inúteis.
Embora ele estivesse na casa dos 20 anos quando o abuso ocorreu, minha sensação é de que, de muitas maneiras, ele mesmo era um adolescente, psicologicamente imaturo e sexualmente confuso.
Parece possível que ele tenha agido por fraqueza, ignorância e afeto deslocado. Mas isso é especulação da minha parte. Seria útil ouvir a história dele.
O outro caso diz respeito a um padre já falecido, que provavelmente era motivado por poder e arrogância. Mas eu não tenho certeza disso.
Como Richard Rodriguez urge, seria bom saber mais sobre ambas as histórias, contanto, é claro, que a privacidade das vítimas seja protegida. Se permitirmos que a repulsa nos impeça de ouvir tais histórias, não estaremos protegendo ninguém além de nós mesmos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Grupos religiosos fazem campanha contra especial de Natal do Porta dos Fundos
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Fábio Zanini
Entre as tradições de fim de ano, ao lado do show do Roberto Carlos e daquela música da Simone, uma tem ganhado força: a ira de grupos religiosos, sobretudo evangélicos, com o Porta dos Fundos.
Os protestos de 2019 têm como mote o especial de Natal que o grupo colocou no ar na semana passada na plataforma Netflix, chamado A Primeira Tentação de Cristo.
É um programa de 46 minutos, em vez dos esquetes curtos pelos quais o Porta é mais conhecido.
Resumindo para quem não viu (e sem dar spoiler), o enredo satiriza uma das passagens mais importantes da vida de Jesus, quando ele, já perto dos 30 anos, jejua por 40 dias no deserto, após ser batizado.
Nesse período, é tentado pelo Diabo, mas resiste às investidas. De volta do retiro, dá início às suas pregações e milagres, até ser crucificado, três anos depois.
Na versão do Porta, Jesus (Gregório Duvivier) traz um amigo meio esquisitão (Fábio Porchat) para casa, ao retornar do deserto, bem na noite de Natal.
O filho de Deus vive um romance gay, em outras palavras, para espanto de José, Maria, reis magos e até de Deus.
A saraivada contra a sátira começou quase que imediatamente.
A Coalizão pelo Evangelho, grupo que reúne representantes de dezenas de igrejas pelo Brasil, iniciou uma campanha pelo cancelamento da assinatura da Netflix.
“Manter-me na qualidade de um patrocinador de produções cinematográficas que zombam e vilipendiam o Senhor é o mesmo que esbofeteá-lo, cuspir nele, bater em sua cabeça para lhe enterrar os espinhos da coroa”, escreveu o pastor Joel Theodoro, da Igreja Presbiteriana do Bairro Imperial, no Rio de Janeiro.
Pastor da Igreja Trindade, em São José dos Campos (SP), Thiago Guerra formulou um decálogo sobre qual deveria ser a relação de cristãos com o episódio do Porta veiculado pela Netflix.
“Todo cristão tem a responsabilidade de ser ‘sal’ nesse mundo, ou seja, evitar a putrefação constante de nossa sociedade. Portanto o engajamento cultural do cristão é uma obrigação”, afirma ele, ao explicar por que defende o boicote à plataforma de vídeos como resposta.
Outro a protestar contra a produção foi o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP), um dos expoentes da bancada evangélica, que escreveu, numa rede social: “Está na hora de uma ação conjunta das igrejas e pessoas de bem para dar um basta nisso. Unidos somos fortes!”.
Já o ator Carlos Vereza, conhecido por suas posições de direita, chamou os integrantes do Porta dos Fundos de “lamentáveis”, “idiotas pretensiosos” e daí pra baixo.
No passado, já houve críticas de conservadores ao Porta dos Fundos, em ocasiões em que satirizaram a religião. Eles estão acostumados, portanto.
O especial de Natal de 2018, por exemplo, ironizava a Santa Ceia, e acabou de ser agraciado com o prêmio Emmy Internacional.
O grupo também já sofreu críticas de outras formas. Foram processados pelo Botafogo (sim, o time) por um esquete, mas ganharam a ação judicial.
*
Procurei Antônio Tabet, um dos integrantes do Porta do Fundos, que interpreta Deus no filme.
Ele enviou mensagem, em que considera a ação contra o especial um gesto oportunista.
Segue a íntegra da resposta de Tabet:
“Acredito que meu Deus de amor, onisciente, onipresente e onipotente, tenha prioridades maiores do que se ofender com um especial de humor de um grupo de comediantes brasileiros no Netflix. Dito isso, seria previsível que homens oportunistas e vaidosos, que acham que falam em nome de Deus mesmo sem procuração, queiram mobilizar fiéis menos esclarecidos em torno de campanhas de boicote ou censura.
