A paz imprevisível
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O pogrom de outubro e a tragédia de Gaza evidenciam que, no caso destes dois grandes povos, só fanáticos ainda creem haver terra a tomar e guerra a vencer
Por Luiz Sérgio Henriques
Nada pior para um conflito como o que ora transcorre em Israel e em Gaza, carregado de dimensões simbólicas milenares, do que ser capturado pela lógica pedestre das guerras de cultura, tão raivosas quanto superficiais. Israel nelas aparece, monoliticamente, como o representante do imperialismo ocidental, um apêndice estranho e indesejado na região, contra quem toda e qualquer revolta se justifica, mesmo quando, como em 7 de outubro, pisoteia valores mínimos da civilização e reacende temores ancestrais de perseguição e aniquilamento. Pela mesma lógica, inversamente, o Hamas identifica-se com todo um povo e surge como protagonista de um tardio combate anticolonial, em torno do qual devem se juntar automaticamente os condenados da Terra.
Postas assim as coisas, cada um de nós não tem muito mais a fazer senão se afundar nas respectivas câmaras de eco e repetir indefinidamente as próprias verdades até que um dia, quem sabe, sobrevenha o cansaço e reapareça a necessidade de buscar alguma outra “causa justa”. Perdem-se nuances, omitem-se elementos significativos de um complexo consenso em construção, inclusive nos círculos dirigentes do Ocidente.
Por aqui, aliás, há bons sinais. Certamente, tarda uma decidida ação de paz pelos Estados Unidos, a potência capaz de conter ou influenciar Israel e, ao mesmo tempo, dialogar com o mundo árabe, suas ruas expressivas e seus dirigentes mais sensatos. No entanto, neste momento de trevas, tem sido animador ver o amadurecimento definitivo da ideia dos dois Estados, alicerçada não só numa necessária visão pragmática, como também no reconhecimento formal do direito à terra tanto por judeus quanto por palestinos.
Tem mais de um grão de verdade a proposição do presidente Biden segundo a qual, neste “ponto de inflexão da História”, há um contraponto entre democracias e autocracias. Trata-se, porém, de uma verdade parcial, provisória, até pelo fato de que, como o próprio Biden sabe em primeiríssima mão, as democracias permanecem assediadas internamente por atores disruptivos com capacidade para produzir fissuras em consolidadas tradições constitucionais. E, por ironia, nem mesmo a democracia israelense está livre deste assédio. Um político como Benjamin Netanyahu, não por acaso, é fator interno de restrição das liberdades e fator externo de guerras e invasões, ainda que nesta última circunstância tenha os extremistas palestinos como sócios dedicados.
De fato, com algumas exceções, como perto de nós a Venezuela, têm vindo da extrema direita global as ameaças mais graves aos regimes democrático-constitucionais que costumávamos considerar quase um fato da natureza. O culto do homem forte e providencial ressurgiu como a novidade em reação à globalização dos mercados feita de modo veloz e anárquico em algumas poucas décadas. O rótulo “nacional-populismo” define bem a situação recentemente criada: nativismo ideológico, fechamento de fronteiras econômicas, proteção real ou meramente demagógica aos trabalhadores locais, em troca de concentração de poder e asfixia dos pesos e contrapesos de uma democracia cada vez mais difícil.
Netanyahu é a manifestação israelense deste movimento reacionário global. Antes de 7 de outubro, havia um número impressionante de cidadãos nas ruas e praças de Israel, em manifestações que perduraram por meses a fio em defesa do Poder Judiciário. Por certo, a esquerda em sentido estrito, minoritária desde que a perspectiva de paz se enfraquecera, não tinha o controle dos protestos, dominados por preocupações com o destino de uma instituição absolutamente decisiva. E neles não estavam os árabes israelenses. Não importa muito, brotava ali o germe da renovação e da esperança, o repúdio de massas contra o autocrata em formação. Este germe e este repúdio se viram paralisados com o conflito, que, neste preciso sentido, responde ao nacionalismo agressivo de Netanyahu e seus aliados de extrema direita, particularmente os que representam a ocupação ilegal na Cisjordânia.
Guerras cumprem a função clássica de unir momentaneamente a população em torno da salvação nacional e de abafar o normal dissenso democrático que, de outro modo, se desenvolveria e teria o potencial de dar bons frutos. Na espessa névoa que logo produzem, prevalecem profissões de fé e alinhamentos pavlovianos, como se Israel só tivesse amigos à direita, a Palestina à esquerda. E como se um país inteiro se reduzisse à guerra ao terror e o outro, em formação, limitasse suas formas de luta e resistência a explosões bárbaras.
O caminho da paz, surpreendente e imprevisível, é um daqueles que só se fazem ao caminhar – e a História está mais cheia deles do que parece. Como muitos autores têm lembrado, a Guerra do Yom Kippur, em 1973, levaria ao acordo entre Begin e Al Sadat; e à Intifada de 1987 se seguiriam os Acordos de Oslo entre Rabin e Arafat. O pogrom de outubro e a tragédia cotidiana de Gaza escancaram a evidência de que, no caso destes dois grandes povos, só fanáticos ainda acreditam haver terra a tomar e guerra a vencer.
*TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL
Lázaro Ramos comenta boicote a ‘Ó Paí, Ó 2′: ‘Minha função é continuar trabalhando e sendo ético’
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Páginas bolsonaristas pediram boicote ao filme devido ao apoio do ator à esquerda e ao governo Lula. Lázaro reflete sobre polarização, mas diz que filme é trabalho coletivo: ‘Nunca foi, não é e nunca será sobre mim’
'Ó Paí, Ó nunca foi, não é e nunca será sobre mim', diz Lázaro Ramos, que estreia sequência do filme Foto: H2O Films/Divulgação
Por Matheus Mans
Na primeira cena de Ó Paí, Ó 2, estreia desta quinta-feira, 23, Roque (Lázaro Ramos) quebra a quarta parede. O protagonista olha diretamente nos olhos do espectador e faz uma declaração: nos 15 anos que se passaram desde o primeiro filme, as coisas mudaram na Bahia. “O Pelourinho tá igual o Brasil: rachado no meio e o povo caído no buraco”, diz. A declaração não chega à toa, mas em um momento que o próprio Lázaro divide opiniões.
Afinal, nos últimos meses, páginas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) propuseram um boicote ao novo filme por causa das posições ideológicas à esquerda do ator. É a tal polarização que, claro, atinge o coração da Bahia. Isso afeta Lázaro? Ele mesmo responde.
“Tô gravando novela, com agenda cheia”, diz aos risos ao Estadão. “Eu reflito muito, mas minha função é continuar trabalhando, sendo ético e correto, oferecendo o meu melhor como contador de histórias e ativista, compreendendo que os processos não são sobre mim. Ó Paí, Ó nunca foi, não é e nunca será sobre mim. É um grupo de artistas que conta essa história”.
Um filme ligado com o Brasil atual
No primeiro filme, assim como na série que originou a produção para a tela grande, sempre foi possível perceber a conexão com o mundo do agora. Há 15 anos, por exemplo, Ó Pai, Ó estava discutindo os caminhos do dinheiro, a presença da religião na vida das pessoas e como o novo mundo globalizado estava chegando ao Pelourinho.
Agora, na nova história, as coisas são diferentes. Há a polarização citada, assim como a tecnologia e, na subtrama mais interessante, uma personagem que sofre com a violência. Ó Paí, Ó 2, assim, é tão conectado com o Brasil que está ali fora que não só comenta sobre os assuntos do momento, como também vira tema das conversas - e, é claro, dos boicotes.
O filme começa quando a população do Pelourinho descobre que Neusão (vivida genialmente por Tânia Tôko) perdeu seu bar em um golpe imobiliário. Agora, quem toca o negócio é um coreano dali. Assim, o grupo decide se mobilizar para salvar o bar de Neusão enquanto Roque, é claro, vive a sina de tentar ser um artista de axé em um País que parece não ter ouvidos e muito menos espaço para ele.
As dores e maravilhas do retorno
Lázaro, porém, conta que nem tudo foi tranquilo em seu retorno ao personagem de Roque. Ele diz que nem pensou duas vezes antes de aceitar o convite – segundo ele, faz qualquer coisa que o Bando [de Teatro Olodum] sugerir, inclusive um possível Ó Paí, Ó 3. No entanto, assim que começaram os preparativos pra viver novamente o aspirante a músico, veio a preocupação.
“São várias camadas. Primeiramente, vem o desafio físico de dançar e cantar daquele jeito. O joelho não é mais o mesmo”, diz Lázaro. “Tem o desafio emocional também de ficar perto dos artistas do Bando. É algo que ainda mexe comigo. Ainda hoje fico nervoso. Eles são meus primeiros ídolos. Eu queria ser eles. Era minha maior referência. Por isso, eu fico com medo de não dar conta, de não ter a mesma agilidade cênica, a mesma inteligência cênica. Mas, no fim, é uma oportunidade de fazer uma sequência de algo que já foi uma série, que já virou filme e também já foi pro teatro. O desafio virou oportunidade”.
Se Lázaro ficou nervoso, dá pra imaginar a diretora Viviane Ferreira. Este é apenas o segundo longa da cineasta, que já mostrou uma habilidade muito acima da média com seu longa de estreia, o belíssimo Um Dia com Jerusa. Ela teve uma tremedeira logo de cara.
“Ser chamada para o time titular para um grupo do qual você é fã e que contribuiu para a sua formação não é simples”, afirma Viviane, também em entrevista ao Estadão. Com isso, ela acabou fazendo uma direção afetiva, com trocas com o Bando para que todos fiquem à vontade com a “polifonia de histórias” que é Ó Paí, Ó 2.
