Vaticano cria equipe de atletismo com sacerdotes, freiras e guardas suíços
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A associação desportiva poderá participar das competições europeias. A estreia da chamada Athletica Vaticano será no dia 20, numa corrida de rua em Roma
Sacerdotes, freiras, guardas suíços e outros funcionários laicos do Vaticano literalmente correndo juntos para alcançar o céu. Esse é o espírito da primeira associação desportiva da Santa Sé, chamada Athletica Vaticano, uma equipe de atletismo formado por toda a variedade de trabalhadores da cúria romana, que deseja demonstrar que o esporte pode ser um instrumento de solidariedade.
Não é o único grupo esportivo do Vaticano, que já conta com um time de futebol e outro de críquete, mas é o primeiro com projeção fora dos muros do Estado pontifício. Nasceu em setembro de 2017 pela união espontânea de um conjunto de funcionários, e nesta quinta-feira deu um salto e passou a ser uma associação oficial, filiada à Federação Italiana de Atletismo (FIDAL), onde além disso é o primeiro grupo estrangeiro a ser inscrito. A associação, que conta com 60 sócios, atletas de elite com hábito, batina e passaporte vaticano, assinou também um acordo de colaboração com o Comitê Olímpico Italiano (CONI).
O objetivo, explicou em entrevista coletiva o espanhol Melchor Sánchez de Toca y Alameda, subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura e presidente da Athletica Vaticano, é "se divertir e correr". E também participar de eventos de todo tipo, inclusive internacionais. Graças ao convênio com o CONI, a associação poderá participar das competições da Itália e do resto da Europa. Sua estreia será em 20 de janeiro, numa corrida pelas ruas de Roma — uma prova que tem um significado simbólico: é conhecida como A Corrida do Miguel, e acontece há quase 20 anos na capital italiana em homenagem a Miguel Benancio Sánchez, um dos 30.000 desaparecidos da ditadura militar argentina. Esse corredor, jogador de futebol e poeta foi sequestrado em 9 de janeiro de 1978 por um comando paramilitar, provavelmente por sua militância nas Juventudes peronistas, e nunca mais se soube dele. Seu caso foi especialmente acompanhado na Itália.
Correrão juntos sacerdotes, guardas suíços, freiras e diversos empregados da administração da Santa Sé, de carpinteiros a agricultores, passando por bombeiros, jornalistas, farmacêuticos e funcionários dos Museus Vaticanos, aos quais se somam dois atletas “honorários”: Buba Jallow, um jovem de 21 anos procedente da Gâmbia, e Amsou Cissé, um senegalês de 19. São solicitantes de asilo e vivem num centro de acolhida na periferia de Roma. Além disso, a associação assinou um memorando de entendimento com a Federação Italiana de Esportes Paralímpicos e Experimentais. Com esses gestos pretendem demonstrar que o esporte é capaz de promover a inclusão.
Se esses primeiros passos funcionarem, a meta no horizonte, como confirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, é ambiciosa: levar a bandeira branca e amarela do Vaticano aos Jogos Olímpicos. “O desejo é o de começar de forma gradual e passar de um estado de simples presença a um autêntico estado de competição”, disse Ravasi, que salientou a relação entre o esporte, a solidariedade e a fé. E acrescentou que isso poderia ocorrer num primeiro momento com a participação em eventos específicos como os Jogos do Mediterrâneo e os Jogos dos Pequenos Estados da Europa, para ir subindo progressivamente de nível.
O presidente do CONI, Giovanni Malagò, já lhes deu asas: “Será preciso se filiar a outras federações, mas tenho certeza de que isto acontecerá, hoje [quinta-feira] lançamos uma start-up corajosa e vencedora”, disse na apresentação da associação.
O flerte da Santa Sé com os Jogos Olímpicos já dura um bom tempo. A primeira grande aproximação ocorreu em fevereiro passado, quando uma delegação do Vaticano participou da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang e também, na semana anterior, de reuniões em qualidade de observadora, convidada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) num gesto inédito, em nome da diplomacia do esporte.
É comum escutar o papa Francisco defender os valores do esporte como antídoto para o individualismo e como ajuda para estender pontes e fomentar uma cultura do encontro. Fonte: https://brasil.elpais.com
Catedral de Ribeirão Preto/SP cria "Pastoral da Escuta" para ajudar pessoas tristes
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O projeto visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas
A Catedral Metropolitana São Sebastião de Ribeirão Preto iniciou o projeto “Pastoral da Escuta” para ajudar pessoas que estejam tristes e angustiadas. O anúncio foi realizado por meio do Facebook do padre Francisco Jaber Zanardo Moussa, conhecido como Chico.
O trabalho visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas. A primeira reunião foi realizada nessa última terça-feira, 8, mas deve ocorrer de maneira periódica na igreja. Os dias serão informados durante as missas.
“O grupo é formado por pessoas de boa vontade, com formações diversas, mas com a mesma proposta de estar sempre de braços, ouvidos e corações abertos, para acolher como Jesus acolheu”, comentou Chico.
Segundo o padre, grandes multidões se dirigem às igrejas em busca de conforto espiritual, para lidar com dificuldades de relacionamento, autocrítica exagerada, além de outros problemas, todos eles derivados da pressão contínua imposta pelo mundo atual.
“Todos os que já passaram por uma grande dor, por uma frustração, por problemas diversos com familiares têm reações diversas em relação a essa dor e conhecem bem o valor de um amigo que, mesmo sem ter a solução para tudo, limita-se a escutar. Com a prática, a Pastoral da Escuta da Catedral pretende despertar a busca pelo perdão e a reconciliação da pessoa com ela mesma e com Deus”, finaliza o padre.
Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto
Onde: Rua Florêncio de Abreu, s/nº, Centro.
Mais informações: (16) 3625-0007.
Fonte: https://www.revide.com.br
O episcopado no Brasil: 480 bispos e 307 membros efetivos da CNBB
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A Igreja no Brasil conta, atualmente, com 480 bispos. Eles podem ser divididos a partir de suas diversas formas de vinculação às Igrejas Particulares ou condições definidas no Código de Direito Canônico. A partir desta classificação, chega-se ao número de membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): 307.
O levantamento cruza os dados disponíveis na Secretaria Técnica da CNBB com a pesquisa contínua do chefe do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), professor Fernando Altemeyer Junior.
Bispos do Brasil
São 78 arcebispos metropolitanos no Brasil, que podem ser divididos em quatro grupos: os cardeais arcebispos na ativa (3), os cardeais arcebispos eméritos (6), os arcebispos metropolitanos (42) e os arcebispos eméritos (27).
Os bispos diocesanos são 399 (261 na ativa e 138 bispos eméritos). Estão assim divididos de acordo com suas funções: 203 bispos diocesanos de rito latino, 2 bispos das eparquias orientais (ritos maronita e ucraniano), 1 exarca apostólico de toda América Latina do rito armênio presente em Buenos Aires e São Paulo, 45 bispos auxiliares, 1 coadjutor e 9 prelados, que são os bispos das prelazias.
