O SIMBOLISMO DO ESCAPULÁRIO, OU BENTINHO DO CARMO
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Frei Angelino Wisssink O. Carm. In Memoriam
O Escapulário do Carmo é um Sacramental muito simples e a nossa vida religiosa deve ser também muito simples como simples foi a vida de Nossa Senhora, venerada através do Escapulário! Deus não nos chama para coisas maravilhosas! Jesus quer que nós sejamos humildes; “aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” disse Jesus! A simplicidade e a humildade de nossa vida devem caracterizar-se pelo cumprimento fiel de nossos deveres cotidianos e fazer tudo com amor; tudo quanto fazemos com amor é grande perante Deus!
O Escapulário do Carmo, colocado no pescoço, toca no meu corpo e isto faz lembrar uma realidade: eu sou o que sou realmente neste momento histórico e concreto de minha vida, neste lugar, nesta família e no convívio das pessoas que amo! Não devo imaginar um mundo abstrato como se eu estivesse vivendo no tempo de Cristo ou como se eu fosse uma pessoa importante, um governador por exemplo etc.!
O Escapulário do Carmo é composto de dois pedacinhos de pano, presos por um cordão; uma parte pende no peito e outra nas costas; isto significa que devo olhar para frente, isto é, para o meu futuro, para o meu destino eterno, o céu! No céu, o Deus que adoraremos, no dizer de São João Evangelista, é Amor; e um amor profundo que existe no Deus Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo! Este amor é tão grande que no modo de pensar humano, transborda para fora, dando origem a este universo maravilhoso, que saiu do seio da SS. Trindade, que é a criatura humana, homem e mulher, feitos a sua imagem e semelhança, feitas também para conhecê-lo e amá-lo! Deus quer que a sua criatura predileta, homem e mulher, se voltem para Ele e para sempre!
Com o Escapulário em frente, no peito, olhando para o futuro, para o nosso destino eterno, devemos animar-nos e não cruzar os nossos braços e descansar; pelo contrário, como Jesus nos ensinou, devemos amar a Deus e manifestar este amor fazendo o bem aos nossos semelhantes, exatamente porque somos uma imagem de Deus!
E com o Escapulário nas costas, devemos também olhar para trás, isto é, para o nosso passado! É bom meditar sobre a História da Salvação e ver a Misericórdia de Deus sobre o seu povo no Antigo Testamento e bem interpretar a vida de Cristo e a vida da Igreja! Meditar também na minha própria vida, na minha história para ver o que sou e o que poderia ter sido se tivesse cooperado com a Graça de Deus!
Madre Teresa das prostitutas
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É possível perdoar? Na Suécia, quando era criança, foi vítima de abusos e, ao fugir de casa, acabou caindo na rede de prostituição e também no vício do álcool e das drogas. Foi vítima de violências! Hoje, milhares de pessoas a chamam "Anjo das prostitutas de Malmskillnadsgatan", uma das ruas no centro de Estocolmo. Às vezes a chamam até de "Madre Teresa das prostitutas". Eis a história de Elise Lindqvist e do mistério do perdão
Charlotta Smeds - Cidade do Vaticano
Quando você a encontra, nasce espontaneamente a pergunta: Como isso é possível? Como é possível que esta mulher, que, desde a infância na Suécia, passou por acontecimentos tão dramáticos, agora demonstra um olhar que transmite profunda paz e alegria?
Quero conhecer o Papa
Encontrei Elise Lindqvist ao chegar a Roma: ela veio para cumprimentar o Papa ao término de uma “Audiência” no fim de maio. Ela tinha apenas um desejo: "Quero agradecer ao Papa Francisco pela sua luta contra o tráfico de seres humanos".
Elise Lindqvist tem a mesma idade do Papa: ambos nasceram em 1936. Ela também tem a sua mesma determinação incansável, contida em um corpo de apenas 1 metro e 50. Para poder dar melhor a mão a Francisco, após a Audiência, Elise subiu no pequeno degrau da grade.
"Ouvi falar que você, - disse-lhe o Papa - faz um trabalho maravilhoso!"
Ele se referia às noites que Elise dedicava para dar apoio e conforto às mulheres de rua de Estocolmo. Há mais de 20 anos, ela busca dar-lhes apoio, como uma mãe, recordando-lhes que há uma vida além da rua.
Ela sabe muito bem disso, porque também foi uma elas.
Infância dramática
Elise Lindqvist nasceu em uma pequena aldeia sueca. A partir dos 5 anos de idade, os abusos sexuais passaram a fazer parte da sua vida diária. Ela frisa que não foi o pai que abusou dela, mas as pessoas próximas da família. Espantada, obedecia, ciente de que tudo isso fazia parte do que as crianças deviam suportar: "Quando me convidavam para comer na casa deles, eu já sabia o preço que devia pagar. Depois, saía correndo, ameaçada de morte se eu contasse a alguém".
O maior sofrimento para Elise era o de não poder confiar em nenhum adulto: ela foi abandonada por todos aqueles que a deviam defender. Até a mãe virava o rosto, quando os homens a levavam para o outro quarto. Na escola, o professor mandava os alunos sair para o recreio, enquanto lhe dizia: "Elise, fique aqui!"
Seu pai era o único que, às vezes, a pegava no colo e lhe dizia: "minha filhinha"! Ao invés, por todos os outros, era penalizada por ser "feia e estúpida".
"Acho que, sem aquelas poucas palavras de ternura do meu pai, eu não teria sobrevivido". No entanto, com a morte do pai, quando Elise tinha apenas 10 anos, sua vida se tornou bem mais dura. O novo companheiro da mãe fazia abuso de álcool e a agredia continuamente: "Certa vez, ele apontou a espingarda para mim e eu, com apenas dez anos, o implorei para que atirasse, porque não queria mais viver".
Mas, a arma estava descarregada e o homem atirou em vão: "O Senhor queria que eu vivesse, apesar de ainda não saber nada sobre a Sua existência".
"Como você é bonita!"
Aos quatorze anos, Elise foge de casa e chega a uma cidade, onde uma boa família cuida dela: "Quando a mãe de família me despiu, na primeira noite, pensei, resignada, que tudo continuaria aqui também. Ao invés, ela apenas me despiu, somente para me lavar, e o fez de modo muito gentil".
Elise, naquele momento da sua história, torna-se muito séria: "O que acontece comigo agora é o que acontece com milhares de meninas hoje. Os rufiões reconhecem as vítimas perfeitas e sabem pegá-las". No caso de Elise, porém, foi uma mulher que, certo dia, se aproximou dela e lhe disse: "Como você é bonita...".
