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Música-A Missão do Frei Petrônio- do CD- Tempo do Carmelo (2ª CD do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
Letra música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm (Gravação com a participação do Carlos Maka/RJ)
1-Frei Petrônio, Frei Petrônio, pra onde você vai? Diga lá, ó carmelita, nesta vida a caminhar / Eu vou, eu vou, eu vou, vou Evangelizar, com Santo Escapulário, de Jesus eu vou falar (bis)
2-Frei Petrônio, Frei Petrônio, onde é que você está, no Sudeste ou no Nordeste, vive a peregrinar/ Eu vou, eu vou, eu vou, vou Evangelizar, com Santo Escapulário, de Jesus eu vou falar (bis)
3- Frei Petrônio fala de política, religião e futebol, diga lá ô Frei Petrônio, abra logo o seu gogó. / Eu vou, eu vou, eu vou, vou Evangelizar, com Santo Escapulário, de Jesus eu vou falar (bis)
4- Frei Petrônio denuncia, os corruptos a roubar, lá no Norte ou no Sul, ele não para de gritar / Eu vou, eu vou, eu vou, vou Evangelizar, com Santo Escapulário, de Jesus eu vou falar (bis)
5- Frei Petrônio no Centro Oeste, também vai anunciar, a Boa Nova pra todos, ainda é tempo de sonhar/ Eu vou, eu vou, eu vou, vou Evangelizar, com Santo Escapulário, de Jesus eu vou falar (bis)
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42 - Os leigos Carmelitas, sustentados pela graça e guiados pelo Espírito, que os encoraja a viver com firmeza a vida cristã, seguindo as longas veredas do Carmelo, reconhecendo como irmãos e irmãs de quem quer que seja chamado a compartilhar o mesmo carisma. “O leigo Carmelita pode formar comunidade de diversos modos: na própria família, que é a Igreja doméstica; na paróquia onde é chamado a adorar Deus junto com os irmãos e a participar da vida comunitária; na própria comunidade terciária Carmelita, na qual encontra sustento para a caminhada espiritual; no ambiente de trabalho e no próprio meio onde vive”.
43 - A vida associativa dos leigos Carmelitas deve destacar- se pela simplicidade e autenticidade; cada comunidade deve ser um lar de fraternidade, onde cada um se sente em sua própria casa, acolhido, conhecido, valorizado, encorajado na caminhada, e quando necessário, corrigido com atenção e caridade. Os leigos Carmelitas empenhem-se, portanto, em colaborar com os demais membros da Família Carmelita e com toda a Igreja, a fim de que esta realize a própria vocação missionária nas mais diversas situações e condições.
44 - A fraternidade se reflete também em sinais externos. Cada leigo Carmelita é como uma centelha de amor fraterno lançada em direção ao jardim da vida: deve ser capaz de incendiar quem quer que se aproxime. A vida familiar, o ambiente de trabalho ou profissional, os meios eclesiais frequentados por leigos Carmelitas, devem receber deles o calor que nasce de um coração contemplativo, capaz de reconhecer em cada um os traços da semelhança com o rosto de Deus. A comunidade de leigos Carmelitas toma-se, deste modo, um centro de vida autenticamente humana, porque autenticamente cristã. Da experiência de se reconhecerem como irmãos e irmãs, nasce a exigência de envolver outros na fascinante aventura humano-divina da construção do Reino de Deus.
45 - Em um mundo cada vez menor, mais vizinho, mais unido por vínculos diversos e complexos, os leigos Carmelitas devem sempre testemunhar a sempre autêntica universalidade, sabendo valorizar as riquezas e as potencialidades de cada um reconhecendo-se parte de uma família internacional e favorecendo todas as ocasiões possíveis de encontro e intercâmbio frutífero entre os membros da Ordem.
*Da Regra da Ordem Terceira do Carmo
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
Olhando a nossa história toda, desde o início no Monte Carmelo, desde a vinda para Europa em 1238, desde a reforma de João Soreth no século XV, desde a vinda para o Brasil em 1580, desde a restauração no começo do século XX, aparecem umas constantes, uns pontos comuns nas várias épocas que merecem nossas atenção e que podem ajudar para descobrir os desafios para nós, pois neles se revela algo do rumo do Espírito de Deus para nós.