“Não tive medo, mas tive respeito. É respeito que a gente sente para um trabalho que é realizado em sequência desde 1992. Ó Paí, Ó nasceu como narrativa de sucesso. As pessoas que vão se somando trazem muito respeito para a criação do Bando”, comenta a cineasta.
Um filme sobre todos
Com isso, pode-se dizer que 15 anos depois, muita coisa mudou e o filme acompanhou isso, mas sem perder a essência. Ó Paí, Ó 2 ainda é, em seu coração, um filme de coletivos – feito por um dos grupos mais importantes do País, o Bando de Teatro Olodum.
“O Brasil, depois de tudo que vivemos, também amadureceu. E, com isso, entendemos a importância das ferramentas do aquilombamento e a importância de vivermos em coletivo”, diz a diretora. “Nos afastamos durante a pandemia da experiência de vivermos juntos. Agora, a gente chega a 2023 compreendendo a ferramenta da coletividade como algo importante à nossa sobrevivência”.
Lázaro, por fim, ainda acrescenta uma observação essencial: é um filme sobre todos, mas também sobre cada um. “Neste segundo filme, há algo importante: é sobre coletividade, mas respeitando as individualidades”, explica. “As pessoas superam diferenças de religião e se agrupam em um objetivo comum. As pessoas se agrupam para entender que a nova geração tem linguagem e estratégias diferentes da geração mais antiga e se completam. Eu sei que é uma comédia musical, mas isso é uma camada importante e poderosa do projeto”.
*Esta matéria foi feita com a colaboração do Bando de Teatro Olodum, que defende a expressão negra coletiva nas artes cênicas há mais de 30 anos.
Fonte: https://www.estadao.com.br
Morre Elaine Santos, jornalista da Canção Nova, que estava grávida, aos 38
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Morre Elaine Santos, jornalista da Canção Nova, que estava grávida, aos 38
Apresentadora, que trabalhava na emissora há 15 anos, estava na 23ª semana de gestação; bebê também morreu
SÃO PAULO
A jornalista Elaine Cristina da Silva Santos morreu nesta terça-feira (21), aos 38 anos. De acordo com o programa Canção Nova Notícias, que Elaine apresentava, ela foi internada um dia antes com insuficiência respiratória, e seu quadro piorou.
A jornalista estava grávida de 23 semanas do seu segundo filho, que também morreu. Não há informações sobre o velório.
Canção Nova é uma emissora de televisão relacionada à comunidade católica de mesmo nome. A nota do programa diz que a apresentadora começou a trabalhar lá em 2008, há 15 anos, como estagiária. "Sua simpatia e seu sorriso (hábito primordial do carisma Canção Nova) contagiaram a todos e, em pouco tempo, se tornou uma profissional de respeito e responsabilidades no desejo de salvar almas.", também diz a nota.
"Por isso precisamos sempre tornar o percurso mais suave e leve, repletos de sorrisos e longe daquilo que não nos constroem como irmãos e como pessoas que buscam a santidade." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
A caridade e a fé salvam vidas em Rio do Sul diante da segunda maior enchente da história local
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"A gente salvou muitas vidas: foram mais de 2 mil resgates de pessoas que ficaram isoladas e que a água inesperadamente chegou no segundo andar. Estamos há 5 dias trabalhando sem parar", contou Cristian Stassun que trabalha na prefeitura de Rio do Sul (SC). A cidade sofre a segunda maior inundação da história, após aquela de 1983. Diocese e Caritas local estão mobilizadas em campanha de doações: "outra enchente e seguimos nossa caminhada na solidariedade fraternal", disse Pe. Arnaldo Allein.
O trabalho incansável em barco de Cristian Stassun
Andressa Collet - Vatican News
A principal cidade da região do Alto Vale do Itajaí, "Rio do Sul, que leva o nome de um rio, virou um mar", como bem descreveu Cristian Stassun, secretário de Governo da prefeitura catarinense, que tem ajudado no resgate a pessoas e animais. O rio que corta o município atingiu nível histórico (13,04 metros), registrando a segunda maior enchente da história local, após aquela de 1983 quando o nível da água atingiu 13,58 metros. Um sofrimento cíclico para a população que precisa enfrentar as grandes cheias:
Cristian Stassun - "A última grande enchente que tivemos foi exatamente 40 anos atrás. Estamos retomando novamente o resgate de pessoas de animais, as ações solidárias na cidade de Rio do Sul. A gente teve imagens aqui da nossa Catedral São João Batista, quase que chegou água nela. Várias capelas, várias igrejas inundadas, então a gente teve aqui um grande evento climático e todos estamos solidários e trabalhando, principalmente no resgate de pessoas e animais. A gente passou uma noite terrível ontem porque a água subia e as pessoas vinham para o forro das casas. Chegamos a fazer um resgate de uma senhora que ela se escondeu, ela tentou subir no forro da casa e a água estava chegando no pescoço. Ela já estava com hipotermia. Para acessar ela, para o barco passar pelos fios de alta tensão, porque a água chegou nos fios dos postes, tivemos que desligar todo bairro, pela questão da energia, para acessar ela e, por Deus, a gente conseguiu salvar."
“A gente salvou muitas vidas: foram mais de 2 mil resgates de pessoas que ficaram isoladas, ilhadas, e que a água inesperadamente chegou no segundo andar. Estamos há 5 dias trabalhando sem parar.”
As chuvas têm dado trégua na região, mas Rio do Sul continua inundada nesta segunda-feira (20) após a quinta enchente só neste ano na cidade que tem mais de 70 mil habitantes e fica a cerca de 200km da capital, Florianópolis (SC). Segundo a Defesa Civil, quase 20 mil pessoas estão desalojadas com a tragédia que invadiu tantas vidas e casas. O curso das águas dá chance somente a barcos e canoas em forma de ajuda humanitária para resgatar pessoas e animais, levar comida e medicamentos.
Mas quem não pode ajudar nessa frente, tem acolhido os desalojados em suas casas ou ajudado doando alimentos, água e colchões aos abrigos, por exemplo: uma caridade que tem se estendido por todo Alto Vale, afirma Cristian, ao acrescentar: "a gente vê que o ser humano perante os eventos climáticos é muito pequeno. E o que sobra para nós, que estamos aqui, é um ajudar o outro, um estender a mão para o outro. Na sua maior situação de vulnerabilidade, o ser humano está lá ajudando o outro. A caridade e a fé é o que salva vidas e o coração da gente".
Mutirões de ajuda com espírito samaritano
O Pe. Arnaldo Allein, coordenador de Pastoral da diocese de Rio do Sul, reforça esse apoio fundamental da própria comunidade que tem ganhado força com a campanha SOS Alto Vale, organizada pela Mitra Diocesana, Caritas local e Fórum das Entidades do Campo e da Cidade do Alto Vale do Itajaí.
“Com a esperança e fé, Deus nos dará forças para superar mais esta provação! Outra enchente e seguimos nossa caminhada na solidariedade fraternal. Nossos espaços acolhem desabrigados, lideranças ajudam na preparação de alimentos, nos mutirões de limpeza e seguimos no espírito samaritano. 'Eis que estarei convosco!', disse Nosso Senhor! A superação dos sofrimentos do tempo presente possa ser um advento do Reino de Deus entre nós. Permaneçamos firmes na Esperança!”
Doe para a campanha SOS Alto Vale
Erich Augusto Giovanella Kertzendorff, da secretaria da Cúria Diocesana e Caritas local, explica que estão trabalhando em parceria com a Defesa Civil e recebendo produtos de primeira necessidade como alimentos, itens de higiene pessoal e limpeza. Doações de qualquer valor também estão sendo arrecadadas pela Mitra Diocesana para auxiliar na reconstrução das vidas e das casas dos atingidos, através da chave-PIX da diocesederiodosul@gmail.com (ou pela conta n. 27920-X - Ag. 0276-3 do Banco do Brasil):
"Os próprios outros municípios que não foram atingidos estão mandando produtos de higiene pessoal e limpeza, porque muitas pessoas estão fora de casa. A situação aqui é bem crítica, principalmente nessa enchente que aconteceu sem previsão alguma: essa última enchente acabou levando todas as mobílias das pessoas. Então, estamos atuando nessa frente de ajuda humanitária: o que as pessoas precisam de maneira urgente que são produtos de limpeza, alimentos e higiene pessoal. Também roupas, mas isso, graças a Deus, temos ainda muito do que tínhamos em estoque.". Fonte: https://www.vaticannews.va
Prefeitura do Rio prepara proposta para internação compulsória de usuários de drogas
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Eduardo Paes fala em ‘amarras impostas às autoridades públicas para combater o caos’.
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo
Por Cristina Boeckel, g1 Rio
A Prefeitura do Rio de Janeiro está preparando uma proposta para internação compulsória de usuários de drogas nas ruas da cidade.
Nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou, nesta terça-feira (21), que pediu ao secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, para elaborar a medida.
A política foi empregada pelo prefeito em sua primeira gestão (2009-2012) e foi suspensa após críticas de especialistas e ação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Paes explicou por que voltou ao tema — dias após o latrocínio de um fã de Taylor Swift em Copacabana.
“Não é mais admissível que diferentes áreas de nossa cidade fiquem com pessoas nas ruas que não aceitam qualquer tipo de acolhimento e que, mesmo abordadas, em diferentes oportunidades pelas equipes da prefeitura e autoridades policiais, acabem cometendo crimes”, escreveu Paes.
“Não podemos generalizar, mas as amarras impostas às autoridades públicas para combater o caos que vemos nas ruas da cidade demandam instrumentos efetivos para se evitar que essa rotina prossiga”, emendou.
Soranz informou ao g1 que a ideia é que sejam realizadas internações por um curto tempo, de forma a iniciar o tratamento de pacientes em situação grave e que não possuem condições de responder pelos próprios atos.
