Quinta-feira, 14 de março-2019. 1ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Dai-nos, ó Deus, pensar sempre o que é reto e realizá-lo com solicitude. E como só podemos existir em vós, fazei-nos viver segundo a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 7-12)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 7Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. 8Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. 9Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? 10E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? 11Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem. 12Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O evangelho de hoje traz um trecho do Sermão da Montanha, a Nova Lei de Deus que nos foi revelada por Jesus. O Sermão da Montanha tem a seguinte estrutura:
1) Mateus 5,1-16: O portão da entrada: as bem-aventuranças (Mt 5,1-10) e a missão dos discípulos: ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,12-16).
2) Mateus 5,17 a 6,18: O novo relacionamento com Deus: A nova justiça (Mt 5,17-48) que não visa mérito na prática da esmola, da oração e do jejum (Mt 6,1-18).
3) Mateus 6,19-34: O novo relacionamento com os bens da terra: não acumular (Mt 6,19-21), não olhar o mundo com olhar doente (Mt 6,22-23), não servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24), não se preocupar com comida e bebida (Mt 6,23-34).
4) Mateus 7,1-23: O novo relacionamento com as pessoas: não reparar no cisco no olho do irmão (Mt 7,1-5); não jogar pérolas aos porcos (Mt 7,6); o evangelho de hoje: não ter medo de pedir as coisas a Deus (Mt 7,7-11); e a Regra de Ouro (Mt 7,12); escolher o caminho difícil e estreito (Mt 7,13-14), tomar cuidado com os falsos profetas (Mt 7,15-20).
5) Mateus 7,21-29: Conclusão; não só falar mas também praticar (Mt 7,21-23); comunidade construída em cima deste fundamento ficará em pé na tempestade (Mt 7,24-27). O resultado destas palavras é uma nova consciência frente aos escribas e doutores (Mt 7,28-29)
* Mateus 7,7-8: As três recomendações de Jesus
Três recomendações: pedir, procurar e bater na porta: "Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês!” Pedir se faz a uma pessoa. A resposta depende tanto da pessoa como da insistência do pedido. Procurar se faz orientando-se por algum critério. Quanto melhor o critério, maior será a certeza de encontrar o que se procura. Bater na porta se faz na esperança de que haja alguém do outro lado dentro da casa. Jesus completa a recomendação oferecendo a certeza da resposta: “Todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”. Isto significa que quando pedimos a Deus, Ele atende ao nosso pedido. Quando buscamos a Deus, ele se deixa encontrar (Is 55,6). Quando batemos na porta da casa de Deus, ele vai atender.
* Mateus 7,9-11: A pergunta de Jesus ao povo
“Quem de vocês dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe?” Aqui transparece o jeito simples e direto de Jesus ensinar as coisas de Deus ao povo. Falando para pais e mães de família, ele apela para a experiência diária. Nas entrelinhas das perguntas se adivinha a resposta gritada do povo: “Não!” Pois, ninguém dá uma pedra ao filho quando este pede um pão. Não existe mãe nem pai que dá uma cobra quando o filho ou a filha pede um peixe. E Jesus tira a conclusão: “Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem." Jesus nos chama de maus para acentuar a certeza de sermos atendidos por Deus quando pedimos algo a Ele. Pois se nós, que não somos santos nem santas, sabemos dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu. Esta comparação tem como objetivo tirar de dentro de nós qualquer dúvida a respeito do resultado da oração feita a Deus com confiança. Deus vai atender! Lucas acrescenta que Deus nos dará o Espírito Santo (Lc 11,13)
* Mateus 7,12: A Regra de Ouro
"Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas." Este é o resumo de todo o Antigo Testamento, da Lei e dos profetas. É o resumo de tudo que Deus nos tem a dizer, o resumo de todo o ensinamento de Jesus. Esta Regra de Ouro encontra-se não só no ensinamento de Jesus, mas também, de uma ou de outra maneira, em todas as religiões. Ela responde ao sentimento mais profundo e mais universal do ser humano.
4) Para um confronto pessoal
1) Pedir, buscar, bater na porta: Como você reza e conversa com Deus?
2) Como você vive a Regra de Ouro?
5) Oração final
A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples. (Sl 18, 8)
Cardeal George Pell condenado a 6 anos de prisão
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O cardeal australiano George Pell foi condenado a 6 anos de prisão por abusos sexuais. Ele poderá pedir a liberdade condicional depois de 3 anos e 8 meses.
Roberto Piermarini – Cidade do Vaticano
Em dezembro do ano passado, o Cardeal Pell foi considerado culpado de ter abusado sexualmente de dois coristas menores quando era Arcebispo de Melbourne nos anos 90. Prosseguindo com a leitura da sentença, o Juiz da Country Court, Peter Kidd, observou que os abusos cometidos pelo Card. George Pell tiveram "um impacto significativo e duradouro" sobre uma das vítimas, que sofreu uma série de emoções negativas com as quais lutou durante muitos anos, agravadas por problemas de confiança e ansiedade.
Pell sempre confessou a sua inocência e os seus advogados recorrerão nos próximos dias 5 e 6 de junho. Em nome da transparência, o juiz Kidd ordenou a transmissão ao vivo em vários canais da leitura da sentença, que durou mais de meia hora, em nome da "justiça aberta", mas, de acordo com os apoiadores de Pell, trata-se de uma confirmação da campanha midiática contra o cardeal.
A idade avançada do purpurado, de 77 anos, certamente influenciou o veredito, já que Pell arriscou pegar até cinquenta anos, dez para cada acusação, de acordo com a lei australiana. Depois de ler a sentença, o cardeal regressou à prisão de segurança máxima em Melbourne, onde é mantido em regime de isolamento, conforme estabelecido para os culpados de abusos.
Sobre a condenação do Card. Pell, nos últimos dias a Santa Sé havia anunciado a abertura de sua própria investigação canônica pela Congregação para a Doutrina da Fé. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 13 de março-2019. 1ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Considerai, ó Deus, com bondade o fervor do vosso povo. E, enquanto mortificamos o corpo, sejamos espiritualmente fortalecidos pelos frutos das boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 29-32)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 29Afluia o povo e ele continuou: Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não se lhe dará outro sinal senão o sinal do profeta Jonas. 30Pois, como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o será para esta geração. 31A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque ela veio dos confins da terra ouvir a sabedoria de Salomão! Ora, aqui está quem é mais que Salomão. 32Os ninivitas levantar-se-ão no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* Estamos no tempo de quaresma. A liturgia privilegia os textos que possam ajudar-nos na conversão e na mudança de vida. Aquilo que melhor ajuda na conversão são os fatos da história do povo de Deus. No evangelho de hoje, Jesus traz dois episódios do passado: de Jonas e da rainha de Sabá, e os transforma em espelho para o povo olhar nele e descobrir o apelo de Deus à conversão.
