Carnaval: celebrar a alegria de viver
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Leonardo Boff, escritor,
"Esqueçamos, por um momento, as agruras de um governo ainda sem rumo e com ministros que nos envergonham e com políticos que representam mais os grupos que os elegeram que os reais interesses do povo. Apesar disso tudo, a alegria há de predominar", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.
Eis o artigo.
O Brasil está vivendo uma das fases mais tristes e até macabras de sua história. Foi desmascarada a lógica da corrupção, presente em toda a nossa história, como parte de um Estado patrimonialista (colonialista, escravagista, elitista e anti-popular) e sequestrado durante séculos pelas oligarquias do ser, do ter, do saber, do dominar e do manipular a opinião pública. Por todo esse tempo, grassou a corrupção e não apenas, como se atribuiu, nos últimos anos, quase que exclusivamente ao PT (é verdade, que suas cúpulas foram contaminadas), feito bode expiatório como forma de ocultar a corrupção dos privilegiados de sempre.
Surgiu um novo “Collor”(“caça aos marajás”), o “mito” (Jair Bolsonaro) que iria exterminar a corrupção. Foram suficientes 50 dias de mandato para se identificar a corrupção também em suas próprias hostes, até em sua família. Muitos acreditaram ingenuamente na profusão de fake news e slogans de viés nazista: “Brasil acima de tudo”(“Deutchland über alles”) e “Deus acima de todos”. Qual Deus? Aquele dos neopentecostais que promove a prosperidade material mas é surdo à nefasta injustiça social e que dá muito dinheiro a seus pastores, verdadeiros lobos a tosquiar as ovelhas? Não é o Deus do Jesus pobre e amigos dos pobres, de quem falava Fernando Pessoa“que não entendia nada de contabilidade e que não conta que tinha uma biblioteca”. Era pobre mesmo que perambulava por todos os lugares anunciando “uma grande alegria para todo o povo” como relatam os evangelhos.
Dentro deste quadro sinistro se festeja o carnaval. Não poderia deixar de ser, pois é um dos pontos altos da vida de milhões de brasileiros. A festa faz esquecer as decepções e dá espaço às muitas raivas afogadas na garganta (como milhares em São Paulo, gritando indecentemente "B. vá tomar no c"). A festa, por um momento, suspende o terrível cotidiano e o tempo tedioso dos relógios. É como se, por um lapso de tempo, participássemos da eternidade, pois na festa se suspende o tempo dos relógios.
Pertence à festa o excesso, a ruptura das normas convencionais e das formalidades sociais. Lógico, tudo o que é sadio pode ficar doentio, como o caráter orgiástico de algumas expressões carnavalescas. Mas não é esta a característica do carnaval.
A festa é um fenômeno da riqueza. Aqui riqueza não significa possuir dinheiro. A riqueza da festa é a riqueza da razão cordial, da alegria, de mostrar um sonho de fraternidade ilimitada, gente da favela com gente da cidade organizada, todos fantasiados: crianças, jovens, adultos, homens e mulheres e idosos dançando, cantando, comendo e bebendo juntos. A festa é a exaltação de que podemos ser alegres e felizes mesmo dentro de desgraças coletivas.
Se bem refletirmos, a alegria do carnaval é uma expressão de amor que é mais que empatia. Quem não ama nada ou ninguém, não pode se alegrar, mesmo que o suspire de forma angustiada. Um teólogo da Igreja Ortodoxa, do século V da era cristã, São João Crisóstomo (de quem o Card. Dom Paulo Evaristo Arns era um grande entusiasta e leitor) escreveu bem: “ubi caritas gaudet, ibi est festivitas”; “onde o amor se alegra, aí se encontra festividade”.
Agora um pouco de reflexão: o tema da festa comparece como um fenômeno que tem desafiado grandes nomes do pensamento como R. Caillois, J. Pieper, H. Cox, J. Motmann e o próprio F. Nietzsche. É que a festa revela o que há ainda de infantil e mítico em nós no meio da maturidade e da predominância da fria razão instrumental-analítica que rege nossas sociedades.
A festa reconcilia todas as coisas e nos devolve a saudade do paraíso das delícias, que nunca se perdeu totalmente. Platão sentenciava com razão:”os deuses fizeram as festas para que pudessem respirar um pouco”. A festa não é só um dia que os homens fizeram mas também “um dia que o Senhor fez”, como diz o Salmo 117,24. Efetivamente, se a vida é uma caminhada onerosa, precisamos, às vezes, de parar para respirar e, renovados, seguir adiante com alegria no coração.
Donde brota a alegria da festa? Foi Nietzsche quem encontrou sua melhor formulação: “para alegrar-se de alguma coisa, precisa-se dizer a todas as coisas: “sejam bem-vindas”. Portanto, para podermos festejar de verdade precisamos afirmar positividade de todas coisas. Continua Nietzsche: “Se pudermos dizer sim a um único momento então teremos dito sim não só a nós mesmos mas à totalidade da existência” (Der Wille zur Macht, livro IV: Zucht und Züchtigung n.102).
Esse sim subjaz às nossas decisões cotidianas, em nosso trabalho, na preocupação pela família, pelo emprego ameaçado pelas novas leis regressivas do atual governo, na convivência com amigos e colegas. A festa é o tempo forte no qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente. Da festa saímos mais fortes para enfrentar as exigências da vida, para a maioria, sempre lutada e levada na marra.
Temos boas razões para festejar nesse carnaval de 2019. Esqueçamos, por um momento, as agruras de um governo ainda sem rumo e com ministros que nos envergonham e com políticos que representam mais os grupos que os elegeram que os reais interesses do povo. Apesar disso tudo, a alegria há de predominar. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Cobiçado, Santo Antônio Além do Carmo vira centro de polêmicas do Verão
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Moradores reclamam da exposição do bairro e grande demanda de eventos e festas
Noite de 1970: o Santo Antônio Além do Carmo, um dos bairros mais antigos de Salvador, está completamente tranquilo. A movimentação é restrita ao vaivém de beatas e aos moradores nas calçadas. Noite de 2019: mesas e cadeiras são organizadas no asfalto. A fila de motoristas causa engarrafamento e o som invade os casarões. Um morador, da sacada, resmunga. Passado e presente confrontam-se em discussões nem sempre harmônicas sobre o futuro da região centenária.
Não mais que cinco mil pessoas vivem ali, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Da janela de sua casa-ateliê, Maria Maranhão, artista e figura folclórica do bairro, descreve o dia a dia: “É um lugar da paz”. Não sem completar: “Da paz ameaçada”. A moradora se refere aos grandes eventos e ao fluxo de visitantes ao falar em risco.
Somente no início deste ano, foram três denúncias relacionadas ao barulho no bairro, calculou a Secretaria Municipal de Ordem Público (Semop) a pedido do CORREIO – contra cinco no vizinho Pelourinho. Ano passado, no mesmo período, só uma queixa havia sido prestada.
Quando, no último dia 14, a tradicional agremiação carnavalesca do bairro, o Bloco de Hoje a 8 (DHJA8), anunciou a possibilidade de não desfilar no pré-carnaval deste ano, como faz desde 2011, descrições como a de Maranhão pipocaram.
“O que o Santo Antônio Além do Carmo de fato comporta?”, questionaram os organizadores, moradores do lugar, no Facebook, ao comentar o crescimento do bloco talvez para além da capacidade de um bairro pequeno e residencial. O CORREIO tentou contato direto com o DHJA8, que preferiu não comentar o assunto. No mesmo dia, o Bloco Harém havia divulgado uma festa, o Santo Antônio Harém do Carmo, com desfile pelas ruas do Carmo e baile privado numa chácara.
Alguns moradores torceram o nariz, indignados. Reclamam entre si nas calçadas, nos grupos de WhatsApp criados justamente para discutir a popularização do bairro.
“A nós, aqui, não interessa. O uso comercial desse lugar não existe. Aqui não é Barra-Ondina, nem queremos que seja”, revolta-se Júlio César Grosso, 55, na casa onde mora há 25.
É como se sentissem o surgimento de um outro Santo Antônio, em que o bucólico perde para a agitação. “Fiz logo um textão pelo Instagram: quando os casarões estavam caindo, quem é que estava aqui?”, pergunta Rodolfo Leite, 29.
Do lado da Diva Produções, responsável pela festa do Harém, a justificativa. Por que querem o Santo Antônio? "Acreditamos que há sinergia entre o público que frequenta os nossos eventos e aquele que frequenta o Carnaval no Carmo. Criamos um evento totalmente alinhado com a proposta local, sempre atendendo aos requisitos legais exigidos pelo poder público. Promoveremos um desfile democrático, que acontecerá com banda de fanfarra sem cordas, abadás ou cobranças. Tal qual todas as outras manifestações que acontecem tradicionalmente no local. Estamos desenvolvendo campanhas e ações que visam a preservação e manutenção do local, como a proibição de venda de bebidas em garrafas de vidro. Criamos também o "bloco da limpeza", que consiste em uma equipe privada limpando as ruas imediatamente após á passagem da fanfarra. Isso é uma grande queixa dos moradores locais".
