Questão religiosa
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Estamos diante de um problema político sério que a direita evangélica traz para a democracia
Rubens Barbosa, O Estado de S.Paulo
Estamos vivendo tempos estranhos. A sociedade está dividida e polarizada, anestesiada e paralisada, até pelas dificuldades decorrentes da pandemia. A perplexidade aumenta na medida em que, entre muitos outros exemplos, se verifica a maneira como a grave crise do combate à covid-19, fora de controle, está sendo conduzida; pela ameaça de um enfrentamento fratricida pela facilitação da venda e do porte de armas e munições; pela inexplicada crise militar com a demissão da cúpula da Defesa; pelo desmonte do combate à corrupção; pela crescente influência das milícias e do tráfico de drogas; pela chocante visibilidade da desigualdade social; pela falta de perspectivas e de uma visão de futuro para o País.
A tudo isso se junta agora a surrealista discussão sobre atividades religiosas coletivas em templos e igrejas durante a pandemia. As apresentações terrivelmente evangélicas feitas no STF pelo advogado-geral da União e pelos advogados que defendiam a abertura dos templos e igrejas trouxeram à tona, mais uma vez, a questão da laicidade do Estado brasileiro. Até o presidente reforçou a defesa de cultos e missas presenciais como um direito inerente a maioria, ignorando as ameaças à vida e a Constituição.
Estado é laico é o que promove oficialmente a separação entre Estado e religião. A partir dessa separação, o Estado não deveria permitir a interferência de correntes religiosas em assuntos estatais, nem privilegiar uma ou algumas religiões sobre as demais. Essa situação existe no Brasil desde a Proclamação da República, em decorrência do disposto na Constituição de 1891, em que se explicita a rejeição da união entre o poder civil e o poder religioso, pondo fim ao regime do padroado, que concedia privilégios à Igreja Católica e no qual se confundiam o Estado e a Igreja. No laicismo, cabe ao Estado garantir a liberdade e a igualdade de todos, independentemente dos valores morais e religiosos.
Mesmo com maioria até aqui católica, o Brasil é oficialmente um Estado laico, neutro no campo religioso, não apoiando nem discriminando nenhuma religião. Apesar de citar Deus no preâmbulo, a Constituição federal é clara ao vedar à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público. Dessa forma, a liberdade religiosa na vida privada é assegurada, desde que separada do Estado. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Na minha visão, a separação Igreja-Estado foi um avanço e está na base da formação dos Estados modernos. Com a República, o Estado brasileiro tornou-se um Estado moderno, no qual não se busca a satisfação espiritual, mas a expansão dos direitos humanos e das liberdades individuais.
Ao contrário do que se ouviu nos últimos dias, o Estado brasileiro não se pode manifestar religiosamente. Como já foi dito por ministro do STF, “os dogmas de fé não podem determinar o conteúdo dos atos estatais” e “as concepções morais religiosas – unânimes, majoritárias ou minoritárias – não podem guiar as decisões de Estado, devendo, portanto, se limitar às esferas privadas”.
Nos últimos anos, o que se viu foi o contrário. A ameaça à Constituição não é uma preocupação. Embora não se constituindo em movimento único, pois há divergências entre elas, a influência das igrejas evangélicas, em especial a Universal, aumentou significativamente e ganhou força política real.
Sua eficiente arrecadação entre fiéis seduzidos e sua capacidade televisiva e radiofônica, além da mídia impressa e de partidos políticos, estão a serviço de um projeto político. Não é segredo para ninguém que os evangélicos buscam alcançar, sem intermediários, o poder máximo da República, depois de eleger prefeitos, governadores, senadores, deputados e ministros das Cortes de Justiça. A Igreja Universal ataca a Igreja Católica e exerce uma ação voltada para assumir a hegemonia do Estado.
Não se pode negar a competência e a eficiência da atuação da militância evangélica, instalada agora em diferentes órgãos públicos federais, na defesa de sua agenda de costumes, social, financeira e mesmo política, como estamos vendo nas ações do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e na política externa, nos últimos dois anos.
Pela primeira vez na História do Brasil, as igrejas evangélicas atuam de maneira coordenada para chegar ao comando do poder político. Em política não existe vazio. Se alguns setores ganham espaço, outros perdem. É surpreendente que representantes da alta hierarquia da Igreja Católica, em especial, não se tenham manifestado até aqui em defesa do Estado laico e da separação clara do Estado e da religião.
Estamos diante de um problema político sério que a direita evangélica traz para a democracia e afeta liberais, conservadores e progressistas. Trata-se, na realidade, de um problema de dominação por uma minoria e de reação contra o pluralismo.
PRESIDENTE DO IRICE
Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Segunda-feira, 12 de abril-2021. 2ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 1-8)
Naquele tempo, 1Havia alguém dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. 2À noite, ele foi se encontrar com Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus!” 4Nicodemos perguntou: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. 6O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. 7Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo 3,1-13; 7,50-52; 19,39). Ele era uma pessoa de certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado Sinédrio. No evangelho de João, ele representa o grupo de judeus que eram piedosos e sinceros, mas que não chegavam a entender tudo que Jesus fazia e falava. Nicodemos tinha ouvido falar dos sinais, das coisas maravilhosas que Jesus realizava, e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele era uma pessoa estudada que pensava entender as coisas de Deus. Ele esperava o Messias com o livrinho da lei na mão para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz perceber a Nicodemos que a única maneira para alguém poder entender as coisas de Deus é nascer de novo! Hoje acontece a mesma coisa. Alguns são como Nicodemos: só aceitam como novo aquilo que está de acordo com as suas próprias ideias. O que não estiver de acordo é recusado como sendo contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não têm medo de dizer: "Nasci de novo!"
João 3,1: Um homem, chamado Nicodemos
Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que só se interessavam pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade mas a sua fé ainda era imperfeita. A conversa com Jesus vai ajudá-lo a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
João 3,2: 1ª pergunta de Nicodemos: tensão entre o velho e o novo
Nicodemos era um fariseu, pessoa de destaque entre os judeus e com um bom raciocínio. Ele foi encontrar Jesus de noite e lhe diz: "Você vem da parte de Deus como um mestre, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que você faz!" Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, tem dentro de si. Isto já é um passo importante, mas não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e produzir nela um interesse. Podem gerar curiosidade, mas não geram entrega nem fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Para isto é necessário dar mais um passo. Qual é este passo?
João 3,3: Resposta de Jesus: "Tem que nascer de novo!"
Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, ele terá que nascer de novo, do alto. Quem tenta compreender Jesus só a partir dos seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Enquanto Nicodemos fica só com o catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Ele terá que abrir mão de tudo. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que fazer uma escolha entre, de um lado, manter a segurança que lhe vem da religião organizada com suas leis e tradições e, do outro lado, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
João 3,4: 2ª pergunta de Nicodemos: Como é possível nascer de novo?
Nicodemos não dá o braço a torcer e torna a perguntar com certa ironia: "Como uma pessoa pode nascer sendo já velha? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" Nicodemos tomou as palavras de Jesus ao pé da letra e, por isso, não entendeu nada. Ele deveria ter percebido que as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
João 3,5-8: Resposta de Jesus: Nascer do alto, nascer do espírito
Jesus explica o que quer dizer: nascer do alto ou nascer de novo. É "nascer da água e do Espírito". Aqui temos uma alusão muito clara ao batismo. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão do nosso batismo. Ele relata as seguintes palavras de Jesus: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito". Carne significa aquilo que nasce só das ideias nossas. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito" O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, no vento Norte ou vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
Uma chave para entender melhor as palavras de Jesus sobre o Espírito Santo
A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como dissemos, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento Norte, vento Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação. O Espírito estava presente na criação sob a forma de uma ave pairando sobre as águas do caos (Gn 1,2). Ano após ano, ele renova a face da terra e coloca a natureza em movimento através da seqüência das estações (Sl 104,30; 147,18). Este mesmo Espírito está presente também na história. Fez recuar o Mar Vermelho (Ex 14,21) e trouxe as codornizes para o povo comer (Nm 11,31). Esteve com Moisés e, a partir dele, se distribuiu nas lideranças do povo (Nm 11,24-25). Tomava posse dos líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25; 14,6.19; 15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produziu inveja nos outros, mas Moisés reagiu: "Oxalá todo o povo fosse profeta e recebesse o Espírito de Javé!" (Nm 11,29).
