CARMELITAS: Retiro em Belo Horizonte.
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Domingo, 24 de julho: 17º Domingo do Tempo Comum.
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Oração de:
-Diálogo com Deus
Conversa com Deus
- Ação de Graças
Agradecemos a Deus por algo
-Petição
Pedimos algo a Deus- A mais comum.
-Louvor
Louvar pelas infinitas graças que Deus nos concede
-Oferenda
Oferecemos a Deus a nossa vida
1ª Leitura/ Sodoma e Gomorra
(Gn 18, 20- 32)
-Abraão pechinchou com Deus- Negociou o Perdão
- Não foi Deus que destruiu Sodoma e Gomorra, mas eles mesmos caminharam para a destruição porque agiram errado.
Evangelho/ Pai Nosso.
(Lc 11, 1-13)
-A oração é nosso combustível
-Sem perdão não é possível haver conexão com Deus.
Do Livro: Liturgia da Palavra-II: Reflexões para os domingos, solenidades, festas e memórias. Pe. José Carlos Pereira. Ed. Paulus. 2º Edição-2015.
A Igreja argentina ordena investigação do caso das irmãs que ocultaram dinheiro em seu convento
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O arcebispo de Mercedes-Luján, dom Agustín Radrizzani, informou na quarta-feira que iniciou uma investigação “completa” de acordo com as normas do Direito da Igreja sobre os fatos que aconteceram, e que são de conhecimento público, no mosteiro das Irmãs Orantes e Penitentes, da localidade bonaerense de General Rodríguez, onde o ex-funcionário kirchnerista José López tentou esconder quase nove milhões de dólares em dinheiro. A reportagem é publicada por Religión Digital, 20-07-2016. A tradução é de André Langer.
“Esta investigação acontecerá o mais rápido possível, de modo a tomar as medidas pertinentes dispostas pelo direito”, destacou em um comunicado.
O bispo ordenou, mediante o decreto arquidiocesano 11/2016, que “se faça a investigação prévia conforme manda o Direito, aproveitando-se para a mesma todas as informações que surgirem da investigação que está sendo realizada pela justiça estatal”.
Nomeou também investigador o Pe. Tom O’Donnell e notário o presbítero Daniel Blanchoud, que jurarão perante dom Radrizzani desempenhar fielmente o seu ofício.
“Dom Radrizzani está levando o caso a sério. Quer que se investigue se houve delito”, assinalou o padre O’Donnell, ao referir-se às imagens, divulgadas pela imprensa, que mostram as irmãs ajudando López – ex-secretário de Obras Públicas – a levar o dinheiro para dentro do convento.
Dom José María Arancedo, presidente dos bispos argentinos, em uma entrevista concedida ao jornal La Nación, também advertiu que “a Igreja não pode ocultar se alguém agiu mal ou cometeu um delito”.
O padre Tom O’Donnell – nomeado nesta terça-feira pela Igreja para investigar o papel exercido pelas religiosas do convento, evento no qual o ex-funcionário José López levou bolsas com milhões de dólares, na madrugada de 14 de junho último – disse nesta quarta-feira que sua tarefa será analisar se houve “delito canônico e facilitar a ação da Justiça” no marco da causa que investiga o suposto enriquecimento ilícito do ex-secretário de Obras Públicas.
As declarações do padre – pertencente aos Padres Palotinos – foram dadas à Rádio Continental no marco da inspeção ocular realizada na manhã da última quarta-feira pelo juiz Daniel Rafecas no mosteiro de General Rodríguez; e depois de que, na terça-feira, o arcebispo de Mercedes-Luján, dom Agustín Radrizzani, informou que foi iniciada uma investigação “completa” sobre os fatos ocorridos no convento das Irmãs Orantes e Penitentes.
O’Donnell esclareceu que se trata de “uma investigação prévia para ver se houve um delito canônico e facilitar também a ação da justiça civil. Em caso positivo, aplica-se o que diz o direito canônico, isto é, inicia-se um processo, e a pena pode variar de acordo com o delito”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
FREI RICARDO NUNES: O Profeta Elias.