* Lucas 11,29: A geração má que pede um sinal. Jesus chama a geração de má, porque ela não quer acreditar em Jesus e vive pedindo sinais que possam legitimar Jesus como enviado de Deus. Mas Jesus recusa dar um sinal, pois, no fundo, se eles pedem um sinal é porque não querem crer. O único sinal que vai ser dado é o sinal de Jonas.
* Lucas 11,30: O Sinal de Jonas. O sinal de Jonas tem dois aspectos. O primeiro é o que afirma o texto de Lucas no evangelho de hoje. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive através da sua pregação. Ouvindo Jonas, o povo se converteu. Assim, a pregação de Jesus estava sendo um sinal para o seu próprio povo, mas o povo não dava sinais de conversão. O outro aspecto é o que afirma o evangelho de Mateus por ocasião do mesmo episódio: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). Quando Jonas foi cuspido na praia, ele foi anunciar a palavra de Deus ao povo de Nínive. Da mesma maneira, depois da morte e ressurreição no terceiro dia, A Boa Nova será anunciada ao povo da Judéia.
* Lucas 11,31: A Rainha de Sabá. Em seguida, Jesus evoca a história da Rainha de Sabá que veio de longe para ver Salomão e aprender da sabedoria dele (cf. 1Rs 10,1-10). E por duas vezes Jesus afirma: “E aqui está quem é maior do que Salomão”. “E aqui está quem é maior do que Jonas”.
* Um aspecto muito importante que está por detrás desta discussão entre Jesus os líderes do seu povo é a maneira diferente como ele, Jesus, e os seus adversários se colocavam frente a Deus. O livro de Jonas é uma parábola, que critica a mentalidade daqueles que queriam Deus só para os Judeus. Na história de Jonas, os pagãos se converteram diante da pregação de Jonas e Deus os acolheu na sua bondade e não destruiu a cidade. Quando viu que Deus acolheu o povo de Nínive e não destruiu a cidade, “Jonas ficou muito desgostoso e irado. E rezou a Javé: "Ah! Javé! Não era justamente isso que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que tu és um Deus compassivo e clemente, lento para a ira e cheio de amor, e que voltas atrás nas ameaças feitas. Se é assim, Javé, tira a minha vida, pois eu acho melhor morrer do que ficar vivo" (Jonas 4,1-3). Por isso, Jonas era um sinal para os judeus do tempo de Jesus e continua sendo um sinal também para nós cristãos. Pois, imperceptivelmente, como em Jonas aparece também em nós uma mentalidade de que nós cristãos temos uma espécie de monopólio de Deus e que todos os outros devem tornar-se cristãos. Isto seria proselitismo. Jesus não pede que todos sejam cristãos. Ele pede que todos se tornem discípulos (Mt 28,19), isto é, sejam pessoas que como ele, irradiem e anunciem a Boa Nova do amor de Deus para todos os povos ao redor (Mc 16,15).
4) Para um confronto pessoal
1) Quaresma, tempo de conversão. O que deve mudar na imagem que tenho de Deus? Sou como Jonas ou como Jesus?
2) Minha fé está baseada em que? Em sinais ou na palavra do próprio Jesus?
5) Oração final
Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza. De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito. (Sl 50, 12-13)
Terça-feira, 12 de março-2019. 1ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Olhai, ó Deus, a vossa família e fazei crescer no vosso amor aqueles que agora se mortificam pela penitência corporal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 7-15)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. 8Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. 9Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; 10venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. 11O pão nosso de cada dia nos dai hoje; 12perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; 13e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 14Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. 15Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* Há duas redações do Pai Nosso: Lucas (Lc 11,1-4) e Mateus (Mt 6,7-13). Em Lucas, o Pai Nosso é mais curto. Lucas escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da oração. Em Mateus, o Pai Nosso está situado no Sermão da Montanha, naquela parte onde Jesus orienta os discípulos na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir.
* Mateus 6,7-8: Os vícios a serem corrigidos. Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender às nossas necessidades. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição de palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades antes mesmo das nossas preces.
* Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso” Abbá, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Revela a nova relação com Deus que deve caracterizar a vida das comunidades (Gl 4,6; Rm 8,15). Dizemos “Pai nosso” e não “Pai meu”. O adjetivo “nosso” acentua a consciência de pertencermos todos à grande família humana de todas as raças e credos. Rezar ao Pai e entrar na intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs pelo pão de cada dia. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus como nosso Pai é o fundamento da fraternidade universal.
* Mateus 6,9b-10: Três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade. Na primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com Deus. Santificar o Nome: O nome JAVÉ significa Estou com você! Deus conosco. Neste NOME Deus se deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de Deus é santificado quando é usado com fé e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, i.é, não para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a construção do Reino. A Vinda do Reino: O único Dono e Rei da vida humana é Deus (Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização de todas as esperanças e promessas. É a vida plena, a superação das frustrações sofridas com os reis e os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de Deus for plenamente realizada. Fazer a Vontade: A vontade de Deus se expressa na sua Lei. Que a sua vontade se faça assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem às leis de suas órbitas e criam a ordem do universo (Is 48,12-13). A observância da lei Deus será fonte de ordem e de bem-estar para a vida humana.
* Mateus 6,11-13: Quatro pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade. Na segunda parte do Pai-nosso pedimos para que seja restaurado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: No êxodo, cada dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex 16,35). A Providência Divina passava pela organização fraterna, pela partilha. Jesus nos convida para realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência fraterna que garante o pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51). Perdão das dívidas: Cada 50 anos, o Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv 25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte do Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Não cair na Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será superada pela força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13). Libertação do Maligno: O Maligno é o Satanás, que afasta de Deus e é motivo de escândalo. Ele chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11). Ele nos diz: "Coragem! Eu venci o mundo!" (Jo 16,33).
* Mateus 6,14-15: Quem não perdoa não será perdoado. Rezando o Pai-nosso, pronunciamos a sentença que nos condena ou absolve. Rezamos: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6,12). Oferecemos a Deus a medida do perdão que queremos. Se perdoamos muito, Ele perdoará muito. Se perdoamos pouco, ele perdoará pouco. Se não perdoamos, ele também não poderá perdoar.
4) Para um confronto pessoal
- Jesus falou "perdoai as nossas dívidas". Em alguns países se traduz "perdoai as nossas ofensas". O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
- As nações cristãs do hemisfério norte (Europa e USA) rezam todos os dias: “Perdoai as nossas dívidas assim como também nós perdoamos aos nossos devedores”. Mas elas não perdoam a dívida externa dos países pobres do Terceiro Mundo. Como explicar esta terrível contradição, fonte de empobrecimento de milhões de pessoas?