* Ao longo dos séculos cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27; 39,29; Is 32,15; 44,3). A grande promessa do Espírito transparece de várias maneiras nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1; 44,1-3; 61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que o povo, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf. Is 32,15-20).
* O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
4) Para um confronto pessoal
1-Como você costuma reagir diante das novidades que se apresentam? É como Nicodemos ou aceita a surpresa de Deus?
2- Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento (Jo 3,8). O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus na minha vida?Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo?
5) Oração final
Vou proclamar o decreto do SENHOR: Ele me disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei! Servi ao SENHOR com reverência e prestai-lhe homenagem com tremor. (Sl 2, 7.11)
2º DOMINGO DA PÁSCOA: Comunidade sinal de Ressurreição
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2º DOMINGO DA PÁSCOA... Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Igreja Matriz da Imaculada, Angra dos Reis/RJ. Domingo, 11 de abril-2021. www.instagram.com/freipetronio
A César o que é de César
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O plenário do STF rejeitou a tentativa de transformar um julgamento jurídico em debate religioso e palanque político
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a tentativa de transformar um julgamento jurídico em debate religioso e palanque político. Por 9 votos a 2, os ministros entenderam que o Estado de São Paulo pode restringir temporariamente a realização de atividades religiosas coletivas presenciais, como medida de enfrentamento da pandemia de covid-19.
Proposta pelo Partido Social Democrático (PSD), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 811 postulava que o Decreto 65.563/2021 – que, entre outras medidas emergenciais, vetou “a realização de cultos, missas e demais atividades religiosas de caráter coletivo” – violava a liberdade religiosa.
Em sua manifestação, o advogado-geral da União, André Mendonça, recorreu à Bíblia e à sua compreensão do que é o cristianismo. “Não há cristianismo sem vida comunitária, não há cristianismo sem a casa de Deus, sem o dia do Senhor. É por isso que os verdadeiros cristãos não estão dispostos jamais a matar por sua fé, mas estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião e de culto”, disse.
A agravar a confusão, o próprio Ministério Público Federal aderiu à tese de que não seria possível proibir celebrações religiosas durante a pandemia. Segundo o procurador-geral da República, Augusto Aras, medidas restritivas ofenderiam “o núcleo essencial do direito fundamental ao livre exercício dos cultos religiosos”.
A argumentação é inteiramente descabida. Assim como outras medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos em todo o País, o decreto do governo do Estado de São Paulo não priva ninguém de sua liberdade religiosa. A ninguém foi imposto determinado credo, como também ninguém foi impedido de professar sua fé. A liberdade religiosa permanece intacta.
Por mais fervorosos que tenham sido os discursos de André Mendonça e de Augusto Aras – numa demonstração de especial temor ao Palácio do Planalto –, na ADPF 811 não estava em discussão a liberdade religiosa, e sim se atividades religiosas devem se submeter às regras gerais estabelecidas pelo poder público. A rigor, num Estado Democrático de Direito, tal questão está definida por princípio, tal como exige a laicidade.
Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, devem respeitar a lei e as normas vigentes. Não há ninguém acima da lei. Por isso, também as igrejas devem obedecer às regras relativas ao enfrentamento da pandemia, assim como devem cumprir a legislação urbanística, tributária e sanitária. Por exemplo, as igrejas devem respeitar os horários de silêncio noturno, da mesma forma que todos os outros estabelecimentos. Tal restrição não é nenhuma violação à liberdade religiosa.
Além do evidente e necessário cuidado com a saúde pública, a decisão do STF faz valer um importantíssimo princípio constitucional, o da igualdade de todos perante a lei. A profissão de uma determinada crença – mesmo tendo uma dimensão comunitária, como a do sr. André Mendonça – não confere um privilégio sobre os demais cidadãos. Todos estão submetidos às mesmas limitações.
Vale notar que a mentalidade de privilégio não se manifesta apenas na oposição às medidas de isolamento social relativas à pandemia de covid-19. Muitas igrejas acham que não precisam pagar os tributos relativos a suas atividades. Segundo revelado pelo Estado, igrejas têm R$ 1,9 bilhão em débitos inscritos na Dívida Ativa da União.
A Constituição proíbe “instituir impostos sobre templos de qualquer culto”, mas há igrejas que se consideram imunes de qualquer obrigação tributária. Por exemplo, entre as dívidas com a União, há casos de não pagamento de contribuição previdenciária e do Imposto de Renda já descontados do salário dos empregados.
Sem diminuir a liberdade de religião e de crença, o Supremo reconhece que os entes federativos têm o poder – a rigor, o dever – de zelar pela saúde da população. As liberdades e garantias fundamentais continuam válidas. O que não cabe é conferir, especialmente em uma pandemia, privilégio a alguns grupos. Todos estão sob as mesmas regras. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Sexta-feira, 9 de abril-2021. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. 9Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
3) Reflexão
O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.
João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galileia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.
João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.
João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.
4) Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, porque ele é bom; pois eterno é seu amor. Que Israel diga: eterno é seu amor. Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor. Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)
Quinta-feira, 8 de abril-2021. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que reunistes povo tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 35-48)
35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito. 38Mas ele disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles. 44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que eu vos falei quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45Então ele abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e disse-lhes: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sois as testemunhas destas coisas.
3) Reflexão
Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No início, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos não se preocupavam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Mas na medida em que cresciam as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito das várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a lembrar as aparições de Jesus. Há dois tipos de aparições: (1) as que acentuam as dúvidas e resistências dos discípulos em crer na ressurreição, e (2) as que chamam a atenção para as ordens de Jesus aos discípulos e discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem às críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não são pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em crer na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim na autoridade e nas ordens recebidas do próprio Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.
Lucas 24,35: O resumo de Emaús. De retorno a Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o que aconteceu no caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida, por sua vez, comunica a eles como Jesus aparecera a Pedro. Foi uma partilha mútua da experiência de ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor.
Lucas 24,36-37: A aparição de Jesus causa espanto nos discípulos. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja com vocês!” É a saudação mais freqüente de Jesus: “A Paz esteja com vocês!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Mas os discípulos, ao verem Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles está o Jesus real, mas eles imaginam estar vendo um espírito, um fantasma. Há um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem crer.
Lucas 24,38- 40: Jesus os ajuda a superar o medo e a incredulidade. Jesus faz duas coisas para ajudar os discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Ele mostra as mãos e os pés, dizendo: “Sou eu!”, e manda apalpar o corpo, dizendo: “Espírito não tem carne nem osso como vocês estão vendo que eu tenho!” Jesus mostra as mãos e os pés, porque é neles que estão as marcas dos pregos (cf. Jo 20,25-27). O Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na Cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos ao vê-lo. Ele mandou apalpar o corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa toda, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria da imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.
Lucas 24,41-43: Outro gesto para ajuda-los a superar a incredulidade. Mas não bastou. Lucas diz que por causa de tanta alegria eles não podiam crer. Jesus pede que lhe deem algo para comer. Eles deram um pedaço de peixe e ele comeu diante deles, para ajuda-los a superar a dúvida.
