SEGUNDA-FEIRA 29: Homilia do Papa: Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação
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O Papa Francisco inspirou sua reflexão no Rei Davi, “um grande”, tinha uma “alma nobre”, mas era também um pecador, tinha “pecados grandes”.
Cidade do Vaticano (29/01/2018)
“Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação” . Foi o que disse em síntese o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta segunda-feira na Capela da Casa Santa Marta.
Uma reflexão que parte da figura do Rei Davi, centro da primeira leitura.
Davi de fato, é “um grande”. Havia vencido o filisteu, tinha uma “alma nobre” - porque por duas vezes poderia ter matado Saul e não o fez – mas era também um pecador, tinha “pecados grandes”: “o do adultério e do assassinato de Urias, o marido de Betsabá”, “aquele do censo”.
Mesmo assim – observa Francisco – a Igreja o venera como Santo, “porque deixou-se transformar pelo Senhor, deixou-se perdoar”, arrependeu-se, e por “aquela capacidade não tão fácil de reconhecer ser pecador: “Sou pecador’”. Em particular a Primeira leitura coloca o foco na humilhação de Davi: seu filho Absalão, “faz uma revolução contra ele”.
Naquele momento Davi não pensa “na própria pele”, mas em salvar o povo, o Templo, a Arca. E foge, “um gesto que parece covarde, mas é corajoso”, sublinha o Papa. Chorava, caminhando com a cabeça coberta e pés descalços.
Mas o grande Davi é humilhado, não somente com a derrota e a fuga, mas também com o insulto. Durante a fuga, um homem chamado Semei o insultava dizendo que o Senhor fez recair sobre ele todo o sangue da casa de Saul – “cujo trono usurpastes – e entregando o trono ao filho Absalão: “eis que estás na ruína – afirmava – porque és um homem sanguinário”.
Davi o deixa fazer, não obstante os seus quisessem defendê-lo: “É o Senhor que inspira de insultar-me”, talvez “este insulto comoverá o coração do Senhor e me abençoará”.
Às vezes, nós pensamos que a humildade é ir tranquilos, ir talvez de cabeça baixa olhando para o chão... mas também os porcos caminham de cabeça baixa: isso não é humildade. Esta é aquela humildade falsa, prêt-à-porter, que não salva nem protege o coração. É bom que nós pensemos nisto: não existe verdadeira humildade sem humilhação, e se você não for capaz de tolerar, de carregar nas costas uma humilhação, você não é humilde: faz de conta, mas não é.
Davi carrega nas costas os próprios pecados. “Davi é Santo; Jesus, com a santidade de Deus, é Santo”, afirmou o Papa e acrescentou: “Davi é pecador, Jesus é pecador, mas com o nossos pecados. Mas os dois, humilhados”.
Sempre existe a tentação de lutar contra quem nos calunia, contra quem nos humilha, quem nos faz passar vergonha, como este Semei. E Davi diz: “Não”. O Senhor diz: “Não”. Este não é o caminho. O caminho é o de Jesus, profetizado por Davi: carregar as humilhações. “Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e me dará o bem em troca da maldição de hoje”: transformar as humilhações em esperança.
Francisco advertiu, porém, que a humildade não é justificar-se imediatamente diante da ofensa, tentando parecer bom: “Se você não sabe viver uma humilhação, você não é humilde”, afirmou. “Esta é a regra de ouro”.
Peçamos ao Senhor a graça da humildade, mas com humilhações. Havia aquela freira que dizia: “Eu sou humilde, sim, mas humilhada jamais!”. Não, não! Não existe humildade sem humilhação. Peçamos esta graça. E também, se alguém for corajoso, pode pedir – como ensina Santo Inácio – pode pedir ao Senhor que lhe envie humilhações para se parecer sempre mais com o Senhor. Fonte: http://www.vaticannews.va
VAMOS VER O “OUTRO LADO” DO ENCONTRO DAS CEBS? Bispos Socialistas doutrinavam católicos no momento em que Lula era julgado em POA
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Um vídeo estarrecedor, produzido por Bernardo P. Kuster, traz esta importante denúncia, que deveria assustar não só os verdadeiros católicos, mas também à todos aqueles cidadãos brasileiros interessados em evitar que Lula volte ao poder e o nosso país se transforme em uma nova Venezuela.
Com faixas em apoio a Lula, "Eleições sem Lula é Fraude", abriu -se o evento 14° Inter Eclesial das Comunidades de Base - Janeiro de 2018, em Londrina PR.
Enquanto os Excelentíssimos Magistrados de Porto Alegre julgavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bispos Socialistas Católicos (60) de todo o Brasil, assessorados por intelectuais fundadores do PT, doutrinavam mais de 3000 delegados interestaduais pertencentes as CEBs. (Comunidade Eclesial de Base).
Frei Beto abriu o evento solicitando 1 minuto de silêncio, em homenagem à Lula, que segundo ele, representa a verdadeira democracia brasileira. Naquele exato momento, o réu mais famoso do mundo, estava sendo julgado em Porto Alegre.
Ideias esdrúxulas, para não dizer criminosas, foram defendidas neste evento, dentre elas podemos citar:
- Liberação do aborto;
- Descriminalização do uso de drogas;
- Inclusão da ideologia de gênero no currículo escolar;
- Adoção do método de ensino Paulo Freire nas Escolas;
- Apoio a um "Referendum popular" para a elaboração de uma nova Constituição Socialista (semelhante ao que foi realizado recentemente na Bolívia);
- Apoio ao ditador sanguinário venezuelano Nicolás Maduro;
- Etc.
O mais estarrecedor desta triste história, agora me dirijo diretamente aos seguidores da fé católica tradicional, são as idéias absurdas defendidas neste evento, que atacaram diretamente os fundamentos da Tradicional Igreja Católica Apostólica Romana. Este ataque ocorreu na presença de altos representantes da Igreja.
Dentre as ideias defendidas podemos citar alguns exemplos:
- "Jesus não veio fundar uma religião ou uma Igreja. Ele veio trazer um novo projeto sócio político." ( Frei Beto: fundador da Teologia da Libertação );
- "A multiplicação dos pães, palavra equivocada, porque não houve multiplicação, houve sim partilha. É o Fome Zero de Jesus." (Frei Beto).
O anfitrião desta festa não poderia deixar de ser citado, o novo e polêmico Bispo socialista de Londrina - PR, Dom Geremias Steinmetz, que em seu currículo trás:
- Organizador do grito dos excluídos e da semana LGBT;
- Recusou a dar a hóstia consagrada à fiéis ajoelhados, por considerar uma postura de extrema submissão e abuso de poder;
- Acusado de perseguir dentro da Igreja Católica padres tradicionais que defendem os verdadeiros valores da Igreja (ex. Padre Paulo Ricardo);
- Transferência arbitrária de padres antigos de suas paróquias, para paróquias diferentes (ex. a polêmica transferência do Monsenhor Gafá que há 30 anos pregava na Catedral para uma pequena Igreja no centro de Londrina);
- Foi antigo assistente de Frei Beto, criador da Teologia da Libertação e amigo pessoal de Lula.
