DOMINGO, 6 DE JANEIRO: Solenidade da Epifania do Senhor – Ano C
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A liturgia deste domingo leva-nos à manifestação de Jesus como “a luz” que atrai a Si todos os povos da terra. Essa “luz” incarnou na nossa história, a fim de iluminar os caminhos dos homens com uma proposta de salvação/libertação.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “Magos”, atentos aos sinais da chegada do Messias, que O aceitam como “salvação de Deus” e O adoram. A salvação, rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, torna-se agora uma oferta universal.
A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.
MENSAGEM
Os numerosos detalhes do relato demonstram, claramente, que o propósito de Mateus não é de tipo histórico, mas catequético.
Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no facto de Jesus ter nascido em Belém de Judá (cf. Mt 2,1.5.6.7). Para entender esta insistência temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-l’O a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Miq 5,1.3; 2Sam 5,2) e restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para O reconhecerem como Messias.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “Magos” para Belém. A interpretação desta referência como indicação histórica levou alguém a cálculos astronômicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura do cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do Médio Oriente … Na realidade, não podemos entender esta referência como histórica, mas antes como catequese sobre Jesus. Segundo a crença popular, o nascimento de uma personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (cf. Nm 24,17). É com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a “estreia”. Mateus está, sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para rebater aqueles que negavam que Jesus era o Messias esperado.
Temos, ainda, as figuras dos “Magos”. A palavra grega “magos”, usada por Mateus, abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos … Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, entrados em contato com o messianismo judaico. Seja como for, esses “Magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa luz.
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “Magos” do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento de Jesus e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem-n’O como o seu Senhor.
Mateus anuncia, aqui, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a formar parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “Magos” reflete o processo que os pagãos seguiram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para O encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adoram-n’O. É muito possível que um grande número de pagano-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.
ATUALIZAÇÃO (EVANGELHO - Mt 2,1-12)
Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os “Magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo … Diante de Jesus, eles assumem atitudes diversas que vão desde a adoração (os “Magos”) até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem das Escrituras). Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil “conhecer as Escrituras”, como profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas e os valores de Jesus nos passem ao lado?
Os “Magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação. Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa vida e da história do mundo à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” a vontade de Deus?
Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “Magos”: viram a “estreia”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, à nossa internet? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus faz através dos irmãos?
Os “Magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja, essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como “o Senhor”.
LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE NO LINK AO LADO- Evangelho do Dia.
AUDIÊNCIA GERAL DO PAPA NESTA QUARTA, 2: “É um escândalo ir à igreja e odiar os outros”. Francisco
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A oração feita em silêncio, do fundo do coração, e que gera mudanças na vida, e não aquela que desperdiça palavras. Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco deu continuidade a seu ciclo de catequeses sobre a oração do Pai Nosso.
Jackson Erpen – Cidade Vaticano
Na primeira Audiência Geral do ano de 2019, o Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Pai Nosso, iniciado em 5 de dezembro, inspirando-se nesta quarta-feira na passagem de Mateus 6, 5-6.
O Evangelho de Mateus – explicou Francisco aos 7 mil presentes na Sala Paulo VI – coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a primeira a receber a entrega do Pai Nosso.
O Evangelho é revolucionário
Neste “longo ensinamento” chamado “Sermão da Montanha”, de fato, Jesus condensa os aspectos fundamentais de sua mensagem:
“Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que em seu tempo - mas também no nosso! – não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de coração ... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário".
"Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus”. É como se Jesus - explica o Papa - estivesse dizendo: “em frente, vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência no amor e no perdão!”
Desta porta de entrada, que inverte os valores da história, brota a novidade do Evangelho:
“A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva completamente nova”.
Este é “o grande segredo que está na base de todo o Sermão da Montanha: sejam filhos de vosso Pai que está nos céus”, disse o Pontífice, chamando a atenção para o fato de que em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto de parecer impraticável. Mas pelo contrário, “descobrimos que são sobretudo um discurso teológico:
“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do que os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com o nome de "Pai", para deixar-se renovar por seu poder e de refletir um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas notícias”.
Coerência cristã
E Jesus – explica o Papa – introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso” distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas”, que rezam nas praças e sinagogas para serem vistos. “Há pessoas – disse o Francisco - que são capazes de tecer orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens”, completando:
“E quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho”.
A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho crível senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo contínuo com o Pai.
Rezar com o coração
Jesus então, continuou Francisco – “toma distância das orações dos pagãos” - que acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. O Papa recorda a cena do Monte Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam, pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se revela:
“Os pagãos pensam que falando, falando falando, se reza. Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro”.
O Pai Nosso – reitera o Santo Padre - “poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem ouvidos”.
Deus não precisa de sacrifícios para conquistar seu favor
“Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos descobrirmos sempre seus amados filhos”, disse o Papa ao concluir.
Após o resumo da catequese nas diversas línguas, houve a apresentação de um grupo cubano de dança e malabarismo. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: Jesus é 'concentrado' de todo o amor de Deus num ser humano
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O próprio Jesus nasceu em condição de privação, “não por acaso nem por um incidente”, observou, mas “quis nascer assim, para manifestar o amor de Deus pelos humildes e os pobres e, deste modo, lançar no mundo a semente do Reino de Deus, Reino de justiça, amor e paz”, disse o Papa no Te Deum de ação de graças pelo ano transcorrido.
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“Também durante este ano que chega ao fim, muitos homens e mulheres viveram, e vivem, em condições de escravidão, condições indignas de pessoas humanas”: disse o Papa Francisco no final da tarde desta segunda-feira, 31 de dezembro, no Te Deum – celebração de Ação de Graças – na Basílica de São Pedro, durante as Primeiras Vésperas da Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, que a Igreja celebra em 1º de janeiro.
No final do ano, a Palavra de Deus acompanha-nos com estes dois versículos do apóstolo Paulo (cf. Gal 4, 4-5). São expressões breves e densas: uma síntese do Novo Testamento que dá sentido a um momento “crítico” como é sempre uma passagem de ano, ressaltou o Pontífice no início da homilia, atendo-se à liturgia das Primeiras Vésperas.
Plenitude do tempo
A primeira expressão que nos sensibiliza, disse Francisco, é “plenitude do tempo”. Assume uma ressonância particular nestas horas finais dum ano solar, em que sentimos ainda mais a necessidade de algo que encha de significado o transcorrer do tempo. Algo, ou melhor, alguém. E este “alguém” veio. Deus enviou-o: é “o seu Filho”, Jesus.
“Celebramos há pouco o seu nascimento: nasceu duma mulher, a Virgem Maria; nasceu sob a Lei, um menino judeu, sujeito à Lei do Senhor.” Mas, como é possível? Como pode ser isto o sinal da “plenitude do tempo”?, questionou o Santo Padre, acrescentando:
“Claro, por enquanto é quase invisível e insignificante, mas, dentro de pouco mais de trinta anos, aquele Jesus desencadeará uma força inaudita, que dura ainda e durará ao longo da história inteira. Esta força chama-se Amor. É o amor que dá plenitude a tudo, mesmo ao tempo; e Jesus é o ‘concentrado’ de todo o amor de Deus num ser humano.”
Para resgatar: fazer sair da escravidão e restituir a liberdade
São Paulo diz, claramente, o motivo porque o Filho de Deus nasceu no tempo, qual é a missão que o Pai Lhe confiou para realizar: nasceu “para resgatar”, frisou o Papa.
“Esta é a segunda palavra que nos sensibiliza: resgatar, isto é – prosseguiu –, fazer sair duma condição de escravidão e restituir à liberdade – à dignidade e à liberdade próprias de filhos.”
A escravidão que o apóstolo tem em mente é a da “Lei”, explicou Francisco, “entendida como um conjunto de preceitos que devem ser observados, uma Lei que certamente educa o homem, é pedagógica, mas não o liberta da sua condição de pecador”; antes, de certo modo “crava-o” a esta condição, impedindo-o de atingir a liberdade do filho, observou.
Convite à reflexão e ao arrependimento
“Deus Pai enviou ao mundo o seu Filho Unigênito para desenraizar do coração do homem a escravidão antiga do pecado e, assim, restituir-lhe a sua dignidade”, disse Francisco convidando à reflexão e ao arrependimento: “devemos deter-nos; deter-nos a refletir com amargura e arrependimento porque também durante este ano que chega ao fim, muitos homens e mulheres viveram, e vivem, em condições de escravidão, condições indignas de pessoas humanas”.
“Também na nossa cidade de Roma, há irmãos e irmãs que, por vários motivos, estão neste estado. Penso, de modo particular, naqueles que vivem sem um lar. São mais de dez mil. De inverno, a sua situação é particularmente dura. Todos eles são filhos e filhas de Deus, mas diferentes formas de escravidão, por vezes muito complexas, levaram-nos a viver no limite extremo da dignidade humana.”
Manifestação do amor de Deus pelos humildes e os pobres
Francisco disse ainda que o próprio Jesus nasceu em condição semelhante, “não por acaso nem por um incidente”, observou, mas “quis nascer assim, para manifestar o amor de Deus pelos humildes e os pobres e, deste modo, lançar no mundo a semente do Reino de Deus, Reino de justiça, amor e paz”.
“A Igreja que está em Roma não quer ficar indiferente às escravidões do nosso tempo, nem limitar-se a observá-las e prestar-lhes assistência, mas quer estar dentro desta realidade, próxima a estas pessoas e situações.”
