BELO HORIZONTE-MG: Homem é preso por chamar atendentes e cliente de 'sapatão', 'negrinho' e 'macaco' na Savassi
- Detalhes
Dois casos de injúria racial ocorridos em plena Savassi, região Centro-Sul de BH, tiveram investigação aberta pela Polícia Civil. Um deles ocorreu nessa terça-feira (2), dentro da loja da Vivo, na Praça Diogo de Vasconcelos. No local, funcionários contam que Sílvio Augusto Catão, 60 anos, ficou furioso com a falta de uma informação nos panfletos e xingou atendentes e clientes que estavam na loja.
“Ele se exaltou de forma totalmente desnecessária, viu a aliança no meu dedo e falou: você é casada com mulher, né? Você é sapatão”, disse uma funcionária. “Ele começou a gritar: sapatão, me chamou de lixo, analfabeta, que eu recebia salariozinho, que ele era PHD”, detalhou a atendente, que diz ter ficado sem reação. Mesmo assim, só não foi agredida porque um colega de trabalho interviu e virou alvo do homem.
“Quem você é, seu negrinho? Telefonia é assim: só trabalha viado, sapatão. Olha só, um negrinho desse, atrevido e analfabeto, lixo”, contou o funcionário.
Outro cliente que estava na loja tentou acalmar os ânimos, mas também foi chamado de macaco. Ele partiu para cima do homem, que correu e deu de frente com policiais militares que já tinham percebido algo de errado. Sílvio foi preso em flagrante. “Durante o boletim, com quatro policiais na sala, ele fez sinal de arma de fogo com a mão e disse que não iria ficar assim”, disse a atendente ofendida.
Procurado pela reportagem da Itatiaia, Sílvio, que seria servidor da justiça federal, disse que não fala com meros repórteres.
Advogado
O outro caso investigado é do advogado Eduardo Nogueira Reis, 60 anos. Ele ofendeu e agrediu uma criança autista dentro da Lojas Americanas, no Pátio Savassi, na região Centro-Sul de BH. O caso ganhou repercussão nessa terça-feira (3), Dia Mundial de Consciência do Autismo. Eduardo chegou a ser preso, mas foi solto após pagar fiança.
Fonte: http://itatiaia.sili.com.br
A melhor cidade do mundo.... !?
- Detalhes
Família de menino que morreu em corredor do Hospital Materno Infantil se revolta...
- Detalhes
Quantas crianças vão ter de morrer?’ Hospital e Conselho Tutelar investigam se houve negligência.
Por Fábio Castro e Paula Resende, G1 GO
A família de Diogo Soares Carlo Carmo, de 5 anos, que morreu após esperar por atendimento por mais de 15 horas, está revoltada. Ele faleceu no corredor do Hospital Materno Infantil, em Goiânia. Um vídeo mostra o desespero da mãe do menino após saber da morte do filho.
“Quando [funcionários] chegaram correndo, correram com ele para dentro falando que iam reanimar o menino, mas já estava morto. Meu sobrinho morreu num corredor, meu sobrinho não volta mais, quantas crianças vão ter de morrer?”, desabafa a tia Divina Soares de Almeida.
Portador de Síndrome do Down, Diogo morreu na tarde de quinta-feira (28), onde deu entrada pela manhã. O corpo dele foi enterrado nesta tarde em um cemitério municipal de Goiânia.
Saga por atendimento
Diogo passou mal na segunda-feira (25), e os pais o levaram ao Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais) de Campinas. “Estava com suspeita de dengue, passaram medicação, retornou para casa”, disse Vinícius Alexandre, tio do garoto.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, em nota, que o paciente foi atendido “com queixas de alergia e febre naquele dia. O exame de sangue estava normal. Ele recebeu atendimento e foi medicado de acordo com o quadro clínico que se apresentou no momento”.
Como o menino não melhorou, os pais o levaram na quinta-feira (28) ao HMI. A unidade está superlotada e interna pacientes em cadeiras da sala de espera e corredores. Em uma das cadeiras, estava Diogo.
O menino deu entrada no HMI com prioridade amarela. Isto significa que o paciente precisa de atendimento médico, mas sem risco imediato. Por e-mail, a Secretaria de Estado da Saúde disse que "a criança foi atendida e permaneceu nas cadeiras com a mãe, recebendo o tratamento prescrito e aguardando vaga em leito".
"Porém, o quadro da criança evoluiu com muita gravidade não respondendo às manobras de ressuscitação na sala de reanimação, e às 13:55 foi constatado óbito", afirma. O corpo de Diogo foi encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), para elucidação da causa da morte.
Investigação
Conselheiros tutelares visitaram o hospital na manhã desta sexta-feira e constataram que a unidade segue superlotada. "Estamos requisitando aqui do Cais de Campinas e do HMI o prontuário para saber o que aconteceu. Se houve negligência médica, vamos fazer representação junto ao Ministério Público e à Polícia Civil”, afirmou o conselheiro Diego Peres.
A direção do hospital disse que também vai apurar as circunstâncias da morte da criança. “Nós vamos investigar, vamos ver direitinho o que aconteceu, mas garanto que não houve problema de atendimento. Eu acho precoce ainda a gente afirmar uma coisa dessas, a gente tem crianças que evoluem muito rapidamente para o óbito independente da unidade em que está”, disse Rita de Cássia Leal.
Falta de leitos
A falta de leitos no HMI foi denunciada em outras situações por pais de pacientes que também estavam recebendo tratamento nos corredores da unidade. Mães relataram que estavam há dias com os filhos em cadeiras.
Na época, a administração do hospital informou que a superlotação ocorria por falta de especialistas na rede pública municipal. Outra razão apontada foi a política deles de não negar atendimento a quem os procura, mesmo que os casos sejam menos complexos do que os usualmente recebidos pelos médicos do local.
Também na época das denúncias, a a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que planeja inaugurar uma maternidade ainda este ano para desafogar o atendimento pediátrico.
Desabafo de médica
Antes da morte de Diogo, no domingo (24), uma pediatra escreveu uma carta de desabafo sobre a situação do hospital. Na ocasião, havia dois médicos de plantão para consultas, partos, análise de pacientes e orientação de residentes: "Trabalhamos ininterruptamente o dia todo".
Mesmo depois de 12 horas de plantão, a pediatra disse que não teve coragem de ir embora e deixar os pacientes. Ela também cita a situação das enfermeiras: "Enfermagem reduzida trabalhando, incansavelmente, com inúmeros medicamentos para fazer e mães para atender".
"Tínhamos nas cadeiras pacientes de UTI, de enfermaria de alta complexidade, pós-operatório. E consultas que não paravam de chegar. Sensação de estar em um barco à deriva e sem esperanças de melhoras", relata. Fonte: https://g1.globo.com
AO VIVO/RJ- 55 ANOS DO GOLPE MILITAR: Vamos comemorar?
- Detalhes
O golpe de 1964 para iniciantes (e para os desmemoriados) (por Ricardo Almeida)
Ricardo Almeida (*)
“A história é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue”.
Chico Buarque e Pablo Milanes
Os monstros saíram novamente do armário. Poderia ser mais uma história de ficção, se tudo não estivesse registrado em relatórios oficiais da CIA, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Comissão Nacional da Verdade. Seria uma viagem ao passado se aquela tragédia de 1964 não tivesse sido transformada numa grande farsa. Afinal, houve um golpe civil-militar no Brasil? Será que havia uma ameaça comunista em 1964? É preciso desmitificar essas narrativas dos militares de plantão e colocar argumentos baseados em fatos fáceis de comprovar (uma pesquisa rápida no Google) na ordem dos acontecimentos e nos seus devidos lugares.