Para finalizar, é importante citar a composição técnica dos organizadores deste encontro:
Como podemos verificar, a esquerda brasileira se assemelha a uma Medusa com suas várias cabeças, não bastando atingir uma única "jararaca velha e decrépita" para anularmos o perigo que representam para a nossa combalida democracia.
Escondidos por trás de um discurso falacioso de humildade, generosidade e igualdade, tentam, à todo custo, iludir e aliciar os inocentes fiéis católicos para a divulgação e disseminação da ideologia comunista.
Querem transformar os fiéis católicos em ativistas políticos revolucionários.
Segundo o entendimento de Frei Beto, o católico não deve ficar dentro da Igreja apenas rezando, devendo sim, participar ativamente da luta política de nosso país. Para ele, profissionais liberais, fazendeiros e empresários, defensores do neoliberalismo econômico, são uma ameaça as conquistas sociais adquiridas nos governos do PT.
Precisamos denunciar a utilização política e ideológica da Igreja Católica pelos partidos socialistas, com o intuito de disseminar a ideologia socialista não só no Brasil, como também em toda a América Latina. Fonte: www.jornaldacidadeonline.com.br
DOMINGO 28: Papa no Angelus: Jesus Mestre poderoso em palavras e obras
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"Jesus ensina como uma pessoa que tem autoridade, revelando-se o Enviado de Deus", disse Francisco.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, neste domingo (28/01), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
O Pontífice explicou que o Evangelho deste domingo faz parte da mais ampla narração indicada como o “dia de Cafarnaum”. No centro dessa passagem está o exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso em palavras e obras.
Jesus entra na sinagoga de Cafarnaum no dia de sábado e começa a ensinar. “As pessoas ficam admiradas com as suas palavras, pois não são palavras comuns, não parecem com aquelas que geralmente escutam.”
“Os escribas ensinam, mas sem ter uma própria credibilidade. E Jesus ensina com autoridade. ”
"Jesus ensina como uma pessoa que tem autoridade, revelando-se o Enviado de Deus, e não um homem simples que deve fundar seu próprio ensinamento somente nas tradições precedentes. Jesus tem credibilidade plena. A sua doutrina é nova e o Evangelho diz que as pessoas comentavam: «Um ensinamento novo, dado com autoridade».”
"Ao mesmo tempo, Jesus revela-se poderoso também nas obras. Na sinagoga de Cafarnaum há um homem possuído por um espírito mau que se manifesta gritando estas palavras: «Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus».
“ O diabo diz a verdade: Jesus veio para destruir o diabo, para destruir o demônio, para vencê-lo. ”
“Este espírito imundo conhece a potência de Jesus e proclama a sua santidade. Jesus o repreende, dizendo-lhe: «Cala-te e sai dele!» Essas poucas palavras de Jesus são suficientes para obter a vitória sobre satanás, que sai daquele homem sacudindo-o e dando um grande frito, segundo o Evangelho.”
Segundo o Papa, “esse fato impressiona muito as pessoas presentes. Todos estão cheios de temor e se perguntam: «O que é isso? Ele manda até mesmo nos espíritos maus e eles obedecem!»
A força de Jesus confirma a credibilidade de seu ensinamento. Ele não pronuncia somente palavras, mas age. “ Assim, se manifesta o projeto de Deus com palavras e com a força das obras. ”
No Evangelho, vemos que Jesus, em sua missão terrena, revela o amor de Deus seja com a pregação seja com os vários gestos de atenção e socorro aos doentes, necessitados, crianças e pecadores.”
“Jesus é o nosso Mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus nos comunica a luz que ilumina as estradas, até mesmo escuras, de nossa existência.
Ele nos comunica também a força necessária para superar as dificuldades, as provações e as tentações. Pensemos: que grande graça é para nós ter conhecido esse Deus tão poderoso e bom!"
“ Um mestre e um amigo que nos indica o caminho e cuida de nós, especialmente quando precisamos. ”
“Que a Virgem Maria, mulher da escuta, nos ajude a fazer silêncio ao nosso redor e dentro de nós para ouvir, no barulho das mensagens do mundo, a palavra mais crível que existe: a de seu Filho Jesus que anuncia o sentido de nossa existência e nos liberta de toda escravidão, inclusive a do maligno.” Fonte: http://www.vaticannews.va
4º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Ensinava com autoridade e não como os escribas
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No Deuteronômio, Moisés anuncia que Deus fará surgir do meio do povo um profeta semelhante a ele. Esse profeta comunicará o que Deus mandar. Deus vai pedir contas a quem não quiser ouvir as palavras que o profeta dirá em seu nome. Ao longo dos anos, o povo de Israel esperou por esse profeta. Pensou que fosse Jeremias, até que o evangelista São João mostrou que o profeta prometido é Jesus. No Quarto Evangelho, os enviados dos fariseus perguntam a João Batista se ele é o profeta. Não um profeta, mas o profeta. João diz que não (Jo 1,21). Depois da multiplicação dos pães, o povo exclama: “Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo” (Jo 6,14). O profeta fala com a autoridade do Pai.
No Evangelho, Jesus ensina com autoridade. O texto começa dizendo que Ele “ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas”, e termina com o povo perguntando e respondendo: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade”. Entre as duas afirmações sobre a autoridade da palavra de Jesus acontece a expulsão de um demônio.
Marcos e Lucas (4, 33-37) relatam a expulsão do demônio na sinagoga da Cafarnaum e somente Marcos compara a autoridade de Jesus com a dos escribas. Mateus dirá que Jesus “ensinava com autoridade e não como os seus escribas” no fim do Sermão da Montanha (7,29). Marcos faz a afirmação na cena da expulsão do demônio, que reage, e pergunta, gritando: “Vieste para nos destruir?” O demônio se sente ameaçado porque Jesus mandou que se calasse e saísse do pobre possesso. E os escribas também se sentem ameaçados pelo ensinamento de Jesus feito com autoridade. Se prestarmos atenção, o texto de Marcos identifica os escribas com o demônio. A situação desumana em que se encontra o possesso é consequência do ensinamento dado pelos escribas. O possesso dificilmente pode conviver com outros seres humanos. Para São Marcos, Jesus veio ao nosso mundo enfrentar o poder demoníaco que diminui o ser humano. O demônio não precisa entrar em alguém nem agir diretamente. Ele tem “agentes” próprios, como os escribas. No Apocalipse, o demônio age por meio do imperador de Roma e por meio do falso cristão, que tem aparência de cordeiro e voz de dragão (Ap 13). Nesta primeira cena de Marcos, Jesus enfrenta a ação demoníaca no meio de Israel: era sábado, na sinagoga, numa aldeia judaica. Depois, enfrentará o demônio romano. Jesus veio nos devolver a dignidade que o demônio nos fez perder no paraíso.
A segunda leitura, sem desmerecer a consagração matrimonial, mostra o valor do celibato consagrado.
Fonte: http://www.osaopaulo.org.br
4º domingo do tempo comum - Um ensinamento novo, dado com autoridade
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O povo simples sabe distinguir os dois tipos de ensinamentos e admira e reconhece o ensinamento de Jesus. Ele “ensina como quem tem autoridade”! Essa autoridade de Jesus brota da coerência entre o que ele vive e crê com o que ele faz. Sua vida e gestos corroboram suas palavras. Não são palavras ocas o que ele fala. Seus ensinamentos são corroborados com suas ações. Ali está o segredo da autoridade de Jesus e do encantamento verdadeiro que sua pessoa produz.