Há sempre a opção de quem não gostar do conteúdo de não assisti-lo. Eu mesmo não sou ateu, acredito em Deus e não frequento cultos ou missas porque não concordo com o que é dito sobre Ele lá, e nem por isso defendo que templos ou igrejas sejam fechados.
Campanhas assim seriam apenas lamentáveis se não fossem também uma publicidade gigante entre quem defende a liberdade de expressão e conhece o verdadeiro caráter dos líderes religiosos que atuam na base da senha do cartão dos crentes. Estes sim desrespeitam meu Deus”.
Procurei a assessoria do Netflix para comentar a campanha de cancelamento de assinaturas, mas não consegui contato com eles.
PS: como lembrou um colega, o grupo brasileiro está seguindo uma longa tradição ao satirizar a religião cristã. Quem não se lembra de “A Vida de Brian”, dos britânicos do Monty Pithon, e sua memorável cena final da crucificação?
Terça-feira, 10 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que manifestastes o vosso Salvador até os confins da terra, dai-nos esperar com alegria a glória do seu natal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,12-14)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:12Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou? 13E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. 14Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Uma parábola não é um ensinamento a ser recebido passivamente e a ser decorado de memória, mas é um convite para participar na descoberta da verdade. Jesus começa perguntando: “O que vocês acham?” Uma parábola é uma pergunta com resposta não definida. A resposta vai depender da nossa reação e participação como ouvintes. Então, vamos buscar a resposta desta parábola da ovelha perdida.
Jesus conta uma história muito breve e muito simples: um pastor tem 100 ovelhas, perde uma, deixa as 99 nas montanhas e vai em busca da ovelha perdida. E Jesus pergunta: “O que vocês acham?” Ou seja: “Vocês fariam o mesmo?” Qual terá sido a resposta dos pastores e das outras pessoas que ouviram Jesus contar esta história? Fariam a mesma coisa? Qual a minha resposta à pergunta de Jesus? Pense bem antes de responder.
Se você tivesse 100 ovelhas e perdesse uma, o que faria? Não esqueça de que as montanhas são lugares de difícil acesso, cheios precipícios, onde rondam animais perigosos e onde ladrões e assaltantes se escondem. E lembre-se que você perdeu apenas uma única ovelha. Você continua na posse de 99 ovelhas. Perdeu pouco! Você iria abandonar as 99 naquelas montanhas? Será que uma pessoa com um pouco de bom senso faria o que fez o pastor da parábola de Jesus? Pense bem!
Os pastores que escutaram a história de Jesus, devem ter pensado e comentado: “Só um pastor sem juízo age desse jeito!” Eles devem ter perguntado a Jesus: “Jesus, desculpe, mas quem é esse pastor de que o senhor está falando? Fazer o que ele fez é uma loucura total!”
Jesus responde: “Esse pastor é Deus, nosso Pai, e a ovelha perdida é você!” Com outras palavras, esta loucura, quem a comete é Deus por causa do seu grande amor para com os pequenos, os pobres, os excluídos! Só mesmo um amor muito grande é capaz de cometer uma loucura assim. O amor com que Deus nos ama é maior que a prudência e o bom senso humano. O amor de Deus comete loucuras. Graças a Deus! Senão fosse assim, estaríamos perdidos!
4) Para um confronto pessoal
1) Coloque-se na pele da ovelha perdida e anime a sua fé e sua esperança. Você é essa ovelha!
2) Coloque-se na pele do pastor e verifique se o seu amor para com os pequenos é verdadeiro.
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sl 95, 1-2)
Segunda-feira, 9 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Cheguem à vossa presença, ó Deus, as nossas orações suplicantes, e possamos celebrar de coração puro o grande mistério da encarnação do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Luca 5, 17-26)
17 Num desses dias, ele estava ensinando na presença de fariseus e mestres da Lei, que tinham vindo de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. O poder do Senhor estava nele para fazer curas. 18 Vieram alguns homens carregando um paralítico sobre uma maca. Eles tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante dele. 19 Como não encontras- sem um modo de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao telhado e, pelas telhas, desceram o paralítico, com a maca, no meio, diante de Jesus. 20 Vendo a fé que tinham, ele disse: “Homem, teus pecados são perdoados”. 21 Os escribas e os fariseus começaram a pensar: “Quem é este que fala blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?” 22 Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou: “Que estais pensando no vosso íntimo? 23 Que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda?’ 24 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra, – e dirigiu-se ao paralítico – eu te digo: levanta-te, pega tua maca e vai para casa”. 25 No mesmo instante, levantando-se diante de todos, pegou a maca e foi para casa, glorificando a Deus. 26 Todos ficaram admirados e glorificavam Deus, cheios de temor, dizendo: “Vimos hoje coisas maravilhosas”.