Assim, este artigo propõe uma busca pela verdade por meio de 21 pequenas reflexões que possam contribuir para esclarecer as novas gerações, os mentirosos e os desmemoriados sobre os 21 anos de regime militar no Brasil:
- O governo João Goulart foi derrubado com uma forte oposição no parlamento e na grande mídia da época (rádios e jornais) e com pouquíssima resistência popular. Goulart era um advogado proprietário de terras no Rio Grande do Sul e queria fazer no Brasil o que a Europa e os EUA já tinham realizado havia mais de 150 anos: fortalecimento da indústria nacional, reforma agrária para fixar as famílias no campo, aumentar e diversificar a produção de alimentos, redistribuição de renda, aprovação de uma legislação de caráter trabalhista, ampliação da oferta de educação gratuita e de qualidade, além de outras reformas burguesas e democráticas;
- Um pouco antes, em 1959, a sociedade conservadora e conspiradora havia criado o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), que teve dois braços de atuação política: a) a PROMOTION S/A, uma agência de publicidade encarregada de disseminar a propaganda política nas estações de rádio, jornais, revistas e canais de televisão; b) a Ação Democrática Popular (ADEP), encarregada de financiar as campanhas eleitorais e eleger os seus representantes nos legislativos e governos de todo o país. Os recursos provinham da CIA, de empresas multinacionais ou “nacionais” associadas ao capital estrangeiro. Em 1961, foi criado o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), que reunia a elite do empresariado brasileiro, diretores de empresas multinacionais, dirigentes das associações empresariais, militares, jornalistas, intelectuais, mulheres conservadoras e jovens tecnocratas;
- Assim como nos dias atuais, para explorar o povo e vender as riquezas do país, essas organizações formaram o núcleo conspirador do golpe e utilizaram as bandeiras anticorrupção e de ameaça do comunismo, pois assim elas conseguiam desviar a atenção e amedrontar as pessoas que não estavam bem informadas sobre as disputas em curso. No final de 1963, estava formado um cenário de polarização política e o governo Goulart não conseguia aprovar mais nada no Congresso;
- O partido que tinha a maior base eleitoral entre os operários urbanos e os pequenos e médios agricultores era o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado por Getúlio Vargas. O seu programa propunha principalmente o desenvolvimento industrial, a nacionalização dos recursos naturais e mais investimentos em educação pública;
- A luta armada estava fora dos planos dos partidos de esquerda. Os dois partidos comunistas (PCB e PCdoB) defendiam uma revolução democrática burguesa e anti-imperialista no Brasil que, segundo alguns clássicos do marxismo, seria uma etapa necessária para a industrialização do país e assim criar uma classe operária, para depois lutar pelo socialismo;
- O mundo vivia um período de Guerra Fria, com intensas disputas econômicas, diplomáticas e ideológicas entre os EUA e a URSS, e pela conquista de territórios;
- Havia movimentos pela reforma agrária, como as Ligas Camponesas, no nordeste, e a entrega de títulos a agricultores sem terra, no Rio Grande do Sul. Também foram realizadas algumas estatizações de empresas norte-americanas, como foram os casos da Light, ITT, Bond and Share, entre outras;
- Em 1962, o presidente João Goulart assinou a Lei da Remessa de Lucros, que limitava o envio do lucro das empresas estrangeiras para o exterior, mas a regulamentação da lei só ocorreu no início de 1964 (apenas dois meses antes do golpe);
- A ditadura militar acabou com os partidos políticos, cassou 173 deputados e retirou os direitos políticos de 509 opositores e decretou uma forte censura à imprensa e às artes em geral. Foi criada a Operação Bandeirante (Oban), um centro de informações e investigações, e o DOI-Codi, um órgão de repressão (e tortura) à opositores políticos;
- Foi implementada uma reforma educacional de conteúdo ideológico e tecnicista, tanto no ensino básico como no ensino superior. As universidades foram enquadradas no famigerado acordo MEC-USAID (United States Agency for International Development) que fragmentou as faculdades e perseguiu os estudantes que se organizavam para resistir;
- Milhares de pessoas foram exiladas, políticos, professores, militares e servidores públicos foram cassados e centenas de “opositores” foram mortos e “desaparecidos” pela ação de grupos militares e paramilitares;
- A Rede Globo foi fundada um ano após o golpe e cumpriu um papel de padronização ideológica da “opinião pública”, em todo o território nacional;
- As ações armadas de pequenos grupos de esquerda ocorreram bem depois do golpe, principalmente após 1969, quando os generais decretaram o Ato Institucional Nº 5, o AI-5 (em 1968), que acabou com todos os direitos civis constitucionais, proibindo reuniões, manifestações, revogando o habbeas corpus e permitindo prender sem um
devido processo legal; - Com o auxílio da CIA, os militares brasileiros exportaram golpes de Estado e métodos de tortura para outros países da América do Sul (Uruguai e Chile, em 1973, e Argentina, em 1976) e, apesar da farta documentação e provas, até hoje não foram condenados por estes crimes;
- Os governos militares abriram as portas para a exploração das riquezas naturais do Brasil e dos demais países de Nuestramérica, para a implantação empresas multinacionais, com o objetivo de exportar a matéria-prima e se beneficiar de mão-de-obra barata;
- A dívida do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) cresceu vertiginosamente, com juros exorbitantes, pois o plano dos golpistas exigia investimentos em infraestrutura para a instalação de empresas estrangeiras e para tornar o país ainda mais dependente;
- O general Golbery do Couto e Silva, por exemplo, um dos cérebros do regime militar, formulou a Doutrina de Segurança Nacional, que buscava o alinhamento do Brasil com os EUA e a luta contra o “inimigo interno”, criou o Serviço Nacional de Inteligência (SNI) e, por estranha coincidência, presidiu a filial da empresa norte-americana Dow Chemical para toda a América Latina, uma das maiores fabricantes de agrotóxicos do mundo. Só para ter uma ideia, em 2015, a Dow Chemical uniu-se à Du Pont, ampliando os seus negócios na área de plásticos e sementes, ultrapassando o faturamento da Monsanto;
- As empresas brasileiras nas áreas de energia, da construção civil e do agronegócio foram a que mais enriqueceram, pois desde aquele tempo elas estiveram sintonizadas com a estratégia de dominação norte-americana;
- Com a priorização do agronegócio, milhões de famílias foram expulsas do campo e formaram imensos cinturões de miséria nas pequenas, médias e grandes cidades. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2015), atualmente 84,72% da população brasileira vivem em áreas urbanas e apenas 15,28% vivem em áreas rurais. A região Sudeste possui o maior percentual de população urbana (93,14%) e a região Nordeste conta com o maior percentual de habitantes vivendo em áreas rurais (26,88%);
- Os principais lemas dos governos militares eram “Exportar é o que importa!”, “Primeiro crescer para depois dividir” e “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Tratava-se de um plano internacional de dominação norte-americana, inserido num mundo que já estava se globalizando;
- Com a crise internacional do petróleo, a partir de 1973, com a alta significativa no custo de vida, o arrocho salarial e a inflação fora de controle, e com a denúncia de vários casos de corrupção, o regime militar começou a perder apoio político-eleitoral em vários estados brasileiros. Apesar das diversas manobras casuísticas, foram obrigados a promover uma “distensão lenta, gradual e segura”: em 1979 houve uma anistia parcial (os militares envolvidos em tortura também foram anistiados), a volta dos exilados e a liberdade partidária, em 1985, a eleição de um governo civil, via colégio eleitoral (Congresso Nacional), em 1988, o fim da censura prévia, com a promulgação da nova Constituição Federal e eleições diretas para presidência da República somente em 1989, 25 anos após o golpe.
É importante reconhecer que no período militar houve um longo processo de industrialização (globalizada) no Brasil e que, contraditoriamente, na década de 70 e 80, intensificaram-se amplos movimentos de resistência operária e popular, de diversas organizações sindicais, estudantis, agrárias e profissionais que lutaram por melhores condições de vida, por justiça social e pela volta da democracia. Ao mesmo tempo, a juventude brasileira respirou ares de rebeldia vindos dos protestos contra a Guerra do Vietnã e do Festival de Woodstock, nos EUA, e das manifestações do Maio de 68, na França.
Existem diversos livros e uma farta documentação oficial que comprovam essas afirmações, mas é preciso remexer mais fundo no passado para combater os mal-intencionados, pois o golpe de 1964 não passou de um plano de dominação econômica, política e cultural do capitalismo internacional. Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência, pois ainda há uma orquestração por parte dos EUA, na qual a Rede Globo cumpre o seu papel ideológico estratégico e o STF foi transformado num enfeite institucional. No entanto, existem importantes diferenças: a sociedade civil está mais organizada, há uma intensa troca de informações em âmbito nacional e internacional, graças à internet, e existe uma forte resistência de vários países à violação dos direitos humanos e à apologia aos crimes de Estado.
Como as novas gerações possuem muito mais informações do que as que viveram em 1964 e a recente experiência democrática ainda está latente na memória do povo brasileiro, pode ser que ocorra uma multiplicação dessas reflexões nas reuniões familiares, nos condomínios, nas associações de bairros, nos sindicatos, nas organizações profissionais e nos diferentes coletivos. Se for assim, talvez num futuro próximo possamos deixar para trás mais um período triste da história do Brasil, e desta vez, quem sabe, com o julgamento e a condenação dos vendilhões da Pátria.
Para finalizar, é bom lembrar que o golpe civil-militar ocorreu no dia 1º de abril – Dia dos Bobos ou da Mentira – e não no dia 31 de março, como dizem as pessoas mal informadas. Em nenhum desses dias existe algo a ser comemorado, muito pelo contrário… Mas é preciso refletir junto a quem não viveu ou esqueceu este passado, sob pena de ficarmos preso a ele, mas também para nos libertarmos das mordaças, dos traumas e das mentiras que voltaram a ser repetidas.
P.S. Este artigo não tem a intenção de esgotar a reflexão sobre o golpe de 1964, e sim a de compartilhar um roteiro de pequenas memórias coletadas junto a um grupo de amigos e amigas, via Whatsapp. Está sendo publicado em memória do jornalista Vladimir Herzog, do metalúrgico Manuel Fiel Filho, do estudante Edson Luis de Lima Souto e de tantos outros brasileiros e brasileiras que foram assassinados e/ou permanecem “desaparecidos”.
(*) Consultor em Gestão Projetos TIC. Fonte: https://www.sul21.com.br
A depressão e a ansiedade são sinais de luta, não de fraqueza
- Detalhes
Os problemas emocionais não são uma escolha, e ninguém deseja atravessar uma depressão nem passar por momentos de ansiedade. Eles simplesmente podem surgir, após um período de acúmulo de situações e circunstâncias complicadas em nossas vidas. Existe uma falsa crença de que a ansiedade e a depressão são sinais de fraqueza e de incapacidade diante da vida. Mas não, uma pessoa com ansiedade, depressão ou sintomas mistos NÃO está louca e nem tem uma personalidade fraca ou inferior aos outros.
É triste e esgotador lutar contra isso, mas é uma realidade social que não podemos ignorar. Assim, apesar dos avanços da ciência, o inconsciente moderno que envolve nossa sociedade ainda pensa que os problemas emocionais e psicológicos são sinônimos de fragilidade e vulnerabilidade.
Por isso, dado que a depressão e a ansiedade não são contempladas como feridas que precisam de atenção, é comum ouvir discursos circulares com argumentos do tipo “relaxe”, “não é para tanto”, “comece a se mexer, a vida não é isso”, “você não tem razões para chorar”, “comece a amadurecer”, etc.
São comuns, não é verdade? De fato, é provável que em algum momento tenhamos sido vítimas ou até proferido este tipo de discurso. Por isso é fundamental realizar um exercício de conscientização e dar à dor emocional a importância que ela tem e merece.
Assim, da mesma forma que não iríamos ignorar a dor causada por fortes pontadas no estômago ou uma enxaqueca terrível, não deveríamos ignorar a dor emocional.
Não podemos esperar que estas feridas emocionais se curem sozinhas, devemos trabalhar para extrair delas o significado presente em seus sintomas. Ou seja, devemos consultar um psicólogo que nos ajude e nos proporcionar estratégias para fazer frente a esta grande dor emocional causada pela ansiedade e pela depressão. Seguindo com nosso exemplo, assim como deixamos de consumir a lactose quando descobrimos que somos intolerantes a ela, devemos “deixar de consumir”aqueles pensamentos e circunstâncias que infeccionam nossa ferida emocional.
