Celam: 12 de dezembro, Dia Continental de Oração pela Paz
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O objetivo é unir-se em oração com a intenção comum para todos os países da América Latina e Caribe: obter a paz.
Cidade do Vaticano
O Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) convida as Conferências episcopais, as organizações eclesiais, comunidades religiosas, movimentos apostólicos e o Povo de Deus, em geral, a se unirem ao Dia Continental de Oração pela Paz pelos povos da América Latina e Caribe, no dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe. O organismo eclesial confia as dores e alegrias dos povos da América Latina e Caribe à intercessão materna de Maria.
O objetivo é unir-se em oração com a intenção comum para todos os países da América Latina e Caribe: obter a paz. “Convidamos vocês a organizar com suas comunidades paroquiais, movimentos apostólicos, Conferências episcopais, famílias e amigos, um momento de oração, rezando o Terço, participando de uma liturgia da Palavra ou da Eucaristia ou dedicando um tempo durante o dia para rezar por essa intenção ”, destaca o Celam numa nota.
Fluxo público de comunicação nas redes sociais
O Celam pede também para que seja criado um fluxo público de comunicação sobre o que acontecerá durante o Dia Continental de Oração pela Paz, através das redes sociais, usando a hashtag #AméricaLatinaRezaPorLaPaz.
“Conte-nos de onde vocês se unirão para rezar pela paz no continente, como celebrarão a festa da Virgem de Guadalupe em seu países. Recordamos que a mensagem da Virgem de Guadalupe é a da harmonia entre todos os povos numa única civilização de amor e dedicação a Deus.”
No evento de Guadalupe, “Maria aperfeiçoa a inculturação do Evangelho. Ela é o nosso modelo de discípula e missionária a quem confiamos o destino de nossos povos”, conclui a nota do Celam. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 11 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, que nos mandais preparar o caminho do Cristo Senhor, fazei que, confortados pela presença do divino médico, nenhuma fraqueza possa abater-nos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 28-30)
Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30Porque meu jugo é suave e meu peso é leve. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Certos textos dos Evangelhos só revelam todo o seu sentido quando colocados diante do pano de fundo do Antigo Testamento. Assim é este texto tão breve e tão bonito do evangelho de hoje. Nele ressoam dois temas muito amados e lembrados do Antigo Testamento, um de Isaías e outro dos livros chamados sapienciais.
Isaías fala do Messias-Servo e o apresenta como um discípulo que está sempre em busca de uma palavra de conforto para poder animar os desanimados: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado. Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos”. (Is 50,4) E o Messias servo faz um convite: “Vocês que estão com sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro: comprem e comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar” (Is 55,1). Estes textos povoavam a memória do povo. Eram como os cânticos da nossa infância. Quando a gente os escuta dá uma nostalgia, uma saudade! Assim, a palavra de Jesus: “Venham a mim!” despertava a memória e trazia para perto o eco longínquo daqueles textos bonitos de Isaías.
Os livros sapienciais apresentam a sabedoria divina sob a figura de uma mulher, uma mãe, que transmite aos filhos a sua sabedoria e lhes diz: "Comprem a sabedoria sem dinheiro. Coloquem o pescoço debaixo do seu jugo e acolham a sua instrução. A sabedoria está próxima, e pode ser encontrada. Vejam com seus próprios olhos como trabalhei pouco, e acabei encontrando profundo repouso”.(Eclo 51,25-27). Jesus repete quase a mesma frase: “Vocês encontrarão repouso!”
Por esta sua maneira de falar ao povo, Jesus despertava a memória do povo e fazia com que o coração se alegrasse e dissesse: “Chegou o messias que tanto esperamos!” Jesus transformava a saudade em esperança. Fazia o povo dar um passo. Em vez de agarrar-se à imagem de um messias glorioso, rei e dominador, ensinadas pelos escribas, o povo mudava de visão e aceitava Jesus como o messias servidor. Messias humilde e manso, acolhedor e cheio de ternura, que fazia os pobres se sentirem em casa junto de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) A lei de Deus é para mim um jugo leve que me anima, ou é um peso que me cansa?
2) Já senti alguma vez a alegria e a leveza do jugo da lei de Deus que Jesus nos revelou?:
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
Padres decaídos: devemos ouvir suas histórias?
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Em setembro, ao falar sobre o escândalo dos abusos sexuais na Igreja em um congresso sobre “Imaginação Católica” na Loyola University, em Chicago, nos EUA, o ensaísta Richard Rodriguez disse uma coisa muito corajosa. O comentário é de Paul Baumann, publicado por Commonweal, 04-12-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“O que sabemos sobre esses padres? Não sabemos nada sobre o fardo desses padres decaídos”, disse Rodriguez, de acordo com reportagens do National Catholic Reporter. “Não conhecemos as suas histórias. O que eles pensavam que estavam fazendo? Não temos nenhuma ideia de quem eles eram ou do que sofriam. A nossa imaginação ficou inerte.”
Evidentemente, os comentários de Rodriguez foram motivados, em certa medida, pela morte em 2016 do seu amigo, o teólogo da Notre Dame Virgilio Elizondo. Elizondo havia sido acusado de abusar de um menor e parece ter cometido suicídio. Ele negava as acusações.
Rodriguez foi criticado por alguns por mostrar preocupação e até mesmo simpatia pelos padres que a maioria das pessoas consideram como monstros que não merecem nada além de condenação e esquecimento social.
Tais padres e os bispos que ocultaram seus crimes continuam sendo a peça-chave no caso contra uma instituição corrupta, desesperadamente patriarcal e arrogante. Quem, afinal, quer ser visto expressando interesse por tais pessoas, sem falar em lhes oferecer conforto? Isso simplesmente não traumatiza as vítimas de novo?
Os desejos, o bem-estar e a confidencialidade das vítimas precisam ser postos em primeiro lugar. Mas isso significa que não temos nada a aprender com os padres agressores sobre as causas e as consequências da crise? As críticas de Rodriguez me parecem equivocadas. Foi preciso muita coragem para Jason Berry irromper com a história dos abusos sexuais na Louisiana em 1985.
Desde cedo, Thomas Doyle, OP, mostrou a mesma destemida determinação ao exigir que a hierarquia parasse de fechar os olhos às vítimas e à crise. Em 2002, o Boston Globe assumiu riscos ao expor o grotesco fracasso do cardeal Bernard Law e da Arquidiocese de Boston.
Mas, nesta altura do campeonato, simplesmente condenar a Igreja é fácil demais, especialmente à luz dos passos bem documentados que a Igreja deu para proteger as crianças.
Rodriguez levanta um ponto importante. É possível entender o abuso sexual se as histórias dos padres abusadores forem consideradas intocáveis e irrelevantes? Tal ignorância nos ajudará a evitar abusos futuros? Os jornalistas não têm a obrigação de buscar tais histórias, por mais não palatáveis que sejam?
O que Rodriguez parece estar exigindo em um nível de imaginação não é nada diferente do que Truman Capote realizou ao escrever “A sangue frio”. A fim de dar um sentido aos assassinatos brutais e aparentemente sem motivação da família Clutter, Capote teve que mostrar quem eram os assassinos.
Ele não diminuiu a culpa deles ou o horror do crime; ele retratou uma imagem mais ampla e profunda da trágica colisão entre dois lados diferentes da vida americana dos anos 1950, cada um deles em grande parte e tragicamente ignorante um do outro.
Andrew O’Hagan faz algo semelhante em “Be Near Me”, um romance sobre um padre que viola as fronteiras sexuais com um adolescente. O’Hagan complexifica, mas não absolve as ações de seu protagonista. Como Hilary Mantel escreveu em sua resenha no The Guardian, “Be Near Me” é “um tratamento nuançado, intenso e complexo de uma história triste e simples. Leia-o duas vezes”.
No início deste ano, eu recebi um e-mail de um padre que há muito tempo foi confinado ao ministério restrito por ter abusado sexualmente de um menor. Ele e alguns colegas padres têm tentado lançar um projeto que complexificaria aquilo que ele chama de “narrativa dominante” sobre a história do abuso clerical.