De porta em porta, as reclamações começaram a dividir os moradores. Uns reclamam, outros defendem a nova fase local. Quando chegou ao bairro, em 2002, Valdirene Meira, 44, vivia a tranquilidade das ruas com menos turistas, menos festas, menos zoada. Concorda que mora, hoje, em um novo Santo Antônio. “É outro. Mas eu gosto do Santo Antônio de 2019, anima... Bom, não sei se a reclamação é porque tem muito idoso. A mim não incomoda”, diz a professora. Pelo menos 11% dos moradores, afirma o IBGE, têm mais de 65 anos.
Tamanho o burburinho, o pároco Ronaldo Magalhães, da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, recebeu a missão de conciliar as partes. As festas nas ruas são, agora, assunto santo. Na próxima terça-feira (22), a partir das 19h, moradores e representantes de órgãos públicos já deverão estar na paróquia para debater o presente e o futuro do bairro. A resposta será a maior graça alcançada. “Acontecerá discussões e discórdias, isso é certo. Que haja harmonia para ninguém ser prejudicado”, torce o padre. “Tem gente que nem é morador e reclama”, continua.
Todos querem o Santo Antônio Além do Carmo. Mas, como e por quê?
Antes e depois
A revitalização do Pelourinho, a partir de 1992, no governo ACM, deveria fazer do Centro Histórico uma vitrine do turismo. Naquela década, as praças sediavam show constantemente, um estimulo à vida cultural da região. No vizinho Santo Antônio, nenhuma intervenção direta. Era um bairro residencial, com padarias e poucos bares e lojas. Cria-se um marketing, explica o historiador Juarez Bonfim: “Divirta-se no Pelourinho, descanse no Santo Antônio”. O chamado teve resposta e, de certa forma, aqui e ali, apareceram pousadas e dormitórios.
A história do Santo Antônio até sua atual transformação em centro boêmio e turístico é dividida em fases. Até a década de 80, era habitado por famílias da classe média, explica o historiador, e as manifestações culturais eram pontuais e, em geral, religiosas - como a Trezena de Santo Antônio. No entanto, sempre teve vocação carnavalesca. Era da escadaria da Igreja do Boqueirão, por exemplo, que os fantasiados do Bloco Coruja, criado em 1962, saíam ao som de fanfarras e brincadeiras.
Os Internacionais - hoje Bloco Inter -, seu rival mais velho, de 1962, também nasceu ali. Sônia Silva, 72, moradora do Santo Antônio há mais de 50 dos seus 70 anos, sempre acompanha o carnaval.
“Mudou demais. Quer dizer, eu não vejo o pessoal que mora aqui mesmo nas coisas daqui. Algumas coisas eu nem sei quando vão acontecer, se vão”, comenta ela, que mantém o hábito, à tarde, de acompanhar o movimento da calçada de casa.
No início da década de 90, a consolidação do axé, já nos trios elétricos, enfraquece os blocos dos bairros. A valorização do Corredor da Vitória leva, consigo, os moradores mais abastados do Santo Antônio, que passa por um momento de desvalorização. De todo modo, não era um lugar turístico, mesmo com casarões e igrejas centenários. Os passeios turísticos não ultrapassavam o Largo do Pelourinho. A partir das intervenções do Pelourinho, em parte concluídas nos anos 2000, muita coisa muda.
A compra de 35 imóveis pela empresária e filha do fundador do Shopping da Bahia Luciana Rique, em 2007, na intenção de construir um shopping a céu aberto, também cria uma especulação imobiliária no bairro. Pouco depois, ela desistiu da ideia.
“O aluguel cresceu demais. Houve uma valorização muito grande. É um processo recente na cidade. Fiz um levantamento, nos anos 2000, e levantei que, em pouquíssimo tempo, tinham surgido 15 pousadas naquela área”, conta o arquiteto e presidente do Instituto de Arquitetos da Bahia, Nivaldo Andrade.
A valorização cresce ao longo dos anos. Nos últimos 10 anos, calculou a Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb) a pedido do CORREIO, foram cinco pousadas abertas no bairro. O número, claro, pode ser maior, já que o CEP especificado pode ser diferente do real. A investida sobre o Santo Antônio, se vista pelo número de visitantes, é tão perceptível quanto nas placas de “Vende-se” pregadas nos casarões.
A casa nº 70, com vista para a Baía de Todos os Santos, tem, abaixo de uma das janelas, o anúncio de venda. “Sempre gostei da localização daqui. De madrugada, saio andando. Mas a casa é gigantesca [tem cinco quartos], até para reformar é difícil”, explica o autônomo Mário Santana Vieira, 62, com 50 anos de Santo Antônio. Os custos de uma reforma nos casarões da região tombada e classificada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) podem ser elevados.
A vista e valorização do bairro passam a atrair, então, moradores mais abastados. Uma casa virada para a Baía, com 15 suítes, chega a custar mais de R$ 2 milhões. O aluguel costuma variar de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil. A apresentadora Regina Casé, por exemplo, comprou e reformou dois casarões vizinhos, próximo do Convento do Carmo, onde costuma veranear.
O ator baiano Fabrício Boliveira, recentemente no ar com o personagem Roberval, na novela da Globo Segundo Sol, gravada em Salvador, também comprou uma casa no bairro. Por falar em novela, muitos chegam além do Carmo por causa dela.
“Já sabia que queria conhecer o Pelourinho, aí vi esse lugar e achei tão lindo, colorido. Tive que colocar na lista”, conta a turista de São Paulo, Núbia Santos, 41.
O encontro
A família árabe Miguel é uma das mais antigas do Santo Antônio: estão lá há 116 anos. Na esquina com a Rua Direita de Santo Antônio, mantém o Bar do Lula, construído há 45 pelo patriarca Aloísio Miguel. Os frequentadores, até os anos 2000, eram vizinhos e funcionários de empresas do centro de Salvador. “Era mais vazio, encheu bastante”, comemora Rita Miguel, 52, uma das administradoras do bar. São clientes de todas as áreas de Salvador. Proprietários de bares e pousadas comemoram a popularização.
“É um lugar tranquilo e bonito... Acho que também sempre foi animado”, opina Rita sobre os atrativos locais.
Por ali, o Bar da Cruz do Pascoal, antes conhecido como o Armazém de Seu Porfírio, é um dos mais lotados. Na infância no bairro, inclusive, Gilberto Gilcostumava aparecer para comprar balas e outras guloseimas. Quando comprou a Pousada Beija Flor, em 2013, Nilton Ribeiro, 66, também morador do Carmo, acompanhou e comemorou a fama do bairro.
“Essa temporada estamos muito bem. Acho que o Santo Antônio tem uma boemia, uma afetividade que cativa. Mas eu não sei o que aconteceu. Talvez otimismo? Sentimos com mais força na última Copa do Mundo [2018]”, acredita Nilton. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia não tem números sobre a ocupação.
A questão, acredita Nivaldo Andrade, é menos sobre ocupação e “mais sobre a quem pertence o lugar”. No dia 17, moradores lançaram um abaixo assinado na internet: “Somos contra megaeventos no bairro histórico e residencial do Santo Antônio Além do Carmo”. Foi Eliana Pedroso, responsável pela Diretoria do Centro Histórico, vinculada à Prefeitura de Salvador e criada em 2017, quem ligou para o padre Ronaldo para realizar o encontro.
“A palavra-chave é equilíbrio. Tentar encontrar a melhor medida entre quem quer muita festa e quem não quer festa nenhuma. É um bairro extremamente charmoso, mas que também pertence à cidade [...] Os gestores públicos estão atentos a isso”.
A realização de qualquer evento precisa ter autorização da Central Integrada de Licenciamento de Eventos, subordinada à Secretaria Municipal de Trabalho, Esportes e Lazer (Semtel) com suporte de outros órgãos. Ao CORREIO, a Semop explicou que o limite de som, das 22h às 7h, é de 60 decibéis.
Por ser local tombado, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou à reportagem que realiza, anualmente, avaliação de estruturas provisórias e montagens de palco. E frisa: atua depois, caso ocorra algum dano ou irregularidade.
A professora Carla Rúbia, 51, moradora do bairro desde a infância defende: “Os moradores estão muito divididos. No final, eu acho o seguinte: não somos donos do bairro”. O padre Ronaldo também tenta encontrar um equilíbrio. “As pessoas têm medo que isso [o clima tranquilo, de interior] se perca. Não vejo por essa linha, só precisa ser organizado”, diz. Na próxima terça-feira (22), apelará ao padroeiro da igreja. Assim, quem sabe, o Santo Antônio de 1970 e de 2019 possam, enfim, conviver.
*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.
