“O Padre Cícero já foi canonizado nas mentes e nos corações dos romeiros”. Entrevista com Annette Dumoulin.
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Nem sempre aquilo que a Igreja oficial pensa coincide com o sentimento popular. Um exemplo claro dessa forma diferente de sentir é o Padre Cícero Romão Batista, o santo do povo nordestino brasileiro. A entrevista é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 07 -01-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Quando o romeiro chega à Juazeiro do Norte, buscando o Padre Cícero, depara-se com uma figura profundamente unida ao Santuário de Nossa Senhora das Dores. Trata-se de Annette Dumoulin, nascida na Bélgica, que deixou sua terra natal para chegar à Juazeiro e acolher com amor e carinho os romeiros, que sempre serviram com dedicação e entrega total, seguindo um conselho recebido de seu pai, que lhe ensinou que a felicidade está em ajudar os outros, o que ao longo do tempo tornou-se sua filosofia de vida.
Sendo professora da Universidade Católica de Lovaina, a religiosa da Congregação de Nossa Senhora chegou ao Brasil em 1970 para estudar as Comunidades Eclesiais de Base na periferia de Recife, na diocese do Monsenhor Helder Câmara. Ali ela ouviu falar de Padre Cícero e buscou saber tudo o que estava envolvido com este personagem surpreendente.
Depois de um tempo de idas e vindas em Juazeiro, em 1976, ela deixa a docência em Lovaina e assumiu definitivamente a defesa do Padre Cícero e a acolhida aos romeiros, criando o Centro de Recepção para estes. Ao longo de quarenta anos, provida de um chapéu de palha, sua voz forte ressoou nas celebrações dos romeiros, não deixando de se assemelhar com a figura de um dos personagens mais populares do país, além de realizar um grande trabalho pastoral e vocacional, o que fez com que vários jovens na região buscassem fazer parte de sua congregação.
Nesta entrevista, a irmã Annette Dumoulin ajuda-nos a conhecer um pouco mais sobre a figura de quem se tornou uma das maiores referências da religiosidade popular brasileira, alguém que com o passar do tempo, e graças aos esforços do Papa Francisco, está prestes a ser reconhecido pela Igreja oficial, como aquilo que já é pelo povo mais pobre: um santo.
Eis a entrevista.
A senhora é uma das grandes conhecedoras da figura de Padre Cícero. O que aprendeu com a vida deste notável homem?
Aprendi muito, mas posso resumir apresentando algumas qualidades extraordinárias deste padre: sua escolha incondicional pela causa dos pobres, a fidelidade e a sua consciência e espírito de profunda misericórdia, de preocupação com o sofrimento alheio.
Outra virtude extraordinária é a sua grande confiança na possibilidade de conversão de qualquer pecador arrependido, sempre dando-lhe uma nova oportunidade e fazendo de Juazeiro um espaço de humanização e de esperança através do trabalho e da oração.
Sua capacidade como conselheiro também foi fantástica, pois ele não era teórico, mas procurou antes de tudo avaliar diversas propostas para soluções, deixando para as pessoas, entretanto, a liberdade de seguir ou não o conselho que ele dava.
De que forma o Padre Cícero contribui para a história do Brasil e da Igreja Católica?
Na história do Brasil, o Padre Cícero deu valor para a região Nordeste, reconhecendo a dignidade dos habitantes do "sertão" (região semi-árida do nordeste brasileiro com secas prolongadas e grandes bolsões de pobreza). Ele ensinou as pessoas a viver no semi-árido, possibilitou que o Nordestino vivesse em sua terra e não tivesse que migrar para o sul. Ele foi um ecologista e defensor da Mãe Terra um século antes de que essa problemática, que hoje é tão presente, fosse pensada.
Ele deu valor a uma "reforma agrária", contra os latifúndios daquela época, aconselhando os beatos, como José Lourenço, a experimentar outras formas de organização dos agricultores, vivendo com dignidade. Ele defendeu a hegemonia e a independência da Nação brasileira em relação às outras nações mais poderosas. Ele não tinha tendências racistas. Respeitava e valorizava as mulheres e defendia os seus direitos.
Em relação à Igreja Católica, que tanto o fez sofrer, ele não deixou de lado sua fidelidade, mas, seguindo o exemplo do Padre Ibiapina, ele nunca separou a "salvação da alma, do corpo e da dignidade humana". Apesar do movimento de "romanização", valorizou a religiosidade popular. Foi um exemplo de sacerdote, mesmo quando não pôde exercer o seu sacerdócio.
A Igreja o expulsou por muitos anos de sua sacristia, do altar e do confessionário. Por isso podemos dizer que ele foi obrigado a ser um sacerdote em saída. O Padre Cícero soube falar para as pessoas e ser ouvido, porque ele encarnava o Evangelho em palavras simples e informais. E acima de tudo, o seu exemplo de vida marcou profundamente a sua missão evangelizadora, especialmente a sua profunda caridade, a sua capacidade de acolher, compreender, e doar a si mesmo.
Qual é a importância do Padre Cícero para Juazeiro do Norte?