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O padre expulso do Vaticano por ser gay ataca a homofobia na Igreja
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O padre expulso do exercício sacerdotal e do Vaticano após declarar-se gay e revelar que tinha um companheiro, o polonês Krzysztof Charamsa, publicou seu primeiro livro, La Prima Pietra (A primeira pedra), no qual volta a atacar a “homofobia patológica” e a “misoginia” da Igreja. A reportagem é de José Manuel Vidal e publicada por Religión Digital, 16-07-2016. A tradução é de André Langer. Morando em Barcelona há nove meses, onde vive com o parceiro, um catalão, Charamsa explicou em uma entrevista à Efe que para ele a capital catalã é “uma pátria”.
“No meu país, a Polônia, há uma propaganda da Igreja, do mundo da política e da mídia contra mim, mas em Barcelona vivi exatamente o contrário”, destacou. “Minha mãe e minha família sofreram muito com tudo isto: um dos meus sobrinhos foi rejeitado na escola porque seu tio é um pervertido, mas aqui as pessoas me dão os parabéns quando me veem na rua”, revelou.
Charamsa sente-se agradecido com “Barcelona, que é uma sociedade moderna, aberta, que respeita os outros e onde vivi uma verdadeira acolhida, que necessitava humanamente. Aqui sinto que não estou sozinho”.
Sobre seu primeiro livro, que acaba de publicar na Itália pela Editora Rizzoli e que quer traduzir para o castelhano e o catalão, afirma que “não é literatura gay”. O livro conta “a história de um indivíduo que está relacionado com uma instituição, a Igreja, na qual acredita, porque é profundamente crente, mas ao mesmo tempo descobre que esta silenciou e matou uma parte de si mesmo”.
Sobre sua vida antes da confissão pública que o obrigou a afastar-se do sacerdócio, Charamsa afirmou que “a Igreja me obrigava a pensar que a homossexualidade é algo patológico, que é algo mau do que tenho que me envergonhar. Eu, fiel a todas as normas que me foram impostas, me fechei atrás de um muro ideológico durante grande parte da minha vida”.
“Tudo isso me fez viver um estresse contínuo: saber que você tem algo que contradiz a Deus, antinatural, é como uma esquizofrenia: não pode encontrar calma porque sua natureza contradiz as suas crenças”, insistiu.
Em seu livro, Charamsa volta a reivindicar que “a palavra de Deus não condena a homossexualidade, mas está em condições de entendê-lo. No futuro, a Igreja também o aceitará e o entenderá, como já o fez em seu momento com as teorias de Darwin, Copérnico e Galileu”.
“No clero há muitíssimos homossexuais que sofrem por sua própria condição. Tentam matá-la, esquecê-la, mas não podem, e sentem ódio, sobretudo das pessoas que vivem de forma livre aquilo que eles sofrem. É uma grande paranoia institucionalizada”, remarcou Charamsa.
No livro também denuncia que “a Igreja dificulta o reconhecimento dos casais que não podem ter filhos e que buscam a ajuda da ciência e convence as mulheres maltratadas de que devem rezar e suportar essa violência sem defender-se, porque não se pode romper o matrimônio”.
Charamsa, que escreveu seu livro como se fosse uma conversa com os leitores, também aborda o problema da pedofilia, que qualifica de “crime vergonhoso que o clero aceita mais que a homossexualidade”.
“Meu livro é muito feminista; as mulheres sempre estão presentes nele. Elas enfrentam uma situação que eu defino como uma verdadeira misoginia, de uma verdadeira fobia para com as mulheres, mas todo movimento feminista sempre foi um modelo de como propor uma revolução social e de mentalidade”, disse o autor. “Gosto de pensar que o meu livro é a primeira pedra de uma vida livre, de uma vida coerente com a própria natureza após a libertação”, concluiu.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
De cadeira de rodas, Dom Pedro Casaldáliga participa da Romaria dos Mártires da Caminhada.