Lucas 24,44-47: Uma chave de leitura para compreender o sentido novo da Escritura. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos era aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois a própria lei de Deus ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a própria Escritura já tinha anunciado que “o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome fosse proclamado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus mostrou a eles como isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir o sentido total da Sagrada Escritura.
Lucas 24,48: Vocês são testemunhas disso. Nesta ordem final está toda a missão das comunidades cristãs: ser testemunha da ressurreição, para que se torne manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoe, e quer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.
4) Para um confronto pessoal
1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?
2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?
5) Oração final
Ó SENHOR, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)
Quarta-feira, 7 de março-2021. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)
13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
3) Reflexão Luca 24,13-35
O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
- Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
- Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
4) Para um confronto pessoal
- Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
- Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)
Evangelho do Dia- Oitava da Páscoa. Jesus e Maria Madalena
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EVANGELHO DO DIA: Jesus e Maria Madalena. ( JO 20, 11-18). Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Terça-feira, 6 de abril-2021. www.instagram.com/freipetronio
Terça-feira, 6 de abril-2021. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)
Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14)
João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
4) Para um confronto pessoal
- Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
- Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)
Maioria das capitais já permitiu missas e cultos na pandemia
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Gilmar Mendes, Luiz Fux e Nunes Marques Foto: Editoria de Arte
Uma das exceções era Belo Horizonte, cujo prefeito, Alexandre Kalil (PSD), afirmou, em um primeiro momento, que não cumpriria a decisão do ministro, mas depois recuou
Marlen Couto, Bernardo Mello e André de Souza
RIO E BRASÍLIA - Na véspera do julgamento, pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), da autorização para a realização de cultos e missas presenciais em meio à fase mais aguda da pandemia de Covid-19, levantamento feito pelo GLOBO mostra que a maioria das capitais, 22 das 26, já tinha decretos que liberavam o funcionamento de igrejas antes da decisão do ministro Kassio Nunes Marques que proibiu prefeitos e governadores de vetar a prática. Uma das quatro exceções era Belo Horizonte, cujo prefeito, Alexandre Kalil (PSD), afirmou, em um primeiro momento, que não cumpriria a decisão do ministro, mas depois recuou. A tendência é que o plenário da Corte reafirme amanhã a autonomia de estados e municípios para estabelecer medidas restritivas.
Além de Belo Horizonte, São Paulo, Fortaleza e Rio Branco tiveram de permitir celebrações na Páscoa após a determinação de Nunes Marques. No caso da capital cearense, um decreto foi editado para regulamentar a medida. No Acre, o funcionamento estava vedado nos fins de semana e feriados, inclusive a Páscoa. Após a decisão de Nunes Marques, contudo, o governador sinalizou apoio à liberação de cultos no estado.
O alto número de capitais com funcionamento de igrejas liberado se soma ao fato de que ao menos 14 estados e o Distrito Federal já têm leis que classificam atividades religiosas como essenciais, isto é, podem funcionar presencialmente em meio a medidas de isolamento social. O levantamento foi feito pelo GLOBO a partir de dados da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), autora do pedido acatado por Nunes Marques que autorizou o funcionamento de templos.
Limite de público
Parte dos estados que já permitiam o funcionamento de igrejas teve que adaptar o limite de capacidade máxima em cultos e missas presenciais, depois da decisão de Nunes Marques, que prevê percentual de 25%. Isso porque mais da metade das regras locais prevê lotação entre 30% e 50%. Em outras três cidades, esse percentual era inferior. Foi o caso de Porto Alegre. O decreto estadual, seguido pela capital, determinava lotação máxima de 10% ou 30 pessoas em cultos, o que fosse maior. Com a determinação do STF, o governo editou nova norma, aumentando a capacidade para 25%.
Ontem, o ministro Gilmar Mendes negou liminar pedida pelo PSD contra decreto do governo do estado de São Paulo que proibiu a realização de atividades religiosas coletivas. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, reservou a sessão de amanhã para julgar a questão.
Ministros do STF ouvidos pelo GLOBO avaliam que Nunes Marques sairá derrotado.
— Eu penso que a liminar dele cai, e cai por um escore acachapante — disse o ministro Marco Aurélio Mello, com a ressalva de que o plenário pode ser uma “caixa de surpresa”.
A avaliação é compartilhada, de forma reservada, por outros integrantes da Corte. Marco Aurélio entende que agora é hora de ficar em casa, até porque a campanha de vacinação segue lenta.
— Nós teremos muitas Páscoas pela frente. Foi o que eu disse: vamos rezar em casa. O altar-mor é a residência, é a casa da pessoa, não é o templo — disse o ministro.
Relator de ação sobre o tema apresentada pela Anajure, Nunes Marques liberou cultos religiosos presenciais, o que gerou insatisfação nos bastidores do tribunal. Há preocupação com o risco de aglomerações em igrejas. Nunes Marques foi indicado para o STF pelo presidente Jair Bolsonaro.
Assim, com decisões monocráticas opostas, caberá ao plenário fixar um entendimento sobre o tema. Em seu despacho, Gilmar citou decisões de outros ministros que permitem restrições a atividades religiosas. Fux, por exemplo, suspendeu em 23 de março deste ano liminares do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Essas liminares, por sua vez, suspendiam um decreto estadual que impunha restrições a atividades religiosas. Rosa Weber também negou o pedido de uma igreja contra um decreto de Mato Grosso que proibiu cultos e missas.
Na ação analisada por Gilmar, o PSD alegou que o decreto paulista viola o direito constitucional à liberdade religiosa e de culto. O ministro discordou e atacou o negacionismo. Ele também destacou que, segundo uma decisão do plenário do próprio STF, estados e municípios podem tomar medidas sanitárias para enfrentar a pandemia.
“A questão que se coloca é se o conteúdo normativo desses preceitos fundamentais restaria violado pelas restrições à realização de cultos, missas e demais atividades religiosas de caráter coletivo em razão da pandemia da Covid-19 determinadas pelo decreto. Quer me parecer que apenas uma postura negacionista autorizaria resposta em sentido afirmativo. Uma ideologia que nega a pandemia que ora assola o país, e que nega um conjunto de precedentes lavrados por este Tribunal durante a crise sanitária que se coloca”, escreveu, destacando que a Constituição assegura o livre exercício de cultos religiosos “na forma da lei”, ou seja, afasta a interpretação de que seja um direito absoluto, e que São Paulo vive um “verdadeiro colapso no sistema de saúde”.
Nunes Marques, em sua decisão, disse que o momento da pandemia pede cautela, mas reconheceu a “essencialidade” da atividade religiosa para dar “acolhimento e conforto espiritual”.
Pedido de transferência
Ontem, o procurador-geral da República, Augusto Aras, que é contra a restrição a cultos e missas, pediu que a ação apresentada pelo PSD contra decreto do governo do estado de São Paulo seja transferida do gabinete de Gilmar para o de Nunes Marques.
A decisão de Nunes Marques foi tomada em uma ação apresentada em junho do ano passado. Já as duas ações específicas contra o decreto de São Paulo foram apresentadas em março de 2021. A tendência é que Fux negue o pedido apresentado por Aras. Fonte: https://oglobo.globo.com
Pressão religiosa mantém cultos abertos ao redor do mundo
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Nos EUA, Trump politizou o embate entre igrejas e governadores em torno de medidas restritivas durante a corrida eleitoral. Na Europa, fiéis foram às ruas e levaram disputa à Justiça para flexibilizar medidas
Camila Zarur
RIO - Assim como no Brasil, o embate entre governos e igrejas por causa das medidas restritivas em meio à pandemia foi parar na Justiça em outras partes do mundo. Líderes e grupos religiosos pressionaram as administrações públicas para que as restrições impostas para conter o contágio do novo coronavírus fossem suspensas ou se tornassem mais flexíveis.