5) Oração final
Glorificai comigo ao Senhor, juntos exaltemos o seu nome. Procurei o Senhor e ele me atendeu, livrou-me de todos os temores. (Sl 33, 4-5)
Segunda-feira, 11 de março-2019. 1ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Convertei-nos, ó Deus, nosso salvador, e, para que a celebração da Quaresma nos seja útil, iluminai-nos com a doutrina celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 25, 31-46)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 31Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. 32Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, 35porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; 36nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. 37Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? 39Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? 40Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. 41Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. 42Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; 43era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. 44Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? 45E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. 46E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés. Como Moisés, Jesus promulgou a Lei Deus. Como a antiga Lei, assim a nova lei dada por Jesus tem cinco livros ou discursos. O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,27), o primeiro discurso, abriu com as oito bem-aventuranças. O Sermão da Vigilância (Mt 24,1 a 25,46), o quinto e último discurso, encerra com a descrição do Juízo Final. As bem-aventuranças descreveram a porta de entrada para o Reino de Deus, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). A parábola do Juízo Final conta o que devemos fazer para poder tomar posse do Reino: acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem roupa, os doentes e os prisioneiros (Mt 25,35-36). Tanto no começo como no fim da Nova Lei, estão os excluídos e marginalizados.
* Mateus 25,31-33: Abertura do Juízo final. O Filho do Homem reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não erra: ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe discernir bons e maus. Jesus não julga nem condena (cf. Jo 3,17; 12,47). Ele apenas separa. É a própria pessoa que se julga ou se condena pela maneira como se comportou com relação aos pequenos e excluídos.
* Mateus 25,34-36: A sentença para os que estiverem à direita do Juiz. Os que estão à sua direita são chamados de “Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a bênção que Deus prometeu à Abraão e à sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este: "Tive fome e sede, era estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me acolheram e ajudaram!” Esta sentença nos faz saber quem são as ovelhas. São as pessoas que acolheram o próprio Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. E pelo jeito de falar "meu Pai" e "Filho do Homem", ficamos sabendo que o Juiz é o próprio Jesus. Ele se identifica com os pequenos!
* Mateus 25,37-40: Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz: Os que acolheram os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas sim acolhendo os necessitados. Mas o curioso é que os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: "Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!" Quem são estes "meus irmãos mais pequeninos"? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões "meus irmãos" e "pequeninos" indicam os discípulos (Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14; 28,10). Indicam também os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. No contexto tão amplo desta parábola final, a expressão "meus irmãos mais pequeninos" se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os "justos" e os "benditos de meu Pai" são todas as pessoas de todas as nações que acolhem o outro na total gratuidade, independente do fato de ser cristão ou não.
* Mateus 25,41-43: A sentença para os que estiverem à sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados de “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não vão entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram Jesus faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos impede de entrar no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a cegueira que nos impede de ver Jesus nos pequeninos.
* Mateus 25,44-46: Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente bem comportada, pessoas que têm a consciência em paz. Estão certas de terem praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham quando o Juiz diz que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A omissão! Não fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos e de acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais chamou a sua atenção nesta parábola do Juízo Final?
2) Pare e pense: se o Juízo final fosse hoje, você estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?
5) Oração final
Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. (Sl 18, 9)
Papa Francisco deixa o Vaticano e vai a Ariccia para a semana dos Exercícios Espirituais
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Às 16h locais, o Papa Francisco, junto com os cardeais e bispos da Cúria Romana, partiu para Ariccia em direção da Casa do Divino Mestre. Ali serão realizados os Exercícios Espirituais pregados pelo monge beneditino Bernardo Francesco Maria Gianni.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
“Peço a todos que se recordem na oração de mim e dos colaboradores da Cúria Romana, que nesta noite iniciaremos a semana de Exercícios Espirituais”: é o tweet publicado no perfil do Papa Francisco @Pontifex para recordar o compromisso desta semana na Casa Divino Mestre de Ariccia, nas proximidades de Roma.
O Retiro Espiritual, que se realizará até sexta-feira próxima, dia 15, terá como tema “A cidade dos desejos ardentes: olhares e gestos pascais na vida do mundo”. Este ano, as meditações dos Exercícios Espirituais foram confiadas ao abade Bernardo Francisco Maria Gianni, da Abadia de São Miniato no Monte, Florença.
O abade Padre Bernardo proporá ao Papa e à Cúria Romana 10 meditações, com base no tema central. Serão duas meditações ao dia.
Suspensas as audiências
Durante os cinco dias de Exercícios espirituais serão suspensas todas as audiências pontifícias, inclusive a Audiência geral da quarta-feira, 13 de março, dia em que Francisco completará seis anos da sua eleição à Cátedra de Pedro.
Meditações da Quaresma
Entretanto, no dia 15, o Padre Raniero Cantalamessa, pregador oficial da Casa Pontifícia, iniciará, no Vaticano, suas pregações de Quaresma nas sextas-feiras que precedem a Páscoa do Senhor.
A temática das suas meditações, nas cinco sextas-feiras em preparação à Páscoa, será “Volte para dentro de ti”. As pregações terão lugar, segundo a tradição, na Capela “Redemptoris Mater”, no palácio Apostólico do Vaticano.
Com suas meditações, o Frei capuchinho retomará o pensamento de Santo Agostinho, iniciado nas suas pregações de Advento, sobre o versículo do Salmo 42: “Minha alma tem sede do Deus vivo”. Fonte: https://www.vaticannews.va
NESTE SÁBADO. 9 Beatos seminaristas espanhóis, mártires da perseguição
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É o martírio "in odium fidei", o fio vermelho-sangue que une Angel Cuartas Cristóbal e seus 5 companheiros de seminário ao segundo grupo de mártires espanhóis assassinados entre 1936 e 1937 e beatificados neste sábado em Oviedo. Na celebração, representando o Papa, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o cardeal Angelo Becciu.
Oviedo
O Cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu, na manhã deste sábado (09/3), à cerimônia de Beatificação de Ángel Cuartas Cristóbal e seus Companheiros Seminaristas mártires, na Catedral de Oviedo, na Espanha.
Ángel Cristóbal Cuartas e seus Companheiros, - o mais velho tinha 25 anos e o mais novo 18 – foram assassinados por ódio à fé no período da famosa Revolução espanhola, entre 1934 e 1939.
Ángel nasceu em 1° de junho de 1910, em Lastres. Seu pai era pescador e sua mãe dona-de-casa. Foi o oitavo de nove filhos. Entrou para o Seminário de Valdediós em 1923 e, seis anos mais tarde, foi transferido para Oviedo, onde estudou Filosofia e Teologia. Era um jovem leal, tímido, respeitoso com seus Superiores, mas também alegre e divertido.
Durante o último ano de Teologia, já diácono e perto da sua ordenação sacerdotal, foi vítima da "Revolução de Outubro de 1934", que causou uma destruição violenta, perseguições, mortes e ferimentos da alma e do corpo.