Fonte: www.correio24horas.com.br
“Os celulares espiam e transmitem nossas conversas, mesmo desligados”
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Richard Stallman é uma lenda: criou o primeiro sistema operacional aberto e impulsionou o ‘copyleft’. Acha que os telefones inteligentes nos fizeram regredir dez anos em termos de privacidade
Ele nos encontra no apartamento de amigos em Madri. O pai do software livre é um viajante empedernido: difunde os princípios de seu movimento onde o chamam. Dias antes da entrevista, Richard Stallman (Nova York, 1953) participou do Fórum da Cultura de Burgos e retomará sua turnê europeia após dar uma conferência em Valencia. Ele nos recebe com sua característica cabeleira despenteada e com uma de suas brincadeiras de praxe: “Té quiero”, diz em seu espanhol fluente com sotaque gringo, lançando um olhar a sua fumegante xícara de chá quando detecta uma cara de desconcerto no interlocutor. “Ahora té quiero más”, nos dirá quando for buscar mais bebida. (A brincadeira é um jogo de palavras entre a expressão ‘Te quiero’ – te amo em espanhol – e a palavra Té – chá).
Seu peculiar senso de humor, que cultiva nos seis ou sete idiomas que domina, traz muita naturalidade ao encontro. Parece como se ele mesmo quisesse descer do pedestal em que a comunidade de programadores o colocou. Para esse coletivo, é uma lenda viva. Stallman é o pai do projeto GNU, em que está o primeiro sistema operacional livre, que surgiu em 1983. Desde os anos noventa funciona com outro componente, o Kernel Linux, de modo que foi rebatizado como GNU-Linux. “Muitos, erroneamente, chamam o sistema somente de Linux...”, se queixa Stallman. Sua rivalidade com o finlandês Linus Torvalds, fundador do Linus, é conhecida: o acusa de ter levado o mérito de sua criação conjunta, nada mais nada menos do que um sistema operacional muito competitivo cujo código fluente pode ser utilizado, modificado e redistribuído livremente por qualquer pessoa e cujo desenvolvimento teve a contribuição de milhares de programadores de todo o mundo.
A verdade é que o revolucionário movimento do software livre foi iniciado por Stallman. O programador, que estudou Física em Harvard e se doutorou no MIT, bem cedo foi apanhado pela cultura hacker, cujo desenvolvimento coincidiu com seus anos de juventude. O software livre e o conceito de copyleft (em contraposição ao copyright) também não seriam os mesmo sem esse senhor risonho de visual hippie.
Ataque à privacidade
Seu semblante muda à mais severa seriedade quando fala de como o software privado, o que não é livre, se choca com os direitos das pessoas. Esse assunto, a falta absoluta de privacidade na era digital, o deixa obcecado. Não tem celular, aceita que tiremos fotos somente depois de prometer a ele que não iremos colocá-las no Facebook e afirma que sempre paga em dinheiro. “Não gosto que rastreiem meus movimentos”, frisa. “A China é o exemplo mais visível de controle tecnológico, mas não o único. No Reino Unido, há mais de dez anos acompanham os movimentos dos carros com câmeras que reconhecem as placas. Isso é horrível, tirânico!”.
O software livre é sua contribuição como programador à luta pela integridade das pessoas. “Ou os usuários têm o controle do programa, ou o programa tem o controle dos usuários. O programa se transforma em um instrumento de dominação”, afirma.
Ele se deu conta dessa dicotomia quando a informática ainda estava engatinhando. “Em 1983 decidi que queria poder usar computadores em liberdade, mas era impossível porque todos os sistemas operacionais da época eram privados. Como mudar isso? Só me restou uma solução: escrever um sistema operacional alternativo e torná-lo livre”. Foi assim que começou o GNU. Mais de três décadas depois, a Free Software Foundation, que ele mesmo fundou, tem dezenas de milhares de programas livres em catálogo.
“Conseguimos liberar computadores pessoais, servidores, supercomputadores..., mas não podemos liberar completamente a informática dos celulares: a maioria dos modelos não permite a instalação de um sistema livre. E isso é muito triste, é uma clara mudança para pior nos últimos dez anos”, diz Stallman.
“Os celulares são o sonho de Stalin, porque emitem a cada dois ou três minutos um sinal de localização para seguir os movimentos do telefone”, diz. O motivo de incluir essa função, afirma, foi inocente: era necessário para dirigir ligações e chamadas aos dispositivos. Mas tem o efeito perverso de que também permite o acompanhamento dos movimentos do portador. “E, ainda pior, um dos processadores dos telefones tem uma porta traseira universal. Ou seja, podem enviar mudanças de software à distância, mesmo que no outro processador você use somente programas de software livre. Um dos usos principais é transformá-los em dispositivos de escuta, que não desligam nunca porque os celulares não têm interruptor”, afirma.
Nos deixamos observar
Os celulares são somente uma parte do esquema. Stallman se preocupa pelo fato de os aparelhos conectados enviarem às empresas privadas cada vez mais dados sobre nós. “Criam históricos de navegação, de comunicação... Existe até um aplicativo sexual que se comunica com outros usuários através da Internet. Isso serve para espiar e criar históricos, claro. Porque além disso tem um termômetro. O que um termômetro dá a quem tem o aplicativo? Para ele, nada; para o fabricante, saber quando está em contato com um corpo humano. Essas coisas são intoleráveis”, se queixa.
Os grandes produtores de aparelhos eletrônicos não só apostam maciçamente no software privativo: alguns estão começando a evitar frontalmente o software livre. “A Apple acabou de começar a fabricar computadores que barram a instalação do sistema GNU-Linux. Não sabemos por que, mas estão fazendo. Hoje em dia, a Apple é mais injusta do que a Microsoft. As duas são, mas a Apple leva o troféu”, afirma.
O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) europeu é uma resposta acertada a essa situação? “É um passo no caminho certo, mas não é suficiente. Parece muito fácil justificar o acúmulo de dados. Os limites deveriam ser bem rígidos. Se é possível transportar passageiros sem identificá-los, como fazem os táxis, então deveria ser ilegal identificá-los, como faz o Uber. Outra falha do RGPD é que não se aplica aos sistemas de segurança. O que precisamos é nos proteger das práticas tirânicas do Estado, que coloca muitos sistemas de monitoramento das pessoas”.
O escândalo do Facebook e a Cambridge Analytica não o surpreendeu. “Sempre disse que o Facebook e seus dois tentáculos, o Instagram e o WhatsApp, são um monstro de seguir as pessoas. O Facebook não tem usuário, tem usados. É preciso fugir deles”, finaliza.
Não podemos aceitar, diz Stallman, que outros tenham informações sensíveis sobre como vivemos nossa vida. “Existem dados que devem ser compartilhados: por exemplo, onde você mora e quem paga a luz de um apartamento para resolver os pagamentos. Mas ninguém precisa saber o que você faz no seu dia a dia. Muito menos os produtos que você compra, desde que sejam legais. Os dados realmente perigosos são quem vai aonde, quem se comunica com quem e o que cada um faz durante o dia”, frisa. “Se os fornecermos, eles terão tudo”. Fonte: https://brasil.elpais.com
SALVADOR/ BA: Carnaval da Terceira idade. Convite da Dona Jannaci, da Ordem Terceira do Carmo.
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Avião da Lufthansa faz pouso de emergência no Galeão
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Voo ia do Rio de Janeiro para Frankfurt. Avião teria apresentado um problema na turbina e precisou liberar entre 15 e 17 toneladas de combustível antes de retornar ao aeroporto.
O voo LH501 da Lufthansa, que ia do Rio de Janeiro para Frankfurt, precisou fazer um pouso de emergência e voltar ao Aeroporto Internacional do Galeão, logo após decolar, na noite desta quarta-feira (20).
De acordo com as primeiras informações, o avião teria apresentado um problema na turbina e precisou liberar entre 15 e 17 toneladas de combustível antes de retornar ao aeroporto.
O avião tinha 361 passageiros a bordo e eles foram levados para um hotel. A TV tentou entrar em contato com a companhia aérea, mas, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno. Fonte: https://g1.globo.com
Como enfrentar o medo de mudança
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Nosso cérebro foi projetado para a sobrevivência, não para a felicidade
A vida é mudança, mas a mudança nos assusta. Às vezes, dá vontade de fazer coro à reflexão de Mafalda: pare o mundo que eu quero descer. A origem desse mal-estar está na biologia. Segundo o arqueólogo espanhol Eudald Carbonell, codiretor das escavações de Atapuerca (Espanha), nosso cérebro é o resultado de 2,5 milhões de anos de evolução. Levamos muito tempo vivendo em cavernas e pouco tempo em cidades. Isso significa que temos “codificadas” respostas automáticas para responder com sucesso às ameaças daquela época. Se agora vemos um leão solto passeando pela rua, nosso cérebro não perderá tempo tentando saber de que subespécie ele é; simplesmente nos mandará sair correndo para sermos mais rápidos – não mais do que o felino, e sim de quem está ao nosso lado (também temos outra alternativa: a de ficarmos congelados, esperando que o leão não nos veja). No entanto, esses circuitos tão maravilhosos, que nos permitiram chegar até aqui como espécie, não estão preparados para enfrentar ameaças mais sutis, como a digitalização, as mudanças de regulação de um setor ou a possibilidade de ficarmos sem emprego. Esses medos são novos, evolutivamente falando, e por isso nem sempre nos damos bem com a transformação. Recordemos uma máxima importante: nosso cérebro foi projetado para a sobrevivência, não para a felicidade. Diante de mudanças, portanto, temos que encontrar uma forma de navegar por elas, entendê-las como oportunidades e aprender com as suas possibilidades. E isso não é automático como sair correndo ante uma ameaça. Exige esforço, treinamento e capacidade de superar os medos que nos afligem.