Meu Deus! Juazeiro do Norte deve tudo ao Padre Cícero, ainda que esteja esquecendo disso. O Padre Cícero além de acolher os romeiros e convidá-los a sempre visitar o "Santo Juazeiro da Mãe das Dores", foi um visionário em relação ao desenvolvimento deste lugar que era insignificante quando chamado de Tabuleiro Grande.
O Padre Cícero, buscando dar aos romeiros trabalho e meios de sobrevivência, tinha uma visão moderna do desenvolvimento do comércio, pois alguns iam buscar ouro e diversos materiais na Amazônia, outros trabalhavam como artesãos em Juazeiro e outros iam até o Sul, e inclusive para fora das fronteiras, vender artesanatos de Juazeiro.
O Padre Cícero foi um conselheiro a quem vinham pedir conselhos profissionais. Primeiro ele buscava descobrir as habilidades e gostos da pessoa interessada para em seguida, orientá-la em tal profissão. Ele amou e cuidou de Juazeiro como um pai cuida de seu filho.
Os romeiros são figuras importantes na vida de Juazeiro do Norte, o que eles representam para a cidade?
Os romeiros são a principal fonte de renda do comércio de Juazeiro. Infelizmente, muitos habitantes de Juazeiro estão apenas olhando pelo lado do interesse financeiro. Mas o romeiro significa muito mais para a cidade, pois é ele quem consagra esta terra conhecida como a "Jerusalém dos pobres". A dimensão mística e religiosa é o ar que se respira nesta cidade da Mãe das Dores.
Somente aqueles que têm olhos para enxergar o mistério e o sagrado podem descobrir essa dimensão que faz de Juazeiro uma cidade única no mundo. Desgraçadamente, quem não percebe essa dimensão mais profunda quer transformar Juazeiro em um centro turístico com atrações que querem distrair o romeiro de sua verdadeira vocação. Ele quer viver e se aprofundar em uma experiência mística e religiosa, enquanto o turista quer, antes de mais nada, ver e se distrair. Não tenho nada contra o turismo em si, mas é fundamental não misturar experiências. Como o turismo dá mais dinheiro, vejo que ele invade o espaço místico como um trator.
Como pode-se explicar que, ao longo de tantos anos, os romeiros vieram em busca de alguém que morreu em confronto com a Igreja Católica?
Mas o padre Cícero não morreu para o romeiro. E ele não confrontou a Igreja Católica, mas foi uma vítima dela. Como afirmou o Monsenhor Delgado quando era arcebispo de Fortaleza, o Padre Cícero foi um "mártir da disciplina", mas manteve-se fiel ao seu povo. Assim como os pobres, especialmente o romeiro nordestino também é vítima de uma sociedade injusta, pois ele ficou ao lado de seu "Padim" e padeceu com ele, identificando-se com ele.
Muda alguma coisa na vida dos romeiros o fato de que o Padre Cícero tenha se reconciliado com a Igreja Católica?
Me perdoe, mas a pergunta está mal feita. Não foi o Padre Cícero quem se reconciliou com a Igreja. Foi a Igreja quem se reconciliou com ele. O Padre Cícero havia dito, em vida: "Não se preocupem em defender-me, meus amigos, porque um dia será a própria Igreja que me defenderá". Para o romeiro, a reconciliação é uma prova a mais de que o Padrinho Cícero tinha razão. É claro que o romeiro está feliz, especialmente vindo do Papa Francisco, um latino-americano.
Mas o Padre Cícero já foi canonizado nas mentes e nos corações dos romeiros. Com paciência, ele espera que um dia a "Igreja de Roma" descubra o que ele já sabe há muitos anos.
Para muitas pessoas o Padre Cícero já é um santo. Algum dia ele será canonizado pela Igreja Católica? O que está faltando para que isso aconteça?
Quando o Bispo, Dom Fernando Panico, agradeceu ao Papa Francisco pela carta de reconciliação, escrita por seu Secretário de Estado, o Cardeal Parolin, ele escutou do Papa a seguinte promessa: "Padre Cícero? Sim, quero fazer mais a seu favor".
O que está faltando é a entrada do processo em nome do padre Cícero, feita pelo bispo de Crato, para que seja reconhecido como servo de Deus. Depois, o dinheiro para que seja realizada a beatificação e canonização. E os milagres e provas? Não vão faltar, tenho certeza e sou testemunha disso.
Falta também a conversão de uma parte do clero da diocese de Crato, que continua se opondo a qualquer reconhecimento das virtudes do "Padim Ciço". O tempo e a morte podem ajudar.
Padre Cícero sempre teve inimigos. Ele ainda tem? Quem são esses inimigos?
Sim, ele ainda tem, dentro da diocese de Crato, como disse o Cardeal João Braz de Aviz, quando veio, em nome do Papa Francisco, para participar das comemorações do Centenário da Diocese de Crato.
Quando perguntei por que o Padre Cícero ainda não havia sido reabilitado pela Igreja, ele olhou para o Monsenhor Fernando e perguntou: posso dizer a verdade? Com a resposta afirmativa do bispo, o cardeal, frente a mais de duzentos religiosos da Diocese, disse claramente: "o problema não está mais em Roma, mas na Diocese de Crato, onde nem todos os padres aceitam essa reabilitação", e acrescentou, "há também alguns bispos do Ceará que não são favoráveis. Agora, bem, não me peçam para dizer nomes... busquem e encontrarão". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TAQUARANA-AL: A Cruz Viva.