Nos Estados Unidos, a questão foi politizada pelo então presidente Donald Trump, que, em meio à corrida eleitoral para sua reeleição, pressionava para a retomada das atividades mesmo que a pandemia não estivesse controlada. Por diversas vezes, o ex-chefe da Casa Branca deu declarações para forçar a reabertura de igrejas e templos, fazendo assim um aceno à sua base mais religiosa. Também atacava estados democratas — do partido oposto ao seu — que adotavam medidas mais rígidas.
— Alguns governadores consideram as lojas de bebidas alcoólicas e as clínicas de aborto essenciais, mas deixaram de fora igrejas e outras casas de culto — disse Trump, em maio de 2020— Os governadores precisam fazer a coisa certa e permitir que esses lugares essenciais de fé sejam abertos agora.
Endossada pelo discurso do republicano, a Diocese do Brooklyn levou as medidas adotadas pelo governo democrata de Nova York à Suprema Corte do país, pedindo a suspensão do limite de capacidade para cerimônias religiosas. O pedido foi deferido, e uma decisão semelhante foi tomada por um juiz federal para isentar sinagogas ortodoxas nova iorquinas da restrição.
Quarentena na Europa
Na Europa, igrejas, mesquitas e sinagogas ficaram fechadas durante a primeira quarentena no continente. Foram reabertas quando as restrições foram suspensas. Porém, quando os casos da Covid-19 voltaram a subir, no segundo semestre do ano passado, grupos religiosos pressionaram os governos para que suas atividades não fossem proibidas novamente.
No Reino Unido, líderes de diversas religiões escreveram em conjunto uma carta direcionada ao premier britânico, Boris Johnson. No texto, afirmaram que era preciso ter um equilíbrio entre as restrições e a atuação das comunidades religiosas, e que os espaços coletivos de adoração também eram essenciais.
Na França, a pressão foi mais incisiva, com fiéis indo às ruas para protestar contra as restrições e líderes religiosos questionando as decisões do governo na Justiça. Em todos os casos, a justificativa era que havia menos risco de se contrair o coronavírus em locais de culto do que em outros espaços públicos — contrariando a fala de especialistas — e que o direito à liberdade religiosa estava sendo suprimido.
Em novembro, o Conselho de Estado, instância máxima da justiça francesa, determinou que o governo de Emmanuel Macron revisasse o limite de 30 pessoas por culto, independentemente do tamanho do espaço em que ele ocorresse. A decisão foi uma resposta a uma ação movida por bispos católicos, alegando que a ordem do governo era muito mais rígida às igrejas do que a estabelecimentos comerciais.
“Os reclamantes estão certos ao dizer que a medida é desproporcional à luz da proteção da saúde pública. Portanto, (a restrição) é uma violação grave e ilegal da liberdade de culto”, decidiu a Corte.
A pressão religiosa foi tão eficaz no continente que mesmo hoje, com a situação mais grave do que no início da pandemia, cultos e celebrações continuam permitidos.
Regras dos Países
Alemanha
Uma distância mínima de 1,5 metro deve ser mantida, e o uso de máscaras é obrigatório. Os cantos estão proibidos, e caso haja a previsão de lotação máxima, deve haver um registro dos fiéis.
Itália
Locais de culto podem funcionar com a participação presencial, desde que respeitados os protocolos assinados pelo governo com as respectivas igrejas.
Espanha
Cultos e missas estão permitidos, desde que respeitem o limite de 50% da capacidade dos templos.
Estados Unidos
As regras variam entre cada estado, mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças orienta que as pessoas não se reúnam com quem more em casas diferentes, mantenham uma distância de dois metros e sempre usem máscaras.
Reino Unido
Fiéis devem manter uma distância de 2 metros entre si, ou de 1 metro, caso estejam de máscara. Sermões devem ser dados em voz baixa e não pode haver canto ou em ambientes fechados.
França
Fiéis devem se sentar com uma distância de três assentos entre si, e é preciso que haja uma distância de duas fileiras para cada uma ocupada. Fonte: https://oglobo.globo.com
Segunda-feira, 5 de abril-2021. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que fazeis crescer a vossa Igreja dando-lhe sempre novos filhos, concedei que por toda a sua vida estes vossos servos sejam fiéis ao sacramento do batismo que receberam professando a fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 28, 8-15)
Naquele tempo, 8as mulheres saindo às pressas do túmulo, com sentimentos de temor e de grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos. 9Nisso, o próprio Jesus veio-lhes ao encontro e disse: “Alegrai-vos!” Elas se aproximaram e abraçaram seus pés, em adoração. 10Jesus lhes disse: “Não tenhais medo; ide anunciar a meus irmãos que vão para a Galileia. Lá me verão”. 11Quando foram embora, alguns da guarda entraram na cidade e comunicaram aos sumos sacerdotes o que tinha acontecido. 12Reunidos com os anciãos, deliberaram dar bastante dinheiro aos soldados; 13e instruíram-nos: “Contai o seguinte: ‘Durante a noite vieram os discípulos dele e o roubaram, enquanto estávamos dormindo’. 14E se isso chegar aos ouvidos do governador, nós o tranqüilizaremos, para que não vos castigue”. 15Eles aceitaram o dinheiro e fizeram como lhes fora instruído. E essa versão ficou divulgada entre os judeus, até o presente dia.
3) Reflexão
Páscoa! O evangelho de hoje descreve a experiência de ressurreição das discípulas de Jesus. No início do seu evangelho, ao apresentar Jesus, Mateus tinha dito que Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23). Agora, no fim, ele comunica e amplia a mesma certeza da fé, pois proclama que Jesus ressuscitou (Mt 28,6) e que ele estará conosco sempre, até o fim dos tempos! (Mt 28,20). Nas contradições da vida, esta verdade muitas vezes é contestada. Não faltam as oposições. Os inimigos, os chefes dos judeus, se defendem contra a Boa Notícia da ressurreição e mandaram dizer que o corpo foi roubado pelos discípulos (Mt 28,11-13). Tudo isto acontece hoje. De um lado, o esforço de tanta gente boa para viver e testemunhar a ressurreição. De outro lado, tanta gente maldosa que combate a ressurreição e a vida.
No evangelho de Mateus, a verdade da ressurreição de Jesus é contada através de uma linguagem simbólica, que revela o sentido escondido dos acontecimentos. Mateus fala de tremor de terra, de relâmpagos e anjos que anunciam a vitória de Jesus sobre a morte (Mt 28,2-4). É a linguagem apocalíptica, muito comum naquela época, para anunciar que, finalmente, o mundo foi transformado pelo poder de Deus! Realizou-se a esperança dos pobres que reafirmam sua fé: “Ele está vivo, no meio de nós!”
Mateus 28,8: A alegria da Ressurreição vence o medo. Na madrugada do domingo, o primeiro dia da semana, duas mulheres foram ao sepulcro, Maria Madalena e Maria de Tiago, chamada a outra Maria. De repente, a terra tremeu e um anjo apareceu como um relâmpago. Os guardas que estavam vigiando o túmulo desmaiaram. As mulheres ficaram com medo, mas o anjo as reanimou, anunciando a vitória de Jesus sobre a morte e enviando-as a reunir os discípulos de Jesus na Galileia. É na Galileia que eles poderão vê-lo de novo. Lá, onde tudo começou, acontecerá a grande revelação do Ressuscitado. A alegria da ressurreição começa a vencer o medo. Inicia-se o anúncio da vida e da ressurreição.