Entra na contagem o bispo responsável pela administração apostólica pessoal São João Maria Vianney, dom Fernando Arêas Rifan, cuja circunscrição eclesiástica não tem caráter territorial, como as dioceses. Será ainda contabilizado o recém-nomeado para a diocese de União da Vitória (PR), monsenhor Walter Jorge Pinto, quando receber a ordenação episcopal.
Já são 139 bispos eméritos no Brasil, além dos arcebispos eméritos citados acima. Estão assim distribuídos: 119 bispos diocesanos eméritos, nove bispos auxiliares eméritos, um eparca e dez prelados eméritos.
CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está estruturada de acordo com as normas do Código de Direito Canônico. Assim, fazem parte da CNBB todos os bispos diocesanos do território e os equiparados em direito, como coadjutores, os auxiliares e os outros bispos titulares “que no mesmo território exercem um múnus peculiar que lhes foi confiado pela Sé Apostólica ou pela Conferência episcopal”, lê-se no cânon 450 do CDC. De acordo com as normas da Igreja, podem ser convidados ainda para a Conferência Episcopal os Ordinários de outro rito, como é o caso dos eparcas, exarcas dos ritos armênio, maronita, ucraniano e oriental.
No caso dos bispos eméritos, são considerados “membros convidados ou honorários”, uma vez que participam de atividades da conferência, como a Assembleia Geral, com direito a voz, mas não a voto.
Desta forma, são os 307 membros efetivos da CNBB: os 3 cardeais arcebispos (dom Odilo Pedro Scherer, dom Orani Tempesta e dom Sergio da Rocha), os 42 arcebispos metropolitanos, os 261 bispos diocesanos e o bispo da administração apostólica pessoal São João Maria Vianney.
Religiosos e diocesanos
Professor Altemeyer ainda contabiliza a origem dos bispos, se diocesanos ou religiosos: “os bispos oriundos do clero diocesano são 282 pessoas, ou seja, 59% do episcopado. E os que pertenceram a uma ordem ou congregação de vida consagrada são 197 pessoas, ou seja, 41% do episcopado brasileiro”. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Apunhalam sacerdote idoso para roubar oferta de sua paróquia
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LA PAZ, 08 Jan. 19. Um sacerdote de 78 anos ficou gravemente ferido após ser apunhalado por um grupo de marginais que tentou roubar a oferta de domingo recolhida em sua paróquia na cidade de Trinidad (Bolívia).
O crime ocorreu por volta das 23h35 de domingo, 6 de janeiro, na paróquia da Santa Cruz, Vicariato Apostólico de Beni.
A vítima é Pe. Adan Bravo, mais conhecido como Padre Tory. Ele é sacerdote há 50 anos e é o primeiro presbítero diocesano do Vicariato de Beni. Além de ser responsável pela paróquia da Santa Cruz, é responsável pelo Santuário de Loreto, do mesmo departamento.
"Eles queriam pegar a oferta recolhida no domingo. Entraram três pessoas e uma apunhalou o sacerdote com uma faca de serra na barriga", relatou Reynaldo Leigue Ortiz, sacristão da paróquia, ao jornal nacional El Deber
Acredita-se que os marginais tenham entrado na igreja depois de quebrar o vidro da porta principal, conseguindo assim abrir a maçaneta por dentro.
De acordo com o relatório policial, a primeira pessoa a entrar na igreja foi Luis Javier Cuéllar Coimbra, de 21 anos, e após 10 minutos de sua entrada na igreja começou a se escutar gritos de socorro.
Como indicado, o sacerdote foi apunhalado porque resistiu ao roubo e os impediu de levar o dinheiro.
"Os vizinhos se aproximaram das janelas da paróquia e ouviram barulho de movimento nas cadeiras. Pe. Adan Bravo Mendoza conseguiu acender a luz e o viram sangrando na região do abdômen. E também conseguiram ver o sujeito que cometeu o delito, Javier Cuéllar, que saiu tranquilamente da igreja pela porta principal", diz o relatório, de acordo com informações fornecidas ao Grupo ACI por Romyta Suáarez, jornalista do Vicariato Apostólico de Beni.
Acrescenta que os vizinhos pediram ajuda e o sujeito fugiu, mas "a dois quarteirões de distância, na altura da avenida Bolívar, foi detido por populares".
Pe. Bravo foi levado imediatamente ao Hospital Obrero, onde foi operado para evitar que se desenvolvesse uma infecção interna por causa da perfuração que atingiu o intestino grosso.
A intervenção teve sucesso e informaram que a sacerdote permanece no hospital em boas condições e em repouso, acompanhado por familiares e amigos.
Fonte: https://www.acidigital.com
Entenda como o Papa João Paulo II impediu uma guerra entre Chile e Argentina, há 40 anos
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POR STÉFANO SALLES
Uma antiga disputa pela posse de Nueva, Picton e Lennox, três pequenas ilhas do Estreito de Beagle, além dos limites do Canal de Drake, por pouco não fizeram Argentina e Chile entrarem em guerra às vésperas do Natal de 1978. No dia 22, quando tropas argentinas já estavam prontas para invadir o país vizinho, chegou de Buenos Aires a ordem para suspender a ação. A trégua aconteceu em atenção a um pedido do então Papa João Paulo II, que assumira o cargo havia apenas dois meses. O Pontífice enviou um de seus homens de confiança, o cardeal italiano Antonio Samore, chefe dos arquivos e da Biblioteca do Vaticano, para auxiliar na mediação e, no dia 8 de janeiro, há 40 anos, os dois países assinaram o Acordo de Montevidéu. Era o primeiro passo para a resolução da controvérsia.
Àquela altura, os dois países eram governados por regimes ditatoriais e populistas: Augusto Pinochet presidia o Chile e Fernando Videla, a Argentina. A disputa pela soberania da área era antiga: em 1881, os dois países assinaram o acordo "Paz de los estrechos", que deixava uma série de lacunas, agravadas pela reação argentina ao laudo da mediação britânica, anos antes da Guerra das Malvinas. O documento concluiu que a ilhas pertenciam ao Chile, mas que a Argentina tinha direito a uma fração do canal. O fato não foi bem recebido em Buenos Aires por duas razões: as ilhas eram percebidas como estratégicas para o acesso à Antártida. Além disto, acreditava-se que eram detentoras de grandes reservas de petróleo.
Cônsul-geral do Brasil em Milão, na Itália, o embaixador Eduardo dos Santos se dedicou ao tema no Curso de Altos Estudos do Itamaraty. Sua dissertação "Entre o Beagle e as Malvinas" foi publicada em 2016 pela Funag. Em entrevista ao Blog do Acervo, ele lembra que a recusa da Argentina em aceitar o laudo arbitral foi mal recebida pela comunidade internacional.
- Nos termos do tratado anterior, as ilhas realmente pertenciam ao Chile, mas havia muitas ambiguidades, não havia mapas e nem mesmo o traçado do canal. A controvérsia durou boa parte do século XX. Em vez de decidir, a coroa britânica convocou, em concordância com as partes, um painel de cinco juízes da corte internacional de justiça, de Haia, que demorou quase seis anos para decidir. Foi uma reação muito negativa, só evitada pela interferência do Vaticano. Os argentinos estavam prontos para bombardear Santiago e os chilenos já tinham levantado tropas. Foi uma crise pré-bélica - lembra.