A santa mãe Igreja eleva seu hino de louvor a Deus
“Apraz-me encorajar esta forma da maternidade da Igreja, ao celebrarmos a maternidade divina da Virgem Maria”, disse por fim o Papa, acrescentando:
“Contemplando este mistério, reconhecemos que Deus ‘nasceu de uma mulher’ para que nós pudéssemos receber a plenitude da nossa humanidade, ‘a adoção de filhos’. Pelo seu abaixamento, fomos solevados. Da sua pequenez, veio a nossa grandeza. Da sua fragilidade, a nossa força. De Ele Se fazer servo, a nossa liberdade.”
“Que nome dar a tudo isso, senão Amor? Amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo, a Quem a santa mãe Igreja eleva em todo o mundo, nesta tarde, o seu hino de louvor e agradecimento”, concluiu Francisco.
A liturgia encerrou-se com a exposição do Santíssimo Sacramento, o canto do tradicional hino Te Deum de ação de graças pelo ano transcorrido e a Bênção Eucarística, ao término da qual o Santo Padre, deixando a Basílica Vaticana, deslocou-se até a Praça São Pedro detendo-se em oração diante do Presépio montado no centro da praça. Fonte: www.vaticannews.va
1° DE JANEIRO, Dia Mundial da Paz: “A boa política está ao serviço da paz”. Mensagem do Papa Francisco
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Os votos do papa Francisco para o início do novo ano são de que “A paz esteja nesta casa!”. Baseada na passagem do Evangelho de Lucas, na qual Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, os ensina a desejar a paz aonde entrarem, a saudação do pontífice refere-se à “casa” que é “cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história”.
“A boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”, afirmou o papa na mensagem deste 1º de janeiro.
O pontífice aborda o desafio da boa política, que é um “meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição”.
Para Francisco, “se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade”.
Recordando Bento XVI, Francisco destaca que “quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político”. Também são retomadas pelo papa as “bem-aventuranças do político”, propostas pelo cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002.
Em sua mensagem, o papa ainda chama atenção para os vícios da política, insiste na boa política que promove a participação dos jovens e a confiança no outro e diz “não à guerra nem à estratégia do medo”, indicando um grande projeto de paz, “que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos”.
Leia a mensagem na íntegra.
MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ
1º DE JANEIRO DE 2019
«A BOA POLÍTICA ESTÁ AO SERVIÇO DA PAZ»
«A paz esteja nesta casa!»
Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis, pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»
O desafio da boa política
A paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade.
Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e da paz
O Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde caminha a história da família humana».[4]Trata-se de um programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a fidelidade.
A propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo.[5]
Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.
Os vícios da política
A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio.
A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa «fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver. Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um instrumento de diálogo».[6]
Cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas sociedades necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos mensageiros e testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família humana.
Não à guerra nem à estratégia do medo
Cem anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje, ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas.
O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.
Um grande projeto de paz
Celebra-se, nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
– a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
– a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
– a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro.
A política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (…), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55).
Vaticano, 8 de dezembro de 2018.
Franciscus
[1] Cf. Lc 2, 14: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado».
[2] Cf. Le Porche du mystère de la deuxième vertu (Paris 1986).
[3] Carta ap. Octogesima adveniens (14/V/1971), 46.
[4] Carta enc. Caritas in veritate (29/V/2009), 7.
[5] Cf. «Discurso na Exposição-Encontro “Civitas” de Pádua»: Revista 30giorni (2002-nº 5).
[6] Bento XVI, Discurso às Autoridades do Benim (Cotonou, 19/XI/2011).
[7] Carta enc. Pacem in terris (11/IV/1963), 24 (44).
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Papa em 2019: desafios, encontros e viagens
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Papa em 2019: desafios, encontros e viagens
O novo ano será para o Papa Francisco pleno de atividades, encontros e desafios. Assinalamos aqui algumas dessas etapas.
Rui Saraiva – Porto
Viagens Apostólicas
Neste Ano Novo ganha relevo a agenda já bem preenchida do Papa Francisco para 2019. Estão já assinaladas quatro Viagens Apostólicas: o Panamá neste mês de janeiro para as Jornadas Mundiais da Juventude, de 25 a 27; em fevereiro, de 3 a 5, o Santo Padre viajará até aos Emiratos Árabes Unidos; Marrocos será a etapa do mês de março, nos dias 30 e 31 e em maio o Papa viajará na Europa visitando a Bulgária e a Macedónia.
Encontro sobre proteção dos menores na Igreja
Entretanto, muito aguardado no Vaticano neste novo ano será o encontro agendado para os próximos dias 21 a 24 de fevereiro. O Papa convocou um grande encontro para debater o tema da “proteção dos menores na Igreja”. Estarão presentes os presidentes das várias conferências episcopais, os chefes das Igrejas católicas orientais, os superiores da Secretaria de Estado do Vaticano, os prefeitos das várias congregações e dicastérios da Cúria Romana e os representantes dos institutos religiosos.
O Papa Francisco referiu-se de forma clara e incisiva a este tema, que tanto tem atormentado a Igreja, no passado encontro de saudações natalícias no Vaticano com a Cúria Romana, tendo afirmado que é fundamental erradicar da Igreja Católica aqueles que, a coberto da sua consagração a Deus, “abusam dos fracos, valendo-se do seu poder moral e de persuasão”.
“Ministros, que dilaceram o corpo da Igreja, causando escândalos e desacreditando a missão salvífica da Igreja e os sacrifícios de muitos dos seus irmãos” – frisou o Papa.
Francisco afirmou que não haverá lugar na Igreja Católica para situações de pedofilia, para “lobos vorazes”, cujos atos “deformam o rosto da Igreja, minando a sua credibilidade”. O Santo Padre dirigiu-se diretamente aos membros do clero que abusam de menores, citando palavras de Cristo:
“E a quantos abusam dos menores, gostaria de dizer: convertei-vos, entregai-vos à justiça humana e preparai-vos para a justiça divina, lembrando-vos das palavras de Cristo: «se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar” – afirmou Francisco.
A este propósito, em 2018 foram motivo de grande preocupação para o Papa situações difíceis como aquela que o Santo Padre viveu com a atitude de encobrimento de bispos do Chile perante denúncias de abusos sexuais.
Para este grande evento de fevereiro no Vaticano, sobre a proteção dos menores na Igreja, foi nomeada uma comissão organizadora com os seguintes elementos: o cardeal Blase J. Cupich, de Chicago (EUA); o cardeal Oswald Gracias, de Bombaim (Índia); D. Charles Scicluna, arcebispo de Malta e secretário-adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé e o padre Hans Zollner, presidente do Centro para a Proteção de Menores da Universidade Pontifícia Gregoriana.
Esta Comissão Organizadora já fez saber aos bispos, que vão participar neste grande encontro de fevereiro, que será importante receberem as vítimas de abusos antes de rumarem ao Vaticano.
Sínodo Pan-Amazônico
Um dos acontecimentos mais aguardados em 2019 será o Sínodo Pan-Amazónico que decorrerá no Vaticano durante o mês de outubro. Recentemente, o cardeal brasileiro Claudio Hummes enviou uma mensagem de encorajamento a todos os que estão envolvidos na preparação deste Sínodo, como noticiou o Vatican News. O purpurado que é presidente da REPAM, a Rede Eclesial Pan-Amazónica, agradece a dedicação de todos os que estão a preparar este Sínodo e realça a importância de escutar o povo, os seus sofrimentos e reivindicações, procurando novos caminhos para o futuro.
“Vocês que estão ali, no dia-a-dia, no trabalho, e tendo a alegria de se encontrar com o povo, com os indígenas, com o povo ribeirinho, esse povo muitas vezes esquecido, sofrido, abandonado, injustiçado, explorado. Vocês estão tendo essa grande oportunidade de estar aí, juntos, e este povo está podendo sentir que, através de vocês, a Igreja está querendo escutá-los, seus sonhos, sofrimentos, reivindicações” – diz o Cardeal Hummes na sua mensagem.
Até ao mês de dezembro de 2018, já foram realizadas, no Brasil, 19 assembleias territoriais, que são os encontros de escuta promovidos pela REPAM-Brasil, em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ainda as dioceses e outros organismos da Igreja.
Outras atividades que fizeram parte deste processo foram as Rodas de Conversa. Estes encontros menores envolveram 57 grupos em toda a Amazónia brasileira. Foram escutadas as comunidades indígenas, agentes de pastoral, conselhos, congregações religiosas e outros grupos.
Considerando toda a região Pan Amazônica foram cerca de 120 eventos de preparação do Sínodo, entre assembleias e rodas de conversa realizadas em países como a Bolívia, o Brasil, a Colômbia, o Equador, o Peru e a Venezuela.
Todos os contributos serão organizados até ao mês de fevereiro e enviados para o Vaticano para ser redigido o Instrumentum Laboris para a Assembleia Sinodal. O Sínodo Pan-Amazônico está a ser aguardado com grande expectativa e poderá vir a formular importantes novidades pastorais.
Em 2019, o Papa Francisco terá uma agenda bem repleta de atividades e alguns desafios para enfrentar em etapas bem intensas e repletas de encontros. E começa já em janeiro com a Viagem ao Panamá para as Jornadas Mundiais da Juventude. Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 26- Angelus com o Papa: "Entregar-se a Deus e saber perdoar", como S. Estêvão.
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Antes de rezar a oração mariana do Angelus, nesta quarta-feira de sol na praça São Pedro, o Papa falou aos fiéis sobre as analogias na vida de Estêvão e de Jesus.
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Ainda no clima de alegria pelo anúncio do nascimento de Cristo, a Igreja celebra neste dia 26 de dezembro-2018, a festividade de Santo Estêvão, diácono e primeiro mártir, perseguido e morto em Jerusalém.