“A gente tem visto isso sucessivas vezes. Ontem [segunda-feira, 20], um menino jovem morreu de overdose. A gente tem visto uma série de pessoas que são usuárias de drogas e que estão morrendo sem tratamento e acolhimento”, afirmou Soranz.
O rapaz a que o secretário se refere é um homem de cerca de 20 anos, e que estava há meses fora de casa.
Soranz afirmou ainda que o objetivo é reduzir a mortalidade de uma população que, segundo ele, tem uma expectativa de vida muito baixa, e frear o crescimento de pessoas nesta situação.
O secretário destacou ainda que tem consciência de que a decisão envolve uma questão jurídica complexa e que a decisão se refere apenas a pessoas que não possuem condições de responder por si.
“Uma coisa é a população de rua, pessoas que têm o direito de ir e vir. Outra coisa é o paciente que vai morrer se não cuidarmos. Pessoas que são zumbis andando pelas ruas e que, uma hora ou outra, morrem de overdose ou atropelamento, por exemplo”, disse.
Soranz estima que, atualmente, a prefeitura possui o registro de cerca de 140 pessoas nestas condições na cidade do Rio de Janeiro, que são pessoas que tiveram registro nos sistemas de urgência e emergência.
Outras tentativas
Há um ano, Paes tinha afirmado que a população de rua era “o maior problema do Rio de Janeiro”.
A internação compulsória foi empregada por Paes em sua primeira gestão, entre os anos de 2009 e 2012. A medida foi interrompida após diversas críticas e brigas judiciais.
Em 2019, o então prefeito Marcelo Crivella assinou um decreto que regulamentava a prática, após o governo federal sancionar uma lei que permitia a internação, sem consentimento, de dependentes químicos sem a necessidade de autorização judicial.
Supremo questiona
Em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos para confirmar a determinação de que os municípios proíbam a remoção forçada de pessoas em situação de rua.
A sessão virtual endossou uma decisão individual do ministro Alexandre de Moraes de julho, que determinou aos governos federal, estaduais e municipais a implementação de medidas previstas na Política Nacional para a população em situação de rua. Fonte: https://g1.globo.com
Reflexões para além da Consciência Negra
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Reduzir as profundas desigualdades raciais é tarefa incontornável na busca de um futuro
Mulheres quilombolas preparam comida para os participantes de uma reunião de lideranças de comunidade em Monte Alegre de Goiás, cidade com maioria negra no estado - Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress
Professor e doutor em administração (USP), é presidente do Conselho Deliberativo do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) e do Conselho da Oxfam Brasil
A questão racial no Brasil tem avançado, não há dúvida. Temos hoje em nível federal o Ministério da Igualdade Racial e, nos demais níveis, há organizações da sociedade civil que realizam ações relevantes no campo das relações raciais. No entanto, há muito ainda a avançar, e é necessário fazê-lo em uma velocidade maior para diminuir a enorme defasagem entre as condições de vida da população negra comparada com a da população branca. Nos próximos três anos, é essencial posicionar o enfrentamento das desigualdades raciais como eixo central para o desenvolvimento socioeconômico do país.
Apesar de figurar entre as dez maiores economias globais, o Brasil convive com altos índices de desigualdade. Esse paradoxo é enraizado no racismo sistêmico, resultado de séculos de escravidão que persiste, impedindo a maioria da população negra de desfrutar plenamente das riquezas econômicas e dos direitos sociais consagrados na Constituição.
Refletir sobre a realidade social brasileira significa procurar entender como o Brasil se posiciona ao lado das nações mais ricas em termos de Produto Interno Bruto e, ao mesmo tempo, consegue se igualar com países africanos reconhecidamente pobres no que se refere às desigualdades na distribuição da riqueza. Como essa assimetria bizarra se constituiu? A resposta é que, dentre os mais ricos, o Brasil é o único cuja maioria da população é negra. Portanto, o maior obstáculo para o desenvolvimento do Brasil tem sido a desigualdade racial.
Assim, é necessário que a redução das desigualdades seja uma meta nacional, como está no artigo 3º da Constituição Federal. E, para isso, é fundamental refletir e implementar políticas públicas, com ênfase na intersecção entre raça e gênero, ou seja, priorizando as mulheres negras que formam o grupo mais numeroso e, ao mesmo tempo, mais vulnerável da nossa sociedade.
Nada mais desigual do que tratar a todos igualmente em um país com enormes desigualdades de origem como o Brasil. Assim, políticas públicas que promovam a equidade são incontornáveis para alcançarmos a igualdade. As estatísticas oficiais apontam o fosso de desigualdade entre brancos e negros e demandam atuação imediata e focalizada no enfrentamento da exclusão social da população negra. Para tanto, o país precisa trilhar uma nova cultura de desenvolvimento —algo que ainda não feito nem pensado.
Governo e sociedade civil devem usar os dados oficiais para qualificar o debate e avançar na demanda por políticas públicas focalizadas, com o objetivo da promoção da equidade racial.
O número de negros que moravam em regiões periféricas, em áreas com baixos níveis de urbanização e serviços públicos, era mais que o dobro dos brancos, conforme dados do Censo 2010
A renda média per capita em domicílios somente com moradores negros era de R$ 598, ou seja, 40% da renda média dos domicílios ocupados por moradores não negros, que era de R$ 1.482. Nas ocupações predominantemente exercidas por pessoas negras, o rendimento médio do trabalho principal era de R$ 471,06, correspondente a um quinto do rendimento médio das ocupações predominantemente brancas, que era de R$ 2.532,56 (IBGE/Censo 2010 elaborado pelo Cedra).
A enorme disparidade de renda das famílias negras e brancas revela o funcionamento do ciclo perverso de reprodução da pobreza entre gerações. Não se deve mais usar band-aid para curar fraturas expostas desde sempre.
É preciso romper com esse mecanismo, ou o país do futuro estará condenado a ser equivalente ao que é hoje: desigual, injusto, inconcluso e estagnado.
Os negros estão super-representados em todos indicadores de precariedade e sub-representados nos indicadores que potencializam o exercício da cidadania. A consistência dos dados raciais oficiais comprovam as desigualdades entre brancos e negros independentemente do nível de escolaridade, território e geração, e evidencia a centralidade da questão racial para almejarmos um novo patamar civilizatório.
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Internet se mobiliza e faz abaixo-assinado após morte de fã de Taylor Swift durante show no Rio de Janeiro
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Fãs da cantora americana, que está no Brasil para uma série de shows, fizeram um abaixo assinado que pede água gratuita nos eventos. Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, garantiu que a Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça vai adotar as medidas imediatas
Internet se mobiliza e faz abaixo-assinado após morte de fã de Taylor Swift durante show no Rio de Janeiro — Foto: Instagram]
Na última sexta (18), Taylor Swift fez o seu primeiro show no Brasil. E o local escolhido para dar o start em sua turnê foi o Rio de Janeiro. Mas uma notícia deixou a cantora - e também os fãs - desolados. Antes da apresentação, foi confirmada a morte de Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos. Estudante de psicologia, ela morava em Rondonópolis, em Mato Grosso, e o seu sonho era conhecer Taylor.
Ana Benevides estava na grade e acabou desmaiando no local. Ela chegou a ser socorrida e reanimada, mas não resistiu. A causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória. A sensação térmica registrada no local chegou a 60º C e os bombeiros totalizaram cerca de mil desmaios durante o show.
Na internet, fãs se mobilizaram para realizar um abaixo-assinado, chamado: "Lei Ana Benevides, por água gratuita nos eventos". Idealizado por Giuliana Maestrini, o texto diz: " Brasil sofreu uma perda irreparável da jovem Ana Benevides em um show no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com informações de terceiros, o falecimento da jovem ocorreu devido ao extremo calor, no qual a sensação térmica atingia os 60° celsius. Em um dos eventos mais aguardados deste ano, vimos uma fatalidade acontecer diante dos nossos olhos por pura negligência. Os consumidores do Brasil estão esgotados de serem desrespeitados por empresas milionárias que não se preocupam com o consumidor. Dito isso, começo aqui a campanha pela Lei Ana Benevides, Lei que garantirá a distribuição gratuita em eventos. O setor de eventos se sente envergonhado com a falta de responsabilidade da empresa responsável pelo evento de hoje e gostaria que haja mudança para que uma fatalidade dessas não ocorra novamente!."
O abaixo assinado já recebeu 21.581. Taylor Swift também lamentou a morte de Ana em suas redes sociais. Com uma carta aberta, ela apareceu desolada com o fato. "Eu não posso acreditar que estou escrevendo essas palavras, mas é com meu coração devastado que eu digo que perdemos uma fã no começo desta noite [...]. O que eu quero dizer agora é, sinto muitíssimo pela perda e meu coração partido está ao lado da família e dos amigos. Esta é a última coisa que se quer pensei quando decidi trazer esta turnê ao Brasil". A empresa responsável pela turnê ainda não comentou o caso. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com
Morador de quilombo insuflou traficantes a matarem Mãe Bernadete, diz polícia
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Morador de quilombo insuflou traficantes a matarem Mãe Bernadete, diz polícia
Cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público pelo assassinato da ialorixá em agosto
Bernadete Pacífico era líder quilombola na Bahia e coordenadora da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) - Conaq/Divulgação
SALVADOR
O assassinato da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, 72, a Mãe Bernadete, teria sido motivado pelo enfrentamento a interesses de uma facção do tráfico de drogas e teria sido insuflado por um morador da comunidade quilombola Pitanga dos Palmares envolvido com extração ilegal de madeira.
Essa é a conclusão das investigações conduzidas pela Polícia Civil da Bahia sobre a morte da líder quilombola, assassinada em 17 de agosto com 25 tiros na casa que funcionava como sede da associação do quilombo, em Simões Filho, cidade da Grande Salvador.