Assinalo aqui as seguintes dez constantes que aparecem ao longo da nossa história. Existe um certo desdobramento ou repetição entre eles, mas o enfoque de cada um é diferente:
- A vontade de estar em dia com a Igreja que se renova, atentos aos Sinais dos Tempos,
- A tensão entre contemplação e serviço ao povo, desde Simão Stock e Nicola o Francês
- Criatividade e entusiasmo que cativa a juventude
- Cultivar o que é próprio do Carmelo e não perder a identidade
- Acentuar a dimensão comunitária e a dimensão de Família Carmelitana
- Aprofundar e reler sempre de novo o ideal do Profeta Elias: Mística e Profecia
- Aprofundar e atualizar a devoção a Maria: ouvir, meditar e praticar a Palavra
- Ser fiel à origem Mendicante
- Não ter medo de reconhecer os erros e limitações, viver em conversão permanente.
O resumo de tudo: Viver em Obséquio de Jesus Cristo
Penso que cada um destes dez pontos deve merecer nossa atenção para descobrir os desafios de Deus no começo deste novo milênio, para a nossa presença e missão aqui no Brasil, onde chegamos faz apenas um pouco mais de 400 anos, e em Moça,bique, onde o ardor missionário nos levou a irradiar a presença do Carmelo. Em cada uma destas constantes podemos e devemos perguntar:
- Como foi que isto aconteceu no passado?
- Como podemos dar continuidade?
Segue uma primeira tentativa de recolher alguns sinais de como no passado procuramos responder aos desafios dentro destas dez constantes da nossa história:
A vontade de estar em dia com a Igreja que se renova: atentos aos Sinais dos Tempos.
Desde o seu mais remoto início, mesmo antes de receber a Regra, os Carmelitas procuravam sintonizar com a Igreja que se renovava, e buscavam estar dentro do rumo do Espírito de Deus. Buscavam farejar e seguir os “sinais dos tempos e lugares”. Não tiveram medo de tomar decisões ousadas para dar continuidade à sua missão:
- Abandonar Europa e ir para a Terra Santa
- Desejo de estar com a Igreja, pois queriam ter uma Regra aprovada por Alberto e pelo Papa.
- Assumir a forma mendicante de Vida Religiosa desde o início
- Abandonar o Monte Carmelo para vir à Europa para dar continuidade à Missão, mesmo sem saber bem como seria.
- As várias reformas que surgiram em praticamente todos os séculos até hoje
- Mesmo sendo eremitas assumem ser missionários a pedido da Igreja.
- Sair de Portugal para o Brasil: viagem ao desconhecido da Terra de Santa Cruz: viagem de três meses, sem celular nem rádio.
Tensão entre contemplação e serviço ao povo, desde os tempos de Simão Stock e Nicola o Francês
Os Carmelitas, mesmo sendo eremitas, não viviam separados nem alienados da realidade do mundo, mas procuravam servir ao povo. Nunca deixamos para trás nossa origem que é o Monte Carmelo: cada comunidade é desafiada a ser um “Pequeno Carmelo” que acolhe e faz a pessoa sentir e experimentas os mesmos valores que marcavam a vida dos primeiros frades no Monte Carmelo.
- O lugar geográfico deu origem ao nosso nome: “Carmelitas” e não “Albertinos”.
- Quando voltam para a Europa, eles entram nas cidades para poder servir ao povo e souberam encontrar e recriar nas cidades o deserto do Carmelo.
- O Monte Carmelo deixou de ser apenas um lugar geográfico para tornar-se um ideal de vida.
- A escolha dos lugares levava em conta o ideal de vida orante, conforme pede a própria Regra.
- A preocupação em seguir a Reforma de Touraine aqui no Brasil
- O surgimento hoje de dois eremitérios no Brasil
- Até hoje definimos nossa vida como “Fraternidade Orante no meio do Povo”.
Criatividade, coragem e entusiasmo que cativa a juventude
Aqui temos uma característica que chama atenção até hoje e nos desafia: é a criatividade na maneira de ser fiel às duas exigências do carisma: mística e Profecia, oração e missão, fraternidade contemplativa e serviço ao povo.
