Quando a guerra vira entretenimento
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Jornalista e professor da ECA-USP, Eugênio Bucci escreve quinzenalmente na seção Espaço
À medida que a tragédia se adensa no Oriente Médio, o destampatório performático triunfa e cega. A cada lance obscuro e trágico, mais se excitam os espectadores, em sua superficialidade chapada e esfuziante. As redes sociais entram em alvoroço, as plateias repetem palavras de ordem lacrimosas e a carnificina se converte em melodrama pungente e barulhento. Essa gritaria feita de platitudes altissonantes e insensíveis é a prova definitiva de que “não há limites para a insânia”, como dizia um velho jornalista. A opinião pública entra em demência.
Um ser racional – esse tipo em extinção – pode até vislumbrar, por teimosia, uma esperança tímida num acordo de paz para a Faixa de Gaza e suas redondezas, mas não terá nenhuma ilusão de que o bom senso terá vez sobre a face da Terra. A guerra avança como um estranho e mórbido entretenimento participativo. Essa é a nossa maior danação.
As sandices não se resumem às manifestações de rua que celebram chacinas; também aparecem nos grupos de WhatsApp e nas conversas fortuitas. Atravessam a rua na sua frente, estão no ponto de ônibus, na fila do supermercado – são campeãs de audiência. Ativistas de sofá consomem as mortes estampadas no noticiário como quem saboreia um gênero quente de realidades ampliadas. Sentem a imaginação salivar. Viciam-se nas sensações do terror e pedem bis.
Não, as plateias não se informam sobre os acontecimentos – elas se empanturram e se dopam, insaciáveis. Como se fosse um estimulante químico, a guerra lhes oferece doses potentes de emoção fácil. E lá vêm os memes e as lacrações. Os adictos acreditam que têm um lado e se envaidecem de sua bravura imaginária, em exibicionismos narcísicos. São guerreiros de fim de semana. Sua essência está na aparência. Mastigam imagens de assassinatos ou de bombardeios para anestesiar a carência de que mais se ressentem: carência de afeto, de sentido e de relevância.
O que existe no mercado para deliciar essas multidões de ninguéns? Poderia ser uma final de campeonato de futebol, talvez. Poderia ser uma briga de torcida embaixo de um semáforo. Poderia ser um reality show na TV. Agora, porém, o prato do dia é o morticínio. O sujeito se serve e se “engaja”, para usar a expressão em voga. Em suas fantasias íntimas, é o herói de uma causa sacrossanta. Ele consome. Ele brada. Ele e seus homólogos estão em pleno gozo.
Ainda no século 17, Espinosa advertiu: “Os homens são comovidos mais pela opinião do que pela verdadeira razão”. Pouco depois disso, as chamadas “massas urbanas” entraram em cena como um subproduto das cidades que respiravam a fuligem das chaminés industriais. Nascidas para ser a cara-metade (bastarda) do capital (selvagem), elas nunca formulam ideias, nem poderiam; apenas se arrastam, gelatinosamente pegajosas, em ondas pulsionais, ao sabor de “opiniões”, não da razão. O seu pão é o seu circo.
Hoje, o nosso problema é que as massas do século 21 são ainda mais rudimentares que seus pares de 200 ou 300 anos atrás. Sim, o que lhes acende a libido é a opinião, mas, agora, uma opinião numa forma rebaixada. Sem qualquer base nos fatos, na razão e no argumento, como preconizava Hannah Arendt, a opinião que comove os homens não passa de uma grife ideológica, um slogan prêt-à-porter, um bem de consumo não durável, como um refrão de música que ganha o Grammy.
Foi mais ou menos assim que chegamos a esta babel de frivolidades perversas e opacas, repleta de oradores que não entendem uma letra do que pronunciam. Nunca se viram tantos influencers pontificando sobre Israel e o Hamas. Nos tempos da pandemia, essas mesmas figuras atuavam como epidemiologistas, imunologistas ou infectologistas de ponta. Todas discorriam sobre RNA mensageiro, ivermectina e máscaras cirúrgicas. Em seguida, assumiram o papel de especialistas em Ucrânia, alfabeto cirílico. Davam aulas de 30 segundos sobre a Grande Rússia. Agora, tagarelam sobre as cosmogonias que se enfeixam em Jerusalém. Não compreendem o que falam.
Às vezes surgem notícias de crianças que, brincando de super-heróis, pulam da janela para sair voando e se esborracham no chão. São vítimas da incapacidade, tipicamente infantil, de dissociar o mundo real do universo dos desenhos animados. Pois os adultos de hoje, em sua maioria, padecem da mesma incapacidade. Não percebem a diferença entre o juízo de valor e o juízo de fato, não desconfiam da fronteira entre a verdade factual e a criação ficcional e não distinguem o princípio de prazer do princípio de realidade. Acreditam que toda disputa de poder se reduz a uma disputa de narrativas. Ato contínuo, embarcam numa narrativa pré-fabricada e, a bordo dela, saem voando nas telas para vencer a batalha contra os “do mal”.
Ao consumir a guerra como um espetáculo interativo, a cultura do entretenimento sepulta a razão, normaliza a selva e a ela se rende. Somos um mundo de crianças crescidas que se divertem com brinquedos letais. Alguém aí ainda vai se esborrachar de novo contra o chão da realidade.
* JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP
Fonte: https://www.estadao.com.br
Em 13 dias de guerra entre Israel e Hamas, OMS registra mais de 140 ataques a complexos hospitalares
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Em 13 dias de guerra entre Israel e Hamas, OMS registra mais de 140 ataques a complexos hospitalares
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quinta-feira que mais de 140 ataques ao sistema de saúde foram registrados desde o início da guerra entre Hamas e Israel, iniciada no dia 7 de outubro, após ataque do grupo terrorista ao território israelense.
A agência humanitária informou que, no lado palestino, foram 136 ataques a complexo hospitalares — 59 deles na Faixa de Gaza, incluindo a explosão do Hospital Árabe al-Ahli, e 77 na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Além disso, acredita-se que 16 profissionais tenham sido mortos durante serviço por bombardeios de Israel.
No lado israelense, a OMS documentou oito ataques contra complexos hospitalares, que resultaram em sete mortes.
(The New York Times). Fonte: https://oglobo.globo.com
A celebração do ódio
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Como parte neutra, deveríamos defender a paz, e não soprar a fogueira. Mas não. De onde deveria partir tolerância, só se vê sangue no olho
Por
Leo Aversa
— Rio de Janeiro
A mulher israelense que dançava feliz na festa. A criança palestina que tentava se proteger das bombas. Uma família na fronteira, que não teve tempo de encontrar um lugar seguro. Civis, muitos civis. São as vítimas, mais uma vez.
Os algozes? Os de sempre: o terrorista psicopata, o general facínora, o bando de criminosos adeptos do “olho por olho, dente por dente”, que observam com satisfação a legião de banguelas e caolhos que criaram. Vale a pena tanta violência? Qual a perspectiva que se oferece aos mais jovens? Atentados, bombardeios e um eterno velório de pequenos caixões?
Que israelenses e palestinos não consigam conviver em paz é triste, ainda que, de certa forma, compreensível: são décadas e décadas de ataques e atentados, mortos e feridos, raiva e ressentimento. É difícil deixar o passado para trás e o ódio de lado para tentar construir um futuro. Um dia, quem sabe, eles chegam lá.
E nós?
Era de se esperar que, a milhares de quilômetros de distância, conseguíssemos enxergar o problema com ponderação, ou ao menos de uma forma mais razoável do que os que estão diretamente envolvidos, ouvindo tiros e bombas pela janela. Deveríamos, como parte neutra, defender o entendimento, a paz, ser os que apartam a briga, nunca os que sopram a fogueira.
Mas não.
O ódio aqui se mostrou igual ao de lá. Vimos nas redes demonstrações não de espanto ou indignação, mas de fúria e rancor, como se o conflito estivesse ardendo na própria tela de quem escreve. De onde deveria partir um pouco de tolerância e compreensão, só se viu sangue no olho.