Mateus 28,9-10,: A aparição de Jesus às mulheres. As mulheres saem correndo. Dentro delas, há um misto de medo e de alegria. Sentimentos próprios de quem faz uma profunda experiência do Mistério de Deus. De repente, o próprio Jesus vai ao encontro delas e diz: “Alegrem-se!”. Elas se prostram e o adoram. É a postura de quem acredita e acolhe a presença de Deus, mesmo que ela surpreenda e ultrapasse a capacidade humana de compreensão. Agora é o próprio Jesus que dá a ordem de reunir os irmãos na Galileia: "Não tenham medo. Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão".
Mateus 28,11-15: A astúcia dos inimigos da Boa Nova. A mesma oposição que Jesus encontrou em vida, aparece agora depois da sua ressurreição. Os chefes dos sacerdotes se reúnem e dão dinheiro aos guardas. Eles devem espalhar o boato de que os discípulos roubaram o corpo de Jesus e inventaram essa conversa de ressurreição. Os chefes recusam e combatem a Boa Notícia da Ressurreição. Preferem acreditar que tudo não passou de uma invenção dos discípulos e das discípulas de Jesus.
O significado do testemunho das mulheres. A presença das mulheres na morte, no enterro e na ressurreição de Jesus é significativa. Elas testemunharam a morte de Jesus (Mt 27,54-56). No momento do enterro, elas ficaram sentadas diante do sepulcro e, portanto, podiam dar testemunho do lugar onde fora colocado o corpo de Jesus (Mt 27,61). Agora, na madrugada do domingo, elas estão lá de novo. Sabem que aquele sepulcro vazio é realmente o de Jesus! A profunda experiência de morte e ressurreição que elas fizeram transformou suas vidas. Elas mesmas ressuscitaram e se tornaram testemunhas qualificadas da ressurreição nas Comunidades cristãs. Por isso, recebem a ordem de anunciar: "Jesus está vivo! Ele ressuscitou!"
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é a experiência de ressurreição na minha vida? Existe em mim alguma força que procura combater a experiência de ressurreição? Como reajo?
2) Qual é hoje a missão da nossa comunidade como discípulos e discípulas de Jesus? De onde podemos tirar força e coragem para cumprir nossa missão?
5) Oração final
Bendigo o SENHOR que me aconselhou; mesmo de noite meu coração me instrui. Sempre coloco à minha frente o SENHOR, ele está à minha direita, não vacilo. (Sl 15, 7-8)
Em vídeo, padre faz alerta sobre isolamento social antes de morrer por causa da Covid-19, no Paraná
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Padre Marinaldo Batista fez desabafo antes de ser internado e morrer por Covid-19 — Foto: Reprodução/RPC
Padre Marinaldo Batista tinha 53 anos e havia perdido os pais por causa da doença em um intervalo de 20 dias. Sacerdote foi sepultado em Mariluz, na sexta-feira (2).
Um padre morreu vítima da Covid-19 após gravar um vídeo fazendo um alerta sobre o isolamento social. Marinaldo Batista perdeu os pais em um intervalo de 20 dias, por causa da doença. O sepultamento dele foi feito em Mariluz, no noroeste do Paraná.
O sacerdote tinha 25 anos de ordenação e atuava em uma igreja dos Estados Unidos. Ele veio para o Brasil e não conseguiu voltar por causa da pandemia.
Batista ficou 23 dias internado. Em um vídeo publicado nas redes sociais, antes da hospitalização, o padre conta que o irmão dele foi contaminado e fez um desabafo.
"Este é o problema que estamos vivendo hoje no Brasil. Além de uma pandemia que ninguém controla, as pessoas estão simplesmente ignorando o problema. Não saia de casa tendo o risco de ter a doença e levar a morte para os outros", afirmou à época.
O pai do padre morreu no dia 5 de março. Já a mãe do sacerdote morreu no dia 23 de março. Na quinta-feira (1º), o padre também não resistiu e morreu vítima da doença. O irmão dele conseguiu se recuperar.
Como Batista ficou mais de 20 dias internado, um velório foi permitido. A cerimônia foi transmitida pela internet. O sepultamento aconteceu na sexta-feira (2).
Marinaldo Batista tinha 53 anos e já havia sido padre em Mariluz e Campo Mourão. Ele também foi missionário no Canadá. Fonte: https://g1.globo.com
Covid-19: Nunes Marques decide que estados e municípios não podem proibir cultos e missas
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Liberação de cultos e missas sai na véspera da celebração de Páscoa, neste domingo (4). Atividades religiosas terão de respeitar protocolos, como uso de máscara e distanciamento.
Ministro Nunes Marques liberou a realização de cultos e missas — Foto: Reprodução/TV Justiça
Por Fernanda Vivas e Marcio Falcão, TV Globo — Brasília
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em caráter liminar (provisório) neste sábado (4) que estados, municípios e Distrito Federal não podem editar normas de combate à pandemia do novo coronavírus que proíbam completamente celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas.
Segundo a decisão individual do ministro, tomada na véspera deste domingo (5) de Páscoa, governadores e prefeitos também não podem exigir o cumprimento de normas já editadas que barrem a realização de missas, cultos e reuniões de quaisquer credos e religiões.
Na decisão, o ministro também estabeleceu que será preciso respeitar medidas sanitárias
como forma de tentar evitar a disseminação do novo coronavírus, entre as quais:
-Limitar a ocupação a 25% da capacidade do local;
-Manter espaço entre assentos com ocupação alternada entre fileiras de cadeiras ou bancos;
-Deixar o espaço arejado, com janelas e portas abertas sempre que possível;
-Exigir que as pessoas usem máscaras;
-Disponibilizar álcool em gel nas entradas dos templos;
-Aferir a temperatura de quem entra nos templos.
A liberação de cultos e missas no país, mediante medidas de prevenção, ocorre no momento mais crítico da pandemia, que se aproxima de 330 mil mortes por Covid-19, com média móvel acima de 3 mil óbitos por dia e falta de leitos de UTI em hospitais pelo país.
Nunes Marques concedeu a liminar em uma ação da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), que questionou decretos estaduais (Piauí e Roraima) e municipais (João Monlevade-MG, Macapá-AP, Serrinha-BA, Bebedouro-SP, Cajamar-SP, Rio Brilhante-MS e Armação dos Búzios-RJ) que suspenderam celebrações religiosas como medidas de enfrentamento à pandemia.
Segundo a Anajure, os decretos feriram “o direito fundamental à liberdade religiosa e o princípio da laicidade estatal, ao ser determinada a suspensão irrestrita das atividades religiosas na cidade”.
Relator do caso no STF, Nunes Marques explicou que concedeu a liminar por considerar que havia "perigo na demora" da decisão que contempla um país de maioria cristã durante a Semana Santa, "momento de singular importância para celebração" das crenças da população.
“Reconheço que o momento é de cautela, ante o contexto pandêmico que vivenciamos. Ainda assim, e justamente por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa, responsável, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual”, disse.
O relator argumentou que há regras distintas pelo país sobre o tema e considerou ser “gravosa a vedação genérica à atividade religiosa” da forma como foi feita nos decretos, o que contraria a liberdade religiosa. “Proibir pura e simplesmente o exercício de qualquer prática religiosa viola a razoabilidade e a proporcionalidade”, escreveu.
O ministro citou o funcionamento do transporte coletivo durante a pandemia e concluiu “ser possível a reabertura de templos e igrejas, conquanto ocorra de forma prudente e cautelosa, isto é, com respeito a parâmetros mínimos que observem o distanciamento social e que não estimulem aglomerações desnecessárias”. Fonte: https://g1.globo.com
A Hora da Mãe, liturgia da dor na esperança
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Desde os primeiros séculos da era cristã, existe uma liturgia própria do Sábado Santo que acompanha Maria na espera e se une a ela neste dia de silêncio. Uma celebração de rito oriental, também acolhida no rito latino.