Não valem curativos ou vendas: devemos limpá-las e curá-las verdadeiramente. Por isso, neste artigo pretendemos normalizar aquelas sensações das pessoas que possuem problemas emocionais deste tipo. Vejamos mais sobre eles para podermos compreender e nos conscientizar… Fonte: https://www.contioutra.com
Peter, o franciscano, é o 'melhor professor do mundo'
- Detalhes
Um professor de ciências da zona rural do Quênia, que doa a maior parte de seu salário para apoiar os alunos mais pobres, ganhou um prêmio de US$ 1 milhão (R$ 3,9 milhões) ao ser eleito o melhor professor do mundo. A reportagem é de Sean Coughlan, publicada por BBC News, 24-03-2019.
Peter Tabichi, membro da ordem religiosa franciscana, ganhou o Global Teacher Prize de 2019, conferido pela Fundação Varkey, organização de caridade dedicada à melhoria da educação para crianças carentes.
Tabichi foi elogiado por suas realizações em uma escola sem infraestrutura, em meio a classes lotadas e poucos livros didáticos. Ele quer que os alunos vejam "a ciência é o caminho certo" para ter sucesso no futuro.
O prêmio, anunciado em uma cerimônia em Dubai, reconhece o compromisso "excepcional" do professor com os alunos em uma parte remota do Vale do Rift, no Quênia. Ele doa 80% de seu salário para apoiar os estudos dos seus alunos, na Escola Secundária Keriko Mixed Day, no vilarejo de Pwani. Se não fosse a ajuda do professor, as crianças não conseguiriam pagar por seus uniformes ou material escolar.
Melhorando a ciência
"Nem tudo é sobre dinheiro", diz Tabichi, cujos alunos são quase todos de famílias bem pobres. Muitos são órfãos ou perderam um dos pais. Seu objetivo é que os estudantes tenham grandes ambições, além de promover a ciência, não apenas no Quênia, mas em toda a África, diz.
Ele venceu entre outros dez mil indicados de 179 países, entre eles a professora Debora Garofalo, que ensina matérias de tecnologia em uma área carente de São Paulo.
Mas Tabichi diz que enfrenta "desafios com as instalações precárias" de sua escola, inclusive com a falta de livros ou professores. "A escola fica em uma área muito remota. A maioria dos estudantes vêm de famílias muito pobres. Até pagar o café da manha é difícil. Eles não conseguem se concentrar, porque não se alimentaram o suficiente em casa", contou em entrevista publicada no site do prêmio.
As classes deveriam a ter entre 35 e 40 alunos, mas ele acaba ensinando grupos de 70 ou 80 estudantes, o que, segundo o professor, deixa as salas superlotadas.
A falta de uma boa conexão de internet faz com que ele vá até um café para baixar os materiais necessários para suas aulas de ciências. E muitos dos seus alunos andam mais de 6km em estradas ruins para chegar à escola.
No entanto, Tabichi diz que está determinado a dar aos alunos uma chance de aprender sobre ciência e ampliar seus horizontes. Seus estudantes foram bem sucedidos em competições científicas nacionais e internacionais, incluindo um prêmio da Sociedade Real de Química do Reino Unido.
Fora da sala de aula
Tabichi diz que parte do desafio tem sido persuadir a comunidade local a reconhecer o valor da educação, o que leva a visitar famílias cujos filhos correm o risco de abandonar a escola.
Ele tenta mudar a mentalidade de pais que esperam que suas filhas se casem cedo - encorajando-os a deixar as meninas continuarem seus estudos. O professor também ensina técnicas de cultivo mais resistentes aos moradores dos arredores, já que a fome é uma realidade frequente na região.
"Insegurança alimentar é um grande problema, então ensinar novos jeitos de plantar é uma questão de vida ou morte", disse em entrevista à Fundação Varkey. Além do contato com as famílias, a atuação de Tabich se estende aos "clubes da paz"que ele organiza na escola, para representar e unir as sete tribos presentes ali. A violência tribal explodiu no Vale do Rift depois da eleição presidencial de 2007 e houve muitas mortes em Nakuru.
"Para ser um grande professor você tem que ser criativo e abraçar a tecnologia. Você realmente tem que abraçar essas formas modernas de ensino. Você tem que fazer mais e falar menos", ele disse à fundação.
O prêmio
O prêmio conferido a ele busca elevar o status da profissão de docente. O vencedor do ano passado foi um professor de arte do norte de Londres, Andria Zafirakou. O fundador da premiação, Sunny Varkey, diz esperar que a história de Tabichi"inspire os que procuram entrar na profissão e seja um poderoso holofote sobre o incrível trabalho que os professores fazem no Quênia e em todo o mundo, diariamente".
"As milhares de indicações e inscrições que recebemos de todos os cantos do planeta são testemunho das conquistas dos professores e do enorme impacto que eles têm em as nossas vidas", diz. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
“Refletir sobre nosso comportamento online é mais importante do que votar”
- Detalhes
Pesquisador inglês Jamie Bartlett chama atenção para a cidadania na Internet: "Que dados estamos criando? Com quem estamos compartilhando?"
ETHEL RUDNITZKI (AGÊNCIA PÚBLICA)
“Fomos muito ingênuos”, adverte o pesquisador e jornalista inglês Jamie Bartlett. Para ele, nos primórdios da Internet “havia uma ampla visão de que o simples fato de tornar a informação mais disponível e permitir que todos pudessem criar e compartilhar informação transformaria o nosso ambiente em mais informado, politizado e racional.”
Não foi o que aconteceu, e segundo ele a radicalização atual nem era tão difícil de prever. Para Bartlett, os grupos radicais chegaram antes à Internet por estarem fora dos jornais e do mainstream. “Mas o mais importante é que todos nós nos tornamos mais radicais”, explica. “Pulamos de um assunto para outro e somos apresentados a mais e mais conteúdos apelativos e sensacionalistas para manter nosso vício nas redes.” Como resultado, somos expostos a argumentos emocionais radicais e acabamos xingando e vociferando nas redes sociais.
Autor do recém-lançado livro The people vs tech: How the internet is killing democracy and how we save it (O povo vs tecnologia: como a internet está matando a democracia – e como podemos salvá-la, em tradução livre), ainda inédito no Brasil, Bartlett faz parte da Demos, um think tank britânico que reúne especialistas em educação e tecnologia para pesquisar temas relacionados à política.
Em entrevista à Pública, Bartlett fala sobre a radicalização promovida pelo ambiente online, desinformação, campanhas digitais e outros perigos da rede para a democracia.
Mas, mais do que constatar os problemas, o pesquisador propõe soluções para avançarmos junto com a tecnologia. Entre elas, um departamento governamental dedicado a fazer uma auditoria de algoritmos e uma base de dados pública, com registros instantâneos, de toda propaganda eleitoral publicada nas redes. Leia a entrevista a seguir:
Pergunta. O surgimento da Internet, e depois das redes sociais, veio com a expectativa de uma maior democratização da informação e do debate público. Ao longo do tempo, essa ideia desapareceu. Pesquisadores, incluindo você, mostram que, ao contrário de democratizar, o ambiente virtual potencializou discursos radicais e extremistas. Por que isso aconteceu?
Resposta. A primeira coisa que precisamos entender é por que fomos tão ingênuos no início. Havia uma ampla visão de que o simples fato de tornar a informação mais disponível e permitir que todos pudessem criar e compartilhar informação transformaria o nosso ambiente em mais informado, politizado e racional. Eu penso que boa parte da razão para essa crença veio do fato de que a maioria das pessoas por trás dessa tecnologia são pessoas da costa oeste dos Estados Unidos, da Califórnia. Pessoas extremamente liberais e grandes defensoras dos poderes naturais da livre informação e alienados das reais questões do mundo. E isso é só uma das explicações. Foi uma ingenuidade criar essas expectativas. As pessoas assumiram que a internet e as redes sociais seriam extremamente livres e que não haveria controle sobre as informações que estariam ali. Ninguém pensou nas consequências.
Mas, olhando com mais atenção, era possível ver que não seria bem assim. Na maioria das novas tecnologias, são as pessoas mais radicais, marginais e até criminosos que primeiro aprendem suas possibilidades. Eles têm essa vantagem, pois, na maioria das vezes, os mais autoritários se consideram excluídos, então dedicam boa parte de sua vida a novas técnicas e tecnologias.
O que eu descobri foi que, se você observar grupos de extrema direita, e até alguns grupos radicais de esquerda, na maioria das democracias, são eles os primeiros usuários de novas tecnologias. Neonazistas, por exemplo, encontraram maneiras de usar as redes sociais para espalhar suas mensagens, porque eles são determinados e não tinham outra forma de fazer isso. Se você os tira da mídia tradicional, é natural que eles procurem outros meios.
Adicione a isso o fato de que em troca da gratuidade das redes sociais nós damos a elas [as empresas de tecnologia] nossos dados. Assim elas tornam essas plataformas ambientes viciantes, para que fiquemos mais tempo lá, fornecendo ainda mais dados. E nossa tendência é clicar naquilo que for mais extremo, radical, inacreditável, pessoal.
- Isso deixou as pessoas mais radicais, ou foram os extremistas que se tornaram mais fortes?
- Boa pergunta. Eu acho que os radicais cresceram nas plataformas digitais porque tinham essa vantagem de serem usuários há mais tempo. Mas o mais importante é que todos nós nos tornamos mais radicais — não exatamente extremistas, mas somos exponencialmente expostos a conteúdos radicais e apelativos. Não temos a intenção de falar sobre essas temáticas, mas elas nos são apresentadas. Assim, quando entramos nessas plataformas, gritamos uns com os outros, discutimos sobre coisas pequenas, discordamos sem ao menos escutar o outro lado. Pulamos de um assunto para outro e somos apresentados a mais e mais conteúdos apelativos e sensacionalistas para manter nosso vício nas redes. E o resultado é que nos tornamos mais extremos.