Eu disse a ele que, no clima atual, ele não teria muita sorte nesse ponto. Alguns aspectos do que ele estava propondo pareciam moralmente evasivos – por exemplo, descrever a pedofilia como um “problema de saúde pública”.
Mas ele está certo ao insistir em que as ações dos padres católicos não podem ser entendidas sem se levar em conta o problema social muito maior do abuso sexual.
Nenhuma instituição que lida com adolescentes e crianças está imune, e há poucas evidências de que a Igreja Católica seja pior do que outras organizações nesse sentido. Infelizmente, também não há evidências de que seja melhor.
A proposta do meu correspondente de e-mail se baseava nos relatórios muitas vezes negligenciados do instituto John Jay, encomendados pelos bispos. “O que os relatórios nos dizem sobre os estados psicológicos dos clérigos agressores, da sua formação no seminário, do seu entendimento sobre as suas ofensas e das causas contextuais das suas agressões?”, escreve ele. “As agressões resultaram mais de ignorância e fraqueza ou de poder e arrogância clericais? O que precisamos aprender ouvindo os próprios agressores?”
A pesquisa sobre os danos causados às vítimas, observa ele, só começou no fim dos anos 1970. A maioria dos agressores entendeu o dano que estavam causando? Parafraseando os relatórios do John Jay, ele escreve: “Os clérigos abusivos eram, de várias maneiras, eles mesmos, adolescentes, e a maioria das suas agressões consistia em esforços desastrosos de intimidade”.
A maioria dos agressores não eram predadores em série: mais da metade deles foram acusados de ter uma vítima.
Como Peter Steinfels escreveu, os relatórios do John Jay levantam sérias interrogações sobre aquilo que meu correspondente chamou de “narrativa dominante”, que classifica o agressor típico como um estuprador em série que agiu por poder e arrogância.
Eu tenho algum conhecimento pessoal de dois padres acusados de abuso sexual. Um deles era meu amigo de pós-graduação.
Acusado, ele prontamente confessou ter abusado de um adolescente e acabou sendo laicizado. O que ele achou que estava fazendo? As minhas poucas tentativas de contatá-lo nos últimos 17 anos foram inúteis.
Embora ele estivesse na casa dos 20 anos quando o abuso ocorreu, minha sensação é de que, de muitas maneiras, ele mesmo era um adolescente, psicologicamente imaturo e sexualmente confuso.
Parece possível que ele tenha agido por fraqueza, ignorância e afeto deslocado. Mas isso é especulação da minha parte. Seria útil ouvir a história dele.
O outro caso diz respeito a um padre já falecido, que provavelmente era motivado por poder e arrogância. Mas eu não tenho certeza disso.
Como Richard Rodriguez urge, seria bom saber mais sobre ambas as histórias, contanto, é claro, que a privacidade das vítimas seja protegida. Se permitirmos que a repulsa nos impeça de ouvir tais histórias, não estaremos protegendo ninguém além de nós mesmos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Grupos religiosos fazem campanha contra especial de Natal do Porta dos Fundos
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Fábio Zanini
Entre as tradições de fim de ano, ao lado do show do Roberto Carlos e daquela música da Simone, uma tem ganhado força: a ira de grupos religiosos, sobretudo evangélicos, com o Porta dos Fundos.
Os protestos de 2019 têm como mote o especial de Natal que o grupo colocou no ar na semana passada na plataforma Netflix, chamado A Primeira Tentação de Cristo.
É um programa de 46 minutos, em vez dos esquetes curtos pelos quais o Porta é mais conhecido.
Resumindo para quem não viu (e sem dar spoiler), o enredo satiriza uma das passagens mais importantes da vida de Jesus, quando ele, já perto dos 30 anos, jejua por 40 dias no deserto, após ser batizado.
Nesse período, é tentado pelo Diabo, mas resiste às investidas. De volta do retiro, dá início às suas pregações e milagres, até ser crucificado, três anos depois.
Na versão do Porta, Jesus (Gregório Duvivier) traz um amigo meio esquisitão (Fábio Porchat) para casa, ao retornar do deserto, bem na noite de Natal.
O filho de Deus vive um romance gay, em outras palavras, para espanto de José, Maria, reis magos e até de Deus.
A saraivada contra a sátira começou quase que imediatamente.
A Coalizão pelo Evangelho, grupo que reúne representantes de dezenas de igrejas pelo Brasil, iniciou uma campanha pelo cancelamento da assinatura da Netflix.
“Manter-me na qualidade de um patrocinador de produções cinematográficas que zombam e vilipendiam o Senhor é o mesmo que esbofeteá-lo, cuspir nele, bater em sua cabeça para lhe enterrar os espinhos da coroa”, escreveu o pastor Joel Theodoro, da Igreja Presbiteriana do Bairro Imperial, no Rio de Janeiro.
Pastor da Igreja Trindade, em São José dos Campos (SP), Thiago Guerra formulou um decálogo sobre qual deveria ser a relação de cristãos com o episódio do Porta veiculado pela Netflix.
“Todo cristão tem a responsabilidade de ser ‘sal’ nesse mundo, ou seja, evitar a putrefação constante de nossa sociedade. Portanto o engajamento cultural do cristão é uma obrigação”, afirma ele, ao explicar por que defende o boicote à plataforma de vídeos como resposta.
Outro a protestar contra a produção foi o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP), um dos expoentes da bancada evangélica, que escreveu, numa rede social: “Está na hora de uma ação conjunta das igrejas e pessoas de bem para dar um basta nisso. Unidos somos fortes!”.
Já o ator Carlos Vereza, conhecido por suas posições de direita, chamou os integrantes do Porta dos Fundos de “lamentáveis”, “idiotas pretensiosos” e daí pra baixo.
No passado, já houve críticas de conservadores ao Porta dos Fundos, em ocasiões em que satirizaram a religião. Eles estão acostumados, portanto.
O especial de Natal de 2018, por exemplo, ironizava a Santa Ceia, e acabou de ser agraciado com o prêmio Emmy Internacional.
O grupo também já sofreu críticas de outras formas. Foram processados pelo Botafogo (sim, o time) por um esquete, mas ganharam a ação judicial.
*
Procurei Antônio Tabet, um dos integrantes do Porta do Fundos, que interpreta Deus no filme.
Ele enviou mensagem, em que considera a ação contra o especial um gesto oportunista.
Segue a íntegra da resposta de Tabet:
“Acredito que meu Deus de amor, onisciente, onipresente e onipotente, tenha prioridades maiores do que se ofender com um especial de humor de um grupo de comediantes brasileiros no Netflix. Dito isso, seria previsível que homens oportunistas e vaidosos, que acham que falam em nome de Deus mesmo sem procuração, queiram mobilizar fiéis menos esclarecidos em torno de campanhas de boicote ou censura.
Há sempre a opção de quem não gostar do conteúdo de não assisti-lo. Eu mesmo não sou ateu, acredito em Deus e não frequento cultos ou missas porque não concordo com o que é dito sobre Ele lá, e nem por isso defendo que templos ou igrejas sejam fechados.
Campanhas assim seriam apenas lamentáveis se não fossem também uma publicidade gigante entre quem defende a liberdade de expressão e conhece o verdadeiro caráter dos líderes religiosos que atuam na base da senha do cartão dos crentes. Estes sim desrespeitam meu Deus”.
Procurei a assessoria do Netflix para comentar a campanha de cancelamento de assinaturas, mas não consegui contato com eles.
PS: como lembrou um colega, o grupo brasileiro está seguindo uma longa tradição ao satirizar a religião cristã. Quem não se lembra de “A Vida de Brian”, dos britânicos do Monty Pithon, e sua memorável cena final da crucificação?
Terça-feira, 10 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que manifestastes o vosso Salvador até os confins da terra, dai-nos esperar com alegria a glória do seu natal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,12-14)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:12Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou? 13E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. 14Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Uma parábola não é um ensinamento a ser recebido passivamente e a ser decorado de memória, mas é um convite para participar na descoberta da verdade. Jesus começa perguntando: “O que vocês acham?” Uma parábola é uma pergunta com resposta não definida. A resposta vai depender da nossa reação e participação como ouvintes. Então, vamos buscar a resposta desta parábola da ovelha perdida.