Maria Milvia Morciano – Vatican News
A Hora da Mãe é uma antiga liturgia, recitada na manhã do Sábado Santo desde 1987, Ano Mariano, na Basílica de Santa Maria Maior, onde foi oficiada pela primeira vez - século IX - pelos Santos Cirilo e Metódio. A celebração alterna salmos, leituras e orações rítmicas breves, os assim chamados "tropari" da liturgia bizantina.
Mas a celebração não é realizada apenas na papal arquibasílica maior: o favor de que goza a estendeu também para outros lugares. Por duas vezes foi celebrada na Basílica de São Pedro, a pedido de São João Paulo II e, ainda hoje, em outras igrejas. Esta tradição é alimentada pelo padre Ermanno Toniolo, da Ordem dos Servos de Maria, diretor do Centro para a Cultura Mariana de Roma e professor emérito da Pontifícia Faculdade Teológica "Marianum". Nascida em ambiente bizantino, a Hora de Maria se torna um elo vivo entre o Oriente e o Ocidente.
A Hora da Mãe, liturgia a ser recitada nas casas
Este ano, como no anterior, devido às restrições impostas para a contenção da pandemia por Covid-19, a Hora da Mãe, oficiada pelo arcipreste cardeal Stanislav Rylko, titular da Basílica de Santa Maria Maior, não pode ser celebrada em público, mas os fiéis ainda são convidados a reproduzir este esplêndido rito em suas casas diante de uma imagem de Nossa Senhora. Iluminada por uma lamparina ou uma vela, desde que não pascal - como relata o livrinho sobre a celebração mariana editado pelo padre Toniolo - torna-se também um momento de comunhão também familiar.
Maria das Dores
Nenhuma dor é maior do que aquela de uma mãe que perdeu seu filho. Imaginemos a dor de Maria: sabia o que devia acontecer e aprendeu a aceitar isso durante toda a vida, desde aquele primeiro ‘sim’ da Anunciação.
Ele vê tudo se cumprir sob seus olhos, com a certeza da fé de que seu filho é Deus, mas o vê sofrer como qualquer outro homem, submetido a terríveis torturas e humilhações e condenado à morte. A Virgem reconhece aquela dor que Simeão lhe previra: "Uma espada trespassará a tua alma" (Lc 2, 35). Citando Paulo na Carta aos Romanos (4, 18), a respeito de Abraão, o padre Toniolo escreve que Maria "acreditou contra toda evidência, esperou contra toda esperança".
O sim de Maria
Sob a cruz, Maria pronuncia mais uma vez - no silêncio de seu coração - seu sim incondicional. A dor de Maria não é desesperada, mas ainda assim é insuportável, porque é a mais pura dor de uma mãe. Transcorre o sábado, aquele dia interminável em que espera que tudo aconteça.
Esta força de fé, esta esperança segura certamente não poderia aliviar sua dor. Ela teve que testemunhar a agonia de seu Filho e sua morte. Ela o segurou pela última vez em seus braços antes de deixá-lo levá-lo para a sepultura. Ela teve que aceitar o desapego e o vazio que se abateu sobre ela.
É impossível compreender quantos pensamentos «ela guardava em seu coração» (Lc 2, 51) no clamor das lamentações das piedosas mulhres e entre os Apóstolos perdidos. Sozinho, mas não na solidão e no abandono: Cristo, antes de morrer, pensou na sua Mãe e em todos os homens. Antes de morrer, da Cruz confia a sua Mãe a João:
Então Jesus, vendo sua mãe e o discípulo que ele amava ao lado dela, disse à sua mãe: "Mulher, eis aí o teu filho!" Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua mãe!" E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como sua mãe”. (João 19, 26-27)
União da Mãe com o Filho
Assim, toda a Igreja se reúne em torno dela, que se torna ponte entre o Filho e a humanidade, entre a morte e a vida, à espera da Ressurreição. Se a Sexta-feira Santa é a hora de Cristo, morto na Cruz, o Sábado Santo é a Hora da Mãe. Fonte: https://www.vaticannews.va
Via Sacra. A paixão de Jesus desenhada pelas crianças
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Via Sacra. A paixão de Jesus desenhada pelas crianças
As vozes das crianças e dos jovens das casas-família “Il Tetto” que criaram as ilustrações que acompanham as meditações da Via-Sacra, que veremos na Praça São Pedro nesta Sexta-feira Santa. Alessandro, o autor do Cristo na capa: "Ele sorri, porque o mal também pode ser visto de outra maneira, e vencer" e a responsável pela comunicação afirma: "“As crianças nos ajudam a ver coisas que não vemos mais"
Alessandro Di Bussolo – Vatican News
Jesus coroado de espinhos mas sorridente, e a mão de Pilatos que o entrega a seus carrascos para a crucificação. É a capa do livreto "Com o coração e os olhos das crianças" sobre as meditações da Via-Sacra que o Papa preside nesta Sexta-feira Santa na Praça São Pedro. Desenho feito por Alessandro, um jovem de 18 anos que vive em uma das casas da cooperativa "Il Tetto Casal Fattoria" em Roma, uma realidade que acolhe cerca de 100 crianças e jovens com dificuldades familiares e trinta deles participaram da proposta de ilustrar a Via-Sacra 2021. presidida por Francisco.
As casas-família nos arredores de Roma
Alessandro estará na Praça com Olivia, 16 anos, de origem russa, que também carregará a cruz em algumas estações, enquanto que Tiziano de 12 anos e Simone de 9, estarão entre o público. Nós os encontramos com Adira de 14 anos (para os menores os nomes são todos fictícios) na primeira estrutura desta cooperativa social nascida em 1984 como uma associação voluntária, nos arredores de de Roma.
"Do mal, podemos sair imediatamente iniciando uma nova vida"
"Decidi representar Jesus sorrindo - nos conta - porque ele, muitas vezes em sua vida, nos ensinou que nem todo o mal vem para o mal, e que o mal também pode ser visto de maneira diferente. Ele nos diz que nossa maneira de agir pode se tornar um exemplo para os outros e pode ser tomada como um convite para começar uma nova vida". Isto é exatamente o que Alessandro e seus amigos estão tentando fazer na casa-família "Il Tetto" junto com seus amigos e educadores. Olivia chegou há pouco mais de um mês, e escolheu desenhar o Cristo Ressuscitado "porque está ligado ao fato de que uma pessoa também pode ressuscitar de um período sombrio, e eu já vivi muitos deles em minha vida. Estou saindo de um destes, e por isso me ajudou muito a fazer este desenho".
Olívia e Jesus Ressuscitado: "Um renascimento como a minha chegada aqui".
A menina explica que desenhou Jesus saindo do sepúlcro "e uma luz muito brilhante vindo em sua direção", como viu em alguns quadros. Mas ela queria colocar, atrás dele, "um detalhe com a parte do Evangelho que fala de sua ressurreição". Gostei da imagem - explica - e também foi significativo colocar algo que falava da ressurreição de Cristo". Um renascimento, como sua vida desde que chegou ao "Il Tetto". "Aqui estou à vontade e estou muito bem com pessoas que sempre me escutam, que estão aqui para mim. E isso é algo que nunca aconteceu em minha casa, porque as pessoas que estavam comigo não se importavam muito com o que eu estava fazendo, com meus interesses".