De onde vem tanto ódio?
Sim, leitor, concordo que é um dejeto da polarização política, mas não só. Vem também da lógica perversa das redes sociais, onde se incentiva uma disputa amoral e deletéria por engajamento. O ódio começa também no aluno que quer acabar com a carreira do professor por ensinar algo que não é do seu agrado, nas lacrações virulentas, nos cancelamentos irracionais. Inicia na moça ressentida que pede um linchamento por um encontro ruim, no rapaz frustrado que convoca um golpe de Estado por não conseguir encontro nenhum. Nas disputas mortais por assuntos irrelevantes, na exaltação compulsiva da própria virtude, na obsessão pelo erro alheio.
Se espalha na censura a qualquer atitude que não siga a cartilha da tribo, na interdição do debate entre ideias ou projetos, nas argumentações simples e idiotas em duas linhas. Na intolerância ao diferente. No cinismo e na desconfiança generalizada.
No culto à ignorância e à estupidez.
Uma questão complexa como a de israelenses e palestinos podia ser uma chance para nós, que estamos distantes, oferecermos ajuda e refletirmos sobre a importância de pedir desculpas, reconhecer erros e, principalmente, estender a mão.
Mas não.
Antenados com o que há de pior na atualidade, muitos aqui preferem se juntar — digitalmente — à barbárie, como a que vitimou a mulher que dançava feliz e o menino que tentava se proteger. Querem usar uma tragédia para alimentar com likes e compartilhamentos o seu insaciável discurso raivoso.
Enquanto o ódio for celebrado, ninguém terá paz. Fonte: https://oglobo.globo.com
Bombardeio a hospital de Gaza deixa 500 mortos, dizem autoridades da Faixa de Gaza; Israel culpa Jihad Islâmica
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Pessoas ao redor de corpos de palestinos mortos em ataques de Israel ao hospital Ahli Arab, em Gaza; os corpos foram levados a outro hospital, o de Al-Shifa (Foto: Dawood Nemer/ AFP)
Hospital atingido atendia centenas de pacientes e também servia de abrigo para civis, segundo governo palestino. Ordem israelense para retirada de civis do norte de Gaza pode configurar crime internacional, diz ONU.
Líder do Hamas diz que EUA têm responsabilidade pelo bombardeio a hospital em Gaza
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, condenou nesta terça-feira (17) o bombardeio a um hospital da Cidade de Gaza e disse que os Estados Unidos "têm responsabilidade pelo ataque por acobertar as agressões de Israel".
Haniyeh, que comanda o Hamas desde 2017, vive atualmente no Catar e é um dos principais alvos do Exército israelense.
Conselho de Segurança da ONU que discutirá proposta do Brasil para confronto Israel x Hamas é adiado, diz Itamaraty
O Conselho de Segurança da ONU que discutirá proposta do Brasil para confronto Israel x Hamas foi adiado, segundo o Itamaraty. O encontro aconteceria nesta terça-feira (17).
Ainda não se sabe se o adiamento está relacionado com o ataque de Israel em um hospital na Faixa de Gaza que deixou centenas de mortos.
Após o ataque, a Rússia e os Emirados Árabes Unidos pediram a realização de uma reunião de emergência na quarta-feira (18).
Forças Armadas de Israel acusam Jihad Islâmica por ataque a hospital
As Forças Armadas de Israel acusaram nesta terça-feira (17) a Jihad Islâmica de ser a responsável pelo bombardeio que atingiu um hospital na Cidade de Gaza e, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 500 pessoas.
A Jihad Islâmica, outro grupo islâmico armado, também atua dentro de Gaza.
Israel afirmou ainda que, no momento do bombardeio, foguetes lançados em Gaza em direção ao território israelense "passaram perto" do hospital.
Manifestantes e policiais se enfrentam em fortes protestos na Cisjordânia
Uma manifestação em Ramallah, na Cisjordânia, em protesto contra o bombardeio de Israel a um hospital na Cidade de Gaza terminou em fortes enfrentamentos com policiais da Autoridade Nacional Palestina.
A Cisjordânia é governada pela Autoridade Nacional Palestina - grupo político rival ao Hamas, que governa a Faixa de Gaza -, mas a influência do Hamas no território tem crescido.
A rede Al-Jazeera, que transmitia ao vivo imagens da praça central da cidade, mostrou o momento em que tiros foram disparados.
Após ataque a hospital, Abbas cancela encontro com Biden
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou o encontro que teria na quarta-feira (18) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
O cancelamento, ainda segundo a AP, foi decidido após Israel bombardear um hospital na Cidade de Gaza nesta terça-feira (17), deixando centenas de mortos.
Biden viajará ao Oriente Médio na quarta-feira (18) e também se reunirá com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele também se encontraria com Abbas na Jordânia.
Irã chama ataque a hospital de Gaza de 'um crime de guerra selvagem'; Egito e Catar também condenam
O Irã classificou o bombardeio de Israel a um hospital na Cidade de Gaza de "um crime de guerra selvagem", segundo a agência de notícias estatal iraniana. Os governos do Egito e do Catar também condenaram o ataque.
Governo palestino chama ataque a hospital de genocídio e declara luto de três dias
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou nesta terça-feira (17) luto oficial de três dias nos territórios palestinos - a Faixa de Gaza e a Cisjordânia - por conta das mortes no hospital de Gaza bombardeado por Israel.
O porta-voz de Abbas chamou o ataque de um "genocídio" e uma "catástrofe humanitária".
Bombardeio de Israel atinge hospital em Gaza e mata ao menos 500, diz Ministério da Saúde Palestino
Um ataque aéreo de Israel atingiu nesta terça-feira (17) um hospital na Cidade de Gaza e deixou 500 mortos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.
O hospital, Ahly Arab, atendia centenas de pessoas, mas também vinha servindo de abrigo para civis - no início da semana, Israel pediu que moradores se retirassem de todo o norte da Faixa de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza.
Inicialmente, houve divergências entre as autoridades locais sobre o número de mortos:
A Defesa Civil de Gaza afirmou que 300 pessoas morreram.
O Ministério da Saúde palestino falou inicialmente de 200 vítimas.
Já o jornal "The New York Times" diz que o porta-voz do ministério citou 500 mortes.
A agência de notícias Reuters, com base em fontes da mesma pasta, também cifra em 500 as vítimas. O bombardeio é um dos maiores já registrados em Gaza.
Braço armado do Hamas ataca cidade no norte de Israel
As Brigadas Qassam, o braço armado do Hamas, afirmou nesta terça-feira que atacou com foguetes a cidade de Haifa, que fica no norte de Israel.
A Agência para Refugiados Palestinos da ONU (UNRWA) disse que o ataque a uma escola em al-Maghazi matou seis pessoas
"Isto é chocante e demonstra, mais uma vez, uma total falta de respeito pela vida dos civis", diz a nota oficial.
"Nenhum lugar mais é seguro em Gaza, nem mesmo as instalações da UNRWA"
A agência diz que cerca de 4 mil pessoas usavam aquela escola para se abrigar do conflito e que, desde o início da guerra, mantém os governos de Israel e da Palestina informados sobre as posições usadas para receber civis.
A região atacada é um campo de refugiados da ONU que tem oito escolas, um centro de distribuição de alimentos e um centro de saúde. Fonte: https://g1.globo.com
Amarás teus inimigos
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A luta de um pastor pela humanização da relação entre cristãos e muçulmanos
Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros
A guerra em Israel deu munição para aqueles que não gostam de religião e especialmente do cristianismo evangélico, justificarem seus preconceitos e afirmarem que todo evangélico é bolsonarista por defender Israel. Não é tão simples. Para compreender melhor a relação entre evangélicos, israelenses e palestinos, pedi ajuda para o pastor Marcos Amado, que atua há 23 anos com organizações cristãs presentes em países islâmicos e é autor do ebook "Israel, o Armagedom e os Árabes Palestinos" (Martureo, 2019).