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O bispo Dom Pedro Casaldáliga marcou presença na Romaria dos Mártires da Caminhada, evento realizado pela Prelazia de São Félix do Araguaia no município de Ribeirão Cascalheira para lembrar da morte do padre João Bosco, assassinado por militares quando tentava impedir que uma mulher fosse torturada na cadeia pública. A informação é da Agência de Notícias Portal do Mato Grosso, 18-07-2016.
Mais de 15 mil pessoas participaram da Romaria, que teve como ponto alto, a caminhada pelas ruas da cidade em direção ao santuário levantado pela própria comunidade no local onde o crime foi cometido. A presença de Dom Pedro, que tem 88 anos, era uma dúvida.
A saúde do religioso esta frágil, recentemente ele passou por uma cirurgia devido a uma queda que sofreu em casa, mas apesar das debilidades demostrou lucides, participou do cerimonial e atendeu as fiéis. Dom Pedro estava de cadeira de rodas, tem dificuldades de locomoção devido ao mal de Parkinson. Pela primeira vez o evento não contou com uma pregação do bispo, que mora em São Félix do Araguaia.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
PROFETA ELIAS: Deslocamento e permanência em Sarepta (vv. 8-24)
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Frei Alexander Vella, O.Carm.
A história está claramente dividida em duas partes: • vv. 8-16: continua o tema do sustento miraculoso do Profeta, sendo introduzido também um novo tema: a eficácia da Palavra profética de Elias. vv. 17-24 - outro tema ligado à eficácia da palavra profética de Elias, que é o principal nesta cena, é o tema da vida.
Pode-se verificar que nestas duas histórias o baalismo se apresenta muito forte. É o próprio fio condutor que une as duas partes. Elias se dirige a Sarepta de Sidônia, não tanto para fugir, mas para aí demonstrar que o poder de Javé não é privilégio apenas de Israel. No território fenício, domínio de Baal, o Senhor demonstra seu poder sobre as coisas que são atribuídas a Baal ou seja, o sustento e a vida, enquanto Baal nem mesmo aí nada pode fazer. Talvez seja o primeiro lampejo de monoteismo porque a luta parece trazer novo desafio: "quem é Deus em Israel?" para trazer questionamento ainda mais forte: "quem é o Deus vivo, Baal ou Javé?"
4.1 - vv. 8-16. Elias mais uma vez age de acordo com a Palavra de Deus (vv. 8-10). Entretanto, a viúva que o encontra à entrada da cidade não sabe ainda que Deus lhe ordena que alimente o Profeta. Quanta emoção (pathos) na sua resposta ao Profeta e que contraste há entre o seu desespero e a segurança do Profeta ("Nao temas" v.13). Elias pronuncia a palavra profética (v.13) e a viúva "agiu conforme a palavra de Elias" (v.15), tal como Elias faz com Deus. E a palavra do Profeta se realiza (v.16). Assim Elias começa a demonstrar-se Profeta.
Vejamos também alguns detalhes da história. No v.15 a mulher é chamada a "dona da casa". Tal modo de chamá-la indica que não era uma mulher pobre, o que é corroborado por dois pequenos detalhes. O v.15 afirma que continuaram a comer do alimento miraculoso, ela, seu filho e "a sua casa" (segundo o texto masorético - hebraico), o que significa que a mulher possuía servos. No v.19 lemos que Elias levou o rapaz ao "andar de cima"; portanto, a mulher possuía uma casa com dois andares, desfrutando portanto de um certo bem-estar.
Estes pequenos detalhes devem ser interpretados de acordo com critérios exegéticos contidos no próprio texto. É obvio que Elias se interessava pelos pobres - se não, que homem de Deus ele era? - mas a finalidade desta história, é evidente, não é para demonstrar isto. Consiste na apresentação de Elias como verdadeiro profeta, isto é, como homem da palavra de Deus.
4.2 - vv. 17-24 Nesta segunda cena temos dois momentos entrelaçados: da morte à vida e da recriminação à confissão. A estrutura é concêntrica.