Adira e Cireneu: "Minhas amigas fizeram isso por mim"
Todos gostaram de desenhar junto com seus companheiros nas diversas casas-família, são cinco, criadas ao longo do tempo pela cooperativa, e nos 8 apartamentos do projeto "autonomia acompanhada" para adultos. "Pela primeira vez parei para pensar em aspectos da vida que não são considerados com frequência", diz Alessandro. Adira, de 14 anos, escolheu a quarta estação, porque como Jesus, que foi ajudado por Simão de Cireneu a carregar a cruz, "eu fui ajudada por minhas amigas em um momento difícil, e para mim foi muito importante. Parecia que eu não iria conseguir fazer isso, mas juntas conseguimos".
Simone: "O Papa nos deu um lindo presente"
E todos, se pudessem, na sexta-feira à noite na Praça São Pedro, diriam ao Papa "obrigado, porque ele nos deu um belo presente, pedindo-nos que desenhássemos para a Via-Sacra", como Simone, de 9 anos, que fala de seu Jesus carregando a cruz e "algumas pessoas jogando pedras nele. Senti pena porque eles o machucaram muito". Tiziano, de 12 anos, gostaria de dizer a Francisco que "ele é uma pessoa legal e tem uma mente aberta".
As crianças nos ajudam a ver coisas que não vemos mais"
"Acredito que o Papa quis recolher seus desenhos e suas reflexões, e os quis com ele na Via-Sacra, para fazê-los retornar ao centro do nosso pensamento como adultos - diz-nos Caterina Amendola, responsável pela comunicação do "Il Tetto" - em um ano em que em todo o mundo as crianças sofreram uma grande privação na vida social e nas relações. Ela nos diz: "Vamos começar de novo a partir das crianças". Caterina recorda as palavras de Jesus quando diz: "Deixai vir a mim as criancinhas". E, pensando nos desenhos e palavras das crianças, acrescenta: "O olhar delas é claro e autêntico, elas têm uma maneira de ver a realidade muito diferente da nossa adultos, que temos mais estruturas e mais convicções. Elas nos ajudam a ver coisas que não vemos mais".
Muitos desenhos sobre os encontros de Jesus na Via-Sacra
Dos desenhos, Caterina lembra das muitas imagens dedicadas "aos encontros que Jesus faz durante seu percurso" e dos diferentes sentimentos ligados a estas relações, da raiva à compaixão e à amizade. É assim que ela nos fala sobre a preparação dos desenhos das crianças e jovens envolvidos.
Entrevista com Caterina Amendola (Il Tetto)
Caterina Amendola: Começamos com um relato das 14 etapas do caminho que Jesus percorre e sua experiência. É uma história de sofrimento, de abandono, de quedas, mas também de amizade, de alívio e de esperança. Este foi o ponto de partida para nossa participação na Via-Sacra com o Papa Francisco, a partir de uma história que contamos às crianças e desta história eles pegaram o que mais lhes tocou e o transformaram em um desenho, colocando um pouco de sua própria história e experiência. Não envolvemos os pequenos, começamos dos 7-8 anos de idade. Cada educador então contava a história, dependendo das crianças que tinha à sua frente, modulando um pouco o discurso e também ouvindo suas perguntas, que são diferentes de acordo com as diferentes idades.
O que mais a impressionou nos desenhos das crianças?
Caterina Amendola: O que emerge antes de tudo é a atenção que as crianças deram às relações entre os vários personagens, aos encontros que Jesus faz ao longo do caminho e também ao que emerge dessas relações: a dor da mãe que vê seu filho sofrer, o gesto de ajuda e amizade ao carregar a cruz, a compaixão e também a raiva e a violência da multidão. Certamente nos desenhos alguns representaram as emoções que são vistas nesta história, alguns foram muito precisos em sua representação, eles fizeram quase tirinhas da história. Particularmente na crucificação, uma das crianças fez uma cruz negra muito bonita, muito poderosa e muito evocativa.
Podemos dizer que viram Jesus como um dos seus, e que também se empatizaram com seu sofrimento?
Caterina Amendola: Acredito que todos nós vivemos com cruzes e estes garotos têm por trás deles percursos difíceis e em subida, e tiveram que carregar grandes fardos. Aqui no "Il Tetto", em vez disso, eles encontram amizade, partilha e também alívio ao caminharem juntos. Nosso desejo é que esta experiência tenha sido para todos uma oportunidade para refletir um pouco sobre sua história. Mas estas são coisas que amadurecem com o tempo. Nossos meninos e meninas não são todos católicos, por isso para alguns deles isso significava descobrir uma história que não conheciam e para outros foi uma maneira de aprofundar, de refletir sobre algumas coisas que nunca souberam antes, mesmo sobre a história de Jesus.
Como se pode incluir esta experiência, que é única, no caminho que vocês fazem para seu crescimento e também de cura das feridas que tiveram?
Caterina Amendola: O caminho de cada um, obviamente, é pessoal. Cada um deles tem uma história diferente, idades diferentes, culturas diferentes, famílias diferentes. Para cada um deles há um caminho e um projeto de acompanhamento, para um crescimento mais sereno. Esta experiência é certamente intensa, e a participação na Via-Sacra com o Papa Francisco será certamente uma lembrança inesquecível. Cada um deles está vivendo de uma maneira diferente e para todos eles é certamente uma grande emoção e uma lembrança feliz. Fonte: https://www.vaticannews.va
Dom Paulo Cezar, Sexta-feira Santa: o amor de Cristo nos salvou
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Dom Paulo: “você que está em casa, você que neste ano não pode ir à igreja por causa do distanciamento social, por causa desse momento difícil que estamos vivendo, coloque a sua Cruz num lugar visível, coloque um ramo perto da sua Cruz. Mas não só coloque, mas contemple a Cruz de Cristo”.
Vatican News
O arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa nos faz uma reflexão sobre a Sexta-feira Santa na qual nos pede para contemplarmos a Cruz de Cristo e perceber o amor d’Ele por nós.
“Estamos vivendo a Sexta-feira Santa, este dia que celebramos, rememoramos a condenação à morte de Jesus. Jesus que é conduzido até o Calvário, e ali é crucificado. A morte à qual Jesus foi condenado é morte de maldição, morte à qual o império romano sentenciava os seus inimigos, os inimigos do império. Morte de bandido, morte de inimigos do império. E Jesus é ainda crucificado entre dois ladrões, o que já era um fato humilhante se tornou ainda mais humilhante”.
Amados e amadas de Deus, é o amor de Cristo por nós, destaca o arcebispo de Brasília. Aquilo que vai dizer São Paulo na carta aos Filipenses, ele se abaixou, se encarnou, se humilhou até a morte e morte de Cruz. É o amor de Cristo por nós. É o que diz o Evangelho de João, “não há maior amor do que doar a vida pelos amigos”. Ele doou a vida por nós, Ele fez da sua vida um dom de amor pela nossa salvação.
Dom Paulo Cezar sublinha que “nós somos chamados a experimentarmos nesta Sexta-feira Santa o amor de Cristo. Você que está em casa, você que neste ano não pode ir à igreja por causa do distanciamento social, por causa desse momento difícil que estamos vivendo, coloque a sua Cruz num lugar visível, coloque um ramo perto da sua Cruz. Mas não só coloque, mas contemple a Cruz de Cristo”.
Contemplando a Cruz de Cristo – continua o arcebispo de Brasília – “perceba o amor dele por você, o amor dele por nós, o amor de Cristo que nos salvou, o amor de Cristo que nos deu vida nova, o amor de Cristo que nos assiste em cada momento da nossa existência, o amor de Cristo que não nos abandona neste momento de crise, neste momento difícil em que a nossa sociedade está vivendo. Contemplem o amor de Cristo. Experimente o amor de Cristo”.