Para evitar uma interpretação equivocada, Marcos e eu deixamos claro que condenamos veementemente os ataques terroristas do Hamas há uma semana e que somos a favor da existência de dois estados, o de Israel e o Palestino.
Marcos aprendeu árabe vivendo no norte da África por oito anos, como parte do treinamento para ser missionário em países onde é proibido pregar o Evangelho. "Fomos recebidos em casas de muçulmanos como se fôssemos parte da família", ele conta. "Por isso, comecei a me perguntar por que temos uma visão tão negativa sobre eles."
A partir dessa experiência inicial no mundo islâmico, Marcos chegou ao livro "De Quem é a Terra Santa?" (Ultimato, 2016) do autor cristão Colin Chapman, sobre a questão palestina. Depois ele se aprofundou no assunto a partir de estadias nessas áreas e também ao visitar campos de refugiados no Líbano e na cidade de Belém. "Eles vivem à mercê de Israel, têm restrição ao uso de eletricidade, água potável e serviços de saúde", ele relata. "Isso me levou a pensar sobre como nós, cristãos do Ocidente, aceitamos que palestinos vivam como cidadãos de segunda categoria."
Marcos lista vários motivos para explicar por que evangélicos, que deveriam ser contra as guerras e perdoar seus inimigos, apoiam Israel e condenam os palestinos.
O principal motivo para essa posição seria uma interpretação bíblica do século 19 conhecida como "dispensacionalismo". Ela propôs que, antes do fim do mundo, Deus levaria seu povo de volta à Palestina porque, segundo o Antigo Testamento, Israel tem a posse eterna dessa terra. E reergueria o Templo de Salomão, onde está hoje a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, de onde Cristo governaria por mil anos.
"A partir dessa leitura das escrituras, a criação do Estado de Israel em 1948 foi interpretada, principalmente nos EUA, como um sinal do fim dos tempos", explica Marcos. "Muitos cristãos defendem o moderno Estado de Israel com unhas e dentes pela importância da profecia. E a ocupação das terras palestinas é vista como parte desse processo."
Essa interpretação, que se popularizou principalmente nos EUA, chegou ao Brasil e se tornou parte da cultura dos evangélicos aqui. "Como a maioria dos missionários e dos livros que circulam aqui vêm de lá, mesmo evangélicos que não ouviram falar em dispensacionalismo, tomam partido dos judeus."
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Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Menino de 6 anos é morto a facadas nos EUA em ataque antimuçulmano, dizem autoridades
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Ataque nos arredores de Chicago está sendo investigado como um crime de ódio ligado à guerra entre Israel e os terroristas do Hamas
THE NEW YORK TIMES - As autoridades de um subúrbio de Chicago acusaram um homem de esfaquear e matar um menino de 6 anos no sábado, 14, e de ferir gravemente a mãe do menino porque eles eram muçulmanos, num ataque que estaria relacionado à violência em Israel e em Gaza.
O assassinato em Illinois alarmou os líderes muçulmanos, que conclamaram os políticos e jornalistas americanos a refletirem mais plenamente a humanidade do povo palestino ao abordarem o conflito no exterior.
“Isso está diretamente ligado à desumanização dos palestinos”, disse Abdelnasser Rashid, um deputado estadual democrata de Illinois que é palestino-americano.
Os investigadores do condado de Will, Illinois, a sudoeste de Chicago, descreveram uma cena sangrenta. Eles disseram que um homem de 71 anos atacou o menino e sua mãe, que eram seus inquilinos, em sua casa em Plainfield Township, na manhã de sábado, esfaqueando-os repetidamente com uma faca serrilhada com uma lâmina de 17,8 centímetros.
O menino, identificado como Wadea Al-Fayoume por um membro da família e pelo Conselho de Relações Americano-Islâmicas, foi esfaqueado 26 vezes e declarado morto em um hospital. A mãe do menino, de 32 anos, estava em estado grave com mais de uma dúzia de facadas. As autoridades disseram que ela correu para um banheiro e continuou lutando contra o agressor enquanto discava para o 911. Os parentes disseram que a família é palestino-americana.
O Gabinete do Xerife do Condado de Will disse em um comunicado no domingo que “os detetives conseguiram determinar que ambas as vítimas desse ataque brutal foram alvos do suspeito por serem muçulmanas e pelo conflito em curso no Oriente Médio envolvendo o Hamas e os israelenses”. A declaração não especificou como os investigadores sabiam o motivo, mas disse que eles haviam conduzido entrevistas e analisado outras evidências.
O homem acusado do ataque, Joseph M. Czuba, de 71 anos, foi preso sob a acusação de homicídio, tentativa de homicídio, duas acusações de crime de ódio e agressão agravada com arma letal.
Czuba deve fazer uma primeira aparição no tribunal do Condado de Will na segunda-feira. Não estava claro se ele havia contratado um advogado.
O ataque no sábado ocorreu em meio à crescente violência entre Israel e o Hamas, o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza. Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque terrorista surpresa contra Israel que deixou mais de 1.300 israelenses mortos, provocando uma intensa retaliação que matou 2.670 pessoas em Gaza, de acordo com autoridades locais. Em todo o Oriente Médio, os temores de um conflito maior e de uma crise humanitária cada vez pior estão aumentando.
O subúrbio de Chicago tem uma grande comunidade palestino-americana, incluindo uma área com muitos restaurantes e lojas árabes que alguns chamam de Pequena Palestina. O ataque aconteceu em uma parte diferente dos subúrbios de Chicago, em uma casa ao longo de um trecho movimentado da rodovia, perto de uma concessionária Chevrolet e de uma churrascaria.
Essa propriedade, a cerca de 64 quilômetros a sudoeste do centro de Chicago, estava adornada com várias bandeiras americanas, um anúncio de mel orgânico e uma placa pedindo às pessoas que rezassem para acabar com o aborto. Mariola Jagodzinski, que mora a duas casas de distância, disse que nunca teve nenhuma interação negativa com o suspeito. Ela disse que havia dado brinquedos para a mãe de Wadea, o menino de 6 anos, e ficou sem palavras e angustiada quando soube do assassinato.
“Ele era uma criança brincalhona — realmente cheia de energia”, disse Jagodzinski. “As crianças são inocentes. Isso realmente destrói muitos corações.”
No domingo, o escritório de Chicago do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, a organização muçulmana de defesa e direitos civis, denunciou o esfaqueamento e o chamou de “nosso pior pesadelo”. “Nossos corações estão pesados e nossas orações estão com o querido menino e sua mãe”, disse Ahmed Rehab, diretor executivo do conselho, em comunicado.
As autoridades não confirmaram os nomes de nenhuma das vítimas. A Polícia Estadual de Illinois disse em comunicado neste domingo que estava coordenando com outras agências “uma resposta ao elevado nível de ameaças de violência e crimes de ódio relacionados ao conflito atual”.
“Todos em Illinois — tanto os agentes da lei quanto os membros da comunidade — devem permanecer em alerta contra o terrorismo e os crimes de ódio durante esse período de volatilidade”, disse Brendan Kelly, diretor da Polícia Estadual.
O governador J.B. Pritzker, de Illinois, um democrata, disse em um comunicado que “tirar a vida de uma criança de seis anos em nome do fanatismo é nada menos que maldade”. ”Wadea deveria estar indo para a escola pela manhã”, disse o governador. ”Em vez disso, seus pais acordarão sem seu filho”.
As autoridades do conselho disseram que analisaram as mensagens de texto, escritas em árabe, que a mãe do menino enviou ao pai do hospital. Nessas mensagens, disseram, a mãe indicou que o proprietário estava irritado com o que estava vendo no noticiário. A organização não disponibilizou as mensagens de texto para serem analisadas.