3) Reflexão
Sentado, Jesus ensinava. O povo gostava de ouvi-lo. Qual era o assunto do ensino de Jesus? Ele sempre falava de Deus, seu Pai, mas dele falava de um jeito novo e atraente, diferente dos escribas e fariseus (Mc 1,22.27). Jesus apresentava Deus como a grande Boa Notícia para a vida humana; um Deus Pai/Mãe que ama e acolhe as pessoas, e não um Deus que nos ameaça e condena.
Um paralítico é carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança deles. Vendo a fé, ele diz ao paralítico: Teus pecados estão perdoados! Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos (paralisia, etc) fossem castigo de Deus por algum pecado. Por isso, os paralíticos e tantos outros deficientes físicos sentiam-se rejeitados e excluídos por Deus! Jesus ensinava o contrário. A fé tão grande do paralítico era um sinal evidente de que ele e seus carregadores estavam sendo acolhidos por Deus. Por isso, Jesus declara: Teus pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!”
A afirmação de Jesus não combinava com a ideia que os doutores da lei tinham de Deus. Por isso, eles reagem: Ele blasfema! Conforme o ensinamento deles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar uma pessoa perdoada e purificada. Como é que Jesus, homem sem estudo, um leigo, podia declarar o paralítico como perdoado e purificado dos pecados? Pois, se um simples leigo podia perdoar os pecados, os doutores e os sacerdotes perderiam o seu poder e também a sua fonte de renda! Por isso reagem e se defendem.
Jesus justifica a sua ação: O que é mais fácil. dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda!’? Evidentemente, é muito mais fácil dizer: “Teus pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se, de fato, o pecado foi ou não foi perdoado. Mas se eu digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos poderão verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que, em nome de Deus, tinha o poder de perdoar os pecados, Jesus disse ao paralítico: ”Levanta-te, toma teu leito e vá para casa!” Curou o homem! Provou que a paralisia não é um castigo de Deus pelo pecado, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
4) Para um confronto pessoal
1-Colocando-me na posição dos carregadores: será que eu seria capaz de carregar o doente, subir no telhado e fazer o que os quatro fizeram? Será que eu tenho tanta fé?
2-Qual a imagem de Deus que está em mim e que se irradia nos outros? A dos doutores ou a de Jesus? Deus compassivo ou ameaçador?
5) Oração final
Vem, Senhor, visitar-nos com a tua paz: a tua presença nos enche de alegria. (cf. Sl 106, 4-5; Is 38, 3)
2º Domingo do Advento- Festa da Imaculada Conceição: A alegria possível
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A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38, que corresponde à Solenidade da Imaculada Conceição, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
A primeira palavra de Deus aos Seus filhos, quando o Salvador se aproxima do mundo, é um convite à alegria. É o que escuta Maria: «Alegrai-vos».
Jürgen Moltmann, o grande teólogo da esperança, expressou-o assim: «A palavra última e primeira da grande libertação que vem de Deus não é ódio, mas alegria; não é condenação, mas absolvição”. Cristo nasceu da alegria de Deus e morre e ressuscita para levar a sua alegria a este mundo contraditório e absurdo.
No entanto, a alegria não é fácil. A ninguém se pode forçar a estar alegre; não se pode impor a alegria desde fora. O verdadeiro gozo deve nascer do mais fundo de nós mesmos. Caso contrário, será riso exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a alegria ficará fora, à porta do nosso coração.
A alegria é um presente bonito, mas também vulnerável. Um dom que devemos cuidar com humildade e generosidade no fundo da alma. O romancista alemão Hermann Hesse diz que os rostos atormentados, nervosos e tristes de tantos homens e mulheres se devem a que «a felicidade só pode ser sentida pela alma, não pela razão, nem pela barriga, nem pela cabeça, nem pela bolsa».
Mas há algo mais. Como se pode ser feliz quando há tanto sofrimento na Terra? Como se pode rir quando ainda não estão secas todas as lágrimas e brotam diariamente outras novas? Como aproveitar quando dois terços da humanidade estão afundados na fome, miséria ou guerra?
A alegria de Maria é a alegria de uma mulher crente que se alegra em Deus, Salvador, o que eleva os humilhados e dispersa os soberbos, o que colma de bens os famintos e dispensa o rico vazio. A alegria verdadeira só é possível no coração do que anseia e busca justiça, liberdade e fraternidade para todos. Maria alegra-se em Deus, porque vem consumar a esperança dos abandonados.
Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta para torná-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por fazer felizes os outros. Só pode celebrar o Natal quem procura sinceramente o nascimento de um novo homem entre nós. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Em Maria, descobrimos que todos somos imaculados(as)
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“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,28)
A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, padre jesuíta, comentando o evangelho da Solenidade do Imaculada Conceição de Nossa Senhora - Ciclo A (08/12/2019) que corresponde ao texto bíblico de Lucas 1,26-38.
