Terça-feira, dia 8 de janeiro/2019- depois da Epifania- Evangelho do dia. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, cujo Filho Unigênito se manifestou na realidade da nossa carne, concedei que, reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,34-44)
34Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde. 36Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento. 37Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer? 38Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes. 39Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde. 40E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta. 41Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes. 42Todos comeram e ficaram fartos. 43Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes. 44Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.
3) Reflexão - Mc 6,34-44
* Sempre é bom olhar o contexto em que se encontra o texto do evangelho, pois ele traz luz para descobrir melhor o sentido. Pouco antes, em Mc 6,17-29, Marcos narrou o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital, durante o qual foi morto João Batista. Aqui, em Mc 6,30-44, descreve o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galiléia lá no deserto. O contraste deste contexto é grande e ilumina o texto.
* No evangelho de Marcos a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui em Mc 6,35-44 e em Mc 8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o discípulos a respeito da multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a pena você pesquisar e refletir até descobrir em que consiste exatamente esta importância da multiplicação dos pães.
* Jesus tinha convidado os discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, foi atrás dele e chegou antes (Mc 6,33). Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão esperando por ele, ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Esta frase evoca o salmo do bom pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus esquece o descanso e começa a ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras ele orienta e guia o povo no deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta!” (Sl 23,1).
* O tempo foi passando e começava a escurecer. Os discípulos estavam preocupados e pedem a Jesus para despedir o povo. Acham que lá no deserto não é possível conseguir comida para tanta gente. Jesus diz: “Dêem vocês de comer ao povo!” Eles levam susto: “Então quer que vamos comprar pão por 200 denários?” (i.é, salário de 200 dias!) Os discípulos procuram a solução fora do povo e para o povo. Jesus não busca solução fora, mas dentro do povo e a partir do povo, pois pergunta: “Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A resposta é: “Cinco pães e dois peixes!” É pouco para tanta gente! Jesus manda o povo se acomodar em grupos e pede aos discípulos para distribuir os pães e os peixes. Todos comeram à vontade!
* É importante notar como Marcos descreve o fato. Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, abençoou os pães e os partiu e deu aos seus discípulos, para que os distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as comunidades pensar em que? Sem dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois estas mesmas palavras eram usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor. Assim, Marcos sugere que a eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da vida que dá coragem e leva a enfrentar os problemas do povo de maneira diferente, não a partir de fora, mas a partir de dentro do povo.
* Na maneira de descrever os fatos, Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos. Dar de comer ao povo faminto no deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro (cf. Ex 16,1-36). E pedir para o povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra o recenseamento do povo no deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a 4). Marcos sugere assim que Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades conhecia o Antigo Testamento, e para o bom entendedor meia palavra já bastava. Assim, eles iam descobrindo, aos poucos, o mistério que envolvia a pessoa de Jesus.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus esqueceu o descanso para poder servir ao povo. Que mensagem eu encontro aqui para mim?
2) Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Que posso fazer eu?
5) Oração final
Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. (Sal 71, 7-8)
Deus suplica: ‘Me deixem fora dessa!’
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Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos
Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos e, acima do Brasil, acima de todos, dê um jeito na esculhambação geral. Pelo contrário.
Este é um manifesto para te liberar dessas mixarias terrenas, dessas convocações para que tu te sentes à mesa dos economistas e resolvas os problemas tributários. Em seguida, assim como quem não quer nada, pedem que atravesses a esplanada dos ministérios e, ao lado dos generais, reveles o esquema para prender os caras do tráfico de drogas.
“Teje” solto, pai nosso. Volta a tratar dos problemas que te são inerentes, e não devem ser poucos, no plano celestial da Criação. Perdoa os que assumem esses cargos chinfrins do meridiano terrestre e, no meio do palavrório do gabinete, te convocam ao trabalho com cartão de ponto. Sem essa de continência ao chefe.
Que seja santificado novamente o vosso adorado nome porque a busca do Google informa estar ele relacionado 38 milhões de vulgares vezes ao do novo ocupante do palácio — e isso, te citar em vão, como sabe qualquer criança no catecismo, é dos pecados mais veniais da corrupção religiosa.
Zombam da fé, esses insensatos. Eles fazem crer aos inocentes que Deus arregaçou as mangas da santa bata, deixou de lado a sagrada escritura e desceu ao planalto central do Brasil, munido de tabelas Excel, para ajudar a equipe de burocratas no cálculo da dívida pública
Pai nosso, perdoa essas ofensas. Que o teu cenho, sempre preocupado, fique franzido apenas pela necessidade de pensar um jeito definitivo de manter o demônio nas labaredas do inferno. Enfrentar o capeta é trabalho suficiente para a glória da tua eterna existência. Persevera nesta tua divina faina. Foca no diabo.
Daqui deste fim do mundo, teus fiéis da religião sem partido pedem que te exoneres do cargo jamais solicitado e saltes de banda. Erro de santo. Não aceites as provocações para provar tua existência resolvendo os problemas da saúde, das alíquotas do Imposto de Renda e do Enem. Delega. Aqueles que professam a fé sem ideologia sabem da complexidade da tua agenda suprema e entenderão o recado óbvio aos que te chamam para governar. Deus não está nem aí para a Reforma da Previdência.
Pai nosso, este é um país deitado em berço esplêndido. Alguns ainda estão à espera de que cumpras o milagre prometido no sexto verso da tua prece, aquele do “pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Querem tudo de graça, sem o suor da labuta ultrajante. Nos discursos federativos, “Deus” é a vírgula e a água benta que disfarça o caos. Convocaram uns Chicago Boys, apóstolos modernos da padaria liberal, mas nem os colegas do ministério ao lado parecem acreditar neles — e a todo momento recomeça a gritaria por Tuas graças.
Se houvesse humor neste plenário de 2019, seria fácil te demitires de tamanhas aporrinhações, te livrares do mal com um passem bem e amém. Bastava tocar na Praça dos Três Poderes o samba do Almir Guineto, aquele do “Tudo que se faz na Terra, se coloca Deus no meio/ Deus já deve estar de saco cheio”. Mas eles estão surdos, pai nosso, histéricos para que à frente do Ministério do Supremo resolvas sozinho os problemas do país.
Seja curto-e-grosso, pai nosso, e solta tua mais apavorante voz de trovão nos ouvidos dessa gente: “Me deixem fora dessa!”. Fonte: https://oglobo.globo.com
O teólogo que tentou matar Hitler
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Livro de seus anos em Barcelona e uma nova biografia trazem ao presente Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão executado por tentar assassinar o Führer
Hegel dizia que os grandes homens são aqueles que em sua época tiveram consciência do que era necessário. Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 1906), além de um dos teólogos mais importante do século XX, foi um homem que teve essa consciência, que ele chamou de “teologia do concreto” e que levou às últimas consequências: morrer por tentar salvar o restante. Rompeu a distância entre o pensamento e ação, e isso o destinou a ser um professor que em classe ensinava que Cristo significava liberdade, a ser pastor para criar comunidade e, por fim, acabar enforcado no campo de concentraçãode Flossenbürg, cusado de estar por trás da conspiração que tentou assassinar Hitler.
Apesar de sua morte prematura, deixou uma obra que marcou o pensamento teológico contemporâneo, e que hoje continua suscitando um profundo interesse. Boa prova disso é a publicação recente da biografia Extraña gloria. Vida de Dietrich Bonhoeffer, (Estranha gloria. A vida de Dietrich Bonhoeffer), escrita pelo professor Charles Marsh e publicada pela Trotta, editora espanhola que em 2018 também editou as cartas e textos escritos durante a temporada que o pensador alemão passou em Barcelona, na Comunidade Evangélica da capital catalã, reunidos sob o título Comunidad e promesa (Comunidade e promessa).