Muitos padres, freiras, sacerdotes e seminaristas foram assassinados sem julgamento ou sentença, por ignorância católica, ódio, vingança.
Entre estes mártires, que deram a vida por sua fé em Jesus Cristo, em 7 de outubro de 1934, encontrava-se Angel Cristóbal Cuartas e outros Seminaristas, o mais novo tinha 18 anos e o mais velho 25.
Hoje, seus restos mortais, junto com os dos Seminaristas mártires, descansam na Catedral de Oviedo.
Não há maior prova do que dar a vida por aquilo que ama: este é o ensinamento dos mártires, entre os quais contamos os nove novos beatos de hoje, todos muito jovens, que preferiram morrer em vez de se esconder quando eram perseguidos por causa de sua fé. Seminaristas, todos eles, apaixonados pelo Senhor e que já haviam feito uma escolha precisa: oferecer suas vidas a Ele. E eles fizeram isso, até o último sacrifício. Uma escolha de fidelidade a Cristo "que deve ser de ensinamento a todos os sacerdotes a levar a séria o seu chamado", sublinha o cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Fonte: www.vaticannews.va
As homilias contra Hitler e o silêncio de Pio XII
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"Os três sermões do bispo von Galen também para nós propiciam, na via da dor que percorremos juntos com os católicos alemães, um conforto e uma satisfação, que não sentíamos há muito tempo. O bispo escolheu muito bem o momento para se manifestar com tanta coragem". Assim escrevia Pio XII em 30 de setembro de 1941 ao bispo de Berlim, Konrad von Preysing, para louvar os furiosos sermões do bispo de Münster contra a dizimação nazista de pessoas com deficiência que entraria para a história como o ''Aktion T4". A reportagem é de Gian Antonio Stella, publicada por Corriere della Sera, 06-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A decisão do Papa Francisco de abrir aos historiadores os arquivos secretos de Eugenio Pacelli conseguirá lançar luz sobre as escolhas controversas daquele pontífice, que, antes de ser eleito ao trono de São Pedro, havia sido núncio apostólico na Alemanha e como secretário de Estado havia também assinado o Reichskonkordat com o regime de Adolf Hitler em 1933? Teremos que ver. Pelo menos a carta a von Preysing, no entanto, é conhecida há anos. E foi reproduzida integralmente, por exemplo, no livro "Un vescovo contro Hitler” (Um bispo contra Hitler, em trad. livre), da correspondente no Vaticano e escritora Stefania Falasca, amiga do Papa Francisco, texto que ele deve ter apreciado bastante, ele que tanto insiste contra a "cultura do descarte”, especialmente algumas passagens do sermão mais duras e incisivas daquele que passaria à história como “O Leão de Münster”.
"Você tem, eu tenho direito à vida somente enquanto somos produtivos, enquanto somos considerados produtivos por outros?" trovejava então o grande Clemens von Galen, que depois de ter sido forçado pela Concordata a jurar lealdade ao regime, havia começado a remar contra quase tudo, "Quando se admite o princípio aplicado agora, que o ‘homem improdutivo’ possa ser morto, ai de todos nós, quando seremos velhos e decrépitos! Se é possível matar pessoas improdutivas, ai dos inválidos, que no processo produtivo empenharam suas forças, seus ossos saudáveis, os sacrificaram e os perderam!". Foi uma bomba, aquela homilia, entre os católicos alemães. A ponto de obrigar Hitler a interromper (formalmente) as dizimações da Aktion T4. "Foi o ataque frontal mais forte desferido contra o nazismo", chiou Martin Bormann, exigindo furioso que o bispo rebelde fosse enforcado. Mas, von Galen, era muito amado. Demasiado popular. Ninguém se atreveu a tocá-lo. Muitos anos depois, há quem ainda se pergunte, angustiado: por que o Papa não falou? Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
QUARTA-FEIRA DE CINZAS (6 de março-2019)
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Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa
Com o rito das Cinzas, iniciamos hoje o tempo sagrado da QUARESMA. A Bíblia usa com frequência o período de 40 dias (ou 40 anos) para indicar períodos especiais, que criam um clima adequado para algo que vai acontecer.
- O Povo caminha 40 anos no deserto, antes de entrar na Terra Prometida. Foi uma experiência de Purificação dos falsos deuses, de Adesão aos mandamentos (Aliança) e de solidariedade no deserto...
- Elias caminha 40 dias e 40 noites até o Monte sagrado de Oreb;
- O Dilúvio: 40 dias para purificar a humanidade corrompida;
- Moisés: 40 dias no Sinai antes de receber a Lei...
- Jesus: 40 dias no deserto antes de iniciar a vida pública...
Portanto, a quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à PASCOA. A Liturgia nos aponta o espírito que deve animar esse tempo:
Na 1º Leitura, o profeta Joel convoca o povo de Israel em assembleia e o exorta à conversão:
"Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes". (Jl 2,12-18) Ele estava convencido que a causa da situação difícil que o povo estava vivendo era o esquecimento de Deus e o descuido da Aliança.
Por vez, o Salmo 50 é um forte apelo penitencial: Pequei, Senhor, misericórdia". Já na 2ª Leitura, São Paulo fala aos Coríntios e hoje a nós: "Reconciliai-vos com Deus... Eis agora o tempo favorável." 2Cor 5,20-6,2)
Por sua vez, no Evangelho Jesus apresenta três práticas religiosas dos judeus (a esmola, a oração e o Jejum), que devem ser realizadas com autenticidade, sem exibicionismo... São os três caminhos quaresmais apontados pela Igreja:
- A Oração nos leva a uma EXPERIÊNCIA pessoal com Deus..
- O Jejum nos leva a um gesto concreto de conversão: privar-se de algo para uma liberdade interior maior.
- A Esmola nos leva a nos doar aos irmãos, no serviço fraterno, em gesto de solidariedade e de partilha.
Nesse espírito, a Igreja no Brasil nos propõe todos os anos na Quaresma a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, apontando um ponto de fraternidade que merece uma atenção especial.
Diante das ameaças de todo tipo contra a vida, a Igreja retomou nesse ano o tema da VIDA.
Que as cinzas, que hoje recebemos com devoção na fronte, sejam um sinal externo de nossa adesão sincera e ardorosa em defesa da Vida que recebemos de Deus.
1º Domingo da Quaresma: As tentações. (Domingo, 10 de março-2019)
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Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa.