Antes de rezar a oração mariana do Angelus, nesta quarta-feira de sol na Praça São Pedro, o Papa falou aos fiéis sobre as analogias na vida de Estêvão e do próprio Jesus. Ambos entregaram seu espírito a Deus no momento da morte: Estêvão ao ser lapidado, e Jesus na cruz.
Entregar-se a Deus com confiança
“O comportamento de Estêvão que imita fielmente o gesto de Jesus é um convite a cada um de nós a receber com fé, das mãos do Senhor, aquilo que a vida nos oferece de positivo e de negativo".
Nossa existência não é marcada apenas por circunstâncias felizes, mas também por dificuldades e perdas; mas a confiança em Deus nos ajuda a acolher os momentos fadigosos e a vivê-los como ocasião de crescimento na fé e construção de novas relações com os irmãos. Trata-se de abandonar-nos nas mãos do Senhor, que sabemos ser um Pai rico de bondade com seus filhos”.
Saber perdoar e rezar sempre
A segunda atitude indicada por Francisco como comum entre Estêvão e Jesus foi o perdão. Nenhum dos dois maldisse seus perseguidores, mas rezaram por eles. “O perdão engradece o coração, gera partilha, doa serenidade e paz. O protomártir Estêvão nos aponta o caminho a percorrer nas relações interpessoais de família, na escola e no trabalho, na paróquia e nas comunidades".
“ A lógica do perdão e da misericórdia é sempre vitoriosa e abre horizontes de esperança; mas o perdão se cultiva com a oração, que nos permite fixar o olhar em Jesus ”
Terminando, o Pontífice lembrou que é a oração que nos fortalece, e por isso, temos que pedir sempre ao Espírito Santo para que derrame sobre nós o dom da força, que cura nossos medos, nossas fraquezas, nossa pequenez. “Invoquemos a intercessão de Maria e de Santo Estêvão. Que nos ajudem a entregamo-nos sempre mais a Deus, especialmente nos momentos difíceis, e nos ampare no propósito de sermos homens e mulheres capazes de perdoar”.
Após conceder a bênção a todos os presentes e a nós, que a recebemos pelo rádio e TV, Francisco agradeceu as mensagens e votos pelas festividades de Natal chegadas de todas as partes do mundo, pediu a todos que rezem por ele e, desejando como sempre ‘bom almoço’, se despediu dos féis. Fonte: www.vaticannews.va
Homilia do Papa Francisco na Missa da Noite de Natal
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"Belém é o remédio para o medo, porque lá, não obstante os «nãos» do homem, Deus diz para sempre «sim»: será para sempre Deus conosco".
Cidade do Vaticano
Na noite do dia 24 de dezembro, véspera do Santo Natal, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro a Santa Missa com fiéis de várias partes do mundo. Confira a homilia na íntegra:
"Juntamente com Maria sua esposa, José subiu «à cidade de David, chamada Belém» (Lc 2, 4). Nesta noite, também nós subimos a Belém, para lá descobrir o mistério do Natal.
1-Belém: o nome significa casa do pão. Hoje, nesta «casa», o Senhor marca encontro com a humanidade. Sabe que precisamos de alimento para viver. Mas sabe também que os alimentos do mundo não saciam o coração. Na Sagrada Escritura, o pecado original da humanidade aparece associado precisamente com o ato de tomar alimento: «…agarrou do fruto, comeu» – diz o livro do Génesis (3, 6). Agarrou e comeu. O homem tornou-se ávido e voraz. Para muitos, o sentido da vida parece ser possuir, estar cheio de coisas. Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje em que alguns se banqueteiam lautamente enquanto muitos não têm pão para viver.
Belém é o ponto de viragem no curso da história. Lá Deus, na casa do pão, nasce numa manjedoura; como se quisesse dizer-nos: Estou aqui ao vosso dispor, como vosso alimento. Não agarra, oferece de comer; não dá uma coisa, mas dá-Se a Si mesmo. Em Belém, descobrimos que Deus não é alguém que agarra a vida, mas Aquele que dá a vida. Ao homem, habituado desde os primórdios a agarrar e comer, Jesus começa a dizer: «Tomai, comei. Este é o meu corpo» (Mt 26, 26). O corpo pequenino do Menino de Belém lança um novo modelo de vida: não devorar e acumular, mas partilhar e dar. Deus faz-Se pequeno, para ser nosso alimento. Nutrindo-nos d’Ele, Pão de vida, podemos renascer no amor e romper a espiral da avidez e da ganância. A partir da «casa do pão», Jesus traz o homem de regresso a casa, para que se torne familiar do seu Deus e irmão do seu próximo. Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar.
O Senhor sabe que precisamos de nos alimentar todos os dias. Por isso, ofereceu-nos todos os dias da sua vida, desde a manjedoura de Belém até ao cenáculo de Jerusalém. E ainda hoje, no altar, faz-Se pão partido para nós: bate à porta, para entrar e cear connosco (cf. Ap 3, 20). No Natal, recebemos Jesus, Pão do céu na terra: trata-se de um alimento cuja validade é ilimitada, fazendo-nos saborear já agora a vida eterna.
Em Belém, descobrimos que a vida de Deus corre nas veias da humanidade. Se a acolhermos, a história muda a partir de cada um de nós; com efeito, quando Jesus muda o coração, o centro da vida já não é o meu «eu» faminto e egoísta, mas Ele, que nasce e vive por amor. Nesta noite, chamados a ir até Belém, casa do pão, interroguemo-nos: Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer? Depois, entrando na gruta, ao vislumbrar na terna pobreza do Menino uma nova fragrância de vida, a da simplicidade, perguntemo-nos: Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples? Em Belém, ao pé de Jesus, vemos pessoas que caminharam, como Maria, José e os pastores. Jesus é o Pão do caminho. Não Se compraz com as digestões lentas, longas e sedentárias, mas pede que nos levantemos rapidamente da mesa a fim de servir como pães partidos para os outros. Perguntemo-nos: No Natal, reparto o meu pão com aqueles que estão sem ele?
2-Depois de Belém, casa do pão, reflitamos sobre Belém, cidade de David. Lá David, na sua adolescência, era pastor e, como tal, foi escolhido por Deus, para ser pastor e guia do seu povo. No Natal, na cidade de David, são precisamente os pastores que acolhem Jesus. Naquela noite, quando «a glória do Senhor refulgiu em volta deles – diz o Evangelho –, tiveram muito medo» (Lc2, 9), mas o anjo disse-lhes: «Não temais» (2, 10). Reaparece muitas vezes no Evangelho esta frase «não temais»: parece o refrão de Deus à procura do homem. Porque o homem desde o princípio, por causa do pecado, tem medo de Deus: «…cheio de medo, escondi-me» (Gn3, 10) – diz Adão, depois do pecado. Belém é o remédio para o medo, porque lá, não obstante os «nãos» do homem, Deus diz para sempre «sim»: será para sempre Deus connosco. E, para que a sua presença não provoque medo, faz-Se um terno menino. A frase «não temais» não é dirigida a santos, mas a pastores, pessoas simples que então não primavam por garbo nem devoção. O Filho de David nasceu no meio dos pastores, para nos dizer que doravante ninguém estará sozinho; temos um Pastor que vence os nossos medos e nos ama a todos, sem exceção.
Os pastores de Belém mostram-nos também como ir ao encontro do Senhor. Velam durante a noite: não dormem, mas fazem aquilo que Jesus nos pedirá várias vezes: vigiar (cf. Mt 25, 13; Mc 13, 35; Lc 21, 36). Permanecem vigilantes; aguardam, acordados, na escuridão; e a glória de Deus «refulgiu em volta deles» (Lc 2, 9). O mesmo vale para nós. A nossa vida pode ser uma expetação, em que a pessoa, mesmo nas noites dos problemas, se confia ao Senhor e O deseja; então receberá a sua luz. Ou então uma pretensão, na qual contam apenas as próprias forças e meios; mas, neste caso, o coração permanece fechado à luz de Deus. O Senhor gosta de ser aguardado e não é possível aguardá-Lo no sofá, dormindo. De facto, os pastores movem-se: «foram apressadamente» – diz o texto (2, 16). Não ficam parados como quem sente ter chegado a casa e não precisa de nada; mas partem, deixam o rebanho indefeso, arriscam por Deus. E depois de terem visto Jesus, embora sem grande habilidade para falar, vão anunciá-Lo, de modo que «todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores»"(2, 18).
Esperar acordado, ir, arriscar, contar a beleza são gestos de amor. O bom Pastor, que vem no Natal para dar a vida às ovelhas, na Páscoa dirigirá a Pedro, e através dele a todos nós, a pergunta determinante: «Tu Me amas?» (Jo 21, 15). Da resposta, dependerá o futuro do rebanho. Nesta noite, somos chamados a responder, dizendo-Lhe também nós: «Sou deveras teu amigo». A resposta de cada um é essencial para todo o rebanho.
«Vamos a Belém…» (Lc 2, 15): assim disseram e fizeram os pastores. Também nós, Senhor, queremos vir a Belém. O caminho, ainda hoje, é difícil: é preciso superar os cumes do egoísmo, evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo. Quero chegar a Belém, Senhor, porque é lá que me esperas. E dar-me conta de que Tu, colocado numa manjedoura, és o pão da minha vida. Preciso da terna fragrância do teu amor, a fim de tornar-me, por minha vez, pão repartido para o mundo. Toma-me sobre os teus ombros, bom Pastor: amado por Ti, conseguirei também eu amar tomando pela mão os irmãos. Então será Natal, quando Te puder dizer: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu sou deveras teu amigo!» (Jo21, 17)". Fonte: www.vaticannews.va
"Mensagem e Benção Urbi et Orbi": “Redescobrir neste Natal os laços de fraternidade que nos unem”. Francisco.