Em 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição da raça judaica. E o teólogo decidiu passar à ação
Filho de uma família numerosa, culta, comprometida e rica —sua mãe era condessa e seu pai foi um dos psiquiatras mais importantes da Alemanha—, espiritual sem chegar a ser estritamente religiosa, o jovem Dietrich sentiu bem cedo o chamado da fé: ainda criança, brincava de batizar no jardim de sua casa, e com 13 anos sentenciou em uma refeição familiar que ele sozinho se encarregaria de reformar a Igreja. Pouco depois da morte de seu irmão mais velho, atingido por um projétil na Primeira Guerra Mundial, Dietrich anunciou a sua família que havia decidido se tornar teólogo. Suas primeiras viagens, a Roma, onde viveu apaixonado a Semana Santa, e depois a Trípoli e à Espanha, foram moldando sua fé. Em Barcelona viveu meses alegres e teve tempo para percorrer o país, do Rastro de Madri (mercado popular famoso da capital espanhola), onde comprou um óleo “que para mim é muito bom e interessante, assinado por Picasso”, até Sevilha, onde ficou embevecido com “a quantidade de jovens bem-vestidas e de notável beleza que se vê pela cidade”. Já durante esses anos de juventude comprovou como sua vocação espiritual se tornava cada vez mais humanista, mais consciente do que acabaria chamando de “cristianismo arreligioso”, que se centrava na linguagem do amor, e não nas outras perversões das quais se aproximava o religioso.
Como diz Charles Marsh nessa talvez definitiva biografia, já na primeira frase de sua tese de doutorado alertava: “Nesse estudo, a filosofia social e a sociologia serão utilizadas a serviço da teologia”. Mas na verdade era ele que se colocava a serviço dos outros, à atenção dos demais. E esse sentimento se solidificou durante sua primeira viagem aos Estados Unidos, em setembro de 1930, onde conheceu o professor Reinhold Niebuhr, um teólogo que defendia que “a pergunta sobre como analisar a situação social para responder às necessidades era mais relevante à teologia do que toda a análise morfossintática a que as sagradas escrituras eram submetidas”. A coragem e a honradez do professor acabaram contagiando o jovem alemão, cuja visão da teologia mudou definitivamente quando rezou com os negros do Harlem na Igreja Abissínia. A partir desse momento sua teologia passou a ser mais acessível, para não dizer evidente, e, como diz Marsh, começou a procurar nas religiões cristã e judaica a inspiração à paz e aos valores da cidadania.
Mas enquanto Dietrich crescia como pessoa nos Estados Unidos, seu país afundava no fascismo. Em uma carta recebida, seu irmão Klaus lhe avisou do crescimento da extrema direita, e alertava que se esses sentimentos conseguissem captar também as classes cultas, logo seria “o fim dessa nação de poetas e pensadores”. Não se enganou. Pouco tempo depois, em 30 de janeiro de 1933, Hitler foi nomeado novo chanceler do Reich. O nazismo chegou ao poder, às faculdades e aos grupos eclesiásticos que acabaram formando os Cristãos Alemães (CA), que afirmavam que “Deus escolheu um novo Israel, o volk alemão. Chegaram até mesmo a se convencer de que Jesus não havia sido judeu”. A barbárie se consolidou em 7 de abril, quando o Reichstag aprovou o parágrafo ariano. Bonhoeffer, já quase na qualidade de dissidente teológico, dizia aos seus alunos que “a única esperança estava no bebê nascido de pais judeus, não casados, no afastado povoado de Belém”. Expulso pouco a pouco da Universidade, continuou dando seu curso no seminário da Igreja Confessional em Finkenwalde, um espaço livre do nazismo a noroeste de Berlim. Entre seus discípulos conheceu Eberhard Bethge, que acabou sendo seu fiel companheiro até o final, e talvez o grande amor —não consumado— de sua vida.
No começo de 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição total da raça judaica. E o teólogo decidiu que havia chegado a hora de passar à ação. Entrou na resistência clandestina com um único objetivo: matar Hitler. Enquanto isso não parava de escrever. Em seu livro Ética dizia que “a Igreja ficou em silêncio quando deveria ter gritado, porque o sangue dos inocentes clamava aos céus”. Durou na resistência até 13 de março de 1943. Nesse dia um colega colocou uma bomba-relógio em um avião em que Hitler deviria subir. Mas o detonador falhou.
Quando bateram na porta de sua casa, na noite de 4 de abril de 1943, Bonhoeffer estava sentado no escritório de carvalho onde tantas horas havia passado desde sua infância. Antes de o levarem, teve tempo de esconder o manuscrito de Ética entre uma viga. Durante seu duro cativeiro, apesar da quantidade limitada de papel, continuou escrevendo cartas e textos que Bethge depois reuniu no famoso livro Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão, transformado hoje em um clássico da literatura teológica.
Em Barcelona viveu meses alegres e pôde percorrer a Espanha, do Rastro de Madri até Sevilha
Na noite de 8 de abril foi declarado culpado e condenado à morte. Na manhã seguinte, ele e outros colegas foram conduzidos nus à forca. O médico do campo que o acompanhou em suas últimas horas afirmou que viu o pastor “ajoelhado e rezando fervorosamente a Deus”. Acrescentou que, novamente, no local da execução, pronunciou uma breve plegária, antes de subir os últimos degraus “corajoso e sereno”. Talvez fossem os versículos 19-20 do salmo 119, o mais longo de todos os salmos, que tanto o acompanhou: “Minha alma se consome desejando teus julgamentos o tempo todo”. Mas suas possíveis últimas palavras que passaram à História foram: “Isso não é o fim para mim; é o começo da vida”. Tinha 39 anos. Fonte: https://brasil.elpais.com
Vaticano escondeu pedofilia do fundador dos Legionários de Cristo por 63 anos
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João Paulo II recebe Marcial Maciel no Vaticano, em 30 de novembro de 2004. TONY GENTILE (REUTERS)
Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada reconhece que a sede pontifícia tinha desde 1943 documentos sobre as condutas de Marcial Maciel
O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, o cardeal João Braz de Aviz, reconhece agora que o Vaticano tinha desde 1943 documentos sobre a pedofilia do fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel. O religioso foi investigado entre 1956 e 1959. “Quem o encobriu era uma máfia, eles não eram Igreja”, disse ao ser entrevistado pela revista católica Vida Nova. João Braz esteve em Madri há um mês para encerrar a assembleia geral da Confederação Espanhola de Religiosos (Confer). “Tenho a impressão de que as denúncias de abusos crescerão, porque só estamos no começo. Encobrimos isso por 70 anos e foi um enorme erro”, afirma.
Os Legionários de Cristo renascem de suas cinzas, com uma nova estrutura, após 12 anos de expiação e dez desde a morte de seu fundador, o padre Marcial Maciel, amigo de vários papas e o maior predador sexual na história recente da Igreja. Apresentado durante anos por João Paulo II como apóstolo da juventude e mimado por incontáveis bispos e cardeais, muitos deles espanhóis, Bento XVI o penalizou em 2006, meses depois da morte do Pontífice polonês, a se retirar ao México para o resto de sua vida, dedicado “à penitência e à oração”. Morreu sem pedir perdão dois anos mais tarde, quando uma comissão de investigação já havia revelado sem sombra de dúvidas suas atividades criminosas e uma vida de crápula tolerada pelo Vaticano.