No dia 23 de dezembro de 1978, O GLOBO trazia a matéria "Papa envia emissário a Beagle para obter paz". O texto dizia: "Na audiência que concedeu ontem, no Colégio de Cardeais, o Papa comunicou que tanto o governo Jorge Videla quanto o de Augusto Pinochet haviam concordado em receber o 'emissário da paz'. Lembrou que os dois governos haviam solicitado há algum tempo a mediação da Santa Sé, mas 'esse propósito comum não pôde concretizar-se por logo terem surgido dificuldades'.
Ao longo do tempo, as principais justificativas geopolíticas para o confronto perderam força. O Tratado da Antártida, atualmente, assinado por 24 países, suspendeu as pretensões de soberania sobre territórios do continente. E não há notícias sobre a existência de jazidas relevantes de petróleo ou gás natural no Estreito de Beagle, diferentemente do que acontece nas Ilhas Malvinas, onde o Reino Unido já iniciou perfurações.
- Naquela região do Estreito de Beagle há uma cidade argentina: Ushuaia. Por muito tempo o Chile defendia a tese que a Argentina tinha direito apenas à fronteira seca, as águas não seriam dela. E os argentinos defendiam ter direito à navegabilidade. Acabaram vencendo nisto: o laudo mostrou que o canal pertence, metade à Argentina, metade ao Chile. A fronteira é a linha média - explica dos Santos.
A edição do GLOBO de nove de janeiro de 1979 registrava o tratado e o fim das tensões, com a matéria "Crise de Beagle: Argentina e Chile chegam a acordo". O texto dizia: "Os ministros do Exterior da Argentina, Carlos Pastor, e do Chile, Hernán Cubillos, reuniram-se ontem na capital uruguaia com o emissário do Vaticano, cardeal Antonio Samore, para assinar um documento em que seus países se comprometem a não recorrer 'à força' em suas relações e a promover um retorno gradual à situação militar existente no início de 1977, abstendo-se de adotar medidas que possam alterar a harmonia em qualquer setor. Simultaneamente, os dois chanceleres solicitaram formalmente a mediação do Papa João Paulo II para seus litígios de limites na região do Canal de Beagle".
Antes do pacto, também foram realizadas missões por parte da ONU e dos EUA para evitar o conflito. O Brasil permaneceu neutro e só se posicionou com notas, nas quais fez apelos por uma solução pacífica. Após o Acordo de Montevidéu, os dois países ainda demoraram mais cinco anos para chegarem a um tratado definitivo.
Eduardo dos Santos nega que a disputa pelo Canal de Beagle tenha sido o principal combustível da rivalidade estabelecida entre chilenos e argentinos:
- As relações entre os países sul-americanos sempre se deram muito à base da desconfiança. Essa rivalidade existe desde o século XIX, mas melhorou muito. Com o retorno da democracia, essas questões foram sendo resolvidas. O clima de rivalidade eu diria que está superado, e o Mercosul ajudou muito nisto, com as iniciativas de integração. O que há hoje é um vestígio dela, uma competição nos âmbitos cultural e comercial, o que é até sadio - conclui o embaixador. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Os padres podem tirar férias?
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As férias de um sacerdote são como as férias de uma mãe: entenda por quê
Sabemos que os padres são padres durante a vida inteira, o ano inteiro, o tempo todo, nas 24 horas do dia, pois nunca se esquecem de que a prioridade da vida sacerdotal é a dedicação plena a Deus e ao seu reino; portanto, é uma dedicação permanente. Neste sentido, o sacerdote não tem férias ou descanso.
No entanto, o Código de Direito Canônico diz que os padres devem ter anualmente um devido e suficiente tempo de férias (cânon 283, 2). Isso responde às determinações do Concílio Vaticano II (“Presbyterorum Ordinis”, 20).
Cabe recordar eu grande parte dos serviços ministeriais não podem ser interrompidos pelas férias dos padres, e o Código de Direito Canônico prevê a devida e necessária suplência. É uma necessidade e um dever de justiça que o Papa, os bispos, os sacerdotes e diáconos, como qualquer outra pessoa, tenham direito a um devido e suficiente tempo de férias, um tempo para respirar outros ares, para depois voltar às suas ocupações e atender, entre outras obrigações, o escritório paroquial cheio de gente necessitada em qualquer aspecto da vida.
Este direito é inviolável, indiferentemente da crise de vocações que a Igreja mais ou menos vive em uma ou outra realidade do mundo. Os sacerdotes têm direito a esse tempo, pois eles trabalham ou estão disponíveis para o serviço pastoral praticamente todos os dias do ano.
Quanto tempo devem durar as férias?
O Direito Canônico (cânon 533, 2) dá ao sacerdote o direito de ausentar-se da paróquia pelo período de um mês, em regime de férias, salvo que obste uma causa grave. Ainda que os padres possam tirar 30 dias de férias, é muito difícil que o façam de maneira completa ou ininterrupta; alguns não têm esse tempo e outros não querem fazê-lo. Então, cada um decidirá o tempo que mais lhe convém, dependendo das circunstâncias e necessidades de cada um.
Muitos padres moram em outros países e chegam a ficar anos longe de suas famílias. Alguns utilizam o tempo de férias para realizar algum tratamento médico, outros para solucionar assuntos pessoais, outros para formação, para fazer alguma peregrinação especial etc.
Este tempo de férias é curto quando comparado aos dias de folga dos leigos, que têm, além de suas férias, dois dias livres por semana, sem contar os dias festivos de caráter religioso – quando os padres mais trabalham.
Férias de mãe
No entanto, quando um padre está de férias, ele não deixa de exercer seu ministério no lugar onde se encontrar; suas férias são apenas uma ausência temporal da sua respectiva paróquia.
Um sacerdote pode tirar férias de sua função de pároco, mas jamais tira férias da sua vocação de padre. Ser pároco é uma função específica, mas ser padre é uma vocação; não se pode deixar de ser sacerdote.
É óbvio que isso não exclui que o sacerdote possa ter momento de relax, de exercício físico, passeios etc. Mas suas férias são como “férias de mãe”: uma mãe pode ir a qualquer lugar, mas continua igualmente sendo mãe e velando sempre pelos seus filhos, em todo sentido da palavra.
Mais ainda: há padres que dedicam suas férias a substituir outros padres, em espírito de caridade fraterna.
Outra coisa a ser levada em consideração é que o sacerdote, durante este período de férias, não se desentende totalmente da sua realidade pastoral, pois, além de deixar tudo organizado e previsto, continua em contato com os que o substituem em com os demais agentes pastorais da paróquia.
Os paroquianos precisam ser compreensivos se a intensidade da vida paroquial diminuir devido à ausência temporal do pároco. O tempo de férias precisa ser vivido com coerência. Não é um período para secularizar-se, nem um tempo para deixar de estar vigilantes, porque o demônio não descansa nunca.
O que o sacerdote – como qualquer outra pessoa – precisa fazer para ter autênticas férias, é apoiar-se em Jesus Cristo. Fonte: https://pt.aleteia.org
Terça-feira, dia 8 de janeiro/2019- depois da Epifania- Evangelho do dia. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, cujo Filho Unigênito se manifestou na realidade da nossa carne, concedei que, reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,34-44)
34Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde. 36Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento. 37Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer? 38Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes. 39Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde. 40E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta. 41Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes. 42Todos comeram e ficaram fartos. 43Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes. 44Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.