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MENSAGEM DE NATAL DE FRANCISCO: “Redescobrir neste Natal os laços de fraternidade que nos unem”.
"Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os nossos esforços por um mundo mais justo ficam sem fôlego, e mesmo os melhores projetos correm o risco de se tornar estruturas sem alma", disse o Pontífice em sua mensagem de Natal, diante dos 50 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro. O Papa pediu paz em particular para a Terra Santa, a África, Venezuela, Nicarágua, Iêmen, Síria, Ucrânia, Península Coreana.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
“Glória a Deus nas Alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade”. Votos natalinos de fraternidade a todos os irmãos em humanidade!
Após a solene celebração da Missa do Galo na Noite de Natal, o Santo Padre pronunciou sua Mensagem natalina ao meio dia desta terça-feira (25.12/2018), Dia de Natal, na sacada central da Basílica de São Pedro, dirigida aos fiéis do mundo inteiro.
“Queridos irmãos e irmãs, Feliz Natal! Aos fiéis de Roma, aos peregrinos e a todos os que, das diversas partes do mundo, estão sintonizados conosco, renovo o jubiloso anúncio de Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Como os pastores, os primeiros que acorreram à gruta, disse o Papa, ficamos maravilhados com o sinal que Deus nos deu: “Um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Em silêncio, ajoelhemos e O adoremos! E perguntou: “O que aquele Menino, que nasceu para nós da Virgem Maria quer nos dizer neste dia? Qual a sua mensagem universal? E Francisco respondeu:
“Ele nos diz que Deus é um bom Pai e nós somos todos irmãos. Esta verdade está na base da visão cristã da humanidade. Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os nossos esforços por um mundo mais justo não têm sentido e até os nossos melhores projetos correm o risco de se tornar sem alma. Por isso, as minhas felicitações natalinas são os votos de fraternidade”.
Seus votos de Fraternidade vão às pessoas de todas as nações e culturas; às de ideias diferentes, mas capazes de se respeitar e ouvir umas às outras; e às pessoas das diferentes religiões. E acrescentou: “Jesus veio revelar o rosto de Deus a todos os que procuram. O rosto de Deus manifestou-se em um rosto humano, concreto; não sob a forma de um anjo, mas de homem, nascido em um tempo e lugar concretos. Assim, com a sua encarnação, o Filho de Deus nos indica que a salvação passa através do amor, da hospitalidade, do respeito pela nossa pobre humanidade, com a sua variedade de etnias, línguas, culturas. Mas, todos somos irmãos em humanidade!”
Logo, disse Francisco, as nossas diferenças não constituem um dano nem um perigo, pelo contrário, são uma riqueza, como nos ensina a nossa experiência de família, onde há um laço indissolúvel de amor. E expressou seus sinceros votos de que este Natal nos faça redescobrir os laços de fraternidade que nos unem como seres humanos e interligam todos os povos:
Israelenses e Palestinos
“Que este Natal permita a Israelenses e Palestinos retomar o diálogo e embocar um caminho de paz; que possam colocar um ponto final em um conflito que, há mais de setenta anos, dilacera a Terra que o Senhor escolheu para mostrar seu rosto de amor”.
O Santo Padre fez seus votos de Natal, acompanhados de seus apelos. também a outros povos:
Síria
“Que o Menino Jesus permita, à amada e atormentada Síria, reencontrar a fraternidade depois destes longos anos de guerra. Que a Comunidade Internacional trabalhe com decisão para uma solução política que acabe com as divisões e os interesses de parte, de modo que o povo sírio, especialmente os que foram obrigados a deixar as suas terras e buscar refúgio em outros lugares, possa voltar a viver em paz na sua pátria”.
Francisco continuou elevando seu pensamento a outros países, aos quais faz seus apelos de paz, por ocasião do Natal do Senhor:
Iêmen
“Penso no Iêmen, com a esperança de que a trégua mediada pela Comunidade Internacional possa, finalmente, levar alívio a tantas crianças e às populações exaustas pela guerra e a carestia”.
África
“Penso na África, onde milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas precisam de assistência humanitária e segurança alimentar. O Deus Menino, Rei da Paz, faça calar as armas e surgir uma nova aurora de fraternidade em todo o Continente, abençoando os esforços de quantos trabalham para favorecer percursos de reconciliação a nível político e social”.
Península Coreana
“Que o Natal fortaleça os vínculos fraternos, que unem a península da Coreia, e permita prosseguir no caminho de aproximação empreendido para se chegar a soluções compartilhadas e a todos assegurar progresso e bem-estar”.
Venezuela
“Que este tempo de bênção permita à Venezuela reencontrar a concórdia e, a todos os componentes da sociedade, trabalhar fraternalmente para o desenvolvimento do país e prestar assistência aos setores mais vulneráveis da população”.
Ucrânia
“O Recém-nascido leve alívio à amada Ucrânia, ansiosa de ter uma paz duradoura, que tarda a chegar. Só com a paz, respeitadora dos direitos de cada nação, é que o país poderá se recuperar das tribulações sofridas e restabelecer condições de vida dignas para os seus cidadãos. Solidário com as comunidades cristãs daquela Região, rezo para que possam tecer relações de fraternidade e amizade”.
Nicarágua
“Que, diante do Menino Jesus, os habitantes da querida Nicarágua redescubram ser irmãos, que não prevaleçam as divisões e as discórdias, mas todos trabalhem para favorecer a reconciliação e, juntos, construir o futuro do país”.
O Santo Padre recordou também os povos que sofrem colonizações ideológicas, culturais e econômicas, que veem dilaceradas a sua liberdade e identidade e sofrem por causa da fome e da carência de serviços educativos e sanitários.
Cristãos perseguidos
Por fim, Francisco dirigiu seu pensamento às inúmeras pessoas que não têm voz e sofrem por causa do nome do Senhor Jesus:
“Meu pensamento vai, de modo particular, aos nossos irmãos e irmãs que celebram a Natividade do Senhor em contextos difíceis, para não dizer hostis, especialmente onde a comunidade cristã é uma minoria, por vezes frágil ou desconsiderada. Que o Senhor conceda a eles e a todas as minorias, a graça de viver em paz e ver reconhecidos os seus direitos, sobretudo a liberdade religiosa”.
Crianças
Francisco concluiu sua Mensagem de Natal pedindo ao Menino Jesus, que hoje contemplamos na manjedoura, que proteja todas as crianças da terra e todas as pessoas frágeis, indefesas e descartadas.
“Que todos nós possamos receber a paz e o conforto do Nascimento do Salvador, para que, sentindo-nos amados pelo único Pai celeste, possamos nos reencontrar e viver como irmãos!
Após a sua Mensagem de Natal, - um verdadeiro apelo de Paz para muitas Nações, - o Santo Padre concedeu a sua Bênção apostólica “Urbi et Orbi” à Cidade de Roma, aos peregrinos presentes na Praça São Pedro e a todos os fiéis espalhados pelo mundo. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa na Missa do Galo: “Jesus, alimento de amor e simplicidade”.
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Papa na Missa do Galo: “Jesus, alimento de amor e simplicidade”.
Na homilia da Santa Missa de Natal, celebrada pelo Papa Francisco na noite desta segunda-feira (24/12/2018), o convite do Pontífice a, diante da manjedoura e de Deus que se faz pequeno em Belém, compreendermos que não é a avidez e a ganância que alimentam a vida, mas o amor, a caridade e a simplicidade.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A tradicional Missa do Galo foi celebrada pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro na noite desta segunda-feira (24). A cerimônia, um dos momentos litúrgicos mais aguardados do ano, foi retransmitida ao vivo para o mundo todo em 8 idiomas, como em português para o Brasil, com imagens em altíssima definição (standard 4K) e em elevado padrão tecnológico.
A Santa Missa foi precedida pela “Kalenda”, tradicional canto grego do anúncio litúrgico do Natal do Senhor. Francisco revelou a imagem do Menino Jesus, quando então os sinos da Basílica tocaram e as luzes foram acesas.
O caminho até Belém, “a casa do pão”
Na homilia, para descobrir juntos o mistério do Natal, o Papa Francisco convidou a percorrer, com Maria e José, o caminho até Belém, cujo nome significa “casa do pão”. Nessa “casa”, diz o Pontífice, “o Senhor marca encontro com a humanidade” para oferecer o alimento que dá vida, porque aqueles do mundo “não saciam o coração”.
O homem tornou-se ávido e voraz. Para muitos, o sentido da vida parece ser possuir, estar cheio de coisas. Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje em que alguns se banqueteiam lautamente enquanto muitos não têm pão para viver. Belém é o ponto de viragem no curso da história. Lá Deus, na casa do pão, nasce numa manjedoura; como se quisesse nos dizer: Estou aqui ao vosso dispor, como vosso alimento.
Deus, então, oferece de comer, diz o Papa, “não dá uma coisa, mas Se dá a Si mesmo. Em Belém, descobrimos que Deus não é alguém que agarra a vida, mas Aquele que dá a vida”.
Com Jesus, nasce um modelo de vida
O Santo Padre apresenta, assim, “um novo modelo de vida” através da imagem do corpo pequeno do Menino Jesus e para renascer no amor e romper a espiral da avidez e da ganância: “não devorar e acumular, mas partilhar e dar”.
“ Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar. ”
No Natal, acrescenta o Papa, recebemos Jesus, “Pão do céu na terra”, um alimento sem data de validade e que ajuda a mudar o nosso coração, já que o centro da vida não é mais o “eu, faminto e egoísta”, mas Jesus, que nasce e vive por amor.