- E como Trump, nos EUA, e Bolsonaro no Brasil se beneficiaram desse ambiente polarizado?
- Na minha opinião, esses políticos se baseiam em frases de efeito e soluções simplistas. E é exatamente isso que funciona nas plataformas de redes sociais. Discursos populistas sempre foram apelativos. Sempre se trata de apelar para o emocional, tratar problemas complexos com soluções fáceis.
As redes sociais são excelentes ambientes para amplificar essas mensagens porque não são tratadas como nos jornais, por exemplo. Com as notícias, temos que nos sentar e pensar sobre o que lemos. Não somos guiados por emoções. Mas nessas plataformas, sim. Quando compartilhamos conteúdos, esperamos respostas, curtidas, então é mais provável que publiquemos conteúdos que nos fazem sentir raiva ou animação do que conteúdos profundos e reflexivos.
- Você acredita que essa radicalização impulsionada pelas redes é igual para a direita e para a esquerda?
- É uma pergunta muito difícil de responder. Eu acredito que o discurso político que funciona nas redes pode ser tanto de direita quanto de esquerda.
- Qual é o papel da desinformação nesse processo de radicalização online?
- O problema não é a desinformação em si, mas o fato de haver diversas categorias de notícias falsas nas redes, e todas elas causam um efeito importante.
Na Internet você acha todo e qualquer tipo de informação, verdadeira ou falsa. Há aquelas postadas por veículos de notícias e as que são apenas histórias de pessoas e também podem ser confiáveis. E há aquelas que são ruins e mentirosas. Ninguém sabe qual é verdadeira e qual é falsa. Então, no que as pessoas confiam quando não sabem no que acreditar é simplesmente em suas próprias intuições e emoções. Você confia no personagem que você acha que combina mais com você e fala coisas que você acredita. E isso é mais um elemento que beneficia os populistas porque eles geralmente são melhores em convencer as pessoas.
Não é simplesmente a desinformação pela desinformação, é que a informação circula em bolhas. Na rede você encontra dados e estatísticas para embasar qualquer opinião que você tenha. Cada um tem seus próprios fatos. E eles não estão exatamente certos, mas na internet é possível encontrar tanta coisa que existe informação para o que você quiser, tudo que valide sua opinião.
E estar envolvido em tanta informação assim é mais preocupante que as próprias notícias falsas. Por que é isso que faz com que as pessoas não saibam no que acreditar e parem de prestar atenção nos jornais para guiarem-se apenas pelos sentimentos. E é também isso que está tornando os políticos mais radicais, porque ninguém mais tem a autoridade sobre a verdade ou sobre os fatos.
- No seu livro, você fala muito sobre o disparo de mensagens na campanha de Donald Trump com a ajuda de dados fornecidos pela empresa Cambridge Analytica. Você pode explicar como essa empresa ajudou Donald Trump, que não era do meio político, a ganhar as eleições nos EUA?
- A tecnologia usada não era única ou inovadora, e vem sendo usada por publicitários há muito tempo. Eles basicamente identificaram pessoas que acreditavam que eram mais suscetíveis de serem convencidas pela campanha. O que eles fizeram foi construir perfis detalhados de milhões de americanos usando dados disponibilizados publicamente na internet. Esses dados, que podem ser comprados, incluem coisas como o valor da sua casa, que carro você tem, que revistas assina e muito mais. Eles pegaram o máximo de informações das pessoas que conseguiram e dividiram elas em grupos, enviando conteúdo mais provável de convencê-las.
- Além de eleições, essa tecnologia pode influenciar outros aspectos da nossa vida. Somos bombardeados com anúncios personalizados, é como se as empresas soubessem mais de nós que nós mesmos. Como isso afeta a democracia?
- Para mim, o maior problema é a popularização dessas técnicas de publicidade com dados, especialmente quando não há regulação. Significa que qualquer um pode dizer que seu opositor está trapaceando.
Qualquer um que perder uma eleição pode dizer que o adversário está usando dados de pessoas indiscriminadamente e manipulando eleitores com publicidade. E isso compromete a integridade de qualquer pleito. Quando você usa essas técnicas, na cabeça das pessoas, isso compromete a integridade de uma eleição.
- Você não acha que a popularização dessas técnicas de publicidade vai fazer as pessoas questionarem suas escolhas e atitudes online?
- É o seguinte: ninguém acha que foi influenciado por um anúncio. Nunca. As pessoas sempre falam: “Ai, isso não me afeta”. Mas, então, por que os publicitários investem tanto nas redes sociais? Por que eles já testaram e viram que realmente funciona.
Uma das razões pelas quais eu escrevi meu último livro foi para tornar as pessoas mais conscientes da maneira como seus dados estão sendo usados. E eu acho que as pessoas estão cada vez mais preocupadas.
- Você vê um crescimento em outras formas de usar a Internet?
- Sim, eu vejo. Acho que está crescendo e melhorando. No Reino Unido, nós temos VPN [redes privadas individuais], que nos dá mais proteção de dados, e significa que empresas só conseguirão coletar nossos dados se dermos autorização, e isso nos dá o direito de pedir nossos dados de volta também. Já existem empresas que ajudam as pessoas a recuperar seus dados de outras empresas, novas redes sociais estão surgindo. Então, existem pequenas iniciativas nesse sentido. Eu não sei se vai funcionar, ou se vai fazer muita diferença, mas eu vejo melhora.
- Existem maneiras de minimizar os efeitos dessa falta de privacidade online sem ser pela via completamente anônima e criptografada. No seu livro, uma das soluções que você sugere é o policiamento dos algoritmos. Você pode explicar como isso funcionaria?
- Sim. O que podemos fazer é criar formas de controle democrático sobre os sistemas que possuem nossos dados pessoais. Uma das maneiras de fazer isso é da mesma maneira que fiscalizamos nossas instituições como escolas, serviços de saúde etc., para garantir que eles estejam funcionando. Com os algoritmos isso não é feito. Ninguém sabe se certos tipos de notícias estão sendo privilegiados pelos algoritmos, por exemplo. Eu não tenho a exata solução para isso, mas eu acho que é preciso criar um sistema de fiscalização.
A lógica é: se há um poder, é preciso criar um sistema de fiscalização.
- Sim, mas isso precisaria ser feito pelo poder público, e os políticos que temos atualmente mostram muito pouco conhecimento sobre as questões do ambiente digital. Prova disso foi a audiência realizada com Mark Zuckerbergno Congresso americano. Você acha que essa equipe é capaz de formular políticas públicas eficientes nesse sentido?
- Eu acho que é possível. Não é preciso ser um engenheiro de computação para pensar em soluções para esses problemas digitais. Eu só acho que é preciso disposição e investimento. Por que não seria possível instalar um departamento para fiscalizar algoritmos? Para mim parece possível e plausível, apesar das dificuldades.
- Mas os problemas que temos são urgentes. Como cidadãos, o que podemos fazer?
- O que eu mais tenho dito é que precisamos olhar nosso comportamento online como um passo. Eu acredito que temos o dever, como cidadãos, mais importante do que votar, de refletir sobre nosso comportamento online. Que dados estamos criando? Com quem estamos compartilhando? Que plataformas estamos usando?
Porque, toda vez que compartilhamos nossos dados, estamos contribuindo para a sociedade de controle que vivemos atualmente.
- E as plataformas? Você acha que elas devem ser mais bem reguladas? De que maneira?
- Sim. Eu acho que há regulações que podemos criar. A mais fácil delas seria definir essas empresas como publicitárias e investigá-las para combater oligopólios e promover a livre concorrência. Não pensá-las como plataformas de redes sociais.
Temos que ficar atentos às aquisições que essas empresas fazem, porque muitas vezes elas compram plataformas menores antes mesmo que estas se tornem competitivas. Então, temos que bloquear esse tipo de compra.
E há algumas outras coisas, como regular o conteúdo que circula nesses lugares, como o discurso de ódio. E multá-las caso não removam esses conteúdos.
- Que outras medidas legais precisam ser tomadas na sua opinião?
- Devemos atualizar as legislações eleitorais urgentemente, porque elas estão ultrapassadas. Uma das coisas que eu proponho é que todos os anúncios usados em campanhas eleitorais devem ser publicados em tempo real num banco de dados público para todos verem. Eu acho uma medida importante e fácil de ser implementada. Acho que isso pode aumentar a confiabilidade das eleições.
E também precisamos melhorar de uma maneira geral o sistema educacional, porque nenhum dá a verdadeira atenção para o estudo dos problemas de desinformação, deep fakes, fake news. E as pessoas convivem com isso todos os dias. Portanto, precisamos de uma drástica melhora na maneira como ensinamos media literacy [alfabetização midiática]. Estamos muito atrasados. Fonte: https://brasil.elpais.com
Apple apresenta serviço de ‘streaming’ e surpreende com cartão de crédito próprio
- Detalhes
Em um evento inédito em sua história, empresa mostra que seu futuro são os serviços. Sua grande aposta audiovisual é para competir contra a Netflix e a Amazon
Peter Stern, vice-presidente da Apple, durante a apresentação desta segunda-feira. Na imagem, os serviços do aplicativo da Apple TV. Em vídeo, anúncio da Apple
A Apple acaba de dar um passo decisivo para deixar de ser uma empresa de computadores e celulares e se tornar uma companhia de serviços e conteúdos. Produzirá e exibirá séries de televisão e se transformará numa entidade financeira com o novo cartão de crédito Apple Card. Tudo isso foi anunciado nesta segunda-feira num evento no Teatro Steve Jobs, em sua sede de Cupertino (Califórnia), onde os executivos da empresa foram recepcionados por grandes estrelas de Hollywood. “Com tudo o que apresentamos, vocês devem ter notado como os serviços são importantes para nós”, disse o presidente da companhia, Tim Cook, ao encerrar o evento, que durou quase duas horas. E prometeu: “Aplicamos aos nossos serviços o mesmo enfoque que aos nossos aparelhos: fáceis de usar, atentos ao detalhe, privados e seguros”.