A reflexão é de Maria Cristina Giani, religiosa da Congregação Missionárias de Cristo Ressuscitado, MCR, da qual atualmente é a Coordenadora Geral. Ela possui graduação em teologia pela Universidade La Salle - Unilasalle (2006) e especialização em espiritualidade pela Università Pontifícia Salesiana - UPS (2000). Atualmente atua em pastorais sociais com mulheres em situação de vulnerabilidade social e como orientadora de retiros.
Referências Bíblicas
1ª Leitura – Deut 18,15-20
Salmo 94 (95)
2ª Leitura – 1 Cor 7, 32-35
Evangelho – Mc 1, 21-28
Neste quarto Domingo do Tempo Comum o Evangelho do dia nos apresenta a Jesus na sinagoga de Cafarnaum.
Primeiro quero partilhar alguns dados que nos ajudem a situar-nos no texto.
Cafarnaum era uma aldeia de pescadores, que se estendia pela margem do lago de Galileia. Poderíamos dizer que é um povoado importante, se comparado com Nazaréou Naim, com boa comunicação tanto com o resto da Galileia como com os territórios vizinhos. Talvez por isso Jesus a tinha escolhido como lugar estratégico para desenvolver sua missão itinerante.
A sinagoga era o espaço onde se reuniam os vizinhos, sobretudo aos sábados. Ali rezavam, cantavam salmos, discutiam problemas do povoado ou se informavam dos acontecimentos mais importantes da vizinhança. No sábado liam e comentavam as Escrituras, e oravam a Deus pedindo a libertação do seu povo. Era, sem dúvida, um bom contexto para dar a conhecer a boa notícia do Reino de Deus.
Marcos nos situa hoje com Jesus e um grupo de pescadores e camponeses. Deveria estar também algum levita ou doutor da lei por perto, na sinagoga de Cafarnaum, no dia sábado.
E Jesus “começou a ensinar”. O texto não narra o quê Jesus ensina. Só diz que “as pessoas ficavam admiradas com seus ensinamentos porque Ele ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei”.
Os ensinamentos de Jesus brotam da experiência de Deus que ele vive. Não são um conjunto de normas ou leis a cumprir, senão a partilha de um jeito de viver movido pelo Espírito de Deus, que liberta e da vida.
Semanas atrás celebramos o batismo de Jesus no rio Jordão, uma narração presente nos quatro evangelhos pela importância de esse acontecimento na vida de Jesus: “Tu es meu Filho amado, em ti encontro meu agrado” (Mc 1,11). Sem dúvida desde pequeno Jesus terá vivido o amor de Deus através do amor e ensinamentos de Maria e de José. Mas a ida ao deserto para viver com João Batista e sua descida junto com tantos homens e mulheres necessitados, ao rio Jordão, o preparam para viver e perceber quanto Deus o ama e n’Ele quão grande e terno é o amor de Deus por todas as criaturas.
Esse amor de Deus é o que Jesus revela e partilha em seus ensinamentos, um amor que tem predileção pelos pequenos, que não faz exceção de pessoas, que liberta os oprimidos, consola aos tristes e que devolve a esperança de viver. Isso foi o que Jesus falou em outra sinagoga, segundo o Evangelho de Lucas, revelando, assim, o rosto de Deus compassivo, que não é indiferente ao sofrimento de suas criaturas. Sua compaixão o levou a se fazer um de nós para caminhar conosco abrindo caminhos de vida e liberdade.
Escutar estas palavras de Jesus é um balsamo de ternura e esperança para o coração deste povo sofrido e oprimido tanto tempo por diferentes impérios. Nada tem a ver com os ensinamentos dos escribas ou mestres da lei, que segundo as mesmas palavras de Jesus só sabem colocar “fardos pesados” nas costas das pessoas, e fazem a vida da pessoa escrava de lei de Deus. Com certeza esse não é o Deus de Jesus!
O povo simples sabe distinguir os dois tipos de ensinamentos e admira e reconhece o ensinamento de Jesus. Ele “ensina como quem tem autoridade”! Essa autoridade de Jesus brota da coerência entre o que ele vive e crê com o que ele faz. Sua vida e gestos corroboram suas palavras. Não são palavras ocas o que ele fala. Seus ensinamentos são corroborados com suas ações. Ali está o segredo da autoridade de Jesus e do encantamento verdadeiro que sua pessoa produz.
Isto é o que acontece naquele sábado: se escuta no meio das pessoas que o estão ouvindo-O o grito de uma pessoa que o evangelho descreve como possuída por um espírito mau. Que seria esse “espírito mau”? Geralmente essa terminologia na Bíblia se emprega para pessoas com diferentes tipos de doenças, desconhecidas para a época.
Hoje podemos colocar nomes e rostos de pessoas escravas por diferentes situações: meninas e mulheres “traficadas”, famílias inteiras fugindo de suas casas, povos dizimados, jovens desorientados.... E podemos também nos colocar, cada um, cada uma de nós no lugar dessa pessoa atormentada.
É interessante que este homem disse saber quem é Jesus - “Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus” - e que veio para destruí-lo! Que equivocado está! Nada mais oposto à ação de Jesus, que a destruição da vida das pessoas. A compaixão de Deus que configura o ser e agir de Jesus gera vida, liberta a vida, cuida a vida!
Este homem atormentado revela nas suas palavras umas das escravidões mais profundas que podemos carregar: a de uma falsa imagem de Deus, um Deus que destrói, que mata, que fere, que divide não é o Deus de Jesus de Nazaré, nem dos grandes profetas! Por isso a reação de Jesus é imediata e forte: “Cala-se e sai dele”!
Ao longo da história se fiz e se continua fazendo barbáries em nome de Deus, se tem julgado, estigmatizado, excluído e matado pessoas e povos inteiros em nome de Deus! Quanta hipocrisia!
Precisamos perguntar-nos: qual é a imagem de Deus que temos porque, com certeza, ela orienta sentimentos, afetos, opções e ações.
O Papa Francisco não se cansa de repetir que Deus é Misericórdia e nos convida a ser misericordiosos como nosso Deus Pai-Mãe é misericordioso, para assim construir uma cultura de misericórdia que abrace toda a humanidade, toda a criação.
De que maneira? Como fazê-lo? Como o Espírito de Jesus nos inspira, somos convocados a ser na nossa família, na nossa sociedade, no nosso país “artesãos” de misericórdia.
E termino fazendo oração algumas palavras do Mensagem do Papa pelo dia mundial dos pobres:
Benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança.
Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade.
Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus.
Como Jesus, que nossa vida, gestos e palavras seja benção do Deus da Misericórdia e compaixão para toda a humanidade.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
“O Intereclesial mostra a atualidade e a vitalidade das CEBs na vida da Igreja”, afirma presidente da CNBB
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Presente nesta 14ª edição do Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, quis prestigiar de perto o testemunho dos agentes eclesiais reunidos em Londrina (PR) até o próximo dia 27. Em entrevista, dom Sergio destaca a contribuição das CEBs na vida da Igreja, especialmente sua própria estrutura como “grande resposta” pastoral para os desafios urbanos.