3) Reflexão - Mc 6,34-44
* Sempre é bom olhar o contexto em que se encontra o texto do evangelho, pois ele traz luz para descobrir melhor o sentido. Pouco antes, em Mc 6,17-29, Marcos narrou o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital, durante o qual foi morto João Batista. Aqui, em Mc 6,30-44, descreve o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galiléia lá no deserto. O contraste deste contexto é grande e ilumina o texto.
* No evangelho de Marcos a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui em Mc 6,35-44 e em Mc 8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o discípulos a respeito da multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a pena você pesquisar e refletir até descobrir em que consiste exatamente esta importância da multiplicação dos pães.
* Jesus tinha convidado os discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, foi atrás dele e chegou antes (Mc 6,33). Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão esperando por ele, ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Esta frase evoca o salmo do bom pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus esquece o descanso e começa a ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras ele orienta e guia o povo no deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta!” (Sl 23,1).
* O tempo foi passando e começava a escurecer. Os discípulos estavam preocupados e pedem a Jesus para despedir o povo. Acham que lá no deserto não é possível conseguir comida para tanta gente. Jesus diz: “Dêem vocês de comer ao povo!” Eles levam susto: “Então quer que vamos comprar pão por 200 denários?” (i.é, salário de 200 dias!) Os discípulos procuram a solução fora do povo e para o povo. Jesus não busca solução fora, mas dentro do povo e a partir do povo, pois pergunta: “Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A resposta é: “Cinco pães e dois peixes!” É pouco para tanta gente! Jesus manda o povo se acomodar em grupos e pede aos discípulos para distribuir os pães e os peixes. Todos comeram à vontade!
* É importante notar como Marcos descreve o fato. Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, abençoou os pães e os partiu e deu aos seus discípulos, para que os distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as comunidades pensar em que? Sem dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois estas mesmas palavras eram usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor. Assim, Marcos sugere que a eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da vida que dá coragem e leva a enfrentar os problemas do povo de maneira diferente, não a partir de fora, mas a partir de dentro do povo.
* Na maneira de descrever os fatos, Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos. Dar de comer ao povo faminto no deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro (cf. Ex 16,1-36). E pedir para o povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra o recenseamento do povo no deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a 4). Marcos sugere assim que Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades conhecia o Antigo Testamento, e para o bom entendedor meia palavra já bastava. Assim, eles iam descobrindo, aos poucos, o mistério que envolvia a pessoa de Jesus.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus esqueceu o descanso para poder servir ao povo. Que mensagem eu encontro aqui para mim?
2) Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Que posso fazer eu?
5) Oração final
Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. (Sal 71, 7-8)
Deus suplica: ‘Me deixem fora dessa!’
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Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos
Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos e, acima do Brasil, acima de todos, dê um jeito na esculhambação geral. Pelo contrário.
Este é um manifesto para te liberar dessas mixarias terrenas, dessas convocações para que tu te sentes à mesa dos economistas e resolvas os problemas tributários. Em seguida, assim como quem não quer nada, pedem que atravesses a esplanada dos ministérios e, ao lado dos generais, reveles o esquema para prender os caras do tráfico de drogas.
“Teje” solto, pai nosso. Volta a tratar dos problemas que te são inerentes, e não devem ser poucos, no plano celestial da Criação. Perdoa os que assumem esses cargos chinfrins do meridiano terrestre e, no meio do palavrório do gabinete, te convocam ao trabalho com cartão de ponto. Sem essa de continência ao chefe.
Que seja santificado novamente o vosso adorado nome porque a busca do Google informa estar ele relacionado 38 milhões de vulgares vezes ao do novo ocupante do palácio — e isso, te citar em vão, como sabe qualquer criança no catecismo, é dos pecados mais veniais da corrupção religiosa.
Zombam da fé, esses insensatos. Eles fazem crer aos inocentes que Deus arregaçou as mangas da santa bata, deixou de lado a sagrada escritura e desceu ao planalto central do Brasil, munido de tabelas Excel, para ajudar a equipe de burocratas no cálculo da dívida pública
Pai nosso, perdoa essas ofensas. Que o teu cenho, sempre preocupado, fique franzido apenas pela necessidade de pensar um jeito definitivo de manter o demônio nas labaredas do inferno. Enfrentar o capeta é trabalho suficiente para a glória da tua eterna existência. Persevera nesta tua divina faina. Foca no diabo.
Daqui deste fim do mundo, teus fiéis da religião sem partido pedem que te exoneres do cargo jamais solicitado e saltes de banda. Erro de santo. Não aceites as provocações para provar tua existência resolvendo os problemas da saúde, das alíquotas do Imposto de Renda e do Enem. Delega. Aqueles que professam a fé sem ideologia sabem da complexidade da tua agenda suprema e entenderão o recado óbvio aos que te chamam para governar. Deus não está nem aí para a Reforma da Previdência.
Pai nosso, este é um país deitado em berço esplêndido. Alguns ainda estão à espera de que cumpras o milagre prometido no sexto verso da tua prece, aquele do “pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Querem tudo de graça, sem o suor da labuta ultrajante. Nos discursos federativos, “Deus” é a vírgula e a água benta que disfarça o caos. Convocaram uns Chicago Boys, apóstolos modernos da padaria liberal, mas nem os colegas do ministério ao lado parecem acreditar neles — e a todo momento recomeça a gritaria por Tuas graças.
Se houvesse humor neste plenário de 2019, seria fácil te demitires de tamanhas aporrinhações, te livrares do mal com um passem bem e amém. Bastava tocar na Praça dos Três Poderes o samba do Almir Guineto, aquele do “Tudo que se faz na Terra, se coloca Deus no meio/ Deus já deve estar de saco cheio”. Mas eles estão surdos, pai nosso, histéricos para que à frente do Ministério do Supremo resolvas sozinho os problemas do país.
Seja curto-e-grosso, pai nosso, e solta tua mais apavorante voz de trovão nos ouvidos dessa gente: “Me deixem fora dessa!”. Fonte: https://oglobo.globo.com
O teólogo que tentou matar Hitler
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Livro de seus anos em Barcelona e uma nova biografia trazem ao presente Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão executado por tentar assassinar o Führer
Hegel dizia que os grandes homens são aqueles que em sua época tiveram consciência do que era necessário. Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 1906), além de um dos teólogos mais importante do século XX, foi um homem que teve essa consciência, que ele chamou de “teologia do concreto” e que levou às últimas consequências: morrer por tentar salvar o restante. Rompeu a distância entre o pensamento e ação, e isso o destinou a ser um professor que em classe ensinava que Cristo significava liberdade, a ser pastor para criar comunidade e, por fim, acabar enforcado no campo de concentraçãode Flossenbürg, cusado de estar por trás da conspiração que tentou assassinar Hitler.