Nesta noite, chamados a ir até Belém, casa do pão, nos interroguemos: Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer? [...] Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples? [...] No Natal, reparto o meu pão com aqueles que estão sem ele?
O exemplo dos pastores de Belém
Depois de Belém, a casa do pão, o Papa Francisco convida a refletir sobre Belém, cidade de David, um pastor e, como tal, escolhido por Deus para guiar o seu povo. Assim como o Filho de David, nasceu e foi acolhido pelos pastores, uma figura que vence medos e ama todos, sem exceção, disse o Papa.
Os próprios pastores de Belém são pessoas simples que “não primavam por garbo, nem devoção”, além de permanecerem sempre vigilantes: “ O mesmo vale para nós. A nossa vida pode ser uma expetação, em que a pessoa, mesmo nas noites dos problemas, se confia ao Senhor e O deseja; então receberá a sua luz. Ou então uma pretensão, na qual contam apenas as próprias forças e meios; mas, neste caso, o coração permanece fechado à luz de Deus. O Senhor gosta de ser aguardado e não é possível aguardá-Lo no sofá, dormindo. ”
Os pastores têm essa característica de não ficarem parados, diz o Papa, mas de ir e arriscar por Deus, “contar a beleza são gestos de amor”.
«Vamos a Belém…» (Lc 2, 15): assim disseram e fizeram os pastores. Também nós, Senhor, queremos vir a Belém. O caminho, ainda hoje, é difícil: é preciso superar os cumes do egoísmo, evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo. Quero chegar a Belém, Senhor, porque é lá que me esperas. E me dar conta de que Tu, colocado numa manjedoura, és o pão da minha vida. Preciso da terna fragrância do teu amor, a fim de me tornar, por minha vez, pão repartido para o mundo. Toma-me sobre os teus ombros, bom Pastor: amado por Ti, conseguirei também eu, amar, tomando pela mão os irmãos.
No final da celebração, o Santo Padre levou a imagem do Menino Jesus em procissão até o presépio. Fonte: www.vaticannews.va
4º DOMINGO DO ADVENTO: “Vivamos um Natal "extrovertido", colocando Jesus no centro”. Francisco.
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O Evangelho da visita de Maria a Isabel nos prepara para viver bem o Natal, comunicando-nos o dinamismo da fé e da caridade, explicou o Papa no Angelus do IV domingo do Advento. (23/12/2018).
Queridos irmãos e irmãs,
A liturgia deste IV domingo do Advento coloca em destaque a figura de Maria, a Virgem Mãe, à espera de dar à luz Jesus, o Salvador do mundo. Fixemos o olhar sobre ela, modelo de fé e de caridade; e podemos nos perguntar: quais eram os seus pensamentos nos meses de espera? A resposta vem precisamente do trecho evangélico de hoje, a narração da visita de Maria à sua idosa parente Isabel. O anjo Gabriel lhe havia revelado que Isabel esperava um filho e já estava no sexto mês. E então a Virgem, que tinha acabado de conceber Jesus por obra de Deus, partiu apressadamente de Nazaré, na Galileia, para as montanhas da Judeia.
Diz o Anjo: Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Certamente se felicitou com ela por sua maternidade, assim como, por sua vez, Isabel saudou Maria, dizendo: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?" E logo louvou a sua fé: "Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". É evidente o contraste entre Maria, que teve fé, e Zacarias, o marido de Isabel, o qual não tinha acreditado na promessa do anjo e por isso permaneceu mudo até o nascimento de João.
Este episódio nos ajuda a ler com uma luz especial o mistério do encontro do homem com Deus. Um encontro que não é marcado por clamorosos prodígios, mas é marcado pela fé e pela caridade. Maria, de fato, é bem-aventurada porque acreditou: o encontro com Deus é fruto da fé. Zacarias, ao invés, que não acreditou, ficou surdo e mudo, para crescer na fé durante o silêncio: sem fé, se fica inevitavelmente surdo à voz consoladora de Deus; e se é incapaz de pronunciar palavras de consolo e de esperança para os nossos irmãos.
A fé, por sua vez, se alimenta na caridade. O evangelista narra que Maria se levantou e se dirigiu apressadamente até Isabel. Levantou-se: um gesto repleto de esmero. Ela poderia ter ficado em casa para preparar o nascimento do seu filho, ao invés se preocupou mais com os outros do que consigo mesma, demonstrando nos fatos já ser discípula daquele Senhor que carrega no ventre. O evento do nascimento de Jesus começou assim, com um simples gesto de caridade; na verdade, a caridade autêntica sempre é fruto do amor de Deus.
O Evangelho da visita de Maria a Isabel nos prepara para viver bem o Natal, comunicando-nos o dinamismo da fé e da caridade. Este dinamismo é obra do Espírito Santo: o Espírito de Amor que fecundou o ventre virginal de Maria e a levou ao serviço da parente idosa. Um dinamismo repleto de alegria, como se vê no encontro entre as duas mães, que é um hino de alegre exultação no Senhor, que realiza grandes coisas com os pequenos que confia Nele.
Que a Virgem Maria nos dê a graça de viver um Natal extrovertido: que no centro não esteja o nosso “eu”, mas o Tu de Jesus e o tu dos irmãos, especialmente daqueles que necessitam de ajuda. Então deixaremos espaço ao Amor que, também hoje, quer se fazer carne e vir habitar no meio de nós. Fonte: www.vaticannews.va
QUINTA-FEIRA 20. HOMILIA DO PAPA: “A Anunciação revoluciona a história”.
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Durante a Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa se detém sobre o mistério da Anunciação, o momento em que a história do homem muda completamente.
Barbara Castelli - Cidade do Vaticano (20/12/2018)
Uma passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1: 26-38) "difícil de pregar", em que o "Deus das surpresas" muda o destino do homem. Foi o que enfatizou o Papa Francisco durante a Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta.
A passagem do Evangelho de Lucas que ouvimos nos fala do momento decisivo da história, mais revolucionário. É uma situação convulsiva, tudo muda, a história fica de cabeça para baixo. É difícil pregar sobre essa passagem. E quando no Natal ou no dia da Anunciação professamos a fé para dizer este mistério, nos ajoelhamos. É o momento em que tudo muda, tudo, da raiz. Liturgicamente hoje é o dia da raiz. A Antífona de hoje e que marca é a raiz de Jessé, "da qual nascerá um broto". Deus se abaixa, Deus entra na história e o faz com seu estilo original: uma surpresa. O Deus das surpresas nos surpreende (mais) uma vez.
Durante a homilia, o Pontífice relê o Evangelho de hoje, para que a assembleia possa refletir sobre o alcance do Anúncio.
O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela. Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 19. Papa na Audiência Geral: Natal, revanche da humildade sobre a arrogância.
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Celebrar o Natal é “acolher na terra as surpresas do Céu que trouxe suas novidades ao mundo. O Natal inaugura uma nova era, onde a vida não se programa, mas se doa", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Na Audiência Geral, desta quarta-feira (19/12/2018), na Sala Paulo VI, o Papa Francisco recordou aos fiéis que faltam seis dias para o Natal.
Em sua catequese intitulada “Natal: as surpresas que agradam a Deus”, o Pontífice frisou que as árvores, decorações e luzes em todos os lugares nos lembram que também este ano será uma festa. A máquina publicitária convida a trocar novos presentes e fazer surpresas.
“Mas esta é a festa que agrada a Deus? De que Natal ele gostaria? Quais presentes e surpresas?”
“Olhemos ao primeiro Natal da história a fim de descobrir os gostos de Deus. Aquele Natal foi cheio de surpresas. Começamos com Maria, prometida em casamento a José: o anjo chega e muda sua vida. De virgem ela passará a ser mãe. Prossegue-se com José, chamado a ser pai de um filho sem gerá-lo. Um filho que chega no momento menos indicado, ou seja, quando Maria e José eram noivos e, de acordo com a Lei, não podiam morar juntos.”
Natal causa mudanças inesperadas de vida
“Diante do escândalo, o bom senso da época convidava José a repudiar Maria e salvar o seu nome, mas ele, que mesmo tendo direito, surpreende: para não prejudicar Maria pensa em deixá-la sem ninguém saber, ao custo de perder sua reputação. Então outra surpresa: no sonho, Deus muda os seus planos e lhe pede para receber Maria como esposa. Tendo nascido Jesus, quando tinha seus projetos para a família, mais uma vez em sonho lhe foi dito para se levantar e ir para o Egito. O Natal causa mudanças inesperadas de vida.”
O Papa disse que é na “noite de Natal que chega a maior surpresa: o Altíssimo é um menino. A Palavra divina é uma criança que literalmente significa “incapaz de falar”. O Salvador não é acolhido pelas autoridades da época, mas por simples pastores que, surpreendidos pelos anjos enquanto trabalhavam à noite, correm sem demora. Quem teria esperado isso? Natal é celebrar o inédito de Deus, ou melhor, um Deus inédito, que inverte as nossas lógicas e nossas expectativas.”
Natal inaugura uma nova era
Segundo Francisco, celebrar o Natal é “acolher na terra as surpresas do Céu que trouxe suas novidades ao mundo. O Natal inaugura uma nova era, onde a vida não se programa, mas se doa; onde não se vive mais para si, de acordo com seus próprios gostos, mas para Deus e com Deus, porque a partir do Natal Deus é o Deus conosco. Viver o Natal é deixar-se abalar por sua surpreendente novidade. O Natal de Jesus não oferece o calor reconfortante da lareira, mas o arrepio divino que sacode a história. O Natal é a revanche da humildade sobre a arrogância, da simplicidade sobre a abundância, do silêncio sobre o tumulto, da oração sobre O “meu tempo”, de Deus sobre o meu “eu”.