ELIAS E O DESERTO: Lições contidas no episódio.
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*BEATO FREI TITO BRANDSMA, O. CARM.
1- Ao vermos nossa miséria e fraqueza, também nós nos sentimos arniúde desanimados. O mesmo acontece quando vemos a nossa vida aparentemente tão inútil e infrutífera para nós mesmos e para os outros. Mas o anjo de Deus, o anjo da guarda, virá então consolar-nos e encorajar-nos com as suas inspirações salutares.
2- O pão que o anjo deu de comer a Santo Elias é figura do Pão Celestial da Eucaristia, que nos foi preparado por Jesus na Sagrada Paixão. "Piscis assus Christus est passus" (Peixe assado é Cristo padecido). "Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".
3- Unidos a Jesus, poderemos também nós atravessar o deserto da vida com Santo Elias, até chegarmos ao monte santo da visão beatífica. "Per aspera ad astra" (Pelas asperezas até os astros).
4- Os sussurro da brisa, no silêncio, símbolo da humildade e da mansidão, representa a voz de Jesus a nos dizer: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas".
5- Como Santo Elias, devemos ter sempre diante dos olhos o Deus Vivo, crer-nos sempre na sua santa presença e assim executar a nossa tarefa.
6- A fim de guardar e consolidar esta crença - sempre que as nossas atividades o permitirem - devemos refugiar-nos na solidão e no silêncio do Carmelo.
*MINHA CELA: ESCRITOS DE UM ARTIR.
BEATO FREI TITO BRANDSMA, O. CARM.
(Tradução: frei Bento Caspers, O. Carm. e Dom Vital Wilderink, O. Carm)
*BEATO FREI TITO BRANDSMA: Colóquio com Santo Elias
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Ouvir as palavras. Formar ao seu lado. Transplantar no coração o seu zelo e o seu amor. Santa, competição com respeito á sua confiança em Deus. Esperar tudo dele.
Água sobre a lenha. Convencer-nos de que a nossa salvação é dom exclusivo de Deus, ainda que tenhamos de merecê-la.
Considerar tudo á luz da Providência e da predestinação divinas. Fortes com Santo Elias pela força que vem de Deus, á luta contra tudo que nos afaste de Deus. E, depois de abominarmos tudo isso, ajoelhar-nos com Santo Elias para rezar, para perseverar na oração.
Com Santo Elias, que nos é apontado com São Tiago corno modelo de perseverança na oração e como garantia de que nossa oração será ouvida. Alegrar-nos com Santo Elias pelo fato de ter aparecido urna nuvenzinha sobre o mar. Levantar-nos com ele para irmos a Jerusalém.
*MINHA CELA: ESCRITOS DE UM ARTIR.
BEATO FREI TITO BRANDSMA, O. CARM.
(Tradução: frei Bento Caspers, O. Carm. e Dom Vital Wilderink, O. Carm)
FESTA DE SANTO ELIAS: Frei Reinaldo.
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3º DIA DO TRÍDUO DE SANTO ELIAS/ RJ.
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3º DIA DO TRÍDUO DE SANTO ELAIS. Fotos e fatos da última noite do Tríduo de Santo Elias na Igreja do Carmo da Lapa/RJ. Presidente da celebração: Frei Valter Rubens, Carmelita. Amanhã, 20, Dia de Santo Elias, Missa Solene com Frei Petrônio de Miranda, às 18h: 30min. NOTA: A imagem de Santo Elias é uma réplica da Imagem Peregrina que se encontra em Santos/SP, até o próximo dia 21. Daqui a pouco, veja vídeos do Tríduo.
3º DIA DO TRÍDUO DE ELIAS: A figura bíblica de Elias.
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Frei Alexander Vella, O.Carm.