Estamos no primeiro domingo da Quaresma, tempo sagrado para a vida da Igreja e de todo cristão. A Palavra de Deus nos convida a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência das "TENTAÇÕES", que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
PRIMEIRA LEITURA
A 1ª Leitura fala da Tentação do Povo de Israel: A IDOLATRIA. (Dt 26,4-10)
O Povo de Deus sempre sofreu a tentação da idolatria existente nas religiões fáceis dos povos vizinhos. Por isso, antes de entrar a Terra Prometida, Moisés convida o Povo a renovar os compromissos da Aliança e oferecer ao Senhor os primeiros frutos da terra. Era uma "profissão de fé" ao Senhor, que o livrou do Egito e o introduziu na Terra Prometida.
Reconhecia assim quem era o seu "Senhor".
Uma das tentações frequentes na vida do homem é colocar a sua vida e a sua segurança nas mãos dos falsos deuses: o dinheiro, o poder, o êxito social... Outros "deuses" ocupam com freqüência em nós o lugar de Deus.
PARA REFLETIR:
O que impede que Deus ocupe, em nossa vida, o primeiro lugar?
SEGUNDA LEITURA
A 2ª Leitura nos fala da tentação dos que pensam que a Salvação é conquista nossa, não um dom gratuito de Deus. (Rm 10,8-13). Precisa "converter-se" a Jesus, isto é, reconhecê-lo como o "Senhor" e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
EVANGELHO
O Evangelho nos apresenta as Tentações de Jesus. (Lc 4,1-13)
Jesus passa 40 dias no deserto, em oração e jejum, preparando-se para a vida pública. E no final, é tentado...
Jesus recusa um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passa pelo egoísmo, mas pela partilha; não passa pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passa por manifestações espetaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor.
São TRÊS TENTAÇÕES, que Jesus enfrentou durante toda a vida:
1- O PÃO: "Manda que esta pedra se mude em pão..." - Jesus: "Não só de pão vive o homem..."
Quantos são tentados a buscar apenas o pão material... É o materialismo, que leva a perder a sensibilidade humana e espiritual.
Quantos pais se limitam a oferecer apenas o pão material, esquecendo de alimentar os filhos na sua fome de Deus...
2- O PODER: "Eu te darei todo esse poder e riqueza...Se te ajoelhares diante de mim..."
- Jesus: "Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás..."
REFLEXÃO
TODOS NÓS temos sede de domínio sobre os outros e frequentemente somos tentados a ser "DONOS":
- Na família: como pai, mãe... donos dos filhos... da esposa ou esposo...
- Na comunidade: ser dono de um movimento... de uma pastoral...
- Na sociedade, como chefes de alguma coisa: com atitudes arrogantes...
- Nas entidades: com atitudes centralizadoras....
3- O MILAGRE: "Joga-te daqui para baixo... Deus dará ordem aos anjos para que te guardem..." - Jesus: "Não tentes o Senhor teu Deus..."
REFLEXÃO
Ainda hoje somos levados a tentar Deus
- Com uma religião mais fácil... sem compromisso, que promete milagres, salvação, dinheiro, emprego, saúde...
- Com "orações milagrosas"... "Orações de poder"... "correntes"... exigindo que Deus faça a nossa vontade e nos mande um santo milagreiro para nos atender. Queremos milagres!...
Detalhe final: "Depois de tê-lo tentado de todos os modos... O Diabo afastou-se dele até outra ocasião..."
As tentações não acabaram... E elas continuam ainda hoje e bem sedutoras... Geralmente costumamos pintar o diabo com cara de mau, rabo, chifres... mas eu acho que não está certo, pois se assim fosse, ele espantaria as pessoas... Na tentação, ele vem bem "bonitinho" e com propostas bem atraentes... É por isso, que as tentações sempre vem disfarçadas de nomes simpáticos:
- A Ambição à é responsabilidade, competência...
- Fome de poder à é exercício de liderança para ao bem de todos...
- Desonestidade à é esperteza...
- Libertinagem à é liberdade... Somos donos de nós mesmos...
As tentações são uma realidade, que o próprio Cristo enfrentou e venceu...
ATUALIZAÇÃO:
Quais são as nossas tentações mais freqüentes?
- Do Ter? Do Poder? Do Prazer? Uma religião sem compromisso?
- A Ganância do lucro fácil em proveito próprio, não preservando a NATUREZA, que o Criador nos deu para guardar e cultivar?
- Deus tem um Plano sobre cada um de nós... As tentações procuram nos desviar dele... Qual a nossa atitude diante delas?
Terça-feira, 5 de março-2019. 8ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10,28-31)
Naquele tempo, 28Começou Pedro a dizer a Jesus: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." 29Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho 30que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 31Muitos dos primeiros serão os últimos, e dos últimos serão os primeiros."
3) Reflexão Mc 10,28-31
* No evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que deve ocorrer no relacionamento dos discípulos com os bens materiais: desapegar-se das coisas, vender tudo, dar para os pobres e seguir Jesus. Ou seja, como Jesus, devem viver na total gratuidade, entregando sua vida na mão de Deus e servindo aos irmãos e irmãs (Mc 10,17-27). No evangelho de hoje Jesus explica melhor como deve ser esta vida de gratuidade e de serviço dos que abandonam tudo por causa dele, Jesus, e do Evangelho (Mc 10,28-31).
* Marcos 10,28-31: Cem vezes mais desde agora, mas com perseguições
Pedro observa: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos". É como se dissesse: “Fizemos o que o senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica para nós como deve ser esta nossa vida?” Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo modo de viver no serviço e na gratuidade. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna”. O tipo de vida que resulta da entrega de tudo é a amostra do Reino que Jesus quer realizar: (1) Alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e irmãs. (2) Provoca a partilha dos bens, pois todos terão cem vezes mais casas e campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde tudo é de todos e já não haverá mais necessitados. Eles realizam a lei de Deus que pede “entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os primeiros cristãos (At 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da gratuidade. (3) Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terão tudo isto, mas com perseguições. Pois os que, neste nosso mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus, serão crucificados. (4) Serão perseguidos neste mundo, mas, no mundo futuro terão a vida eterna de que falava o jovem rico.
Jesus e a opção pelos pobres
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Muitos dos fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres! (Mc 10,21) A pobreza, que caracterizava a vida de Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros missionários (Mt 23,15), os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias (Mt 10,9-10). Deviam confiar é na hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6). E caso fossem acolhidos pelo povo, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que receberiam em troca (Lc 10,7-8). Além disso, deviam tratar dos doentes e necessitados (Lc 10,9; Mt 10,8). Então podiam dizer ao povo: “O Reino chegou!” (Lc 10,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você, na sua vida, realiza a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos”?
2) Partilha, gratuidade, serviço, acolhida aos excluídos são sinais do Reino. Como as vivo hoje?
5) Oração final
Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao Senhor, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sl 97, 3-4)
Por que o Papa Francisco ordenou a abertura dos arquivos secretos do Vaticano sobre o Holocausto judeu?