Segundo o relato, o proprietário bateu na porta da família e, quando a mãe a abriu, ele tentou sufocá-la e a atacou com uma faca, gritando: “Vocês muçulmanos devem morrer!” Quando ela correu para o banheiro para ligar para o 911, dizem as mensagens de texto, ela saiu e descobriu que o homem havia esfaqueado seu filho. ”Tudo aconteceu em segundos”, ela escreveu. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ver fotos e vídeos de guerra.
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Que influência a produção dessas imagens dolorosas vem tendo na tomada de decisões dos últimos conflitos?
Ainda que tente, não consigo parar de ver fotos e vídeos de guerra. Não sei por que tenho feito isso, mesmo sentindo tanto desconforto. Talvez esteja tentando entender o que nunca poderá ser entendido. Talvez esteja tentando humanizar as notícias, dar a elas rostos e histórias, ainda que, paradoxalmente, veja esses mesmos rostos na velocidade constrangedora de um scroll. Ou talvez só esteja tentando aliviar a angústia dos impotentes com a movimentação débil de um dedo indicador.
Fui para a minha estante buscar ajuda. Lá estava Susan Sontag, com seu "Diante da dor dos outros". Nessa obra, a autora comenta que durante muito tempo as pessoas acreditaram que, se o horror dos conflitos fosse vívido e real o bastante aos olhos do grande público, as guerras cessariam.
Sontag cita como exemplo uma tentativa feita por Ernst Friedrich, em 1924, com a obra "Guerra contra a Guerra!". Este livro de fotos (à venda por um punhado de dólares na Amazon), lançado logo depois da Primeira Guerra, foi concebido para ser uma verdadeira terapia de choque, mostrando ao público fotos impactantes do campo de batalha e do seu entorno.
Focado em construir com imagens uma narrativa linear e persuasiva, o livro começa com fotos de soldadinhos de brinquedo (alguma dúvida de que o belicismo tem gênero? Até ontem dávamos aos meninos armas de plástico).
Segue com fotos de igrejas e casas destruídas, vilarejos arruinados, carros destroçados, enforcamentos, prostitutas seminuas em bordéis militares, soldados e civis mortos, corpos de crianças e, por fim, sepulturas. Tudo isso com legendas, por vezes cáusticas, em quatro idiomas.
A parte mais forte da edição fica no meio dessa narrativa, em uma seção nomeada "Faces da Guerra", com 24 closes de soldados com os rostos deformados por cicatrizes —hoje essas imagens estão a um Google de distância de qualquer pessoa e seguem sendo extremamente perturbadoras.
Após o lançamento, o libelo antibeliscista foi denunciado por veteranos de guerra e organizações patrióticas e recolhido de diversas livrarias. Ainda assim, foi celebrado em alguns países, com dez edições na Alemanha e traduções em diversas línguas, fazendo com que muitos pacifistas acreditassem que sua circulação teria uma influência decisiva na opinião pública no sentido de evitar futuros conflitos. Alguns anos depois, estourava a Segunda Guerra.
Estamos falando de uma publicação que foi distribuída apenas em uma parte do mundo. De qualquer forma, parece haver nessa tentativa frustrada de conscientização alguma universalidade.
Desde o ano em que "Guerra contra Guerra!" foi lançado, a produção de imagens deu um salto. Se antes as fotos eram poucas, reveladas em papel filme, impressas em edições de alcance limitado e atreladas a algum custo, agora vemos imagens produzidas em tempo real, a câmera muitas vezes na mão dos civis durante o ataque, o quadro tremido por fugas e explosões, o rosto dos narradores se comunicando de forma veemente ou desesperada a um palmo do nosso, com dezenas, centenas ou milhares de comentários e replicações. Que influência a produção dessas imagens dolorosas vem tendo na tomada de decisões dos últimos conflitos? Acredito que ainda não seja possível saber.
De qualquer forma, parece não haver horror e explicitude capazes de frear os infernos que desde sempre o homem inventa para si. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Brasileiro que desapareceu em rave atacada por Hamas em Israel é encontrado morto
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Informação foi confirmada à Folha por tia de Ranani Glazer na noite desta segunda-feira (9)
Ranani Nidejelski Glazer, 24, tinha desaparecido em Israel após festa atacada por grupo palestino terrorista Hamas - @reineinai/Reprodução Instagram
BOA VISTA
Um dos brasileiros que estava na rave atacada pelo grupo terrorista Hamas em Israel neste fim de semana, Ranani Glazer, está morto. A informação foi confirmada pela tia do jovem à Folha na noite desta segunda-feira (9).
Glazer estava com dois brasileiros —a namorada, Rafaela Treistman, e o amigo, Rafael Zimerman— em uma festa próxima à Faixa de Gaza na noite do sábado (7) quando ela foi invadida por militantes da facção terrorista palestina. Homens armados cercaram o local, lançaram granadas e dispararam contra eles.
Segundo relato de Zimerman, os três fugiram e se esconderam em um abrigo ao ouvir os primeiros disparos. Ao deixarem o lugar em que se esconderam, porém, ele e Rafaela já não sabiam o paradeiro de Glazer.
"Quando saí do abrigo, dei de cara com a polícia", afirmou Zimerman. "Estava com a Rafaela. Mas o Ranani infelizmente não saiu com a gente. Chorei demais. Agradeci. O que falei com Deus não está escrito. Quando vi a Rafaela, só pensava em cuidar dela. Sair sem o Ranani foi uma dor enorme para ela."
Mais de 260 morreram na rave. Não está claro se o brasileiro já está contabilizado nessa cifra, nem se ela faz parte do número total de vítimas do conflito iniciado no sábado. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Conflito entre Israel e Hamas entra no 2º dia com novas explosões; mais de 700 pessoas morreram
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Conflito entre Israel e Hamas entra no 2º dia com novas explosões; mais de 700 pessoas morreram
Bombardeios foram registrados na Faixa de Gaza e Israel neste domingo (8). Grupo Hezbollah reivindicou novo ataque contra Israel por 'solidariedade' aos palestinos.
Por g1
Entrou no segundo dia o conflito entre Israel e o Hamas, neste domingo (8). O último balanço das autoridades indica que 720 pessoas morreram, sendo 400 em Israel, 313 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia. Há milhares de pessoas feridas.
Novas explosões foram reportadas na Faixa de Gaza durante a madrugada deste domingo, pelo horário local, e foram se intensificando ao amanhecer. Assista no vídeo acima.
Além disso, de acordo com a agência Reuters, militares israelenses afirmaram que ataques foram feitos contra o norte de Israel a partir do Líbano.
Os novos bombardeios contra Israel foram reivindicados pelo grupo armado Hezbollah, que afirmou ter disparado foguetes em "solidariedade" ao povo palestino.
Os alvos, segundo o Hezbollah, seriam três posições militares israelenses em uma região conhecida como Fazendas de Shebaa, que está em um território ocupado por Israel desde 1967 — ao qual o Líbano reivindica.
Ainda no sábado (7), o Hezbollah anunciou apoio ao ataque promovido pelo Hamas contra Israel, afirmando estar em contato direto com líderes de grupos de resistência.
As forças armadas de Israel disseram que revidaram o ataque do Hezbollah e que um drone atingiu um posto do grupo na região da fronteira com o Líbano.
Além disso, as forças israelenses também afirmaram que continuam executando uma operação em oito áreas que ficam nos arredores da Faixa de Gaza, no sul do país. Um complexo, que seria usado pela inteligência do Hamas, foi bombardeado em Gaza.
Por sua vez, o Hamas divulgou um comunicado dizendo que seus integrantes continuam engajados em "lutas ferozes" dentro de Israel.
Conflito
O conflito entre Israel e Hamas começou após o grupo radical lançar um ataque surpresa contra o território israelita no sábado, a partir de Gaza.
Esse é considerado um dos maiores ataques que Israel sofreu nos últimos anos. Diante da ofensiva do Hamas, os israelenses declararam estado de guerra.
"Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro do Israel, Benjamin Netanyahu. "O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu."
Ainda durante o sábado, Israel fez bombardeios contra a Faixa de Gaza como resposta. Segundo as forças israelenses, os alvos são lugares ligados ao Hamas.