Celebrar o Natal é fazer como Jesus que veio até nós. “É caminhar em direção a quem precisa de nós. É fazer como Maria: confiar-se docilmente a Deus, mesmo sem entender o que Ele fará. É fazer como José: levantar-se para realizar o que Deus quer, mesmo que não esteja de acordo com nossos planos. São José é surpreendente: ele nunca fala no Evangelho e o Senhor fala com ele em silêncio, no sono. Natal é preferir a voz silenciosa de Deus ao barulho do consumismo. Se soubermos ficar em silêncio diante do presépio, o Natal será uma surpresa para nós, não algo já visto”.
Não mundanizemos o Natal
Francisco sublinhou que, infelizmente, “é possível confundir a festa e preferir as coisas usuais da terra às novidades do Céu. Se o Natal for apenas uma bonita festa tradicional, onde nós estamos no Centro e não Ele, será uma ocasião perdida. Por favor, não mundanizemos o Natal! Não coloquemos de lado a pessoa festejada, como então, quando veio para a sua casa, mas os seus não a receberam”.
O Papa disse que “será Natal se, como José, dermos espaço ao silêncio; se, como Maria, dissermos a Deus “aqui estou”; se, como Jesus, estarmos próximos daqueles que estão sozinhos; se, como os pastores, deixarmos nossos recintos para estar com Jesus. Será Natal, se encontrarmos a luz na pobre gruta de Belém”.
“Não será Natal se procurarmos o brilho cintilante do mundo, se nos enchermos de presentes, almoços e jantares, mas não ajudarmos pelo menos um pobre que se assemelha Deus, porque no Natal Deus veio pobre” ao mundo.
“Queridos irmãos e irmãs, um Feliz Natal rico das surpresas de Jesus”, concluiu o Pontífice. Fonte: www.vaticannews.va
Carta do Papa Francisco a Leonardo Boff
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O Papa Francisco está sofrendo grande oposição por parte de alguns da Cúria Romana e, curiosamente, também de membros conservadores do governo Trump, articulados com grupos conservadores e até reacionários da Igreja Católica estadonunidense, liderados pelo cardeal Viganó. A carta foi publicada por leonardoboff.wordpress.com, 17-12-2018.
Como apoio ao Papa Francisco lhe escrevi uma carta, como fiz de outras vezes. Através do embaixador argentino junto a Santa Sé, [Eduardo] Valdés, no governo de Cristina Kirchner, me respondia através dele. O mesmo fez ao escrever a encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da Casa Comum, agradecendo minha modesta colaboração.
Aqui mostro a carta de agradecimento pelo meu apoio a ele com os melhores augúrios pelos meus 80 anos de vida.
Eis a carta.
Dr. Leonardo Boff
Querido hermano,
Gracias por tu carta enviada tràmite el P. Fabiàn.
Me alegrò recibirla y te agradezco la generosidad de tus comentarios.
Recuerdo nuestro primer encuentro, en San Miguel, en una reuniòn de la CLAR, allà por los anios 72-75. Y luego te seguì leyendo algunas de tus obras.
Por estos dìas estaràs cumpliendo 80 años. Te hago llegar mis mejores augurios.
Y, por favor, no te olvides de rezar por mì. Lo hago por vos y tu Senora.
Que Jesùs te bendiga y la Virgen Santa te cuide.
Fraternalmente.
Francisco
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TERÇA-FEIRA 18, HOMILIA DO PAPA: "São José é o homem dos sonhos com os pés no chão", afirma o Papa
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O Papa Francisco dedicou a homilia desta terça-feira a São José, "homem dos sonhos", mas não um "sonhador". E pediu aos fiéis que não percam a capacidade de sonhar.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
“José é o homem que sabe acompanhar em silêncio” e é “o homem dos sonhos”. Nessas duas expressões, o Papa Francisco definiu as características de São José, ao qual dedica a homilia desta manhã (18/12/2018) na capela da Casa Santa Marta. Neste tempo de Advento, o Pontífice recordou as crianças com deficiência da Eslováquia, que realizaram as bolas para a árvore de Natal colocada no altar.
A sabedoria dos bons pais
Nas Sagradas Escrituras, conhecemos José como “um homem justo, que observa a lei, um trabalhador, humilde, apaixonado por Maria”. Num primeiro momento, diante do incompreensível, “prefere colocar-se de lado”, mas depois “Deus lhe revela a sua missão”. E assim José abraça a sua tarefa, o seu papel, e acompanha o crescimento do Filho de Deus “em silêncio, sem julgar, sem falar mal, sem fofocar”.
Ajuda a crescer, a se desenvolver. Assim procurou um lugar para que o filho nascesse; cuidou dele; o ajudou a crescer; lhe ensinou a profissão: muitas coisas... Em silêncio. Jamais tomou para si a propriedade do filho: o deixou crescer em silêncio. Deixa crescer: seria a palavra que nos ajudaria muito, a nós, que por natureza sempre queremos colocar o nariz em tudo, sobretudo na vida dos outros. “E por que faz isso? Por que faz aquilo…?” E começam a fofocar, falar…. E ele deixa crescer. Protege. Ajuda, mas em silêncio.
Uma atitude sábia que o Papa reconhece em muitos pais: a capacidade de esperar, sem dar bronca logo, mesmo diante do erro. É fundamental saber esperar, antes de dizer a palavra capaz de fazer crescer. Esperar em silêncio, como faz Deus com os seus filhos, com os quais tem muita paciência.
O homem dos sonhos
Na homilia, o Pontífice esclarece que São José era um homem concreto, mas com o coração aberto, “o homem dos sonhos”, não “um sonhador”.
O sonho é um lugar privilegiado para buscar a verdade, porque ali não nos defendemos da verdade. Vêm e… Deus fala também nos sonhos. Nem sempre, porque normalmente é o nosso inconsciente que vem, mas Deus muitas vezes escolheu falar nos sonhos. E o fez muitas vezes, na Bíblia se vê, não? Nos sonhos. Mas José era o homem dos sonhos, mas não era um sonhador, eh? Não tinha fantasias. Um sonhador é outra coisa: é aquele que crê… vai… está no ar e não tem os pés no chão. José tinha os pés no chão. Mas era aberto.
Não perder o prazer de sonhar
Por fim, Francisco pede que não se perca a capacidade de sonhar, a capacidade de se abrir ao amanhã com confiança, apesar das dificuldades que possam aparecer.
Não perder a capacidade de sonhar o futuro: cada um de nós. Cada um de nós: sonhar a nossa família, os nossos filhos, os nossos pais. Ver como eu gostaria que fosse a vida deles. Os sacerdotes também: sonhar os nossos fiéis, o que queremos para eles. Sonhar como sonham os jovens, que são “sem pudor” ao sonhar, e ali encontram um caminho. Não perder a capacidade de sonhar, porque sonhar é abrir as portas para o futuro. Ser fecundos no futuro. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: a boa política está ao serviço da paz
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A política pode se tornar uma forma eminente de caridade e servir a paz se respeitar e promover os direitos humanos, construir cidadania, encorajar os jovens. É o que afirma o Papa Francisco na Mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz a ser celebrado em 1º de janeiro.
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
"Paz para esta casa!" Com estes votos o Papa Francisco inicia o novo ano e abre a sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, divulgada nesta terça-feira, 18, em vista da recorrência do próximo 1º de janeiro. São as palavras com as quais Jesus envia os apóstolos em missão e a casa da qual fala, é "toda família, comunidade, todo país, todo continente" e é também "a nossa casa comum", da qual Deus nos confia os cuidados.
O desafio da boa política
O coração da mensagem, datada de 8 de dezembro de 2018, é a estreita relação entre a paz e a política da qual Francisco descreve potencialidades e vícios na perspectiva presente e futura, colocando ambas em um "desafio" diário, em um "grande projeto" fundado "na responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".
A paz, como uma "flor frágil que tenta florescer no meio das pedras de violência" - escreve o Papa, citando o poeta Charles Peguy – se choca com "abusos" e "injustiças", "marginalização e destruição" que a política provoca, quando "não é vivida como um serviço à comunidade".
A boa política, por outro lado, é um "veículo fundamental para construir cidadania e obras" e, se "implementada no respeito fundamental da vida, liberdade e dignidade", pode se tornar uma "forma eminente de caridade".
Caridade e virtude por uma política a serviço da paz e dos direitos
E se a ação do homem é sustentada e inspirada pela caridade, recorda Francisco citando Caritas in Veritate de Bento XVI - "contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus para a qual avança a história da família humana".
É um programa em que os políticos de todas as afiliações podem encontrar-se, contanto que operem para o bem da família humana, praticando virtudes que “sujeitam-se ao bom agir político”: justiça, equidade, respeito, sinceridade, honestidade, lealdade.
O bom político é - conforme descrito pelas bem-aventuranças do cardeal vietnamita François Xavier Nguyễn Vãn Thuận que o Papa retoma - quem tem a consciência de seu papel, quem é coerente, credível, capaz de ouvir, corajoso e comprometido com a unidade e a mudança radical. Disto a certeza expressa na Mensagem de que "a boa política está a serviço da paz".
Virtudes e vícios da política
Mas a política não é feita apenas de virtudes e de respeito pelos direitos humanos fundamentais. Francisco dedica um parágrafo de sua Mensagem aos "vícios" que "enfraquecem o ideal de uma autêntica democracia". São aquele que ele define "inépcia pessoal", "distorções no meio ambiente e nas instituições", sobretudo a corrupção e, em seguida, o não respeito das regras, a justificação do poder com a força, a xenofobia, o racismo: eles "tiram credibilidade aos sistemas", são “a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social".