Jesus conta uma história muito breve e muito simples: um pastor tem 100 ovelhas, perde uma, deixa as 99 nas montanhas e vai em busca da ovelha perdida. E Jesus pergunta: “O que vocês acham?” Ou seja: “Vocês fariam o mesmo?” Qual terá sido a resposta dos pastores e das outras pessoas que ouviram Jesus contar esta história? Fariam a mesma coisa? Qual a minha resposta à pergunta de Jesus? Pense bem antes de responder.
Se você tivesse 100 ovelhas e perdesse uma, o que faria? Não esqueça de que as montanhas são lugares de difícil acesso, cheios precipícios, onde rondam animais perigosos e onde ladrões e assaltantes se escondem. E lembre-se que você perdeu apenas uma única ovelha. Você continua na posse de 99 ovelhas. Perdeu pouco! Você iria abandonar as 99 naquelas montanhas? Será que uma pessoa com um pouco de bom senso faria o que fez o pastor da parábola de Jesus? Pense bem!
Os pastores que escutaram a história de Jesus, devem ter pensado e comentado: “Só um pastor sem juízo age desse jeito!” Eles devem ter perguntado a Jesus: “Jesus, desculpe, mas quem é esse pastor de que o senhor está falando? Fazer o que ele fez é uma loucura total!”
Jesus responde: “Esse pastor é Deus, nosso Pai, e a ovelha perdida é você!” Com outras palavras, esta loucura, quem a comete é Deus por causa do seu grande amor para com os pequenos, os pobres, os excluídos! Só mesmo um amor muito grande é capaz de cometer uma loucura assim. O amor com que Deus nos ama é maior que a prudência e o bom senso humano. O amor de Deus comete loucuras. Graças a Deus! Senão fosse assim, estaríamos perdidos!
4) Para um confronto pessoal
1) Coloque-se na pele da ovelha perdida e anime a sua fé e sua esperança. Você é essa ovelha!
2) Coloque-se na pele do pastor e verifique se o seu amor para com os pequenos é verdadeiro.
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sl 95, 1-2)
Segunda-feira, 9 de dezembro-2019. 2ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Cheguem à vossa presença, ó Deus, as nossas orações suplicantes, e possamos celebrar de coração puro o grande mistério da encarnação do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Luca 5, 17-26)
17 Num desses dias, ele estava ensinando na presença de fariseus e mestres da Lei, que tinham vindo de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. O poder do Senhor estava nele para fazer curas. 18 Vieram alguns homens carregando um paralítico sobre uma maca. Eles tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante dele. 19 Como não encontras- sem um modo de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao telhado e, pelas telhas, desceram o paralítico, com a maca, no meio, diante de Jesus. 20 Vendo a fé que tinham, ele disse: “Homem, teus pecados são perdoados”. 21 Os escribas e os fariseus começaram a pensar: “Quem é este que fala blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?” 22 Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou: “Que estais pensando no vosso íntimo? 23 Que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda?’ 24 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra, – e dirigiu-se ao paralítico – eu te digo: levanta-te, pega tua maca e vai para casa”. 25 No mesmo instante, levantando-se diante de todos, pegou a maca e foi para casa, glorificando a Deus. 26 Todos ficaram admirados e glorificavam Deus, cheios de temor, dizendo: “Vimos hoje coisas maravilhosas”.
3) Reflexão
Sentado, Jesus ensinava. O povo gostava de ouvi-lo. Qual era o assunto do ensino de Jesus? Ele sempre falava de Deus, seu Pai, mas dele falava de um jeito novo e atraente, diferente dos escribas e fariseus (Mc 1,22.27). Jesus apresentava Deus como a grande Boa Notícia para a vida humana; um Deus Pai/Mãe que ama e acolhe as pessoas, e não um Deus que nos ameaça e condena.
Um paralítico é carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança deles. Vendo a fé, ele diz ao paralítico: Teus pecados estão perdoados! Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos (paralisia, etc) fossem castigo de Deus por algum pecado. Por isso, os paralíticos e tantos outros deficientes físicos sentiam-se rejeitados e excluídos por Deus! Jesus ensinava o contrário. A fé tão grande do paralítico era um sinal evidente de que ele e seus carregadores estavam sendo acolhidos por Deus. Por isso, Jesus declara: Teus pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!”
A afirmação de Jesus não combinava com a ideia que os doutores da lei tinham de Deus. Por isso, eles reagem: Ele blasfema! Conforme o ensinamento deles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar uma pessoa perdoada e purificada. Como é que Jesus, homem sem estudo, um leigo, podia declarar o paralítico como perdoado e purificado dos pecados? Pois, se um simples leigo podia perdoar os pecados, os doutores e os sacerdotes perderiam o seu poder e também a sua fonte de renda! Por isso reagem e se defendem.
Jesus justifica a sua ação: O que é mais fácil. dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda!’? Evidentemente, é muito mais fácil dizer: “Teus pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se, de fato, o pecado foi ou não foi perdoado. Mas se eu digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos poderão verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que, em nome de Deus, tinha o poder de perdoar os pecados, Jesus disse ao paralítico: ”Levanta-te, toma teu leito e vá para casa!” Curou o homem! Provou que a paralisia não é um castigo de Deus pelo pecado, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
4) Para um confronto pessoal
1-Colocando-me na posição dos carregadores: será que eu seria capaz de carregar o doente, subir no telhado e fazer o que os quatro fizeram? Será que eu tenho tanta fé?
2-Qual a imagem de Deus que está em mim e que se irradia nos outros? A dos doutores ou a de Jesus? Deus compassivo ou ameaçador?
5) Oração final
Vem, Senhor, visitar-nos com a tua paz: a tua presença nos enche de alegria. (cf. Sl 106, 4-5; Is 38, 3)
2º Domingo do Advento- Festa da Imaculada Conceição: A alegria possível
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A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38, que corresponde à Solenidade da Imaculada Conceição, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
A primeira palavra de Deus aos Seus filhos, quando o Salvador se aproxima do mundo, é um convite à alegria. É o que escuta Maria: «Alegrai-vos».
Jürgen Moltmann, o grande teólogo da esperança, expressou-o assim: «A palavra última e primeira da grande libertação que vem de Deus não é ódio, mas alegria; não é condenação, mas absolvição”. Cristo nasceu da alegria de Deus e morre e ressuscita para levar a sua alegria a este mundo contraditório e absurdo.
No entanto, a alegria não é fácil. A ninguém se pode forçar a estar alegre; não se pode impor a alegria desde fora. O verdadeiro gozo deve nascer do mais fundo de nós mesmos. Caso contrário, será riso exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a alegria ficará fora, à porta do nosso coração.
A alegria é um presente bonito, mas também vulnerável. Um dom que devemos cuidar com humildade e generosidade no fundo da alma. O romancista alemão Hermann Hesse diz que os rostos atormentados, nervosos e tristes de tantos homens e mulheres se devem a que «a felicidade só pode ser sentida pela alma, não pela razão, nem pela barriga, nem pela cabeça, nem pela bolsa».
Mas há algo mais. Como se pode ser feliz quando há tanto sofrimento na Terra? Como se pode rir quando ainda não estão secas todas as lágrimas e brotam diariamente outras novas? Como aproveitar quando dois terços da humanidade estão afundados na fome, miséria ou guerra?
A alegria de Maria é a alegria de uma mulher crente que se alegra em Deus, Salvador, o que eleva os humilhados e dispersa os soberbos, o que colma de bens os famintos e dispensa o rico vazio. A alegria verdadeira só é possível no coração do que anseia e busca justiça, liberdade e fraternidade para todos. Maria alegra-se em Deus, porque vem consumar a esperança dos abandonados.
Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta para torná-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por fazer felizes os outros. Só pode celebrar o Natal quem procura sinceramente o nascimento de um novo homem entre nós. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Em Maria, descobrimos que todos somos imaculados(as)
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“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,28)
A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, padre jesuíta, comentando o evangelho da Solenidade do Imaculada Conceição de Nossa Senhora - Ciclo A (08/12/2019) que corresponde ao texto bíblico de Lucas 1,26-38.
Celebramos neste domingo a festa de Maria Imaculada. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, no dia 08 de dezembro de 1854. Nele se afirma que Maria, à diferença dos demais seres humanos, não se viu alcançada pelo “pecado original”, sendo “imaculada” (“sem mancha”) desde o momento de sua concepção.
Mas, falar de Maria como Imaculada tem um sentido muito mais profundo que a afirmação dogmática de “ser preservada da mancha original”. Falar da Imaculada é tomar consciência de que, em um ser humano (Maria), descobrimos algo, no mais profundo de seu ser, que foi sempre limpo, puro, sem mancha alguma, imaculado. O verdadeiramente importante é que, se esse núcleo imaculado está presente em um ser humano (Maria), então podemos ter a garantia de que está presente em todos os seres humanos.
O próprio S. Paulo afirma que “em Cristo Jesus, Deus nos elegeu, antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados, diante dele, no amor”. (Ef 1,4). Essa eleição é para todos, sem exceção. Não é uma possibilidade, mas a realidade que nos faz ser. Descobri-la e vivê-la, sim, depende de nós.
Essa dimensão de nosso ser que nada nem ninguém pode manchar, é nosso autêntico ser. É o tesouro escondido, a pérola preciosa.
Ao longo dos séculos, temos colocado sobre a figura de Maria uma infinidade de adornos que levaremos muito tempo para tirar e voltar à sua simplicidade e pureza originais. Maria não necessita adornos.
A festa de Maria Imaculada nos revela a presença do divino nela e em nós. Nela descobrimos as maravilhas de Deus. O núcleo íntimo de Maria é imaculado, incontaminado, porque é o que há de Deus nela. Maria é grande porque descobriu e viveu o divino que fez nela sua morada. Não são os mantos luxuosos e os adornos colocados sobre ela, através dos séculos, que a faz grande, mas o fato de ter descoberto seu ser fundado em Deus e ter expandido sua feminilidade a partir desta realidade.
O que devemos admirar em Maria é o fato de ter vivido essa realidade e ter deixado transparecer o divino através de todos os poros de seu ser humano. Ela deixa passar a luz que há em seu interior, sem diminui-la nem filtrá-la. Quando se diz que Maria é Imaculada, quer-se dizer que é no silêncio do corpo, no silêncio do coração, do silêncio do Espírito que o Verbo pode ser gerado.
Como foi possível que Maria alcançasse essa plenitude? Aqui está o verdadeiro sentido do dogma da Imaculada. Ela foi o que foi porque descobriu e viveu essa realidade de Deus nela. Tudo o que tem de exemplaridade para nós devemos a ela, não porque Deus lhe tenha cumulado de privilégios. Ela é referência inspiradora para todos nós porque podemos seguir sua trajetória e podemos descobrir e viver o que ela descobriu e viveu. Se continuamos considerando Maria como uma privilegiada, continuaremos pensando que ela foi o que foi graças a algo que nós não temos; portanto, toda tentativa de imitá-la seria em vão.
Dentro de cada um de nós, constituindo o núcleo de nosso ser, existe uma realidade transcendente, que não pode ser contaminada. O divino que há em nós, permanecerá sempre puro e limpo. Maria ativou esta dimensão de seu ser até empapar tudo o que ela era, “alma e corpo”. O que celebramos é sua plenitude de vida, aberta e expansiva, e não um privilégio que a livrou de uma “mancha”.
Podemos dizer que Maria é imaculada, porque viveu essa realidade de Deus nela. Ela é Imaculada para todos, por todos e em todos; em outras palavras, em Maria somos todos imaculados(as); somos imaculados(as) em nosso verdadeiro ser. O dogma da Imaculada Conceição fala de todos nós: isso é o que realmente somos. Em nossa verdadeira identidade, somos imaculados, limpos, inocentes...
Falamos demais sobre o “pecado original” e muito pouco sobre a “beatitude original”. Existe em nós uma realidade mais profunda que a nossa resistência, um sim mais profundo que todos os nossos “nãos”, uma inocência original que todos os nossos medos e feridas... É preciso encontrar a confiança original.
Maria é o estado de confiança original. Assim, os Antigos Padres da Igreja viam nela o modelo da beatitude original, a mulher da pura confiança, do sim original Àquele que É.
Maria é a nossa verdadeira natureza, é a nossa verdadeira inocência original, aberta à presença do divino.
A partir desta perspectiva, Maria nos está recordando que, graças a pessoas parecidas com ela, ou seja, pessoas que se esvaziaram de seu próprio “ego”, é que foram capazes de entrar em sintonia com a Vontade de Deus; é ali, somente ali, no espaço interior, livre de todo resquício de auto-centramento, que Deus pode entrar, continua e continuará entrando em nosso mundo, para trazer sua Boa Nova, traduzida em tantas e tantas realidades concretas.
A afirmação de que ela tenha sido “concebida sem pecado original” corre o risco de situá-la muito distante de nós. Pelo contrário, se a veneramos e nela nos inspiramos para viver o seguimento do seu Filho Jesus é porque a encontramos muito próxima de nossa vida. A vida que temos vivido até agora e a que continuamos vivendo: cheia de luzes e sombras, de esperanças e de desencantos.
Maria é grande por sua simplicidade, porque aceita ser serva, em sintonia com Deus. Maria não é uma extra-terrestre, mas uma pessoa humana exatamente igual a cada um de nós. O extra-ordinário nela foi sua fidelidade e disponibilidade, sua capacidade de entrega. Toda a grandeza de Maria está contida em uma só palavra: “fiat”. Maria não pôs nenhum obstáculo para que o divino que havia nela se expandisse totalmente; por isso, chegou à plenitude do humano. Devemos nos alegrar que um ser humano possa nos ensinar o caminho da plenitude, do divino.
Nesse sentido, Maria é a referência para todos nós porque a vemos como a pessoa que foi crescendo dia-a-dia, sempre aberta ao projeto de Deus. Esvaziando-se de si mesma, renunciando à sua vontade, para que Deus, o Todo-poderoso, como ela mesma cantará no Magnificat, entrasse em nossa história, encarnado na pessoa de Jesus. Um Deus “todo-Poderoso” que não usou seu poder para atuar de maneira impositiva, mas, em Maria “realizou maravilhas” para que, através dela, seu amor e sua misericórdia se fizessem visíveis a toda a humanidade. “Seu amor se estende de geração em geração...”, proclamará também no Magnificat.
Inspirados em Maria, é preciso encontrar, em nós mesmos, este lugar por onde entra a vida, este lugar por onde entra o divino, este lugar por onde entra o amor. É uma experiência de silêncio, uma experiência de vazio, alguma coisa de mais profundo do que aquilo que se chama o “pecado original”.
É assim que se fala de Imaculada conceição. O Verbo é concebido no que há de mais imaculado em nós, no que há de mais completamente silencioso. Isto supõe que haja no corpo humano um lugar onde não existe memória doentia nem a presença do “ego cheio de si”, mas do eu esvaziado, de onde nasce a vida.
É preciso entrar num estado de silêncio, de vazio de si mesmo, de total receptividade, para que o Verbo possa ser gerado em nós. “Assim novamente encarnado”, nos diz Santo Inácio de Loyola.
Para meditar na oração:
No relato da Anunciação, descreve-se um itinerário de iniciação espiritual. É preciso, antes de mais nada, entrar neste estado de escuta, neste estado de confiança, neste sim, pacificar nossas memórias e, então, não ter medo da visita do anjo e da alegria que ele pode trazer.
Mas também não ter medo da perturbação que pode surgir. Tal perturbação é que nos faz descer ao chão de nossa vida, vai nos conduzir até a sombra, até o mais profundo de nosso eu interior, até a profundeza da nossa humanidade. E é ali que que vai brotar o nosso “sim” original; é ali que vai nascer o divino que nos conduzirá à plenitude de vida.