(A Imagem Peregrina de Santo Elias se encontra na cidade de Santos/SP. De 17-21. PRÓXIMA CIDADE: São Paulo- Sapopemba- De 22-27)
Hoje ninguém coloca em dúvida a existência de Elias, visto antes por alguns apenas como personificacão da luta do javismo contra o baalismo. O tempo em que foram escritas, não muito distante da passagem do profeta, constitui um argumento a favor de tal historicidade, ao menos em relação ao núcleo do que se afirma sobre ele. Conhece-se realmente bastante bem a sua época de forma a poder enquadra-lo facilmente em seu ambiente, um ambiente que é apresentado com clareza nestas histórias.
É necessário ter presente que as histórias nos dizem muito pouco dele. Se referem a ele como pessoa bem conhecida de todos e que dispensa apresentações. De suas origens não se sabe nada, a não ser que era proveniente da região de Galaad. Sua vida pessoal, o seu ambiente religioso e social são desconhecidos. Também, como escreve o notável biblista G. von Rad, Elias não é nem mesmo apresentado como uma "figura" no sentido literário moderno, o que torna difícil descobrir a sua personalidade uma vez que tal cogitacão não fazia parte das histórias narradas (ver G. von Rad, Theology of the Old Testament, II, London, 1975 pp. 15 e 24).
O personagem principal dos contos não é Elias mas o Senhor que escolhe Elias como instrumento em um momento muito crítico da história religiosa de Israel para fazer triunfar o javismo puro e íntegro contra o sincretismo religioso, que o ameacava de substituir pelo baalismo. Pode-se afirmar que nestas histórias, apesar de toda a sua grandeza, Elias continuamente desaparece da cena para deixar a Deus só o lugar principal.
Sem dúvida, pode-se dizer da figura de Elias, que o profeta era guiado exclusivamente pela Palavra de Deus. Isto é repetido muitas vezes no texto. Podemos verificar, por exemplo no caso dos deslocamentos de Elias. Os dois deslocamentos do cap. 17 são claramente guiados por Deus e por Ele orientados (vv. 3-5,9-10). Da mesma forma o narrado no cap. 18 (vv.1 e 2). Elias aparece como um homem todo plasmado pela palavra de Deus. Por isto não é de admirar que nossos padres o tenham escolhido como seu modelo inspirativo, uma vez que a escuta-obediência à Palavra de Deus é elemento constitutivo do carisma carmelitano. A Regra, realmente, o indica como nossa ocupacão principal (n. 10) e nos recomenda a tudo fazer conforme a Palavra do Senhor (n. 19).
Entretanto, sobre este aspecto, Elias parece resvalar por um momento, pois, ele que sempre agia movido pela Palavra de Deus, no cap. 19, empreende a viagem pelo deserto, não sob o comando de Deus, mas pela própria iniciativa, tanto que Deus o interpela por duas vezes "que fazes aqui Elias?" (vv.9-13). É a hora difìcil na vida do Profeta, a sua "noite escura", apresentada com a imagem bíblica do deserto que aliás é muito cara a nossa tradição carmelitana.
Elias é o homem do coração indiviso, o homem que vive inteiramente diante de Deus, todo a serviço de Deus, pronto a seguir as suas ordens (17,1; 18,15). Não tem outro interesse senão Deus e sua causa. É um profeta de fogo que arde de paixão por Deus e por sua aliança que vê completamente ameaçada. Toda a sua existência teve como sentido a luta contra as falsas imagens de Deus que os homens iam criando para satisfazer as próprias necessidades. É nisto que consiste a idolatria. Mas, o Deus de Israel, o Deus de Elias é um Deus infinitamente maior que o nosso coração, que nossos conceitos, que nossas espectativas e nossas necessidades. É um Deus com o qual também Elias, o seu grande herói, perde, porque não havia compreendido como Deus age na história e em seus desvios. Precisa passar ainda pelo deserto para ser transformado.
Imerso em seu contexto histórico, Elias transcende o seu ambiente e a sua epoca e torna-se um homem de todos os tempos, pois a humanidade em cada homem é sempre a mesma seja pagão, israelita e também cristão. Sua maior tentação será sempre a de fazer um Deus a sua medida. Elias e depois dele os grandes mestres do Carmelo, nos ensinam que, ao contrario, devemos permitir a Deus de ser Deus em nossa vida, acolhendo-o tal como Ele é. Isto não ocorre naturalmente mas resulta de um longo e árduo caminho que nos leva ao deserto, onde encontrando a Deus e sendo por Ele transformados, começamos a deixar todas as nossas falsas imagens dele e ao contrario de reduzi-lo a nossas dimensões, começamos a acolhê-lo em nós, tal como Ele é.