Por volta das 2h, pelo horário de Brasília, o Ministério da Saúde de Israel divulgou um novo balanço afirmando que 1.864 pessoas ficaram feridas no país, por causa do conflito. Entre as vítimas, 326 estão em estado grave.
O que aconteceu até agora
No sábado (7), lideranças do Hamas anunciaram que estavam iniciando uma grande operação de retomada de território. Um alto comandante do grupo chegou a dizer que mais de 5 mil foguetes tinham sido lançados contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
Sirenes foram ouvidas em várias partes de Israel, incluindo grandes cidades, como Tel Aviv e Jerusalém. Os ataques atingiram prédios e veículos, causando estragos em diversas regiões do país.
Pela terra e pelo mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelita na região sul do país. Agências internacionais relataram que esses homens atiraram contra pessoas que estavam nas ruas.
Também há relatos de dezenas de moradores israelenses sendo levados como reféns para a Faixa de Gaza.
Após a ofensiva, o primeiro-ministro israelense convocou uma reunião de emergência e lançou a operação "Espadas de Ferro", prometendo uma resposta ao Hamas.
O governo de Israel pediu para que os cidadãos sigam instruções de segurança. A recomendação é para que as pessoas fiquem próximas de espaços protegidos.
Israel também recebeu o apoio de autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia. O presidente Joe Biden afirmou que os norte-americanos estão prontos para oferecer "todos os meios apropriados de apoio". Fonte: https://g1.globo.com
Conflito entre Israel e Hamas mata ao menos 268, sendo 70 israelenses e 198 palestinos
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Grupo palestino lançou ataque surpresa a partir da Faixa de Gaza em várias regiões de Israel
SÃO PAULO | REUTERS
Médicos em Gaza afirmaram que pelo menos 198 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses lançados após uma ofensiva surpresa do Hamas contra Israel neste sábado (7), que matou pelo menos 70 israelenses, segundo o serviço de ambulâncias do país.
Há mais de mil palestinos feridos, segundo a autoridade de saúde local. Já Israel contabiliza no mínimo 750, de acordo com o serviço de ambulâncias.
O vice-chefe do Hamas, Saleh al-Arouri, disse à rede Al Jazeera que o Hamas está preparado para o pior. "Todos os cenários são agora possíveis e estamos prontos para uma invasão terrestre [israelense]".
Os militares israelenses responderam com ataques aéreos a Gaza, onde testemunhas relataram ter ouvido fortes explosões e visto vários mortos e feridos sendo levados para hospitais.
Autoridades de saúde de Gaza informaram que 198 palestinos foram mortos em ataques aéreos enquanto os bombardeios atingiam a cidade de Gaza, lançando nuvens de fumaça preta em espiral para o céu.
Tão logo o conflito começou, residentes de Gaza correram para padarias e supermercados para comprar mantimentos, antecipando os dias turbulentos que se avizinham. Alguns abandonaram suas casas e foram para abrigos.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o seu país está em guerra contra o Hamas, enquanto as autoridades palestinas dizem que o fim da ocupação israelita do seu território é a única garantia de segurança, estabilidade e paz na região.
Netanyahu afirmou ter conversado com o presidente americano, Joe Biden, que teria dito a ele que os Estados Unidos apoiam completamente o direito de Israel de se defender.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, afirmou que os Estados Unidos trabalharão para garantir que Israel "tenha o que precisa para se defender e proteger os civis da violência indiscriminada e do terrorismo". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Somos todos loucos brincando com fogo
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Culpa-se o El Niño pelo pandemônio de agora, como se o fenômeno fosse um fantasma sem explicações
Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da Universidade de Brasília, Flávio Tavares escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
Os alertas deixam cicatrizes visíveis até à luz do dia, mas fazemos de conta que não vemos ou não sentimos as consequências e que, por isso, não existem. Tempos atrás, chuvas brutais despencaram sobre o litoral paulista, com inumeráveis perdas. Agora, no extremo sul do Brasil, as constantes chuvaradas destruíram lavouras e casas, deixando milhares de habitantes desabrigados e também matando. Na Amazônia, região de rios onde chovia quase todos os dias, a longa estiagem de agora chega a impedir até a navegação, que é a forma habitual de a população viajar de um lado a outro. Em plena primavera, na maioria das regiões do País, o calor faz pensar que o verão se antecipou. Ao mesmo tempo, no extremo sul do Brasil, o frio continua, como se o inverno não cedesse lugar a outra estação.
Se sairmos da realidade brasileira, tudo é ainda mais penoso, com o que me permito recordar duas situações. Na gélida Sibéria, houve longos dias de calor em pleno inverno do passado ano de 2022. Mais recentemente, coincidindo com as enchentes no sul de nosso País, na distante Líbia a chuva intensa destruiu cidades inteiras e matou milhares de habitantes.
Tudo isso nos faz exclamar: “O tempo está ficando louco”.
Em verdade, porém, os loucos somos todos nós, que nos negamos a aprender com a natureza, sem perceber o perigo das mudanças climáticas, causa profunda deste pandemônio de agora. Culpa-se o El Niño, como se o fenômeno (nas duas pontas) fosse um fantasma que surge sem explicações, aparecendo porque unicamente fantasma é. Em verdade, porém, tudo isso é culpa do nosso descuido ou, mais até, da nossa cegueira em torno da preservação do meio ambiente.
A causa dessa cegueira talvez tenha raízes na tardia incorporação ao cotidiano do conceito de meio ambiente e, por extensão, do próprio conceito (e percepção) das mudanças climáticas. Essas mudanças passaram a ser notadas com o surgimento da revolução industrial, que mudou o cotidiano da população em todo o mundo e tornou mais confortável o estilo de vida. Nos descuidamos, porém, quanto às consequências dessa revolução que nos propiciava conforto, sem tomar sequer alguma medida ou ação para mitigar ou abrandar seus efeitos negativos.
Assim, nas últimas décadas, as mudanças do clima cresceram de forma acelerada, transformando-se na crise climática atual, visível no dia a dia de quase tudo o que nos cerca. Ou até das atividades profissionais de cada um de nós.
Não faltaram advertências. A derrubada da Floresta Amazônica transformou-se no grande escândalo do século 21. A insensatez de destruir bosques a esmo vem de longe e começou na colonização do País pelos europeus, com o corte do pau-brasil, denominação da cor da brasa utilizada para tingir tecidos e que deu nome à Nação. Acentuou-se, entretanto, nas últimas décadas, com o corte acelerado dos bosques da Mata Atlântica, a imensa área verde que perpassa vários Estados de nosso país.
Na cidade de São Paulo, o bairro de Pinheiros tem este nome porque estava cheio de araucárias até, pelo menos, o início do século 20, quando a incessante derrubada serviu à construção de moradias, um dos pontos de partida para que a atual metrópole seja hoje a maior e mais habitada cidade da América do Sul.
Os bosques são um dos principais reguladores dos ciclos das chuvas. No entanto, nos casos de estiagens prolongadas ou intermitentes, as queimadas se alastram por dentro dos bosques aparentemente viçosos e, sem danificar as árvores adultas, o fogo destrói o solo e o desnuda, consumindo as folhas secas, como explica José Lutzemberger, um dos mais respeitados ambientalistas brasileiros, em seu livro Manual de Ecologia – do Jardim ao Poder. O solo se desestrutura e começa a erosão. As encostas levarão milhares de anos para se recuperar, completa ele.
E vai adiante, num relato que explica o horror das mudanças climáticas: “Desde a Revolução Industrial já aumentamos em quase 60% a concentração de gás carbônico na atmosfera pela ação dos combustíveis fósseis – petróleo, carvão, lignina e gás natural – e também pelos incêndios florestais”.
A advertência de Lutzemberger foi feita anos antes dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso, acompanhada de outra tétrica previsão que se confirma pouco a pouco: as calotas polares perderão gelo cada vez mais, havendo o risco de cidades inteiras desaparecerem pelo aumento do nível dos oceanos. “A Holanda inteira poderá desaparecer” é a previsão.