Celebramos neste domingo a festa de Maria Imaculada. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, no dia 08 de dezembro de 1854. Nele se afirma que Maria, à diferença dos demais seres humanos, não se viu alcançada pelo “pecado original”, sendo “imaculada” (“sem mancha”) desde o momento de sua concepção.
Mas, falar de Maria como Imaculada tem um sentido muito mais profundo que a afirmação dogmática de “ser preservada da mancha original”. Falar da Imaculada é tomar consciência de que, em um ser humano (Maria), descobrimos algo, no mais profundo de seu ser, que foi sempre limpo, puro, sem mancha alguma, imaculado. O verdadeiramente importante é que, se esse núcleo imaculado está presente em um ser humano (Maria), então podemos ter a garantia de que está presente em todos os seres humanos.
O próprio S. Paulo afirma que “em Cristo Jesus, Deus nos elegeu, antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados, diante dele, no amor”. (Ef 1,4). Essa eleição é para todos, sem exceção. Não é uma possibilidade, mas a realidade que nos faz ser. Descobri-la e vivê-la, sim, depende de nós.
Essa dimensão de nosso ser que nada nem ninguém pode manchar, é nosso autêntico ser. É o tesouro escondido, a pérola preciosa.
Ao longo dos séculos, temos colocado sobre a figura de Maria uma infinidade de adornos que levaremos muito tempo para tirar e voltar à sua simplicidade e pureza originais. Maria não necessita adornos.
A festa de Maria Imaculada nos revela a presença do divino nela e em nós. Nela descobrimos as maravilhas de Deus. O núcleo íntimo de Maria é imaculado, incontaminado, porque é o que há de Deus nela. Maria é grande porque descobriu e viveu o divino que fez nela sua morada. Não são os mantos luxuosos e os adornos colocados sobre ela, através dos séculos, que a faz grande, mas o fato de ter descoberto seu ser fundado em Deus e ter expandido sua feminilidade a partir desta realidade.
O que devemos admirar em Maria é o fato de ter vivido essa realidade e ter deixado transparecer o divino através de todos os poros de seu ser humano. Ela deixa passar a luz que há em seu interior, sem diminui-la nem filtrá-la. Quando se diz que Maria é Imaculada, quer-se dizer que é no silêncio do corpo, no silêncio do coração, do silêncio do Espírito que o Verbo pode ser gerado.
Como foi possível que Maria alcançasse essa plenitude? Aqui está o verdadeiro sentido do dogma da Imaculada. Ela foi o que foi porque descobriu e viveu essa realidade de Deus nela. Tudo o que tem de exemplaridade para nós devemos a ela, não porque Deus lhe tenha cumulado de privilégios. Ela é referência inspiradora para todos nós porque podemos seguir sua trajetória e podemos descobrir e viver o que ela descobriu e viveu. Se continuamos considerando Maria como uma privilegiada, continuaremos pensando que ela foi o que foi graças a algo que nós não temos; portanto, toda tentativa de imitá-la seria em vão.
Dentro de cada um de nós, constituindo o núcleo de nosso ser, existe uma realidade transcendente, que não pode ser contaminada. O divino que há em nós, permanecerá sempre puro e limpo. Maria ativou esta dimensão de seu ser até empapar tudo o que ela era, “alma e corpo”. O que celebramos é sua plenitude de vida, aberta e expansiva, e não um privilégio que a livrou de uma “mancha”.
Podemos dizer que Maria é imaculada, porque viveu essa realidade de Deus nela. Ela é Imaculada para todos, por todos e em todos; em outras palavras, em Maria somos todos imaculados(as); somos imaculados(as) em nosso verdadeiro ser. O dogma da Imaculada Conceição fala de todos nós: isso é o que realmente somos. Em nossa verdadeira identidade, somos imaculados, limpos, inocentes...
Falamos demais sobre o “pecado original” e muito pouco sobre a “beatitude original”. Existe em nós uma realidade mais profunda que a nossa resistência, um sim mais profundo que todos os nossos “nãos”, uma inocência original que todos os nossos medos e feridas... É preciso encontrar a confiança original.
Maria é o estado de confiança original. Assim, os Antigos Padres da Igreja viam nela o modelo da beatitude original, a mulher da pura confiança, do sim original Àquele que É.
Maria é a nossa verdadeira natureza, é a nossa verdadeira inocência original, aberta à presença do divino.
A partir desta perspectiva, Maria nos está recordando que, graças a pessoas parecidas com ela, ou seja, pessoas que se esvaziaram de seu próprio “ego”, é que foram capazes de entrar em sintonia com a Vontade de Deus; é ali, somente ali, no espaço interior, livre de todo resquício de auto-centramento, que Deus pode entrar, continua e continuará entrando em nosso mundo, para trazer sua Boa Nova, traduzida em tantas e tantas realidades concretas.