Apesar de sua morte prematura, deixou uma obra que marcou o pensamento teológico contemporâneo, e que hoje continua suscitando um profundo interesse. Boa prova disso é a publicação recente da biografia Extraña gloria. Vida de Dietrich Bonhoeffer, (Estranha gloria. A vida de Dietrich Bonhoeffer), escrita pelo professor Charles Marsh e publicada pela Trotta, editora espanhola que em 2018 também editou as cartas e textos escritos durante a temporada que o pensador alemão passou em Barcelona, na Comunidade Evangélica da capital catalã, reunidos sob o título Comunidad e promesa (Comunidade e promessa).
Em 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição da raça judaica. E o teólogo decidiu passar à ação
Filho de uma família numerosa, culta, comprometida e rica —sua mãe era condessa e seu pai foi um dos psiquiatras mais importantes da Alemanha—, espiritual sem chegar a ser estritamente religiosa, o jovem Dietrich sentiu bem cedo o chamado da fé: ainda criança, brincava de batizar no jardim de sua casa, e com 13 anos sentenciou em uma refeição familiar que ele sozinho se encarregaria de reformar a Igreja. Pouco depois da morte de seu irmão mais velho, atingido por um projétil na Primeira Guerra Mundial, Dietrich anunciou a sua família que havia decidido se tornar teólogo. Suas primeiras viagens, a Roma, onde viveu apaixonado a Semana Santa, e depois a Trípoli e à Espanha, foram moldando sua fé. Em Barcelona viveu meses alegres e teve tempo para percorrer o país, do Rastro de Madri (mercado popular famoso da capital espanhola), onde comprou um óleo “que para mim é muito bom e interessante, assinado por Picasso”, até Sevilha, onde ficou embevecido com “a quantidade de jovens bem-vestidas e de notável beleza que se vê pela cidade”. Já durante esses anos de juventude comprovou como sua vocação espiritual se tornava cada vez mais humanista, mais consciente do que acabaria chamando de “cristianismo arreligioso”, que se centrava na linguagem do amor, e não nas outras perversões das quais se aproximava o religioso.
Como diz Charles Marsh nessa talvez definitiva biografia, já na primeira frase de sua tese de doutorado alertava: “Nesse estudo, a filosofia social e a sociologia serão utilizadas a serviço da teologia”. Mas na verdade era ele que se colocava a serviço dos outros, à atenção dos demais. E esse sentimento se solidificou durante sua primeira viagem aos Estados Unidos, em setembro de 1930, onde conheceu o professor Reinhold Niebuhr, um teólogo que defendia que “a pergunta sobre como analisar a situação social para responder às necessidades era mais relevante à teologia do que toda a análise morfossintática a que as sagradas escrituras eram submetidas”. A coragem e a honradez do professor acabaram contagiando o jovem alemão, cuja visão da teologia mudou definitivamente quando rezou com os negros do Harlem na Igreja Abissínia. A partir desse momento sua teologia passou a ser mais acessível, para não dizer evidente, e, como diz Marsh, começou a procurar nas religiões cristã e judaica a inspiração à paz e aos valores da cidadania.
Mas enquanto Dietrich crescia como pessoa nos Estados Unidos, seu país afundava no fascismo. Em uma carta recebida, seu irmão Klaus lhe avisou do crescimento da extrema direita, e alertava que se esses sentimentos conseguissem captar também as classes cultas, logo seria “o fim dessa nação de poetas e pensadores”. Não se enganou. Pouco tempo depois, em 30 de janeiro de 1933, Hitler foi nomeado novo chanceler do Reich. O nazismo chegou ao poder, às faculdades e aos grupos eclesiásticos que acabaram formando os Cristãos Alemães (CA), que afirmavam que “Deus escolheu um novo Israel, o volk alemão. Chegaram até mesmo a se convencer de que Jesus não havia sido judeu”. A barbárie se consolidou em 7 de abril, quando o Reichstag aprovou o parágrafo ariano. Bonhoeffer, já quase na qualidade de dissidente teológico, dizia aos seus alunos que “a única esperança estava no bebê nascido de pais judeus, não casados, no afastado povoado de Belém”. Expulso pouco a pouco da Universidade, continuou dando seu curso no seminário da Igreja Confessional em Finkenwalde, um espaço livre do nazismo a noroeste de Berlim. Entre seus discípulos conheceu Eberhard Bethge, que acabou sendo seu fiel companheiro até o final, e talvez o grande amor —não consumado— de sua vida.
No começo de 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição total da raça judaica. E o teólogo decidiu que havia chegado a hora de passar à ação. Entrou na resistência clandestina com um único objetivo: matar Hitler. Enquanto isso não parava de escrever. Em seu livro Ética dizia que “a Igreja ficou em silêncio quando deveria ter gritado, porque o sangue dos inocentes clamava aos céus”. Durou na resistência até 13 de março de 1943. Nesse dia um colega colocou uma bomba-relógio em um avião em que Hitler deviria subir. Mas o detonador falhou.
Quando bateram na porta de sua casa, na noite de 4 de abril de 1943, Bonhoeffer estava sentado no escritório de carvalho onde tantas horas havia passado desde sua infância. Antes de o levarem, teve tempo de esconder o manuscrito de Ética entre uma viga. Durante seu duro cativeiro, apesar da quantidade limitada de papel, continuou escrevendo cartas e textos que Bethge depois reuniu no famoso livro Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão, transformado hoje em um clássico da literatura teológica.
Em Barcelona viveu meses alegres e pôde percorrer a Espanha, do Rastro de Madri até Sevilha
Na noite de 8 de abril foi declarado culpado e condenado à morte. Na manhã seguinte, ele e outros colegas foram conduzidos nus à forca. O médico do campo que o acompanhou em suas últimas horas afirmou que viu o pastor “ajoelhado e rezando fervorosamente a Deus”. Acrescentou que, novamente, no local da execução, pronunciou uma breve plegária, antes de subir os últimos degraus “corajoso e sereno”. Talvez fossem os versículos 19-20 do salmo 119, o mais longo de todos os salmos, que tanto o acompanhou: “Minha alma se consome desejando teus julgamentos o tempo todo”. Mas suas possíveis últimas palavras que passaram à História foram: “Isso não é o fim para mim; é o começo da vida”. Tinha 39 anos. Fonte: https://brasil.elpais.com
Vaticano escondeu pedofilia do fundador dos Legionários de Cristo por 63 anos
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João Paulo II recebe Marcial Maciel no Vaticano, em 30 de novembro de 2004. TONY GENTILE (REUTERS)
Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada reconhece que a sede pontifícia tinha desde 1943 documentos sobre as condutas de Marcial Maciel
O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, o cardeal João Braz de Aviz, reconhece agora que o Vaticano tinha desde 1943 documentos sobre a pedofilia do fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel. O religioso foi investigado entre 1956 e 1959. “Quem o encobriu era uma máfia, eles não eram Igreja”, disse ao ser entrevistado pela revista católica Vida Nova. João Braz esteve em Madri há um mês para encerrar a assembleia geral da Confederação Espanhola de Religiosos (Confer). “Tenho a impressão de que as denúncias de abusos crescerão, porque só estamos no começo. Encobrimos isso por 70 anos e foi um enorme erro”, afirma.