- O lugar onde os primeiros carmelitas construíram os conventos logo depois que vieram para a Europa.
- Depois de menos de 70 anos (de 1238 a 1300) criaram mais de 160 conventos em toda a Europa. Sinal de muito entusiasmo e criatividade.
- Tendo 200 frades em Portugal, eles têm a coragem de seguir o rumo da Igreja e aceitam o pedido de enviar quatro frades para uma terra totalmente desconhecida. De 1580 a 1635, em mais ou menos cinqüenta anos, os quatro frades souberam aumentar o número até 200 frades no Brasil. Sinal de que souberam apresentar o ideal carmelitano para a juventude destas épocas.
- As várias formas de presença aqui no Brasil, tão diferente de Portugal. Deixaram um rastro da sua presença na Amazônia, até hoje.
- No fim do século XIX, atendendo ao pedido do Papa e do Padre geral, vieram os frades da Espanha, da Alemanha, da Holanda e da América do Norte. A decisão na Holanda foi tomada em quatro dias e um grupo de seis frades veio para o totalmente desconhecido.
- A formação dada era totalmente deficiente (frei Timóteo) e mesmo assim de dentro dos frades renasce a criatividade que começa a reler o carisma e dá lição a quem já pensa saber tudo.
- Hoje se constata a mesma criatividade entre os formandos nossos na América Latina, África e Ásia (Timor Leste)
Cultivar o que é próprio do Carmelo e não perder a identidade
A história do Carmelo no Brasil é um testemunho desta fidelidade dos frades ao que temos de próprio. Olhando o gênero das atividades, eles se dedicam à pastoral comum, mas insistem no que nos é próprio:
- Devoção a Nossa Senhora, Escapulário, (Minas, Amazonas, Pará)
- Devoção ao Senhor dos Sete Passos,
- Práticas próprias para vários momentos do ano litúrgico: Statio,
- Novenas, uma iniciativa começada com os carmelitas.
- Acentuar a dimensão comunitária e a dimensão de Família Carmelitana
Nascemos como um grupo leigo
- A dimensão comunitária e muito forte na Regra
- Éramos eremitas que viviam em comunidade
3.As iniciativas são tomadas sempre em comunidade, em grupos. Havia o exercício participativo da autoridade, próprio dos Mendicantes e que se reflete na nossa Regra.
- Desde a reforma de João Soreth já se abre para leigos e leigas
- No Brasil temos a criação das Ordens Terceiras em vários lugares.
- Além disso, a partir dos frades e ligados a eles, surgiram Ordens Terceiras em toda parte.
- Surgem muitas congregações religiosas femininas, e a partir das Congregações há muita colaboração em nível de Família.
- É importante o esforço OC-OCD que nasceu aqui e que está sendo retomado para a toda a Ordem.
- A pintura em Recife une todas as ordens ao redor da fonte de Elias.
Aprofundar e reler sempre de novo o ideal do Profeta Elias: Mística e Profecia
- Renasce sempre em todas as épocas, mas sobretudo hoje a dupla dimensão Mística e Profecia que nos marca desde o começo.
- Neste ponto, no século XX, o Carmelo da América Latina deu uma grande contribuição para renovar a visão que tínhamos do profeta Elias como modelo de Vida Carmelitana. Veja a Ratio
- A ONG KARIT da Espanha, inspirada na figura do Profeta Elias.
- Na liturgia tínhamos orações diárias especiais ao Profeta Elias
- A iconografia do Carmelo no Brasil.
Aprofundar e atualizar a devoção a Maria: ouvir, meditar e praticar a Palavra
- Carmelo Bíblia o preferido das jovens e dos jovens
- Trabalho bíblico com as comunidades
- Devoção a Nossa Senhora, sobretudo por meio do Escapulário
- Festas e orações próprias
- As imagens e festas nas nossas igrejas
Ser fiel à origem Mendicante
Esta origem está dentro de nós e sempre levanta a cabeça. Surgimos numa época de mudança política e social na Idade Média. Surgimos para estar do lado dos Menores para fazer com que a riqueza da tradição orante da Igreja, através da nossa fidelidade, chegasse a ajudar o povo das cidades.