Há, ainda, a contaminação da água consumida principalmente nas grandes cidades e que é uma das principais causas do atual surto de hepatite A em distintos pontos do País e do mundo. Na Amazônia, boa parte dos rios está contaminada com o mercúrio lá jogado para facilitar a garimpagem ilegal.
Tudo isso faz afirmar que nossa cegueira nos leva a brincar com fogo, num suicídio lento, mas evitável, se mudarmos o estilo de vida e nosso comportamento ante a natureza.
*JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Fonte: https://www.estadao.com.br
Bahia tem mais de 70 mortes em ações policiais; Caetano Veloso pede socorro ao papa: ‘Assustado’
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Mais 4 homens foram baleados pela PM em Santo Amaro na sexta; governador tem defendido ação das tropas. Ministério da Justiça lança plano de combate a facções pressionado por crise na segurança
Operações letais têm pressionado governo da Bahia; PM é uma das que mais matam no País Foto: Alberto Maraux/SSP-BA
Por Fernanda Santana
Quatro homens morreram em operação policial em Santo Amaro da Purificação, a 94 quilômetros de Salvador, na noite de sexta-feira, 29. Segundo a Polícia Militar da Bahia, eles foram baleados após trocarem tiros com policiais, que revidaram. O Estado tem visto uma escalada de confrontos com facções criminosas e óbitos em ações das forças de segurança - a PM baiana mata mais do que a polícia do Rio, historicamente conhecida por sua alta letalidade.
Segundo balanço do Instituto Fogo Cruzado, até quinta-feira, 28, haviam sido 68 mortos em operações policiais em Salvador e na região metropolitana neste mês. Em agosto, haviam sido 61. Nesta semana, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que o Estado tem sido firme na tentativa de “barrar o processo” de violência e disse que não determinou, em nenhum momento, que os PMs “trouxessem corpos”.
A crise de violência também acelerou o lançamento, pelo governo Lula (PT), de um plano de combate ao crime organizado, que prevê usar R$ 900 milhões para melhorar o combate às facções, como o Estadão revelou. O Ministério da Justiça e Segurança, de Flávio Dino (PSB), tem sido cobrado por ações efetivas no setor.
Na versão da PM, as mortes mais recentes, os policiais foram ao local após receberem denúncias de que homens armados vendiam drogas e ostentavam armas na região. Os suspeitos baleados tinham entre 23 e 28 anos, segundo a Polícia Civil, e foram identificados como Gabriel Sales de Barros, Anderson Júlio Magalhães Silva, Lucas Vieira dos Santos, e Alex Coelho dos Santos.
A PM afirma que foram apreendidos com eles uma espingarda calibre 12, três pistolas de calibres diversos, munições, 262 pinos de cocaína, 196 porções de maconha, 38 pedras de crack, sete celulares, duas máquinas de cartão bancário, um caderno, uma blusa camuflada, embalagens para drogas. O material foi levado à delegacia de Santo Amaro, onde a ocorrência foi registrada.
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Santo Amaro da Purificação, como o restante da Bahia, tem registrado acirramento de conflitos armados e alta da letalidade em ações policiais desde o início do ano. Há um mês, dois suspeitos de integrarem uma facção foram mortos em outra operação da PM em Santo Amaro. A PM da Bahia, à época, afirmou que os policiais foram recebidos a tiros por dez homens no bairro da Candolândia.
Caetano Veloso, músico nascido na cidade, entregou ao papa Francisco uma carta em que revela estar “assustado” com o aumento da insegurança na Bahia e também no Rio de Janeiro, onde mora. “Diante dessa situação de agravamento da violência peço que Vossa Santidade volte seu olhar e suas orações para o nosso país”, escreveu o cantor, que se encontrou com o pontífice no Vaticano nesta semana. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ciclistas encontram, por acaso, rei Chales 3º em trilha no interior da Escócia.
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SÃO PAULO
Um grupo de ciclistas teve uma grande surpresa quando encontraram aleatoriamente o Rei Charles 3º, que estava fazendo uma caminhada pelo interior da Escócia, onde fica o Palácio de Balmoral, uma das residências oficiais da família real britânica.
Em um vídeo gravado pelos ciclistas antes de se depararem com o rei de 74 anos, eles brincavam sobre avistar um membro da realeza. "Não ligo para os reais, mas seria legal ver o Charlie", comentou um deles.
Então, um deles percebeu que era realmente o Rei Charles 3º que eles estavam avistando. "Acho que o Charlie está aqui porque há guardas lá embaixo com fuzis de assalto grandes e coisas assim. Parece bem legal", disse o ciclista.
-Nas cenas, o Rei usa uma boina e carrega uma bengala. Ele disse ao grupo que ainda estava em suas férias de verão e que "é maravilhoso aqui em cima". " "Eu gosto de caminhar", acrescentou.
O vídeo de quase 20 minutos foi postado no YouTube com o título "Encontramos o Rei Charles neste passeio de bicicleta!". Segundo relatos, ele foi filmado em 25 de agosto, enquanto o Rei e a Rainha Camilla ainda estavam em sua pausa em Balmoral. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Sem atenuante para o racismo
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Sem atenuante para o racismo
Cassação de vereador em São Paulo por ter desrespeitado os negros é um avanço civilizatório
Numa sessão remota da Câmara Municipal de São Paulo, em maio do ano passado, o vereador Camilo Cristófaro (então do PSB, hoje no Avante) foi flagrado dizendo “é coisa de preto, né?”, ao se referir a um serviço mal feito. Anteontem, em razão dessa evidente quebra de decoro, o vereador foi cassado, tornando-se o primeiro parlamentar paulistano a perder o mandato por racismo, o que é evidentemente um avanço civilizatório. O placar de 47 votos a zero mostra que ninguém na Câmara teve coragem de defender o indigitado, prova inconteste de que o racismo se tornou intolerável para os eleitores.
Nada disso significa, é claro, que os vereadores paulistanos tenham se tornado subitamente cidadãos conscientes dos limites morais e éticos a que todos devemos nos submeter para suportar a vida em sociedade. O mais comum, infelizmente, é que o espírito de corpo prevaleça entre os parlamentares, que se defendem uns aos outros movidos por interesses paroquiais, frequentemente em detrimento do decoro e da decência. Diante do histórico de impunidade na Câmara, é lícito supor que, de alguma forma, o vereador ora cassado tenha em algum momento perdido apoio dos colegas, não exatamente por ter se comportado de maneira vil, mas apenas porque deixou de ter amigos na Casa. Talvez por essa razão seu caso tenha afinal ultrapassado todas as barreiras que usualmente servem para retardar ou inviabilizar processos de cassação e, assim, alcançado o plenário. Uma vez lá, a cassação era tida como líquida e certa, porque obviamente ninguém teria coragem de votar a favor de um político acusado de racismo.
E esse é o ponto a celebrar nesse caso. A sociedade brasileira deixa cada vez mais claro que atitudes como a desse vereador cassado não são aceitáveis nem como brincadeira ou ato falho. Ainda estamos longe do ideal, é claro. Recorde-se que o caso do sr. Cristófaro foi arquivado no Tribunal de Justiça de São Paulo porque o juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, malgrado tenha reconhecido o caráter discriminatório da declaração do político, considerou que ele não teve “a vontade de discriminar”. Uma decisão, sem dúvida, subjetiva.
Ainda assim, o desfecho do caso em seu aspecto político foi extremamente didático. Se todos os cidadãos têm a obrigação de evitar situações que possam configurar racismo, mais ainda a têm aqueles que ocupam funções públicas de grande visibilidade e que detêm mandato eletivo. Isso ganha especial importância no momento em que muitos políticos, pretendendo escorar-se na imunidade parlamentar, parecem entender que ser infame e atacar minorias de maneira desavergonhada dá votos.