Delegados de todo o país estão nesta semana no 14º Encontro Intereclesial das CEBs. O que representa este evento para a Igreja no Brasil?
Três palavras podem resumir a especial importância do Intereclesial para as CEBs e para toda a Igreja no Brasil: esperança, comunhão e missão. O Intereclesial é sinal de esperança, promove a comunhão eclesial e anima a missão. O testemunho das CEBs, dentre outros aspectos, contribui muito para valorizar mais a vida comunitária, a participação efetiva dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, e a relação entre fé e vida, com especial atenção para os graves problemas sociais que trazem tanto sofrimento para o nosso povo. Estes são aspectos fundamentais da vida e da missão da Igreja que não podem ser descuidados; ao contrário, necessitam ser revalorizados e propostos para o conjunto da Igreja e não somente para as CEBs.
As Comunidades Eclesiais de Base querem a partir do estudo dos desafios do mundo urbano ter um novo olhar sobre a evangelização. O que este debate pode oferecer para as ações evangelizadoras que já acontecem no Brasil?
Os frutos do 14º Interceclesial com certeza serão muitos, sobretudo ajudando a pensar melhor a presença e a missão da Igreja na cidade, nos centros urbanos e periferias. O Intereclesial está mostrando a importância de buscar juntos as respostas pastorais para os desafios urbanos. A própria “comunidade eclesial de base” já é grande resposta, enquanto espaço de vivência da fé e da fraternidade. A valorização da dimensão comunitária da fé, com a formação de pequenas comunidades, está justamente entre as urgências da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, propostas pelas atuais Diretrizes da CNBB. Nas paróquias, necessitamos criar ou dinamizar os espaços de participação e comunhão, especialmente neste Ano do Laicato, formando comunidades.
Como o senhor avalia a presença da CEBs hoje na Igreja e sua contribuição na evangelização frente ao crescimento de outros “carismas” pouco sensíveis à realidade do mundo?
O Intereclesial mostra a atualidade e a vitalidade das CEBs na vida da Igreja. Nas diversas regiões do Brasil, elas continuam a contribuir muito para que os cristãos sejam “sal da terra” e “luz do mundo”, evangelizando pelo testemunho de vida comunitária e pela presença nos diversos ambientes urbanos, especialmente entre os mais pobres. As dimensões comunitária e social da fé não se restringem às CEBs; fazem parte da natureza mesma da fé cristã e do anúncio do Evangelho. A fé não pode ficar restrita ao interior dos templos, nem privatizada no coração. A “Igreja em saída”, tão enfatizada pelo Papa Francisco, não está voltada para si mesma; quer contribuir para a superação das situações de exclusão e violência. A escuta do clamor dos pobres e sofredores, na liturgia e na ação pastoral, testemunhada pelas CEBs, interpela o conjunto das pastorais e movimentos, sendo dom e tarefa para todos. Fonte: http://cnbb.net.br
HOMILIA DO PAPA NESTA SEXTA, 26: A maternidade da Igreja se prolonga na maternidade da mulher
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Na homilia, o Papa destacou três palavras que indicam como a fé deve ser transmitida: ‘filho’ – como Paulo chama Timóteo – ‘mãe e avó’ e enfim, ‘testemunho’.
Cidade do Vaticano
A transmissão da fé foi o fulcro da homilia proferida pelo Papa na manhã desta sexta-feira (26/01), na Casa Santa Marta. Francisco comentou a segunda carta de São Paulo Apóstolo a Timóteo, proposta pela liturgia do dia, quando Paulo se dirige a seu discípulo, ressaltando a sua ‘fé sincera’.
Com efeito, foi próprio o Apóstolo a falar a Timóteo de Cristo e da Carta, o Papa destacou três palavras que indicam como a fé deve ser transmitida: ‘filho’ – como Paulo chama Timóteo – ‘maternidade’ e enfim, ‘testemunho’.
Paulo – disse o Papa – gera Timóteo com a loucura da pregação e esta é a sua paternidade. E na leitura, fala-se também de lágrimas, porque Paulo não adoça o seu anúncio com meias-verdades, mas o faz com coragem: “A coragem que faz com que Paulo se torna pai de Timóteo”. É a pregação que não pode ser ‘morna’.
“A pregação – sempre – permitam-me a palavra – ‘estapeia’, é um ‘tapa’ que te comove e te sustenta. E o próprio Paulo diz: “A loucura da pregação”. É uma loucura, porque dizer que Deus se fez homem e foi crucificado e depois ressuscitou… O que disseram a Paulo os habitantes de Atenas? “Depois de amanhã te ouviremos”. Sempre, na pregação da fé, existe uma loucura. E a tentação é o falso bom senso, a mediocridade. “Não, não brinquemos… a fé morna”…
Hoje, em alguma paróquia (a de vocês, não, a de vocês é uma paróquia santa! – mas pensemos em outra. Em alguma paróquia), alguém vai, ouve o que diz esta pessoa da outra, daquela outra, daquela, daquela... Ao invés de dizer como se amam, dá vontade de dizer: “Como ferem! Como se machucam … a língua é uma faca para ferir o outro! E como você pode transmitir a fé com um ar tão viciado de fofocas, de calúnias? Não. Testemunho. “Olha, esta pessoa jamais fala mal do outro; este faz obra de caridade; já este quando tem alguém doente vai visitá-lo, porque faz assim?”. A curiosidade: por que esta pessoa vive assim? E com o testemunho nasce a pergunta do porquê ali se transmite a fé, porque tem fé, porque segue os passos de Jesus.
E o Papa destaca o mal que faz o contratestemunho ou o mau testemunho: tira a fé, enfraquece as pessoas.
Mãe, avó: a maternidade é a terceira palavra. “A fé se transmite num ventre materno, o ventre da Igreja. Porque a Igreja é mãe, a Igreja é feminina. A maternidade da Igreja se prolonga na maternidade da mãe, da mulher.
E Francisco lembra ter conhecido na Albânia uma freira que durante a ditadura estava na prisão, mas de vez em quando os guardas a deixavam sair um pouco e ela ia em direção ao rio – tanto, eles pensavam – o que esta pobre senhora pode fazer. E ao invés, continua o Papa, ela era esperta e as mulheres sabiam quando ela saia e levavam seus filhos para que as batizasse escondido com a água do rio. Um belo exemplo, conclui.
Mas eu me pergunto: as mães, as avós, são como essas duas de que fala Paulo: “Também sua avó Lóide e sua mãe Eunice” que trasmitiram a fé, a fé sincera? Um pouco.... diz: “Mas sim, aprenderá quando fará o catecismo. Mas eu lhes digo, fico triste quando vejo crianças que não sabem fazer o sinal da Cruz e fazem um desenho assim.... porque falta a mãe e a avó que ensine isso a elas. Quantas vezes penso nas coisas que se ensinam para a preparação do matrimônio, na noiva, que será mãe: é ensinado que ela deve transmitir a fé?