O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra cinco pessoas supostamente envolvidas no crime. Elas foram denunciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima.
Suspeitos de integrarem a facção criminosa Bonde do Maluco, uma das mais violentas da Bahia, Marílio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus são apontados como mandantes do assassinato da ialorixá.
Arielson da Conceição Santos e Josevan Dionísio dos Santo, que seriam ligados à mesma facção, são suspeitos de executar o crime. Sérgio Ferreira de Jesus, morador do quilombo, teria incentivado o grupo e atuado para facilitar a ação dos criminosos após uma querela com a ialorixá.
As investigações apontam ainda que Sérgio Ferreira explorava ilegalmente madeira dentro da comunidade quilombola Pitanga dos Palmares e, dias antes do crime, havia sido repreendido por Mãe Bernadete, com quem teve uma discussão. Ele era padrasto de Marílio, apontado como um dos mandantes do crime,
"Mãe Bernadete tinha uma preocupação e um cuidado com o quilombo, ela não aceitava nada que fosse ilegal, nada que fosse indevido", afirma a delegada geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito. Ela diz que a postura Mãe Bernadete na defesa do território fez com que o suspeito incitasse os traficantes locais a matarem a ialorixá.
A líder quilombola também lutava contra a instalação de um bar chamado Pitanga Point City, que estava sendo erguido por traficantes para a realização de festas. A barraca foi erguida nas margens de uma represa em uma área de preservação permanente.
A investigação apontou que, após a discussão com Mãe Bernadete, Sérgio Ferreira enviou áudios aos líderes do tráfico dizendo que a líder quilombola teria acionado a polícia para impedir instalação do bar dentro da área de preservação.
Depois disso, apontam os investigadores, a morte da líder quilombola teria sido ordenada por Marílio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus.
Sérgio e Arielson foram presos em setembro por suspeita de participação no crime. Josevan e Marílio estão foragidos, sendo que o último tem quatro mandados de prisão em aberto. Já Ydney teve o pedido de prisão preventiva deferido pela Justiça.
Um sexto suspeito de envolvimento, que teria guardado as armas usadas no crime e dado apoio à fuga de um dos atiradores, foi indiciado em outro inquérito.
A líder quilombola já havia recebido ameaças e fazia parte de um programa de proteção a defensores de direitos humanos do Governo na Bahia. Câmeras foram instaladas na sua casa e no entorno, e policiais faziam visitas periódicas ao local, mas não havia vigilância constante.
Advogados e familiares de Mãe Bernardete tiveram uma reunião na tarde desta quinta-feira (16) com a equipe da Polícia Civil responsável pelas investigações. A família questiona a possível participação de mais pessoas da facção criminosa como mandantes do crime.
O advogado David Mendez afirma que a defesa da família deve mover uma ação indenizatória contra o estado da Bahia e a União contra o que chamou de "falhas grotescas" do programa de proteção a defensores de direitos humanos ao qual a líder quilombola estava submetida.
"Frustradas as tratativas administrativas, resta à família apenas a via judicial, o que representa um verdadeiro absurdo em se tratando de dois governos [federal e estadual] sob comando do Partido dos Trabalhadores, dito companheiro das comunidades tradicionais brasileiras", afirma Mendez.
Bernadete Pacífico era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares. Trabalhava havia anos denunciando a violência contra a população quilombola e as tentativas de tomada das terras.
Após o assassinato de seu filho Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, em 2017, a luta contra ataques a terreiros e assassinatos de lideranças religiosas de matriz africana se intensificou. Conhecido como Binho do Quilombo, ele era um dos líderes quilombolas mais respeitados da Bahia.
Filho de Mãe Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico afirmou, após a morte, que a mãe recebia ameaças havia pelo menos seis anos.
A líder quilombola estava com os netos quando dois homens chegaram usando capacetes e abordaram a família. Os netos foram trancados em um quarto, e Mãe Bernadete foi morta.
Bernadete foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho na gestão do então prefeito Eduardo Alencar (PSD), irmão do senador Otto Alencar (PSD).
Em julho, ao lado de outras líderes quilombolas, ela participou de um encontro com a então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber, na comunidade Quingoma, na cidade de Lauro de Freitas. Na ocasião, Mãe Bernadete afirmou que era ameaçada por fazendeiros.
"É o que nós recebemos, ameaças. Principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Minha casa é toda cercada de câmeras, eu me sinto até mal com um negócio desse", afirmou.
Desde o início das investigações, cerca de 80 pessoas prestaram depoimento e foram cumpridas 20 medidas cautelares deferidas pelo Poder Judiciário. Também foram analisados 14 laudos periciais, entre os quais os que confirmaram que as armas apreendidas foram de fato usadas no crime.
Além de reconhecimento dos autores por parte das testemunhas, a autoria também foi confirmada por meio da confissão de um dos executores. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Confira dicas para evitar invasões em quartos de hotel e se proteger durante viagens
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Travas portáteis, calços de portas e tábuas de passar roupas são opções que podem reforçar a segurança em estadias
Cunha com alarme dispara com sensor de movimento ou pressão - Reprodução
SÃO PAULO
Em Porto Alegre, uma família acordou durante a madrugada com um desconhecido invadindo seu quarto de hotel. O homem vestia camisa branca e calça preta e mexia nas bagagens do casal e das crianças. Questionado, ele afirmou ter se enganado e, em seguida, saiu correndo do local. Os hóspedes também mencionaram que o invasor tentou abrir outros quartos.
Parece uma história de filme de terror, mas não é. O caso aconteceu com um inglês, sua esposa brasileira, e os dois filhos do casal, um de 3 e outro de 6 anos de idade. A família retornava de uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul e embarcaria no dia seguinte para a Colômbia. O hotel foi condenado a pagar R$ 20 mil em indenização.
Nas redes sociais, vídeos que mostram invasões e abertura de portas em quartos de hotéis viralizaram com milhões de acessos. As tentativas incluem arames, ferramentas improvisadas e elásticos de dinheiro. Com algumas estratégias para reforçar a segurança, é possível se proteger e evitar situações desagradáveis durante a estadia. Confira dicas a seguir:
1- TRAVA PORTÁTIL
Há diversos modelos de fechaduras manuais que trazem segurança e privacidade adicionais. O material consiste em uma barra de metal ajustável que pode ser colocada no interior da porta para impedir sua abertura, mesmo com a violação da fechadura, ou pode possuir uma fixação com haste longa e rosca para trava. Cria-se uma resistência física extra para dificultar a entrada não autorizada. As travas portáteis podem ser levadas em bolsas ou malas para reforçar trincos de portas e são instaladas sem uso de outras ferramentas.
2 - CALÇO DE PORTA
O calço de porta é um item utilizado para manter uma porta aberta ou impedir que ela se feche completamente. Ele pode ser feito de borracha ou outro material resistente e possui uma forma triangular ou em cunha. O calço deve ser colocado no chão, próximo à base da porta, para impedir que ela se mova.
3 - CUNHA COM ALARME
A cunha com alarme se assemelha ao calço de porta, mas tem um interruptor que dispara com sensores. Existem dois modos de funcionamento: o equipamento pode ser disposto atrás da porta e, quando alguém empurrar, o alarme emite um som alto e luz vermelha; já o modo sensor pode ser fixado em janelas e, se ela for tocada, o alarme também dispara.
4- TÁBUA DE PASSAR ROUPAS
A tábua de passar roupas, geralmente guardada dentro de um armário, pode funcionar como um recurso sonoro. Se o hóspede não tiver travas extras em sua porta, pode usar a tábua como uma medida de segurança ao colocá-la contra a porta. Caso algum invasor tente entrar, o objeto cairá e fará barulho.
5 - FIQUE ATENTO AO OLHO MÁGICO
Cobrir o olho mágico em portas de hotel com fitas ou pedaços de papel pode ser mais uma medida de segurança para garantir a privacidade e evitar invasões indesejadas. Alguns observadores indesejados tentam espiar ou monitorar atividades que acontecem dentro do quarto. Se for necessário abrir a porta, antes deve-se verificar quem está do lado de fora.
6 - TENHA CUIDADO COM AS CHAVES
Evite deixar as chaves expostas e acessíveis a outras pessoas. Guarde-as em um local seguro, como um bolso interno da bolsa ou da mochila, longe de objetos que possam danificá-las. Em caso de chaves eletrônicas, como cartões, lembre-se que elas são pessoais e intransferíveis. Não empreste ou compartilhe-as com outras pessoas, mesmo que sejam conhecidas. Se o hotel utiliza chaves físicas, não as deixes à vista ou as entregue a desconhecidos. Isso evita o risco de perda ou uso indevido.
7 - ESCOLHA HOTÉIS CONFIÁVEIS
Pesquise o histórico de outros clientes nos hotéis e reserve locais bem avaliados e conhecidos pela sua segurança. Sites de avaliação podem ser úteis para encontrar informações sobre a reputação e a localização do estabelecimento antes de fazer a reserva. Ao sair do hotel, fique atento ao ambiente ao seu redor e evite áreas perigosas ou mal iluminadas. Caso receba visitas não solicitadas, ligue imediatamente para a recepção e comunique a gerência do estabelecimento. Se for necessário, acione as autoridades locais. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
ONU aprova resolução que pede pausa humanitária na Faixa de Gaza, proteção de crianças e liberação de reféns
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Texto proposto por Malta sobre guerra entre Israel e Hamas foi votado nesta quarta-feira (15) pelo Conselho de Segurança. Veja detalhes da proposta.