- Fazer memória das experiências de “anunciação” em sua vida: o que mudou? Que movimentos vitais surgiram? Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Sábado, 7 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que enviastes a este mundo o vosso Unigênito para libertar da antiga escravidão o gênero humano, concedei aos que esperam vossa misericórdia chegar à verdadeira liberdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 9, 35-38; 10, 1.6-8)
Naquele tempo, 35Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade. 37Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos. 38Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe. 1Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade. 6ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel. 7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje consta de duas partes: (1) Um breve resumo da atividade apostólica de Jesus (Mt 9,35-38) e (2) o início do “Sermão da Missão” (Mt 10,1.5-8). O evangelho da liturgia de hoje omite os nomes dos apóstolos que constam no evangelho de Mateus (Mt 10,2-4).
Mateus 9,35: Resumo da atividade missionária de Jesus
“Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Em poucas palavras Mateus descreve os pontos centrais da atividade missionária de Jesus: (1) Percorrer todas as cidades e povoados. Jesus não espera até que o povo venha até ele, mas ele mesmo vai em busca do povo percorrendo todas as cidades e povoados. (2) Ensinar nas sinagogas, isto é, nas comunidades. Jesus vai lá onde o povo está reunido ao redor da sua fé em Deus. É lá que ele anuncia a Boa Nova do Reino, isto é, a Boa Nova de Deus. Jesus não ensina doutrinas como se a Boa Nova fosse um novo catecismo, mas em tudo que diz e faz ele deixa transparecer algo da grande Boa Nova que o anima por dentro, a saber, Deus, o Reino de Deus. (3) Curar todo tipo de doença e enfermidade. O que mais marcava a vida do povo pobre era a doença, todo tipo de doença, e o que mais marca a atividade de Jesus, é consolar o povo, aliviar sua dor.
Mateus 9,36: Compaixão de Jesus frente à situação do povo
“Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. Jesus acolhe as pessoas do jeito que elas se encontram diante dele: doentes, abatidas, cansadas. Ele se comporta como o Servo de Isaías, cuja mensagem central consistia em “consolar o povo” (cf. Is 40,1). A atitude de Jesus para com o povo era como a atitude do Servo, cuja missão era definida assim: “Ele não grita, nem levanta a voz, não solta berros pelas ruas, não quebra a planta machucada, nem apaga o pavio de vela que ainda solta um pouco de fumaça” (Is 42,2-3). Como o Servo, Jesus se comove diante da situação sofrida do seu povo “cansado e abatido, como ovelhas sem pastor”. Ele começa a ser Pastor identificando-se com o Servo que dizia: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado” (Is 49,4ª). Como o Servo, Jesus se faz discípulo do Pai e do povo e diz: “Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos” (Is 49,4b). É do contato com o Pai que Jesus colhe a palavra de consolação a ser comunicada aos pobres.
Mateus 9,37-38: Jesus envolve os discípulos na missão
Diante da imensidão da tarefa missionária, a primeira coisa que Jesus pede aos discípulos é rezar: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita". A oração é a primeira forma de compromisso dos discípulos com a missão. Pois se você acredita na importância da missão que você tem, você fará todo o possível para que ela não morra com você, mas que continue nos outros através de você e depois de você.
Mateus 10,1: Jesus confere aos discípulos o poder de curar e de expulsar os demônios
“Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade". A segunda coisa que Jesus pede aos discípulos não é que eles comecem a ensinar doutrinas e leis, mas sim que ajudem o povo a vencer o medo dos maus espíritos e que o ajudem na luta contra as enfermidades. Hoje, os que mais metem medo nos pobres são certos missionários que ameaçam o povo com o castigo de Deus e com o perigo do demônio. Jesus faz o contrário. O que ele mais faz é ajudar o povo a vencer o medo do demônio: “Se eu expulso os demônios, é sinal de que chegou para vocês o Reino de Deus” (Lc 11,20). É triste dize-lo, mas hoje existem pessoas que precisam do demônio para poder expulsa-lo e assim ganhar dinheiro. Para estes vale a pena ler o que Jesus falou contra os fariseus e doutores da lei que roubavam as casas das viúvas (Mt 23,14).
Mateus 10,5-6: Vão primeiro para as ovelhas perdidas de Israel
“Jesus enviou os Doze com estas recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Inicialmente, a missão de Jesus era dirigida para “as ovelhas perdidas de Israel”. Quem eram estas ovelhas perdidas de Israel? Eram as pessoas excluídas, como as prostitutas, os publicanos, os impuros, considerados perdidos e condenados pelas autoridades religiosas da época? Eram os dirigentes como os fariseus, saduceus, anciãos e sacerdotes que se consideravam o povo fiel de Israel? Ou eram as multidões que estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor? Provavelmente, aqui no contexto do evangelho de Mateus, trata-se deste povo pobre e abandonado que é acolhido por Jesus (Mt 9,36-37). Jesus queria que os discípulos participassem com ele na missão junto a esse povo. Mas na medida em que ele ia atendendo a este povo, o próprio Jesus ia alargando o horizonte. No contato com a mulher Cananéia, ovelha perdida de outra raça e de outra religião, que pedia para ser atendida, Jesus repetiu aos discípulos: "Eu fui enviado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel" (Mt 15,24). E diante da insistência da mãe que desistia de interceder pela filha, Jesus se defendeu dizendo: "Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos" (Mt 15,26). Mas a reação da mãe derrubou a defesa de Jesus: "Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos" (Mt 15,27). E de fato, havia muitas migalhas! Doze cestos cheios de pedaços que sobraram da multiplicação do pão para as ovelhas perdidas de Israel (Mt14,20). A resposta da mulher desfez os argumentos de Jesus. Ele atendeu a mulher: Jesus atende a mulher: "Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer." E desde esse momento a filha dela ficou curada”. (Mt 15,28). Foi através da atenção contínua dada às ovelhas perdidas de Israel que Jesus descobriu que no mundo inteiro existem ovelhas perdidas que querem comer das migalhas.
Mateus 10,7-8: Resumo da atividade de Jesus
“Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, dêem também de graça!”. Como revelar a proximidade do Reino? A resposta é simples e concreta: curando doentes, ressuscitando os mortos, purificando os leprosos, expulsando os demônios e servindo de graça, sem se enriquecer pelo serviço ao povo. Onde isto acontece o Reino se revela.
4) Faça um confronto pessoal da leitura com a vida
1) Todos nós recebemos a mesma missão que Jesus deu aos discípulos e discípulas. Você tem consciência de ter esta missão? Como você vive sua missão?
2) Na sua vida você já teve algum contato com as ovelhas perdidas, com o povo cansado e abatido? Qual a lição que você tirou?
5) Oração final
O Senhor cura os corações despedaçados e cuida dos seus ferimentos. (Sl 146)
Os abutres do Vaticano
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"Francisco está mais sozinho, de uma solidão institucional: as pessoas que estão em Roma certamente são leais e próximas - eu diria pelo menos seis - podem confortar o peso existencial que ela gera, mas não a anular; e podem apenas olhar para o círculo dos velhos abutres. Mas não é mais aquele de 1960. Os abutres de hoje não são velhos", escreve Alberto Melloni, historiador italiano, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII de Bolonha, em artigo publicado por La Repubblica, 03-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
"A Roma que você conhece e da qual foi exilado não mostra sinais de mudança, como se imaginava que deveria ser no fim. O círculo dos velhos abutres, após o primeiro susto, retorna. Lentamente, mas retorna. E retorna com sede de novos tormentos, de novas vinganças." Assim, Dom De Luca escrevia ao cardeal Montini, em julho de 1960: e lia com o devido fatalismo o conflito entre a paciência mortal da cúria mais integralista e a primavera conciliar. Um conflito que havia favorecido a "recomposição" de um círculo antes fragmentado. Trata-se de um pensamento, este de 1960, que se adapta a essa fase em que o pontificado está entrando em um momento de solidão institucional.