"Aquela senhora era belíssima! Ninguém, até então, jamais me havia dito que eu era "bonita"; e, em um piscar de olhos, me submeti totalmente a ela e teria feito qualquer coisa por ela. Eu a chamava "mãe" e ela me comprava roupas e produtos de beleza. Um dia, disse-me que eu deveria trabalhar para ela, vendendo meu corpo para seus clientes. Eu tinha 16 anos e obedeci".
Elise não se lembra, exatamente, quantos anos teve que trabalhar para aquela senhora. Lembra-se apenas como parou, depois de ter sido violentada de modo cruel por um cliente. Voltou para casa e disse à sua patroa que não aguentava mais aquela vida de prostituição.
"Tive sorte! Hoje, se uma moça recusar prostituir-se, corre o risco de ser assassinada e seu corpo desaparece para sempre. No entanto, minha patroa abriu a porta e me jogou escada abaixo, dizendo: "Você não tem mais nada para fazer aqui".
Desde então, Elise começou a viver como uma sem-teto, procurando comida nos latões de lixo da rua: "Só tinha relações destrutivas e acabava em mãos de homens violentos. Então, buscava refúgio somente em misturas de álcool e drogas e, assim, caía, cada vez mais, em uma dependência desesperadora”.
A luz de Jesus
Olho para ela e vejo um rosto que expressa somente paz e alegria. Não há sinais da sua história dramática, nenhuma amargura nem rancor.
"Em 1994, fui internada em um centro de reabilitação. Todos tinham medo de mim. Quando alguém se aproximava, dava chutes; se via um homem, cuspia na cara e dizia palavrões. Eu sentia somente raiva".
Elise conta como as pessoas se comportavam de modo estranho naquele centro: "Todos sorriam. No início, pensei que, certamente, tinha caído em um hospício. Aqueles sorrisos eram provocantes... Depois, comecei a pensar que o motivo daqueles sorrisos era, sem dúvida, devido ao uso de substâncias químicas fantásticas; por isso, comecei a pedir-lhes aquelas "drogas" que usavam”.
Pelo contrário! Ao invés de drogas, aquelas pessoas levaram Elise a uma Capela e começaram a rezar por ela. Desconfiada e fechada em si mesmo, Elise assistia tudo, sem saber o que estavam fazendo ao seu redor.
"Eu não sabia nada sobre Deus e o que era oração; para mim, a Igreja era um lugar de morte".
Em certo momento, aconteceu o que ela descreve como uma "intervenção sobrenatural": Tive a sensação física de tomar um banho, mas um banho de luz e paz. Jesus era o único que me podia curar, pois eu era um caso humano perdido. Dito e feito. Naquele momento, eu “nasci”. Hoje, quando perguntam a minha idade, respondo "25", porque, há 25 anos, Jesus me deu a vida e comecei a caminhar no seu amor".
Nenhuma cura sem perdão
Alguns meses depois, quando estava acostumada a ver com novos olhos, dando os primeiros passos em seu caminho de fé, o diretor espiritual de Elise lhe diz, em confidência, que deveria dar um passo a mais: devia perdoar!
"Então, reagi, novamente, predominada por uma grande raiva. Como ele ousava pretender que eu devia perdoar o mal que tantas pessoas me fizeram? Nestas alturas, Elise conta que lhe explicaram que ela jamais poderia sarar sem perdoar.
"Foi um processo longo e doloroso, sempre na Capela rezando, recordando a lista de nomes. Por fim, consegui perdoar minha mãe, que não me amou nem me defendeu. Percebi que ela não estava em condições e, por sua vez, também era uma vítima”.
Anjo das prostitutas
Por mais de 20 anos, Elise Lindqvist utiliza sua experiência dramática para ajudar outras mulheres: "A primeira vez que saí, à noite, fui à famosa rua das prostitutas em Estocolmo, Malmskillnadsgatan. Ali, revivi meu passado, mas percebi que era bem naquele lugar que eu devia trabalhar".
A sua obra consiste em ser uma presença materna constante: uma pessoa que ouve, abraça, leva algo para beber e oferece roupas para aquecer as noites frias de inverno.
"Para mim, o prêmio mais lindo é conseguir salvar uma mulher de rua! Mas, a minha presença serve, sobretudo, para levar consolação e coragem; fazer-lhes entender que alguém as ama e que não estão sozinhas. Elas me chamam "mamãe".”
Em 18 de outubro de 2016, por ocasião do Dia europeu contra o Tráfico de seres humanos, Elise foi convidada para falar diante do Parlamento Europeu. Em seu discurso aos parlamentares, recordou as responsabilidades das Instituições: adotar resoluções concretas que eliminem totalmente o tráfico de seres humanos, visto que todos os Estados-Membros estão cientes deste problema.
"Terminei meu discurso dizendo que voltaria, quando completasse 90 anos, para ver se tinham mantido a palavra sobre o compromisso assumido".
Ao atravessar a Praça São Pedro, no final da Audiência, perguntei-lhe por que estava coxeando? E ela me respondeu de relance: "Foi um empurrão que me deram, tempo atrás, em uma escada rolante. Para algumas pessoas, a minha presença em meio às prostitutas incomoda". Fonte: www.vaticannews.va
Coroa de imagem de santa é furtada de igreja na Rocinha com a ajuda de um chinelo
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Adorno de ferro e níquel estava na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem há 80 anos
Leticia Lopes
RIO — Religiosos e fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, Zona Sul do Rio, tentam encontrar a coroa da santa padroeira da igreja, furtada no último sábado. Trazido de Portugal, o objeto de ferro banhado a níquel estava na paróquia há 80 anos, quando a igreja ainda era uma capela de Ipanema.
Quem percebeu a falta da coroa foi frei Felipe Carretta, um dos religiosos da paróquia.
— No sábado de manhã, por volta das 10h, eu olhei a imagem, e ela já estava sem a coroa. Ela fica no alto, a quase três metros de altura. Não tem como alguém chegar e pegar tão facilmente — lembra.
De acordo com o religioso, imagens de câmeras de segurança da igreja mostram um homem jogando um chinelo na santa por cerca de 20 minutos até a coroa cair. Para facilitar o furto, ele subiu em um banco da igreja. Ainda segundo o frei, depois conseguir derrubar o objeto de 30cm de altura que adorna a santa, o homem colocou a coroa em uma mochila, reposicionou o banco no lugar e foi embora.
A paróquia completou 80 anos no ano passado, quando a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem foi restaurada. O processo de recuperação foi caro. Apenas o reparo da coroa custou cerca de R$ 2 mil. De acordo com frei Felipe, ele só pôde ser realizado com a ajuda dos fiéis.