"Peçamos ao Senhor que nos ensine como testemunhas, como pregradores e também às mulheres, como mães, a transmitir a fé", conclui o Papa. Fonte: http://www.vaticannews.va
Manifestantes invadem missa do aniversário de SP para protestar contra aumento da tarifa
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Cinco pessoas foram detidas e liberadas. Vice-prefeito, Bruno Covas, e presidente da Câmara, Milton Leite, estavam na Sé.
Um grupo de manifestantes invadiu a missa do aniversário de São Paulo por volta das 9h desta quinta-feira (25) para protestar contra o aumento da passagem de ônibus para R$ 4 na capital. Realizada na Catedral da Sé, a missa celebrou os 464 anos da cidade.
Cinco pessoas foram detidas por policiais militares que faziam a segurança no local. O grupo foi levado ao 8º Distrito Policial, no Brás, onde foi elaborado um boletim de ocorrência de desacato e resistência. Eles foram liberados.
Em nota, o Movimento Passe Livre (MPL) disse que "no aniversário do município de São Paulo, não deixamos passar batido a oportunidade de exigir dos de cima os nossos direitos". Estavam presentes na missa o vice-prefeito, Bruno Covas, o secretário estadual de Educação, José Renato Nalini, o presidente da Câmara, Milton Leite, e vereadores.
Após intervenção da Polícia Militar, o arcebispo da cidade, Dom Odilo Scherer, continuou a celebração.
A missa não estava na agenda do prefeito João Doria, que chegou nesta manhã desta quinta da Suíça, onde participou do Fórum Econômico de Davos. Às 12h30, o prefeito tem encontro marcado com Dom Odilo.
O dia 25 de janeiro foi escolhido pelos jesuítas para o aniversário da cidade porque é a data de conversão do apóstolo Paulo. Fonte: https://g1.globo.com
Fake News e o jornalismo de paz. Mensagem do papa Francisco
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Por ocasião da 52ª Jornada Mundial das Comunicações que será celebrada no dia 13 de maio de 2018, o papa Francisco publicou, hoje, 24-01-2018, a seguinte mensagem:
«A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32)». Fake news e jornalismo de paz Queridos irmãos e irmãs! No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos. Mas, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9). Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo. Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem. Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto convida-nos a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade»). Gostaria, assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.
- Que há de falso nas «notícias falsas»? A expressão fake newsé objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos.
A eficácia das fake news fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à capacidade de se apresentar como plausíveis. Falsas mas verosímeis, tais notíciassão capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração. A sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.
A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news é devida também ao facto de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogéneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões divergentes. Esta lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação(que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas. O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.
- Como podemos reconhecê-las? Nenhum de nós se pode eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades. Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variegados, deliberadamente evasivos e sutilmente enganadores, valendo-se por vezes de mecanismos refinados. Por isso, são louváveis as iniciativas educativas que permitem apreender como ler e avaliar o contexto comunicativo, ensinando a não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento. Igualmente louváveis são as iniciativas institucionais e jurídicas empenhadas na definição de normativas que visam circunscrever o fenômeno, e ainda iniciativas, como as empreendidas pelas teche media company, idôneas para definir novos critérios capazes de verificar as identidades pessoais que se escondem por detrás de milhões de perfis digitais. Mas a prevenção e identificação dos mecanismos da desinformação requerem também um discernimento profundo e cuidadoso.
Com efeito, é preciso desmascarar uma lógica, que se poderia definir como a «lógica da serpente», capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar. Trata-se da estratégia utilizada pela serpente – «o mais astuto de todos os animais», como diz o livro do Gênesis (cf. 3, 1-15) – a qual se tornou, nos primórdios da humanidade, artífice da primeira fake news, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação. A estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes. De fato, na narração do pecado original, o tentador aproxima-se da mulher, fingindo ser seu amigo e interessar-se pelo seu bem. Começa o diálogo com uma afirmação verdadeira, mas só em parte: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» (Gn 3, 1).
Na realidade, o que Deus dissera a Adão não foi que não comesse de nenhuma árvore, mas apenas de uma árvore: «Não comas o [fruto] da árvore do conhecimento do bem e do mal» (Gn 2, 17). Retorquindo, a mulher explica isso mesmo à serpente, mas deixa-se atrair pela sua provocação: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Nunca o deveis comer nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis”» (Gn 3, 2-3). Esta resposta tem sabor a legalismo e pessimismo: dando crédito ao falsário e deixando-se atrair pela sua apresentação dos fatos, a mulher extravia-se.
Em primeiro lugar, dá ouvidos à sua réplica tranquilizadora: «Não, não morrereis» (3, 4). Depois a argumentação do tentador assume uma aparência credível: «Deus sabe que, no dia em que comerdes [desse fruto], abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal» (3, 5). Enfim, ela chega a desconfiar da recomendação paterna de Deus, que tinha em vista o seu bem, para seguir o aliciamento sedutor do inimigo: «Vendo a mulher que o fruto devia ser bom para comer, pois era de atraente aspeto (…) agarrou do fruto, comeu» (3, 6). Este episódio bíblico revela assim um fato essencial para o nosso tema: nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas. Mesmo uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos.
De fato, está em jogo a nossa avidez. As fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de partilha que caracteriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano. As próprias motivações econômicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação.
- «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32) De fato, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o íntimo da pessoa. Dostoevskijdeixou escrito algo de notável neste sentido: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).
E então como defender-nos? O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é deixar-se purificar pela verdade. Na visão cristã, a verdade não é uma realidade apenas conceitual, que diz respeito ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras oufalsas. A verdade não é apenas trazer à luz coisas obscuras, «desvendar a realidade», como faz pensar o termo que a designa em grego: aletheia, de a-lethès, «não escondido». A verdade tem a ver com a vida inteira. Na Bíblia, reúne os significados de apoio, solidez, confiança, como sugere a raiz ‘aman (daqui provém o próprio Amen litúrgico). A verdade é aquilo sobre o qual nos podemos apoiar para não cair. Neste sentido relacional, o único verdadeiramente fiável e digno de confiança sobre o qual se pode contar, ou seja, o único «verdadeiro» é o Deus vivo. Eis a afirmação de Jesus: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). Sendo assim, o homem descobre sempre mais a verdade, quando a experimenta em si mesmo como fidelidade e fiabilidade de quem o ama. Só isto liberta o homem: «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32).
Libertação da falsidade e busca do relacionamento: eis aqui os dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis. Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor. Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras.
De fato, uma argumentação impecável pode basear-se em fatos inegáveis, mas, se for usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que apareça, não é habitada pela verdade. A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade.
- A paz é a verdadeira notícia O melhor antídoto contra as falsidadesnão são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão. No meio do frenesi das notícias e na voragem dos scoop, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas.
Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz. Por isso desejo convidar a que se promova um jornalismo de paz, sem entender, com esta expressão, um jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos. Pelo contrário, penso num jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às escalation do clamor e da violência verbal.
Por isso, inspirando-nos numa conhecida oração franciscana, poderemos dirigir-nos, à Verdade em pessoa, nestes termos:
Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança; fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo: onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia; onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha; onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança; onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.
Amém.