A afirmação de que ela tenha sido “concebida sem pecado original” corre o risco de situá-la muito distante de nós. Pelo contrário, se a veneramos e nela nos inspiramos para viver o seguimento do seu Filho Jesus é porque a encontramos muito próxima de nossa vida. A vida que temos vivido até agora e a que continuamos vivendo: cheia de luzes e sombras, de esperanças e de desencantos.
Maria é grande por sua simplicidade, porque aceita ser serva, em sintonia com Deus. Maria não é uma extra-terrestre, mas uma pessoa humana exatamente igual a cada um de nós. O extra-ordinário nela foi sua fidelidade e disponibilidade, sua capacidade de entrega. Toda a grandeza de Maria está contida em uma só palavra: “fiat”. Maria não pôs nenhum obstáculo para que o divino que havia nela se expandisse totalmente; por isso, chegou à plenitude do humano. Devemos nos alegrar que um ser humano possa nos ensinar o caminho da plenitude, do divino.
Nesse sentido, Maria é a referência para todos nós porque a vemos como a pessoa que foi crescendo dia-a-dia, sempre aberta ao projeto de Deus. Esvaziando-se de si mesma, renunciando à sua vontade, para que Deus, o Todo-poderoso, como ela mesma cantará no Magnificat, entrasse em nossa história, encarnado na pessoa de Jesus. Um Deus “todo-Poderoso” que não usou seu poder para atuar de maneira impositiva, mas, em Maria “realizou maravilhas” para que, através dela, seu amor e sua misericórdia se fizessem visíveis a toda a humanidade. “Seu amor se estende de geração em geração...”, proclamará também no Magnificat.
Inspirados em Maria, é preciso encontrar, em nós mesmos, este lugar por onde entra a vida, este lugar por onde entra o divino, este lugar por onde entra o amor. É uma experiência de silêncio, uma experiência de vazio, alguma coisa de mais profundo do que aquilo que se chama o “pecado original”.
É assim que se fala de Imaculada conceição. O Verbo é concebido no que há de mais imaculado em nós, no que há de mais completamente silencioso. Isto supõe que haja no corpo humano um lugar onde não existe memória doentia nem a presença do “ego cheio de si”, mas do eu esvaziado, de onde nasce a vida.
É preciso entrar num estado de silêncio, de vazio de si mesmo, de total receptividade, para que o Verbo possa ser gerado em nós. “Assim novamente encarnado”, nos diz Santo Inácio de Loyola.
Para meditar na oração:
No relato da Anunciação, descreve-se um itinerário de iniciação espiritual. É preciso, antes de mais nada, entrar neste estado de escuta, neste estado de confiança, neste sim, pacificar nossas memórias e, então, não ter medo da visita do anjo e da alegria que ele pode trazer.
Mas também não ter medo da perturbação que pode surgir. Tal perturbação é que nos faz descer ao chão de nossa vida, vai nos conduzir até a sombra, até o mais profundo de nosso eu interior, até a profundeza da nossa humanidade. E é ali que que vai brotar o nosso “sim” original; é ali que vai nascer o divino que nos conduzirá à plenitude de vida.
- Fazer memória das experiências de “anunciação” em sua vida: o que mudou? Que movimentos vitais surgiram? Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Sábado, 7 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que enviastes a este mundo o vosso Unigênito para libertar da antiga escravidão o gênero humano, concedei aos que esperam vossa misericórdia chegar à verdadeira liberdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 9, 35-38; 10, 1.6-8)
Naquele tempo, 35Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade. 37Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos. 38Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe. 1Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade. 6ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel. 7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje consta de duas partes: (1) Um breve resumo da atividade apostólica de Jesus (Mt 9,35-38) e (2) o início do “Sermão da Missão” (Mt 10,1.5-8). O evangelho da liturgia de hoje omite os nomes dos apóstolos que constam no evangelho de Mateus (Mt 10,2-4).
Mateus 9,35: Resumo da atividade missionária de Jesus
“Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Em poucas palavras Mateus descreve os pontos centrais da atividade missionária de Jesus: (1) Percorrer todas as cidades e povoados. Jesus não espera até que o povo venha até ele, mas ele mesmo vai em busca do povo percorrendo todas as cidades e povoados. (2) Ensinar nas sinagogas, isto é, nas comunidades. Jesus vai lá onde o povo está reunido ao redor da sua fé em Deus. É lá que ele anuncia a Boa Nova do Reino, isto é, a Boa Nova de Deus. Jesus não ensina doutrinas como se a Boa Nova fosse um novo catecismo, mas em tudo que diz e faz ele deixa transparecer algo da grande Boa Nova que o anima por dentro, a saber, Deus, o Reino de Deus. (3) Curar todo tipo de doença e enfermidade. O que mais marcava a vida do povo pobre era a doença, todo tipo de doença, e o que mais marca a atividade de Jesus, é consolar o povo, aliviar sua dor.