ONU aprova resolução que prevê pausa humanitária e proteção de crianças — Foto: Reprodução
Por g1
Conselho de Segurança da ONU aprova resolução que prevê proteção de crianças em Gaza
A resolução proposta por Malta ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com relação à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas foi aprovada nesta quarta-feira (15).
O texto prevê:
Ênfase na proteção de crianças na Faixa de Gaza.
Uma pausa nos ataques, que deverá permanecer em vigor por um número de dias suficiente para a chegada de ajuda humanitária à população civil do território palestino.
Garantia de "fornecimento contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais — incluindo água, eletricidade, combustível, alimentos e suprimentos médicos".
Liberação — imediata e incondicional — de todos os reféns israelenses tomados pelo Hamas no ataque que deu início ao conflito, em 7 de outubro.
Depois da votação, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o país rejeita a proposta, até que sejam libertados os reféns feitos pelo Hamas.
O plano aprovado nesta quarta não condena Israel nem classifica nominalmente de "atos terroristas" as ações cometidas pelo grupo terrorista no mês passado.
A resolução também determina os seguintes pontos:
▶️ Todas as partes envolvidas na guerra entre Israel e o Hamas devem evitar privar a população de Gaza de serviços básicos e da "assistência humanitária indispensáveis à sua sobrevivência".
▶️ Reparações de emergência em infraestruturas essenciais em Gaza; evacuação de crianças doentes ou feridas, bem como de seus cuidadores; e esforço nas ações de resgate de pessoas que desapareceram após edifícios do território palestino terem sido danificados e destruídos.
▶️ Reafirma que "todas as partes do conflito devem cumprir com suas obrigações" perante as leis internacionais, reiterando que essas regras garantem a proteção total a crianças.
▶️ E pede acesso total das agências da ONU e de seus parceiros, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou um comunicado no qual comemorou a aprovação do documento.
"O governo brasileiro recebe, com satisfação, a notícia da aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, na tarde de hoje, da primeira resolução relativa à atual crise humanitária e de reféns na Faixa de Gaza, resultante do conflito entre Israel e o Hamas", diz a nota.
"A resolução, com foco na proteção de crianças, proposta por Malta e apoiada pelo Brasil e pelos demais membros não permanentes (E-10), foi aprovada com 12 votos a favor. Estados Unidos, Reino Unido e Rússia optaram pela abstenção."
Embaixadora de Malta na ONU defende projeto que foca na proteção de crianças em Gaza
Antes do início da votação deta quarta, Vanessa Frazier, representante permanente de Malta junto da ONU, afirmou: “Inúmeros civis estão agora sofrendo as consequências devastadoras que o conflito armado traz consigo”.
Veja como se distribuíram os votos:
A favor da resolução – 12 votos (Albânia, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça).
Contra a resolução – 0 voto.
Abstenções – 3 votos (Estados Unidos, Reino Unido e Rússia).
Essa foi a primeira proposta a obter consenso no Conselho de Segurança. Desta vez, EUA e Rússia não usaram poder de veto.
"[Esta resolução] salvará vidas. Precisamos de um esforço coletivo para conseguir ajuda o mais rápido possível através de tantas rotas quanto possível", disse Barbara Woodward, representante permanente do Reino Unido na ONU, após a votação.
A votação foi marcada no mesmo dia em que forças israelenses realizaram uma operação militar no maior hospital de Gaza, com a justificativa de que membros do grupo terrorista Hamas estavam no local.
Emenda russa
Antes da votação, a Rússia foi o único país do Conselho de Segurança da ONU que chegou a se pronunciar sobre a resolução, chamando o texto de "desequilibrado" (leia mais abaixo).
A Rússia falhou numa tentativa de última hora de alterar a resolução para incluir um apelo a uma trégua humanitária imediata que conduzisse à cessação das hostilidades.
“Gostaria de perguntar aos nossos colegas norte-americanos: vocês eliminaram tudo [no texto] o que pudesse de alguma forma indicar a necessidade de cessar as hostilidades. Isso significa que são a favor de que a guerra no Oriente Médio continue indefinidamente?", disse Vassily A. Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, antes da votação... Fonte: https://g1.globo.com
PM que não agiu ao ver homem armado ameaçando adolescente é identificada e irá responder criminal e disciplinarmente, diz SSP
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Flagrante aconteceu no domingo (12), em frente à estação Carandiru do Metrô. SSP afirma que 'houve uma conduta omissa considerada grave'.
Abordagem contra adolescente negro é assistido por PM de folga em São Paulo no último domingo (12). — Foto: Reprodução
Por Julia Fabri, Rodrigo Rodrigues, g1 SP e TV Globo
Homem armado ameaça jovem negro em SP; PM de folga testemunha ação, mas pede para ligar no 190
A policial de folga que presenciou uma ameaça armada contra um adolescente negro no último domingo (12) e não interveio na ação foi identificada e irá responder ao caso de forma criminal e disciplinarmente, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
O caso aconteceu em frente à estação Carandiru do Metrô, na Zona Norte de São Paulo, e foi divulgado, inicialmente, pela Ponte Jornalismo.
De acordo com a SSP, houve uma conduta omissa considerada grave "uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública".
"Deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço. A SSP esclarece ainda que todos os policiais militares passam por treinamentos, independentemente da área em que atua", completa a nota.
No vídeo, é possível ver um homem — identificado apenas como Paulo — que aponta uma arma para um adolescente negro, enquanto uma mulher entra na frente do homem para impedir que ele atire no jovem.
Um repórter fotográfico que passava pelo local registrou a briga e foi até a policial uniformizada pedir intervenção, para que o menino não fosse morto.
A policial afirmou que estava de folga e que, portanto, era necessário ligar na Central 190 da Polícia Militar. A PM de folga assistiu toda a cena imóvel, de braços cruzados, e parecia também estar armarda.
Em determinado momento, o jovem ameaçado foi para perto dela e foi rechaçado com um chute. Graças à intervenção de pessoas que passavam pelo local e às súplicas da mulher que pedia para que o homem "guardasse a arma", o adolescente conseguiu sair do local.
O fotógrafo que pediu ajuda e estava gravando a ação diz para a policial de folga: “Pra que vocês servem?”. Ela se ofende e ameaça prender o rapaz que gravou a ação.
“Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender. Tá ouvindo? Você não me desrespeita não. Tá gravado que você me desrespeitou. Se você é da imprensa, eu sou da polícia. Você me respeita”, afirmou.
Ao ser questionada sobre o motivo de não agir, a PM disse que “está de folga e o procedimento é ligar 190 e pedir viatura”. Fonte: https://g1.globo.com
Quando é melhor se exercitar: de manhã ou à tarde?
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Embora fazer exercício seja sempre benéfico, estudos têm buscado entender os benefícios dos períodos em que a atividade física é feita
Rafael A. Casuso
THE CONVERSATION* | BBC NEWS BRASIL
Para controlar o açúcar e melhorar a saúde cardiovascular, estudos recomendam exercício à tarde
O estilo de vida atual nos levou a eliminar atividades físicas que habitualmente nossos avós faziam, como trabalhar no campo. Para piorar a situação, nós as substituímos por atividades sedentárias como ver televisão no sofá.
Isso gerou um problema preocupante na Espanha: nos últimos 30 anos, a incidência de doenças como diabetes e colesterol duplicou, segundo os dados revelados pela Encuesta Europea de Salud 2020.
Esse aumento alarmante nos obriga a repensar nossos estilos de vida e a explorar soluções que melhorem nosso bem-estar. Uma delas, que está ao alcance de todos, é tão simples quanto eficaz: fazer exercício físico.
Hoje, o exercício é considerado como um remédio, pois ele é capaz de trazer melhoras relativas a um amplo espectro de doenças, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares ou câncer. No entanto, nem todas as pessoas têm a mesma energia ao longo do dia.
Alguns têm um pico de energia durante a manhã, o que os faz se sentir mais dispostos a se exercitar nas primeiras horas do dia. Outros preferem aproveitar a tarde ou a noite para dar tudo em suas rotinas de exercício.
Então, surge uma pergunta natural: o exercício feito pela manhã é tão benéfico quanto o feito à tarde? Essa pergunta tornou-se um tema de grande interesse na comunidade científica.
PARA CONTROLAR O AÇÚCAR E MELHORAR A SAÚDE CARDIOVASCULAR, EXERCÍCIO À TARDE
Nos últimos anos, houve um acúmulo de evidências científicas comparando os efeitos do exercício matutino versus o vespertino. Uma metanálise recente avaliou o efeito conjunto de nove estudos nos quais participaram um total de 450 pessoas. Os resultados revelam que o exercício tardio é mais benéfico para a saúde cardiovascular.
A conclusão foi obtida após observar uma grande redução dos níveis de triglicérides no sangue após o exercício vespertino. A atividade física nesse horário também é a melhor opção para diminuir a tensão em pessoas com hipertensão arterial.
Como se não bastasse, em pessoas com diabetes tipo 2, o exercício tardio é mais eficaz para controlar os níveis de açúcar no sangue.
É importante sinalizar que essa linha de estudos é muito recente e que o exercício é sempre benéfico, independentemente do momento em que ele é feito.
Quem não tem flexibilidade de horário para escolher quando fazer exercício pode continuar fazendo isso pela manhã. E, nesse caso, obterá como benefícios extra a melhora na capacidade de atenção, na memória e na tomada de decisões.
DICAS PARA ESCOLHER A MELHOR HORA PARA TREINAR
Também existem estudos que sugerem que o exercício à tarde pode ter um efeito um pouco mais acentuado na perda de peso. Isso porque, ao que parece, a atividade física no final do dia parece diminuir o apetite.
No entanto, é crucial entender que o exercício por si só não é a melhor estratégia para a perda de peso. Por isso, se o objetivo principal é emagrecer, o exercício deve ser acompanhado de um plano nutricional, independentemente da hora em que ele será praticado.