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PASTOR É ESFAQUEADO.
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NESTE DOMINGO, 8. Pastor Valdemiro Santiago é esfaqueado durante culto em SP
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Líder da Igreja Mundial do poder de Deus foi levado para hospital e passa bem.
SÃO PAULO - Valdemiro Santiago, pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, foi esfaqueado no pescoço durante um culto na manhã deste domingo, em um templo no bairro do Brás, região central de São Paulo. O rapaz que cometeu o atentado foi levado para o 8º Distrito Policial, no mesmo bairro, e Santiago encaminhado para um hospital na região, onde levou 25 pontos e não corre risco de morrer.
Segundo informações da igreja, o ataque foi cometido logo no início do culto das 8h. Mesmo ferido, o pastor queria continuar a pregação, mas foi encaminhado para o hospital. Não ficou claro se o agressor, que foi preso com um facão, era um fiel que frequentava o templo habitualmente. A única informação dada é que ele estava desempregado e, há algumas semanas, teria tido uma discussão com o religioso.
Após receber os primeiros cuidados, Santiago postou um vídeo na página da igreja no Facebook em que, com a voz ainda rouca, explicou o que aconteceu, pediu orações para si e perdoou o rapaz que cometeu o atentado.
“Eu estava impondo as mãos, acabando de ouvir um milagre, um testemunho, e entrou alguém por trás. Não sei, não vi quem era, e deu uma facada no pescoço, ou com uma navalha, não sei. Mas eu não fui. A gente só vai quando Deus quer. Voltei pra vocês, em nome de Jesus", disse ele no vídeo, em que estava acompanhado de sua mulher, a bispa Franciele Santiago.
O pastor disse ainda que perdoa quem quer que o tenha atacado. “Eu perdoo a pessoa que fez isso. Em nome de Jesus. E a pessoa que mandou também”, completou.
Santiago é egresso da Igreja Universal do Reino de Deus, onde era bispo. Em 1997, ele rompeu com o pastor Edir Macedo e abriu a Igreja Mundial do Poder de Deus, que hoje conta com uma rede de cerca de 4 mil templos no Brasil e no exterior.
No 8º DP, um plantonista confirmou que o rapaz está passando por triagem e será interrogado. Fonte: http://oglobo.globo.com
SANTOS REIS: Homilia do Papa Francisco.
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“Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”. (Mt 2, 2).
Com estas palavras, os Magos, que vieram de terras distantes, explicam o motivo da sua longa caminhada: adorar o Rei recém-nascido. Ver e adorar são duas ações que sobressaem na narração evangélica: vimos uma estrela e queremos adorar.
Estes homens viram uma estrela, que os pôs em movimento. A descoberta de algo fora do comum, que aconteceu no céu, desencadeou uma série inumerável de acontecimentos. Não era uma estrela que brilhou exclusivamente para eles, nem possuíam um DNA especial para a descobrir.
Como justamente reconheceu um Pai da Igreja, os Magos não se puseram a caminho porque tinham visto a estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho (cf. João Crisóstomo). Mantinham o coração fixo no horizonte, podendo assim ver aquilo que lhes mostrava o céu, porque havia neles um desejo que a tal os impelia: estavam abertos a uma novidade.
Os Magos nos dão, assim, o retrato da pessoa que acredita, da pessoa que tem nostalgia de Deus; o retrato de quem sente a falta da sua casa: a pátria celeste. Refletem a imagem de todos os seres humanos que não deixaram, na sua vida, anestesiar o próprio coração.
Esta nostalgia santa de Deus brota no coração que acredita, porque sabe que o Evangelho não é um acontecimento do passado, mas do presente. A nostalgia santa de Deus permite-nos manter os olhos abertos contra todas as tentativas de restringir e empobrecer a vida. A nostalgia santa de Deus é a memória fiel que se rebela contra tantos profetas de desgraça. É esta nostalgia que mantém viva a esperança da comunidade fiel que implora, semana após semana, com estas palavras: «Vinde, Senhor Jesus!»
Era precisamente esta nostalgia que impelia o velho Simeão a ir ao Templo todos os dias, tendo a certeza de que a sua vida não acabaria sem ter nos braços o Salvador. Foi esta nostalgia que impeliu o filho pródigo a sair de uma conduta autodestrutiva e procurar os braços de seu pai. Era esta nostalgia que sentia no seu coração o pastor, quando deixou as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que se extraviara.
E foi também o que sentiu Maria Madalena na madrugada do Domingo de Páscoa, fazendo-a correr até ao sepulcro e encontrar o seu Mestre ressuscitado. A nostalgia de Deus tira-nos para fora dos nossos recintos deterministas, que nos induzem a pensar que nada pode mudar. A nostalgia de Deus é a disposição que rompe com inertes conformismos, impelindo a empenhar-nos na mudança que anelamos e precisamos.