Os Legionários de Cristo renascem de suas cinzas, com uma nova estrutura, após 12 anos de expiação e dez desde a morte de seu fundador, o padre Marcial Maciel, amigo de vários papas e o maior predador sexual na história recente da Igreja. Apresentado durante anos por João Paulo II como apóstolo da juventude e mimado por incontáveis bispos e cardeais, muitos deles espanhóis, Bento XVI o penalizou em 2006, meses depois da morte do Pontífice polonês, a se retirar ao México para o resto de sua vida, dedicado “à penitência e à oração”. Morreu sem pedir perdão dois anos mais tarde, quando uma comissão de investigação já havia revelado sem sombra de dúvidas suas atividades criminosas e uma vida de crápula tolerada pelo Vaticano.
O EL PAÍS publicou em 2006 que o fundador legionário havia sido investigado entre outubro de 1956 e fevereiro de 1959 por encargo do cardeal Alfredo Ottaviani, à época o grande inquisidor romano. Maciel estudou na Universidade Pontifícia de Comillas, à época com sede na Cantábria, de onde foi expulso com alguns colegas sem que os jesuítas tomassem medidas adicionais. A inspeção do Vaticano foi supervisionada pelo claretiano basco e futuro cardeal Arcadio Larraona. Durante esse tempo, Maciel foi suspenso como superior geral, e expulso de Roma. Larraona enviou seus inspetores ao seminário de Ontaneda, entre outros centros. Não adiantou nada e Maciel voltou a cometer seus crimes, com mais poder. Ratzinger também não agiu em 1999, apesar das evidências depositadas sobre sua mesa de presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, o Santo Ofício da Inquisição do passado.
As denúncias de suas incontáveis vítimas, que mais tarde ganharam a companhia das mulheres com as quais o padre Maciel teve filhos, ficaram mais fortes até se tornarem insuportáveis ao Vaticano. Ninguém tomou medidas. “Não se processa um amigo do Papa”, disseram os que deveriam intervir, em primeiro lugar o cardeal Josep Ratzinger, hoje Papa emérito. Maciel também era seu amigo, além de confessor do Papa polonês em várias ocasiões. “Esperavam que Deus lhes retirasse do atoleiro com a morte de João Paulo II e a do acusado”, disse em 1999 uma de suas vítimas e denunciante, Alejandro Espinosa, que teve a infelicidade de ser presa predileta do fundador legionário no frio casarão do seminário de Ontaneda (Cantábria).
Marcial Maciel Degollado (Cotija, Estado de Michoacán, México, 1920-2008), era cotado para santo até que vários dos seminaristas dos quais abusou se uniram para clamar desesperadamente ao Vaticano. “É um guia eficaz da juventude”, dizia sobre Maciel João Paulo II quando as denúncias já eram públicas. Apenas uma semana antes de Ratzinger notificar a abertura de uma investigação, o célebre fundador festejou seus 60 anos de sacerdócio em um ato do qual participaram o Papa e seu secretário de Estado, cardeal Angelo Sodano.
Maciel chegou à Espanha no final dos anos 40 do século passado para estender sua função, protegido pelo à época ministro das Relações Exteriores do ditador Francisco Franco, o democrata-cristão Alberto Martín Artajo. Vinha avalizado pelo Papa Pio XII, que o recebeu em 1941, logo após fundar, com apenas 21 anos, os Legionários de Cristo e o Regnum Christi, inicialmente com o nome de Missionários do Sagrado Coração e da Virgem das Dores.
Ricardo Blázquez, cardeal arcebispo de Valladolid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), foi um dos cinco inspetores encarregados em 2010 por Bento XVI de depurar a organização, na qual fizeram carreira outros pedófilos junto ao fundador. Algumas das vítimas acreditaram à época que o Papa eliminaria os Legionários da maneira como funcionavam, para refundá-los com outro carisma. Assim declarou ao EL PAÍS o sacerdote Félix Alarcón, ex-dirigente legionário em vários países, ele mesmo vítima de abusos quando era criança. “O Vaticano recebeu 240 documentos que evidenciavam que a situação era conhecida muito antes do reconhecimento de que era conhecida. Nossa denúncia é de 1988, e enquanto Ratzinger era cardeal, essa terrível batata quente era passada de um lado para o outro, sem que nenhuma medida fosse tomada. Acho que a Legião tal como a entendíamos deveria ser eliminada”, disse em sua casa em Madri.
Existiu um antecedente, com o Vaticano na primeira fila de culpa e penitência por encobrir uma rede de pedófilos nas Escolas Pias do aragonês são José de Calasanz, fundador da Ordem de Clérigos Regulares Pobres, conhecidos agora como esculápios. Um dos pedófilos, o padre Stefano Cherubini, teve tanto poder de encobrimento que chegou a ser superior da ordem, derrubando o fundador. Os esculápios foram punidos com a extinção e Calasanz morreu aos 91 anos em Roma ainda em desgraça. Oito anos depois, a congregação foi reabilitada. O escândalo não impediu que Calasanz fosse elevado aos altares. Em 1948 foi declarado patrono universal das Escolas cristãs por Pio XII.
O MOVIMENTO CRESCEU UM 3% EM SUA TRAVESSIA DO DESERTO
O conhecimento público dos escândalos de pedofilia dentro dos Legionários de Cristo, até então um dos grandes movimentos do novo catolicismo, fez com que o Vaticano promovesse, por fim, a chamada “tolerância zero”, o lema com o qual o cardeal alemão Ratzinger ganhou o pontificado. Não foi ouvido e acabou renunciando ao cargo, em um gesto sem precedentes em séculos.
A punição a Marcial Maciel e sua organização foi rigorosa, mas não a extinguiu. Entre outras exigências, além da proscrição do fundador, os legionários deixariam de comemorar as diversas efemérides de Maciel; deveriam deixar de chamá-lo “nosso pai” e ignorar seu nome em público; eliminar de seus colégios todas as fotografias em que ele estivesse sozinho e com João Paulo II, e deixar de vender seus livros. Houve uma exceção por respeito à “liberdade pessoal”: quem desejasse conservar “de maneira privada” alguma fotografia do fundador, ler seus escritos e escutar suas conferências, poderia fazê-lo, porém discretamente.
Com esse longo processo de purgação e depuração, e eliminados os colaboradores mais próximos de Maciel, o Vaticano acaba de aprovar os novos estatutos da Legião, que a reconhecem “canonicamente como Sociedades de Vida Apostólica de direito pontifício” e como “uma federação formada e governada colegiadamente entre os Legionários de Cristo, as Consagradas e os Laicos Consagrados, com voto consultivo dos laicos, que se associarão individualmente à Federação”. Seu órgão de governo se chamará Colégio diretivo.
Longe de perder associados, durante a crise a Legião cresceu 3%. Hoje são 21.300 membros seculares, 526 consagrados, 63 laicos consagrados, 1.537 legionários de Cristo e 11.584 membros adolescentes em uma organização chamada ECYD. Em sua obra educativa (154 colégios, 5 academias internacionais, 14 universidades civis e quatros eclesiásticas), se formam 176.000 alunos.