Quando nos exercitamos à tarde, a escolha do tipo de exercício é relevante. Convém evitar atividades vigorosas e treinamento pesado nas horas anteriores ao sono porque isso poderia afetar a qualidade e a duração dele.
Para garantir um sono reparador, é recomendável deixar um intervalo de pelo menos duas horas entre o exercício e a hora de dormir. Isso contribui para um descanso noturno mais eficaz e saudável, algo muito relevante para as pessoas que têm problemas com sono.
* Professor e pesquisador em ciências da saúde na Universidade Loyola Andaluzia
**Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original em espanhol. Fonte: www1.folha.uol.com.br
Milicianos
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O Estado do Rio de Janeiro prepara e entrega, com baixíssima resistência, mão de obra especializada — de armeiros meticulosos a assassinos profissionais — a toda modalidade de organização criminosa.
Por Carlos Andreazza
Jornalista, colunista do GLOBO e apresentador da rádio CBN
Já está na praça “Milicianos”, o livro-reportagem de Rafael Soares, repórter especial do GLOBO. Vai à categoria do “tem de ler”, prateleira Malu Gaspar, ademais editado em altíssimo nível. Demonstração vigorosa-corajosa-rigorosa das possibilidades do jornalismo quando investido de fôlego. Lembrança também de quanto é decisivo valorizar e proteger o arriscado jornalismo dedicado às cidades — ao local. (Lembrança inútil, para a festa no palácio.)
E então me recordo de “Os porões da contravenção”, de Chico Otavio e Aloy Jupiara, volume cuja leitura combinada à da obra de Soares explica — fundamenta — por que não haverá mais meios estaduais, com polícias Militar e Civil, para sequer enxugar o gelo da segurança pública no Rio de Janeiro. (Está no ar, no Globoplay, a série “Vale o escrito”; sobre a guerra contínua — guerra miliciana — entre bicheiros no estado. Capitão Guimarães, o que decerto tomou Niterói com versos, citando Shakespeare.)
Já era, o Rio tocado por claudios-castros e sob o signo de um sergio-cabral permanente. Agora — faz tempo — é narcomilícia, o efeito Ecko; o problema posto, imposto, como questão nacional, de fronteira, matéria suprapartidária, para 30 anos de gestão contínua de inteligência. A outra questão sendo se temos estadistas à altura do desafio. Não temos, dino-propaganda à parte.
“Milicianos” é aula de Rio de Janeiro, de como se decompõem — dissolvida a Liga da Justiça, fluente o intercâmbio entre práticas milicianas e traficantes, esmagados os comandos vermelhos — os limites entre zonas Oeste e Norte quando o assunto é progresso do corpo miliciano. Aula de Brasil — já que o armamento infinito não é produzido dentro das divisas fluminenses. Sem exagero: a obra jornalística deste 2023, desde já peça de referência a quem queira estudar “como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”.
Como? As respostas estão todas nas 317 páginas. Tudo a começar sob lógica patrimonialista derivada da compreensão de que batalhões e delegacias, cuidando de áreas disputadas por grupos traficantes e milicianos, seriam também plataformas oportunistas — estratégicas — para exercício pervertido de poder.
É o caso da Patamo 500, entre 1997 e 2003; que, a partir do 9º Batalhão de Polícia Militar (Rocha Miranda, Zona Norte), ofereceu patrulha — carta branca — a que Ronnie Lessa pudesse desenvolver Ronnie Lessa. Sob o comando de Cláudio Luiz Silva de Oliveira. Não reconheceu? O caveira preso por ordenar a execução, em 2011, da juíza Patrícia Acioli. Evoluções.
O subtítulo é preciso: “Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”. E o produto entrega o que apregoa. Prova que o Estado do Rio de Janeiro, para muito além da histórica corrupção nos poderes eleitos, prepara e entrega, com baixíssima resistência, mão de obra especializada — de armeiros meticulosos a assassinos profissionais — a toda modalidade de organização criminosa, inclusive internacional.
Faz toda a diferença — algo já desenvolvido no podcast “Pistoleiros” — o autor haver se dedicado ao percurso dos indivíduos. É o pulo do gato. Em vez de mais um estudo panorâmico sobre a constituição das milícias, uma investigação original pormenorizada acerca de personagens cujas dinâmicas, para além de encarnar a evolução das organizações criminosas, evidenciam padrões.
O matador de aluguel Adriano da Nóbrega, criador do Escritório do Crime, nunca foi caso isolado. Trajetórias como a dele, ex-policial raramente incomodado, exigiam o trabalho de formiguinha, perfeccionista, que Soares empreendeu. Um olhar sobre a multiplicação de policiais, a multiplicação de batorés, que foram promovidos, condecorados e bonificados — pelo Estado — enquanto, sob o Estado, faziam segurança de criminosos, traficavam armas e matavam a mando.
Outro padrão. Agentes de segurança estatais que, de colaboradores de traficantes, bicheiros e grupos paramilitares, avançam para se tornar sócios das organizações criminosas — e finalmente chefes milicianos, donos de territórios eles mesmos, não raro assassinos daqueles que os haviam arregimentando em busca de proteção. Capitão Adriano de novo. Corrompido para proteger o filho de bicheirão, afinal senhor do grupo de extermínio que mataria o antigo patrão.
Padrões desafiadores à ideia de República. Nenhum maior que o da demora, para não escrever negação, do Estado em punir os seus — até que não sejam mais seus. Até que matem uma juíza, uma vereadora. Fica ruim para Ministério Público e Judiciário também. Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino de Marielle Franco, tendo contra si denúncias que iam de torturas a homicídios, passou anos e anos sem ser investigado a valer. Até se tornar sócio de Rogério de Andrade. Evoluções. Fonte: https://oglobo.globo.com
Indígena escoltado por ameaças é encontrado morto no Pará duas semanas após ter feito denúncia na ONU; PF apura caso
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Indígena escoltado por ameaças é encontrado morto no Pará duas semanas após ter feito denúncia na ONU; PF apura caso
Tymbektodem Arara discursou na ONU em 28 de setembro apontando invasão da Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira; em 14 de outubro, morreu —supostamente por afogamento. Segundo uma pessoa que esteve com ele, o indígena recebeu áudios com ameaças de fazendeiros locais.
Tymbek Arara durante viagem à ONU, na Suíça — Foto: Reprodução
Por Arthur Stabile, g1
A Polícia Federal no Pará investiga as circunstâncias da morte do líder indígena Tymbektodem Arara, na Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira.
Tymbek, como era conhecido, foi encontrado morto em um rio em 14 de outubro, supostamente por afogamento, 16 dias depois de ter ido à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, denunciar invasão de terras na TI Cachoeira Seca, onde vive a etnia Arara.
Na ocasião, ele discursou durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Tymbek era o linguista dos Arara, etnia de contato recente com não-indígenas.
"Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas, em 2016", discursou o indígena.
A terra em que vivem os Arara é alvo de ação predatória para a obtenção de madeira. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desmatados 697 km² de floresta na TI Cachoeira Seca entre 2007 e 2022.
Enquanto esteve em Genebra, na ONU, Tymbek recebeu áudios atribuídos a fazendeiros locais, segundo uma pessoa que o acompanhou.
"Tanto ele quanto o cacique receberam áudios, nenhum dizendo 'Vou te matar', mas 'Ah, você está aí? Que bom que está defendendo sua terra'. 'Vocês não têm medo?', 'O que estão fazendo aí?' E eles ficavam dando perdido, dizendo que era para apresentar a cultura Arara", relata ao g1 uma pessoa que esteve com Tymbek na ONU.
Ao voltar ao Brasil, a Força Nacional fez a escolta de Tymbek e do cacique Arara desde o desembarque no Pará até a chegada na aldeia. Depois, os agentes foram embora. A liderança morreu cerca de dois dias depois. O g1 procurou o Ministério da Justiça, responsável pela Força Nacional, que não respondeu até a última atualização desta reportagem.
A assessoria de imprensa da Polícia Federal do Pará confirmou que a investigação está em andamento, mas que a corporação "não comenta investigações em andamento".
Versões diferentes para o afogamento
Tymbek estava acompanhado de dois ribeirinhos locais em um barco no Rio Iriri. Eles haviam bebido cachaça e voltavam para a aldeia indígena, que fica próxima a uma vila de não-indígenas dentro da TI.
O abuso do álcool é uma das questões apontadas por indigenistas como problema levado pelos não-indígenas às aldeias, em especial às de contato recente. Os Arara passaram a conviver fora da aldeia em 1987, enquanto a homologação da TI Cachoeira Seca ocorreu apenas em 2016.
Há duas versões para a morte: uma diz que Tymbek estava em um barco se jogou por conta própria no rio para nadar e não saiu mais da água, com os ribeirinhos tentando salvá-lo. Outra aponta que o indígena foi jogado do barco por eles e, por estar bêbado, não conseguiu nadar e se afogou.
Relatos documentos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), vinculado ao SUS e ao Ministério da Saúde, detalham que houve procura à noite no local em que Tymbek caiu. Porém, o corpo só foi encontrado na manhã do dia seguinte.
"O corpo estava no exato local onde ele pulou da rabeta (um tipo de embarcação que se assemelha a uma canoa motorizada), a uns 800 metros da margem, em posição vertical (em pé)", detalha o relato do DSEI.
Após ser retirado do rio, o corpo da liderança Arara foi levado à Comunidade Maribel, dos não-indígenas e local onde os barcos maiores e veículos conseguem chegar.
Lá, permaneceu por cinco horas sob o sol à espera do Instituto Médico Legal antes de ser colocado em um saco e transportado na caçamba de uma caminhonete da Polícia Civil do Pará até a cidade de Altamira.