O Papa, como todos sabem, fala que o tempo é superior ao espaço, os processos superiores às normas; e, portanto, não fez normas nem acelerou (com a única exceção do Secretário de Estado) a mudança de pessoas nas funções mais altas: com o resultado de que é ele mesmo que precisa cuidar de muitas coisas. A descrição do último escândalo financeiro que o papa forneceu aos jornalistas no avião que durante o retorno do Japão foi exemplar e comovente sob esse ponto de vista: o Papa mais evangélico de todos os tempos que deve bancar o "Papa-rei", fazer funcionar em seus pequenos domínios justiça e polícia, deve pedir demais, deve autorizar muitos e em demasia, e com isso perde os seus. E, portanto, é cercado por uma solidão não psicológica (esta, a um jesuíta, não incomoda em nada), mas uma solidão institucional, gerada após o incurável conflito político entre o secretário de Estado Parolin e o vice Becciu, foi resolvida tirando a Becciu seu escritório, mas dando a ele um título de cardeal.
A solidão institucional do Papa se revelou em uma sequência de sinais que marcam sua vastidão. Primeiro sinal, em março de 2018, a demissão de Dom Dario Viganò: atraído para a armadilha por uma carta assinada Ratzinger: em seu lugar foi uma pessoa de valor como Paolo Ruffini, mas o sinal havia sido dado. Depois foi a vez, em dezembro de 2018, de D. Zanchetta, amigo do Papa e em função na APSA, atingido por acusações de assédio sexual, que chegaram imediatamente após o início das investigações sobre o caso de Londres. Depois, em outubro passado, pediu demissão, com o senso de dever e honra de um grande militar, Domenico Giani, o comandante da Gendarmaria: foi parado enquanto estava trabalhando, o que era um sinal. Finalmente, em 1º de dezembro, o padre Fabian Pedacchio deixou a função de secretário do papa: cargo invisível, mas decisivo para regular voz o acesso ao pontífice.
Sinais casuais? Até poderiam ser: mas não são casuais os efeitos que recaem todos sobre o Papa. Francisco está cada vez mais sem voz: basta pensar na condenação da posse de armas atômicas proferida do Japão, cujo peso geopolítico foi imenso e cujo eco foi nulo.
Francisco está mais vulnerável: porque os procedimentos de controle típicos dos Estados não impedem as operações opacas, nem as fotocopiadoras de investidores decepcionados, nem as tipografias que lembram os anos de Pecorelli.
Francisco está mais sozinho, de uma solidão institucional: as pessoas que estão em Roma certamente são leais e próximas - eu diria pelo menos seis - podem confortar o peso existencial que ela gera, mas não a anular; e podem apenas olhar para o círculo dos velhos abutres. Mas não é mais aquele de 1960. Os abutres de hoje não são velhos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Testemunha de padre que substituiu Dorothy Stang no Pará é assassinada
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Morte de mototaxista é a 17ª vinculada a conflitos de terra na região desde 2005, quando foi morta a missionária americana
MANAUS
Uma testemunha de defesa do padre José Amaro Lopes de Sousa foi assassinada na noite da última quarta-feira (4) perto de Anapu (749 km a sudoeste de Belém), no Pará, uma das regiões de conflito agrário mais violentas do país.
O mototaxista Marcio Rodrigues dos Reis, 33, foi morto com uma facada no pescoço por um passageiro que o havia contratado para levá-lo à zona rural. É a 17ª morte vinculada a conflitos de terra desde 2005, ano em que a irmã Dorothy Stang foi assassinada, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Herdeiro do trabalho da irmã Dorothy junto a assentados e sem-terra, o padre Amaro ficou preso por três meses após ser acusado por fazendeiros de vários crimes, incluindo extorsão. Ele foi solto graças a um habeas corpus dado por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De acordo com a CPT, Reis participou, em 2016 em 2017, de um acampamento de sem-terra que reivindicava a fazenda Santa Maria, perto de Anapu. Fazendeiros da região pressionaram o mototaxista a prestar depoimento para acusar Amaro de ter organizado a tomada da fazenda, mas ele se negou.
Depois disso, afirma a comissão, Reis foi preso de forma preventiva sob a acusação de esbulho —apropriação ilegal— e porte de arma. Ele passou cerca de nove meses na penitenciária de Altamira (PA).
Local onde irmã Dorothy Stang foi assassinada, em fevereiro de 2005, dentro do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, em Anapu (PA)
Em abril do ano passado, o mototaxista foi novamente preso, desta vez por seis meses, com a segunda acusação por porte de arma.
Solto, deixou Anapu por um ano por causa de ameaça de morte. Voltou há alguns meses, após ter avaliado que não sofria mais riscos. Ele era casado e deixa quatro filhas.
De acordo com a CPT, dos 15 assassinatos cometidos na região de Anapu desde 2015, apenas um deles teve mandante identificado e preso.
Procurada, a Polícia Civil do Pará informou que o caso é investigado pela delegacia de Pacajá, cidade vizinha a Anapu, e que nenhum suspeito foi preso até a tarde desta sexta-feira (6). Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Sexta-feira, 6 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Despertai, Senhor, vosso poder e vinde, para que vossa proteção afaste os perigos a que nossos pecados nos expõem e a vossa salvação nos liberte. Vos que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 9, 27-31)
Naquele tempo, 27Partindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, gritando: Filho de Davi, tem piedade de nós! 28Jesus entrou numa casa e os cegos aproximaram-se dele. Disse-lhes: Credes que eu posso fazer isso? Sim, Senhor, responderam eles. 29Então ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo vossa fé. 30No mesmo instante, os seus olhos se abriram. Recomendou-lhes Jesus em tom severo: Vede que ninguém o saiba. 31Mas apenas haviam saído, espalharam a sua fama por toda a região. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Novamente, o evangelho de hoje coloca diante de nós o encontro de Jesus com a miséria humana. Jesus não se retrai nem se esquiva. Ele acolhe as pessoas e na sua acolhida cheia de ternura revela o amor de Deus.
Dois cegos seguem Jesus e gritam: “Filho de Davi, tem piedade de nós!”. Jesus não gostava muito deste título Filho de Davi. Ele chegou a criticar o ensinamento dos escribas que diziam que o Messias devia ser filho de Davi: “Se o próprio Davi o chama Senhor, como pode ser seu filho? (Mc 12,37).
Chegando em casa, Jesus pergunta aos cegos: “Vocês acreditam que eu possa fazer isso?” Eles respondem: “Sim, Senhor!” Uma coisa é ter a doutrina correta na cabeça, outra é ter a fé correta no coração e nos pés. A doutrina dos dois cegos não era muito correta, pois eles chamam Jesus de Filho de Davi. Mas Jesus não se importa se o chamam assim. Ele quer saber se eles tem a fé correta.
Ele toca nos olhos e diz: “Aconteça conforme a fé de vocês!” Imediatamente, os olhos se abriram. Apesar de não terem a doutrina correta, os dois cegos tinham uma fé correta. Hoje muita gente está mais preocupada com a doutrina correta do que com a fé correta.
Vale a pena anotar um pequeno detalhe de hospitalidade. Jesus chega em casa e os dois cegos também entram com ele na casa dele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eles se sentem em casa na casa de Jesus! E hoje? Uma religiosa dizia: “Hoje, a situação do mundo é tal que fico desconfiada até dos pobres!” Mudou muito, de lá para cá!
Jesus pede para não divulgar o milagre. Mas a proibição não adiantou muito. Os dois saíram e espalharam a Boa Notícia. Anunciar o Evangelho, isto é, a Boa Notícia, é partilhar com os outros o bem que Deus nos faz na vida.
4) Para um confronto pessoal
1-Será que tenho alguma Boa Notícia de Deus na minha vida a partilhar com os outros?
2-Em que ponto eu insisto mais: em ter doutrina correta ou em ter a fé correta?
5) Oração final
Vou cantar para sempre a bondade do SENHOR; anunciarei com minha boca sua fidelidade de geração em geração. (Sl 88, 1)
Quinta-feira, 5 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Despertai, ó Deus, o vosso poder e socorrei-nos com a vossa força, para que vossa misericórdia apresse a salvação que nosso pecados retardam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21.24-27)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha. O Sermão da Montanha é uma nova leitura da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a casa na rocha.