A nostalgia de Deus tem as suas raízes no passado, mas não se detém lá: vai à procura do futuro. Impelido pela sua fé, o fiel «nostálgico» vai à procura de Deus, como os Magos, nos lugares mais recônditos da história, pois está seguro, em seu coração, de que lá o espera o seu Senhor. Vai à periferia, à fronteira, aos lugares não evangelizados, para poder encontrar-se com o seu Senhor; e não o faz, seguramente, com uma atitude de superioridade, mas como um mendigo que se dirige a alguém aos olhos de quem a Boa Nova é um terreno ainda a explorar.
Entretanto no palácio de Herodes que distava poucos quilômetros de Belém, animados de procedimento oposto, não se tinham apercebido do que estava a acontecer. Enquanto os Magos caminhavam, Jerusalém dormia; dormia em conluio com Herodes que, em vez de andar à procura, dormia também. Dormia sob a anestesia de uma consciência cauterizada.
E ficou perturbado; teve medo. É aquela perturbação que leva a pessoa, à vista da novidade que revoluciona a história, a fechar-se em si mesma, nos seus resultados, nos seus conhecimentos, nos seus sucessos. A perturbação de quem repousa na sua riqueza, incapaz de ver mais além. É a perturbação que nasce no coração de quem quer controlar tudo e todos; uma perturbação própria de quem vive imerso na cultura que impõe vencer a todo o custo, na cultura onde só há espaço para os “vencedores” e a qualquer preço.
Uma perturbação que nasce do medo e do temor face àquilo que nos interpela, pondo em risco as nossas seguranças e verdades, o nosso modo de nos apegarmos ao mundo e à vida. E Herodes teve medo, e aquele medo levou-o a procurar segurança no crime: «Necas parvulos corpore, quia te necat timor in corde – matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração» (São Quodvultdeus, Sermo 2 de Symbolo: PL 40, 655).
Queremos adorar. Aqueles homens vieram do Oriente para adorar, decididos a fazê-lo no lugar próprio de um rei: no Palácio. Aqui chegaram eles com a sua busca; era o lugar idôneo, porque é próprio de um rei nascer em um palácio, ter a sua corte e os seus súditos. É sinal de poder, de êxito, de vida bem-sucedida.
E pode-se esperar que o rei seja reverenciado, temido e lisonjeado; mas não necessariamente amado. Estes são os esquemas mundanos, os pequenos ídolos a quem prestamos culto: o culto do poder, da aparência e da superioridade. Ídolos que prometem apenas tristeza e escravidão.
E foi lá precisamente onde começou o caminho mais longo que tiveram de fazer aqueles homens vindos de longe. Lá teve início a ousadia mais difícil e complicada: descobrir que não se encontrava no Palácio aquilo que procuravam, mas estava em outro lugar: e não só geográfico, mas também existencial.
Lá não veem a estrela que os levava a descobrir um Deus que quer ser amado, e isto só é possível sob o signo da liberdade e não da tirania; descobrir que o olhar deste Rei desconhecido – mas desejado – não humilha, não escraviza, não aprisiona.
Descobrir que o olhar de Deus levanta, perdoa, cura. Descobrir que Deus quis nascer onde não o esperávamos, onde talvez não o quiséssemos; ou onde muitas vezes o negamos. Descobrir que, no olhar de Deus, há lugar para os feridos, os cansados, os maltratados e os abandonados: que a sua força e o seu poder se chamam misericórdia.
Como é distante, para alguns, Jerusalém de Belém!
Herodes não pode adorar, porque não quis nem pôde mudar o seu olhar. Não quis deixar de prestar culto a si mesmo, pensando que tudo começava e terminava nele. Não pôde adorar, porque o seu objetivo era que o adorassem a ele. Nem sequer os sacerdotes puderam adorar, porque sabiam muito, conheciam as profecias, mas não estavam dispostos a caminhar nem a mudar.
Os Magos sentiram nostalgia, não queriam mais as coisas usuais. Estavam habituados, dominados e cansados dos Herodes do seu tempo. Mas lá, em Belém, havia uma promessa de novidade, uma promessa de gratuidade. Lá estava a acontecer algo de novo.
Os Magos puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do inerme, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus. http://www.acidigital.com
Papa nomeia pastor protestante como editor de jornal da Santa Sé
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Escolha de Marcelo Figueroa para edição argentina do Osservatore Romano surpreendeu líderes protestantes e provocou reação contrária na Igreja Católica.
O papa Francisco nomeou, na segunda-feira, 1º, o pastor protestante Marcelo Figueroa, editor da edição semanal argentina do jornal Osservatore Romano, órgão oficioso da Santa Sé, que já tem uma versão em espanhol. Francisco, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, e Figueroa são amigos há mais de 15 anos e participaram de uma série de debates na TV sobre a Bíblia, em Buenos Aires, com o rabino Abraão Skorka, também amigo do papa.
A edição argentina do Osservatore será lançada em setembro, com o apoio da Conferência dos Bispos da Argentina e colaboração de teólogos católicos. A escolha de Figueroa para a função surpreendeu líderes protestantes e vem provocando reação contrária de movimentos conservadores da Igreja Católica, que criticam a aproximação do papa com os evangélicos à véspera das comemorações dos 500 anos da Reforma de Lutero, em outubro.