Segundo profissionais que atuam com a proteção dos indígenas Arara, a Polícia Federal de Altamira, responsável pela investigação, não esteve no local da morte mesmo passadas duas semanas da morte de Tymbek.
Povo Arara sob risco
A estimativa das lideranças Arara é de que há em torno de 2 mil invasores na região. Em comparação, os indígenas que convivem no local não passam de 200. Eles alegam que um dos motivos para a permanência de não-indígenas no local foi a instalação da hidrelétrica de Belo Monte.
Ao g1, um indigenista que atuam junto ao povo Arara indica que há desmatamento no local para obter madeira do tipo ipê.
Tymbek era o linguista oficial da etnia e costumava representá-la em eventos em Brasília, como contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas, e denúncias, como a feita na ONU.
"Os Arara não têm muito idosos, eram alguns mais velhos e logo vinha o cacique e o Tymbek, também quem se comunicava com o mundo de fora. Histórias vão se perder e quem vai defendê-los?", disse um indigenista. "Eles [indígenas Arara] são coagidos de alguma maneira: perdem a terra e o invasor oferece gado, carne, whisky... É uma violência permeada por esse jeito sujo de relação". Fonte: https://www.globo.com
Jovens litigam as mudanças climáticas
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Caso ‘Duarte Agostinho’ pode produzir um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações
Por Lucas Carlos Lima
Na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), um coro de países reconheceu que as mudanças climáticas são “o maior desafio de nosso tempo”. Não faltam evidências científicas ou empíricas para provar que estão corretos. O problema real reside nas tentativas de resposta eficaz a esse desafio. Certamente, o tema será objeto de pauta no G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), cuja reunião ocorrerá no Brasil em 2024.
Nesse sentido, parece particularmente alvissareira a iniciativa de seis jovens portugueses que decidiram processar Portugal e 32 Estados na Corte Europeia de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo.
No dia 27 de setembro, em audiência perante a Corte, os jovens expuseram suas razões jurídicas para demonstrar que seus direitos como futuras gerações, protegidos pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, estão sob ameaça em razão das mudanças climáticas. O propósito dos jovens é claro: alertar os Estados acusados sobre a insuficiência de suas medidas para reduzir as emissões de carbono e mitigar os efeitos da catástrofe climática. Segundo os peticionários, mais deve ser feito – e com razão.
Já em 1992 a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento anunciava em seu princípio 7 a noção jurídica de equidade intergeracional: o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda equitativamente às necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presente e futuras. O caso Duarte Agostinho e outros vs Portugal e 32 outros Estados parece buscar concretizar esse princípio na medida em que são as gerações futuras a encampar a causa jurídica em relação às ações atualmente conduzidas pelos governos e sua exiguidade diante da envergadura do desafio que buscam combater.
Intitulado pela professora Laurence Burgorgue-Larsen, da Faculdade de Direito da Sorbonne, como um potencial “big-bang climático”, o caso pode alterar as percepções da litigância climática por meio da proteção de direitos humanos, na medida em que pode reconhecer importantes obrigações internacionais. Existe uma chance real de reconhecer o dever de proteção de direitos fundamentais em razão da degradação do meio ambiente em virtude de alterações no sistema do clima.
Levar casos envolvendo as obrigações climáticas dos Estados perante tribunais não é uma tática inédita. Desde o célebre caso Urgenda vs Países Baixos, de 2019, no qual a Suprema Corte Neerlandesa reconheceu que o Estado não estava fazendo o suficiente para atingir suas metas de contenção das mudanças do clima, a assim chamada litigância climática expandiu-se pelo mundo e alcançou diferentes sistemas jurídicos. Inclusive, o Brasil teve sua contribuição com a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o Fundo Clima na ADPF 708, que reconheceu a omissão do Executivo na adequada distribuição dos valores voltados às ações climáticas.
Contudo, o caso Duarte Agostinho é particularmente promissor porque demonstra o potencial contencioso da Corte Europeia para decidir sobre questões climáticas. Em termos simples, pode-se afirmar que, em virtude das obrigações que Estados assumiram internacionalmente de proteger direitos humanos (como a vida, a privacidade e a saúde), existe um dever de realizar ações eficazes para diminuir as emissões de carbono e responder aos efeitos da crise climática que se alastram nos países. Em Portugal, em particular, são lugubremente célebres os incêndios que se propalam durante o verão no país ibérico.
O que pode surgir de uma eventual condenação, após naturalmente um amplo processo e contraditório, é um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações. Dessa primeira condenação, uma pronúncia da Corte Europeia pode se irradiar e dialogar com as cortes supremas de todos os Estados europeus e influenciar até mesmo outros sistemas similares – como o Interamericano e o Africano. Além disso, as pronúncias mais amplas da Corte poderão oferecer sustentáculo a futuros casos similares em que indivíduos empregam a via judicial para obter dos governos uma maior ação na proteção do meio ambiente (como, por exemplo, na diminuição do desflorestamento) e, por consequência, do clima.
É verdade que o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) descreve um cenário tragicamente desanimador sobre a possibilidade de diminuição da temperatura da Terra em relação às emissões de gases de efeito estufa. É, também, verdade que uma pronúncia de uma corte internacional levará algum tempo para gerar efeitos reais no interior dos Estados. Contudo, este caso – somado a outras iniciativas, como as opiniões consultivas perante a Corte Interamericana, a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Internacional do Direito do Mar sobre o mesmo tema – pode ser uma sedimentação real de um movimento maior, que liga a necessidade de proteger direitos fundamentais protegidos nas Constituições do mundo à crise do sistema climático global. A depender do resultado, ganham o meio ambiente, o sistema climático e as futuras gerações.
*PROFESSOR DE DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, É ORGANIZADOR DO COMENTÁRIO BRASILEIRO À DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
Arrastado por correnteza das chuvas, motorista salvou filha de 5 anos e namorada antes de morrer em SC
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Familiares dizem que vítima foi um 'baita herói'. Caso aconteceu em Witmarsum, no Vale do Itajaí. A identidade foi confirmada pelo município no domingo.
Motorista que morreu ao ter carro arrastado por correnteza tinha 24 anos e era filho de funcionário de prefeitura em SC — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Por Sofia Mayer e Caroline Borges, g1 SC
O motorista que morreu ao tentar atravessar com o carro uma rua alagada pelas chuvas em Witmarsum, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, abriu a porta e empurrou a filha e a namoradora para que conseguissem se salvar, relatou a madrinha da criança, Carol Stinghen. A mulher ficou com a menina de 5 anos no hospital após o acidente.
Ela narrou, nesta segunda-feira (30), que as duas chegaram a ser levadas ao hospital no sábado (28), mas foram liberadas horas depois.
A vítima é Eliton Selinger Rodrigues, de 24 anos. A identidade foi confirmada pelo município, já que ele era filho de um servidor municipal.
"A filhinha do Eliton lembra de todos os detalhes do acidente. Ela está bem assustada. Os bombeiros falaram que, na hora do atendimento, quem passou os relatos de como aconteceu foi a própria filha, pois a namorada estava em choque", conta.
"Quando ele abriu a porta e empurrou o carro, encheu de água rapidamente e acabou afundando. Ele não conseguiu mais sair do veículo, porque ele sabe nadar, mas ficou preso dentro do carro", relata Stinghen.
Em seguida, enquanto a namorada erguia a criança, um popular ajudou as duas a saírem do rio.
O relato foi confirmado pelo tio da vítima, Deivid Luiz Ferrari, que conversou com a namorada de Eliton nesta segunda-feira, no enterrno do sobrinho.
Ferrari diz que o jovem foi "um baita herói".
Ocorrência
Segundo os bombeiros de Presidente Getúlio, na mesma região, a namorada conseguiu sair do veículo com bastante dificuldade pois a água estava até a cintura. Foi ela quem conseguiu tirar a criança.
Em nota, a prefeitura de Witmarsum se solidarizou com a família de Rodrigues: "Amante do futebol, Eliton Selinger Rodrigues, tinha 24 anos e sua morte deixou o Esporte em luto".
"Nesse momento de dor e saudade, unimo-nos aos demais servidores e colegas de trabalho do nosso amigo, aos amantes do futebol, para prestar nossa solidariedade a todos os familiares, rogando a Deus que conforte seus corações", escreveu o município.
O g1 procurou a Defesa Civil do Estado para confirmar se a morte iria ser incluída nos dados de vítimas das chuvas no estado em outubro. Até a última atualização, a vítima estava listada como desaparecida.
O velório do jovem ocorre na manhã desta segunda-feira (30) na casa Mortuária Municipal da cidade. O sepultamento ocorre no cemitério Católico do Centro. Fonte: https://g1.globo.com
Israel atinge 600 alvos em maior ataque aéreo contra Gaza na guerra
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Na maior ação de sua Força Aérea desde que declarou guerra ao Hamas na Faixa de Gaza, Israel afirmou ter atingido 600 alvos de domingo (29) para segunda (30) no território controlado pelo grupo terrorista que promoveu um mega-ataque contra o país no dia 7.
Segundo o porta-voz militar Daniel Hagari, as ações terrestres também seguem no norte de Gaza, "de acordo com o plano", e que o Exército está mobilizado para "qualquer situação" no norte do país.