O EL PAÍS publicou em 2006 que o fundador legionário havia sido investigado entre outubro de 1956 e fevereiro de 1959 por encargo do cardeal Alfredo Ottaviani, à época o grande inquisidor romano. Maciel estudou na Universidade Pontifícia de Comillas, à época com sede na Cantábria, de onde foi expulso com alguns colegas sem que os jesuítas tomassem medidas adicionais. A inspeção do Vaticano foi supervisionada pelo claretiano basco e futuro cardeal Arcadio Larraona. Durante esse tempo, Maciel foi suspenso como superior geral, e expulso de Roma. Larraona enviou seus inspetores ao seminário de Ontaneda, entre outros centros. Não adiantou nada e Maciel voltou a cometer seus crimes, com mais poder. Ratzinger também não agiu em 1999, apesar das evidências depositadas sobre sua mesa de presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, o Santo Ofício da Inquisição do passado.
As denúncias de suas incontáveis vítimas, que mais tarde ganharam a companhia das mulheres com as quais o padre Maciel teve filhos, ficaram mais fortes até se tornarem insuportáveis ao Vaticano. Ninguém tomou medidas. “Não se processa um amigo do Papa”, disseram os que deveriam intervir, em primeiro lugar o cardeal Josep Ratzinger, hoje Papa emérito. Maciel também era seu amigo, além de confessor do Papa polonês em várias ocasiões. “Esperavam que Deus lhes retirasse do atoleiro com a morte de João Paulo II e a do acusado”, disse em 1999 uma de suas vítimas e denunciante, Alejandro Espinosa, que teve a infelicidade de ser presa predileta do fundador legionário no frio casarão do seminário de Ontaneda (Cantábria).
Marcial Maciel Degollado (Cotija, Estado de Michoacán, México, 1920-2008), era cotado para santo até que vários dos seminaristas dos quais abusou se uniram para clamar desesperadamente ao Vaticano. “É um guia eficaz da juventude”, dizia sobre Maciel João Paulo II quando as denúncias já eram públicas. Apenas uma semana antes de Ratzinger notificar a abertura de uma investigação, o célebre fundador festejou seus 60 anos de sacerdócio em um ato do qual participaram o Papa e seu secretário de Estado, cardeal Angelo Sodano.
Maciel chegou à Espanha no final dos anos 40 do século passado para estender sua função, protegido pelo à época ministro das Relações Exteriores do ditador Francisco Franco, o democrata-cristão Alberto Martín Artajo. Vinha avalizado pelo Papa Pio XII, que o recebeu em 1941, logo após fundar, com apenas 21 anos, os Legionários de Cristo e o Regnum Christi, inicialmente com o nome de Missionários do Sagrado Coração e da Virgem das Dores.
Ricardo Blázquez, cardeal arcebispo de Valladolid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), foi um dos cinco inspetores encarregados em 2010 por Bento XVI de depurar a organização, na qual fizeram carreira outros pedófilos junto ao fundador. Algumas das vítimas acreditaram à época que o Papa eliminaria os Legionários da maneira como funcionavam, para refundá-los com outro carisma. Assim declarou ao EL PAÍS o sacerdote Félix Alarcón, ex-dirigente legionário em vários países, ele mesmo vítima de abusos quando era criança. “O Vaticano recebeu 240 documentos que evidenciavam que a situação era conhecida muito antes do reconhecimento de que era conhecida. Nossa denúncia é de 1988, e enquanto Ratzinger era cardeal, essa terrível batata quente era passada de um lado para o outro, sem que nenhuma medida fosse tomada. Acho que a Legião tal como a entendíamos deveria ser eliminada”, disse em sua casa em Madri.
Existiu um antecedente, com o Vaticano na primeira fila de culpa e penitência por encobrir uma rede de pedófilos nas Escolas Pias do aragonês são José de Calasanz, fundador da Ordem de Clérigos Regulares Pobres, conhecidos agora como esculápios. Um dos pedófilos, o padre Stefano Cherubini, teve tanto poder de encobrimento que chegou a ser superior da ordem, derrubando o fundador. Os esculápios foram punidos com a extinção e Calasanz morreu aos 91 anos em Roma ainda em desgraça. Oito anos depois, a congregação foi reabilitada. O escândalo não impediu que Calasanz fosse elevado aos altares. Em 1948 foi declarado patrono universal das Escolas cristãs por Pio XII.
O MOVIMENTO CRESCEU UM 3% EM SUA TRAVESSIA DO DESERTO
O conhecimento público dos escândalos de pedofilia dentro dos Legionários de Cristo, até então um dos grandes movimentos do novo catolicismo, fez com que o Vaticano promovesse, por fim, a chamada “tolerância zero”, o lema com o qual o cardeal alemão Ratzinger ganhou o pontificado. Não foi ouvido e acabou renunciando ao cargo, em um gesto sem precedentes em séculos.
A punição a Marcial Maciel e sua organização foi rigorosa, mas não a extinguiu. Entre outras exigências, além da proscrição do fundador, os legionários deixariam de comemorar as diversas efemérides de Maciel; deveriam deixar de chamá-lo “nosso pai” e ignorar seu nome em público; eliminar de seus colégios todas as fotografias em que ele estivesse sozinho e com João Paulo II, e deixar de vender seus livros. Houve uma exceção por respeito à “liberdade pessoal”: quem desejasse conservar “de maneira privada” alguma fotografia do fundador, ler seus escritos e escutar suas conferências, poderia fazê-lo, porém discretamente.
Com esse longo processo de purgação e depuração, e eliminados os colaboradores mais próximos de Maciel, o Vaticano acaba de aprovar os novos estatutos da Legião, que a reconhecem “canonicamente como Sociedades de Vida Apostólica de direito pontifício” e como “uma federação formada e governada colegiadamente entre os Legionários de Cristo, as Consagradas e os Laicos Consagrados, com voto consultivo dos laicos, que se associarão individualmente à Federação”. Seu órgão de governo se chamará Colégio diretivo.
Longe de perder associados, durante a crise a Legião cresceu 3%. Hoje são 21.300 membros seculares, 526 consagrados, 63 laicos consagrados, 1.537 legionários de Cristo e 11.584 membros adolescentes em uma organização chamada ECYD. Em sua obra educativa (154 colégios, 5 academias internacionais, 14 universidades civis e quatros eclesiásticas), se formam 176.000 alunos.
Na Espanha, são responsáveis pelo santuário diocesano de Nossa Senhora de Sonsoles em Ávila e possuem seminários em Ontaneda (Cantábria) e Moncada (Valência). Também possuem a Universidade Francisco de Vitoria, em Pozuelo (Madri); a rede de colégios Everest e Cumbres; a organização Highlands; a rede de colégios Mão Amiga, e a agência de notícias Zenit. Fonte: https://brasil.elpais.com
PADRE WELITON: Feliz Ano Novo.
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1º DE JANEIRO-2019: Missa ao vivo
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AO VIVO- Santa Missa nesta terça-feira, dia 1º de janeiro-2019 com Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita da Ordem do Carmo, direto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo do Desterro da Lapa/ RJ. Para interagir ao vivo no FACEBOOK LIVE COM O FREI PETRÔNIO- TODOS OS DIAS- às 20h, adicione a página do Frei: www.facebook.com/freipetronio1
1° de Janeiro: Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Ano C
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1° de Janeiro: Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Ano C
Dia Mundial da Paz
*Tema da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade da Mãe de Deus: somos convidados a olhar a figura de Maria, aquela que, com o seu sim ao projeto de Deus, nos ofereceu a figura de Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI quis que, neste dia, os cristãos rezassem pela paz. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nunca nos deixa, mas que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude. As leituras de hoje exploram, portanto, diversas coordenadas. Elas têm a ver com esta multiplicidade de evocações.
O Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que veio ao nosso encontro em Jesus) provoca alegria e contentamento por parte daqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os débeis. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu cuidado e amor e a testemunhar a libertação de Deus aos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível ao projeto de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
ATUALIZAÇÃO- EVANGELHO – Lc 2, 16-21
Mais uma vez fica claro, neste texto, o projeto que Deus tem para a humanidade, em Jesus: apresentar-nos uma proposta libertadora, que nos leve a superar a nossa fragilidade e debilidade e a encontrar a vida plena. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou no brilho da nossa posição social? Quando anunciamos Jesus aos nossos irmãos, é esta a proposta que nós apresentamos – sobretudo aos mais pobres e marginalizados?
Diante da boa nova da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu empenho em nos libertar da nossa debilidade e escravidão?
Os pastores, depois de terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se testemunhas desse projeto. Sentimos, também, o imperativo do “testemunho” dessa libertação que experimentamos?
Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos banais do nosso dia a dia?
ANOTAÇÕES DO FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, PADRE CARMELITA E JORNALISTA/RJ.
Segundo o evangelho; (Lc 2, 19). “Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles no seu coração”.
Na espiritualidade carmelitana, nos deparamos com uma famosa frase do Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial. Para o Beato, “Devemos olhar o mundo com Deus no fundo”. Ou seja, a exemplo de Maria no Evangelho de hoje, sob hipótese alguma devemos perder a esperança, mas, com fé, perceber a ação de Deus que vai perpassar todo este ano que se inicia.
Só quem sabe olhar os fatos e os acontecimentos com os olhos de Deus- ou da fé- consegue encontrar sinais de esperança, mesmo em momentos difíceis que com certeza teremos que enfrentar neste ano novo. Só quem sabe conservar esta fé e este olhar – de Deus- consegue encontrar caminhos alternativos para superar os fracassos, as limitações e as derrotas- e Maria venceu todas estas noites porque o seu foco estava em Deus, somente Nele!
Em outras palavras, não somos cristãos de sonhos vazios ou seguidores de um Deus mágico que resolve todos os problemas com um toque, não, estamos conscientes da nossa missão e da nossa responsabilidade na construção de um novo ano com os pés no chão da nossa realidade e do nosso olhar atento e de fé. Que a Senhora do Carmo, nossa Mãe, seja de fato este inspiração para olhar além do olhar. E tenho dito!
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Espetáculo inédito no Cristo Redentor começa logo após a queima de fogos
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No Réveillon, o monumento vai receber projeções com rotação ilusória da estátua.
RIO — Logo depois da meia-noite, assim que acabar a queima de fogos em Copacabana, o estátua do Cristo Redentor vai se transformar em um espetáculo de arte e tecnologia. O monumento receberá pela primeira vez projeções digitais simultâneas, tanto na face frontal quanto na face posterior do Cristo Redentor. Um dos pontos altos será uma rotação ilusória de 180º do monumento, por meio da qual o Cristo, com as técnicas de videomapping, se voltará para os bairros da cidade que ficam às suas costas. A previsão é de tempo firme no Rio durante o réveillon, com chance mínima de chuva na virada do ano , o que permitirá que as pessoas assistam ao espetáculo.
Haverá também mensagem de paz, em linguagem de sinais (Libras). Embora o evento não seja aberto ao público, essas projeções poderão ser vistas dos bairros próximos à Floresta da Tijuca e também na Praia de Copacabana, transmitidas por um telão.
A iniciativa, em parceria com o Projeta Rio, é uma homenagem da Arquidiocese do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Turismo e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade a todos os cariocas e aos visitantes e àqueles que amam a Cidade Maravilhosa. Fonte: https://oglobo.globo.com
Os arquivos da Igreja: o bordel dos franciscanos e um assassinato na missa
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Historiador retrata subterrâneos dos séculos XVII e XVIII através de documentos da Justiça eclesiástica
Em uma rua do centro de Zaragoza havia uma casa com as janelas sempre fechadas pela qual desfilavam autênticas romarias de padres franciscanos entrando e saindo com chave própria. Em uma das visitas, vários deles chegaram até a se trancar ao mesmo tempo em um quarto com uma mulher de nome Francisca. Até que os vizinhos disseram basta e acabaram com esse “lupanar especializado”. Uma simples denúncia de um morador da mesma rua acabou com o prostíbulo preferidos dos franciscanos no século XVII.
Se esse processo não ficou enterrado em séculos de história é porque chegou aos tribunais com todos os detalhes. Os arquivos judiciais eclesiásticos reúnem centenas de relatos de amores proibidos, terríveis agressões sexuais, prostituição, a à época proibida homossexualidade e até brigas em plena missa. O historiador Juan Postigo mergulhou durante meses no arquivo diocesano de Zaragoza para rastrear os subterrâneos da sociedade dos séculos XVII e XVIII.
“Os documentos são realmente explícitos. Como não existiam provas forenses, os investigadores faziam interrogatórios extenuantes que ficaram completamente registrados”, diz o pesquisador, cujo trabalho está no livro El Paisaje y las Hormigas (A Paisagem e as Formigas). Como diz Postigo, muitas das práticas consideradas ilegais eram aceitas pela sociedade, até que um ponto de inflexão as transformava em insustentáveis e chegavam aos tribunais. No caso do prostíbulo dos franciscanos, o detonador foi a discussão de um dos vizinhos com o dono da casa.
Os processos judiciais mostram pequenos retratos dos costumes da época. Um deles narra a tempestuosa relação entre um nobre e uma criada, que acabou com a gravidez dela. Quando a mulher foi pedir ajuda ao homem para criar o bebê ele se esquivou de suas responsabilidades, de modo que ela recorreu a uma feiticeira moura. Um criado escutou a mulher em plena conversa com a suposta bruxa e contou ao nobre, que sugestionado pelas práticas mágicas começou a ter problemas para ter relações sexuais e decidiu ajudar a mãe de seu filho.
O gênero feminino precisou entrar dentro dos padrões moralistas de uma vida dependente do marido. Se elas queriam manter idílios amorosos precisavam entrar no mundo da ilegalidade
Nas leis morais da época, o público e o privado se confundem. Os escritos mostram denúncias contra nobres por deitarem-se com algumas de suas criadas. E, por exemplo, uma acusação contra a mulher de um hospedeiro por manter uma relação com um hóspede. “A sexualidade só tinha espaço dentro do casamento, todo o resto era perseguido. Além disso, as pessoas de diferentes classes não podiam ficar juntas e constantemente encontramos casos de homens e mulheres que burlaram essas normas”, diz Postigo.
O historiador define a mulher como um “agente de transgressão permanente”, pelas rígidas regras em que estavam presas. “O gênero feminino precisou entrar dentro dos padrões moralistas de uma vida dependente do marido. Se elas queriam manter idílios amorosos precisavam entrar no mundo da ilegalidade”. Também são detalhados numerosos casos de maus-tratos a mulheres, que se tornavam assunto público somente quando a crueldade era especialmente grave, como no caso de Agustín Pintor, um homem que obrigava sua mulher a se prostituir, a agredia quando os clientes se cansavam e deixavam de pagar e andava pelo mercado com sua amante abertamente”. A pobreza tornava as mulheres dependentes dos homens”, afirma Postigo.
Além das histórias de bairro levadas a julgamento, os documentos dão descrições detalhadas de fatos atrozes, como tiros no meio da noite, mães que prostituem suas filhas e agressões sexuais a meninas. O escritor pega o assassinato dentro da basílica do Pilar do ourives Tomás Teller, que ao acabar suas orações recebeu um tiro de rifle de alguém que havia preparado cuidadosamente o lugar e o modo que iria acabar com sua vida. Aconteceu na noite de 29 de agosto de 1687. “Como os templos eram os lugares em que a sociedade cristã passava a maior parte de sua vida, também se transformaram em cenários de crimes”, diz Postigo.