Os mendicantes se caracterizam por uma
* Vivência fraterna muito forte que não tem abade, mas tem prior;
* Itinerância e disponibilidade que gera mobilidade para o serviço aos pobres;
* Espiritualidade muito forte que irradia;
* Partilha que tem tudo em comum.
- Na América Latina, o que mais tem é pobre e empobrecimento. Já houve várias iniciativa da parte dos grupos Mendicantes (franciscanos, dominicanos, carmelitas, mercedários e outros) para ver como esta raiz comum nos pode ajudar a ser mais fiéis ao que Deus pede de nós hoje aqui nestas nossas terras.
- Em Roma, por iniciativa do nosso Padre Geral Joseph Chalmers, começou um movimento de encontros entre os Superiores Gerais das várias Ordens Mendicantes.
- No início, devido ao desejo de poder servir melhor ao povo, os mendicantes se clericalizaram. Hoje, penso que devemos pensar em desclericalizar para poder encontrar novos formas de serviço ao povo de acordo com o que a Realidade e a Igreja estão pedindo.
Não ter medo de reconhecer os erros e limitação e viver em conversão permanente.
Erramos muito ao longo dos séculos, em parte devido às limitações inerentes à visão da Igreja que funcionava como quadro de referências para todas as atividades:
- Conversão: expulsão da TFP
- Aceitação de negros
- Releitura dos Santos e das Santas
- Abandono da visão colonialista
Resumo de tudo: Viver em Obséquio de Jesus Cristo
No fim, o que renasce em todo carmelita é o desejo de, como Maria, meditar dia e noite na Lei do Senhor; como Elias, ser um testemunho ambulante do Deus vivo e, assim, viver sempre mais em obséquio de Jesus e deixar que o Reino de Deus tome conta de toda a nossa vida.
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Pe. Ricardo Nunes, da Diocese de Jaboticabal/SP- Ex-Frade Carmelita- e Frei Carlos Mesters, em visita ao Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 17 de maio-2019.
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A VIDA COMUNITÁRIA NO CARMELO TERESIANO
Salvador Ros García
Se perguntássemos a santa Teresa que experiência ela teve de vida comunitária, e como esta influenciou em sua vida espiritual, ela começaria, com quase certeza, respondendo-nos que não teve mestres, nem formadores, nem amigos que nela introduzissem: “Eu não encontrei mestre - digo confessor que me entendesse -, embora procurasse durante vinte anos, depois do que estou a dizer. Isto fez-me muito dano e voltar muitas vezes atrás e até de todo me perder” (V 4,7). “Creio que se tivesse tido mestre ou pessoa que me avisasse para fugir das ocasiões...” (V 4,9). “Todo mal estava em não poder eu furtar-me de todas as ocasiões e nos confessores que ajudavam pouco (V 6,4). “Grande mal é ver-se sozinha uma alma entre tantos perigos (...) Porque para cair tinha muitos amigos que me ajudassem; mas para levantar-me via-me tão só que agora me espanto ao ver que nem sempre estava por terra, e louvo a misericórdia de Deus, pois só ele me estendia a mão” (V 7, 20-22).
Como se vê, a lembrança da falta de um orientador é uma constante, semelhante a uma fibra solta e dolorida que pulsa no interior do seu relato biográfico. Essa carência foi real: se observarmos o resumo que ela própria faz de seu noviciado e da comunidade da Encarnação, nos damos conta que não menciona, em nenhum momento, o nome de uma mestra ou de uma priora que lhe tenha marcado significadamente. Somente recorda-se de uma amiga passageira e ninguém mais (cf. V 3,2; 4,1): nem os amigos que a acompanharam, nem sequer um sacerdote dentre os mais de 15 confessores que frequentaram o Mosteiro da Encarnação e que a ajudaram. Isso durou quase 20 anos (dos 20 aos 39 de idade) até que, por fim, aparece alguem disposto a estender-lhe a mão. É Francisco de Salcedo, um leigo, ao que chama “o cavaleiro santo”, e de quem exclama emocionada e agradecida: “que grande coisa é entender uma alma”
Apesar disso, o panorama não foi tão obscuro como parece. Ela mesma revela, em seguida, uma confidência surpreendente: “uma coisa posso dizer com verdade: Sua majestade (Deus) foi sempre meu mestre. Seja Ele bendito! Muita confusão é para mim poder dizer isto com verdade” (V 12,6). Disse isso em meio ao que é mais amargoso do relato da sua experiência de solidão e carência, em um constraste tão chamativo que se torna intencional, justamente para acentuar ainda mais este segundo plano que é a fonte de seu carisma e de seu magistério.