Política, jovens e confiança no outro
Mas há também outro aspecto vicioso da política que o Papa destaca e que tem a ver com o futuro e os jovens. Quando o exercício do poder político - escreve ele - visa apenas "salvaguardar os interesses de certos indivíduos", o futuro "fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por ser verem condenados a permanecer à margem".
Quando, por outro lado, a política é concretamente traduzida em encorajar jovens talentos e vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e “torna-se uma confiança dinâmica". Uma política está, portanto, a serviço da paz - afirma Francisco. - se reconhece os carismas de cada pessoa entendida como "uma promessa que pode liberar novas energias".
Necessidade de artesãos da paz
Mas o clima de confiança, é a consideração do Pontífice, não é "sempre fácil", em particular "nestes tempos". A esse respeito, Francisco recorda o "medo do outro" generalizado, os "fechamentos", "os nacionalismos" que marcam a política de hoje, colocando em discussão a fraternidade de que nosso mundo globalizado tanto necessita. Disto a referência a "artesãos da paz" e autênticos "mensageiros" de Deus que animam nossas sociedades.
A este desejo se soma também, por parte do Papa, um apelo - cem anos após o fim da Primeira Guerra Mundial - de cessar com a "proliferação descontrolada de armas" e com a "escalada em termos de intimidação".
Recordam-nos a paz – diz o Pontífice- especialmente as muitas crianças vítimas da guerra . “A paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade.
A política da paz inspirada no Magnificat
O afresco que emerge da Mensagem do Papa conclui-se no último parágrafo com ênfase na relação entre direitos e deveres, para reiterar que - como nos recorda o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos - o "grande projeto político da paz" baseia-se na "responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".
Isso nos desafia no compromisso diário e nos pede uma "conversão de coração e da alma". Para aqueles que querem se comprometer na "política da paz", o Papa sugere por fim o espírito do Magnificat que Maria canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55). Fonte: www.vaticannews.va
Papa: "Chamar o Pai Nosso de 'pai' ou 'papai'"
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Na audiência desta quarta-feira (12/12/ 2018), Francisco explicou que Deus não nos quer anestesiados diante das dificuldades e sofrimentos, mas sim que elevemos ao céu as nossas necessidades, e elas se transformem num diálogo.
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano
Continuando o ciclo de catequeses sobre o Pai-Nosso iniciado semana passada, na audiência geral desta quarta-feira (12/12), o Papa Francisco explicou aos fiéis que Jesus pôs nos lábios de seus discípulos esta oração breve e audaz; e que se não fosse Ele a ensiná-la, ninguém ousaria rezar a Deus dessa forma.
A primeira oração é o nosso pranto, ao nascermos
Falando a cerca de 7 mil pessoas na Sala Paulo VI, no Vaticano, Francisco prosseguiu:
“Composta por 7 petições, o Pai-Nosso nos convida a nos aproximar de Deus com confiança filial, sem preâmbulos nem termos solenes, simplesmente chamando-O Pai, como um filho o faz com o seu pai, dirigindo-se a Ele com intimidade e confiança, pedindo-Lhe aquilo que corresponde às nossas necessidades básicas e existenciais, como é o caso do ‘pão nosso de cada dia’”.
Isto porque – disse ainda – a oração do ‘Pai Nosso’ tem raízes na realidade concreta do homem: “A fé não é uma ‘decoração’ separada da vida, que surge apenas quando nossas necessidades estão satisfeitas, quando o ‘estômago está cheio’; mas é imbuída no homem, em todo homem que tem fome, chora, luta, sofre e se pergunta ‘por que’”.
Sendo assim, a nossa primeira oração foi o choro que acompanhou nosso primeiro respiro. Naquele pranto, de recém-nascido, anunciou-se o destino de toda a nossa vida: a nossa contínua fome e sede, a nossa busca pela felicidade.
Continuar a gritar, como o cego curado pela fé
Jesus ensina que Deus não nos quer anestesiados diante das dificuldades e sofrimentos, mas sim que elevemos ao céu as nossas necessidades, e se transformem num diálogo. “Ter fé é acostumar-se a gritar, e pedir para sermos curados, como fez o cego Bartimeu com sua invocação, mais forte do que o bom-senso”. Com isso fica claro que a oração de petição, longe de ser uma forma inferior de diálogo com Deus, indica que Ele é um Pai cheio de compaixão e quer que Lhe falemos sem medo.
“A oração não só precede a salvação, mas de certa forma a contém, porque liberta do desespero de quem não crê numa saída, diante de tantas situações insuportáveis. Por isso, podemos lhe contar tudo, inclusive as coisas que em nossa vida permanecem distorcidas e incompreensíveis".
“ Ele nos prometeu ficar conosco para sempre, até o último dos dias que passaremos nesta terra ”
O Papa Francisco encerrou a sua catequese pedindo que ao rezar o ‘Pai Nosso’, iniciemos chamando-o ‘Pai’ ou simplesmente ‘papai’. Fonte: https://www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA 11. HOMILIA DO PAPA: “Assim como os mártires, deixar-se consolar por Deus”
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Na missa na capela da Casa Santa Marta, o Papa falou da consolação e fez referência aos mártires de hoje, como os coptas assassinados na praia da Líbia.
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
O Senhor nos consola com a ternura, assim como fazem as mães que acariciam seu filho quando chora. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada esta manhã (11/12/2018) na capela da Casa Santa Marta, exortando a deixar-se consolar por Deus sem opor resistência.
Não opor resistência à consolação
A Primeira Leitura extraída do Livro do Profeta Isaías (Is 40,1-11), de fato, é justamente um convite à consolação: “Consolai, consolai o meu povo – diz o vosso Deus”, porque “a expiação de suas culpas foi cumprida”. Trata-se, portanto, da “consolação da salvação”, evidenciou o Papa, da boa notícia que “fomos salvos”. Cristo Ressuscitado, naqueles 40 dias, faz justamente isso com os seus discípulos: consolar.
Mas “nós não queremos arriscar” e “opomos resistência à consolação”, como se “estivéssemos mais seguros nas águas turbulentas dos problemas”. “Nós estamos presos a este pessimismo espiritual”, disse o Papa.
Ternura: palavra cancelada do dicionário
Francisco citou as crianças que, nas audiências públicas, gritam e choram porque, vendo-o vestido de branco, pensam que ele seja o médico ou o enfermeiro pronto a dar uma injeção. Também nós somos um pouco assim, mas o Senhor diz: “Consolai, consolai o meu povo”.
E como consola, o Senhor? Com a ternura. É uma linguagem que os profetas de desventuras não conhecem: a ternura. É uma palavra cancelada por todos os vícios que nos afastam do Senhor: vícios clericais, vícios dos cristãos que não querem se mexer, mornos … A ternura dá medo. “Eis que o Senhor Deus vem com a conquista, eis à sua frente a vitória”: assim se conclui o trecho de Isaías. “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães”. Este é o modo de consolar do Senhor: com a ternura. As mães, quando o filho chora, o acariciam e o tranquilizam com a ternura: uma palavra que o mundo de hoje, de fato, cancelou do dicionário. Ternura.
A consolação no momento do martírio
O Senhor convida a deixar-se consolar por Ele e isso ajuda também na preparação para o Natal. E hoje, na oração da coleta, recordou o Papa, pedimos a graça de uma sincera exultação, desta alegria simples, mas sincera:
E, pelo contrário, eu diria que o estado habitual do cristão deve ser a consolação. Também nos momentos difíceis: os mártires entravam no Coliseu cantando; os mártires de hoje – penso nos trabalhadores coptas na praia da Líbia, degolados – morriam dizendo “Jesus, Jesus!”: há uma consolação, dentro; uma alegria também no momento do martírio. O estado habitual do cristão deve ser a consolação, que não é a mesma coisa que o otimismo, não: o otimismo é outra coisa. Mas a consolação, aquela base positiva … Fala-se de pessoas luminosas, positivas: a positividade, a luminosidade do cristão é a consolação.
O Senhor bate à nossa porta com o carinho
Nos momentos em que se sofre, não se sente a consolação, mas um cristão não pode perder a paz “porque é um dom do Senhor” que a oferece a todos, inclusive nos momentos mais difíceis.
O convite do Papa, portanto, é pedir ao Senhor nesta semana de preparação ao Natal para não ter medo e deixar-se consolar por Ele, fazendo referência também ao Evangelho de hoje (Mt 18,12-14):
Que também eu me prepare para o Natal pelo menos com a paz: a paz do coração, a paz da Tua presença, a paz que os Teus carinhos dão”. “Mas eu sou pecador …” – sim, mas o que nos diz o Evangelho de hoje? Que o Senhor consola como o pastor; se perde um dos seus, vai procurá-lo, como aquele homem que tinha 100 ovelhas e uma delas se perdeu: vai procurá-la. Assim faz o Senhor com cada um de nós. Eu não quero a paz, eu resisto à paz, eu resisto à consolação... mas Ele está à porta. Ele bate para que nós abramos o coração para deixar-nos consolar e para deixar-nos ficar em paz. E o faz com suavidade: bate à porta com os carinhos. Fonte: Fonte: www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA 10. HOMILIA DO PAPA. “Preparar-se para o Natal com a coragem da fé”.
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Na homilia da missa matutina, o Papa Francisco exortou a viver a segunda semana do Advento pedindo a graça de nos preparar com fé ao Natal.
Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano
Celebrar o Natal com verdadeira fé. Este foi o convite do Papa Francisco na homilia da Missa na Casa Santa Marta (10/12/2018), na qual comentou o episódio do Evangelho do dia, que narra a cura de um paralítico. Foi a ocasião para o Papa reiterar que a fé infunde coragem e é o caminho para tocar o coração de Jesus.
Pedimos a fé no mistério de Deus feito homem. A fé também hoje, no Evangelho, mostra como toca o coração do Senhor. O Senhor muitas vezes fala a respeito da catequese sobre a fé, insiste. “Vendo-lhes a fé”, diz o Evangelho. Jesus viu aquela fé – porque é necessário coragem para fazer um buraco no telhado e descer o leito com o doente ali... precisa de coragem. Aquela coragem, aquelas pessoas tinham fé! Eles sabiam que se o doente fosse levado diante de Jesus, ele seria curado.
O Natal não se celebra de modo mundano
Francisco recordou que “Jesus admira a fé nas pessoas”, como no caso do centurião que pede a cura para seu servo; da mulher sírio-fenícia que intercede pela filha possuída pelo demônio ou também da senhora que, somente tocando a barra da veste de Jesus, se cura das perdas de sangue que a afligiam. Mas “Jesus – acrescentou o Papa – repreende as pessoas de pouca fé”, como Pedro que duvida. “Com a fé – continuou – tudo é possível”. Hoje pedimos esta graça: nesta segunda semana do Advento, nos preparar com fé para celebrar o Natal. É verdade que o Natal – todos o sabemos – muitas vezes se celebra não com muita fé, se celebra também mundanamente ou de modo pagão; mas o Senhor nos pede que o façamos com fé e nós, neste semana, devemos pedir esta graça: poder celebrá-lo com fé. Não é fácil custodiar a fé, não é fácil defender a fé: não é fácil.
O ato de fé com o coração
Para o Papa, é emblemático o episódio da cura do cego no capítulo IX de João, o seu ato de fé diante de Jesus que reconhece como o Messias. Francisco então exorta a confiar a nossa fé em Deus, defendendo-a das tentações do mundo: Hoje, e também amanhã e durante a semana, nos fará bem pegar este capítulo IX de João e ler esta história tão bonita do jovem cego desde o nascimento. E concluir do nosso coração com o ato de fé: “Creio, Senhor. Ajuda minha pouca fé. Defende a minha fé da mundanidade, das superstições, das coisas que não são fé. Defende-a de reduzi-la a teorias, sejam elas ‘teologizantes’ ou moralistas … não. Fé em Ti, Senhor”. Fonte: www.vaticannews.va
FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO-HOMILIA DO PAPA: “Viver confiando em Deus em tudo, eis o segredo da vida”.
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O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, na Solenidade da Imaculada Conceição, com o fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro provenientes de todo o mundo.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
"Estar com Deus não resolve magicamente os problemas. Mas Maria confia em Deus diante dos problemas”. Foi o que disse o Papa Francisco antes de rezar a oração mariana do Angelus na Solenidade da Imaculada Conceição com o fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro provenientes de todo o mundo.
"Eis um comportamento sábio: não viver dependendo dos problemas – quando termina um, se apresenta outro! - mas confiando em Deus e confiando-se todos os dias a Ele: Eis-me aqui! Peçamos à Imaculada a graça de viver assim", exortou o Papa.
Comentando a página do Evangelho do dia, o Papa recorda Eis-me é a palavra-chave da vida. Marca a passagem de uma vida horizontal, centralizada em si mesmo nas suas próprias necessidades, a uma vida vertical lançada na direção de Deus.
"Eis-me é estar disponível ao Senhor, é a cura para o egoísmo, o antídoto a uma vida insatisfeita, na qual sempre falta alguma coisa. Eis-me é o remédio contra o envelhecimento do pecado, é a terapia para ficar jovem dentro. Eis-me é crer que Deus conta mais do que o meu eu. É apostar tudo no Senhor, dócil às suas surpresas. Por isso dizer-lhe eis-me é o maior louvor que podemos lhe oferecer. Por que não começar assim todos os nossos dias? Seria belo, todas as manhãs dizer: “Eis-me, Senhor, hoje faça-se em mim segundo a tua vontade”.
O Papa nos convida a tomar como exemplo Maria: “Maria não ama o Senhor de vez em quando, com interrupções. Vive confiando em Deus em tudo e para tudo. Eis o segredo da vida. Tudo pode quem confia em Deus para tudo. Porém o Senhor, caros irmãos e irmãs, sofre quando lhe respondemos como Adão: “tenho medo e me escondi”. Deus é Pai, o mais dócil dos pais, e deseja a confiança dos filhos. No entanto, quantas vezes suspeitamos d’Ele, pensamos que possa nos mandar alguma prova, privar-nos da liberdade, abandonarmos. Mas esse é um grande engano, é a tentação das origens, a tentação do diabo: insinuar a desconfiança em Deus".
Maria, - continuou o Papa - vence esta primeira tentação com o seu eis-me. E hoje olhamos para a beleza de Nossa Senhora, nascida e vivida sem pecado, sempre dócil e transparente a Deus.
“Isso não quer dizer que para ela a vida tenha sido fácil. Estar com Deus não resolve magicamente os problemas. A conclusão do Evangelho de hoje recorda isso: “O Anjo afastou-se dela”. Afastou-se: é um verbo forte. O anjo deixa a Virgem sozinha em uma situação difícil. Ela sabia o modo particular com o qual seria Mãe de Deus, mas o anjo não tinha explicado aos outros. E os problemas logo começaram: pensemos na situação irregular segundo a lei, á angústia de São José, aos planos de vida que acabaram, o que diriam as pessoas…"
Mas Maria, finalizou o Papa, confia em Deus, diante dos seus problemas. Foi deixada pelo anjo, mas acredita que com ela, nela, ficou Deus. E confia. Está certa que com o Senhor, mesmo de modo inesperado, tudo vai dar certo. Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco explica como evitar homilias soporíferas. Os padres deveriam ouvi-lo
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"Quantas vezes vemos que na homilia alguns adormecem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro". Quem fala isso não é um anticlerical, mas o Papa Francisco. "Um padre me contava - disse Bergoglio aos fiéis - que ele uma vez foi para outra cidade onde seus pais moravam e seu pai lhe disse: 'Você sabe, estou feliz, porque com meus amigos encontramos uma igreja onde a missa não tem a homilia! '". O problema, na verdade, está longe de ser pequeno. "Aquele que realiza a homilia - o papa explicou - deve desempenhar bem o seu ministério. Aquele que prega, o sacerdote ou o diácono ou o bispo, deve oferecer um verdadeiro serviço a todos aqueles que participam da missa, mas também aqueles que a escutam devem fazer a sua parte". A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 05-12-2018.
Francisco deu conselhos práticos para evitar homilias soporíficas. "Antes de mais nada - ressaltou o papa - prestar a devida atenção, assumindo as disposições internas corretas, ou seja, sem pretensões subjetivas, sabendo que cada pregador tem méritos e limites. Se às vezes há motivo para ficar entediado durante uma homilia longa, sem foco ou incompreensível, outras vezes é o preconceito que age como um obstáculo. E quem faz a homilia deve estar ciente de que ele não está fazendo algo próprio, está pregando, dando voz a Jesus, ele está pregando a palavra de Jesus. E a homilia deve estar bem preparada, deve ser curta!”.
Não apenas curta, portanto, mas também não improvisada. "E como uma homilia é preparada? Com a oração - explicou o Papa -, com o estudo da palavra de Deus e fazendo uma síntese clara e breve, que não deve ultrapassar os dez minutos, por favor".
Sobre o tema da homilia, Francisco também dedicou muitas páginas de seu documento programático, a exortação apostólica Evangelii gaudium. Mas quando se faz uma visita, pelo menos entre as igrejas italianas, parece que na maioria dos casos esses valiosos conselhos do Papa não tenham sido minimamente aceitos.
Justamente para ajudar os diáconos, os padres e os bispos para preparar suas homilias, Pe. Giuseppe Liberto, mestre diretor emérito do Capela musical Pontifícia Sistina, publicou um livro intitulado Il giubilo della lode. Meditazioni per l’anno litúrgico (A alegria do louvor. Meditações para o ano litúrgico, em tradução livre). Da caneta refinada de um dos maiores especialistas mundiais em música litúrgica nasceram as páginas que contêm as reflexões para todos os períodos do ano: de Advento ao Natal, da Quaresma à Páscoa, como muitas outras solenidades.
Longe de ser um texto estritamente homilético, as meditações de Liberto perpassam os campos teológicos e bíblicos, até a dimensão litúrgica com suas várias facetas, principalmente a musical. Tudo em perfeita harmonia não desprovida inclusive de uma dimensão poética. O livro é realmente um instrumento precioso, tanto para aqueles que são chamados a preparar a homilia para uma celebração, mas também como útil companheiro de viagem para aprofundar os mistérios da vida de Jesus cadenciados durante o ano litúrgico.
Como explicou Bergoglio, de fato, "a homilia não pode ser um espetáculo de entretenimento, ela não deve responder à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar sentido e fervor à celebração. É um gênero peculiar, pois se trata de uma pregação dentro da moldura de uma celebração litúrgica: consequentemente, deve ser breve e evitar parecer uma conferência ou uma aula. O pregador pode manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas então a sua palavra se torna mais importante do que a celebração da fé. Se a homilia é prolongada demais, prejudica duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre suas partes e seu ritmo". Indicações preciosas que deveriam, no entanto, ser aplicadas concretamente. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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