Vaticano, 24 de janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano de 2018.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Silas Malafaia entra com queixa-crime contra youtuber Felipe Neto
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Silas Malafaia, o telepastor, entrou com uma queixa-crime contra Felipe Neto, o youtuber com 18 milhões de seguidores. Acusa o comediante de calúnia, injúria e difamação, afirma O Globo.
É que, em 2017, Felipe postou um vídeo dizendo que Malafaia é, entre outras coisas, “canastrão” e que “explora a fé das pessoas para enriquecer”. Fonte: http://www.reportermaceio.com.br
14º intereclesial: Mensagem do papa
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14º intereclesial: Mensagem do papa
No texto enviado a dom Geremias Steinmetz e assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, é lembrado o lema do intereclesial “Eu vi e ouvi o clamor do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7-8): “Deus nunca é indiferente ao sofrimento do seu povo, enviando Moisés, para salvar o povo hebreu da escravidão do Egito e, na plenitude dos tempos, enviando o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para nos libertar da escravidão do pecado e da morte”, recorda. “Essa ação redentora, que celebramos com fé na Liturgia, deve depois se manifestar numa vida pessoal onde brilhe a luz do Evangelho, isto é, numa existência inspirada no amor e na solidariedade, que é a linguagem do amor”, continua.
Unido espiritualmente à Assembleia do 14º Intereclesial, Francisco “invoca do Altíssimo a abundância dos seus dons e luzes sobre todos os presentes, de modo que, ouvindo o clamor dos pobres e famintos de Deus, de justiça e de pão, as Comunidades Eclesiais de Base possam ser, na sociedade e Nação brasileira, um instrumento de evangelização e de promoção da pessoa humana — sempre em comunhão com a realidade paroquial e com as diretrizes da Igreja local — capaz de vir encontro aos terríveis efeitos da cultura do ‘descarte’, que leva tantos irmãos e irmãs a viverem excluídos, numa exclusão que fere ‘na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora”.
Ao final, o cardeal Parolin informa que o papa Francisco deposita os votos e preces aos pés de Nossa Senhora Aparecida e concede aos participantes e suas famílias, comunidade de base, paróquias e dioceses, “uma propiciadora Bênção Apostólica”, além de pedir que “não deixem de rezar por ele”.
Leia a carta na íntegra:
“O Papa Francisco, informado do XIV Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, que terá lugar na Arquidiocese de Londrina, de 23 a 27 de janeiro de 2018, deseja transmitir aos participantes vindos de todos os cantos dde o Brasil a sua palavra de estímulo e bênção, que possa ajudar as CEBs a trazerem aos desafios do mundo urbano “um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 29). Com efeito, como vê-se pelo lema do Encontro — “Eu vi e ouvi o clamor do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7-8) — Deus nunca é indiferente ao sofrimento do seu povo, enviando Moisés, para salvar o povo hebreu da escravidão do Egito e, na plenitude dos tempos, enviando o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para nos libertar da escravidão do pecado e da morte. Essa ação redentora, que celebramos com fé na Liturgia, deve depois se manifestar numa vida pessoal onde brilhe a luz do Evangelho, isto é, numa existência inspirada no amor e na solidariedade, que é a linguagem do amor.
Assim o Santo Padre, unido espiritualmente a essa Assembleia, invoca do Altíssimo a abundância dos seus dons e luzes sobre todos os presentes, de modo que, ouvindo o clamor dos pobres e famintos de Deus, de justiça e de pão, as Comunidades Eclesiais de Base possam ser, na sociedade e Nação brasileira, um instrumento de evangelização e de promoção da pessoa humana — sempre em comunhão com a realidade paroquial e com as diretrizes da Igreja local (cf. Ibidem, 29) — capaz de vir encontro aos terríveis efeitos da cultura do “descarte”, que leva tantos irmãos e irmãs a viverem excluídos, numa exclusão que fere “na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são “explorados”, mas resíduos, sobras” (Ibidem,53). Como penhor destes votos e preces, que em espírito deposita aos pés de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco de todo coração, concede aos participantes, extensiva às suas famílias, comunidade de base, paróquias e dioceses, uma propiciadora Bênção Apostólica, pedindo que, por favor, não deixem de rezar por ele”.
Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado».
Do Vaticano, 4 de janeiro de 2018
Fonte: http://cnbb.net.br
Frei detido por desacato a autoridade, em São Paulo, faz selfie dentro de viatu
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RIO - em São Paulo, e encaminhado dentro de uma viatura da Guarda Civil Municipal (GCM) para prestar esclarecimentos na delagacia por desacato à autoridade.
André Luiz Pereira, o frei Agostino como é conhecido, foi encaminhado para a 77ª DP (Santa Cecília). Em um vídeo gravado pelo advogado José Beraldo, o frei relatou que os guardas municipais agiram com truculência ao abordarem moradores de rua na Cracolândia.
- Teve essa abordagem truculenta por parte dos GCMs e eu achei por bem defender a dignidade humana dos irmãos de rua, onde aconteceu toda essa questão. Disseram que eu iria para a delegacia por desacato de autoridade, abuso de autoridade, e estar impedindo o serviço e o trabalho do GCM - diz Agostino.
Segundo a secretaria municipal de Segurança Urbana, a GCM apoiava equipes de limpeza de rotina na Alameda Dino Bueno, nesta tarde, quando flagrou duas pessoas com drogas no local. Segundo a secretaria, os detidos foram levados para o 77ºDP, juntamente com uma testemunha que tentou impedir a ação. De acordo com Beraldo, os GCMs foram "brutos" com Agostino e excederam a autoridade. Fonte: https://extra.globo.com
Papa diz que freiras fofoqueiras são piores que 'terroristas'
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Pontífice comparou religiosas com o Sendero Luminoso durante encontro descontraído
LIMA — O Papa Francisco comparou freiras que espalham fofocas a "terroristas" neste domingo, assegurando que a prática é "pior que a de Ayacucho anos atrás", em referência aos anos de atividade do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso no Peru.
No último de seus quatros dias de visita ao país andino, o pontífice se reuniu com quinhentas freiras contemplativas no Santuário das Nazarenas, no centro de Lima, antes de partir para a Catedral para rezar perante as relíquias dos santos peruanos e encerrar a viagem com uma missa para uma multidão.
Em um encontro descontraído, no qual o religioso argentino não teve dúvidas ao intercalar piadas em meio a seu discurso sobre a unidade da igreja e a vocação das freiras para a oração, o papa afirmou que as fofocas devem ser evitadas no convento, pois são inspiradas pelo demônio.
"Sabem o que é uma freira fofoqueira? Terrorista. Pior que Ayacucho anos atrás. Porque a fofoca é como uma bomba (...), como o demônio. Atira a bomba, destrói tudo e vai embora tranquila. Freiras terroristas, não. Sem fofocas", afirmou.
"Já sabem que o melhor remédio para não fofocar é morder a língua. A enfermeira vai ter trabalho, porque a língua de vocês vai inflamar, porém não vão atirar a bomba. E lembrem-se dos terroristas de Ayacucho quando quiserem fazer uma fofoca", disse, em meio ao riso das pessoas presentes.