Mateus 9,36: Compaixão de Jesus frente à situação do povo
“Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. Jesus acolhe as pessoas do jeito que elas se encontram diante dele: doentes, abatidas, cansadas. Ele se comporta como o Servo de Isaías, cuja mensagem central consistia em “consolar o povo” (cf. Is 40,1). A atitude de Jesus para com o povo era como a atitude do Servo, cuja missão era definida assim: “Ele não grita, nem levanta a voz, não solta berros pelas ruas, não quebra a planta machucada, nem apaga o pavio de vela que ainda solta um pouco de fumaça” (Is 42,2-3). Como o Servo, Jesus se comove diante da situação sofrida do seu povo “cansado e abatido, como ovelhas sem pastor”. Ele começa a ser Pastor identificando-se com o Servo que dizia: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado” (Is 49,4ª). Como o Servo, Jesus se faz discípulo do Pai e do povo e diz: “Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos” (Is 49,4b). É do contato com o Pai que Jesus colhe a palavra de consolação a ser comunicada aos pobres.
Mateus 9,37-38: Jesus envolve os discípulos na missão
Diante da imensidão da tarefa missionária, a primeira coisa que Jesus pede aos discípulos é rezar: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita". A oração é a primeira forma de compromisso dos discípulos com a missão. Pois se você acredita na importância da missão que você tem, você fará todo o possível para que ela não morra com você, mas que continue nos outros através de você e depois de você.
Mateus 10,1: Jesus confere aos discípulos o poder de curar e de expulsar os demônios
“Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade". A segunda coisa que Jesus pede aos discípulos não é que eles comecem a ensinar doutrinas e leis, mas sim que ajudem o povo a vencer o medo dos maus espíritos e que o ajudem na luta contra as enfermidades. Hoje, os que mais metem medo nos pobres são certos missionários que ameaçam o povo com o castigo de Deus e com o perigo do demônio. Jesus faz o contrário. O que ele mais faz é ajudar o povo a vencer o medo do demônio: “Se eu expulso os demônios, é sinal de que chegou para vocês o Reino de Deus” (Lc 11,20). É triste dize-lo, mas hoje existem pessoas que precisam do demônio para poder expulsa-lo e assim ganhar dinheiro. Para estes vale a pena ler o que Jesus falou contra os fariseus e doutores da lei que roubavam as casas das viúvas (Mt 23,14).
Mateus 10,5-6: Vão primeiro para as ovelhas perdidas de Israel
“Jesus enviou os Doze com estas recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Inicialmente, a missão de Jesus era dirigida para “as ovelhas perdidas de Israel”. Quem eram estas ovelhas perdidas de Israel? Eram as pessoas excluídas, como as prostitutas, os publicanos, os impuros, considerados perdidos e condenados pelas autoridades religiosas da época? Eram os dirigentes como os fariseus, saduceus, anciãos e sacerdotes que se consideravam o povo fiel de Israel? Ou eram as multidões que estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor? Provavelmente, aqui no contexto do evangelho de Mateus, trata-se deste povo pobre e abandonado que é acolhido por Jesus (Mt 9,36-37). Jesus queria que os discípulos participassem com ele na missão junto a esse povo. Mas na medida em que ele ia atendendo a este povo, o próprio Jesus ia alargando o horizonte. No contato com a mulher Cananéia, ovelha perdida de outra raça e de outra religião, que pedia para ser atendida, Jesus repetiu aos discípulos: "Eu fui enviado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel" (Mt 15,24). E diante da insistência da mãe que desistia de interceder pela filha, Jesus se defendeu dizendo: "Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos" (Mt 15,26). Mas a reação da mãe derrubou a defesa de Jesus: "Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos" (Mt 15,27). E de fato, havia muitas migalhas! Doze cestos cheios de pedaços que sobraram da multiplicação do pão para as ovelhas perdidas de Israel (Mt14,20). A resposta da mulher desfez os argumentos de Jesus. Ele atendeu a mulher: Jesus atende a mulher: "Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer." E desde esse momento a filha dela ficou curada”. (Mt 15,28). Foi através da atenção contínua dada às ovelhas perdidas de Israel que Jesus descobriu que no mundo inteiro existem ovelhas perdidas que querem comer das migalhas.
Mateus 10,7-8: Resumo da atividade de Jesus
“Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, dêem também de graça!”. Como revelar a proximidade do Reino? A resposta é simples e concreta: curando doentes, ressuscitando os mortos, purificando os leprosos, expulsando os demônios e servindo de graça, sem se enriquecer pelo serviço ao povo. Onde isto acontece o Reino se revela.
4) Faça um confronto pessoal da leitura com a vida
1) Todos nós recebemos a mesma missão que Jesus deu aos discípulos e discípulas. Você tem consciência de ter esta missão? Como você vive sua missão?