— Ela não é de ouro, não tem valor monetário. O que fica para gente é o valor sentimental. Estamos numa mobilização na comunidade para tentar encontrá-la — diz.
Em sua página no Facebook, a paróquia comunicou o furto aos fiéis e pediu a ajuda da comunidade. Fonte: https://oglobo.globo.com
Quarta-feira, 3. Festa de São Tomé.
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1) Oração
Deus todo-poderoso, Concedei-nos celebrar com alegria a festa do apóstolo São Tomé, para que sejamos sempre sustentados por sua proteção e tenhamos a vida pela fé no Cristo que ele reconheceu como Senhor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 20, 24-29)
24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos disseram para ele: "Nós vimos o Senhor." Tomé disse: "Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei." 26 Uma semana depois, os discípulos estavam reunidos de novo. Dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: "A paz esteja com vocês." 27 Depois disse a Tomé: "Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé." 28 Tomé respondeu a Jesus: "Meu Senhor e meu Deus!" 29 Jesus disse: "Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto."
3) Reflexão
Hoje, na festa de São Tomé, o evangelho coloca diante de nós o encontro de Jesus ressuscitado com o apóstolo Tomé que queria ver para poder crer. Foi por isso que muitos o chamam de incrédulo Tomé. Na realidade, a mensagem deste evangelho é bem diferente. É muito mais profunda e atual.
João 20,24-25: A dúvida de Tomé
Tomé, um dos doze, não estava presente quando Jesus apareceu aos discípulos na semana anterior. Tomé não crê no testemunho dos outros que diziam: “Nós vimos o Senhor”. Ele coloca condições: "Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei". Tomé é exigente. Quer ver para crer! Ele não quer um milagre para poder crer. Não! Ele quer ver os sinais nas mãos, nos pés e no lado. Ele não crê num Jesus glorioso, desligado do Jesus humano que sofreu na cruz. No tempo em que João escreve, fim do primeiro século, havia pessoas que não aceitavam a vinda do Filho de Deus na carne (2Jo 7; 1Jo 4,2-3). Eram os gnósticos que desprezavam a matéria e o corpo. É para criticar os gnósticos que o evangelho de João traz a preocupação de Tome em “ver para crer”. A dúvida de Tomé também deixa transparecer como era difícil crer na ressurreição!
João 20,26-27: Não seja incrédulo, mas tenha fé
O texto diz “seis dias depois”. Isto significa que Tomé foi capaz de sustentar sua opinião durante uma semana inteira contra o testemunho dos outros apóstolos. Cabeçudo mesmo! Graças a Deus, para nós! Assim, seis dias depois, durante a reunião da comunidade, eles têm novamente uma experiência profunda da presença de Jesus ressuscitado no meio deles. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim! Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e será sempre: "A Paz esteja com vocês!" O que chama a atenção é a bondade de Jesus. Ele não critica nem xinga a incredulidade de Tomé, mas aceita o desafio e diz: "Tomé, vem cá colocar seu dedo nas feridas!". Jesus confirma a convicção de Tomé e das comunidades, a saber: o ressuscitado glorioso é o crucificado torturado! O Jesus que está na comunidade, não é um Jesus glorioso que não teria mais nada em comum com a nossa vida de gente. Mas é o mesmo Jesus que viveu nesta terra e ele traz no corpo as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater, que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós. É neste Cristo que Tomé acredita, e nós também!
João 20,28-29: Felizes os que não viram e creram
Com ele digamos: "Meu Senhor e meu Deus!" Esta entrega de Tomé é a atitude ideal da fé. E Jesus completa com a mensagem final: "Você acreditou porque viu! Felizes os que não viram e no entanto creram!" Com esta frase, Jesus declara felizes a todos nós que estamos nesta mesma condição: sem termos visto acreditamos que o Jesus que está no nosso meio, é o mesmo que morreu crucificado!
O envio: "Como o Pai me enviou, eu envio vocês!" É deste Jesus, ao mesmo tempo crucificado e ressuscitado, que recebemos a missão, a mesma que ele recebeu do Pai (Jo 20,21). Aqui, na segunda aparição, Jesus repete: "A paz esteja com vocês!" Esta repetição acentua a importância da Paz. Construir a paz faz parte da missão. Paz, significa muito mais do que só ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo todas o necessário para viver, convivendo felizes e em paz. Esta foi a missão de Jesus, e é também a nossa missão. Jesus soprou e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). É só mesmo com a ajuda do Espírito de Jesus que seremos capazes de realizar a missão que ele nos deu. Em seguida, Jesus comunicou o poder de perdoar os pecados: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados e aqueles a quem retiverdes serão retidos!". O ponto central da missão de paz está na reconciliação, na tentativa de superar as barreiras que nos separam. Este poder de reconciliar e de perdoar é dado à comunidade (Jo 20,23; Mt 18,18). No evangelho de Mateus é dado também a Pedro (Mt 16,19). Aqui se percebe que uma comunidade sem perdão nem reconciliação já não é comunidade cristã. Numa palavra, nossa missão é criar comunidade a exemplo da comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
4) Para um confronto pessoal
1) Na sociedade de hoje, as divergências e tensões de raça, classe, religião, gênero e cultura são enormes e crescem cada dia. Como realizar hoje a missão da reconciliação?
2) Na sua família e na sua comunidade existe alguma semente de mostarda que aponta para uma sociedade reconciliada?
5) Oração final
Povos todos, louvai o Senhor, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do Senhor dura para sempre. (Sl 116, 1-2)
Vocação, espiritualidade e carisma
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Vocação, espiritualidade e carisma
*Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm
A título de corolário é oportuno insistir na íntima ligação que existe entre vocação, espiritualidade e carisma, embora cada um desses três termos acentue determinados aspectos de uma realidade única que é a relação do ser humano com Deus, relação que atinge o núcleo da existência humana. Na vida prática, é feita com certa facilidade a passagem de uma expressão para outra. Assim fala-se indistintamente de espiritualidade, vocação e carisma do Carmelo. Como já foi observado anteriormente, a nossa reflexão se move na perspectiva judaico-cristã que supõe a fé na intervenção histórica do Deus transcendente. A espiritualidade cristã aparece como a resposta humana à iniciativa divina: o que abre o horizonte da vocação. Em religiões não-cristãs, principalmente na Ásia, não se coloca geralmente, um Absoluto fora da consciência e independente do desejo humano. Assim o monge hinduísta não segue uma vocação, ele é alguém que viu, experimentou, viveu o real. É o caminho da imanência que, como vimos, possui aspectos positivos porquanto, também, na espiritualidade cristã, reconhece-se uma aspiração antropológica para uma plenitude, uma tendência do espírito para a totalidade do ser. Há, portanto, uma estrutura psico-espiritual preexistente, embora seja difícil definir a essência dessa capacidade humana de acolher a gratuidade do chamado de Deus.