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Se Francisco realmente conseguir lançar luz sem esconder documentos em tudo o que ainda está oculto sobre o Holocausto e a Igreja passará à história
No momento em que o papado de Francisco se vê envolvido em um dos maiores escândalos da Igreja pela dimensão imponente dos escândalos de pedofilia, ele acaba de anunciar a abertura total dos arquivos secretos vaticanos sobre o pontificado de Pio XII, o papa tantas vezes acusado de ter-se omitido na condenação do Holocausto judeu durante a Segunda Guerra Mundial.
Parte desses arquivos já foi publicada, mas agora Francisco quer, para que não restem mais dúvidas, que se publique tudo o que se referir ao polêmico pontificado do papa Pacelli. E coloca data: em 2020. Ao dar a notícia o Papa afirmou que “a Igreja não teme a história, e sim a ama” e entregou aos historiadores “esse patrimônio documental”.
Francisco é, sem dúvida, o pontífice da Igreja que mais dialogou com o mundo judeu já que considera o judaísmo como o berço do cristianismo. Quando ainda era cardeal arcebispo de Buenos Aires, surpreendeu ao publicar o livro de conversas “Sobre o céu e a terra”, com o rabino Abraham Skorka, com quem sempre manteve relações de amizade.
Já Papa, seu amigo Skorka foi uma das primeiras pessoas recebidas no Vaticano com quem conversou longamente. E um dos assuntos daquela conversa em 2013 foi a possibilidade de abrir os arquivos secretos do Vaticano sobre o Holocausto.
Francisco é consciente de que em um momento em que a Igreja se vê encurralada pelos escândalos com seus padres, bispos e até cardeais, e assediado pela parte mais conservadora, sua decisão de entregar agora os segredos sobre o pontificado de Pio XII, o papa mais criticado pela Igreja progressista, pode significar uma nova provocação. Por isso, se preveniu em seu anúncio com uma espécie de jogo diplomático dando a entender que não tem medo porque está tranquilo que a lenda obscura sobre Pio XII poderia até ser esclarecida positivamente à Igreja.
De acordo com Francisco, falando já sobre o que poderiam conter os arquivos, ele afirma que as gestões de Pio XII sobre o nazismo poderiam ser vistas como tentativas, à época, “de manter acesa, nos períodos mais sombrios e mais cruéis, a chama das iniciativas humanas, da diplomacia oculta, mas ativa”. Uma absolvição antecipada do que podem revelar os arquivos? Certamente não. Francisco diz ao mesmo tempo aos historiadores que a pesquisa examinará o legado de Pio XII “com a crítica apropriada”.
A verdade é que um dos pedidos mais repetidos do mundo judeu ao papa Francisco foi, desde que chegou ao Pontificado, a abertura desses arquivos que seus antecessores foram concedendo a conta-gotas sem que se soubesse até agora se estavam ou não documentos ainda desconhecidos como a suposta carta de Hitler a Pio XII. É conhecido apenas um papel com a confirmação de recebimento da tal carta que nunca apareceu.
Uma vez, em Roma, o à época Chefe da espionagem militar do Governo italiano me disse, em uma entrevista, que o Vaticano possui os melhores serviços secretos do mundo, já que conta com uma rede de informação capilar em todos os continentes nos quais opera a Igreja Católica. E é verdade que o Vaticano também é possuidor de segredos únicos que não estão em nenhum outro arquivo do mundo.
Se Francisco realmente conseguir lançar luz sem esconder documentos em tudo o que ainda está oculto nos arquivos vaticanos sobre o Holocausto e a Igreja passará à história. Ele às vezes é acusado de ser político e de esquerda. É na verdade um seguidor do primeiro cristianismo que certamente não foi retrógrado.
Nesse momento histórico de recrudescimento das tentações nazistas com a profanação gratuita dos túmulos de judeus na França e a multiplicação de Governos e partidos com nostalgias de novos Holocaustos, o gesto, que eu chamaria de profético, de tirar a poeira dos segredos vaticanos sobre o Holocausto é o melhor ato de resistência do papa Francisco à nova barbárie que começa a ameaçar o mundo. Fonte: https://brasil.elpais.com
Segunda-feira, 4 de março-2019. 8ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mc 10,17-27)
Naquele tempo, 17Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: "Bom Mestre, que farei para alcançara vida eterna?"18Jesus disse-lhe: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom.19Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe."20Ele respondeu-lhe: "Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade."21Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: "Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.22Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens.23E, olhando Jesus em derredor, disse a seus discípulos: "Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os ricos!"24Os discípulos ficaram assombrados com suas palavras. Mas Jesus replicou: "Filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que põem a sua confiança nas riquezas!25É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus."26Eles ainda mais se admiravam, dizendo a si próprios: "Quem pode então salvar-se?"27Olhando Jesus para eles, disse: "Aos homens isto é impossível, mas não a Deus; pois a Deus tudo é possível.
3) Reflexão Marcos 10,17-27
* O evangelho de hoje traz dois assuntos: (1) conta a história do homem rico que perguntou pelo caminho da vida eterna (Mc 10,17-22), e (2) Jesus chama a atenção para o perigo das riquezas (Mc 10,23-27). O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão desta segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costuma ter esta preocupação. Mas pode haver pobres com cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria neles uma dependência e faz com que eles também se tornem escravos do consumismo. Ficam devendo prestações em todo canto e já não têm mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo. Com esta problemática na cabeça, tanto das pessoas como dos países, vamos ler e meditar o texto do homem rico.
* Marcos 10,17-19: A observância dos mandamentos e a vida eterna.
Alguém chega perto de Jesus e pergunta: “Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” O evangelho de Mateus informa que se tratava de um jovem (Mt 19,20.22). Jesus responde bruscamente: “Por que me chamas bom. Ninguém é bom senão só Deus!” Jesus desvia a atenção de si mesmo e aponta para Deus, pois o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. Em seguida, Jesus afirma: “Você conhece os mandamentos: não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, não defraudar ninguém, honrar pai e mãe”. É importante olhar bem a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Ele só lembrou aqueles que dizem respeito à vida junto do próximo! Para Jesus, só conseguimos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
* Marcos 10,20: Observar os mandamentos, para que serve?
O homem responde dizendo que já observava os mandamentos desde a sua juventude. O curioso é o seguinte. Ele tinha perguntado pelo caminho da vida. Ora, o caminho da vida era e continua sendo: fazer a vontade de Deus expressa nos mandamentos. Quer dizer que ele observava os mandamentos sem saber para que serviam. Do contrário, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos de hoje: não sabem dizer para que serve ser católico. ”Nasci num país católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
* Marcos 10,21-22: Partilhar os bens com os pobres e seguir Jesus.