Steven Spielberg, Oprah Winfrey, J.J. Abrams, Jennifer Aniston, Steve Carrell e outros rostos conhecidos do cinema e da televisão protagonizaram o anúncio do Apple+, a grande aposta da empresa para entrar num mercado, o dos serviços de séries e filmes em streaming, que não para de crescer no mundo todo, e no qual concorrerá diretamente com a Netflix.
O serviço será integrado a uma nova versão do aplicativo de TV dos aparelhos da marca da maçã, que agora agrupará, numa seleção feita por algoritmo, todas as compras e aluguéis feitos dentro do iTunes e os conteúdos oferecidos através dos serviços streaming e canais a cabo que o usuário assinar.
A oferta da Apple é semelhante à já oferecida por operadoras como Movistar e Vodafone, mas com um enfoque diferente e aproveitando sua integração única entre hardware, software e serviços. O aplicativo conta com uma seção de esportes, que inclui placares ao vivo e notificações de acontecimentos relevantes dos times preferidos do usuário, além de conteúdos infantis fiscalizados pela Apple. “Não é só outro serviço de streaming”, diz a empresa, e sim “o lugar onde os melhores criadores se reúnem”.
Vários deles apresentaram seus projetos no teatro Steve Jobs. “Uni forças à Apple”, disse Oprah Winfrey, que trabalha em dois documentários para a marca: um sobre assédio trabalhista, e outro sobre saúde mental. “É uma companhia que reinventou a forma de se comunicar”, acrescentou. Jennifer Aniston, Steve Carrell e Reese Whiterspoon participarão, por sua vez, de uma série chamada The Morning Show, sobre o poder feminino no mundo profissional.
Em 2018, pela primeira vez as assinaturas dos serviços de streaming superaram o número de usuários da TV a cabo, segundo a Associação Cinematográfica da América, alcançando os 613,3 milhões de espectadores potenciais. Há cada vez mais lares que “cortam o cabo” e optam por uma ou mais plataformas de conteúdos como Netflix. A partir do segundo semestre, o aplicativo Apple TV estará disponível em mais de 100 países, e também em smart TVs e nos Macs, e usará inteligência artificial para recomendar a cada usuário as séries que mais lhe interessarem, algo que em maior ou menor medida a Netflix, HBO e Samsung já fazem.
Cartão de titânio
Mais surpreendente foi o anúncio de seu próprio cartão de crédito, que poderá ser usado através do aplicativo Apple Pay integrado aos iPhones ou através de um cartão físico feito de titânio, que os clientes poderão solicitar. O serviço será integrado ao aplicativo de pagamentos e ao iMessage para gerar informação financeiras, como a divisão por categoria dos gastos realizados e consultas por chat a um gestor virtual.
O Apple Card usa o aprendizado automático e o Apple Maps para traduzir os crípticos nomes dos estabelecimentos onde as compras são feitas, como um restaurante. As cobranças são reconhecidas e classificadas para permitir que o usuário saiba quanto gasta em comida, viagens ou roupa, por exemplo.
A cada compra realizada, o consumidor será reembolsado em 2% do valor, ou 3% se a compra for numa Apple Store, seja por um produto físico ou um pagamento digital.
Para oferecer esse serviço, que será lançado em breve nos Estados Unidos, a Apple se aliou ao banco Goldman Sachs e ao MasterCard. A empresa especificou que não é necessário pagar nenhuma anuidade para usar o cartão, nem haverá multa por atraso nos pagamentos. “Precisávamos de um banco que estivesse disposto a fazer algo que nunca foi feito, por isso nos associamos ao Goldman Sachs. O cartão é de titânio, e é o mais bonito que já foi feito”, disse Jennifer Bailey, vice-presidenta da Apple Pay.
Notícias por um preço mensal
Através de seu aplicativo News, a Apple integrará um serviço com assinatura mensal de 9,99 dólares (cerca de 38,50 reais) que dará acesso a mais de 300 revistas, incluindo Vogue e National Geographic. As publicações estão totalmente integradas ao aplicativo e são diagramadas exclusivamente para serem lidas no iPhone, iPad ou Mac, incluindo conteúdos interativos, vídeo e infográficos animados. O resultado lembra o aplicativo Flipboard.
O Apple News+ incluirá o acesso a conteúdos pagos dos jornais Wall Street Journal e Los Angeles Times. Seu lançamento está limitado aos Estados Unidos e Canadá, mas chegará ainda neste ano à Europa, começando pelo Reino Unido, segundo o executivo-chefe da empresa, Tim Cook.
“Acredito que o Apple+ agregará um grande valor aos leitores e aos jornais”, disse Cook, que insistiu na importância de selecionar conteúdos confiáveis e de qualidade através de uma equipe de editores humanos. Salientou também a oportunidade de apresentar um formato como a revista a uma nova geração, através de dispositivos que são usados diariamente. Hoje, já está disponível nos Estados Unidos e Canadá, e o primeiro mês é grátis. “Não permitimos que os anunciantes rastreiem o que você lê. O que você lê na Apple News não vai perseguir você Internet afora”, disse Roger Rosner, vice-presidente de aplicativos da Apple. “Adoro a sensação de estar numa banca de jornais. Queremos tudo, mas só podemos ficar com um ou dois. Mas e se pudéssemos ter tudo? Hoje fazemos justamente isso. Trazemos revistas para a Apple News”, disse Cook.
Apple Arcade
Os videogames também tiveram seu espaço no evento com a apresentação do Apple Arcade, um serviço por assinatura que permite ao usuário jogar de forma ilimitada qualquer um dos mais de 100 títulos disponíveis inicialmente. O foco está em selecionar games de grande qualidade, que não ofereçam a clássica experiência de jogo gratuito que prende o consumidor e exige pequenos pagamentos. Poderá ser jogado sem conexão à Internet, e a assinatura, assim como com o Apple News+, poderá ser compartilhada entre os membros de uma mesma família.
O Apple Arcade será lançado no fim do ano em mais de 150 países, embora a Apple não tenha detalhado o preço da mensalidade. Os jogos do Apple Arcade poderão ser usados em iPhone, iPad, Mac e TV. A Apple vende sua plataforma de assinatura para jogos como um serviço que nunca teria chegado ao mercado sem a atenção e o cuidado de uma empresa como a Apple. “Jogos que nunca teriam sido possíveis”, diz a companhia. A Apple insiste em que não haverá nenhum tipo de rastreamento no Arcade.
A GUERRA DO 'STREAMING'
O anúncio feito pela Apple nesta segunda-feira não é senão a ponta do iceberg das ambições da companhia, que busca tirar o máximo partido de sua enorme base de usuários através dos serviços – sem dúvida seu mercado mais próspero nos últimos anos. A chegada de seu serviço, junto com a esperada nova plataforma da Disney após a compra da 20th Century Fox, estabelecerá um novo panorama de segregação de conteúdos e de grandes investimentos em conteúdos originais.
Diferentemente da música, os serviços de streaming de séries e filmes permitem com maior facilidade atrair os usuários mediante produções originais, evitando assim depender dos direitos de terceiros, que têm custos altos. Resta ver se tantas plataformas poderão coexistir sob a necessidade de ampliar sua operação em escala mundial, com baixas margens de lucro. É possível que os consumidores não tenham horas livres nem dinheiro sobrando para abarcar tal avalanche de conteúdos. Fonte: https://brasil.elpais.com
O melhor professor do mundo
- Detalhes
Peter Tabichi, do Quênia, é o vencedor do mais prestigiado prêmio da educação. A brasileira Débora Garofalo ficou entre os dez finalistas
Por Monica Weinberg, de Dubai
Os dez candidatos a melhor professor do mundo no Global Teacher Prize, o Nobel da educação, deixavam à mostra no rosto uma ansiedade muito justificada. Para ganhar os holofotes em Dubai, diante de uma plateia lotada de gente de renome na área, esta turma sobreviveu a uma peneira de 10.000 candidatos vindos de 179 países em um processo duríssimo. Quando o ator Hugh Jackman anunciou neste domingo, 24, o nome do vencedor, Peter Tabichi, do Quênia, o auditório tremeu. Ele chacoalhou sua sala de aula, fincada em região pobre do semiárido africano, com um clube de ciências que despertou a curiosidade e o talento de jovens sem nenhuma perspectiva. O prêmio foi entregue pelo xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum. E Tabichi, em tom nada professoral, se dirigiu ao público: “Ensinar é um ato de nobreza”, enfatizou.
Aos 36 anos, egresso de uma família de professores (o pai, inclusive, subiu ao palco arrancando aplausos), ele conseguiu cultivar a excelência num terreno em que grassava todo tipo de mazela: abuso de drogas, gravidez precoce, abandono escolar. Tabichi deixou o emprego em uma escola particular justamente para tentar guindar deste cenário os adolescentes de um colégio público. Com o clube que criou, promoveu a matemática, fomentou o pesamento científico e emplacou sua turma entre os primeiros em olimpíadas pelo Quênia. Os estudantes também levaram um prêmio da britânica Royal Society of Chemistry, por conseguir usar plantas locais para gerar eletricidade – só uma amostra do que faz.
Uma brasileira também gravou o nome no panteão dos dez melhores, em que figuram só aqueles que extrapolam o terreno conhecido e inovam na sala de aula alcançando resultados extraordinários. A paulista Débora Garofolo, 39 anos, chegou à reta final impulsionada por um trabalho que levou a uma guinada na vida de seus alunos na escola municipal Ari Parreiras, encravada entre quatro favelas de São Paulo – a maior delas, a Vietnã. O colégio precisava de uma professora para ensinar robótica e programação, e Débora, que lecionava de tudo para crianças menores, resolveu levantar o dedo. Disse à diretora que queria se arriscar no campo da tecnologia e ouviu: “Mas você é ótima alfabetizadora.” Era verdade. “Insisti, insisti”, ela conta a VEJA. “Entendi que por essa via poderia impactar para valer o rumo de crianças e jovens com tão poucas chances de crescer.”