A gestão da mudança é hoje mais difícil do que nunca, mas também mais fácil do que no futuro. Por um motivo simples: a velocidade. Para se ter uma ideia da magnitude, há 10 anos tínhamos 500 milhões de aparelhos conectados à Internet. Em 2020, estima-se que serão 50 bilhões; em uma década, um trilhão. Ou seja: estamos só no começo. Isso sem falar do que virá por meio da inteligência artificial, da criopreservação de nossos corpos, dos avanços genéticos e das viagens espaciais. Estamos apenas no início de um tsunami que transformará a forma como nos relacionamos, trabalhamos e vivemos. Portanto, vêm aí mais e mais mudanças. A boa notícia é que nosso cérebro, embora provenha da época das cavernas, tem uma enorme plasticidade que lhe permitiu chegar até aqui e construir toda uma tecnologia que está revolucionando o mundo.
Por isso, temos uma margem de manobra. Vejamos como podemos começar com dicas muito simples.
Primeiro, precisamos de treinos diários da nossa mente. Assim como existem academias para o corpo, devemos colocar em forma o músculo do cérebro. Todos os dias – todos – fazer algo diferente. Ler fontes de informação variadas, ir ao trabalho por outro caminho, experimentar um sabor exótico... o que for. Mas aceite o desafio de fazer algo novo diariamente. A aprendizagem é o melhor antídoto contra o medo.
Segundo, precisamos relativizar o que nos acontece. Um bom método é, paradoxalmente, ler história. Devemos perceber que, embora vivamos no tsunami da mudança, foram justamente todos esses avanços que nos permitiram aumentar nossa esperança de vida e não sofrer por possíveis epidemias ou por guerras mundiais. Na medida em que tivermos perspectiva, poderemos entender a parte benéfica.
Terceiro, devemos buscar a “desdigitalização”. Apesar da velocidade que nos rodeia, precisamos encontrar a conexão com nós mesmos e com o próximo. Se vivermos sempre expostos aos impactos da Internet, não teremos tempo para integrar a aprendizagem e encontrar os oásis necessários a uma certa tranquilidade. Por exemplo, você pode abrir mão do celular no fim de semana ou deixá-lo no modo avião.
Por último, precisamos confiar. Afinal, tudo tem solução – melhor ou pior, mas tem. O que nos asfixiava anos atrás, como a prova do colégio ou um conflito difícil, agora não nos parece tão terrível. E se fomos capazes de driblar situações difíceis, por que não poderemos fazer isso com o que temos agora?
Por isso, na medida em que confiarmos, mantivermos a curiosidade e a aprendizagem, soubermos relativizar e criarmos espaços de paz, poderemos encontrar recursos para contemplar a mudança de maneira mais positiva e construtiva. Fonte: https://brasil.elpais.com
Taxista é morto na Zona Norte com tiro na cabeça; menor de 17 anos é apreendido em flagrante
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Caso aconteceu em Bento Ribeiro na tarde desta terça-feira (19). Segundo a polícia, adolescente confessou e disse que motorista não quis fazer corrida até uma favela e ainda tentou agredi-lo com uma ferramenta.
Um taxista foi morto na tarde desta terça-feira (19), num posto de gasolina em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio. Um menor de 17 anos foi apreendido em flagrante com uma pistola, que seria a arma do crime.
José Francisco de Lima, 58 anos, recebeu um tiro na cabeça e morreu no local. Segundo a polícia, o adolescente disse que atirou no taxista porque ele se recusou a fazer uma corrida até uma favela na região.
Ainda de acordo com o menor, o motorista ainda teria ameaçado bater nele com uma ferramenta. A Delegacia de Homicídios está investigando o caso. Fonte: https://g1.globo.com
Seis comportamentos que fazem as pessoas se afastarem de nós
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Certos comportamentos podem acabar afastando os demais do nosso convívio. A atitude certa é crucial para termos sucesso em nossas relações pessoais
A maioria de nós gosta de ter sucesso em nossas relações pessoais. Mas ter a atitude certa é crucial para esse fim. Na verdade, existem certos comportamentos que, se reiterados, podem acabar afastando os demais do nosso convívio. O psicólogo José Elías Fernández González, membro do Colégio de Psicólogos de Madri, na Espanha, nos conta quais são os mais habituais desses comportamentos, e o que podemos fazer para melhorar essas características caso as tenhamos.
1- Levar as coisas a ferro e fogo
Podemos nos magoar, por exemplo, quando um chefe reconhece os resultados de um colega, mas não os nossos. É preciso, porém, aprender a relativizar essas pequenas punhaladas no ego e “não autoquestionar nosso valor nem se subvalorizar”, recomenda o especialista.
Para lidar com isso, é preciso ser capaz de pensar que não somos os melhores em tudo. Só assim conseguiremos tirar um grande peso de cima: “Seria exaustivo se todos sempre recorressem a nós”, diz o psicólogo. “Além disso, não podemos ser especialistas em todos os aspectos profissionais e pessoais. Há pessoas que têm ideias melhores que as nossas em determinados assuntos.”
Também devemos tentar não levar tudo para o terreno pessoal, porque não somos o umbigo do mundo. Devemos tentar manter o controle sobre nossas emoções e não reagir exageradamente aos acontecimentos cotidianos.
2- Ser ciumento por natureza
O monstro de olhos verdes tampouco ajuda a criar um círculo de amizades saudável. No âmbito social, muitas vezes o ciúme é entendido como uma amostra de que nos importamos com os outros, mas neles só encontramos frustração e mal-estar. “Geram sentimentos de inveja, obsessão ou controle que de maneira inconsciente e involuntária se manifestam e projetam nos outros, o que pode levá-los a fugir de nós”, esclarece Fernández González.
Para combater o ciúme, devemos aprender a valorizar nossos pontos fortes e virtudes, assim como as coisas boas que nos acontecem. “É preciso evitar comparações com os outros.”
3- Necessitar de constantes elogios
Todo mundo gosta de receber elogios ou afagos de quem nos cerca. Mas cuidado, porque, se nossa autoestima depender da validação constante por parte dos outros, ela se voltará contra nós. Ser viciado em elogios também pode turvar suas amizades.
Fernández González afirma que não cabe às pessoas que nos cercam nos manter motivados e com o ego alimentado. “Cada um é único e irrepetível, e não temos por que sempre contentar a todos, e sim a nós mesmos.”
O amor próprio é a chave. Isso tampouco significa que devamos nos tornar vaidosos ou egocêntricos, só que tenhamos consciência de que a forma como os outros nos veem é apenas uma amostra da realidade, que nem sempre é a correta.
4- Não aceitar críticas construtivas
Ninguém gosta de ter suas falhas ressaltadas, mas de vez em quando vai bem que nos chamem a atenção para elas. Entretanto, não devemos confundir isso com a atitude daquelas pessoas que só veem o que está ruim, já que isso pode acabar sendo negativo para o crescimento pessoal.
Como disse Joe E. Brown a Jack Lemmon em Quanto Mais Quente Melhor, “ninguém é perfeito”. “Reconhecer nossos defeitos é uma força que gera autoestima e nos ajuda a adotar mecanismos para superá-los”, observa Fernández González.
O psicólogo afirma que, se não aprendermos a aceitar os comentários negativos, nunca tentaremos superar e eliminar nossas desvantagens. Também insiste na necessidade de uma boa comunicação com os outros, já que são os bons amigos que nos ajudam a ter uma visão mais objetiva dos nossos comportamentos e nos motivam a melhorá-lo: “É fundamental para o sucesso nas relações, e também para ter uma visão saudável sobre nós mesmos”.
5- Fazer-se constantemente de vítima
Assumir esse papel para causar pena ou compaixão funcionará durante pouco tempo. Segundo o especialista, há uma realidade: “Todos queremos estar com pessoas alegres e felizes”. Isto não significa que você nunca possa compartilhar as fases ruins ou as coisas negativas com seus amigos. Porém, se abraçarmos a negatividade como filosofia e o vitimismo como atitude perante a vida, os outros fugirão de nós “como da peste”.
“Alguns só podem ver a parte negativa das coisas que lhes acontecem, ou sempre se antecipam ao que vai acontecer no futuro, e isso não lhes permite ser felizes. Se dependesse deles, o mundo já não existiria mais”, afirma o psicólogo.
Para evitar isso, não podemos atribuir ao exterior ou ao destino tudo o que nos acontece de ruim, pois determinadas variáveis estão ao nosso alcance e devemos ter consciência de que muitas das coisas que nos ocorrem são consequência de nossos pensamentos e ações. Só uma atitude positiva poderá nos ajudar e também fará os outros confiarem em nós.
6- Ser muito sincero, mesmo se ninguém tiver pedido a sua opinião.