Como já dissemos neste espaço, a medida extrema de cassação de mandato parlamentar serve em primeiro lugar para resguardar a integridade institucional do Legislativo. Punir a perniciosidade não significa apenas respeitar o eleitorado, mas também estimular o esforço coletivo para a construção de uma sociedade mais justa, empreendimento que só é possível quando fundado firmemente na dignidade humana. Fonte: https://www.estadao.com.br
Mais de 5 mil pessoas morrem, e 10 mil estão desaparecidos após passagem de tempestade na Líbia
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Ministro estima que a tempestade mediterrânea Daniel matou 5,3 mil pessoas além de deixar 25% da cidade de Derna debaixo d'água.
Por g1
Mais de 5,3 mil pessoas morreram na Líbia após uma tempestade atingir o país no domingo (10), informou a agência de notícias do país.
Um representante do Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha nos países de maioria islâmica, afirmou que cerca de 10 mil pessoas estão desaparecidas.
“Os corpos estão por toda parte - na água, nos vales, sob os edifícios", disse Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil e também integrante do Comitê de Emergência criado após as enchentes.
As informações divulgadas pelo governo e órgãos líbios podem não ser precisas porque, desde 2011, o país está politicamente dividido entre leste e oeste. Por conta disso, os serviços públicos entraram em colapso. O governo internacionalmente reconhecido em Trípoli não controla as áreas orientais, o que dificulta a obtenção de dados na região.
A cidade de Derna, de 125 mil habitantes, foi uma das mais atingidas. Derna fica na costa da Líbia e é cortada ao meio por um rio sazonal. Duas barragens nesse rio foram rompidas pela força da água.
Devido à tempestade, as ruas foram tomadas pela água, casas foram inundadas, edifícios foram destruídos, carros acabaram virados e moradores foram arrastados.
A tempestade mediterrânea Daniel que atingiu a Líbia no domingo (10) também afetou as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda e Al-Marj.
Antes de chegar à Líbia, a tempestade Daniel levou estragos à Grécia, Turquia e Bulgária.
A tempestade agora está sobre o Egito. A intensidade das chuvas e do vento diminuiu, mas mesmo assim preocupa as autoridades, que colocaram o país em alerta.
A Líbia pediu ajuda internacional para se recuperar da tragédia. Países como os Estados Unidos e a Turquia enviaram aviões com suprimentos para o país africano.
Regime parlamentarista da Líbia
A Líbia vive um regime parlamentarista instituído na cidade de Tripoli, capital do país, sob a chancela de Abdulhamid al-Dbeibah. O governo é consequência de uma revolta popular mobilizada em 2011 com apoio da Otan contra o então líder Muammar Gaddafi.
Isso porque, em 2014, o país se dividiu em duas frentes: uma alinhada à Otan, que é reconhecida internacionalmente, e outra liderada por Osama Hamad, que controla o leste do país.
Em 2021, al-Dbeibah foi escolhido primeiro-ministro com a premissa de realizar novas eleições para todo o país. No entanto, a votação ainda não ocorreu por conta de desentendimentos entre os grupos acerca das regras do pleito. Fonte: https://g1.globo.com
Sobe para 47 o número de mortes pelas chuvas no RS; Porto Alegre tem voos cancelados
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Oito pessoas continuam desaparecidas; nova vítima foi confirmada no município de Colinas, banhada pelo rio Taquari
Imagens aéreas da enchente no Rio Taquari, em Lajeado - Divulgação - 05.ago.2023/Portal Agora no Vale
PORTO ALEGRE e SÃO PAULO
O número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana subiu para 47, de acordo com atualização do boletim da Defesa Civil do estado.
A nova morte foi confirmada no município de Colinas, banhado pelo rio Taquari e que faz fronteira com a cidade de Roca Sales, devastada pelo temporal.
Já o número oficial de pessoas desaparecidas caiu substancialmente. Após investigação da Polícia Civil que partiu de uma lista de 83 nomes, a maior parte foi localizada e restam ainda oito pessoas desaparecidas. Até a noite de segunda (11), a Defesa Civil comunicava 46 desaparecidos.
Em entrevista coletiva realizada nesta terça (12) no Centro de Ações de Recuperação montado em Encantado (RS), o vice-governador Gabriel Souza declarou que a lista pode aumentar novamente conforme as famílias comunicarem as autoridades.
Conforme os novos dados da Defesa Civil, 4 dos desaparecidos são de Muçum, 2 de Lajeado, 1 de Roca Sales e 1 de Arroio do Meio.
O boletim atualizado na manhã aponta que o estado tem 925 pessoas feridas e 25.311 fora de casa em decorrência dos problemas causados pela chuva. O estado tem 97 cidades afetadas de alguma maneira.
O governo gaúcho estima em 340 mil o total de afetados pelos temporais. Uma força-tarefa com cerca de 900 servidores atua nas buscas, resgates, identificação de corpos e reparos na infraestrutura.
Os corpos das vítimas estão sendo reconhecidos pelo Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre e em cidades do interior.
A liberação para os velórios depende de uma normalização mínima na rotina das cidades afetadas, que chegaram a ter mais de 80% de sua área urbana submersa.
De acordo com o Climatempo, a previsão para o Rio Grande do Sul é de dia nublado com chuva forte, que deve diminuir de intensidade durante a noite.
O RS enfrenta chuva forte nesta semana, mas mais concentrada na metade sul e fronteira oeste. Nessas regiões, o acúmulo de chuva deverá superar 200 milímetros até a sexta-feira. O Inmet aponta alerta laranja para as regiões. Em seis municípios da metade sul, houve suspensão das aulas: Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.
VOOS SÃO CANCELADOS EM PORTO ALEGRE
Em outras regiões, houve vento forte e queda de luz. No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, dez voos não conseguiram aterrissar na noite de segunda em razão do vento. Cinco voos foram cancelados nesta terça.
Pela manhã, a concessionária CEEE Equatorial comunicou queda de energia em 65 mil pontos em diferentes municípios, 13 mil deles em Porto Alegre. Municípios do litoral norte, como Capão da Canoa e Arroio do Sal foram afetados, com 5.000 pontos de queda de energia cada.
DOAÇÕES E FINANCIAMENTOS
Na sexta (8), o governo federal anunciou o repasse, via prefeituras, de R$ 800 por cada desabrigado e o envio de 20 mil cestas básicas.
Na quinta (7), a gestão Lula já havia reconhecido o estado de calamidade pública, conforme solicitado pelos municípios atingidos pelos temporais para simplificar os processos de compras e contratações, e acelerar a resposta à destruição. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), os prejuízos chegam a R$ 1,3 bilhão.
Em reunião com prefeitos das cidades afetadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. Desse total, cerca de R$ 300 milhões serão destinados ao setor agrícola, que segundo o governador foi um dos mais prejudicados pelas enchentes. Outros R$ 500 milhões serão destinados a empréstimos para prefeituras e R$ 100 milhões serão voltados para o financiamento imobiliário.
O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.
A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.
Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Polícia Civil começa a identificar desaparecidos nas enchentes; RS tem 46 óbitos
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As enxurradas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram 46 mortes, segundo boletim mais recente divulgado pela Defesa Civil na manhã desta segunda-feira (11). No sábado, a Polícia Civil começou os trabalhos para identificar o número exato de pessoas não localizadas e auxiliar na busca dos 46 desaparecidos.
Os policiais vão realizar diligências nos sete municípios do Vale do Taquari mais atingidos pelas enchentes - Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum e Roca Sales. Dez equipes, em um total de 35 policiais civis que trabalham em Porto Alegre, deslocaram-se para as localidades atingidas, somados a mais 83 servidores policiais da região.
As equipes entrarão em contato com familiares de desaparecidos e realizarão investigações detalhadas para garantir que o número total seja o mais preciso possível.
Em parceria com o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a polícia vai notificar as famílias afetadas, iniciando imediatamente o processo de coleta de DNA para identificar as vítimas.