Como os demais professores que cruzaram o tapete vermelho da educação em Dubai, Débora subverteu a lógica dominante da lousa-e-giz e inventou uma aula de robótica que ampliou – em muitos sentidos – as fronteiras da escola. Primeiro, literalmente, suas turmas (do 1º ao 9º ano), cruzaram o portão atrás de objetos, peças, fios perdidos no lixo que entulha o entorno. Estranharam. Iam ficar catando lixo quando o problema não era deles, mas do vazio deixado pelo poder público? Mas foram e dali retiraram fragmentos que, ao longo de três anos, somaram uma tonelada convertida em robôs, carrinhos e aviões movidos por circuitos elétricos montados na classe. Embutem princípios da física e da matemática, demandam de meninos e meninas que treinem a escrita preenchendo fichas com rigor científico e lapidam a capacidade de solucionar problemas.
Débora fez sua escola dar uma virada ao por em prática a ideia de que uma disciplina pode conversar com a outra, assim como acontece fora do ambiente escolar. No começo, houve certa desconfiança, mas seus pares encararam a sacudida na rotina – e o resultado veio: o Ideb da Ari Parreiras saltou de patamar em dois anos (de 4,2 para 5,2 em dez), e a evasão encolheu junto com a incidência de trabalho infantil. O lixo, por sua vez, virou um problema menor, com os moradores ajudando a frear o acúmulo. Exemplo de como uma iniciativa simples, semeada no meio de um cenário de escassez, pode ser propulsora de qualidade — esta, aliás, uma lição que todos os dez finalistas do prêmio deixam.
De nacionalidades diferentes, egressos de países ricos e pobres, eles, que circularam durante dois dias pelas salas de conferência de um dos gigantescos hoteis de Dubai, têm muito em comum. Todos entendem a necessidade de perseguir um elo indissolúvel com os alunos. O inglês Andrew Moffat, que toca concorridas classes de maioria muçulmana, cativou os estudantes pavimentando sua autoestima. A dele mesmo foi às alturas. “Primeira conquista: os alunos sabem o meu nome. Segunda: gostam de mim”, brincou, enquanto dava uma amostra de sua aula. Os dez também se preocupam em fincar metas, acompanhá-las e envolver a criança no plano. Cada um achou um jeito de atrair a atenção — clube de ciências, rádio escolar, música – e estimular a cartilha elementar deste século – criatividade, colaboração, habilidade para juntar fragmentos de informação e compor um raciocínio.
O prêmio foi dado pela quinta vez no Global Education & Skill Forum, encontro de notáveis que trouxe à mesa desafios e rotas para encontrar a excelência. No valor de 1 milhão de dólares, a honraria é concedida pela Fundação Varkey, do discretíssimo bilionário Sunny Varkey, filho de um casal de indianos que emigrou para os Emirados Árabes Unidos em 1959 e lá abriu o primeiro colégio do que viria a se tornar o maior grupo de escolas particulares do mundo, o Gems. Os professores que subiram ao palco ajudaram a descortinar a trilha da qualidade, em que até eles ainda tateiam, por não ser linear. O argentino Martin Salvetti, desta seleta lista, assim resumiu: “Saber como manter uma criança interessada na escola é muito mais difícil do que desvendar a fórmula da Coca-Cola.” Fonte: https://veja.abril.com.br
Frade Franciscano queniano é escolhido melhor do mundo, fica com 'Nobel da Educação' e leva prêmio de US$ 1 milhão
- Detalhes
Eles escolheram um queniano como "o melhor professor do mundo": a história de Peter Tabichi
O professor de ciências e matemática ficou com o "Nobel da Educação" e receberá um milhão de dólares. 95% de seus alunos são pobres, mas alcançam resultados proeminentes. Martín Salvetti, o professor argentino, estava entre os dez finalistas
Maximiliano Fernandez
Enviado Especial - Dubai. O queniano Peter Tabichi ficou com o Global Teacher Prize, considerado o "Nobel da Educação". O prêmio, que dá um milhão de dólares ao vencedor, teve uma professora argentina - Martin Salvetti - entre os dez finalistas pela primeira vez.
Tabichi tem 36 anos e é professor de ciências e matemática. Ele leciona no Keriko Mixed Day em Pwani Village, localizado em uma parte remota e semi-árida do Vale do Rift, no Quênia. Lá a comunidade coexiste com fome e seca. 95% dos seus alunos vivem na pobreza e quase um terço são órfãos ou têm apenas um dos pais.
O queniano Peter Tabichi, com o Global Teacher Prize
As profundas adversidades não afetam seu trabalho como educador. Desde que assumiu o cargo em 2015, a matrícula se multiplicou: ele passou de 200 para 480. Uma das razões, dizem eles, é o clube de ciências que ele expandiu na escola. O professor ajuda as crianças a desenhar projetos de pesquisa de tal qualidade que 60% atualmente se qualificam para competições nacionais.
Tabichi graficou seu trabalho em uma história de sucesso. Um de seus alunos, Esther, apesar das deficiências de origem, alcançou o primeiro lugar na Feira de Ciências e Engenharia do Quênia. O prêmio veio como resultado de um dispositivo que o aluno inventou e permite que pessoas cegas e surdas possam medir e medir objetos. Agora Esther representará o Quênia em uma competição internacional nos Estados Unidos.
Tabichi é professor de ciências e matemática
Quando ele ouviu seu nome, a professora queniana não reprimiu as lágrimas. Ele pulou para abraçar Hugh Jackman, que anteriormente havia dedicado algumas palavras para cada professor. "Sua história é incrível, você é um exemplo para todos", ele havia dito a ele.
Como em cada edição do prêmio, houve uma surpresa, sempre extravagante. A figura principal desta vez foi Jackman, que não só serviu como apresentador, mas também atuou em três shows musicais com uma equipe de dançarinos.
Em seu discurso, Tabichi lembrou e até fez seu pai subir ao palco. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas 11 anos e foi seu pai quem alimentou e educou cada um dos sete irmãos. Uma família inteira ligada ao ensino. E toda uma família franciscana. De fato, o professor doa 80% de seu salário mensal, de cerca de 400 dólares, para ajudar as crianças lotadas.
"Todos os dias na África temos uma nova página e capítulo, hoje é outro dia, esse prêmio não me reconhece, reconhece os jovens deste grande continente, estou aqui apenas pelo que meus alunos conseguiram. Diz ao mundo que eles podem fazer o que quiserem ", disse ele no salão principal do Hotel Atlantis, duas torres enormes localizadas nas Ilhas Palm, em Dubai.
A história de Tabichi não termina aí. Juntamente com outros quatro colegas, eles dão aulas particulares fora do horário escolar, mesmo durante os finais de semana, para crianças de baixo desempenho. O professor visita as casas para ver em primeira mão a realidade que cada aluno passa. Tradução: Gloogle
VIOLÊNCIA NO RIO: Motorista é morta a tiros quando levava familiares de presos para presídio de Bangu
- Detalhes
Durante assalto, Simone Silva Esteves foi alvejada com pelo menos cinco disparos
Rio - Uma motorista foi morta a tiros quando levava familiares de presos de Petrópolis, na Região Serrana, para visitas no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste da capital. O caso aconteceu na madrugada de quarta-feira, próximo à feirinha de Itaipava, no distrito de Petrópolis. Simone Silva Esteves foi alvejada com pelo menos cinco tiros.
De acordo com testemunhas, Simone estava com pelo menos duas pessoas em um Fiat Doblô, quando eles foram abordados por um homem, que anunciou o assalto. A motorista reagiu e ele disparou vários tiros contra ela, que morreu.
O bandido fugiu e teria levado o carro da vítima. O caso é investigado pela 106ª DP (Itaipava), que analisa se o episódio trata-se de latrocínio (roubo seguido de morte) ou execução. Fonte: https://odia.ig.com.br
Carolina de Jesus, força e inspiração 105 anos após seu nascimento
- Detalhes
A escritora negra e pobre, um dos principais nomes da literatura no Brasil, é homenageada pelo Google nesta quinta-feira
Se estivesse viva, Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras e mais importantes escritoras brasileiras, completaria 105 anos nesta quinta-feira, 14 de março. Seu livro de estreia, Quarto de Despejo, quando lançado em 1960, vendeu 10 mil cópias em uma semana. Moradora da favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, por boa parte de sua vida, Carolina teve fama, foi traduzida em mais de duas dezenas de línguas, chegou a Europa, Ásia e América Latina, mas morreu em relativo esquecimento em 1977. Ainda hoje, a vida dela inspira escritores, jornalistas e até ilustradores à altura de grandes prêmios.
A história mais conhecida sobre a escritora é de que no final da década de 1950, o jornalista Audálio Dantas topou com ela na favela do Canindé e ficou sabendo que aquela mulher negra, que trabalhava na maior parte do tempo como catadora de papel, e que criava sozinha três filhos pequenos, era autora de dezenas de cadernos. Entre eles, um diário extensíssimo, que, editado por Dantas, virou o livro Quarto de Despejo, o primeiro documento que mostrou em primeira pessoa a desagradável realidade de ser mulher, negra e pobre neste país, e, ao mesmo tempo, com quanta dignidade era possível suportar tanta discriminação.
O cotidiano da vida no Canindé – o verdadeiro quarto de despejo do título do livro – narrado por Carolina de Jesus é esquálido, violento, permeado por doenças, alcoolismo e fome, a fome que, logo de início, é definida como a escravidão dos tempos modernos. Mas também é cheio de suas reflexões sobre o Brasil e a vida da mulher negra. O relato literário recebeu críticas e comentários de escritores e intelectuais como Sérgio Milliet, Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira. No exterior, Carolina foi recebida com entusiasmo por Pablo Neruda e Octavio Paz
No ano passado, o jornalista Tom Farias lançou o livro Carolina: uma biografia, editado pela Malê, com o objetivo de humanizar a figura de Carolina de Jesus, tentando desvinculá-la do mito. Para ele, a escritora, ao contrário do que se pensa, não nasceu intelectualmente em 1960, com a publicação de seu livro. A biografia revela textos e matérias de jornais em que Carolina de Jesus já aparecia em 1940. “Ela fazia uma ronda pelas redações e rádios, apresentava-se como 'Carolina Maria, a poetisa negra', e ia oferecendo seus textos para publicação. Muitas vezes, era olhada de forma enviesada, tratada com desdém, mas teve alguns sucessos", conta.