Na Espanha, são responsáveis pelo santuário diocesano de Nossa Senhora de Sonsoles em Ávila e possuem seminários em Ontaneda (Cantábria) e Moncada (Valência). Também possuem a Universidade Francisco de Vitoria, em Pozuelo (Madri); a rede de colégios Everest e Cumbres; a organização Highlands; a rede de colégios Mão Amiga, e a agência de notícias Zenit. Fonte: https://brasil.elpais.com
PADRE WELITON: Feliz Ano Novo.
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1º DE JANEIRO-2019: Missa ao vivo
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AO VIVO- Santa Missa nesta terça-feira, dia 1º de janeiro-2019 com Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita da Ordem do Carmo, direto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo do Desterro da Lapa/ RJ. Para interagir ao vivo no FACEBOOK LIVE COM O FREI PETRÔNIO- TODOS OS DIAS- às 20h, adicione a página do Frei: www.facebook.com/freipetronio1
1° de Janeiro: Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Ano C
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1° de Janeiro: Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Ano C
Dia Mundial da Paz
*Tema da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade da Mãe de Deus: somos convidados a olhar a figura de Maria, aquela que, com o seu sim ao projeto de Deus, nos ofereceu a figura de Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI quis que, neste dia, os cristãos rezassem pela paz. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nunca nos deixa, mas que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude. As leituras de hoje exploram, portanto, diversas coordenadas. Elas têm a ver com esta multiplicidade de evocações.
O Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que veio ao nosso encontro em Jesus) provoca alegria e contentamento por parte daqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os débeis. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu cuidado e amor e a testemunhar a libertação de Deus aos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível ao projeto de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
ATUALIZAÇÃO- EVANGELHO – Lc 2, 16-21
Mais uma vez fica claro, neste texto, o projeto que Deus tem para a humanidade, em Jesus: apresentar-nos uma proposta libertadora, que nos leve a superar a nossa fragilidade e debilidade e a encontrar a vida plena. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou no brilho da nossa posição social? Quando anunciamos Jesus aos nossos irmãos, é esta a proposta que nós apresentamos – sobretudo aos mais pobres e marginalizados?
Diante da boa nova da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu empenho em nos libertar da nossa debilidade e escravidão?
Os pastores, depois de terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se testemunhas desse projeto. Sentimos, também, o imperativo do “testemunho” dessa libertação que experimentamos?
Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos banais do nosso dia a dia?
ANOTAÇÕES DO FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, PADRE CARMELITA E JORNALISTA/RJ.
Segundo o evangelho; (Lc 2, 19). “Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles no seu coração”.
Na espiritualidade carmelitana, nos deparamos com uma famosa frase do Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial. Para o Beato, “Devemos olhar o mundo com Deus no fundo”. Ou seja, a exemplo de Maria no Evangelho de hoje, sob hipótese alguma devemos perder a esperança, mas, com fé, perceber a ação de Deus que vai perpassar todo este ano que se inicia.
Só quem sabe olhar os fatos e os acontecimentos com os olhos de Deus- ou da fé- consegue encontrar sinais de esperança, mesmo em momentos difíceis que com certeza teremos que enfrentar neste ano novo. Só quem sabe conservar esta fé e este olhar – de Deus- consegue encontrar caminhos alternativos para superar os fracassos, as limitações e as derrotas- e Maria venceu todas estas noites porque o seu foco estava em Deus, somente Nele!
Em outras palavras, não somos cristãos de sonhos vazios ou seguidores de um Deus mágico que resolve todos os problemas com um toque, não, estamos conscientes da nossa missão e da nossa responsabilidade na construção de um novo ano com os pés no chão da nossa realidade e do nosso olhar atento e de fé. Que a Senhora do Carmo, nossa Mãe, seja de fato este inspiração para olhar além do olhar. E tenho dito!
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Espetáculo inédito no Cristo Redentor começa logo após a queima de fogos
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No Réveillon, o monumento vai receber projeções com rotação ilusória da estátua.
RIO — Logo depois da meia-noite, assim que acabar a queima de fogos em Copacabana, o estátua do Cristo Redentor vai se transformar em um espetáculo de arte e tecnologia. O monumento receberá pela primeira vez projeções digitais simultâneas, tanto na face frontal quanto na face posterior do Cristo Redentor. Um dos pontos altos será uma rotação ilusória de 180º do monumento, por meio da qual o Cristo, com as técnicas de videomapping, se voltará para os bairros da cidade que ficam às suas costas. A previsão é de tempo firme no Rio durante o réveillon, com chance mínima de chuva na virada do ano , o que permitirá que as pessoas assistam ao espetáculo.
Haverá também mensagem de paz, em linguagem de sinais (Libras). Embora o evento não seja aberto ao público, essas projeções poderão ser vistas dos bairros próximos à Floresta da Tijuca e também na Praia de Copacabana, transmitidas por um telão.
A iniciativa, em parceria com o Projeta Rio, é uma homenagem da Arquidiocese do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Turismo e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade a todos os cariocas e aos visitantes e àqueles que amam a Cidade Maravilhosa. Fonte: https://oglobo.globo.com
Os arquivos da Igreja: o bordel dos franciscanos e um assassinato na missa
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Historiador retrata subterrâneos dos séculos XVII e XVIII através de documentos da Justiça eclesiástica
Em uma rua do centro de Zaragoza havia uma casa com as janelas sempre fechadas pela qual desfilavam autênticas romarias de padres franciscanos entrando e saindo com chave própria. Em uma das visitas, vários deles chegaram até a se trancar ao mesmo tempo em um quarto com uma mulher de nome Francisca. Até que os vizinhos disseram basta e acabaram com esse “lupanar especializado”. Uma simples denúncia de um morador da mesma rua acabou com o prostíbulo preferidos dos franciscanos no século XVII.
Se esse processo não ficou enterrado em séculos de história é porque chegou aos tribunais com todos os detalhes. Os arquivos judiciais eclesiásticos reúnem centenas de relatos de amores proibidos, terríveis agressões sexuais, prostituição, a à época proibida homossexualidade e até brigas em plena missa. O historiador Juan Postigo mergulhou durante meses no arquivo diocesano de Zaragoza para rastrear os subterrâneos da sociedade dos séculos XVII e XVIII.
“Os documentos são realmente explícitos. Como não existiam provas forenses, os investigadores faziam interrogatórios extenuantes que ficaram completamente registrados”, diz o pesquisador, cujo trabalho está no livro El Paisaje y las Hormigas (A Paisagem e as Formigas). Como diz Postigo, muitas das práticas consideradas ilegais eram aceitas pela sociedade, até que um ponto de inflexão as transformava em insustentáveis e chegavam aos tribunais. No caso do prostíbulo dos franciscanos, o detonador foi a discussão de um dos vizinhos com o dono da casa.
Os processos judiciais mostram pequenos retratos dos costumes da época. Um deles narra a tempestuosa relação entre um nobre e uma criada, que acabou com a gravidez dela. Quando a mulher foi pedir ajuda ao homem para criar o bebê ele se esquivou de suas responsabilidades, de modo que ela recorreu a uma feiticeira moura. Um criado escutou a mulher em plena conversa com a suposta bruxa e contou ao nobre, que sugestionado pelas práticas mágicas começou a ter problemas para ter relações sexuais e decidiu ajudar a mãe de seu filho.