“Espiritualidade” é uma palavra que, conforme o dicionário Houaiss, aparece no vocabulário da língua portuguesa no século XV. O significado da expressão original em latim spiritualitas - como também o adjetivo spiritualis - passou por uma evolução.[1] Remonta à palavra hebraica ruah que na Bíblia tem vários sentidos conforme o contexto. Em grego e latim é traduzida por pneuma/spiritus. Quando atribuida a Deus ruah indica o sopro ou espírito de Deus enquanto atua na criação: o espírito de Deus cria e recria, liberta, salva. O ser humano arrastado pelo força do demônio, é transformado: “O Espírito socorre nossa fraqueza ... E aquele que sonda os corações sabe o que o Espírito pretende quando suplica pelos consagrados de acordo com Deus” (Rm 8, 26-27). Nesta libertação fundamental do homem, o papel de Jesus é central: “Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8). É nesta perspectiva que Paulo descreve a tensão de luta entre espírito e carne. Na carta aos gálatas Paulo descreve as obras da carne em oposição aos frutos do Espírito (Gl 5,16-24). Ao homem espiritual opõe-se o homem carnal. A palavra spiritualitas, como substantivo, aparece raramente para indicar esse processo de transformação do homem que não é dispensado da própria colaboração para progredir nessa caminhada a fim de atingir a meta final.
Na Idade Média, por influência do dualismo do pensamento grego, a palavra spiritus é cada vez mais reservada para significar a esfera luminosa das coisas celestiais em oposição à escuridão da realidade material, corporal, natural. Este deslocamento do significado vai se estendendo também do ponto de vista sociológico: poder da Igreja versus poder civil, clero-leigos, bens espirituais-bens materiais. Espiritualidade é o terreno do coração, da interioridade, das intenções da vontade. São expressões em que as acentuações afetivas e psicológicas desempenham um papel muito importante. Nos séculos XVI e XVII essa mudança do significado chega a reservar o qualificativo espiritual às pessoas que levam uma vida cristã mais profunda. Devido à íntima ligação entre as expressões espiritualidade e mística, e ao fato de certos místicos serem acusados de quietismo, a desconfiança em relação à mística foi abrangendo também a espiritualidade. O conflito entre Bossuet e Fénelon, este último suspeito de quietismo, fez praticamente desaparecer, até o fim do século XIX, o uso da palavra. espiritualidade, para voltar nos primeiros decênios do século seguinte. É dessa época que datam algumas publicações científicas sobre espiritualidade de autores católicos, principalmente na França. É também neste país que, em 1928, é publicado o primeiro fascículo do conhecido Dictionnaire de spiritualité. Reservada ao âmbito católico, a palavra transborda, na segunda metade do século XX, o leito da Igreja católica estendendo-se a tudo o que diz respeito à “vida espiritual” em qualquer visão religiosa mesmo independente de quadros institucionais. O que, sem dúvida, favorece o diálogo sobre espiritualidade, mas, ao mesmo tempo, dificulta uma definição do seu objeto. A publicação de uma grandiosa enciclopédia, iniciada nos Estados Unidos a partir de 1985, intitulada World Spirituality, pode manifestar que nem a espiritualidade escapou do processo de globalização.[2] Nós vamos na perspectiva da espiritualidade judaico-cristã que supõe.
*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm- Eremita Carmelita- foi vítima de um acidente de automóvel quando retornava para o Eremitério, “Fonte de Elias”, no alto do Rio das Pedras, nas montanhas de Lídice, distrito do município de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro. O acidente ocorreu no dia 11 de junho de 2014. O sepultamento foi na cidade de Itaguaí/RJ, no dia 12, na Catedral de São Francisco Xavier, Diocese esta onde ele foi o primeiro Bispo.
[1] Cf. Kees Waaijman, o.c. pp. 358-363.
[2] Ver a crítica de Kees Waaijman ao projeto dos redatores da enciclopédia World Spirituality, o.c. pp.3-5.
Arcebispo de Indianápolis defende demissão de professor gay casado civilmente
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O arcebispo de Indianápolis, nos Estados Unidos, disse nessa quinta-feira que suas ordens para que duas escolas de Ensino Médio católicas da cidade demitissem professores gays visavam a sustentar o ensino da Igreja sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não sobre a orientação sexual. A reportagem é de America, 27-06-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O arcebispo Charles Thomps disse durante uma coletiva de imprensa que não buscou informações sobre os casamentos que envolvem os professores, mas teve que responder ao que chamou de “situação pública” dos empregados das escolas católicas que não seguem a doutrina da Igreja.
Lideranças da Cathedral High School anunciaram no domingo que estavam rescindindo o contrato do professor para evitar uma divisão com a arquidiocese, que custaria à escola o seu status de organização sem fins lucrativos e a sua possibilidade de celebrar a missa no local. Essa decisão veio apenas alguns dias depois que Thompson emitiu um decreto dizendo que a arquidiocese não reconheceria mais a Escola Preparatória Jesuíta Brebeuf como católica, porque ela insistia em manter um professor que está em um casamento com uma pessoa do mesmo sexo.
“Não se trata de uma caça às bruxas. Não vamos atrás dessas situações”, disse Thompson. “Quando elas são trazidas à minha atenção, é minha responsabilidade, meu dever, supervisionar a vida da fé, especialmente para as nossas testemunhas ministeriais.”
A arquidiocese exige que todos os professores, conselheiros de orientação e administradores das escolas católicas assinem contratos de trabalho que reconheçam que são considerados ministros que devem seguir os ensinamentos da Igreja.
As ações de Thompson provocaram abaixo-assinados online de protesto e debates nas mídias sociais. Os opositores planejaram um protesto de oração nessa quinta-feira, do lado de fora dos escritórios da arquidiocese, perto do centro de Indianápolis.
Thompson defendeu nessa quinta-feira que não estava se concentrando nos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ignorando os empregados da escola que moram juntos ou que se divorciaram e se casaram novamente sem receber a nulidade da Igreja. Ele disse que as lideranças da Igreja ajudariam os empregados a dar passos para viverem de acordo com os ensinamentos católicos.
“Trata-se da situação de vida, não da orientação”, disse Thompson. “Faríamos a mesma coisa se fosse alguém em coabitação.”
Tanto a Cathedral quanto a Brebeuf são filiadas a ordens religiosas e não são dirigidas diretamente pela arquidiocese. A Roncalli High School, de Indianápolis, administrada pela arquidiocese, demitiu ou suspendeu duas conselheiras de orientação no ano passado, por estarem em casamentos com pessoas do mesmo sexo. As mulheres impetraram denúncias federais de discriminação no emprego e disseram que pretendem entrar com ações judiciais.