A experiência na encarnação (1535-1562)
Quando, na madrugada de 02 de novembro de 1535, Teresa saiu da casa paterna para ser monja no Convento da Encarnação, “onde estava aquela minha amiga” (V 4,1), tal convento se encontrava em livre expansão demográfica, num processo de crescimento de mais de 30 professas em 1536, de 65 em 1545, de mais de 150 em 1562, até chegar inclusive a 180[1]. Contrariamente, as rendas comuns estavam em diminuição e eram mal administradas, tornando-se insuficientes para satisfazer a necessidade daquele mundo heterogênio e crescente. Como consequência, o mosteiro oferecia um espetáculo chocante: de um lado as monjas pobres, do refeitório e dormitório comum, que passavam fome, e de outro, as senhoras privilegiadas, que dispunham de recursos próprios e que viviam magnificamente em suas celas de aluguel vitalício, com capacidade para manter criadas, talvez alguma escrava, alojar parentes e com um estilo de vida exatamente igual ao secular[2].
Diante de tal situação de pobreza comunitária, em contraste com a riqueza individual de algumas, uma alternativa encontrada era a de amenizar a superpopulação do mosteiro através de saídas frequentes, às vezes de longa duração, motivada por aparente mendicância, por imperativos de gratidão ou expectativas de ajuda que não sempre se cumpriam. Isto era possível porque no Convento da Encarnação “não se prometia clausura” (V 4,5). Consequentemente, a dependência afetiva gravitava mais em torno da vida extra-conventual, o que tornava impossível a vida comunitária intra-conventual. De fato, as próprias constituições do mosteiro manifestam também estas mesmas carências, comuns à mentalidade da época: não se tinha em conta o número de monjas nem os critérios de idoneidade para a vida comum; a oração mental não se apresentava como ato da comunidade; não existia a recreação comunitária nem se prescreviam outros encontros para o diálogo fraterno[3].
Obrigada ou de boa vontade, Teresa se viu envolvida nesse ambiente e viveu esta realidade: passou longos momentos no locutório a falar com algum cavaleiro da aristocracia local (V 7,7); esteve fora do mosteiro durante a prolongada e aguda enfermidade que a deixou paralítica aos seus 25 anos, e que a fez acorrer à curandeira famosa de Becedas, por-se em contato com o sacerdote enfeitiçado, convencer-se da miséria da medicina de seu tempo e de que podiam mais os terapeutas do céu, em especial o valoroso São José (V 6,5-8). Falecido o seu pai em 1543, Teresa teve que tomar conta de sua irmã Joana, que residiu com ela até seu casamento; foram frequentes as estadas na casa de seu tio Francisco Alvarez de Cepeda; fez com Joana uma peregrinação votiva a Guadalupe, com desvios bem aproveitados; esteve anos e anos com sua amiga íntima dona Guiomar de Ulloa; teve que ir a Toledo, por ordens do Provincial para consolar a aristocrata viúva dona Luisa de la Cerda (V 34-35). Com tudo, deve-se dizer que tais saídas tornaram-se proveitosas, pois graças a elas pôde entrar em contato com ideias e personagens decisivos: São Pedro de Alcântara, São Francisco de Borja, etc.