2ª NOITE DO TRÍDUO DE SANTO ELIAS: Elias, o deserto e a brisa suave.
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Atravessando o deserto de Beersheba, Elias entrou no deserto da montanha de Deus, o Horeb(1 R 19,8). Lá ele ouviu a pergunta: "Elias, que fazes aqui?" E ele respondeu, por duas vezes: "O zelo por Javé dos exércitos me consome, porque os israelitas abandonaram tua aliança, derrubaram teus altares e mataram teus profetas. Sobrei somente eu, e eles querem me matar também". (1 R 19,10.14)
Existe uma contradição entre a resposta e a realidade vivida, entre o discurso e a prática de Elias. Conforme o discurso ele é o único que sobrou; mas havia sete mil (1 R 19,18). Conforme o discurso ele está cheio de zelo; mas a prática mostra um homem medroso que foge (1 R 19, 3). Conforme o discurso ele sabe analisar o fracasso da nação; mas na prática não sabe analisar o seu próprio fracasso. Elias não se dá conta de que a situação de derrota e de morte em que se encontra é o lugar onde Deus o atinge, pois não percebe a presença do anjo que o orienta. Ele só pensa em comer e dormir. (1 R 19,6)
O olhar de Elias está perturbado por algum defeito que o impede de perceber a realidade tal como ela é: ele se considera dono da luta contra Baal (e não é); acha que sem ele tudo estará perdido (e não estará); pensa que Deus sai perdendo caso ele, Elias, for derrotado (e Deus não sai perdendo). Qual o defeito nos olhos de Elias? Qual o defeito em nossos olhos hoje? A resposta está na história da Brisa Leve.
A expressão "Brisa Leva" traduz o hebraico: “qôl demamáh daqqáh”. Literalmente: “voz de calmaria suave”. A palavra hebraica, demamáh, usada para indicar a calmaria vem de uma raiz, DMH, que significa parar, ficar imóvel, emudecer. A brisa leve indica algo, um fato, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar; provoca nela uma expectativa.
A "Brisa Leve" não deve ser entendida no sentido romântico de uma brisa suave no fim da tarde, mas sim no sentido de algo que, de repen- te, fez desintegrar tudo que Elias pensava e vivia até àquele momento. Ela indica o impacto de algum fato que o obrigou a uma mudança radical e o levou a uma visão totalmente nova das coisas. É como diz a poesia: "Diante da vida do povo sofrido, a gente não fala, só sabe calar. Esquece as ideias do povo sabido, e fica humilde, começa a pensar".
Qual foi a "brisa leve" que provocou tudo isto na vida de Elias? O texto não o diz expressamente, mas sugere que foi a descoberta dolorosa de que Javé, o Deus de Israel, já não estava nem no vento, nem no terremoto, nem no raio! (Os sinais tradicionais da manifestação de Deus). Deus já não era como ele, Elias, o imaginava. Elias descobriu que, apesar de toda a sua fidelidade e luta pela causa de Javé, ele estava lutando por algo que já não era a causa de Javé!
Deus se fez presente na ausência! A luz apareceu na escuridão! A voz de calmaria suave era o silêncio de todas as vozes! Elias descobriu que ele estava errado. E descobrindo que estava errado, descobriu coisa certa! A "Brisa Leve" é a noite escura da experiência mística; é o sair de si para se encontrar. Ela derrubou tudo e abriu o espaço para uma nova experiência de Deus que, aos poucos, foi penetrando na vida de Elias e o levou a redescobrir sua missão na reconstrução da Aliança.
*IV-FOCAL. MIRAFLORES- LIMA PERU (1 a 15 de agosto de 1998)
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