Dom Paulo Cezar conclui exortando: “que você possa celebrar uma Sexta-feira Santa experimentando o amor de Cristo. Uma Sexta-feira Santa mais introspectiva, sentindo e experimentando o amor de Cristo por você, pela sua família, pela nossa sociedade”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Conheça a origem da tradição de comer peixe na Sexta-feira Santa
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A Páscoa celebra a ressurreição de Jesus Cristo, três dias após sua crucificação. A data sempre cai em um domingo, mas as atividades começam na Quinta-feira Santa, com a cerimônia de lava-pés. A tradição revive a última ceia, quando Jesus, de joelhos, lavou os pés de seus apóstolos. Além da humildade, o ato simboliza a purificação.
Na Sexta-feira Santa, também conhecida como Sexta-feira da Paixão, Jesus Cristo foi condenado, carregou uma cruz e foi crucificado. É dia de sacrifícios para os cristãos, em sinal de consternação pela morte de Jesus, e não se deve comer carne vermelha. Isso acontece porque, na época, a carne era artigo de luxo, e era peça rara à mesa das pessoas mais pobres. O peixe, por outro lado, era abundante e barato, por isso comum nas refeições dos mais humildes.
Mas comer peixe neste dia não significa só adotar a simplicidade. À espelho do que fez Jesus, o ato simboliza também uma penitência. Assim, não basta apenas comer frutos do mar, toda a refeição deve ser simples, além de ser à base de peixe, e deve-se evitar quaisquer outros prazeres no dia. Na tradição, a Via Sacra (trajeto que Jesus Percorreu) é encenada, revivendo-se os 14 momentos da Paixão de Cristo.
No Sábado de Aleluia, os cristãos refletem sobre a morte de Jesus, e no domingo renovam suas esperanças celebrando a ressurreição de Cristo e a promessa da remissão dos pecados e da vida eterna. Fonte: https://www.siaranews.com.br
Quaresma: por que o peixe não é considerado “carne”?
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E por que não podemos comer frango, se podemos comer peixe?
Jesus jejuou durante 40 dias e morreu em uma sexta-feira. Por isso, embora algumas pessoas decidam não comer carne durante toda a Quaresma, as sextas-feiras são os dias mais respeitados e importantes. Antigamente, em alguns países católicos, em todas as sextas-feiras do ano só se consumia peixe.
É preciso recordar que esta abstinência de carne é feita para honrar o sacrifício do Senhor ao morrer na cruz para limpar nossos pecados.
Desde a antiguidade, a carne vermelha foi símbolo de opulência e celebração. Por isso, consumi-la durante a Quaresma não combinaria com o sentimento de reflexão e humildade desta época litúrgica.
Em sua “Suma Teológica”, São Tomás de Aquino explica que o consumo de carne vermelha também dá mais prazer, já que ela é mais saborosa. Abster-se dela seria mostra de um grande sacrifício.
“Ah, então são apenas as canes vermelhas que são proibidas”, pensarão alguns. Não, o frango – que é carne branca – também não é permitido na Quaresma. Mas por que então o peixe está liberado?
Como escreveu São Paulo, “Nem todas as carnes são iguais: uma é a dos homens e outra a dos animais; a das aves difere da dos peixes” (I Coríntios 15,39).
Neste sentido, São Tomás de Aquino adverte que o frango também proporciona prazer. Talvez não tanto quanto o da carne vermelha, mas ele é um animal de “sangue quente” e da terra, diferenciando-se do peixe: “O jejum foi instituído pela Igreja com a finalidade de frear as concupiscências da carne, que considera os prazeres do tato relacionados à comida e ao sexo. Portanto, a Igreja proibiu aos que jejuam os alimentos que dão mais prazer ao paladar, além de serem um incentivo à luxúria. Tais são as carnes dos animais que tomam seu descanso na terra e os seus derivados, como o leite e os ovos das aves”.
Não obstante, com o passar dos anos, a Igreja foi flexibilizando esta regra. Em alguns países da América Latina, a carne de capivara, por exemplo, é permitida, já que a Igreja a considera como carne de peixe, apesar de ela ser um mamífero aquático. Nos Estados Unidos, a carne de lagarto também é considerada “peixe” pela Igreja desde 2010.
E em relação aos frutos do mar, como moluscos e crustáceos? Alguns membros do clero acreditam que a ostra e a lagosta devem ficar fora da lista de carnes permitidas na Quaresma, já que, embora aquáticos, também são associados ao luxo e ao extremo prazer.
Quanto aos derivados animais (ovos, leite e queijo), também há divergências dentro da Igreja. Alguns os consideram pertinentes, pois não são o animal em si. Mas outros dizem que é preferível substitui-los.
Em resumo: a carne permitida às sextas-feiras da Quaresma (e na Quarta-feira de Cinzas) é aquela que provém do mar, dos lagos e dos rios, com algumas exceções. Assim, como Jesus deu sua carne e sangue por nós, jejuar é uma mostra de gratidão.
Explicado isso, é importante dizer que, embora o peixe possa ser consumido, seu preparo deve ser simples. Os doentes, crianças menores de 14 anos, pessoas com problemas mentais, mulheres que amamentam e aqueles que têm restrições alimentares podem descumprir a norma.
Apesar de não ser um mandamento, abster-se de certos gostos gastronômicos nos agrega um sentido de humildade, abnegação, agradecimento e penitência. É uma maneira de recordar e viver o tempo da Quaresma em verdadeira preparação para a Páscoa. Fonte: https://pt.aleteia.org
AGU defende no Supremo suspensão de decretos que proíbam cultos e missas no país
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Manifestação foi enviada em ação que questiona decreto de São Paulo que proibiu cultos e missas. Posicionamento do governo é semelhante ao apresentado pela PGR.
Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou nesta quinta-feira (1º) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação na qual defendeu a suspensão de decretos locais que proíbam cultos, missas e atividades religiosas como forma de evitar a disseminação do coronavírus.
A manifestação foi enviada em uma ação que questiona um decreto de São Paulo com esse conteúdo. O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes.
O posicionamento da AGU é semelhante ao da Procuradoria-Geral da República, apresentado na quarta (31) ao Supremo.
O parecer da AGU é assinado pelo novo ministro da pasta, André Mendonça, que assumiu o posto nesta semana no lugar de José Levi Mello do Amaral Júnior.
"É possível afirmar, desde logo, que a restrição total de atividades religiosas, inclusive sem aglomeração de pessoas, nos moldes impugnados na petição inicial, não atende aos requisitos da proporcionalidade, na medida em que impacta de forma excessiva o direito à liberdade de religião, sem que demonstrada a correlação com os fins buscados e com desprezo de alternativas menos gravosas", afirmou a AGU.
"Em outros termos, é particularmente excessiva, no ponto, a proibição irrestrita de realização de eventos religiosos", completou.
O documento foi enviado um dia após o Brasil ter registrado em 24 horas 3.950 mortes por Covid, o maior número diário do país desde o início da pandemia.
Ainda no documento, a AGU argumentou que a liminar deve ser concedida já que as atividades religiosas estão suspensas em São Paulo até o dia 11 de abril - portanto, até data posterior à Páscoa, o que inviabiliza as celebrações do período.
"Para os mais de 2 bilhões de fiéis que professam a fé cristã no mundo, a Páscoa é talvez a celebração mais importante de todas, unindo todos os segmentos do cristianismo, como o catolicismo romano, a ortodoxia oriental e o protestantismo, nas suas mais variadas vertentes. No Brasil, país em que cerca de 80% da população é católica ou evangélica, mesmo descontando-se a parcela não praticante, a importância religiosa da efeméride é indiscutível para milhões de brasileiros", afirmou. Fonte: https://g1.globo.com
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