Seus encontros, fruto das saídas do convento, somados a sua sensibilidade às correntes reformistas, possibilitaram a gestação e o nascimento da ideia reformadora (cf. V 32,10). Todavia, não se deve esquecer que foi do Carmelo da Encarnação que veio a inspiração aos textos institucionais primitivos, bem como as próprias monjas que alimentaram as primeiras fundações descalças. Mesmo assim, essa herança ou elementos de continuidade não podem encobrir os muitos outros aspectos transcendentais que dotaram o projeto teresiano de um espírito novo e inconciliável com o vivido na encarnação – espírito e mosteiro que, sem dúvida, traumatizaram Teresa, apesar das contínuas desculpas que demonstra sem cessar (cf. V 37,9-10).
[1] Segundo dados da própria autora: cf . F 2,1; carta a uma aspirante, fim de maio de 1581,2.
[2] Remetemos à documentação publicada por O. STEGGINK, «Santa Teresa y el Carmelo femenino anterior», en Experiencia y realismo en Santa Teresa y San Juan de la Cruz,Madrid 1974, pp. 70-98; ID., Arraigo e innovación, Madrid 1976, pp. 51-68; T. ÁLVAREZ, «La visita del Padre Rubeo a las Carmelitas de la Encarnación de Ávila (1567)», en Monte Carmelo 86 (1978) 5-48; 269-280.
[3] Texto publicado por SILVERIO DE SANTA TERESA, «Constituciones del convento de la Encarnación de Ávila que se observaban viviendo allí Santa Teresa de Jesús», em Biblioteca Mística Carmelitana (= BMC), t. 9, pp. 481-523.
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Dom Wilmar Santin, bispo prelado de Itaituba (PA), foi o convidado do meeting point (oportunidade de contato com os bispos por meio de abordagens temáticas adicionais à programação oficial da Assembleia da CNBB) desta sexta-feira, 3 de maio.
Com o tema “Novos ministérios na realidade amazônica – rumo ao Sínodo 2019”, dom Wilmar abordou questões relativas ao Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia, convocado pelo Papa Francisco em outubro de 2017 e que acontecerá em outubro deste ano, envolvendo a Igreja dos nove países que compõem a região.
O ponto central do assunto se refere à necessidade da existência dos ministérios leigos na Amazônia, justamente pela falta de ministros ordenados numa região com extensa área geográfica e longa distância entre as localidades, normalmente de difícil acesso.
“O tema dos ministérios é fundamental na Igreja em toda a Amazônia, pela falta de ministros ordenados, o que faz com que os leigos participem”, afirmou o Bispo Prelado de Itaituba.
Documento da CNBB – O documento 62 da CNBB, intitulado “Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas”, de 1999, trata exatamente das novas formas de atuação laical, em cooperação com as atividades eclesiais. Segundo dom Wilmar, há quatro tipos de ministérios previstos: o reconhecido, o confiado, o instituído e o ordenado.
– reconhecido: é aquele que existe como serviço para a comunidade e que não tem um rito próprio de instituição.;
– confiado: quando já se tem um gesto litúrgico simples ou uma forma canônica, como os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, com mandato oficial, feito dentro da missa, sendo que o bispo ou o padre aceita enviar determinada pessoa como ministro.
– instituído: função conferida pela Igreja por meio do chamado rito de instituição, como o acolitato e o leitorado.
– ordenados: são os três graus previstos no sacramento da Ordem: diaconato, presbiterado e episcopado.
Fundamento bíblico – Dom Wilmar relembrou que a Sagrada Escritura mostra, no relato do livro dos Atos dos Apóstolos, que o primeiro ministério a ser instituído pela comunidade foi o diaconato, no episódio em que se percebeu que as viúvas gregas não estavam recebendo a devida atenção e, por isso, escolheram sete homens para ajudar a lhes dar a assistência necessária.
“Sobretudo após o Concílio Vaticano II é que se colocou ênfase no ministério dos leigos, uma igreja toda ministerial, com ministros da liturgia, da Palavra, do batismo, das exéquias, do matrimônio, entre outros, como parte integrante das várias comunidades. A origem de todo ministério é sempre o Espírito Santo, que suscita carismas e pessoas para algum serviço, não sendo, no entanto, algo para proveito próprio mas sim para o bem da comunidade, como afirma São Paulo no capitulo 12 de sua carta aos Coríntios”, relembrou D. Wilmar.