2) Na sua vida você já teve algum contato com as ovelhas perdidas, com o povo cansado e abatido? Qual a lição que você tirou?
5) Oração final
O Senhor cura os corações despedaçados e cuida dos seus ferimentos. (Sl 146)
Os abutres do Vaticano
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"Francisco está mais sozinho, de uma solidão institucional: as pessoas que estão em Roma certamente são leais e próximas - eu diria pelo menos seis - podem confortar o peso existencial que ela gera, mas não a anular; e podem apenas olhar para o círculo dos velhos abutres. Mas não é mais aquele de 1960. Os abutres de hoje não são velhos", escreve Alberto Melloni, historiador italiano, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII de Bolonha, em artigo publicado por La Repubblica, 03-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
"A Roma que você conhece e da qual foi exilado não mostra sinais de mudança, como se imaginava que deveria ser no fim. O círculo dos velhos abutres, após o primeiro susto, retorna. Lentamente, mas retorna. E retorna com sede de novos tormentos, de novas vinganças." Assim, Dom De Luca escrevia ao cardeal Montini, em julho de 1960: e lia com o devido fatalismo o conflito entre a paciência mortal da cúria mais integralista e a primavera conciliar. Um conflito que havia favorecido a "recomposição" de um círculo antes fragmentado. Trata-se de um pensamento, este de 1960, que se adapta a essa fase em que o pontificado está entrando em um momento de solidão institucional.
O Papa, como todos sabem, fala que o tempo é superior ao espaço, os processos superiores às normas; e, portanto, não fez normas nem acelerou (com a única exceção do Secretário de Estado) a mudança de pessoas nas funções mais altas: com o resultado de que é ele mesmo que precisa cuidar de muitas coisas. A descrição do último escândalo financeiro que o papa forneceu aos jornalistas no avião que durante o retorno do Japão foi exemplar e comovente sob esse ponto de vista: o Papa mais evangélico de todos os tempos que deve bancar o "Papa-rei", fazer funcionar em seus pequenos domínios justiça e polícia, deve pedir demais, deve autorizar muitos e em demasia, e com isso perde os seus. E, portanto, é cercado por uma solidão não psicológica (esta, a um jesuíta, não incomoda em nada), mas uma solidão institucional, gerada após o incurável conflito político entre o secretário de Estado Parolin e o vice Becciu, foi resolvida tirando a Becciu seu escritório, mas dando a ele um título de cardeal.
A solidão institucional do Papa se revelou em uma sequência de sinais que marcam sua vastidão. Primeiro sinal, em março de 2018, a demissão de Dom Dario Viganò: atraído para a armadilha por uma carta assinada Ratzinger: em seu lugar foi uma pessoa de valor como Paolo Ruffini, mas o sinal havia sido dado. Depois foi a vez, em dezembro de 2018, de D. Zanchetta, amigo do Papa e em função na APSA, atingido por acusações de assédio sexual, que chegaram imediatamente após o início das investigações sobre o caso de Londres. Depois, em outubro passado, pediu demissão, com o senso de dever e honra de um grande militar, Domenico Giani, o comandante da Gendarmaria: foi parado enquanto estava trabalhando, o que era um sinal. Finalmente, em 1º de dezembro, o padre Fabian Pedacchio deixou a função de secretário do papa: cargo invisível, mas decisivo para regular voz o acesso ao pontífice.
Sinais casuais? Até poderiam ser: mas não são casuais os efeitos que recaem todos sobre o Papa. Francisco está cada vez mais sem voz: basta pensar na condenação da posse de armas atômicas proferida do Japão, cujo peso geopolítico foi imenso e cujo eco foi nulo.
Francisco está mais vulnerável: porque os procedimentos de controle típicos dos Estados não impedem as operações opacas, nem as fotocopiadoras de investidores decepcionados, nem as tipografias que lembram os anos de Pecorelli.
Francisco está mais sozinho, de uma solidão institucional: as pessoas que estão em Roma certamente são leais e próximas - eu diria pelo menos seis - podem confortar o peso existencial que ela gera, mas não a anular; e podem apenas olhar para o círculo dos velhos abutres. Mas não é mais aquele de 1960. Os abutres de hoje não são velhos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Testemunha de padre que substituiu Dorothy Stang no Pará é assassinada
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Morte de mototaxista é a 17ª vinculada a conflitos de terra na região desde 2005, quando foi morta a missionária americana
MANAUS
Uma testemunha de defesa do padre José Amaro Lopes de Sousa foi assassinada na noite da última quarta-feira (4) perto de Anapu (749 km a sudoeste de Belém), no Pará, uma das regiões de conflito agrário mais violentas do país.