Disseminar nossa opinião sobre qualquer tema sem que ninguém peça —por exemplo, como é horrorosa a calça do seu amigo ou o penteado da sua colega de trabalho— nos transforma em seres odiosos.
O que se conhece como “não ter filtro”, ou seja, emitir juízos gratuitos a torto e a direito, pode magoar os que nos cercam ou fazê-los se sentirem incômodos. Em geral, falar demais não é uma qualidade elogiada socialmente, segundo o especialista: “Não se pode dizer a primeira coisa que nos passa pela cabeça nem julgar as pessoas levianamente, sem pensar que podemos ofender”, afirma Fernández González.
É preciso aprender a ser mais prudente, respeitoso e empático, recomenda o especialista. Também é bom saber valorizar as qualidades e capacidades dos outros: “Melhor pecar por prudência que por excesso nos julgamentos que emitimos sobre os outros. Não temos só que estar atentos ao que dizemos, mas também ao jeito que empregamos”, esclarece. Fonte: https://brasil.elpais.com
Ativista de causas ambientais é brutalmente torturada e assassinada em Nova Viçosa (BA)
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Rosane Santiago Silveira, 59, lutadora de causas ambientais, culturais e de direitos humanos foi brutalmente torturada e assassinada no sul da Bahia, na cidade de Nova Viçosa no dia 29 de janeiro. A reportagem é de Phillipe Pessoa, publicada por Jornalistas Livres, 12-02-2019.
Ela foi encontrada morta dentro de sua casa, com pés e mãos atados e feridos, pano em volta do pescoço (indicando estrangulamento), duas perfurações por arma branca (possivelmente faca) e uma perfuração por arma de fogo na cabeça (possivelmente por trás). O caso foi inicialmente tratado como suposto latrocínio, embora objetos de valor, entre eles o notebook da vítima, não tenham sido levados, e dos claros indícios de tortura. O delegado Marco Antônio Neves, que chefia as investigações, alterou a hipótese para feminicídio, tortura e extermínio. A bancada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) baiano está em contato com os responsáveis por desvendar o caso e trazer os autores do crime à justiça.
Rosane, conhecida carinhosamente por Rô Conceição, vivia há 18 anos em Nova Viçosa, onde vinha lutando para criar uma associação de proteção da ilha de Barra Velha (área de reserva ambiental extrativista) e denunciando exploração predatória nos conselhos locais e regionais. Integrava o Conselho da Reserva Extrativista de Cassurubá.
Rô nasceu em Vitória em 1960, tendo passado a maior parte da vida em Belo Horizonte, onde teve três filhos. Participou do movimento pela ocupação da moradia Borges da Costa, movimentos culturais, dos direitos humanos e sindicais. Foi criadora da cantina natural do Diretório Acadêmico do Instituto de Ciências Biológicasda Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde eram promovidos eventos artísticos, produção de alimentos conscientes e ponto de encontro de gerações de amigos e militantes. Foi sepultada no dia 31, no Bosque da Esperança em Belo Horizonte (MG).
O crime brutal reflete o início de um governo que vem extinguindo departamentos ministeriais responsáveis por questões ambientais e sinalizando flexibilização e enfraquecimento da fiscalização e penalização de crimes ambientais. Somam-se a isso as declarações dantescas do presidente eleito, de que pretende acabar com o que chamou de “ativismo ambiental xiita” e acabar com a “indústria de demarcação de terras indígenas”.
Rô Conceição junta-se às dezenas de ativistas ambientais assassinatos a cada ano no Brasil. O País liderou, em 2016 e 2017, ranking de assassinatos de ativistas ambientaissegundo a ONG britânica Global Witness, que relatou 57 execuções em 2017. Sua família, amigos e todos aqueles que lutam por justiça social, clamam por respostas. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Na África 257 milhões de pessoas passam fome
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Guerras, mudanças climáticas, crise na situação econômica global, estão entre as causas que levaram a África a piorar a sua situação com relação à desnutrição e à fome. A denúncia é de um Relatório das Nações Unidas indicando dados estatísticos e possíveis soluções
Cidade do Vaticano
Na África, aumenta o número de pessoas com fome: na região subsaariana 237 milhões de pessoas passam fome e na parte norte do continente 20 milhões. São denúncias do Relatório anual das Nações Unidas – apresentado em um evento em Adis Abeba – com o título: “Africa regional overview of food security and nutrition”. Em termos de saúde esta questão se traduz em 59 milhões de crianças com menos de 5 anos que não terão um crescimento normal, 13,8 milhões com menos de cinco anos atingidas por degeneração crônica e pelo menos 38% das mulheres em idade fértil que sofrem de anemia.
Depois de muitos anos de dados estatísticos em lenta melhora, a situação na África voltou a piorar “ameaçando”, segundo o Relatório, “os esforços do continente de erradicar a fome e alcançar os objetivos de Malabo 2025 e a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, em particular as Metas de Malabo 2025 (erradicação da fome crônica na África) e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Economia, ambiente e conflitos
A tendência a piorar a situação na África – explica o Relatório – “é causada pela crise econômica global, pela deterioração das condições ambientais e, em muitos países, pelos conflitos e variações climáticas”. “Uma das causas do menor crescimento econômico em 2016 foi a baixa dos preços das matérias primas alimentares. Também, nos países atingidos pelos conflitos a insegurança alimentar piorou, muitas vezes somados à seca ou inundações”.
Agricultura e emprego
O que é necessário? Maiores esforços e colaboração. “A agricultura e o setor rural devem desenvolver um papel chave na criação de empregos decorosos para 10-12 milhões de jovens que todos os anos entram no mercado de trabalho. Uma outra ameaça é a mudança climática, cujos efeitos como as chuvas reduzidas e o aumento das temperaturas influenciam negativamente na produção de alimentos de base. Os países mais atingidos são os que têm suas economias baseadas na agricultura. É uma ameaça presente e crescente à segurança e à alimentação na África.
Ao mesmo tempo, o Relatório assinala que "existem oportunidades significativas para a agricultura no desenvolvimento do comércio intra-africano, o que fomenta o desenvolvimento e o investindo na juventude. As remessas da migração internacional e interna desempenham um papel importante na redução da pobreza e da fome, além de estimular investimentos produtivos. As remessas internacionais chegam a quase 70 bilhões de dólares, cerca de três por cento do PIB da África, e são uma oportunidade de desenvolvimento nacional que os governos devem trabalhar para fortalecer".
A oportunidade de Comércio Livre
A assinatura do acordo da Área Continental de Comércio Livre Africano oferece – explica o Relatório – a oportunidade de acelerar o crescimento e o desenvolvimento sustentável incrementando o comércio, inclusive os de produtos agrícolas. Embora as exportações agrícolas intra-africanas tenham passado de 2 bilhões de dólares em 2000 para 13,7 bilhões em 2013 ainda são modestas e frequentemente informais. O Relatório sublinha que a abertura do comércio de alimentos pode levar a riscos para os consumidores e os produtores, e que os governos deveriam evitar de utilizar a política comercial para objetivos não direcionados, mas sim, combinar reformas comerciais com instrumentos adicionais, como redes de segurança e programas de mitigação de riscos, para alcançar a segurança alimentar e as metas nutricionais.
Monitorização e prevenção de eventos climáticos extremos
A Visão Geral Regional deste ano, intitulada “Enfrentando a Ameaça da Variabilidades e dos Extremos Climáticos para a Segurança Alimentar e Nutricional” ilustra que a variabilidade climática e seus extremos, em parte devido às mudanças climáticas, são importantes fatores subjacentes ao recente aumento da insegurança alimentar e crises alimentares graves no continente.
Nos últimos dez anos – segundo o Relatório – os “desastres ambientais atingiram em média 16 milhões de pessoas e causaram prejuízos anuais de 670 milhões de dólares em todo o continente. Embora nem todas essas variações climáticas de curto prazo possam ser atribuídas às mudanças climáticas, as evidências apresentadas mostram que as ocorrências mais numerosas e mais frequentes de extremos climáticos e um aumento na variabilidade climática ameaçam corroer os ganhos alcançados na erradicação da fome e da desnutrição".
Então, como reagir? Segundo as indicações do Relatório é necessária maior urgência na construção de "resiliência das famílias, comunidades e países contra a variabilidade e os extremos climáticos. Com projetos de coordenação e ampliação de ações para monitoramento de risco e sistemas de alerta precoce, proteção social e planejamento, alinhadas e coordenadas com as intervenções nos sistemas de nutrição e alimentação. Em todos os setores. Fonte: www.vaticannews.va
Jovem morre após ser estrangulado por segurança em supermercado na Barra.
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Rafael Nascimento
RIO — Um jovem de 19 anos morreu após levar uma "gravata" de um segurança no supermercado Extra, na unidade da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A ação aconteceu no início da tarde desta quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele foi identificado como Pedro Gonzaga. O jovem chegou a ser levado com uma parada cardiorrespiratória para o Coordenação de Emergência Regional (CER) da Barra, mas morreu na unidade.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um dos seguranças dá a gravata no rapaz. Na cena, em que ele aparentemente está desacordado, algumas testemunhas chegaram a afirmar e alertar os seguranças: "está sufocando ele", disse uma delas. "Ele está roxo", falou outra.