Os dados serão disponibilizados de forma informatizada para que outros órgãos possam acessar e contribuir para a resolução da situação.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, enfatizou a importância da colaboração e coordenação entre as várias instituições envolvidas nesse esforço conjunto. "Estamos à frente na busca pela precisão dos números de desaparecidos, mas também estamos trabalhando em estreita colaboração com outras instituições. Vamos compartilhar nossos números para que todos possam acessar as informações necessárias", afirmou.
RS tem mais de 4 mil desabrigados e 20 mil desalojados
As chuvas torrenciais que atingiram o Rio Grande do Sul entre os dias 1 e 4 de setembro provocaram destruição em 92 municípios, afetando 340.918 pessoas, com 924 feridos. Segundo a Defesa Civil, 4.794 pessoas estão desabrigadas, e 20.490 desalojados. As enchentes provocaram a morte de 46 pessoas e 46 desaparecidos.
Óbitos: 46
Cruzeiro do Sul: 5
Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 16
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 11
Santa Tereza: 1
Bom Retiro do Sul: 1
Colinas: 1
Desaparecidos: 46
Lajeado: 8
Arroio do Meio: 8
Muçum: 30
Fonte: https://www.jornaldocomercio.com
10 de setembro: Dia de prevenção mundial ao suicídio.
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“SE PRECISAR PEÇA AJUDA”
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A frase que indica o título de nossa reflexão é o lema da campanha 2023, do dia de prevenção mundial ao suicídio, cuja data é o 10 de setembro. Esta campanha consegue ser o maior evento antiestigma que mobiliza a opinião pública buscando evitar esta conduta autodestrutiva que ceifa no Brasil especialmente os jovens.
São convocadas a unir-se a este momento de sensibilização e conscientização todas as entidades da saúde pública e particulares, e a sociedade civil como um todo, desde a academia, escolas, Igrejas, famílias e as diversas associações e grupos de serviço. É importante ajudar identificando os sinais que indicam possíveis desequilíbrios que levem a desistência da vida.
É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingido a muitas pessoas de diversas idades e situações. Além disso a dependência química em suas modalidades sociais e outras mais graves e transgressoras aumentam o risco da busca de por fim a vida.
A crise afetiva, de relacionamentos e a solidão urbana, o desemprego e as dívidas financeiras podem também contribuir a esta soma de fatores. A atitude diante deste fenômeno que nos desafia e interpela deve ser sempre uma maior compreensão, empatia e presença amiga e solidária, dando suporte as famílias que lidam com pessoas que apresentam sinais de alerta e sintomas de perda da vontade de viver.
Escutar narrativas, facilitar a ressignificação dos momentos de crise, apontando sempre saídas e o valor e beleza da vida, são procedimentos que abrem horizontes para aquelas situações sufocantes. Por isso as Igrejas e religiões podem em muito contribuir para a leitura de sinais ameaçadores de risco potencial e a sua transformação a partir da visão e experiência da bondade, misericórdia e ternura divinas e os meios de aceder a ela, vida comunitária, sacramental e espiritual, que nos comunicam a própria graça e vida sobrenaturais.
Não vamos esquecer estes irmãos e irmãs aflitos/as e sofredores, pois o amor de Cristo nos impele a dar-lhes nossa acolhida, amparo e socorro antes que seja tarde. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terremoto no Marrocos deixa 2.012 mortos; tremor é o mais letal do país desde 1960
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Abalo ainda feriu pelo menos 2.059 pessoas e causou danos na cidade antiga de Marrakech, Patrimônio Mundial da Unesco
MARRAKECH (MARROCOS)
Vinte e quatro horas depois que o terremoto de magnitude destruiu parte do antigo kasbah de Marrakech, a cidade antiga que é Patrimômnio Mundial da Unesco, poucos dos 14 mil moradores já tinham conseguido dormir.
Os amigos Belameur Kamal, 23, e Amine el Mssiehe, 24, estavam falando de futebol na frente da enorme mesquita Moulay el Yazid, às 23h05 (7h05 no Brasil) de sexta-feira (8), quando a construção começou a rasgar a partir do alto. Pedaços da obra erquida entre 1185 e 1190 explodiam nas ruas e os muros se dividiam ao meio até a nova fenda encontrasse uma janela, cuspindo seu batente na rua.
"Foram 40 segundos tremendo tudo. A gente estava sentado em cima das motos e fomos jogados no chão", conta Kamal, que passou por um sismo em 2004 quando estava na escola. Na ocasião, porém, sua carteira e a de seus colegas apenas tremeu por cinco segundos.
Desta vez, há pelo menos 51 mortos na cidade. Contando as vilas adjacentes, os números são bem mais assustadores: 2.012 pessoas mortas e 2.059 feridos, segundo contagem mais atualizada do Ministério do Interior, fazendo deste o terremoto mais letal no país em 63 anos.
O terremoto ocorreu em Ighil, nas montanhas do Alto Atlas, cerca de 70 quilômetros a sudoeste de Marrakech, a uma profundidade de 18,5 quilômetros, às 23h11 no horário local (19h11 em Brasília). De acordo com as autoridades, as mortes se concentram nas províncias e municípios de Al Hauz, Marrakech, Uarzazat, Azilal, Chichaoua e Tarudant. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenários de devastação.
Neste sábado (9), o governo do Marrocos declarou luto oficial durante três dias. As Forças Armadas anunciaram que enviarão mantimentos, barracas e cobertores para as áreas afetadas.
"A terra tremeu por cerca de 20 segundos. As portas se abriram e fecharam sozinhas enquanto eu descia correndo do segundo andar", disse à agência de notícias Reuters Hamid Afkir, professor em uma área montanhosa a oeste do epicentro, perto da cidade de Taroudant.
A vice-governadora do Ceará, Jade Romero, e o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, estavam em Marrakech com suas respectivas comitivas para o Encontro Mundial de Geoparques. "Toda nossa comitiva do Governo do Estado do Ceará está bem e em local seguro", afirmou Romero pelo X, antigo Twitter. A equipe de Souza também está protegida e deve retornar ao Brasil neste sábado (9), de acordo com a assessoria do político.
O Itamaraty informou que não há notícias de brasileiros mortos ou feridos até o momento.
"A população nessa região vive em estruturas altamente vulneráveis a abalos sísmicos", afirmou o Serviço Geológico dos Estados Unidos, que estimou a magnitude do terremoto em 6.8. O centro geofísico do Marrocos, por sua vez, disse que o terremoto teve magnitude de 7.2.
Segundo o instituto americano, o tremor já é o mais letal no país desde 1960, quando um sismo provocou a morte de 12 mil pessoas, e também o mais intenso em cem anos, dado que a magnitude 6.8 é rara de ser atingida no Marrocos.
Na cidade antiga de Marrakech, um Patrimônio Mundial da Unesco densamente povoado, casas desabaram e um muro apresentava rachaduras e trechos destruídos. Durante a noite, as pessoas estavam tentando remover manualmente os escombros enquanto aguardavam equipamentos adequados, disse à Reuters Id Waaziz Hassan, um morador.
"Via os edifícios se movendo", disse à AFP Abdelhak el Amrani, de Marrakech, que afirmou ter havido uma queda da eletricidade de dez minutos. "As pessoas estavam em pânico. As crianças choravam, os pais estavam desamparados."
Pessoas na capital, Rabat, e na cidade costeira de Imsouane, ambas perto do epicentro, também fugiram de suas casas com medo de um terremoto mais forte, segundo testemunhas da Reuters.
Montasir Itri, morador da vila de Asni, disse que a maioria das casas foi danificada. "Nossos vizinhos estão sob os escombros e as pessoas estão trabalhando duro para resgatá-los usando os meios disponíveis", disse ele.
Marrocos frequentemente experimenta terremotos em sua região norte devido à sua localização entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Alhucemas, no nordeste do país.
Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, com uma magnitude de 7.3, foi um dos terremotos mais destrutivos da história contemporânea. Resultou na morte de 2.500 pessoas e deixou pelo menos 300 mil pessoas desabrigadas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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