Experiência amazônica – Segundo o bispo, há alguns anos, numa das reuniões do clero de Itaituba, no Pará, questionou-se por que os padres não têm condições de dar a assistência pastoral e espiritual que deveriam. O religioso conta que chegaram à conclusão de que o número de padres é reduzidíssimo, com muitas comunidades a serem atendidas, distâncias imensas e estradas e acessos em péssimo estado.
“Assim, havia a necessidade de se ter leigos que desempenhassem bem sua função e decidiu-se que a ênfase seria formar bons ministros da Palavra entre os índios da etnia mundurucu, numa localidade em que vivem 14 mil deles, no Alto Tapajós, divisa com o Mato Grosso”, informou o bispo.
O bispo conta que após quatro anos de formação, em novembro de 2017, instituiu 24 ministros da Palavra (20 homens e 4 mulheres) e, em março deste ano, coincidentemente mais 24 (5 mulheres e 19 homens). “Isso me remete ao relato de Atos, capítulo 2, quando os apóstolos começaram oficialmente a pregação no dia de Pentecostes e o povo dizia: ‘nós ouvimos as maravilhas de Deus em nossa própria língua’”, disse. Ele orgulha-se de hoje ter 48 ministros da Palavra, que celebram em sua própria língua nativa. O próximo, segundo dom Wilmar, será preparar ministros do Batismo e do Matrimônio.
Por fim, dom Wilmar afirmou que a ideia de um dia ter ministros ordenados indígenas recebeu do Papa Francisco a seguinte resposta: ‘Vocês, da Amazônia, têm uma missão muito grande de dar uma demonstração ao mundo de que é possível usufruir das riquezas da Amazônia sem destruir’. Então, lutar para preservar a Amazônia não é ser contra o governo e sim ser a favor da casa comum, a favor do povo e a favor do Brasil”, concluiu.
Por padre José Ferreira Filho
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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CONVITE: 425 Anos da Ordem Terceira do Carmo da Esplanada/SP. Missa com Frei Evaldo Xavier, O.Carm no próximo domingo, dia 5 de maio-2019, às 17hs.
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Com o significativo título de “Venezuela, um país para chorar”, recebemos há alguns dias uma carta do Delegado Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços naquele país – Frei Daniel Rodríguez, ocd –, na qual nos dava informações sobre a situação de emergência que está vivendo a Venezuela e como os carmelitas estão tentando ajudar os mais afetados pela crise.
Na carta, Frei Daniel ressaltava o fundamento moral e espiritual da “noite” político-social na qual o país se encontra mergulhado. De acordo com nosso irmão, a situação pode ser qualificada como de “anarquia voraz”, na qual o crime e a delinquência avançam em meio a uma sociedade cada vez mais empobrecida, sem que se veja saída para uma situação na qual falta um sustento digno a tantos, enquanto escasseiam alimentos e medicamentos, bem como outros meios para poder viver uma vida digna.
Diante desse panorama desolador, nossos irmãos e irmãs tratam de desdobrar-se para ajudar os demais, mesmo que também tenham que suportar algumas penúrias: falta o combustível mínimo, necessário até para cozinhar; os cortes de luz são contínuos e prolongados, razão pela qual nossas Irmãs de Maracaibo, por exemplo, não podem utilizar ventiladores elétricos para aliviar temperaturas de 42° a 50°.
Da Cúria Geral, assim como da família carmelitano-teresiana de países como Colômbia, Brasil, Panamá, República Dominicana, Peru, Chile, Espanha, Argentina e do CITeS (Ávila), nossos irmãos venezuelanos têm recebido ajudas dos mais diversos tipos, as quais permitiram distribuir alimentos e medicamentos aos mais desfavorecidos. O Carmelo Secular mantém aberto um refeitório em Mérida, no bairro pobre de El Salado, mas só pode oferecer um prato de comida semanal. Fonte: http://www.carmelitaniscalzi.com
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A caminho da Ilha da Gipóia- em Angra dos Reis/RJ- para a Pascoela dos Carmelitas regional Rio; Lapa, Vicente de Carvalho e Angra dos Reis. Segunda-feira, 29 de abril-2019.
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