Também em 2018, a vida da autora virou uma biografia em quadrinhos produzida por João Pinheiro e Sirlene Barbosa e publicado pela editora Veneta. O livro, que narra a infância pobre de Carolina de Jesus em Minas Gerais, sua vida sofrida em São Paulo, a fama, as ilusões, as decepções e o esquecimento, venceu o prêmio especial do Festival de Quadrinhos de Angoulême, o mais importante do mundo do gênero, uma espécie de Cannes do HQ.
Para o ilustrador e roteirista João Pinheiro, a palavra que define bem a obra é superação. “A história dela é muito triste, muito pesada muito para baixo. Mas ao mesmo tempo ela tem muita força. Então, apesar de ter essa miséria, fome, a situação degradante que ela vivia, por outro lado ela tem muita força e persistência. E supera tudo, mesmo diante daquelas dificuldades, ela consegue seguir em frente, levantar todos os dias e não desistir. Isso é o principal”, disse. Fonte: https://brasil.elpais.com
SP: criança de 10 anos tira a própria vida em casa, com arma do pai
- Detalhes
O fato ocorreu em São Caetano do Sul (SP). Menina atirou no próprio ouvido oito meses após a morte da mãe
Uma menina de 10 de anos tirou a própria vida neste domingo (17/3), com um tiro no ouvido, usando uma arma de fogo seu pai. O fato ocorreu em São Caetano do Sul, cidade do grande ABC paulista. As informações são do jornal Repórter Diário.
Os policiais da Guarda Civil Municipal (GCM) foram acionados por volta das 9h. Quando chegaram ao local, no bairro São José, a menina já estava morta. O atentato contra a própria vida cometido pela criança acontece em meio a toda discussão sobre a flexibilização do porte de armas após a tragédia ocorrida na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), quando dois adolescentes invadiram o colégio e atiraram contra alunos e professores.
De acordo com informações do pai da criança, ele se preparava para tomar banho quando a garota foi até o quarto e pegou a arma que estava sem munição. As balas, segundo ele, foram colocadas no equipamento pela própria criança. Ao ouvir o tiro, o pai correu, mas, segundo contou à polícia, já encontrou a menina no chão.
A polícia encontrou na casa duas cartas escritas pela menina. O teor não foi revelado e está sob investigação. De acordo com vizinhos, a mãe da menina morreu há oito meses.
O pai da criança é funcionário público. A arma, datada de 1992, estava no nome do pai, mas não encontrava-se com situação regular.
Pelas redes sociais, o prefeito do município, José Auricchio Júnior (PSDB), lamentou o fato. “Deixo minha solidariedade à família e aos amigos da menina que deu fim à própria vida hoje pela manhã, no bairro São José. Meus sentimentos a todos. São Caetano do Sul em luto”, disse o prefeito.
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias. Fonte: www.metropoles.com
Menino de 12 anos morre após ser baleado no Rio
- Detalhes
Kauan Noslinde, de 12 anos, morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar (PM) na comunidade da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense, na noite de ontem. Familiares acusam os policiais do 20º BPM (Mesquita) de entrarem atirando no local. Os PMs alegam que, ao entrarem na comunidade, já encontraram o jovem baleado. De acordo com parentes, o jovem saiu da casa do pai para comprar um lanche com o irmão, de 10 anos, no momento da ação policial.
Ele foi levado pelos policiais para o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com o aplicativo Fogo Cruzado, somente neste ano 25 adolescentes foram baleados no Grande Rio. Fonte: www.bol.uol.com.br
Aluno atira em porta de escola, em MG, após ser alvo de boatos por colegas
- Detalhes
Jovem de 20 anos deu tiros para o alto na porta da instituição e disse à polícia que queria assustar dois colegas. Arma do crime não foi encontrada
Ainda sob efeito da tensão que se espalhou pelo país com o ataque a tiros que terminou com 10 mortos em uma escola em Suzano, em São Paulo, alunos, funcionários e vizinhos de uma escola estadual de Nova Lima, na Grande BH, levaram um susto no início da noite dessa quinta-feira. Um estudante de 20 anos atirou para o alto na porta da instituição. Detido pela Polícia Militar (PM), ele disse que fez isso porque colegas estavam espalhando boatos sobre a sexualidade dele.
O crime ocorreu por volta das 18h40 em uma escola que fica no Bairro Bonfim. A PM foi acionada via 190. Chegando ao local, populares fizeram a descrição do autor dos disparos, que usava uma camisa de cor vinho.
Os policiais fizeram um rastreamento e localizaram o suspeito, que usava o uniforme da escola. No entanto, ao revistarem a mochila dele, eles encontraram a camisa vinho mencionada pelas testemunhas.
De acordo com a PM, ele acabou assumindo ser o responsável pelos tiros, que tinham como objetivo assustar dois alunos. Na versão dele, os colegas estavam comentando que ele mantinha relações sexuais com outro homem e que, em troca disso, usufruía dos bens dele.
O estudante disse que jogou a arma perto da casa dele, mas ela não foi encontrada pelos policiais no local indicado. Durante a confecção do boletim de ocorrência, um rapaz de 20 anos compareceu ao batalhão da PM para mostrar a troca de mensagens em um aplicativo em que o autor preso combinava com ele de se encontrar na porta da escola para “resolver as diferenças”. Ainda segundo a PM, o atirador parecia muito preocupado com o celular dele, o que fez os policiais suspeitarem que o aparelho armazenava algum arquivo que poderia comprometê-lo judicialmente. O jovem detido foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan) 3.
O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Civil e a Secretaria de Estado de Educação para mais detalhes sobre o caso e aguarda resposta. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Ataques contra mesquitas deixam 49 mortos na Nova Zelândia
- Detalhes
Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados. Crianças e mulheres estão entre as vítimas fatais
Ao menos 49 pessoas morreram em ataques, nesta sexta-feira (15/3), contra duas mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch e, segundo as autoridades locais, um dos autores foi identificado como um extremista australiano. Os ataques na cidade da Ilha Sul também deixaram 20 pessoas gravemente feridas, informou a primeira-ministra Jacinda Ardern.
Ao citar um dos "dias mais obscuros" do país, ela denunciou uma violência "sem precedentes". Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados. Crianças e mulheres estão entre as vítimas fatais.
A polícia fez um apelo para que as pessoas não compartilhem nas redes sociais "imagens extremamente insuportáveis", depois que foi divulgado na internet um vídeo feito por um homem branco no momento em que atirava contra os fiéis em uma mesquita.
"Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado", disse Ardern. "Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados", completou.
O atirador de uma das mesquitas era um cidadão australiano, revelou em Sydney o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. "É um terrorista extremista de direita, violento", disse.
O número exato de criminosos não foi revelado, mas, de acordo com Ardern, três homens estavam detidos. A polícia afirmou que um homem com pouco menos de 30 anos foi acusado de assassinato. Esta pessoa será apresentada a um tribunal de Christchurch no sábado. A polícia afirmou ainda que não procura outros suspeitos.
As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, e Linwood. As duas estavam lotadas nesta sexta-feira para a sessão vespertina das orações.
"Corpos por todos os lados"
Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado afirmou que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça. "Escutei três disparos rápidos e depois de uns 10 segundos tudo começou de novo. Deve ter sido uma arma automática porque ninguém consegue apertar o gatilho tão rapidamente", disse o homem à AFP. "As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue".
Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros. "Havia corpos por todos os lados", declarou.Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local.
"Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel", afirmou uma fonte da delegação. A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia foi cancelada.
Diversos vídeos e documentos que circulam na internet, mas que não foram confirmados oficialmente até o momento, indicam que o autor transmitiu o ataque no Facebook Live. Uma equipe da AFP examinou as imagens, que pouco depois foram retiradas dos sites. De acordo com os jornalistas, especialistas em fact check, são autênticas.
Um "manifesto" vinculado às contas desta página do Facebook faz referência à "teoria da substituição", que circula entre a extrema-direita e que fala do desaparecimento dos "povos europeus". As forças de segurança bloquearam o centro da cidade, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos fiéis que evitem as mesquitas em toda Nova Zelândia.
O município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques. Todas as escolas da cidade foram fechadas. A polícia pediu a "todos os que estavam presentes no centro de Christchurch que não saiam às ruas e apontem qualquer comportamento suspeito".
Os tiroteios são raros na Nova Zelândia, um país que em 1992 restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas após um massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul.
Qualquer pessoa com mais de 16 anos, no entanto, pode solicitar uma licença para ter acesso a uma arma depois de participar de um curso sobre segurança.
Polícia revela participação de 3º envolvido em massacre de Suzano
- Detalhes
O participante, cujo nome não foi revelado, já foi ouvido pela polícia. Há a hipótese de haver ainda um quarto envolvido
Enviado especial a Suzano (SP) – O delegado-geral de Polícia de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, disse, nesta quinta-feira (14/3), que existe a possibilidade de haver um terceiro adolescente envolvido no planejamento do massacre em Suzano, que teria sido idealizado desde 2018.
A apreensão do adolescente, que seria um ex-colega de classe de Guilherme Taucci Medeiros, de 17 anos, um dos atiradores, já foi pedida pela polícia. O adolescente não foi ao local da tragédia na quarta-feira (13/3), dia do tiroteio. A maior parte das conversas entre o grupo aconteciam pessoalmente, segundo a investigação.
A polícia trabalha com a hipótese de um quarto envolvido. Uma pessoa, ainda não identificada, foi vista no estacionamento onde os atiradores guardaram o carro. “Imagens de fotografia estão sendo analisadas para chegar a identidade”, destacou Ruy.
O delegado disse que, desde o inicio, a intenção dos assassinos era agir com crueldade e que, por isso, eles teriam se organizado com um alto poder de letalidade. “Eles queriam fazer o maior número de vítimas”, comentou, ao dizer que eles se inspiraram, segundo testemunhas, no massacre de Columbine, nos EUA, em abril de 1999.