Ouvindo a resposta do jovem, “Jesus olhou para ele, o amou e lhe disse: Só uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, e em seguida vem e segue-me!” A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si a favor do próximo. Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
* Marcos 10,23-27: O camelo e o fundo da agulha.
Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele: Como é difícil um rico entrar no Reino de Deus! Os discípulos ficaram admirados. Jesus repete a mesma frase e acrescenta: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino! A expressão “entrar no Reino” diz respeito, não só e nem em primeiro lugar à entrada no céu depois da morte, mas também e sobretudo à entrada na comunidade ao redor de Jesus. A comunidade é e deve ser uma amostra do Reino. A alusão à impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível e inviável. Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" Sinal de que não tinham entendido a resposta de Jesus ao homem rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” O jovem tinha observado os mandamentos desde a sua juventude, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já tinham abandonado todos os bens conforme o pedido de Jesus ao jovem rico, mas sem entender o porquê do abandono! Se o tivessem entendido, não teriam ficado chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! Jesus olhou para os discípulos e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível."
4) Para um confronto pessoal
- Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou que vive querendo adquirir aquelas coisas da propaganda na televisão, pode ela libertar-se de tudo para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha? Como é que você faz?
- Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino? O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos pobres”? Como entender e praticar hoje os conselhos que Jesus deu ao jovem rico?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
O sentido da Quarta-feira de Cinzas para o cristianismo.
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Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA)
O bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Armando Bucciol, preparou um texto que faz uma reflexão sobre o sentido genuíno da celebração da festa que torna mais coerente a vida, a celebração da Páscoa.
leia o artigo na íntegra:
O sentido da Quarta-feira de Cinzas
O mistério pascal de Cristo, isto é, o evento de sua paixão, morte e ressurreição, é fundamento e cume da fé que professamos. Nesse acontecimento, encontra-se, também, a identidade e a razão do culto que elevamos ao Senhor. Por isso, a Igreja celebra o evento pascal com grande solenidade.
Ponto de partida daquele que chamamos de Ano litúrgico é o Domingo, o Dia do Senhor, do qual testemunham várias passagens do Novo Testamento, sobretudo as que falam das aparições do Ressuscitado no primeiro dia da semana (cf. João 20, 1.19,26 etc.). Enriquecido ao longo dos séculos, este dia será importante não só pela Igreja, mas também pela vida social. Pelo meado do II século, os cristãos escolhem um domingo – a data é motivo de animada discussão – para celebrar a solenidade da Páscoa. Desde o século IV, já existe um tempo de preparação, ao qual é dado o nome de Quaresma, para indicar sua duração de quarenta dias. Este número tem muitas recordações bíblicas, desde a caminhada do povo de Deus, rumo à terra prometida, até o jejum de Jesus, no deserto. No tempo do papa Leão Magno (+ 461), em Roma, a Quaresma começava no sexto domingo antes da Páscoa e, na conta, compreendiam-se os domingos, dias, porém, em que não se jejuava. No século seguinte, para manter o jejum de quarenta dias, antecipou-se o início da Quaresma na quarta-feira anterior. Eis a origem da Quarta-feira de cinzas que marca o início do tempo de preparação e intensa espiritualidade, para dar sentido não somente à celebração da festa, mas para tornar mais coerente com a vida, a celebração da Páscoa.
O sentido deste dia pode ser encontrado nos textos bíblicos e nas orações da liturgia do dia. Na tradição cultural dos povos antigos, também do povo hebraico, colocar cinzas na cabeça, é gesto de penitência (cf. Jó 2,12; 2Sm 13,19; Lm 3,16), como destacam as palavras que introduzem o rito de bênção das cinzas: “Roguemos instantemente a Deus Pai que abençoe com a riqueza de suas graças estas cinzas, que vamos colocar sobre as nossas cabeças em sinal de penitência”. Na oração de Coleta, pede-se que “a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal” e a oração sobre as cinzas que “os fiéis que vão receber estas cinzas… possam celebrar de coração purificado o mistério pascal do vosso Filho”. Numa segunda oração, reza-se: “Reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos… obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado”.
Caracterizam esta celebração as palavras: penitência, perdão dos pecados, conversão, coração purificado, domínio dos nossos maus desejos, vida nova, celebrar com fervor a paixão do Filho, mistério pascal. O exemplo que Jesus nos deixou e seus ensinamentos, tornam-se referencial para os seus seguidores. O tempo de Quaresma, experiência da divina misericórdia e do perdão do Senhor, aponta para uma vida marcada pelas obras que mostram o batizado qual testemunha de um novo projeto de vida.
O Evangelho do dia (Mateus 6) recorda as três ‘obras’ que distinguem um fiel hebreu: a esmola, a oração e o jejum. Uma insistente recomendação – sempre atual – por parte de Jesus: “Não façam isso só para serem vistos”; neste caso, vocês perderiam “sua recompensa”. Tem um jeito próprio dos discípulos de Jesus: agir sem exibicionismo ou vanglória, ligados só no olhar amoroso do Pai.
Iluminados pela Palavra e a Liturgia, possamos iniciar e viver este ‘tempo favorável’ como precioso dom do Senhor para uma vida renovada e coerente. Por isso, cada um entre em si mesmo, e na sinceridade do seu coração, “converta-se, e acredite no Evangelho”, como pede o ministro enquanto coloca as cinzas em nossas cabeças. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Sábado, 2 de março-2019. 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 13-16)
Naquele tempo, 13Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. 15Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará." 16Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.
3) Reflexão Mc 10,13-16
* O evangelho de anteontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos (Mc 9,41-50). O evangelho de ontem trazia conselhos sobre o relacionamento entre homem e mulher, marido e esposa (Mc 10,1-12). O evangelho de hoje traz conselhos sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Com os pequenos e excluídos Jesus pedia o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher, pedia o máximo de igualdade. Agora, com as crianças e suas mães, ele pede o máximo de ternura.
* Marcos 10,13-16: Receber o Reino como uma criança.
Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentam impedir. Por que impedem? O texto não diz. Talvez seja pelo fato de, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães, viverem quase constantemente na impureza legal. Tocar nelas significaria contrair impureza! Elas tocando em Jesus, ele também ficaria impuro! Mas Jesus não se incomoda com estas normas rituais da pureza legal. Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas, lhes dá um abraço dizendo: "Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas”. E ele comenta: “Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele." Então Jesus abraçou as crianças e abençoou-as, pondo a mão sobre elas. O que significa esta frase? 1) A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive do amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la, para que cresça e se realize!
* Um sinal do Reino: Acolher os pequenos e os excluídos
Há muitos sinais da presença atuante do Reino na vida e na atividade de Jesus. Um deles é a sua maneira de acolher as crianças e os pequenos. Além do episódio do evangelho de hoje, eis uma lista de alguns outros momentos de acolhida aos pequenos e crianças:
- Acolher e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual os pequenos deixam de crer em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc 17,2; Mt 18,6).