A vizinha catedral de La Seo também abrigou contendas, como a impressionante briga a socos de dois religiosos em plena missa de 2 de novembro de 1747. Tudo aconteceu porque um disse ao outro que ele havia se esquecido de ler um versículo.
Postigo extrai uma conclusão da análise dos crimes passados: “As rigidezes impositivas só faziam com que as pessoas precisassem encontrar brechas para satisfazer seus instintos. Muitas vezes pode ser contraproducente deixar as pessoas presas demais”. Fonte: https://brasil.elpais.com
40 missionários assassinados em 2018, revela Ag. Fides
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No ano que está para terminar, a Agência Fides apresenta o relatório com números e circunstâncias em que missionários - "batizados comprometidos na vida da Igreja" - foram mortos em diversas partes do mundo de forma violenta, não necessariamente por ódio à fé.
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
No total são 40, quase o dobro de 2017, os missionários assassinados no ano que está prestes a acabar. A maior parte deles, sacerdotes, 35.
Segundo dados coletados pela Agência Fides, após oito anos consecutivos em que o número mais elevado de missionários assassinados foi registrado na América, em 2018 é a África a ocupar o primeiro lugar neste trágico ranking. Também neste ano muitos perderam suas vidas durante tentativas de roubo ou furto, em contextos sociais de pobreza, degradação e onde a violência é a regra da vida, a autoridade do Estado ausente ou enfraquecida pela corrupção, ou onde a religião é instrumentalizada para outros fins.
O sacrifício da África
19 sacerdotes, 1 seminarista e 1 leiga são as vítimas na África. Comove a morte de Thérese Deshade Kapangala, da República Democrática do Congo. Ele tinha apenas 24 anos de idade e estava se preparando para começar seu caminho de postulante entre as Irmãs da Sagrada Família. Ela foi assassinada em janeiro 2018 pela violenta repressão dos militares que tentavam sufocar os protestos contra as decisões do Presidente Kabila, promovidos por leigos católicos em todo o país.
Thérese, que cantava no coro da paróquia e era muito ativa na Legião de Maria, havia participado da Missa na cidade de Kintambo, ao norte de Kinshasa. Logo depois, ela tentou organizar uma marcha de protesto. O exército estava do lado de fora da igreja e abriu fogo contra os manifestantes que buscavam abrigo no templo. Thérese foi atingida ao tentar proteger uma criança com seu corpo.
Um massacre brutal em que foram mortos na Nigéria padre Joseph Gor e padre Felix Tyolaha por pastores / jihadistas nos povoados de Mbalom, no Estado de Benue, na parte central do país que divide o norte de predominância muçulmana, do sul em grande parte habitado por cristãos.
O massacre ocorreu na madrugada de 24 de abril de 2018, durante a Missa matinal, muito frequentada. Tinha acabado de iniciar e os fiéis ainda estavam entrando na igreja, quando vários tiros foram disparados por um grupo armado. Dezenove pessoas, incluindo os dois padres, foram mortas a sangue frio. A seguir, os bandidos entraram no povoado, saquearam e destruíram mais de 60 casas.
Idoso e muito amado era padre Albert Toungoumale-Baba, centro-africano, 71, morto na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, não muito distante do bairro PK5 Bangui, capital da República Centro-Africana, onde houve um massacre que provocou a morte de pelo menos 16 pessoas e que causou uma centena de feridos. Um grupo armado atacou a paróquia, enquanto padre Albert e alguns fiéis estavam celebrando a Missa para a festa de São José, em 1º de maio de 2018. O sacerdote assassinado, um dos mais idosos da diocese de Bangui, muito estimado pelos fiéis, encontrava-se naquela igreja para a celebração como capelão do movimento "Fraternité Saint Joseph".
Amor pelas pessoas e paixão pela fé
Também a América pagou um alto tributo de vidas em 2018. Foram assassinados 12 padres - 7 somente no México - e 3 leigos. Entre as vítimas, chama atenção a história do padre Juan Miguel Contreras García, ordenado sacerdote pouco antes de morrer. Tinha apenas 33 anos, quando na noite de 20 de abril de 2018 foi morto no final da Missa que celebrava na Paróquia São Pio de Pietrelcina, em Tlajomulco, Estado de Jalisco (México), onde estava substituindo outro sacerdote ameaçado de morte.
Um comando invadiu a igreja dirigindo-se à sacristia, onde abriu fogo contra o sacerdote.
Padre Riudavets Carlos Montes, um padre espanhol da Sociedade de Jesus (SJ) 73 anos, foi encontrado amarrados e com sinais de violência na comunidade indígena peruana de Yamakentsa. Padre Riudavets havia formado centenas de líderes indígenas e era totalmente consagrado à sua missão, sempre disponível. Também ele amava a comunidade e por ela era amado.
Missionários: partilha e coragem
Das diferentes histórias que a Agência Fides relata no final de 2018, surge um único denominador comum: a partilha que em cada latitude, padres, religiosos e leigos são capazes de estabelecer com as pessoas, levando um testemunho evangélico de amor e de serviço para todos, e a coragem pela qual, mesmo diante de situações de perigo, os missionários permanecem em seu lugar, para serem fiéis aos seus compromissos. Fonte: www.vaticannews.va
Afinal, onde e quando Jesus nasceu?
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O Natal é uma bela e adorável lenda já que Jesus não nasceu nem 24 de dezembro, nem Belém e nem uma manjedoura
Todo ano, com a chegada do Natal, há sempre quem me pergunte, lembrando de meus estudos bíblicos: “Onde realmente nasceu Jesus?”. É verdade que não nasceu em Belém e sim na minúscula aldeia de Nazaré, na região da Galileia?
É verdade que não nasceu em 24 de dezembro? Sabemos o que fez até aparecer em público com 30 anos? Era casado? Teve filhos? Por que o mataram? Por ser revolucionário político ou por desafiar o poder do Templo judaico?
O Natal tal como é comemorado pelos cristãos, católicos, protestantes e evangélicos é hoje uma lenda de acordo com os especialistas em estudos bíblicos. Uma bela e adorável lenda criada para que se cumprissem as profecias segundo as quais o Messias deveria ser da estirpe de Davi, que havia nascido em Belém.
Na verdade, Jesus e toda sua família eram de Nazaré. Todos judeus. A lenda do nascimento de Jesus conta que nasceu no inverno, em uma manjedoura, entre animais que lhe davam calor, adorado por três reis do Oriente que lhe levaram de presente ouro, incenso e mirra.
Junto com a de seu nascimento em Belém nasceu também a lenda da fuga ao Egito porque o rei Herodes queria matar o bebê. Como não conseguiu encontrá-lo, teria mandado matar todos os meninos menores de dois anos. Uma história cheia de simbolismos que acaba encantando pequenos e grandes.
A lenda do nascimento de Jesus é silenciada por dois dos quatro evangelhos canônicos: o de Marcos, considerado o mais antigo, e o de João. Eles iniciam o relato da vida de Jesus quando já era adulto. Dão como certo que Jesus e toda sua família eram oriundos da aldeia de Nazaré, tão pequena que não aparece nos mapas daquele tempo. Tão rural, que nela se falava um dialeto do aramaico, a língua oficial. O hebraico havia se transformado em uma língua de culto. Tão insignificante naquele tempo que os fariseus, diante da fama que ganhava o profeta, se perguntavam “se em Nazaré era possível fazer algo bom”.