Figueroa foi presidente da Sociedade Bíblica da Argentina durante 35 anos e pastor de uma igreja presbiteriana em Buenos Aires. Além de dirigir a edição argentina do Osservatore, ele continuará como colaborador da edição diária do jornal da Santa Sé, publicado em italiano. A exemplo da edição brasileira, também semanal, que é preparada em Roma e rodada na gráfica da Editora Santuário, em Aparecida (SP), a versão argentina será impressa na Argentina, com material de redação enviado pela internet.
A tendência para futuro próximo, segundo fonte do Vaticano ouvida pelo Estado, é adotar a edição digital para as edições nacionais ou regionais, para economizar papel. Somente a edição diária, publicada em Roma, continuará sendo impressa. A Secretaria da Comunicação, que passa a englobar o jornal, a Rádio Vaticano, o Centro Televisivo Vaticano e sites na internet, está assumindo a administração de todos os meios de comunicação da Santa Sé.
Marcelo Figueroa adiantou que a edição argentina do Osservatore dará destaque à atuação e pronunciamentos de Francisco e dedicará atenção especial à presença da Igreja na América Latina, sem prejuízo dos temas e reportagens de interesse universal publicados pelo Osservatore diário. O movimento ecumênico merecerá cobertura ampla e constante.
"A ideia nasceu de um constante diálogo que tive com Francisco, como amigo. Nós queremos propagar o trabalho pastoral que Francisco vem fazendo, de modo que atinja toda a Argentina. Eu acredito que aqueles que quiserem ouvir a voz do papa, seguir seu trabalho pastoral, com alguns comentários adicionais, será enriquecido por nossa edição. Eu acredito que isso será bom para as almas de todos os argentinos, para seguir cuidadosamente aquele que hoje é o mais relevante líder espiritual", adiantou Figueroa em entrevista sobre sua nova função. Fonte: http://brasil.estadao.com.br
Bispo de El Salvador diz que canonização de Oscar Romero será conhecida em março.
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O bispo auxiliar de El Salvador, Gregorio Rosa Chávez, assegurou hoje que a santificação do monsenhor Oscar Arnulfo Romero será anunciada em março deste ano, durante uma reunião dos bispos salvadorenhos com o Papa Francisco. A reportagem é publicado por portal Terra 02-01-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas
"Há diversos sinais positivos" de que Romero será declarado santo pela Igreja e "o mês de março será fundamental, pois no dia 24 de março eu e todos os bispos teremos uma reunião com o Papa em Roma, e nesse momento nos dirão como estão as coisas", disse Rosa Chávez para os repórteres.
Acrescentou que a "palavra definitiva será do Papa", que "está muito motivado pelo assunto, muito desejoso de que aconteça em breve" e "nesse encontro nos dirá claramente o que podemos esperar".
No dia 27 de março de 2016, o principal hierarca da Igreja Católica em El Salvador, José Luis Escobar Alas, assegurou que a canonização de Romero depende de que o Vaticano confirme "científica e teologicamente" um milagre atribuído a ele.
Monsenhor Romero foi assassinado em 24 de Março de 1980 por um franco-atirador desconhecido enquanto ministrava uma missa na capela do hospital do câncer La Divina Providência, em San Salvador.
Um relatório da Comissão da Verdade da ONU, que investigou as violações dos direitos humanos durante a guerra civil salvadorenha (1980-1992), determinou que o ex-major do Exército e fundador do partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), Roberto D'Aubuisson, deu a ordem para assassinar o Monsenhor Romero.
O arcebispo, beatificado em 23 de maio de 2015, em San Salvador, em uma missa com a presença massiva de seus fiéis, denunciava em suas homilias os ataques das forças de segurança contra a população civil, entre outras violações dos direitos humanos.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Papa pede que penitenciárias sejam locais de reeducação e reinserção social
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Na audiência geral desta quarta-feira, Francisco lembra de rebelião ocorrida em Manaus
Ao final da audiência geral desta quarta-feira, dia 04, o papa Francisco expressou dor e preocupação diante das notícias que chegaram até ele sobre a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), no último domingo, dia 1º de janeiro, que causou ao menos 56 mortos. O pontífice fez um apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social.
“Ontem, chegaram do Brasil notícias dramáticas sobre o massacre ocorrido no cárcere de Manaus, onde uma rebelião violenta entre facções rivais causou dezenas de mortos. Expresso minha dor e preocupação por esse acontecimento”, disse o papa.
Francisco convidou os participantes da audiência a rezarem pelos defuntos e seus familiares, por todos os detentos desse cárcere e por aqueles que trabalham ali. “Renovo o apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social, e que as condições de vida dos reclusos sejam dignas de pessoas humanas”, pediu.
Ao final, convidou a todos a rezarem “pelos detentos mortos e vivos, e também por todos os encarcerados do mundo para que as prisões sejam para reinserir e não sejam superlotadas, para que sejam lugares de reinserção”. Logo após, iniciou uma Ave-Maria pelos detentos. Fonte: http://www.cnbb.org.br
A não violência: estilo de uma política para a paz
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Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Na sua mensagem para a celebração do 50º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco discorre e reflete sobre a não violência. Considera-a um estilo de política para a paz, isto é, a partir da paz e da caridade expressas nesta atitude de desarmamento espiritual e mansidão, se concretiza a não violência como proposta capaz de criar novos relacionamentos e espaços a nível internacional, nacional e local.