O mototaxista Marcio Rodrigues dos Reis, 33, foi morto com uma facada no pescoço por um passageiro que o havia contratado para levá-lo à zona rural. É a 17ª morte vinculada a conflitos de terra desde 2005, ano em que a irmã Dorothy Stang foi assassinada, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Herdeiro do trabalho da irmã Dorothy junto a assentados e sem-terra, o padre Amaro ficou preso por três meses após ser acusado por fazendeiros de vários crimes, incluindo extorsão. Ele foi solto graças a um habeas corpus dado por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De acordo com a CPT, Reis participou, em 2016 em 2017, de um acampamento de sem-terra que reivindicava a fazenda Santa Maria, perto de Anapu. Fazendeiros da região pressionaram o mototaxista a prestar depoimento para acusar Amaro de ter organizado a tomada da fazenda, mas ele se negou.
Depois disso, afirma a comissão, Reis foi preso de forma preventiva sob a acusação de esbulho —apropriação ilegal— e porte de arma. Ele passou cerca de nove meses na penitenciária de Altamira (PA).
Local onde irmã Dorothy Stang foi assassinada, em fevereiro de 2005, dentro do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, em Anapu (PA)
Em abril do ano passado, o mototaxista foi novamente preso, desta vez por seis meses, com a segunda acusação por porte de arma.
Solto, deixou Anapu por um ano por causa de ameaça de morte. Voltou há alguns meses, após ter avaliado que não sofria mais riscos. Ele era casado e deixa quatro filhas.
De acordo com a CPT, dos 15 assassinatos cometidos na região de Anapu desde 2015, apenas um deles teve mandante identificado e preso.
Procurada, a Polícia Civil do Pará informou que o caso é investigado pela delegacia de Pacajá, cidade vizinha a Anapu, e que nenhum suspeito foi preso até a tarde desta sexta-feira (6). Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Sexta-feira, 6 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Despertai, Senhor, vosso poder e vinde, para que vossa proteção afaste os perigos a que nossos pecados nos expõem e a vossa salvação nos liberte. Vos que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 9, 27-31)
Naquele tempo, 27Partindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, gritando: Filho de Davi, tem piedade de nós! 28Jesus entrou numa casa e os cegos aproximaram-se dele. Disse-lhes: Credes que eu posso fazer isso? Sim, Senhor, responderam eles. 29Então ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo vossa fé. 30No mesmo instante, os seus olhos se abriram. Recomendou-lhes Jesus em tom severo: Vede que ninguém o saiba. 31Mas apenas haviam saído, espalharam a sua fama por toda a região. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Novamente, o evangelho de hoje coloca diante de nós o encontro de Jesus com a miséria humana. Jesus não se retrai nem se esquiva. Ele acolhe as pessoas e na sua acolhida cheia de ternura revela o amor de Deus.
Dois cegos seguem Jesus e gritam: “Filho de Davi, tem piedade de nós!”. Jesus não gostava muito deste título Filho de Davi. Ele chegou a criticar o ensinamento dos escribas que diziam que o Messias devia ser filho de Davi: “Se o próprio Davi o chama Senhor, como pode ser seu filho? (Mc 12,37).
Chegando em casa, Jesus pergunta aos cegos: “Vocês acreditam que eu possa fazer isso?” Eles respondem: “Sim, Senhor!” Uma coisa é ter a doutrina correta na cabeça, outra é ter a fé correta no coração e nos pés. A doutrina dos dois cegos não era muito correta, pois eles chamam Jesus de Filho de Davi. Mas Jesus não se importa se o chamam assim. Ele quer saber se eles tem a fé correta.
Ele toca nos olhos e diz: “Aconteça conforme a fé de vocês!” Imediatamente, os olhos se abriram. Apesar de não terem a doutrina correta, os dois cegos tinham uma fé correta. Hoje muita gente está mais preocupada com a doutrina correta do que com a fé correta.
Vale a pena anotar um pequeno detalhe de hospitalidade. Jesus chega em casa e os dois cegos também entram com ele na casa dele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eles se sentem em casa na casa de Jesus! E hoje? Uma religiosa dizia: “Hoje, a situação do mundo é tal que fico desconfiada até dos pobres!” Mudou muito, de lá para cá!
Jesus pede para não divulgar o milagre. Mas a proibição não adiantou muito. Os dois saíram e espalharam a Boa Notícia. Anunciar o Evangelho, isto é, a Boa Notícia, é partilhar com os outros o bem que Deus nos faz na vida.
4) Para um confronto pessoal
1-Será que tenho alguma Boa Notícia de Deus na minha vida a partilhar com os outros?
2-Em que ponto eu insisto mais: em ter doutrina correta ou em ter a fé correta?
5) Oração final
Vou cantar para sempre a bondade do SENHOR; anunciarei com minha boca sua fidelidade de geração em geração. (Sl 88, 1)
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