A Igreja batizou como cristã a grande festividade pagã dos romanos
O judeu Jesus que daria origem ao futuro cristianismo nasceu sem cantos de anjos, magos vindos do Oriente para adorá-lo, manjedoura e sem ser perseguido por Herodes. Não nasceu em 24 de dezembro, pelo simples fato de que em nenhum dos textos evangélicos se fala dessa data. Foi escolhida pela Igreja mais tarde porque os cristãos queriam comemorar a festividade de seu nascimento.
Foi decidido que era em 24 de dezembro porque era a grande festa de Roma, a festa ao deus Sol. A Igreja batizou como cristã a grande festividade pagã dos romanos.
Outro dos argumentos dos biblistas para defender que Jesus nasceu em Nazaré se refere ao fato de que os judeus eram chamados pelo nome do pai e pelo lugar de nascimento. Jesus deveria ser chamado de Jesus de José e Jesus de Belém, algo que não aparece em nenhum texto bíblico. Neles, em todos, é chamado simplesmente de Jesus de Nazaré.
Uma coisa é certa: ninguém sabe o que Jesus fez até os 30 anos, que é quando aparece em público. Ultimamente alguns defenderam que Jesus era analfabeto. Nada mais falso. Em todo caso, o mistério está em saber como conhecia tanto após viver até então fechado no pequeno povoado da Galileia trabalhando como carpinteiro e pedreiro.
De fato, aos 30 anos Jesus se mostra capaz de discutir com os doutores da lei, conhecia os textos sagrados do judaísmo, várias culturas como a grega e a dos gnósticos e outras religiões como o budismo.
Jesus era culto e até intelectuais como Nicodemos iam se encontrar com ele de noite, às escondidas, para discutir questões filosóficas como a da metamorfose indispensável para poder dar um salto quântico do frio culto à lei para a liberdade de espírito do novo Reino por ele anunciado.
Nascem assim as hipóteses de que em vez de ter ficado em Nazaré teria viajado ao Egito e até à Índia durante sua juventude. Conhecia bem a cultura grega. Quando os apóstolos lhe apresentam um grupo de gregos que queria conhecê-lo, usa com eles uma fina ironia. Sabendo que para eles a beleza corporal era fundamental e critério de poder, Jesus lhes conta a parábola da semente, que se não apodrecer na terra e não for coberta de esterco, não nascerá e não dará frutos. O oposto aos critérios puros da estética da beleza grega.
Jesus era casado? Poucos teólogos e especialistas em questões bíblicas, tanto católicos como protestantes, duvidam disso atualmente. Era prática inconcebível a um judeu de seu tempo não ter família e descendência já que o judaísmo era transmitido de mãe para filho.
Esse motivo era tão forte que na Bíblia, aos patriarcas cujas esposas eram estéreis, Deus pedia que se deitassem com uma das escravas para dar-lhes descendência. Foi o caso, por exemplo, de Abraão casado com Sara que não podia procriar.
Jesus foi casado sem dúvida com Madalena que não era, como a Igreja afirmou durante séculos, uma prostituta e diabólica
Com quem era casado? Sem dúvida com Madalena, que não era, como a Igreja afirmou durante séculos, uma prostituta e diabólica. Muito provavelmente era uma conhecedora da doutrina gnóstica, como aparece em alguns evangelhos da seita. Jesus confiava a ela seus maiores segredos, algo que causava ciúmes em Pedro: “Por que a ela e não a nós?”, se pergunta em um dos evangelhos gnósticos.
Se ela não fosse sua mulher não teria sido a ela a quem apareceu no dia da ressurreição, antes mesmo que a sua mãe. Pedro ficou perplexo se perguntando por que não teria aparecido a eles, seus discípulos, já que além disso as mulheres não eram importantes e confiáveis naquele tempo. Nem mesmo como testemunha a um juiz.
Esse fato sempre foi a grande dor de cabeça de Tomás de Aquino, doutor da Igreja, que morreu sem entender por que Jesus não apareceu a Pedro primeiro, que era o chefe do grupo de apóstolos, e o fez a uma mulher.
Então, se Jesus não nasceu em Belém em 24 de dezembro vale a pena comemorar o Natal? Sim, porque essa lenda leva em suas entranhas a vontade do ser humano de parar uma vez por ano para comemorar a vida, para apostar na paz, um parêntese ao perdão e à aceitação dos outros, principalmente dos diferentes.
Não foi por ser diferente, por não se dobrar ao poder tirano e injusto, por predicar o perdão, abençoar prostitutas e perversos e tocar leprosos que Pilatos mandou pregá-lo ainda jovem em uma cruz? Onde e quando nasceu é o que menos importa.
Meu amigo Jorge Perelló me escreve para me desejar Feliz Natal, que diz “existir somente aos rejeitados”, e acrescenta: “o resto é lenda, história e até superstição”.
É verdade, mas nesse caso todos nós cabemos no Natal, já que de uma maneira ou de outra todos somos de algum modo rejeitados por alguém, pobres de algo, solitários, exilados, às vezes de nós mesmos e ao mesmo tempo procuramos essa paz que o mundo rejeita porque é mais fácil matar e mandar matar do que amar e perdoar.
Por isso, apesar de tudo, Feliz Natal!
Fonte: https://brasil.elpais.com
VOCAÇÃO: As pessoas que são chamadas
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
Os doze apóstolos e as outras pessoas, homens e mulheres, que seguiam a Jesus não eram santas nem perfeitas. Eram pessoas comuns, como todos nós. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um e cada uma. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós. Eis o que se pode afirmar a respeito de algumas destas pessoas chamadas por Jesus:
Pedro:
Era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia e ele voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72).
Tiago e João:
Estavam dispostos a sofrer com Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9,54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17).
Filipe:
Tinha jeito de colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era prático em resolver os problemas (Jo 6,5-7; 12,20-22). Jesus chegou a perder a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e você ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André:
Era uma pessoa muito prática. Foi ele que encontrou o menino com cinco pães e dois peixes (Jo 6,8-9). É a ele que Filipe se dirige para resolver o caso dos gregos que queriam ver a Jesus (Jo 12,20-22), e é André que chama Pedro para encontrar-se com Jesus (Jo 1,40-43).
Tomé:
Era cabeçudo, capaz de sustentar a sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas era humilde. Quando viu que estava errado, não teve medo de reconhecer sua falta (Jo 20,26-28).
Natanael:
Era bairrista e não podia admitir que algo de bom viesse de Nazaré (Jo 1,46). Este Natanael aparece só no evangelho de João. Alguns o identificam com o Bartolomeu que aparece na lista do evangelho de Marcos (Mc 3,18).
Mateus:
Era um publicano, pessoa excluída pela religião dos judeus (Mt 9,9). Sabemos pouco da vida dele. No evangelho de Marcos e de Lucas ele é chamado Levi (Mc 2,14; Lc 5,27). O nome Mateus significa Dom de Deus. Os excluídos são um "mateus" (dom de Deus), para a comunidade.
Simão:
Era um zelote (Mc 3,18). Dele só sabemos o nome e o apelido. Ele era zelote, isto é, fazia parte do movimento popular da época. (Veja página 4 de "Jesus frente à realidade do seu povo").
Judas:
Guardava o dinheiro do grupo (Jo 12,6; 13,29). Tornou-se o traidor de Jesus (Jo 13,26-27). O nome completo era Judas Iscariot (Mc 3,19; Mt 10,4). Alguns acham que ele era de Kariot, um lugarejo que ficava na Judéia. Judas seria o único judeu num grupo de onze galileus. Setenta anos depois da traição, no fim do primeiro século, o autor do evangelho de João ainda tem raiva de Judas e o chama de "ladrão" (Jo 12,4-6).