A seguir o Papa mostra o cenário de um mundo dilacerado, e a violência que se exerce aos pedaços, destruindo e ceifando vidas, favorecendo aos senhores da guerra. Na verdade a não violência se ancora e respalda na mensagem evangélica, apresentada por Jesus que coloca as raízes da violência no coração humano. É Jesus o mestre da não violência quando ensina o caminho das bem aventuranças que exige dos discípulos o amor incondicional aos inimigos e o perdão e a acolhida fraterna permanente (70 x 7). Ser cristão como afirma São Francisco, é viver reconciliado e ser agente de reconciliação e concórdia.
A não violência para os seguidores de Cristo não é apenas uma técnica ou comportamento tático, mas um modo de ser e de viver, fundamentado na firme convicção do poder do amor e da verdade que vem de Deus. A não violência longe de ser uma expressão de debilidade, rendição ou até de covardia, é sem duvida mais forte e poderosa que a violência porque vai direto a consciência dos violentos, que ao se sentir respeitados, e amados incondicionalmente se sentem atingidos como pessoas humanas e chamados a conversão.
Foi testemunhada e exercida por líderes espirituais de grande vulto, profundamente atuais: Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Ghandi, Khan Abdul Ghaffar Khan na libertação da Índia; Martin Luther King contra a discriminação e desigualdade racial, e as várias lideranças femininas de hoje, como Leydmh Gbowee e milhares de mulheres liberianas que lutam pela paz em seu país. Esta educação para a não violência tem uma raiz forte na família. Ela constitui para o Papa Francisco o cadinho indispensável no qual os cônjuges, país e filhos, irmãos e irmãs aprendem a se comunicar e a cuidar uns dos outros com gratuidade, abrindo-se para o diálogo e o perdão.
Finalmente, o Pontífice faz um convite a assumir a construção da paz pela não violência, apresentando a mística das bem avemturanças como programa de vida, escolhendo sempre a solidariedade fraterna,n consolidando novos vínculos e a amizade social. O importante é caminhar fazendo acontecer processos que respeitem as diferenças e as incluam conservando as preciosas potencialidades das polaridades em contraste. Que Nossa Senhora, Rainha da paz, nos sirva de guia e nos torne a todos (as) em artesãos. Fonte: http://www.cnbb.org.br
MISSA DE AÇÃO DE GRAÇAS NA COMUNIDADE CAPIM, LAGOA DA CANOA.
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HOJE, DIA 31: Santa Missa na Comunidade Capim, às 19h- Lagoa da Canoa-AL, com Frei Petrônio de Miranda, Carmelita. Venha agradecer a Deus pelo Ano 2016 e rezar pelo Ano Novo. Acompanhe no olhar.
E dois mil e dezessete?
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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Começamos um novo ano, certamente não diferente de 2016. As perspectivas estão muito nebulosas, confusas e com poucas esperanças. O terrorismo, a ganância e o individualismo se alastram de maneira muito assustadora. Perdemos a confiança nas pessoas, principalmente nas lideranças que deveriam sustentar a estabilidade dos cidadãos. Como disse alguém: “Só Deus, só Nele confiar!”.
Mesmo em meio a atos de injustiça, que têm raízes em todos os setores da vida brasileira, o ano deve começar com as bençãos de Deus. Nas palavras do papa Francisco, para quem faz o processo da reconciliação e da superação das fraquezas, a misericórdia divina supera as misérias humanas. Não há limites no amor de Deus, porque faz parte de seu plano, a salvação de todos.
Todo envolvimento com a maldade causada pela injustiça impede a pessoa de acolher o anúncio da Boa-nova do Evangelho. Ela deixa de participar da alegria e das maravilhas da presença de Deus, que transforma totalmente o ser humano. Tira as pessoas do jugo da escravidão e as faz proclamadoras dessa boa notícia. Em vez de destruir, constrói o bem e a sociedade com responsabilidade.
O modo de agir de Deus é surpreendente. Ele se abaixa e se torna humano para possibilitar que nos coloquemos de pé, superando as misérias que nos afligem. Nele temos que aprender a ser humildes, porque esse é o caminho que nos leva a acolher a divindade e nos tornar divinos. As trevas que nos encobrem precisam transformar-se em luz para dar claridade em nossas ações.
Passado o Natal, agora a vida vai tomando novos rumos e, entre eles, temos a posse dos novos dirigentes municipais. A transparência tem sido um desafio, porque o poder está muito enraizado na ânsia pelo dinheiro. Até parece que Deus virou dinheiro. Significa que a felicidade está longe. Repito as palavras de Tereza de Calcutá: “A pessoa é tão pobre, que só tem dinheiro”.
Pedimos a benção de Aarão para o ano de 2017. Que seja uma benção protetora: “O Senhor te abençoe e te guarde”; uma benção de perdão: “O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti”; e uma benção de paz: “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,22-27). São Paulo diz que Jesus é a benção encarnada do Pai, e seu único mediador (cf. I Tm 2,5).