Trata-se de adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.
Quem ouve e pratica a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece (Cnt 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
O evangelista encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1-Sou dos que dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
2-Observo a lei para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?
5) Oração final
Dá, Senhor, tua salvação! Dá, Senhor, tua vitória Bendito o que vem em nome do Senhor! (Sl 117, 25-26a)
Quarta-feira, 4 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor Deus, preparai os nossos corações com a força da vossa graça, para que, ao chegar o Cristo, vosso Filho, nos encontre dignos do banquete da vida eterna e ele mesmo nos sirva o alimento celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 15, 29-37)
Naquele tempo, 29Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galileia. Subiu a uma colina e sentou-se ali. 30Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os curou, 31de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel. 32Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho. 33Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão? 34Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles. 35Mandou, então, a multidão assentar-se no chão, 36tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão. 37Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de cada dia é como o sol que se levanta. Sempre o mesmo sol, todos os dias, a alegrar a vida e a fertilizar as plantas. O maior perigo é a rotina. A rotina mata o evangelho, e apaga o sol da vida.
São sempre os mesmos elementos que compõem o quadro do evangelho: Jesus, a montanha, o mar, a multidão, os doentes, os necessitados, os problemas da vida. Apesar de já bem conhecidos, como o sol de cada dia, estes mesmos elementos sempre trazem uma nova mensagem.
Como Moisés, Jesus sobe a montanha e o povo reúne ao redor. Eles trazem consigo seus problemas: os doentes, os coxos, aleijados, cegos, mudos, tantos... Não são os grandes, mas os pequenos. Eles são o começo do novo povo de Deus que se reúne ao redor do novo Moisés. Jesus cura a todos.
Jesus chama os discípulos. Ele sente compaixão do povo que não têm o que comer. Para os discípulos, a solução deve vir de fora: “Onde conseguir pão para tanta gente?” Para Jesus, a solução deve vir de dentro do povo: “Quantos pães vocês têm?” –“Sete e uns peixinhos”. Com este pouco Jesus matou a fome de todos, e ainda sobrou. Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Sobrava, e muito! Realmente, um outro mundo é possível!
A narração da multiplicação dos pães evoca a eucaristia e dela revela o valor, ao dizer: “Jesus tomou o pão em suas mãos, deu graças, o partiu e deu aos seus discípulos”.
4) Para um confronto pessoal
1-Jesus teve compaixão. Existe compaixão em mim pelos problemas da humanidade? Faço algo?
2-Os discípulos esperam a solução de fora. Jesus desperta para a solução de dentro. E eu?
5) Oração final
O Senhor nosso Deus chegará com poder e encherá de luz os seus fiéis. (Is 40,10; cf. 34,5)
Terça-feira, 3 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas, e auxiliai-nos em nossa tribulação. Consolados pela vinda do vosso Filho, sejamos purificados da antiga culpa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 10, 21-24)
Naquele tempo, 21Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado. 22Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 23E voltou-se para os seus discípulos, e disse: Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, 24pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O texto de hoje revela o fundo do coração de Jesus, o motivo da sua alegria. Os discípulos tinham ido em missão e, na volta, partilham com Jesus a alegria da sua experiência missionária (Lc 10,17-21).
O motivo da alegria de Jesus é a alegria dos amigos. Ao ouvir a experiência deles e ao perceber a sua alegria, Jesus também sente uma profunda alegria. A causa da alegria de Jesus é o bem-estar dos outros.
Não é uma alegria superficial. Ela vem do Espírito Santo. O motivo da alegria é que os discípulos e as discípulas experimentaram algo de Deus durante a sua experiência missionária.
Jesus os chama “pequenos”. Quem são os “pequenos”? São os setenta e dois discípulos (Lc 10,1) que voltaram da missão: pais e mães de família, rapazes e moças, casados e solteiros, velhos e jovens. Eles não são doutores. São pessoas simples, sem muito estudo, mas que entendem as coisas de Deus melhor do que os doutores .
Sim, Pai, assim é do teu agrado!” Frase muito séria. É do agrado do Pai que os doutores e os sábios não entendam as coisas do Reino e que os pequenos as entendam. Portanto, se os grandes quiserem entender as coisas do Reino, devem fazer-se discípulos dos pequenos!
Jesus olha para eles e diz: “Felizes vocês!” E por que são felizes? Porque estão vendo coisas que os profetas quiseram ver, mas não conseguiram. O que ele viram? Eles perceberam a ação do Reino nas coisas comuns da vida: curar doentes, alegrar os aflitos, expulsar os males da vida.
4) Para um confronto pessoal
1-Coloco-me na posição do povo: eu me considero dos pequenos ou dos doutores? Por que?
2-Coloco-me na posição de Jesus: qual a raiz da minha alegria? Superficial ou profunda?
5) Oração final
“Eu vos louvo, ó Pai, porque escondestes os mistérios do reino aos sábios e os revelou aos pequeninos”. (cf. Lc 10, 21)
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Segunda-feira, 2 de dezembro-2019. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Oração
Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na oração e proclamando o seu louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 8, 5-11)
Naquele tempo, 5Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. 7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. 9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... 10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. 11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:
A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.
A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.
O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.
Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1-Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião
2-Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?
5) Oração final
Lembra-te de mim, Senhor, pelo amor do teu povo, visita-me com teu auxílio salvador; para eu sentir a felicidade dos teus eleitos, e me alegrar com a alegria do teu povo e me gloriar com tua herança. (Sl 105, 4-5)
Sexta-feira, 29 de novembro-2019. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 29-33)
Naquele tempo, 29Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores. 30Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. 31Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus. 32Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra. 33Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33)..
Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”. Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).
Lucas 21,32-33:
“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!
A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!
No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia! Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?
5) Oração final
Feliz quem mora em tua casa: sempre canta teus louvores. Feliz quem encontra em ti sua força e decide no seu coração a santa viagem. (Sl 83)
Por que não abandonei a Igreja?
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"Eu ouvia a respeito de um Deus compassivo que salvou uma adúltera de ser apedrejada e que morreu ao lado de ladrões. Aprendia sobre misericórdia no catecismo.", escreve Zita Ballinger Fletcher, publicado por National Catholic Reporter, 19-11-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Eis o artigo.
Abandonar a Igreja não parece ser uma escolha que um jornalista católico consideraria. No entanto, por duas vezes em minha vida considerei essa ideia: na época de adolescente e após o relatório do grande júri da Pensilvânia.
Sendo criada na região sudoeste dos Estados Unidos, frequentei escolas católicas desde a pré-escola até o 8º ano. Voltando para a Igreja, a minha mãe quis me dar uma formação católica por causa da fundação religiosa e da qualidade da instituição. O que vivi me levou, aos 13 anos, considerar tornar-se deísta, pronta a abandonar toda e qualquer religião institucional.
Nas paróquias, dava-se tanta ênfase à moralidade sexual presumida e em famílias ideais que alguém que não se adequasse aos moldes tradicionais rígidos era jogado ao ostracismo. Pais solteiros, separados ou divorciados, e seus filhos eram rejeitados. Famílias como a minha – os meus pais eram divorciados – constituíam um grupo à parte, sistematicamente excluído.
Sofri bullying. Colegas me atormentavam fazendo piadas com a minha aparência e personalidade, e dizendo coisas desagradáveis sobre o porquê o meu pai não comparecia aos eventos.
Eu não era a única. Acontecia também com outras crianças. Um de nós, filho de pais separados, foi agredido. As outras crianças o chamavam de “ilegítimo” e diziam que ele “iria pro inferno” por ter nascido “em pecado”. Dois meninos de mães solteiras eram alvos de bullying, eram excluídos. Os alunos costumavam provocar um terceiro colega de pai solteiro, perguntando repetidas vezes sobre onde estava a sua mãe.
Os que cometiam essas formas de assédio, a maior parte membros de famílias católicas, recebiam consequências mínimas.