Todas as três escolas recebem um financiamento significativo por meio do programa devouchers para escolas particulares de Indiana. A Cathedral, por exemplo, recebeu cerca de 1,1 milhão de dólares no último ano letivo em financiamento de vouchers para cerca de um quinto de seus 1.100 alunos, de acordo com um relatório do Departamento de Educação do Estado.
Em fevereiro, a câmara dos deputados de Indiana, dominada pelos republicanos, rejeitou uma proposta de um legislador democrata e ex-aluno da Roncalli de impedir que o dinheiro dos vouchers fosse para escolas particulares que discriminem empregados e estudantes gays.
Gina Fleming, superintendente das escolas da Arquidiocese de Indianápolis, ressaltou que o dinheiro dos vouchers não é direcionado às escolas pelos funcionários do Estado.
“É a família que recebe os dólares desses vouchers que ajudam a pagar as suas mensalidades, a sua educação e a formação nas nossas escolas”, disse ela. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Canonização de Irmã Dulce e mais quatro beatos será no dia 13 de outubro
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Durante o Consistório Ordinário Público realizado na manhã desta segunda-feira, o Santo Padre anunciou que os beatos serão canonizados, no Vaticano, durante o Sínodo para a Amazônia.
O Papa Francisco presidiu, nesta segunda-feira (1º/07), na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização de cinco Beatos, dentre os quais Irmã Dulce Lopes Pontes.
Durante o Consistório, o Santo Padre anunciou a data de canonização dos cinco beatos. Será no domingo, 13 de outubro próximo.
Além de Irmã Dulce, serão canonizados os seguintes beatos: John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis. Fonte: www.vaticannews.va
Terça-feira, 2 de julho. 13ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8, 23-27)
23Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. 25Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" 26Jesus respondeu: "Por que vocês têm medo, homens de pouca fé?" E, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. 27Os homens ficaram admirados e disseram: "Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?"
3) Reflexão
Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos setenta que se sentiam como um barquinho perdido no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parecia estar dormindo no barco, pois não aparecia para elas nenhum poder divino para salvá-las da perseguição. Em vista desta situação de angústia e desespero, Mateus recolheu vários episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderoso presença de Jesus vencedor que domina o mar (Mt 8,23-27), que vence e expulsa o poder do mal (Mt 9,28-34) e que tem poder de perdoar os pecados (Mt 9,1-8). Com outras palavras, Mateus quer comunicar esperança e sugerir que não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada do evangelho de hoje.
Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco.
Mateus segue o evangelho de Marcos, mas o abrevia e o ajeita dentro do novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,3-34), os discípulos levaram Jesus no barco e, de tão cansado que estava, Jesus dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38). O texto de Mateus é bem mais breve. Ele apenas diz que Jesus entrou no barco e os discípulos o acompanhavam. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.
Mateus 8,24-25: A situação desesperadora: “Estamos afundando!”
O lago da Galiléia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles achavam que iam afundar, então a situação era perigosa mesmo! Mas Jesus nem sequer acorda, e continua dormindo. Eles gritam: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço. É também expressão da confiança tranqüila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!
Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que vocês têm medo?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Ele se dirige a eles e diz: “Por que vocês têm medo? Homens de pouca fé!” Em seguida, ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega na casa de um amigo e o cachorro, preso na corrente, ao lado do dono, late muito contra você. Mas você não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio da tempestade acalmada evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Jesus refaz o êxodo. Evoca ainda o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2). Por fim, o episódio da tempestade acalmada evoca e realiza a profecia anunciada no Salmo 107:
23 Desciam de navio pelo mar, comerciando na imensidão das águas.
24 Eles viram as obras de Javé, suas maravilhas em alto-mar.
25 Ele falou, levantando um vento impetuoso, que elevou as ondas do mar.
26 Eles subiam até o céu e baixavam até o abismo, a vida deles se agitava na desgraça.
27 Rodavam, balançando como bêbados, e de nada adiantou a perícia deles.
28 Na sua aflição, clamaram para Javé, e ele os libertou de suas angústias.
29 Ele transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram.
30 Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado. (Sl 107,23-30)
Mateus 8,27: O espanto dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus perguntou: “Por que vocês têm medo?” Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Apesar da longa convivência com Jesus, ainda não sabem direito quem ele é. Jesus parece um estranho para eles! Quem é este homem?
Quem é este homem? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer sempre melhor o significado e o alcance da pessoa de Jesus para a nossa vida. É desta pergunta que nasceu a cristologia. Ela nasceu, não de altas considerações teológicas, mas sim do desejo dos primeiros cristãos de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas os nomes, títulos e atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Noivo, Filho de Deus, Filho do Deus altíssimo, Carpinteiro, Filho de Maria, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Rabboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho, Pastor, Pão da vida, Ressurreição, Luz do mundo, Caminho, Verdade, Vida, Videira, Rei dos judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem, é uma tentativa para expressar o que Jesus significava para eles. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior, ultrapassa tudo! Ele não pode ser enquadrado. O amor capta, a cabeça, não! É a partir da experiência viva do amor que os nomes, os títulos e as imagens recebem o seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?
4) Para um confronto pessoal
1-Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu o seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas do mar da vida já ameaçaram afogar você? O que te salvou
2-Quem é Jesus para mim? Qual o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?
5) Oração final
Uma geração conta à outra as tuas obras, anuncia tuas maravilhas. Proclama o esplendor glorioso da tua majestade e narram teus prodígios. (Sl 144, 4-5)
Segunda-feira, 1º de julho. 13ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8,18-22)
18Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago. 19Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. 20Respondeu Jesus: As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. 21Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai. 22Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.
3) Reflexão
Durante três semanas, meditamos os capítulos 5 a 8 do evangelho de Mateus. Dando seqüência à meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje trata das condições do seguimento de Jesus. Jesus decidiu ir para o outro lado do lago e uma pessoa pediu para poder segui-lo (Mt 8,18-22).
Mateus 8,18: Jesus manda passar para o outro lado do lago
Jesus tinha acolhido e curado todos os doentes que o povo havia trazido até ele (Mt 8,16). Muita gente juntou-se ao redor dele. À vista desta multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é outro. Jesus acabava de terminar o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e dizia: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e, do jeito que ele estava no barco, de onde tinha feito o discurso (cf. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. De tão cansado que estava, Jesus deitou e dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38).
Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus
No momento em que Jesus decide fazer a travessia do lago, um doutor da lei se aproxima e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, mas de um jeito um pouco diferente. Conforme Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde seria preso e morto. Tomando o rumo de Jerusalém, ele entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para poder segui-lo (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus acentua o fato de uma autoridade dos judeus reconhecer o valor de Jesus e pedir para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua a abertura ecumênica de Jesus que aceita também não judeus como discípulos.
Mateus 8,20: A resposta da Jesus ao doutor da Lei
A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: "As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Quem quer ser discípulo de Jesus deve saber o que faz. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).
Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder enterrar o falecido pai
Em seguida, alguém que já era discípulo pede licença para poder enterrar seu falecido pai: "Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai". Com outras palavras, ele pede que Jesus adie a travessia do lago para depois do enterro do pai. Enterrar os pais era um dever sagrado dos filhos (cf Tb 4,3-4).
Mateus 8,22: A resposta de Jesus
Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não adiou sua viagem para o outro lado do lago e diz ao discípulo: "Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, ele permitiu que Eliseu voltasse para casa para despedir-se dos pais (1Reis 19,20). Jesus é bem mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos era um provérbio popular usado pelo povo para significar que não se deve gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve-se olhar o objetivo com que foi usado. Assim, aqui no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova para qual ele chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do seguimento de Jesus.
Seguir Jesus. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles "seguem Jesus". Seguir era o termo que se usava para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, Seguir Jesus significava três coisas muito importantes, ligadas entre si:
- Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e recriado na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
- Participar do destino do Mestre:. Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas sua provações" (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
- Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuravam refazer em suas vidas o caminho de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?
2) As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?
5) Oração final
Compreendei bem isto, vós que vos esqueceis de Deus: não suceda que eu vos arrebate e não haja quem vos salve. Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor; ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus. (Sl 49, 22-23)
Quinta-feira, 27 de junho-2019. 12ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)
21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.
3) Reflexão - Mt 7,21-29
O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar
O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).
Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.
Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).
Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade
O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.
Comunidade: casa na rocha
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
4) Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?
5) Oração final
Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9)
Quarta-feira, 26 de junho-2019. 12ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
Ser idosos. Reflexão de José Tolentino Mendonça.
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Um ditado norte-americano diz: "A velhice não é divertida". É verdade. Ser idosos é ter que começar do zero a todo momento e fazer isso muitas vezes, obrigados a reaprender coisas básicas, que havíamos inclusive ensinado aos outros por toda a vida. Coisas simples (e incrivelmente complexas) como caminhar, organizar os próprios espaços, cuidar da alimentação, sair de casa, comunicar. Acordamos um dia e nada disso é tão óbvio quanto era antes.
O comentário é do arcebispo português José Tolentino Mendonça, arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, foi professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, publicado por Avvenire, 23-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ser idosos é fazer o que se fazia, mas muito mais devagar.
Ser idosos é sentir mais frequentemente a tentação de desistir; e, ao mesmo tempo, ter a inexplicável obstinação de recomeçar quando não pareceria mais possível.
Ser idosos é mostrar, no ponto extremo de fragilidade, ter sete vidas. Ser idosos é aceitar o presente, sentindo esgueirar-se tão próxima a imprevisibilidade, e sabiamente rir dela. Ser idosos é fazer mais com menos: saber que só se pode contar na força de uma mão ou no apoio de uma única perna, mas mesmo assim insistir e continuar.
Ser idosos é compreender o valor das migalhas, que sempre foram nosso grande alimento sem que percebêssemos. Ser idosos é lutar para manter uma conversa com um quinto do vocabulário, mas com olhos que falam cinquenta vezes mais. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Boa notícia: haverá casados padres
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Leonardo Boff,
"Agora poderemos, finalmente, nos alegrar, por termos também homens casados, bem integrados familiarmente, que poderão ser padres, acompanhando a vida religiosa dos fiéis. Será um ganho para eles e para as comunidades católicas", escreve Leonardo Boff, eco-teólogo, filósofo e escritor.
Eis o artigo.
No dia 17 de junho de 2019 o Vaticano emitiu um documento que recomendava ao Sínodo Pan-amazônico a realizar-se em outubro em Roma, que se considere a ordenação sacerdotal de homens casados, mais idosos e respeitados, especialmente indígenas, para as regiões afastadas da Amazônia. O Papa não quer uma Igreja que visita mas uma Igreja que permanece. Essa reivindicação é antiga e foi proposta pela CNBB ao Papa João Paulo II, nos anos 80 de século passado. Ele a interpretou como uma espécie de provocação; por causa disso sempre manteve relativa distância da CNBB.
Fontes eclesiásticas sérias fornecem os seguintes dados: na Igreja entre 1964-2004 70 mil sacerdotes deixaram o ministério. No Brasil sobre 18 mil padres, 7 mil fizeram o mesmo. As CEBs e os ministérios laicais visam a suprir a carência de padres. Por que não acolher os padres já casados e permitir-lhes assumir seu ministério ou então ordenar casados?
Seguramente, no Sínodo Pan-amazônico esta sugestão será acatada. Refere-se também que haverá “um ministério oficial para as mulheres” que não sabemos qual será. Em fim, teremos casados padres, antigo desiderato de muitas Igrejas.
Desde o início do cristianismo a questão do celibato foi polêmica. Desenharam-se duas tendências: uma que permitia padres casados e outra que preferia padres celibatários. Para todos era claro que o celibato não é nenhum dogma de fé. Mas uma disciplina eclesiástica, particular da Igreja ocidental. Todas as demais Igrejas católicas(ortodoxa, siríaca, melquita, etíope etc) e as cristãs não conhecem essa disciplina. Enquanto disciplina, pode ser abolida dependendo, ultimamente, da decisão do Papa.
Jesus se refere a três tipo de celibatários, chamados de eunucos ou castrados(eunoûxoi em grego ). Do último diz:”há castrados que assim se fizeram a si mesmos, por amor do Reino dos céus; quem puder entender que entenda” (Evangelho de Mateus 19,12). Reconhece que “nem todos são capazes de entender isso mas somente aqueles a quem foi dado” (Mt 19,11). Curiosamente na Primeira Epístola a Timóteo, se fala que “o epíscopo seja marido de uma só mulher…deve saber governar bem a sua casa e educar os filhos na obediência e castidade (1 Timóteo 3, 2-4).
Resumindo uma longa e sinuosa história do celibato, constata-se que ele inicialmente não existia como lei e se existia era pouco observado. Assim que o Papa Adriano II(867-872) bem como Sérgio III (904-911) eram casados. Entre o século 10 e século 13 dizem os historiadores, era comum que o sacerdote convivesse com uma companheira. No Brasil colônia era também muito frequente. Outrora, os párocos do campo geravam filhos e os preparavam para serem subdiáconos, diáconos e padres, pois não havia instituições que os preparassem.