No domingo, caças israelenses atingiram pontos de lançamento de foguetes no Líbano e na Síria, atribuídos tanto ao próprio Hamas quanto ao libanês Hezbollah, seu aliado, mantendo aceso o temor de uma conflagração regional com o Irã, fiador dos grupos. (Igor Gielow). Fonte: https://aovivo.folha.uol.com.br
O bom combate do jornalismo
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O bom combate do jornalismo
A instantaneidade online exige redobrar o cuidado com as notícias. Quando elas podem ser armas de guerra, é preciso triplicá-lo, e quando podem ser armas de terroristas, quadruplicá-lo
No dia 17 passado, uma notícia atingiu a opinião pública global como uma bomba: “Ao menos 500 pessoas foram mortas por um bombardeio israelense em um hospital de Gaza, dizem os palestinos”. A atrocidade anunciada nesta manchete do New York Times foi reportada por diversos veículos de imprensa – como Reuters, Associated Press e MSNBC – e correu o mundo como fogo em mato seco, deixando um rastro de ódio.
Massas enfurecidas tomaram as ruas de países islâmicos. Nas 24 horas subsequentes, diplomatas árabes mobilizaram protestos na ONU; manifestantes anti-Israel cercaram o Capitólio nos EUA; uma sinagoga na Alemanha foi atingida por coquetéis molotov; uma turba tentou invadir a embaixada de Israel na Jordânia. O impacto geopolítico foi devastador: o rei da Jordânia e o presidente da Autoridade Palestina cancelaram uma reunião com os presidentes do Egito e dos EUA e o Oriente Médio esteve a um passo de uma guerra regional mais ampla.
Mas imediatamente após as primeiras notícias, as autoridades israelenses as contestaram. Um grão de hesitação entrou nas redações. A BBC explicou que os israelenses “disseram que estão investigando, mas, na verdade, é difícil ver como não poderia ser, dado o tamanho da explosão, um ataque israelense, ou vários”. Questionamentos começaram a pipocar nas redes sociais. Em um par de horas, a manchete do New York Times foi alterada duas vezes: primeiro, removendo a menção ao autor do “bombardeio”; depois, reduzindo-o a uma mais neutra “explosão”.
Hoje, ainda não há certeza sobre os fatos. Já antes da guerra, agências independentes não podiam operar livremente em Gaza como fazem em Israel e em outras democracias do mundo. O Hamas controla quem pode investigar e o que pode ser investigado. Mas as evidências apontam para um disparo malogrado de um foguete da Jihad Islâmica, outra organização terrorista de Gaza. Uma tragédia, ainda assim, mas, ao que tudo indica, não resultante da intenção de Israel de dizimar palestinos, e sim do descaso de terroristas com o povo que alegam defender e libertar.
No caso, a notícia foi reportada pelo “Ministério da Saúde de Gaza”, que todos deveriam saber que se trata de um dos pseudônimos do Hamas. Por óbvio, sua confiabilidade é tão grande quanto a do “Ministério da Verdade” do “Grande Irmão” de George Orwell. Mas, no afã das redações de reportar um furo espetacular – ou, plausivelmente, de alguns dos jornalistas de confirmar seu viés de Israel “opressor” – várias esqueceram essa obviedade.
Quando se lembraram ou foram lembradas, o estrago já estava feito. “Múltiplos estudos descobriram que a desinformação ainda pode influenciar nosso pensamento mesmo quando recebemos a correção e acreditamos ser verdadeira”, explicou o neurocientista Richard Sima no Washington Post, “um fenômeno conhecido como ‘efeito contínuo da influência’.” Tanto pior quando esse efeito tem origem não em algum blog obscuro, mas em mídias tradicionais.
Pesquisas indicam que há anos essas mídias vêm perdendo credibilidade – e reproduzir informações disparadas por terroristas só acelerou o processo –, mas a guerra ainda pode ser uma oportunidade de resgatá-la.
Em um mea culpa, o próprio editor do New York Times admitiu que o jornal “confiou demais em alegações do Hamas, e não esclareceu que elas não podiam ser imediatamente verificadas” e que “a reportagem deixou aos leitores uma impressão incorreta sobre o que era conhecido e o quão crível era o relato”.
As redes digitais estão infestadas de erros e mentiras, que, como se viu, podem ser disseminados até por grandes veículos, com consequências desastrosas. A instantaneidade da internet só amplifica o dever do jornalismo profissional de rever continuamente seus procedimentos para determinar “salvaguardas adicionais” à publicação de notícias de impacto, como disse o New York Times. Ainda assim, é impossível eliminar o risco de erros. Reconhecê-los e corrigi-los o mais rápida e honestamente possível é o caminho mais seguro para resgatar a confiança do público. Em uma palavra, a credibilidade do jornalismo será tanto maior quanto maior for a sua humildade. Fonte: https://www.estadao.com.br
O Rio de joelhos
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Não foi da noite pra o dia que as milícias acumularam o poder de parar a cidade quando lhes dá na veneta. Isso é decorrência de anos de promiscuidade entre criminosos e agentes do Estado
A morte do miliciano Matheus da Silva Resende, vulgo “Teteus”, parou o Rio de Janeiro no fim da tarde de segunda-feira passada. Como isso foi possível, é dever do governador Cláudio Castro explicar. Em represália à operação da Polícia Civil que culminou na morte do criminoso, o segundo na hierarquia de uma das milícias mais poderosas do Estado, seus comparsas atearam fogo a ao menos 35 ônibus, deixando milhares de cariocas a pé e em pânico na volta do trabalho. Ademais, o bloqueio de vias públicas deu um nó no trânsito da capital fluminense, violando o direito de ir e vir inclusive de quem estava a quilômetros da zona oeste da cidade, epicentro dos atos que Castro classificou como “terroristas”.
Se essa desabrida afronta ao poder estatal e a violência praticada contra gente inocente a bordo dos ônibus ou não podem ser classificadas como terrorismo, o Ministério Público e o Poder Judiciário vão dizer. O fato é que, seja qual for a tipificação dos crimes, os cariocas vivem aterrorizados com essa guerra por domínio territorial que há décadas tem formado zonas de exclusão no Rio, como se fossem enclaves dos quais não se entra ou sai sem a anuência dos barões do crime organizado – sejam eles das milícias ou do tráfico de drogas, quando não das “narcomilícias”.
Não poderia haver evidência mais cabal de que o Rio está de joelhos diante do crime organizado do que o inferno em que se transformou a vida dos cariocas naquele dia, e simplesmente porque um bandido morreu em confronto com a polícia. A declaração de Cláudio Castro, à guisa de justificativa, de que o serviço de inteligência da polícia não anteviu os ataques dos milicianos porque “não foram ações coordenadas” só ilumina esse quadro lamentável de absoluta falência do Estado para exercer uma de suas atribuições fundamentais, detentor que é do monopólio da violência.
Um dos sinais mais fortes da falência do poder público é o fato de que menos de 2% do território da cidade do Rio está fora do domínio do tráfico ou das milícias, segundo o Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Isso não apenas coloca em risco a vida dos cidadãos, mas também macula a imagem do Brasil no cenário internacional, minando a percepção de segurança e comprometendo investimentos.
A bem da verdade, em se tratando do Rio, é pertinente refletir: está-se diante de incompetência propriamente dita, isto é, de incapacidade do Estado para agir, ou, é forçoso dizer, de leniência, quando não cumplicidade entre setores do Estado e as organizações criminosas? Afinal, reação de bandidos a investidas da polícia contra seus negócios sempre houve. O que parece ser novo, no caso em tela, é a escala inaudita dessa resposta da milícia à operação da Polícia Civil que acabou por eliminar um dos seus.
Não é desarrazoado pensar que houve algum ruído nessa espécie de pacto de convivência entre alguns agentes do Estado e a milícia a que pertencia o tal de “Teteus”. Pois é disso que se trata, de um mutualismo pernicioso que faz dos cariocas reféns da promiscuidade entre criminosos e agentes públicos que, em tese, deveriam combatê-los. Não é por acaso que, na origem da formação das milícias, estão justamente servidores do Estado – policiais e bombeiros – que, exatamente como faz a Cosa Nostra siciliana, se organizaram para “proteger” a população contra traficantes e outros tipos de delinquentes – e cobrando caro pelo “serviço”.
Ora, um bando com o poder de parar uma das capitais mais importantes do País, cuja paisagem é a imagem mais representativa do Brasil no exterior, não nasce da noite para o dia nem tampouco prospera nos negócios ilegais sem contar com a cumplicidade de agentes públicos. Esse acúmulo de poder do crime organizado – seja o tráfico de drogas, sejam as milícias – decorre de um processo de degradação do poder estatal que vem de décadas. Esse problema não será superado até que, entre outras medidas, policiais voltem a ser policiais, e bandidos voltem a ser bandidos. Hoje, os cariocas são incapazes de fazer essa necessária distinção. Fonte: https://www.estadao.com.br
Família do atirador que matou uma estudante já tinha feito boletim de ocorrência por causa de bullying
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A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.
Escola Estadual Sapopemba, localizada na Zona Leste de São Paulo (SP), foi alvo de ataque a tiros. (Foto: Peter Leone/Ofotográfico/Agência O Globo)
POR GABRIELA RANGEL (gabriela.rangel@cbn.com.br)
A família do atirador que matou uma estudante e feriu outras duas já tinha feito um boletim de ocorrência neste ano por causa das constantes agressões e bullying que ele sofria na Escola Estadual de Sapopemba.
A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.
Estudantes, ainda em choque após o ataque, confirmaram que as redes sociais foram citadas além da homofobia como motivos da perseguição na escola e confirmaram os ataques.
'Ele era muito zoado por causa da sua conta no Instagram, mas as pessoas não davam ouvido e continuavam zoando. Como ele era homossexual, era zoado por isso também. Ele não gostava', disse a menor de idade.
De acordo com a defesa do adolescente, Ele já sofria bullying há mais de 2 anos. A polícia agora investiga se o adolescente agiu sozinho, se teve ajuda de alguém próximo ou incentivo em redes sociais. A arma utilizada no ataque pertence ao pai do atirador, que tem o posse há mais de 20 anos de forma regularizada. Fonte: https://cbn.globoradio.globo.com
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