Ayacucho foi o berço da luta do grupo maoísta do Sendero Luminoso contra as forças de segurança do Peru, que deixou ao menos 69 mil mortos e desaparecidos durante uma guerra que durou duas décadas no fim do século passado, segundo dados oficiais.
Fonte: https://oglobo.globo.com
Papa às consagradas: com a vossa oração, podeis curar as chagas de tantos irmãos
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"No silêncio do claustro, caminhais sempre ao meu lado".
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Neste último dia do Papa Francisco em terras peruanas o primeiro compromisso foi a Oração da Hora Média com as Religiosas de vida contemplativa no Santuário do Senhor dos Milagres.
O Santuário do Senhor dos Milagres e o Mosteiro das Nazarenas é um complexo religioso, localizado no centro histórico de Lima, dedicado ao culto do Padroeiro do Peru, o Senhor dos Milagres, administrado pelas Irmãs Nazarenas Carmelitas Descalças.
“Sede faróis com a vossa vida fiel"
Presentes no interior do Santuário cerca de 500 religiosas peruanas de vida contemplativa. O Papa foi acolhido pelo capelão da Fraternidade do Senhor dos Milagres. A saudação em nome dos presentes foi feito pela Madre Superiora das Carmelitas Descalças do Santuário, Madre Soledad.
Após a Oração da Hora Média com as irmãs contemplativas, o Papa Francisco fez uma homilia iniciando com um tom alegre: “Ao ver-vos aqui, tenho a impressão que aproveitastes a minha visita para dar um passeio!" Obrigado a todas vós que, "no silêncio do claustro, caminhais sempre ao meu lado". O Papa também saudou os 4 Carmelos de Buenos Aires.
Recordando as palavras de São Paulo que recebemos o espírito filial, que nos torna filhos de Deus, disse o Papa, nelas se condensa a riqueza de cada vocação cristã: a alegria de nos sabermos filhos.
“ Um caminho privilegiado que tendes para renovar esta certeza é a vida de oração, comunitária e pessoal. A oração é o núcleo da vossa vida contemplativa e é o modo de cultivar a experiência de amor que sustenta a nossa fé. ”
Francisco citou em seguida Santa Teresinha do Menino Jesus: "Compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno (…): no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor".
“ Ser o amor! É saber assistir o sofrimento de tantos irmãos, dizendo com o Salmista: «Na minha angústia, clamei ao Senhor. O Senhor escutou-me e pôs-me a salvo». ”
Assim, - continuou o Papa - a vossa vida na clausura consegue ter um alcance missionário e universal e «um papel fundamental na vida da Igreja. E Francisco fez um pedido: “Rezai e intercedei por tantos irmãos e irmãs presos, migrantes, refugiados e perseguidos, por tantas famílias feridas, pelas pessoas sem trabalho, pelos pobres, os doentes, as vítimas das várias dependências… limitando-me a citar algumas situações que se tornam, de dia para dia, mais urgentes”.
Através da oração, dia e noite, aproximais do Senhor a vida de tantos irmãos e irmãs que, por variadas situações, não O podem alcançar para experimentar a sua misericórdia sanadora, enquanto Ele os espera para lhes conceder a graça. Com a vossa oração, podeis curar as chagas de tantos irmãos».
Por isso – disse ainda o Papa - podemos afirmar que a vida de clausura não fecha nem estreita o coração; antes, alarga-o graças à relação com o Senhor e torna-o capaz de sentir, de forma nova, a dor, o sofrimento, a frustração, o infortúnio de tantos irmãos que são vítimas desta «cultura do descarte» do nosso tempo.
O Santo Padre pediu ainda às contemplativas: “Empenhai-vos na vida fraterna, tornando cada mosteiro um farol que possa iluminar no meio da desunião e da divisão. Ajudai a profetizar que isto é possível. Que todas as pessoas que se aproximarem de vós possam pregustar a bem-aventurança da caridade fraterna, tão caraterística da vida consagrada e tão necessária no mundo de hoje e nas nossas comunidades".
“Quando a vocação é vivida na fidelidade, a vida torna-se anúncio do amor de Deus. Peço-vos que não cesseis de dar este testemunho. ”
E Francisco concluiu suas palavras dizendo que Igreja precisa delas. “Sede faróis com a vossa vida fiel, e mostrai Aquele que é caminho, verdade e vida, o único Senhor que oferece plenitude à nossa existência e dá a vida em abundância. Rezai pela Igreja, pelos pastores, pelos consagrados, pelas famílias, pelos que sofrem, pelos que praticam o mal, pelos que exploram seus irmãos. E não vos esqueçais, por favor, de rezar por mim”. Fonte: http://www.vaticannews.va
São José: santo dos sem-nome, dos sem-poder e São José: santo dos sem-nome, dos sem-poder e dos operários
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Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
"Jesus deixa o seguinte mandato: 'Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José'", escreve Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
Eis o artigo.
Ao lado dos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) que representam a inteligência da fé, pois são verdadeiras teologias acerca da figura de Jesus, existe uma vasta literatura apócrifa (textos não reconhecidos oficialmente) que levam também entre outros, o nome de evangelho, como o Evangelho de Pedro, o Evangelho de Maria Madalena e a História de José, o Carpinteiro que iremos comentar. Não foram acolhidos oficialmente por não se enquadraram na ortodoxia então dominante no século II e III quando a maioria surgiu. Eles obedecem à lógica do imaginário e preenchem o vazio de informações dos evangelhos, especialmente acerca da vida oculta de Jesus. Mas tiveram grande importância para a arte, especialmente na Renascença e, em geral, na cultura popular. A própria teologia hoje, com novas hermenêuticas os valoriza.
Este apócrifo, A história de José, o carpinteiro (edição da Vozes 1990), é rico de informações sobre Jesus e José. Na verdade, se trata de uma longa narrativa de Jesus sobre seu pai José feita aos apóstolos. Jesus inicia assim: “Agora escutai: vou narrar-vos a vida de meu pai José, o bendito ancião carpinteiro”.
Então Jesus conta que José era um carpinteiro, viúvo, com 6 filhos, quatro homens (Tiago, José, Simão e Judas) e duas mulheres (Lísia e Lídia). “Esse José é meu pai segundo a carne, com quem se uniu, como consorte, com minha mãe Maria.”
Narra a perturbação de José ao encontrar Maria grávida, sem a participação dele. Narra outrossim o nascimento de Jesus em Belém, a fuga para o Egito e a volta à Galileia. Termina dizendo: ”Meu pai José, o ancião bendito, continuou exercendo a profissão de carpinteiro e assim com o trabalho de suas mãos pudemos manter-nos. Jamais se poderá dizer que comeu seu pão sem trabalhar”.
Referindo-se a si mesmo, Jesus diz: “Eu de minha parte, chamava a Maria de ‘minha mãe’ e a José de ‘meu pai’. Obedecia-lhes em tudo o que me ordenavam sem me permitir jamais replicar-lhes uma palavra. Pelo contrário, dedicava-lhes sempre grande carinho”.
Continuando, Jesus conta que José casou pela primeira vez quando tinha 40 anos. Permaneceu casado por 49 anos até a morte da esposa. Tinha portanto 89 anos. Ficou viúvo um ano. Depois dos esponsais com Maria até o nascimento de Jesus ter-se-iam passado 3 anos. José teria, pois, 93 anos. Ficou com Maria por 18 anos. Somando tudo, teria morrido com 111 anos.