Fonte: http://www.cnbb.org.br
DEPENDE DE VOCÊ: Pe. Edvaldo Braz.
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Sacerdote no Iraque: vale a pena dar a vida por esta missão
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O Pe. Luis Montes, missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) no Iraque, assegurou que seu trabalho nesse país do Oriente Médio é dedicado à formação de seminaristas e à assistência aos refugiados perseguidos pelo Estado Islâmico (ISIS), e esta “é uma missão pela qual vale a pena dar a vida”.
De acordo com o último relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) de fevereiro deste ano, a violência iniciada no Iraque pelo Estado Islâmico ocasionou mais de 3,3 milhões de deslocados internos no país desde janeiro de 2014.
Segundo um relatório de Nações Unidas publicado no início de 2016, entre janeiro de 2014 e outubro de 2015, mais de 18.800 civis foram assassinados e outros 36 mil ficaram feridos.
O relatório da ONU indicou que o Estado Islâmico “continua cometendo uma violência sistemática e estendida e abusos contra as leis internacionais humanitárias e de direitos humanos”. Em março, Estados Unidos reconheceu como “genocídio” os crimes do ISIS contra os cristãos e outras minorias religiosas no Oriente Médio e outras regiões que estão sob seu poder.
Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Montes explicou que Erbil, região semiautônoma do Curdistão iraquiano, “é uma cidade segura. Praticamente não houve atentados ali”, pois o governo local “mantém ordem, mantém segurança”. Por essa razão, muitos cristãos que fugiram de cidades vizinhas invadidas pelo Estado Islâmico, como Mossul, encontraram refúgio nessa região.
Precisamente o grande número de refugiados na região gera “diversas dificuldades”, disse o sacerdote, pois “estamos falando de dezenas ou centenas de milhares”. Esta circunstância, assinalou, “nos deixa profundamente comovidos” ao ver “essas almas que sofrem tanto, essas almas pelas quais Cristo entregou a sua vida”.
“Na verdade, para os seminaristas é mais simples, pois permanecem em um lugar, onde há perseguição, se mantêm fiéis a missão e unidos a Jesus Cristo, porque existem muitas dificuldades e o Senhor está como ‘obrigado’ a nos derramar mais graça”, indicou.
Nessas condições, pode-se afirmar que “a pessoa vive ali em paz interior”. Por que não migrar? O Pe. Montes assegurou: “Para nós é impensável isso, essa colocação. Nós seremos uma Igreja mártir”.
“Em outros lugares há um monte de coisas boas, vemos quando saímos de onde vivemos. Recentemente, estive no México, foi uma experiência maravilhosa, o povo mexicano transmite um calor humano realmente notável. Entretanto, estamos em um lugar onde há mártires, onde todos sofrem por ser cristãos”.
No Iraque, refletiu, quando se lê “o Evangelho, que diz ‘bem-aventurados quando os perseguirem’, isso é o que vivemos, não é somente uma palavra”. “Para nós, na verdade, é uma honra”, expressou.
O Pe. Luis Montes e os missionários do IVE no Oriente Médio criaram as páginas Amigos do Iraque e S.O.S. Cristãos na Síria para canalizar a ajuda solidária aos cristãos perseguidos. Fonte: http://www.acidigital.com
DONA MARIA ANGÉLICA: Natal vivo.
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VOCÊ VIU? O Papa: a rigidez e o mundanismo são um desastre para os sacerdotes
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Os sacerdotes devem ser mediadores do amor de Deus, não intermediários que pensam exclusivamente em seus próprios interesses. Esta é a advertência que o Papa Franciscofez durante a homilia da missa matutina de 09 de dezembro na capela da Casa Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticano. A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 09-12-2016. A tradução é de André Langer.
O Papa chamou a atenção para os “rígidos”, que sobrecarregam os fiéis com cargas que eles mesmos não carregam. Denunciou, além disso, a tentação do mundanismo, que transforma o sacerdote em funcionário e o torna “ridículo”. “Não é possível manter a rigidez por muito tempo, destacou o Bispo de Roma. É fundamentalmente esquizofrênica. Acabará parecendo rígido, mas por dentro será um desastre”. E também indicou que é preciso ter cuidado com o mundanismo: “Um sacerdote mundano, rígido, é um insatisfeito, porque tomou o caminho errado”. Um bom pastor sabe “brincar com as crianças”.
O Papa Bergoglio inspirou-se nas palavras com que Cristo, no Evangelho do dia, mostra a insatisfação constante do povo. As pessoas são como as crianças às quais se oferece uma coisa e elas não gostam, oferece-lhes o contrário e também não lhes agrada. Da mesma maneira, no terceiro milênio “há cristãos insatisfeitos (muitos) que não conseguem compreender o que o Senhor nos ensinou, não conseguem compreender a essência da revelação do Evangelho”.
Por isso, o Papa refletiu sobre os sacerdotes “insatisfeitos”, que “fazem tanto mal”. Passam o tempo sem estarem contentes, buscando constantemente novos projetos ou iniciativas “porque o seu coração está longe da lógica de Jesus” e por isso “se queixam ou vivem tristes”.