Nicodemos:
Era membro do Sinédrio, isto é, do Supremo Tribunal da época. Homem importante. Ele aceita a mensagem de Jesus, mas não tem coragem de manifestá-lo publicamente (Jo 3,1).
Joana e Susana:
Era a esposa de Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galileia. Junto com Susana e outras mulheres, ela seguia a Jesus e o servia com seus bens (Lc 8,2-3).
Maria Madalena:
Era nascida da cidade de Magdala. Daí o nome Maria Ma(g)dalena. Jesus a curou de sete demônios (Lc 8,2). Ela foi uma das maiores amigas de Jesus e o seguiu até ao pé da Cruz (Mc 15,40). Depois da páscoa, foi ela que recebeu de Jesus a ordenação de anunciar aos outros a Boa Nova da Ressurreição (Jo 20,17; Mt 28,10).
E muitas outras e outros....
A maior parte dos que seguem Jesus para formar comunidade com ele eram pessoas simples, sem muita instrução (At 4,13; Jo 7,15). Entre eles havia homens e mulheres, pais e mães de família (Lc 8,2-3; Mc 15,40s). Alguns eram pescadores (Mc 1,16.19). Outros, artesãos e agricultores. Mateus era publicano (Mt 9,9). Simão, do movimento popular zelote (Mc 3,18). É possível que alguns tenham sido do grupo dos revoltosos, pois carregavam armas e tinham atitudes muito violentas (Mt 26,51; Lc 9,54; 22,49-51). Outros ainda tinham sido curados por Jesus de doenças ou libertados de algum mau espírito (Lc 8,2).
- Havia também alguns mais ricos: Joana (Lc 8,3), Nicodemos (Jo 3,1-2), José de Arimatéia (Jo 19,38), Zaqueu (Lc 19,5-10) e outros. Estes sentiram na carne o que quer dizer romper com o sistema e aderir a Jesus. Nicodemos, ao defender Jesus no tribunal, foi vaiado (Jo 7,50-52). José de Arimatéia, ao pedir o corpo de Jesus, correu o risco de ser acusado como inimigo dos romanos e dos judeus (Mc 15,42-45; Lc 23,50-52). Zaqueu devolveu quatro vezes o que roubou e deu a metade de seus bens aos pobres (Lc 19,8). Todos eles, tanto os pobres como os poucos ricos, podiam dizer com Pedro: "Nós deixamos tudo e te seguimos!" (Mt 19,27). Todos eles tiveram que fazer a "mudança de vida", a "conversão" que Jesus pedia (Mc 1,15).
- Jesus passou uma noite inteira em oração antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos (Lc 6,12-16). Rezou para saber a quem escolher. E escolheu as pessoas cujos retratos, conservados nos evangelhos, acabamos de olhar. É com este grupo que Jesus começou a maior revolução da história do Ocidente! Não escolheu a elite, não escolheu gente formada e estudada, de altas qualidades. Escolheu pessoas que se sentiam atraídas pela mensagem de vida que ele trazia. Tem esperança para nós da família carmelitana!
LEITURA DO LIVRO DAS PARÁBOLAS...
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O senhor João da Silva acordou de manhã e sentiu um chamado: “Deus me quer como o seu ministro”. Apresentou-se ao vigário e disse: “Sinto vontade de ser ministro da Palavra!”
O vigário respondeu: “Muito bem, senhor João. Não há nada em contrário, pois temos necessidade de pessoas dispostas assim como o senhor. Mas o senhor sabe ler?”
João respondeu: “Eu não, senhor Padre, mas minha mulher sabe!”
O Padre perguntou: “E o senhor sabe escrever?”. E João respondeu: “Eu mesmo não sei não, senhor. Mas tenho uma sobrinha que escreve bem e tem caligrafia boa!”
João já estava ficando meio nervoso, pois não estava sabendo aonde o vigário queria chegar com essas perguntas tão fora do ministério da Palavra. Mas a sorte dele foi que a pergunta seguinte calhou direitinho no que ele esperava: “Senhor João, você sabe alguma coisa da Bíblia”. Respondeu sem pestanejar com alegria no coração: “Senhor, vigário, conheço esse livro de cabo a rabo!”
Aí o vigário perguntou: “E qual a parte da Bíblia de que você mais gosta?” Respondeu: “Do Novo Testamento, é claro!”
O vigário perguntou: “E qual a parte do Novo Testamento de que você mais gosta?” E João respondeu com uma voz cheia de emoção: “Do livro das Parábolas! Sem dúvida nenhuma!”
Aí, o vigário perguntou: “E o que é que você sabe desse livro das parábola?” João respondeu: “Tudo! Conheço esse livro de cor e salteado”
O vigário disse: “Então me faça a leitura de um trecho desse livro das Parábolas”. Aí o João começou:
“Certa vez, havia um homem no caminho de Jerusalém para Jericó. Ele caiu no meio de ladrões. Aí, os cornos cresceram e investiram contra aquele homem. Mas nesse momento veio até ele a Rainha de Sabá e deu para ele cem mudas de roupa fina e mil moedas de ouro puro. De alegria, ele pulou num carro de fogo e arrancou com tanto força e velocidade que, ao passar por baixo de um enorme carvalho, seu cabelo ficou preso num daqueles galhos e ele ficou aí suspenso no ar. Mas os corvos trouxeram comida para ele comer e água para beber. Enquanto ele estava aí suspenso no galho do carvalho, veio uma mulher chamada Dalila que cortou os cabelos dele e ele caiu no chão cheio de pedras e espinhos que o sufocaram. Aí começou a chover, e choveu durante quarenta dias e quarenta noites, tanto assim que ele entrou dentro de uma gruta. Quando saiu daquela gruta, encontrou um homem que disse para ele: “Por que você não vem jantar na minha casa?” Mas ele respondeu: “Eu não posso, porque me casei com uma mulher. Queira desculpar-me! Aí ele foi pelas estradas, atalhos e esquinas e obrigava o pessoal a jantar com ele. Quando, no fim, estava voltando para Jerusalém, ele olhou para o céu para louvar as maravilhas de Deus e o que é que ele vê? Nada mais nada menos que a Rainha Jezabel, sentada na janela, olhando para ele. Ela estava rindo dele. Aí ele disse: “Jogue essa mulher para baixo, sete vezes!” E eles a jogaram para baixo, sete vezes. Ele gostou tanto do que estava vendo, que disse ao pessoal: “Jogue mais!” Eles a jogaram para baixo, setenta vezes sete, e juntando os pedaços encheram doze cestos. Assim meus amigos, eu pergunto a vocês: “No dia do juízo final, de qual deles ela vai ser a mulher?
Moral da história:
“Um curso bíblico dado pela metade pode ser perigoso!”
Tempo do Natal dura até a Festa do Batismo do Senhor
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Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, em entrevista ao jornal italiano “Avvenire”, ao ser indagado sobre o Tempo do Natal, chama a atenção para o modo mais profundo de viver todos os tempos litúrgicos: “é bom lembrar que o que torna a liturgia ‘grande’ não é a invenção contínua de algo novo de nossa parte, indivíduos ou comunidades. O verdadeiro ‘novo’ que renova a vida é o mistério de Cristo, celebrado e reapresentado na liturgia. Acima de tudo, precisamos de uma participação cada vez mais viva, real, existencial. Novos e renovados no coração e na vida, devemos ser nós mesmos, pela graça de Cristo. Acrescentei: a repetitividade do ato litúrgico, em sua objetividade, é uma graça muito especial porque nos lembra da fidelidade de Deus à sua promessa de amor e nos permite, ao longo do tempo, uma adesão cada vez maior à vida divina que é doado”.