Menção à parte merece a não observância do celibato por parte de alguns Papas. Houve uma época de grande decadência moral, chamada de “a era pornocrática” entre 900-1110. Bento IX (1033-1045), sagrado Papa com 12 anos, já “cheio de vícios”. O Papa João XII (955-964) sagrado com 18 anos vivia em orgias e em adultérios. Famosos ficaram os Papas da Renascença como Paulo III, Alexandre VI, com vários filhos e Leâo X que com pompa casava os filhos dentro do Vaticano (Ver Daniel Rops, A história da Igreja de Cristo,II, Porto 1960, p.617ss). Finalmente celebrou-se o Concílio de Trento (1545 e 1563) que impôs como obrigatória a lei do celibato para todos os que ascendessem à ordem presbiteral. E assim permanece até os dias de hoje. Foram criados seminários, onde, desde pequenos, os candidatos são preparados para o sacerdócio, numa perspectiva apologética de enfrentamento da Reforma Protestantee mais tarde, das heresias e dos “erros modernos”.
Somos a favor que haja, como em todas as demais Igrejas, padres casados e padres celibatários, não como a imposição de uma lei e pré-condição para o ministério, mas por opção. O celibato é um carisma, um dom do Espírito para quem puder vivê-lo sem demasiados sacrifícios. Jesus bem entendeu: é uma “castração” com o vazio que isso representa em afetividade e intimidade homem e mulher. Mas essa renúncia é assumida por amor ao Reino de Deus, a serviço dos outros, especialmente dos mais pobres. Portanto, esta carência é compensada por uma superabundância de amor. Para isso precisa-se de um encontro íntimo com Cristo, cultivo da espiritualidade, da oração e do autocontrole. Realisticamente observa o Mestre:”nem todos são capazes de entender isso" (Mt 19,11). Há os que o entendem. Vivem jovialmente seu celibato opcional, sem se endurecerem, guardando a jovialidade e a ternura essencial, tão solicitada pelo Papa Francisco. Bom seria se ao lado deles houvesse padres casados.
Agora poderemos, finalmente, nos alegrar, por termos também homens casados, bem integrados familiarmente, que poderão ser padres, acompanhando a vida religiosa dos fiéis. Será um ganho para eles e para as comunidades católicas. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
SEGUNDA 24: Natividade de São João Batista: o maior dos profetas
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Hoje celebramos o nascimento de São João Batista. É uma solenidade muito importante no ano litúrgico porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, como o próprio Jesus o chama em (Mt 11,11) (“Digo a verdade a vocês: Do meio dos nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista.”) Mas porque João Batista foi tão importante? Quem era esse profeta? Qual foi a sua missão? Nesse dia a liturgia da Igreja nos coloca frente a esse personagem que nos ensina, com sua vida e palavras, a ser fiéis discípulos e missionários de Jesus.
O seu nascimento é narrado no Evangelho de Lucas. Dele se anuncia que “ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus”. E efetivamente isso aconteceu. A primeira parte dessa profecia se cumpre naquela famosa passagem na qual Maria, já grávida, visita sua prima Isabel, que estava no sexto mês de gravidez, e nesse encontro, “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre...”.
A segunda parte da profecia se cumpre na vida de João Batista. Seu testemunho era tão convincente que chegaram a confundi-lo com o próprio Messias, mas ele negou com força: “Eu não sou o Cristo... Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor!". Ele sabia quem era e que sua missão era preparar os corações para acolher a vinda do verdadeiro Messias, seu primo Jesus, de quem ele se sabe “indigno de desatar a correia da sandália”.
Essa atitude de João Batista pode nos ensinar a atitude básica de todo cristão. Nós não anunciamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo. Um mundo que busca muitas vezes os aplausos para si mesmo pode contaminar os cristãos a quererem também ser o centro das atenções, mas quando isso acontece nos colocamos no lugar de Jesus e mutilamos pela raiz o anúncio do Evangelho. Uma das frases de João Batista que deveríamos sempre ter presente e que nos ajuda a não perder o horizonte de nossa vida cristã é a seguinte: “É necessário que Ele (Jesus) cresça e eu diminua. (Jo 3,30)” Nas atividades que fazemos na Igreja, nos serviços que prestamos aos mais pobres, no nosso trabalho e na nossa família é sempre oportuno que nos perguntemos se estamos nos colocando no lugar que deveria estar Jesus.
:: As virtudes e a fidelidade de São João para inspirar a vivência da fé
Uma outra passagem que também mostra com muita claridade João apontando para Jesus está em (Jo 1, 35-37). Jesus está passando por onde está João reunido com seus discípulos e quando João vê Jesus, exclama: “Eis o cordeiro de Deus”. E os discípulos, ouvindo isso, passam a seguir Jesus. É essa a missão do Batista, preparar os corações dos discípulos para se encontrarem com Jesus. E é essa também a nossa missão como batizados, preparar os corações das pessoas para que possam encontrar a felicidade que estão procurando em Jesus que é a resposta para os desejos mais profundos do coração de todo homem.
"Toda a vida de João Batista foi marcada por esse dinamismo de anúncio, de saída, de entrega generosa pelo Reino de Deus que ele anunciava".
Toda a vida de João Batista foi marcada por esse dinamismo de anúncio, de saída, de entrega generosa pelo Reino de Deus que ele anunciava. Isso normalmente não agrada a alguns e não foi diferente no caso de João Batista. Ele foi preso por Herodes por que denunciava que sua união com Herodíades era errada (Porque ela era, na verdade, mulher do irmão de Herodes). Ele ficou na prisão por um tempo, mas na primeira oportunidade que Herodíades encontrou, pediu a cabeça de João Batista em um prato e lhe foi concedida.
Também esse fato da vida de João pode nos ensinar bastante. Jesus mesmo disse que seus discípulos iam ser perseguidos como Ele mesmo foi perseguido, “mas aquele que perseverar até o final, será salvo” (Mt 24, 13). João perseverou até o final e nós também somos chamados a perseverar, claro que contando com a Graça de Deus, sem a qual isso não é possível.
Existem muitas outras passagens da vida de João Batista nas quais podemos meditar e aprender. Mas o mais importante hoje é deixar-nos interpelar pelas palavras e pela vida daquele que é a voz que clama no deserto e deixar que nossos corações se endireitem um pouquinho mais para receber melhor a Jesus, que não batiza com água como João, mas com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3, 11-12). Fonte: https://www.a12.com
*Licenciando em Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis, Pós-graduando em Antropologia Cristã pela Universidade Católica San Pablo em Arequipa, Peru.