No registro, uma mulher pede para que ele seja solto: "não está armado". Há outros seguranças no local. Em outro vídeo também é possível ver bombeiros socorrendo o jovem. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o socorro foi acionado às 12h47m.
Seguranças foram afastados
Por meio de nota, o supermercado Extra afirmou que a ação do segurança foi uma reação a uma "tentativa de furto a arma de um deles":
"A rede esclarece que repudia veemente qualquer ato de violência em suas lojas. Sobre o fato em questão, a empresa já abriu uma investigação interna e constatou de forma inicial que se tratou de uma reação a tentativa de furto a arma de um dos seguranças da unidade da Barra da Tijuca", diz um trecho do comunicado, que prossegue:
"Após o indivíduo ser contido pelos seguranças, a loja acionou a polícia e o socorro imediatamente. A empresa já abriu um boletim de ocorrência e está contribuindo com as autoridades para o aprofundamento das investigações", finalizou a empresa. Fonte: https://oglobo.globo.com
“Até seus inimigos o respeitavam”
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Ricardo Boechat partiu muito jovem e no momento em que os meios de comunicação tradicionais mais necessitam de figuras livres como ele
Ricardo Boechat, um dos jornalistas com mais garra neste país, partiu muito jovem e no momento em que os meios de comunicação tradicionais mais necessitam de figuras livres como ele, a respeito de quem o melhor elogio que li foi: “Até seus inimigos o respeitavam”.
Não deixa de ser simbólico que Boechat, antes de desaparecer para sempre, tenha falado sobre a impunidade das tragédias que o Brasil está vivendo em cadeia neste 2019. Um ano que deveria ter sido de renovação da política aparece mais como uma nuvem carregada, com seu novo presidente, Bolsonaro, ainda no hospital, e o país como que sendo assolado por uma peste que está ceifando muitas ilusões.
Sua morte repentina também parece ser simbólica da crise que atravessa a informação séria, essa que se nega a ser pura publicidade e se vê aprisionada pelas novas e turbulentas técnicas de comunicação onde é a cada dia mais difícil, como dizia Boechat, “distinguir a verdade da mentira”.
Se esse jornalista que trabalhara na imprensa escrita e audiovisual era de fato respeitado até por seus inimigos, isso foi porque seu trabalho era sério. Era um jornalista crítico, como não pode deixar de ser quem entra neste ofício de querer contar às pessoas o que o poder geralmente tenta esconder.
O mérito de Boechat, além de seu rigor profissional e de sua consciência sobre a importância de contar as coisas às pessoas sem lhes mentir, era o de se fazer entender por todas as classes sociais. Era ouvido e lido nas esferas políticas e nos templos econômicos, mas também pela gente comum. Perguntem aos milhares de taxistas que a cada manhã estavam atentos ao seu programa de rádio. Sem saber que eu era jornalista, às vezes me perguntavam: “Ouviu o Boechat? Hoje ele desceu a lenha”.
Essa capacidade de saber chegar com as notícias ou com seu comentário a todos é uma das alavancas que movem o jornalismo desde sempre — assim como sua capacidade de se fazer respeitar por seu escrúpulo em não tergiversar nem censurar.
Passei minha vida dedicado a este simples ofício de jornalista. Já escrevi reportagens à mão, e já tive que levá-las fora de casa, quando era correspondente, para que a transmitissem para mim por telex à redação do jornal. A primeira vez que me deram um pequeno computador portátil, aquilo me parecia uma miragem, um truque de mágica. Hoje, até uma criança de quatro anos é capaz de nadar nas redes com total naturalidade. Elas são a Enciclopédia Universal com a qual Borges sonhava. Elas são o futuro da comunicação.
E entretanto, como velho jornalista e admirador do querido Boechat, com quem me encontrei várias vezes nas finais do Prêmio Comunique-se de jornalismo, sou invadido por uma onda de orgulho quando alguém, ao ler uma notícia chocante nas redes, para se assegurar da sua veracidade, pergunta de qual jornal, rádio ou televisão saiu tal notícia. A credibilidade, hoje em dia, ainda continua viva nos meios de comunicação tradicionais.
Homenagem a Boechat no final do 'Jornal da Band' desta segunda-feira.
Tem razão o presidente do Supremo Tribunal Federal, Antonio Dias Toffoli, quando, comentando a notícia da morte de Boechat, afirmou que se trata de um dia de luto “para a imprensa e a sociedade”. Vivemos tempos fragmentados e incertos, onde figuras com a força e a paixão que Boechat conferia à informação, agradasse ou não ao poder, são fundamentais para uma sociedade que parece ter perdido uma bússola que lhe confirme a cada momento que ela não está sendo enganada.
Obrigado, Boechat!
Fonte: https://brasil.elpais.com
TV Record ignora critérios jornalísticos e ataca crianças sem-terra
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Uma reportagem veiculada no programa "Domingo Espetacular" da TV Record, emissora de propriedade do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, no último domingo (10), mostrou um alinhamento com o novo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em sua batalha ideológica contra os movimentos populares, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A reportagem é de Leonardo Fernandes, publicada por Brasil de Fato, 11-02-2019.
Ignorando critérios éticos fundamentais para o exercício do jornalismo — como escutar o outro lado, a reportagem intitulada “A Polêmica dos Sem Terrinha” arremete contra as crianças do MST, filhos e filhas de trabalhadores rurais sem-terra. A matéria apresenta “especialistas” em direitos da criança, mas não entrevista qualquer representante de entidades oficiais de defesa da infância e juventude, menos ainda de integrantes do MST, como destaca Erivan Hilário, membro do setor de educação do movimento.
“O Brasil é referência de entidades promotoras e de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, no entanto, nenhuma dessas entidades com reconhecimento internacional foi ouvida”.
Nesta segunda-feira (11), o MST divulgou nota na qual repudia o que chama de “ataque” da TV Record às crianças do sem-terrinha. No texto, o movimento afirma que “a Rede Record, ao disseminar mentiras, não leva em consideração critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística”.
“Na nossa concepção, a reportagem se insere em um contexto maior, que é de criminalização do MST, sobretudo nesse momento em que vemos o avanço cada vez maior de práticas de exceção no nosso país e percebemos o alinhamento político-ideológico da emissora com o governo eleito. Trata-se, na verdade, de mais um capítulo no processo de criminalização dos movimentos sociais”, denuncia Hilário.
A reportagem especial, com quase 20 minutos de duração, utiliza imagens públicas do MST, e de veículos de informação que deram ampla cobertura ao 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, ocorrido entre os dias 23 e 26 de julho, em Brasília. Na narrativa montada pelo jornal, os “especialistas” questionam o suposto descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Uma leitura que, segundo Hilário, é superficial e tendenciosa, tendo em visto que o MST é um dos principais garantidores do ECA nos territórios de reforma agrária, muitas vezes negligenciados pelo Estado.
“O ECA é de responsabilidade do conjunto da sociedade: do Estado, da família, dos movimentos sociais, ou seja, a reportagem pegou um aspecto da legislação e mesmo assim não aprofundou. Por exemplo, no ECA, diz que as crianças têm direito a políticas públicas sociais. No entanto, o que a gente vê em curso no país é exatamente o contrário. É a negação do direito das crianças à educação. Exemplo disso é fechamento de mais de 27 mil escolas no último período. Outro exemplo é que negam o artigo 53 do próprio ECA que trata do direito à educação, e que diz que o acesso à escola pública deve ser próximo à residência. No entanto, o que acontece é exatamente o contrário, é o fechamento de escolas no campo, em uma sistemática de negar o direito das crianças à educação”.
Segundo Hilário, não fosse a capacidade de organização das famílias camponesas, o que inclui as próprias crianças, muitas delas viveriam à margem de direitos, “sob o silêncio sepulcral” da mídia tradicional brasileira.
“O que nós fazemos é exatamente assegurar o direito das crianças o direito à terra, o direito à escola. Se existem hoje escolas públicas, gratuitas, municipais e estaduais, em territórios rurais, em assentamentos, se deve graças à organização dos trabalhadores e das próprias crianças, porque o protagonismo infantil é um dos direitos que está assegurado pelo ECA. Então, se não fossem as próprias crianças e suas famílias colocando a educação como direito, elas jamais teriam acesso à escola. E volto a afirmar, as escolas que estão em assentamentos são escolas públicas, gratuitas, sob responsabilidade dos estados ou municípios, com reconhecimento do MEC”.
Fonte ouvida pela matéria da TV Record acusa o MST de “estimular a violência” das crianças e praticar “lavagem cerebral”. “As crianças brasileiras estão submetidas sim à violência. À violência praticada por essa sociedade que lhes nega o direito à educação. À violência por essa sociedade que lhes nega a proteção. A gente entende que a criança é de responsabilidade da família e da coletividade, do assentamento e do acampamento. Violência é a fome que muitas crianças desse país estão submetidas. Essa é a principal violência. As crianças dos nossos assentamentos e acampamentos frequentam escola, tem seus espaços de lazer”, explica Hilário.