Depois, com detalhes, narra que seu pai “perdeu a vontade de comer e de beber; sentiu perder a habilidade no desempenho de seu ofício” Ao acercar-se a morte, José se lamenta proferindo onze ais. É o momento em que Jesus entra no aposento e se revela grande consolador. Diz: “Salve, José, meu querido pai, ancião bondoso e bendito”. Ao que José responde: “Salve, mil vezes, querido filho. Ao ouvir tua voz, minha alma recobrou a sua tranquilidade”. Em seguida, José recorda momentos de sua vida com Maria e com Jesus até recorda o fato de “ter-lhe puxado a orelha e o admoestado: ‘sê prudente, meu filho’ porque na escola fazia artes e provocava o rabino.
Jesus então confidencia: “Quando meu pai pronunciou estas palavras, não pude conter as lágrimas e comecei a chorar, vendo que a morte ia se apoderando dele. “Eu, meus queridos apóstolos, fiquei à sua cabeceira e minha mãe a seus pés…por muito tempo segurei suas mãos e seus pés. Ele me olhava, suplicando que não o abandonássemos. Pus minha mão sobre seu peito e senti sua alma que já subira à sua garganta, para deixar o corpo.”
Vendo que a morte demorava por vir, Jesus fez uma oração forte ao Pai: “Meu Pai misericordioso, Pai da verdade, olho que vê e ouvido que escuta, escuta-me: Sou teu filho querido; peço-te por meu pai José, obra de tuas mãos… Sê misericordioso para com a alma de meu pai José, quando for repousar em tuas mãos, pois esse é o momento em que mais necessita de tua misericórdia”. “Depois ele exalou o espírito e eu o beijei; eu me atirei sobre o corpo de meu pai José…fechei seus olhos e cerrei sua boca e levantei-me para contemplá-lo”. José acabara de falecer.
No sepultamento Jesus confidencia aos apóstolos: “não me contive e lancei-me sobre seu corpo e chorei longamente”, Termina fazendo um balanço da vida de seu pai José:
“Sua vida foi de 111 anos. Ao fim de tanto tempo, não tivera um só dente cariado e sua vista não se enfraquecera. Toda sua aparência era semelhante à de uma criança. Nunca sofreu qualquer indisposição física. Trabalhou continuamente em seu ofício de carpinteiro até o dia em que lhe sobreveio a enfermidade que o levaria à sepultura”.
Ao encerrar seu relato, Jesus deixa o seguinte mandato:“Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José”. O livro que escrevi sobre São Joséquis responder a este mandato de Jesus.
A bem da verdade, ele ficou quase esquecido pela Igreja oficial. Mas o povo guardou-lhe a memória, pondo o nome de José a seus filhos, a cidades e a ruas e a escolas. Ele é o símbolo dos sem-nome, dos sem-poder, dos operários e da Igreja dos anônimos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Papamóvel assusta cavalo, policial cai, e Francisco desce para socorrê-la
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Uma policial a cavalo foi derrubada exatamente no momento da passagem do papamóvel, que rapidamente desviou para tentar evitá-la, e Francisco fez com que o carro parasse. Ele decidiu ir ao encontro da mulher que ficou caída no chão e, junto com os socorristas, quis verificar a sua condição. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 18-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No fim da missa no Campus Lobito de Iquique, o pontífice subiu no papamóvel para se dirigir à casa de retiros Señora de Lourdes dos padres oblatos, em Iquique, a cerca de 20 quilômetros de distância. Pouco antes de chegar, na entrada da cidade, o cortejo papal percorreu uma estrada com uma rede metálica nos lados e muitos fiéis. Para garantir a segurança do pontífice, havia policiais a cavalo ao longo do trajeto.
Exatamente no momento em que o carro papal estava passando, o cavalo de uma policial, no lado esquerdo da estrada, de repente empinou, e a agente foi jogada ao chão. O papamóvel desviou e não a atingiu.
Francisco fez com que o carro parasse e, a pé, voltou para averiguar a situação e as condições da ferida, à espera da chegada dos socorristas. Ele se inclinou e a abraçou. A mulher estava consciente e, ao esperar a chegada da ambulância, o pontífice lhe dirigiu palavras de consolo e lhe agradeceu pelo seu serviço. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Papa: corrupção é um “vírus social” na América Latina
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No discurso às autoridades peruanas, Francisco falou da corrupção como forma sutil de degradação do meio ambiente que contamina progressivamente todo o tecido vital.
Cidade do Vaticano.
O lema da viagem ao “Unidos pela esperança” foi o tema do discurso que o Papa Francisco fez às autoridades no Palácio do Governo de Lima, em seu primeiro dia de atividades em solo peruano.
“Olhar esta terra é, por si só, um motivo de esperança. Vocês possuem uma pluralidade cultural muito rica e cada vez mais interativa, que constitui a alma deste povo”, disse o Papa.
Os motivos de esperança são os jovens, presente mais vital que a sociedade possui, e o rosto de santidade do país. Francisco mencionou os Santos peruanos que abriram caminhos de fé para todo o continente americano, como S. Martinho de Porres.
Ameaças
Todavia, sobre esta esperança estende-se uma ameaça: o despojamento da terra dos recursos naturais, sem os quais nenhuma forma de vida é possível.
“Neste contexto, ‘unidos para defender a esperança’ significa fomentar e desenvolver uma ecologia integral. E isto exige escutar, reconhecer e respeitar as pessoas e os povos locais como válidos interlocutores.”
Para Francisco, a degradação do meio ambiente está intimamente ligada à degradação moral das comunidades. “Não podemos concebê-las como duas questões separadas.”
O Papa citou como exemplo as extrações minerárias irregulares e a devastação de florestas e rios com toda a sua riqueza. Como consequência, há o tráfico de seres humanos – nova forma de escravatura –, trabalho irregular e delinquência.
Vírus social
Porém, Francisco incluiu outra forma mais sutil de degradação ambiental que contamina progressivamente todo o tecido vital: a corrupção.
“Quanto mal faz, aos nossos povos latino-americanos e às democracias deste abençoado continente, este 'vírus' social! É um fenômeno que tudo infeta, sendo os pobres e a mãe-terra os mais prejudicados. Tudo o que se puder fazer para lutar contra este flagelo social merece a maior das considerações e cooperações; e esta luta pertence-nos a todos. ”
Portanto, ‘unidos para defender a esperança’ implica maior cultura da transparência entre entidades públicas, setor privado e sociedade civil. “Ninguém pode ficar alheio a este processo; a corrupção é evitável e exige o compromisso de todos.”
O Papa concluiu seu discurso exortando os que ocupam cargos de responsabilidade a trabalharem para que o Peru seja um espaço de esperança e oportunidades não só para poucos, mas para todos.
Neste esforço, Francisco renovou o compromisso da Igreja Católica, que acompanhou e acompanha a nação peruana para que continue a ser uma terra de esperança.
“Santa Rosa de Lima interceda por cada um de vocês e por esta abençoada nação. De novo, obrigado!”.
Fonte: http://www.vaticannews.va
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