AO VIVO- MISSA COM FREI PETRÔNIO: 23 de junho.
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AO VIVO- Santa Missa neste domingo, 23 de junho-2019 com Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita da Ordem do Carmo- direto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo do Desterro da Lapa/ RJ. Para interagir ao vivo no FACEBOOK LIVE COM O FREI PETRÔNIO- TODOS OS DIAS- às 20h, adicione a página do Frei: www.facebook.com/FreiPetroniopetros Contatos para críticas ou sugestões para o programa A Palavra do Frei Petrônio. E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, 23 de junho-2019.
AO VIVO- SANTA MISSA COM FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, O. CARM. (Domingo, 23 de junho-2019. 8h)
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AO VIVO- SANTA MISSA COM FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, O. CARM. 12º Domingo do Tempo Comum. Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro.
SANTO ANTÔNIO: Um Olhar
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, direto de Roma e Pádua, Itália, fala sobre a religiosidade Popular a Santo Antônio- um dos santos mais populares da Igreja. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 22 de julho-2019.
*DOMINGO 23 DE JUNHO-2019: Reflexão do 12º Domingo do Tempo Comum – Ano C
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A liturgia deste domingo coloca no centro da nossa reflexão a figura de Jesus: quem é Ele e qual o impacto que a sua proposta de vida tem em nós? A Palavra de Deus que nos é proposta impele-nos a descobrir em Jesus o “messias” de Deus, que realiza a libertação dos homens através do amor e do dom da vida; e convida cada “cristão” à identificação com Cristo – isto é, a “tomar a cruz”, a fazer da própria vida um dom generoso aos outros.
O Evangelho confronta-nos com a pergunta de Jesus: “e vós, quem dizeis que Eu sou?” Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. “Conhecer Jesus” é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.
A segunda leitura reforça a mensagem geral da liturgia deste domingo, insistindo que o cristão deve “revestir-se” de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida. Esse caminho faz dos crentes uma única família de irmãos, iguais em dignidade e herdeiros da vida em plenitude.
SEGUNDA LEITURA- Gal 3, 26-29
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos:
Todos vós sois filhos de Deus
pela fé em Jesus Cristo,
porque todos vós, que fostes baptizados em Cristo,
fostes revestidos de Cristo.
Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre,
não há homem nem mulher;
todos vós sois um só em Cristo Jesus.
Mas, se pertenceis a Cristo,
sois então descendência de Abraão,
herdeiros segundo a promessa.
MENSAGEM
Aos gálatas, tentados a voltar à escravidão da Lei, Paulo recorda a experiência libertadora que resultou da sua adesão a Cristo.
Pelo Batismo, os crentes foram “revestidos de Cristo” e tornaram-se “filhos de Deus”. Dizer que os crentes foram “revestidos de Cristo” significa que entre os batizados e Cristo se estabeleceu uma relação que não é apenas exterior, mas que toca o âmago da existência: pelo Baptismo, os cristãos assumiram a existência do próprio Cristo e tornaram-se, como Ele, pessoas que renunciaram à vida velha do egoísmo e do pecado, para viverem a vida nova da entrega a Deus e do amor aos irmãos.
Em todos os crentes circula, agora, a vida do próprio Cristo; essa vida veste-os completamente, da cabeça aos pés. A primeira consequência que daqui resulta é que os cristãos são livres: eles receberam de Cristo uma vida nova e não estão mais sujeitos à escravatura do egoísmo, do pecado e da morte.
A segunda consequência que daqui resulta é que os cristãos são iguais. Identificados com Cristo (porque todos – judeus e não judeus, homens e mulheres – foram revestidos da mesma vida), não há qualquer diferença ou discriminação quanto à raça, ou ao sexo; todos são “filhos”, com igual direito quanto à herança (todos são filhos do mesmo Pai e todos têm acesso, em Cristo, à mesma vida plena). A “salvação” que Cristo trouxe significa a igualdade fundamental de todos.
A questão é esta: depois de experimentar isto, os gálatas estarão dispostos a ser, outra vez, escravos?
ATUALIZAÇÃO
O cristão é, fundamentalmente, aquele que se “revestiu de Cristo”. Que significa isto, em concreto? Que assinamos um documento no qual nos comprometemos a viver como batizados? Que respeitamos apenas as leis e orientações da hierarquia? Que nos comprometemos somente a ir à missa ao domingo, a rezar o terço de vez em quando? Ou significa que assumimos o compromisso de viver como Cristo, de assumir os seus valores, de fazer da nossa vida um dom de amor, de nos entregarmos até à morte para construir um mundo de justiça e de paz para todos?
Para os judeus, contemporâneos de Jesus e de Paulo de Tarso, os pagãos e as mulheres eram gente discriminada. “Dou-te graças, Deus altíssimo – diz uma célebre oração rabínica – porque não me fizeste pagão, escravo ou mulher”. Paulo proclama, neste texto, que, a partir da nossa identificação com Cristo, toda a discriminação entre os homens e, sobretudo entre os cristãos, carece de sentido. A Igreja soube tirar as consequências deste fato? Como acolhemos os estrangeiros, os discriminados, os divorciados, os homossexuais, os drogados, as mulheres? Como filhos iguais do mesmo Deus, ou como irmãos “coitados”, que é preciso tolerar e tratar com caridade mas que não são iguais nem têm a mesma dignidade dos outros?
EVANGELHO – Lc 9,18-24: ATUALIZAÇÃO
- O Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o “caminho” que eu procuro percorrer?
- Na sociedade em geral e na Igreja em particular, encontramos muitos cristãos para quem o prestígio, as honras, os postos elevados, os tronos, os títulos são uma espécie de droga de que não prescindem e a que não podem fugir. Frequentemente, servem-se dos carismas e usam as tarefas que lhe são confiadas para se auto-promover, gerando conflitos, rivalidades, ciúmes e mal-estar. À luz do “tomar a cruz e seguir Jesus”, que sentido é que isto fará? Como podemos, pessoal e comunitariamente, lidar com estas situações? Podemos tolerá-las – em nós ou nos outros? Como é possível usar bem os talentos que nos são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas honras?
- Tem alguma importância, à luz do que Jesus aqui ensina, que a Igreja apareça em lugar proeminente nos acontecimentos sociais e mundanos e que exija tratamentos de privilégio?
- Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cujo “caminho” tem um real impacto no nosso dia a dia, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?
-É na oração que eu procuro perceber a vontade de Deus e encontrar o caminho do amor e do dom da vida? Nos momentos das decisões importantes da minha
vida, sinto a necessidade de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para me dizer?
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link- EVANGELHO DO DIA.
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