Erro de apuração
A reportagem questiona ainda a observação de critérios fundamentais para a realização do Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha no ano passado, o que, segundo Hilário, foi mais um erro grave de apuração do telejornal.
“Todo o encontro esteve baseado nas leis que regem a organização de encontros dessa natureza com crianças. Foi observada desde a autorização dos pais com reconhecimento em cartório, as crianças foram levadas na companhia de educadores, o encontro foi realizado com 1200 crianças e mais de 400 adultos com a tarefa de cuidá-las. Tínhamos UTI, posto médico no local, ou seja, nada do que fizemos foi contra a legislação em vigor, ao contrário, não fizemos isso somente para responder a uma questão legal, mas porque nós acreditamos que as crianças precisam ter seus direitos preservados, entre eles, a questão da proteção em sua integralidade. Tudo foi feito como manda a lei.”
O MST é um movimento social fundado na década de 1980, por trabalhadores rurais despossuídos de terra para o trabalho agrícola, e como uma forma de reivindicar do Estado a realização da reforma agrária. Muitas daquelas crianças sem-terrinhaque passaram pelos espaços infantis do movimento, hoje são profissionais que contribuem no desenvolvimento dos territórios, lembra Hilário.
“Eu gostaria que eles pudessem falar com os advogados do MST que foram sem-terrinha, com os médicos que foram sem-terrinha. Que falassem com pessoas que hoje, formadas em universidades públicas, que eram sem-terrinha, e que hoje contribuem para o processo de desenvolvimento do assentamento”.
Reincidente
Não é a primeira vez que, por razões meramente ideológicas, a TV Record abre mão de critérios éticos fundamentais ao exercício do jornalismo para atacar o diferente. Em janeiro deste ano, a emissora foi condenada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), por realizar ataques a religiões de matriz africana em sua programação. O Ministério Público Federal demonstrou no processo que o conteúdo veiculado pela empresa se tratava de “intolerância religiosa em pleno espaço público televisivo contra as religiões afro-brasileiras”.
Por conta da condenação, a Record terá que dar direito de resposta em quatro programas de televisão com duração de 20 minutos cada, além de pagar uma indenização de R$ 300 mil para cada uma das entidades que ajuizaram a ação: o Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Itecab) e o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e da Desigualdade (Ceert).
Uma das fontes consultadas pela reportagem é o promotor Munir Cury, do Ministério Público de São Paulo, que, supostamente, teria ajudado a construir o Estatuto da Criança e do Adolescente. Em sua rede social, Cury fez chamados a manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Também em sua rede social, a chefe de reportagem que assina a matéria contra as crianças sem-terrinha, Renata Garofano, aparece fazendo campanha eleitoral para Jair Bolsonaro.
Cuidado com as crianças
A TV Record editou o material audiovisual do MST e de veículos alternativos de imprensa, incluindo efeitos sonoros e visuais, que buscavam dar dramaticidade à narrativa e promover uma suposta compaixão pelas crianças. Mesmo tratamento não foi dado à notícia amplamente divulgada pela mídia brasileira e portuguesa no final de 2017, sobre uma investigação aberta pelo Ministério Público de Portugal para apurar uma suposta rede de tráfico internacional de crianças, que seria articulada pela Igreja Universal do Reino de Deus.
A TV portuguesa divulgou uma série de reportagens nas quais acusava o líder da igreja e dono da TV Record, Edir Macedo, de tráfico internacional de crianças. A defesa de Macedo negou as acusações e classificou o conteúdo jornalístico de “campanha difamatória, mentirosa”.
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato a Rede Record para comentar a divulgação da reportagem, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Ricardo Boechat, jornalista, morre aos 66 anos em queda de helicóptero em SP
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Jornalista era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM. Aeronave bateu na parte dianteira de um caminhão que transitava pela Rodovia Anhanguera. O jornalista, apresentador e radialista Ricardo Eugênio Boechat morreu no início da tarde desta segunda-feira (11), aos 66 anos, em São Paulo.
Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM e colunista da revista IstoÉ. Ele também trabalhou nos jornais “O Globo”, “O Dia”, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil” e foi comentarista no Bom Dia Brasil, da TV Globo. Ele ganhou três vezes o Prêmio Esso, um dos principais do jornalismo brasileiro (leia mais abaixo).
Boechat estava dando uma palestra em Campinas, no interior do estado, e retornava a São Paulo nesta segunda, de acordo com jornalistas da TV Band.
Acidente
O chamado de socorro foi feito às 12h14. A queda ocorreu perto do quilômetro 7 do Rodoanel, sentido Castelo Branco. De acordo com a CCR Rodoanel Oeste, que administra o Rodoanel, houve uma terceira vítima com ferimentos, o motorista do caminhão.
Segundo informações iniciais, o helicóptero era do hangar Sales, no Campo de Marte, na Zona Norte da capital paulista, que ficou destelhado após um vendaval nas últimas semanas.
Foram enviadas ao menos 11 viaturas para o local. A Polícia Rodoviária Estadual informou que a alça de acesso do Rodoanel à Rodovia Anhanguera precisou ser interditada. Já a rodovia não teve bloqueio.
Carreira
Ao longo de uma carreira iniciada na década de 1970, esteve jornais como “O Globo”, “O Estado de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e “O Dia”. Na década de 1990, teve uma coluna diária no “Bom Dia Brasil”, na TV Globo.
O perfil de Boechat no site da Band News FM informa que ele era o recordista de vitórias no Prêmio Comunique-se – e o único a ganhar em três categorias diferentes (Âncora de Rádio, Colunista de Notícia e Âncora de TV). Em pesquisa do site Jornalistas & Cia em 2014, que listou cem profissionais do setor, Boechat foi eleito o jornalista mais admirado. Boechat lançou em 1998 o livro “Copacabana Palace – Um hotel e sua história” (DBA).
Em pesquisa do site Jornalistas & Cia em 2014, que listou cem profissionais do setor, Boechat foi eleito o jornalista mais admirado. Boechat lançou em 1998 o livro “Copacabana Palace – Um hotel e sua história” (DBA).
Filho de diplomata, Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. Fonte: https://g1.globo.com
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Ascânio Seleme: Presidente enfermo, precedentes
É justa a preocupação de muitos com a saúde do presidente Jair Bolsonaro. O vai-e-vém dos boletins médicos informa pouco
RIO — É justa a preocupação de muitos com a saúde do presidente Jair Bolsonaro. O vai-e-vém dos boletins médicos informa pouco. Sabe-se que o presidente passou por uma cirurgia bem sucedida de reconstrução do intestino, reassumiu rapidamente o mandato, mas em seguida teve febre e náuseas, depois melhorou e passou a despachar do hospital. Aí piorou de novo, suspendeu os despachos e em dois dias melhorou. Depois piorou outra vez e teve febre de novo, seguido de pneumonia bacteriana. Na sexta, melhorou, comeu gelatina e tornou a despachar. Difícil dizer como estará amanhã. Sua volta a Brasília teve dois adiamentos. Era para ele sair na semana passada, depois sairia amanhã, agora fica internado até quinta.
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
Não é por outra razão que as redes sociais estão infestadas de boatos sobre a cirurgia de Bolsonaro. Alguns desses boatos falam em doenças, mas a maioria discorre sobre teorias conspiratórias. Estranho? Nem um pouco. Fake news é modelo de ação política bem conhecida da turma de Bolsonaro. E também de seus adversários de esquerda, claro. Não seria diferente com nenhum outro recém eleito presidente. Imaginem como seria com Lula, se ele fosse internado dias depois de tomar posse de seu primeiro mandato. Seria um deus-nos-acuda, com redes sociais ou sem elas.
O Brasil já passou por algumas experiências difíceis de presidentes em hospitais. A mais dramática delas foi a internação de Tancredo Neves, primeiro presidente civil depois da ditadura, na véspera de sua posse. Os mais velhos se lembram muito bem dos 36 dias de agonia de Tancredo no Hospital de Base, em Brasília, depois no Incor, em São Paulo. Tancredo passou por sete cirurgias. Todas as tentativas foram feitas para que ele superasse um leiomioma, câncer de intestino. Até médicos americanos especialistas foram trazidos para inutilmente tentar salvar a vida do presidente Tancredo.
No começo , o câncer foi diagnosticado como uma diverticulite. Depois soube-se que os médicos mentiram a pedido do próprio enfermo que não queria assustar a nação. Não é trivial ter um presidente internado em condições difíceis de saúde. Toda uma gigantesca máquina se movimenta em torno dele. Em alguns casos, o país pode parar esperando a melhora do convalescente. Foi assim com Tancredo. O governo Bolsonaro também está parado esperando o seu retorno. A reforma da Previdência só segue para o Congresso após a sua volta.
Os casos de Tancredo e Bolsonaro são absolutamente distintos. Tancredo foi internado e acabou morrendo porque escondeu um câncer que se tivesse sido tratado antes poderia ser curado. Bolsonaro sofreu um atentado a faca que quase lhe tirou a vida. Foi tratado com cuidado e rigor desde a primeira hora e seguiu sua campanha até se eleger presidente. Sua internação agora é desdobramento da primeira etapa do tratamento iniciado quando do ataque. Normal.