Sentido
O Tempo do Natal é o prolongamento da solenidade celebrada nos dias 24 e 25 de dezembro, estendendo-se à Festa do Batismo do Senhor. Este é um dos 4 tempos solenes da igreja, juntamente com o Advento, a Quaresma e a Páscoa. Forma, com o Advento, o Ciclo do Natal, que compreende a preparação, a solenidade e o prolongamento do mistério da Encarnação do Senhor.
É um tempo análogo ao Tempo Pascal, como são Advento e Quaresma, pois ecoam parte do mistério pascal do Senhor, compreendido pela Encarnação, Nascimento, Manifestação, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão.
Inicia-se nas primeiras vésperas do dia 24 de dezembro e seu término ocorre na Festa do Batismo do Senhor, no segundo ou terceiro domingo do ano novo. Neste ano litúrgico, o Tempo do Natal termina no dia 10 de janeiro de 2016.
As festas
Dom Henrique Soares da Costa, bispo de Palmares (PE), descreve as cinco festas contidas no Tempo litúrgico do Natal.
A Solenidade do Natal do Senhor, no dia 25 de dezembro. Na pobreza da gruta de Belém contemplaremos como frágil criança Aquele que é o Forte e eterno Deus: “Porque um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, Ele recebeu o poder sobre os Seus ombros e Lhe foi dado este Nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-Paz” (Is 9,5). Neste Dia santíssimo (que é celebrado durante oito dias) a Igreja dobra os joelhos diante do Salvador, juntamente com Maria, José e os pastores; a Igreja canta o “Glória a Deus nas alturas” juntamente com os anjos, a Igreja ilumina-se de alegria como o céu da noite santa de Belém.
No Domingo entre os dias 25 e 1º de janeiro a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família. O Filho de Deus assumiu em tudo a nossa condição humana: entrou numa família, na vida miudinha de cada dia; Ele veio verdadeiramente viver a nossa aventura. Assim, santificou as famílias de modo especial: “Desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2,51).
Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, no dia 1º de janeiro, Oitava do Natal. “(Os pastores) foram, então, às pressas, e encontraram Maria, José e o Recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16). A Igreja contempla o Menino que nasceu em Belém e Nele reconhece o Deus eterno e perfeito, reclinado no colo de Maria. Por isso chama-a Mãe de Deus, quer dizer, Mãe do Filho de Deus feito homem! Dando este título à Virgem a Igreja, desde suas origens, professa sua fé na divindade de Jesus. Primeiro de Janeiro é uma das grandes festas marianas.
Solenidade da Epifania do Senhor, no Domingo entre 2 e 8 de janeiro. É a festa chamada Festa de Reis. Mas, é bem mais que isso: a palavra “epifania” significa “manifestação”. Os magos, vindos dos povos pagãos, representam toda a humanidade que vem adorar o Salvador e reconhecê-Lo como a luz para iluminar as nações. Deus manifesta a Sua salvação a todos os povos: “O Senhor fez conhecer Sua salvação, revelou Sua justiça aos olhos das nações. Os confins da terra contemplaram a Salvação do nosso Deus” (Sl 97,2.3).
A Festa do Batismo do Senhor, no Domingo após a Epifania. Com ela termina o tempo do Natal. O Pai apresenta o Seu Filho: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Eu Me comprazo!” (Mt 3,17). Com esta festa encerra-se o ciclo de festas da Manifestação do Senhor. A Igreja, mais uma vez, renova sua certeza e vive essa graça, experimenta-a e anuncia ao mundo: “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a Sua glória!” (Jo 1,14). Fonte: http://www.cnbb.org.br
O padre que escala uma montanha perigosa todos os dias para chegar à igreja
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Nas remotas montanhas de Gheralta, na Etiópia, um padre da Igreja Ortodoxa Copta enfrenta diariamente uma jornada perigosíssima.
Ele precisa escalar uma montanha para chegar à igreja que administra, encravada no topo de um penhasco. “Não tenho medo. É muito difícil, mas é possível”, diz Haylesilassie Kahsay. A igreja fica à beira de um precipício de 250 metros - teria sido construída pelo santo Abuna Yemata por volta do século 6, ou seja, tem mais de mil anos de idade.
“Eu acordo bem cedo de manhã. E trabalho em casa até às 6h, enquanto meu almoço é preparado”, conta o padre. Ele passa a maior parte do tempo na montanha, estudando livros antigos. "É bem silencioso aqui e não há ninguém com quem conversar.”
A subida até a igreja inclui um trecho vertical de dez metros, que Haylesilassie escala sem sapatos ou cordas. Por séculos, os padres que administram essa igreja na montanha foram enterrados lá mesmo. Nenhum deles morreu durante a escalada.
"Ninguém caiu até agora graças à proteção dos nove santos. Os santos que moram nessas montanhas os acompanharam os padres pelo caminho”, diz Haylesilassie. O "expediente" do padre termina por volta de 18h, quando ele fecha os livros, tranca a porta da igreja e percorre de volta as duas horas de caminhada pela montanha.
“No pôr do sol, eu tranco a igreja e sigo para casa.” Fonte: https://www.bbc.com
O homem acusado de fingir ser padre e ter enganado a Igreja Católica por 18 anos
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Por 18 anos, ele ministrou comunhões, escutou confissões, celebrou casamentos e batizados. Mas a Igreja Católica na Espanha acaba de divulgar que o colombiano Miguel Ángel Ibarra praticava o sacerdócio sem ter sido ordenado padre.
Ele atuava desde outubro de 2017 como pároco na cidade de Medina Sidonia, na província de Cádis, no sul da Espanha. De acordo com o Bispado de Cádis e Ceuta, Ibarra foi para a Espanha graças a um acordo assinado com o Arcebispo da Arquidiocese de Santa Fé de Antioquia, na Colômbia, a que ele estava vinculado anteriormente.
E foi justamente de lá que vieram as pistas que acabaram por desmascará-lo, segundo a Igreja Católica. Ibarra atuou durante anos como pároco em várias dioceses da Colômbia.
Houve uma denúncia contra ele e, após uma investigação, a Arquidiocese colombiana descobriu que os documentos que credenciavam seu sacerdócio haviam sido falsificados - e que, na verdade, ele nunca havia sido ordenado.
Após ser notificada da farsa, a diocese de Cádis e Ceuta determinou que Ibarra fosse destituído de suas funções. "O suposto sacerdote terá que responder, nos próximos dias, à Arquidiocese de Santa Fé de Antioquia, onde é procurado", diz o comunicado.
Mas o que vai acontecer com os casamentos e demais sacramentos que Ibarra ministrou por quase 20 anos? De acordo com as autoridades eclesiásticas, os casamentos e batismos continuarão válidos, mas o mesmo não se aplica às comunhões ou confissões que ele ouviu.
"A diocese de Cádis e Ceuta já está trabalhando na respectiva investigação e na reparação das consequências que a atuação desta pessoa pode ter acarretado", indica o texto. Ao jornal espanhol El País o homem acusado de ser um falso padre afirmou ter documentos que comprovam sua experiência no sacerdócio, mas não quis dar mais explicações sobre as acusações que pesam contra ele. O paradeiro de Miguel Ángel Ibarra é desconhecido.
Esta não é a primeira vez que um indivíduo é acusado de fingir ser sacerdote. Em 2008, um homem que não havia sido ordenado padre foi desmascarado ouvindo confissões na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Ele se vestia como um sacerdote, mas quando as autoridades italianas checaram sua documentação, descobriram que ele era um impostor. Fonte: https://www.bbc.com
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