- Identificar-se com os pequenos. Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a "mim que recebe" (Mc 9,37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
- Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
- Defender o direito da criança de gritar. Quando Jesus, entrando no Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e escribas, Jesus as defende e, em sua defesa, invoca até as Escrituras (Mt 21,16).
- Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do Reino do que os doutores!
- Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7, 14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) Na minha vida, o que já aprendi das crianças sobre o Reino de Deus?
5) Oração final
Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco.Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde. (Sl 140, 1-2)
Sexta-feira, 1º de março-2019. 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 1-12)
Naquele tempo, 1Jesus foi para a região da Judéia, além do Jordão. As multidões voltaram a segui-lo pelo caminho e de novo ele pôs-se a ensiná-las, como era seu costume.2Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.3Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"4Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."5Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;6mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.7Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;8e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.9Não separe, pois, o homem o que Deus uniu." 10Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.11E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.12E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
3) Reflexão Mc 10,1-12
* O evangelho de ontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento entre adultos e crianças, entre os grandes e os pequenos da sociedade. O evangelho de hoje traz conselhos sobre como deve ser o relacionamento entre homem e mulher, entre marido e mulher.
* Marcos 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação machista e da marginalização da mulher na sociedade daquele tempo.
* Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher.
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia o homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Ele tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade entre os dois.
* Marcos 10,10-12: Igualdade homem e mulher.
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. O evangelho de Mateus acrescenta um comentário dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar” (Mt 19,10). Preferem não casar, do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher e sem o direito de poder pedir divórcio caso ela não lhe agradar mais. Jesus vai até o fundo da questão e diz que há somente três casos em que se permite uma pessoa não casar: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda" (Mt 19,11-12). Os três casos são: “(1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o homem se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto, a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher. Jesus modificou o relacionamento homem-mulher, marido-esposa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida pessoal, como vivo o relacionamento homem-mulher?
2) Na vida da minha família e da minha comunidade, como está sendo o relacionamento homem-mulher?
5) Oração final
O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. (Sl 102, 8-9)
RJ: delatores revelam participação da Igreja Católica em desvios na saúde
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O ex-padre Wagner Augusto Portugal firmou acordo de colaboração e depôs no âmbito da Operação SOS, um dos braços da Lava-jato no Rio, confessando ao Ministério Público Federal que atuou em atividades ilícitas da organização social católica Pró-Saúde.
A irmã dele, Wanessa Portugal, também se tornou colaboradora da investigação. A informação foi revelada em reportagem da Revista Época nessa quinta-feira. A delação do ex-padre corrobora com o que foi dito pelo ex-governador Sérgio Cabral em depoimento à 7ª Vara Federal Criminal anteontem. Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com
Quinta-feira, 28 de fevereiro-2019. 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 9, 41-50)
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 42“E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44] 45Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46] 47Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. 49Todos serão salgados pelo fogo. 50O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
3) Reflexão Marco 9,41-50
* O Evangelho de hoje traz alguns conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que, se tomadas ao pé da letra, causam perplexidade na gente.
* Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa.
Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) “Quem der para vocês um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia a dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo, nunca faz casa! 2) “Porque vocês são de Cristo”: Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor.
* Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos.
Escândalo, literalmente, é pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40.45). Quem toca neles, toca em Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Cada ano, só na América Latina, são em torno de três milhões de pessoas que migram para outras igrejas. Já não conseguem crer no que professamos na nossa igreja! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
* Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé, arrancar o olho.
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: “É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho), do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão ”geena (inferno) onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.
* Marcos 9,49-50: Sal e Paz
Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus diz: “Tenham sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros!” A comunidade, na qual se convive em paz, uns com os outros, é como o pouco de sal que tempera a comida toda. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que tempera a vida do povo no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Notícia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não tempera não serve para mas nada!
* Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. “Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe” (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a “um destes mais pequeninos” (Mt 25,40). Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas da época, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi ou nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é “pequeno” num evangelho, é “criança” no outro. É porque criança pertencia à categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que resulta claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são hoje os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) “Corda no pescoço”. Será que o meu comportamento merece a corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento da nossa comunidade: merece?
5) Oração final
É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele, que salva tua vida do fosso, e te coroa com sua bondade e sua misericórdia (Sl 102, 3-4).
Quarta-feira, 27 de fevereiro-2019. 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 38-40)
Naquele tempo, 38João disse a Jesus: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. 39Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim.40Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.
3) Reflexão Marco 9,38-40
* O evangelho de hoje traz um exemplo muito bonito e atual da pedagogia de Jesus. Mostra como ele ajudava seus discípulos a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.
* Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento: “ele não anda conosco”.
Alguém que não era da comunidade usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos, porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade ele impede que o outro possa fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensa ter o monopólio sobre Jesus e, por isso, quer proibir que outros usem o nome de Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga de “Povo eleito, Povo separado!”. Jesus responde: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc 9,40). Dificilmente você pode encontrar uma afirmação mais ecumênica do que esta afirmação de Jesus. Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
* Um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos
Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação dada aos discípulos. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarna o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai. Eis um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos:
* ele os envolve na missão (Mc 6,7; Lc 9,1-2;10,1),
* na volta, faz revisão com eles (Lc 10,17-20),
* corrige-os quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9,33-35; 10,14-15)
* aguarda o momento oportuno para corrigir (Lc 9,46-48; Mc 10,14-15).
* ajuda-os a discernir (Mc 9,28-29),
* interpela-os quando são lentos (Mc 4,13; 8,14-21),
* prepara-os para o conflito (Jo 16,33; Mt 10,17-25),
* manda observar a realidade (Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3),
* reflete com eles as questões do momento (Lc 13,1-5),
* confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6,5),
* ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12,7.12),
* tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3),
* sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil, (Jo 4,7-42).
* ajuda-os a se aceitar a si mesmos (Lc 22,32).
* é exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10,17-31).
* é severo com a hipocrisia (Lc 11,37-53).
* faz mais perguntas que respostas (Mc 8,17-21).
* é firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8,33; Lc 9,54).
* prepara-os para o conflito e a perseguição (Mt 10,16-25).
* A formação não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).
4) Para um confronto pessoal
1) O que significa hoje, século XXI, para mim, para nós, a afirmação de Jesus que diz: Quem não está contra nós, está a nosso favor?”
2) Como acontece a formação de Jesus na minha vida?
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
Terça-feira, 26 de fevereiro-2019. 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)
Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galileia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte.32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho?34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.
3) Reflexão Mc 9,30-37
* O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades.
* Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?
* Marcos 9,30-32: O anúncio da Cruz.
Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!
* Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição.
Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!
* Marcos 9,35-37: Servir, em vez de mandar.
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus!
* Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?
2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?
5) Oração final
Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)
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