Normal também a preocupação do país com a saúde do seu presidente. Toda a transparência que tem sido dada à evolução do seu quadro clínico parece não ser suficiente. Talvez seja o caso de os médicos virem a público para dar satisfação formal aos brasileiros. Muitos acham que médicos, sobretudo os de São Paulo, falam demais e gostam de holofotes. Discordo. Médico tem que falar. Boletins oficiais e palavra de porta-voz muitas vezes apenas agravam a tensão.
FAZ SENTIDO
Deputados e senadores reclamaram ao longo da semana pelo fato de o ministro Sergio Moro ter colocado no mesmo pacote anticrime propostas de lei contra bandidos comuns e bandidos especiais, os corruptos. Queriam, talvez, rigor contra os primeiros e moleza contra os segundos. Com tudo misturado, vai ficar chato aprovar algumas medidas contra aqueles e rejeitar outras contra estes.
CAI-CAI
O governo mal começou e já se fala em Brasília, sem qualquer cerimônia, na queda de ministros. Os três que largaram na frente na bolsa de apostas da Esplanada já sabem que são alvo de fofoca e procuram se proteger se aproximando de generais e de filhos, até do mal-assombrado.
EMÍLIO FICA EM CASA
A sentença aplicada ao empresário Emílio Odebrecht é enrubescedora. Depois reclamam quando petistas acusam a justiça de perseguir Lula. O ex-presidente pegou 12 anos e onze meses de cadeia por receber vantagens em seu sítio de Atibaia. O empresário ganhou três anos e três meses em regime semiaberto por dar a Lula parte destas vantagens. Emílio está livre para fazer o que quiser de dia, mas terá de ficar em casa de noite e nos fins de semana. Beleza.
TEM QUEM QUEIRA
O lamaçal provocado pela Vale ainda nem secou e já tem gente disputando o cargo do presidente Fábio Schvartsman. Muito curioso isso. Considerando que a Vale tem outras tantas barragens que ameaçam a vida de dezenas de milhares de pessoas, cabe perguntar porque alguém haveria de querer comandar a companhia. Por que será que tem gente querendo esta espada sobre a cabeça?
LIESA ESCLARECE
A Liga das Escolas de Samba mandou mensagem contestando nota publicada aqui na semana passada sobre a gestão paroquial da venda de ingressos para o Carnaval do Rio. Disse que não manda pela via postal ingressos para quem compra pela internet em razão da “grande possibilidade de extravio ou furto”. Fala sério. Se fosse seguir esta orientação, Jeff Bezos, o dono da Amazon, não seria o homem mais rico do mundo.
NINGUÉM MAIS TRANSA
Um jornalista venezuelano explicou assim o clima desses dias em Caracas, na Venezuela. “Está todo mundo esperando a chegada dos mariners americanos. Ninguém mais come, ninguém mais dorme direito, ninguém mais transa”.
PERGUNTAS DE FAJARDO
Depois do dilúvio que revirou o Rio na quarta-feira, vale a pena refletir sobre algumas perguntas feitas pelo arquiteto e urbanista Washington Fajardo em seu blog: Onde mora o pobre? Como vive ele e sua família? Onde morarão seus filhos?
CINE GENETON
Por rata-se iniciativa do Sindicato dos Jornalistas do Rio, foi inaugurado ontem o Cineclube Geneton Moraes Neto, em homenagem a um dos maiores jornalistas brasileiros, morto há pouco mais de dois anos.
BRASIl 2018
O que vem à sua cabeça quando você pensa no Brasil do ano passado? Imagino que as duas principais questões que o país atravessou, a eleição de Bolsonaro e a prisão de Lula. Mas coloque no Google a expressão “Brasil 2018”, selecione o campo de imagens e morra de vergonha. Fonte: https://oglobo.globo.com
Tudo é líquido: Como um termo filosófico se torna parte do vocabulário das pessoas
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Entenda como a ideia do sociólogo Zygmunt Bauman pegou — e como se diluiu
Bolivar Torres
Quando o mal-estar com o mundo atual surge na mesa de bar, pode contar: alguém vai sacar a palavra “líquido”. Mas o papo vai além do chope: em uma das maiores livrarias da Zona Sul do Rio, todos os clientes abordados pelo GLOBO disseram conhecer bem o termo. As interpretações variam, mas são sempre associadas a mudanças bruscas, vida acelerada, afetos passageiros... O tal cotidiano pós-moderno.
— Tenho uma amiga que usa “líquido” direto. Para falar de rolos, emprego... Tudo é líquido — conta Victor Furtado, de 22 anos, atingido pelo “liquidez” na faculdade de Psicologia.
Assim como o conceito, seu criador também é pop. No Brasil, pelo menos, o pensador polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) é um best-seller: seus 43 títulos já venderam mais de meio milhão de exemplares. Boa parte deles traz a palavra-chave no nome: “Modernidade líquida”, “Amor líquido”, “Vida líquida”... até “Mal líquido” — o último lançado entre nós ( veja quadro abaixo ) e em que o autor volta a seu tema fundamental: os dilemas da humanidade num mundo mais incerto e movediço.
A fórmula da água
Para o bem ou para o mal (líquido?), Bauman achou uma fórmula. Que, para o sociólogo Alexandre Werneck, funciona justamente por dar uma explicação para a perda de antigos valores.
“O termo 'líquido' se refere à liquefação do nosso arcabouço mais sólido: as instituições, a política, as identidades. Bauman nos oferece a ideia agradável de que alguém está pensando sobre nossas inseguranças.” ALEXANDRE WERNECK. Sociólogo
Outros intelectuais se debruçam sobre as mudanças contemporâneas, claro. O diferencial de Bauman, segundo Werneck, são as “metáforas espertas”, de fácil identificação pelo público.
“Amor líquido” (2004), por exemplo, trata da afetividade de um tempo em que tudo é passageiro, conceito ideal para a era de aplicativos como o Tinder. O livro é o maior sucesso de Bauman no Brasil, com mais de 100 mil exemplares vendidos. Em 2018, aliás, foi vice-campeão de vendas na editora Zahar, atrás apenas do sucesso mundial “Como as democracias morrem”, escrito pelos professores de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.
Mas, ao se tornar tão conhecido, o conceito não corre o risco de... diluir-se? Para outro pensador pop, Leandro Karnal, o risco é inevitável. Há bem mais gente falando “líquido” do que lendo Bauman, ele argumenta.
“É parecido com o que acontece com o termo “quântico”. Tudo o que uma pessoa não consegue explicar logicamente, vira quântico. Ela não sabe o que é quântico, mas parece demonstrar a existência de Deus” LEANDRO KARNAL. Filósofo
Segundo o italiano Thomas Leoncini, que conviveu com Bauman e coescreveu com ele “Nascidos em tempos líquidos” (2017), o autor tinha consciência do sucesso conquistado. Na Itália, conta Leoncini, as pessoas o paravam na rua para pedir abraços e autógrafos.
— Não me preocupo com a exploração do conceito de “liquidez” — ele diz. — Ao contrário, isso demonstra o quão representativa é esta imagem. Bauman foi brilhante em achar um nome que combina a incerteza da forma com o conceito de movimento.
Após “Mal líquido”, a Zahar planeja mais quatro lançamentos de Bauman até 2020. E a fonte (líquida!) está longe de secar. O autor polonês escreveu quase 90 obras. Talvez por causa do sucesso, sua produção ficou ainda mais intensa em seus últimos anos de vida: somente entre 2015 e 2017, quando morreu, foram 11 títulos.
— Nos anos 1990, ele teve a intuição de falar em modernidade líquida, dando sentido cultural a uma transformação da sociedade — observa o filósofo Paulo Vaz, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. — Era um conceito muito interessante, que ele passou a aplicar em diferentes campos. E aí talvez ele tenha se repetido um pouco, usando o mesmo argumento sem acrescentar muita coisa. Fonte: https://oglobo.globo.com
Incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro: 10 mortos e 3 feridos.
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Incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro: 10 mortos e 3 feridos.
Veja quem são os mortos e feridos já identificados do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Dez morreram e três jogadores da base do clube estão internados com queimaduras.
Por G1 Rio
Um incêndio no fim da madrugada desta sexta-feira (8) deixou 10 mortos e 3 feridos no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Flamengo na Zona Oeste do Rio. Veja abaixo quem são as vítimas:
Mortos:
Athila Paixão
Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas
Bernardo Pisetta
Christian Esmério
Jorge Eduardo Santos
Pablo Henrique da Silva Matos
Vitor Isaías
Samuel Thomas Rosa
Gedson Santos
Rykelmo de Souza Vianna.
Feridos:
Cauan Emanuel Gomes Nunes, 14 anos
Francisco Diogo Bento Alves, 15 anos
Jhonatan Cruz Ventura, 15 anos, em estado grave.
Fonte: https://g1.globo.com
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