O gênero feminino precisou entrar dentro dos padrões moralistas de uma vida dependente do marido. Se elas queriam manter idílios amorosos precisavam entrar no mundo da ilegalidade
Nas leis morais da época, o público e o privado se confundem. Os escritos mostram denúncias contra nobres por deitarem-se com algumas de suas criadas. E, por exemplo, uma acusação contra a mulher de um hospedeiro por manter uma relação com um hóspede. “A sexualidade só tinha espaço dentro do casamento, todo o resto era perseguido. Além disso, as pessoas de diferentes classes não podiam ficar juntas e constantemente encontramos casos de homens e mulheres que burlaram essas normas”, diz Postigo.
O historiador define a mulher como um “agente de transgressão permanente”, pelas rígidas regras em que estavam presas. “O gênero feminino precisou entrar dentro dos padrões moralistas de uma vida dependente do marido. Se elas queriam manter idílios amorosos precisavam entrar no mundo da ilegalidade”. Também são detalhados numerosos casos de maus-tratos a mulheres, que se tornavam assunto público somente quando a crueldade era especialmente grave, como no caso de Agustín Pintor, um homem que obrigava sua mulher a se prostituir, a agredia quando os clientes se cansavam e deixavam de pagar e andava pelo mercado com sua amante abertamente”. A pobreza tornava as mulheres dependentes dos homens”, afirma Postigo.
Além das histórias de bairro levadas a julgamento, os documentos dão descrições detalhadas de fatos atrozes, como tiros no meio da noite, mães que prostituem suas filhas e agressões sexuais a meninas. O escritor pega o assassinato dentro da basílica do Pilar do ourives Tomás Teller, que ao acabar suas orações recebeu um tiro de rifle de alguém que havia preparado cuidadosamente o lugar e o modo que iria acabar com sua vida. Aconteceu na noite de 29 de agosto de 1687. “Como os templos eram os lugares em que a sociedade cristã passava a maior parte de sua vida, também se transformaram em cenários de crimes”, diz Postigo.
A vizinha catedral de La Seo também abrigou contendas, como a impressionante briga a socos de dois religiosos em plena missa de 2 de novembro de 1747. Tudo aconteceu porque um disse ao outro que ele havia se esquecido de ler um versículo.
Postigo extrai uma conclusão da análise dos crimes passados: “As rigidezes impositivas só faziam com que as pessoas precisassem encontrar brechas para satisfazer seus instintos. Muitas vezes pode ser contraproducente deixar as pessoas presas demais”. Fonte: https://brasil.elpais.com
40 missionários assassinados em 2018, revela Ag. Fides
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No ano que está para terminar, a Agência Fides apresenta o relatório com números e circunstâncias em que missionários - "batizados comprometidos na vida da Igreja" - foram mortos em diversas partes do mundo de forma violenta, não necessariamente por ódio à fé.
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
No total são 40, quase o dobro de 2017, os missionários assassinados no ano que está prestes a acabar. A maior parte deles, sacerdotes, 35.
Segundo dados coletados pela Agência Fides, após oito anos consecutivos em que o número mais elevado de missionários assassinados foi registrado na América, em 2018 é a África a ocupar o primeiro lugar neste trágico ranking. Também neste ano muitos perderam suas vidas durante tentativas de roubo ou furto, em contextos sociais de pobreza, degradação e onde a violência é a regra da vida, a autoridade do Estado ausente ou enfraquecida pela corrupção, ou onde a religião é instrumentalizada para outros fins.
O sacrifício da África
19 sacerdotes, 1 seminarista e 1 leiga são as vítimas na África. Comove a morte de Thérese Deshade Kapangala, da República Democrática do Congo. Ele tinha apenas 24 anos de idade e estava se preparando para começar seu caminho de postulante entre as Irmãs da Sagrada Família. Ela foi assassinada em janeiro 2018 pela violenta repressão dos militares que tentavam sufocar os protestos contra as decisões do Presidente Kabila, promovidos por leigos católicos em todo o país.
Thérese, que cantava no coro da paróquia e era muito ativa na Legião de Maria, havia participado da Missa na cidade de Kintambo, ao norte de Kinshasa. Logo depois, ela tentou organizar uma marcha de protesto. O exército estava do lado de fora da igreja e abriu fogo contra os manifestantes que buscavam abrigo no templo. Thérese foi atingida ao tentar proteger uma criança com seu corpo.
Um massacre brutal em que foram mortos na Nigéria padre Joseph Gor e padre Felix Tyolaha por pastores / jihadistas nos povoados de Mbalom, no Estado de Benue, na parte central do país que divide o norte de predominância muçulmana, do sul em grande parte habitado por cristãos.
O massacre ocorreu na madrugada de 24 de abril de 2018, durante a Missa matinal, muito frequentada. Tinha acabado de iniciar e os fiéis ainda estavam entrando na igreja, quando vários tiros foram disparados por um grupo armado. Dezenove pessoas, incluindo os dois padres, foram mortas a sangue frio. A seguir, os bandidos entraram no povoado, saquearam e destruíram mais de 60 casas.
Idoso e muito amado era padre Albert Toungoumale-Baba, centro-africano, 71, morto na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, não muito distante do bairro PK5 Bangui, capital da República Centro-Africana, onde houve um massacre que provocou a morte de pelo menos 16 pessoas e que causou uma centena de feridos. Um grupo armado atacou a paróquia, enquanto padre Albert e alguns fiéis estavam celebrando a Missa para a festa de São José, em 1º de maio de 2018. O sacerdote assassinado, um dos mais idosos da diocese de Bangui, muito estimado pelos fiéis, encontrava-se naquela igreja para a celebração como capelão do movimento "Fraternité Saint Joseph".
Amor pelas pessoas e paixão pela fé
Também a América pagou um alto tributo de vidas em 2018. Foram assassinados 12 padres - 7 somente no México - e 3 leigos. Entre as vítimas, chama atenção a história do padre Juan Miguel Contreras García, ordenado sacerdote pouco antes de morrer. Tinha apenas 33 anos, quando na noite de 20 de abril de 2018 foi morto no final da Missa que celebrava na Paróquia São Pio de Pietrelcina, em Tlajomulco, Estado de Jalisco (México), onde estava substituindo outro sacerdote ameaçado de morte.
Um comando invadiu a igreja dirigindo-se à sacristia, onde abriu fogo contra o sacerdote.
Padre Riudavets Carlos Montes, um padre espanhol da Sociedade de Jesus (SJ) 73 anos, foi encontrado amarrados e com sinais de violência na comunidade indígena peruana de Yamakentsa. Padre Riudavets havia formado centenas de líderes indígenas e era totalmente consagrado à sua missão, sempre disponível. Também ele amava a comunidade e por ela era amado.
Missionários: partilha e coragem
Das diferentes histórias que a Agência Fides relata no final de 2018, surge um único denominador comum: a partilha que em cada latitude, padres, religiosos e leigos são capazes de estabelecer com as pessoas, levando um testemunho evangélico de amor e de serviço para todos, e a coragem pela qual, mesmo diante de situações de perigo, os missionários permanecem em seu lugar, para serem fiéis aos seus compromissos. Fonte: www.vaticannews.va
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