A lógica do Filho de Deus, ao contrário, deveria levar um sacerdote à “plena satisfação”. Trata-se da “lógica do mediador”, indicou o Papa. “Jesus – explicou – é o mediador entre Deus e nós. E nós devemos tomar este caminho de mediadores, não a outra figura que se parece muito com esta, mas que não é a mesma: intermediários”. Este último, “faz seu trabalho e recebe o seu pagamento, nunca perde”.
Pelo contrário, “o mediador perde a si mesmo para unir as partes, dá a vida, a si mesmo. Esse é o preço: a própria vida; paga com a própria vida, o próprio cansaço, o próprio trabalho, tantas coisas, mas (neste caso o pároco) para juntar o rebanho, para juntar as pessoas e levá-las para Jesus. A lógica de Jesus como mediador é a lógica de aniquilar-se a si mesmo”.
O sacerdote autêntico é “um mediador muito próximo do seu povo”, ao passo que o intermediário realiza o próprio trabalho, mas depois toma outro trabalho, “sempre como funcionário”, porque “não sabe o que significa sujar as mãos” nas chagas da realidade. Por isso, quando “o sacerdote muda de mediador a intermediário não é feliz, é triste”. E passa a vida buscando um pouco de felicidade na visibilidade, “fazendo sentir a autoridade”.
O Papa argumenta que Jesus dizia aos intermediários de sua época que “eles gostavam de passear pelas praças” para serem visto, chamar a atenção e atrair honras e elogios.
Além disso, “para tornarem-se importantes – advertiu Francisco –, os sacerdotes intermediários seguem pelo caminho da rigidez: tantas vezes, separados das pessoas, não sabem o que é a dor humana; perdem aquilo que aprenderam em suas casas, com o trabalho do pai, da mãe, do avô, da avó, dos irmãos... Eles perdem estas coisas”. São “rígidos – insistiu –, esses rígidos sobrecarregam os fiéis com muitas coisas que eles mesmos não carregam, como dizia Jesus aos intermediários de seu tempo. A rigidez. Chicote na mão com o povo de Deus: ‘Isto não se pode fazer, isto não se pode fazer...’”. E assim, “muitas pessoas que se aproximam buscando um pouco de consolação, um pouco de compreensão, acabam expulsas com esta rigidez”.
Mas, “não é possível manter a rigidez por muito tempo, destacou o Bispo de Roma. É fundamentalmente esquizofrênica. Acabará parecendo rígido, mas por dentro será um desastre”
E a mesma coisa acontece com o mundanismo: “um sacerdote mundano, rígido, é um insatisfeito, porque pegou o caminho errado”. O Papa contou: “há algum tempo, veio para me ver um monsenhor idoso da cúria, que trabalha, um homem normal, apaixonado por Jesus e me contou que tinha ido à Euroclero (loja que vende roupas e objetos litúrgicos, ndr.) para comprar algumas camisas e viu diante de um espelho um jovem... ele pensa que talvez tivesse uns 25 anos, o padre jovem ou (que estava) para tornar-se padre... diante do espelho, com uma capa grande, longa, com veludo, a corrente de prata e se olhava. E depois pegou o chapéu romano, o colocou e olhava. Um rígido mundano. E o sacerdote – é sábio o monsenhor, muito sábio – conseguiu superar a dor, com uma história de saudável humorismo e acrescentou: ‘E depois se diz que a Igreja não permite o sacerdócio às mulheres!’. De forma que o trabalho que faz o sacerdote quando se torna um funcionário cai no ridículo, sempre”.
Outra história do Pontífice: certa vez, uma pessoa lhe disse que “ela reconhecia os sacerdotes pelo comportamento com as crianças: se sabem ser carinhosos com uma criança, sorrir para uma criança, brincar com uma criança… Isto é interessante, porque significa que sabem abaixar-se, aproximar-se das pequenas coisas”.
Pelo contrário, o sacerdote intermediário “é triste, sempre com aquela cara triste ou muito séria, rosto sisudo. Tem o olhar sisudo, muito sisudo!”. Ao contrário, “o mediador é aberto: o sorriso, a acolhida, a compreensão, os carinhos”.
Francisco apresentou três figuras de “sacerdotes mediadores e não intermediários”, três ícones. Uma é o “grande” São Policarpo de Esmirna, que “não negocia a sua vocação e vai com coragem à pira, e quando o fogo o cerca, os fiéis que estavam ali sentiram cheiro de pão”; desta maneira “acaba um mediador: como um pedaço de pão para os seus fiéis”.
A segunda figura foi São Francisco Xavier, que acabou sua jovem vida na praia de Sancián, “olhando para a China”, para onde desejava, em vão, ir. E para concluir, São Paulo nas Três Fontes: “Nessa manhã, os soldados foram até ele, prenderam-no e ele caminhava sem se curvar”; estava consciente de que o estavam levando ao martírio, devido à traição de alguns membros da sua comunidade cristã, mas ele “lutou tanto, tanto, em sua vida, que se ofereceu ao Senhor como um sacrifício”.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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