Sem revelar detalhes das investigações, Ruy comentou o que se sabe até o momento. O delegado disse que aguarda resultados de laudos e análises de materiais apreendidos. “É muito cedo para traçar a dinâmica do crime dentro da escola. É uma presunção dizer que um matou o outro. Temos que aguardar os laudos dos corpos para concluir isso”, afirmou. Fonte: https://www.metropoles.com
Obsessão por game, abandono dos pais e bullying marcaram vida de atirador
- Detalhes
Guilherme Taucci e Luiz Henrique de Castro cresceram na mesma rua e estavam sempre juntos
Fernanda Mena
SÃO PAULO
No cômodo de paredes sem acabamento, o aparelho de televisão que domina o pequeno ambiente exibe os retratos de Guilherme Taucci Monteiro, 17, e de Luiz Henrique de Castro, 25, sobre uma tarja onde se lê: “Assassinos mataram oito em escola de Suzano”.
Diante da tela, Tatiana Taucci, 35, esfrega as mãos, agitada, antes de levá-las ao rosto. “Como é que pode meu filho ser chamado de assassino, meu Deus? Isso é chocante”, lamenta. Segundos depois, ela mesma conclui: “Mas do que é que vão chamar ele se matou toda essa gente na escola?”.
Guilherme e Luiz invadiram a Escola Estadual Professor Raul Brasil, onde estudaram, na manhã desta quarta-feira (13), e abriram fogo contra coordenadora pedagógica, inspetora e alunos, matando sete pessoas e ferindo outras onze.
No caminho até o colégio, Guilherme parou na loja do tio, Jorge Antônio Moraes, irmão de sua mãe, onde já havia trabalhado, e atirou contra ele. O tio morreu no hospital. “Cheguei na escola gritando pelo meu filho, dizendo que tinham machucado ele. Quando me contaram o que tinha acontecido, meu mundo caiu”, diz.
“Perdi meu filho e meu irmão. Não dá nem pra acreditar... Minha vida acabou”, diz ela, sentada na cadeira em que, conta, Guilherme passava as madrugadas jogando no computador.
“Ele tinha internet, TV a cabo, tinha tudo. E o bobão faz isso?”, revolta-se. “Estou com muita raiva, de tudo.”
A família diz nunca ter desconfiado de que Guilherme pudesse ter algum tipo de comportamento violento. “Nosso relacionamento até que não era ruim. Mas a gente quase não conversava”, revela a mãe.
“A única coisa é que ele era pirado nesse bagulho de jogo de computador. Ele ficava paranoico e gritava para a tela: vou te matar, vou te matar!”
Desempregada há dois anos e mãe de outras quatro crianças, duas das quais moram na mesma casa onde Guilherme vivia, Tatiana batalha contra uma dependência química de longa data, que a leva a passar boa parte do tempo nas ruas.
Fruto de um relacionamento breve entre Tatiana e Rogério Machado Monteiro, Guilherme foi criado pelos avós, Benedito Luiz Cardoso e Arlete Taucci, numa casa de tijolo aparente, entulhada de móveis e objetos, no bairro Jardim Imperador.
“O pai e a mãe não estavam muito aí pra ele, sabe?”, diz o avô, antes de ser repreendido pela filha. “Agora a culpa é minha? Culpa é sua, que criou ele”.
Com a morte da avó, quatro meses atrás, Guilherme passou a dar sinais de tristeza permanente. “Acho que ele ficou deprimido”, arrisca a tia.
O quarto de Guilherme fica nos fundos da casa, atravessando a lavanderia onde se acumulam roupas, jornais, latas, baldes, ripas de madeira, bicicletas de criança e uma gaiola com um pequeno pássaro.
Ao sair pela manhã para o atentado, Guilherme deixou no chão, ao lado do beliche onde dormia, uma foto queimada, que a mãe reconheceu como sendo sua com o pai do adolescente.
Do chão, a mãe recolhe uma sacola em que encontra mais de cinco caixas vazias de Bis de chocolate branco. “Ele tinha problemas de acne. Também, comendo chocolate desse jeito”, diz ela, como se falasse consigo mesma.
Segundo Tatiana, Guilherme abandonou a escola no ano passado, a um ano de concluir o ensino médio, porque dizia não aguentar mais ser “zoado por causa das espinhas do rosto”.
O avô pagou um tratamento para o neto, e sua pele “melhorou muito”. “Ontem mesmo, quando ele chegou da rua de noite, eu esquentei o jantar pra ele. Estava tudo bem”, lembra o avô, com a voz embargada. Guilherme comeu arroz, feijão e hambúrguer. “Ele adorava hambúrguer.”
Na mesma calçada da casa do adolescente, poucos metros depois, vivia Luiz Henrique, com os pais e irmãos. Eles moravam nos fundos da casa do avô, uma construção térrea de pintura alegre e jardim cuidado.
Luiz Henrique havia acabado de começar a trabalhar com o pai, que atua no ramo da jardinagem.
O avô, de 85 anos, teve de ser sedado quando soube que o neto havia protagonizado um massacre. “Ninguém consegue acreditar”, comentou um amigo da família, que preferiu não se identificar.
Guilherme e Luiz se conheceram na infância e, desde então, andavam sempre juntos.
“Eram meninos normais. Falavam bom dia, boa tarde, boa noite. Não usavam drogas”, conta o motorista Cássio Nogueira, 39, vizinho que os viu crescer. “Nunca percebi nenhum traço que indicasse que esse tipo de comportamento poderia ocorrer. Estamos todos ainda em choque.”
Os programas da dupla dos últimos tempos eram passeios pelo shopping e visitas regulares à LAN house do bairro, onde costumavam jogar video-games de tiros.
“Por aqui passam cerca de cem pessoas por dia, e quase todos jogam games de tiros. Se isso determinasse alguma coisa, todas essas pessoas seriam assassinas”, pondera Tatiane Motta, 27, que trabalhou até mês passado como atendente da LAN house frequentada pela dupla.
Ela conta que Guilherme e Luiz jogavam videogames no espaço ao menos três vezes por semana. Eram conhecidos por serem fechados, seletivos e xingarem muito e em voz alta durante as partidas.
Um dia, a atendente percebeu um pingente com a suástica nazista no pescoço de um deles. “Levei um susto”, diz. Os clientes passaram a ser vistos com cautela.
A mãe e o avô de Guilherme dizem nunca terem visto o menino ostentar esse tipo de símbolo.
A tia e vizinha Karina Mendes, 27, diz que está com medo de represálias. “A gente entra nas redes sociais e só vê gente xingando eles e dizendo que a culpa é da família, que temos todos de morrer também”, afirma. “Eu entendo a revolta das pessoas, mas não podemos pagar por aquilo que não fizemos. Estamos todos sofrendo, mas estamos com muito medo também.”
Jovem provoca pânico em MG ao apoiar massacre em Suzano e ameaçar escola
- Detalhes
O rapaz utilizou o Facebook para postar mensagens favoráveis ao ataque no interior de São Paulo. Além disso, ameaçou atacar uma escola do distrito onde mora em Minas Gerais
Moradores de São Pedro do Avaí, distrito de Manhuaçu, na Região da Zona da Mata, ficaram desesperados com uma mensagem postada por um jovem nas redes sociais. Um rapaz de 18 anos utilizou o Facebook pessoal para apoiar o massacre em Suzano, no interior de São Paulo, que deixou 10 pessoas mortas na Escola Estadual Raul Brasil. Além disso, na mensagem, ameaçou cometer um atentado semelhante na Escola Estadual Ana Mendes Pereira Dutra, localizada no distrito. Pessoas que acessaram o perfil do homem acionaram as polícias Civil e Militar e ele acabou preso. No celular dele, foram encontradas conversas com grupos de outros estados que também são favoráveis ao atentado.
O medo e desespero de famílias do distrito começaram na manhã desta quinta-feira. O jovem, J.R, de 18 anos, utilizou as redes sociais para apoiar a chacina no interior de São Paulo. “Foi detectado que ele divulgou e tornou público no Facebook dele uma mensagem em relação aos fatos em São Paulo. Ele se manifestou favorável, apoiando a atitude dos cidadãos que cometeram o delito. Disse, ainda, que a ideia dele era fazer na escola que tem na cidade de São Pedro do Avaí, desprezando o distrito onde foi criado”, afirmou o tenente Cezário José de Araújo.
“Luto é meu p... eu devia ter feito isso na Ana Mendes tmb (sic)mas precisava ter um caminhão de munição para todo mundo que eu odeio lá, enfim, parabéns aos envolvidos”, disse. “To famoso no São Pedro de novo kkkkkkkk. F... esse lugar”, completou. Continua depois da publicidade
Assim que as mensagens foram vistas pelos moradores, várias famílias entraram em pânico. “A população ficou muito temerosa. Pais com medo de levar filhos na escola ligaram para a polícia. Por meio das redes sociais, em grupos de proteção que temos com os moradores, várias mensagens foram recebidas pedindo providência”, disse o tenente.
Os militares deslocaram para o distrito. Quando estavam em um estrada de chão, se depararam com o jovem em uma moto. Ele foi abordado, mas nada de ilícito foi encontrado. Porém, cometia uma infração de trânsito, pois estava pilotando o veículo sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Buscas também foram feitas na casa dele.
“Fomos recebido pelos pais dele, que são pessoas humildes. Ficaram até assustados com tudo. Fizemos uma revista no imóvel, autorizados por eles, e não encontramos nenhuma material ilícito que poderia causar algo futuramente. A Polícia Civil também compareceu e encontrou, no celular do jovem, mensagens dele com pessoas de outros lugares do país que são favoráveis e apoiam este tipo de crime”, explicou o tenente.
O celular foi apreendido pela Polícia Civil que vai periciar o aparelho. O jovem foi encaminhado para a delegacia onde será ouvido ainda hoje por uma delegada da cidade.
Pág. 51 de 660