Este tratamento impróprio se estendia aos pais. Em uma das escolas nas quais estudei, alguns pais criticavam a minha mãe por ser divorciada. Certa vez, ela se voluntariou para trabalhar de ajudante da turma, mas outras voluntárias a afastaram. Outros pais e mães desajustados tiveram experiências parecidas. Eu testemunhava esse tipo de exclusão em todas as escolas e paróquias que frequentei.
Vi os meus pais simplesmente desaparecer. A tática da exclusão funcionava: as pessoas entendiam a mensagem de que não eram bem-vindas e se retiravam.
A fé que eu tinha alcançou o ponto de ruptura em uma dada paróquia. O padre costumava se gabar das férias e viagens que fazia, agradecendo os admiradores pelos jantares gratuitos. Ele costumava se dar bem com os que correspondiam aos estereótipos católicos ideais. Este grupo era afluente, em geral famílias prósperas, de pais ricos, com damas-do-lar e muitos filhos.
Na missa, eu ouvia a respeito de um Deus compassivo que salvou uma adúltera de ser apedrejada e que morreu ao lado de ladrões. Aprendia sobre misericórdia no catecismo.
Eu era uma aluna talentosa e me beneficiei da formação adquirida. No entanto, me desiludi. Aos 13 anos, me recusei a participar de celebrações religiosas. Me desgostei das igrejas. Quis abandonar a religião institucional. Eu buscava a divindade onde pudesse vivenciá-la com liberdade. Considerei adorar a Deus na natureza.
O que mudou a minha forma de pensar foi uma reflexão sobre Jesus e a Eucaristia. Eu acreditava, de verdade, em um Deus amoroso que quis unir-se à humanidade.
Acreditava no Jesus que desafiava as tradições do seu próprio povo, que se manifestava em favor das viúvas, dos órfãos, dos condenados, das prostitutas, dos deficientes e desamparados, tudo para transformar o mundo. Acreditava que Cristo existiu e que se fazia presente na Eucaristia. Que a Eucaristia não era um pedaço de pão simbólico e que a missa não era uma festa country. Acreditava que Jesus é o amor personificado.
Todas as instituições são corrompidas pela natureza humana, mas não havia nada de errado com os ensinamentos católicos. Decidi que era possível ser fiel e não pertencer a nenhuma paróquia.
A solução encontrada foi ser uma fiel independente. Frequento missa, mas escolho não pertencer a uma paróquia. Vivencio Deus no mundo e na Igreja sem me envolver nas hierarquias mesquinhas paroquiais.
O segundo grande conflito que tive com a minha fé católica aconteceu após o relatório, em 2018, do grande júri da Pensilvânia. A escala assustadora dos abusos cometidos pelo clero e os acobertamentos diocesanos me deixaram chocada.
Eu não pensava que o clero fosse formado por santos. No entanto, fiquei chocada pela forma como muitos religiosos eram predadores em série, que abusavam das pessoas a eles confiadas. Vi os sobreviventes serem maltratados por outros fiéis. Isso me levou novamente a me questionar sobre a fé que tenho. Se é assim que a Igreja realmente é, por que ainda estou nela?
A razão pela qual permaneço tem duas faces: o testemunho do Papa Francisco e as palavras de Jesus no Evangelho.
Encontro clareza na liderança do Papa Francisco. Ele pessoalmente trabalha para melhorar a vida dos pobres e marginalizados. É um testemunho vivo do que significa ser verdadeiramente um católico: que o catolicismo é para todos e que a Igreja tem o dever de servir a humanidade como uma força de cura.
Francisco reconhece o clericalismo por aquilo que é. “O clericalismo é uma verdadeira perversão na Igreja. O clericalismo condena, separa, chicoteia, despreza o povo de Deus”, disse ele recentemente. “O clericalismo confunde o ‘serviço’ presbiteral com a ‘potência’ presbiteral. O clericalismo é ascensão e dominação”.
Segundo ele, a Igreja sofre de uma rigidez doentia e precisa de uma “conversão profunda”. Admiro a sua dedicação no sentido de mudar a cultura da hipocrisia.
A outra razão pela qual continuo católico é por causa do testemunho de Jesus presente no Evangelho. Em minhas crises de fé, volto-me às escrituras sagradas para me reconectar com Cristo através de suas palavras e ações.
Jesus foi um combatente ativo contra a hipocrisia. Os seus sermões e as suas obras buscam unir as pessoas, não excluí-las ou castigá-las. Jesus não dá as costas a ninguém. Ele não zomba, não pré-julga nem tenta identificar moralmente o sofrimento. É uma força de compaixão, trabalhando ativamente para ajudar a todos independentemente da situação em que se encontram. Ele critica os hipócritas religiosos, exemplificados pelos fariseus.
O catolicismo não é uma paróquia ou um edifício, nem um clube para religiosos intolerantes e fiéis homogêneos, que adoram as aparências exteriores – até o ponto de ocultarem abusos, pré-julgar os outros e odiar os que são diferentes. O catolicismo é um modo de vida centrado no amor. A Igreja é, como diz Francisco, “um hospital de campanha após a batalha”.
Deus é amor. Aqueles às margens da Igreja Católica são tão católicos quanto os que alegam ser devotos e tradicionais. Os homossexuais, os pais solteiros e divorciados, os condenados, todos os que são rejeitados estão mais perto de Deus do que aqueles que os discriminam. Pois, como expressou São João da Cruz, “no entardecer da vida seremos julgados sobre o amor”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Quinta-feira, 28 de novembro-2019. 34ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 20-28)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína. 21Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade. 22Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito. 23Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo. 24Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 21, 20-28
No evangelho de hoje continua o Discurso Apocalíptico que traz mais dois sinais, o 7° e o 8°, que deverão ocorrer antes da chegada do fim dos tempos ou melhor antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e à nova Terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é o abalo da antiga criação.
Lucas 21,20-24. O sétimo sinal: a destruição de Jerusalém.
Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora ela estava destruída! Como explicar este fato? Será que Deus não deu conta do recado? Difícil para nós imaginar o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades tantos dos judeus como dos cristãos. Aqui cabe uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Ele usou o evangelho de Marcos para compor a sua narrativa sobre Jesus. Marcos escrevia no ano 70, o mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isso, Marcos escreveu dando uma dica ao leitor: “Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não devia estar - (aqui ele abre um parêntesis e diz) “que o leitor entenda!” (fecha parêntesis) - então, os que estiverem na Judéia devem fugir para as montanhas”. (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, já fazia mais de quinze anos que Jerusalém estava em ruínas. Por isso, ele omitiu o parêntesis de Marcos. Lucas diz: "Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se completa". Ao ouvirem Jesus anunciar a perseguição (6° sinal) e a destruição de Jerusalém (7° sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é o nosso hoje! Estamos no 6° e no 7° sinal!”
Lucas 21,25-26: O oitavo sinal: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim?
No fim, após ter ouvido falar de todos estes sinais que já tinham acontecido, ficava esta pergunta: “O projeto de Deus avançou muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta e na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais será que ainda faltam até que chegue o fim? Será que falta muito?” A resposta vem agora no 8° sinal: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados”. O 8° sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra são uma amostra de que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação, e o início da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a rachar é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Mundo Novo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus já está chegando. Dá para aguentar!
Lucas 21,27-28: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem.
“Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” Neste anúncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, tinham figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, como acontece com o reino neo-liberal até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho de Homem, isto é, com aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Só nos quatro evangelhos o nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes! Toda dor que suportamos desde agora, toda luta em favor da vida, toda perseguição por causa da justiça, tudo é dor de parto, semente do Reino que vai chegar no 8° sinal.
4) Para um confronto pessoal
1) Perseguição das comunidades, destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem o povo sofrer eu me desespero? Qual a fonte da minha esperança?
2) Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, tanto mais divino, dizia o Papa Leão Magno. No meu relacionamento com os outros sou humano? Humanizo?
5) Oração final
O SENHOR é bom, eterno é seu amor e sua fidelidade se estende a todas as gerações. (Sl 99, 5)
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