Segunda-feira, 31 de dezembro. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que estabelecestes o princípio e a plenitude de toda a religião na encarnação do vosso Filho, concedei que sejamos contados entre os discípulos daquele que é toda a salvação da humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (João 1, 1-18)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - 1No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. 2Ele estava no princípio junto de Deus. 3Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. 4Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. 5A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. 7Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. 8Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 9[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. 10Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. 11Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 12Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, 13os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. 14E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. 15João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim. 16Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. 17Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou
3) Reflexão
* O Prólogo é a primeira coisa que se vê ao abrir o evangelho de João. Mas foi a última a ser escrita. É o resumo final, colocado no início. Nele João descreve a caminhada da Palavra de Deus. Ela estava junto de Deus desde antes da criação e por meio dela tudo foi criado. Tudo que existe é expressão da Palavra de Deus. Como a Sabedoria de Deus (Prov 8,22-31), a Palavra quis chegar mais perto de nós e se fez carne em Jesus. Viveu no meio de nós, realizou a sua missão e voltou para Deus. Jesus é esta Palavra de Deus. Tudo que ele diz e faz é comunicação que nos revela o Pai.
* Dizendo "No princípio era a Palavra", João evoca primeira frase da Bíblia que diz: "No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Deus criou tudo por meio da sua Palavra. "Ele falou e as coisas começaram a existir" (Sl 33,9; 148,5). Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus, sempre de novo, renasce no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. Não conseguimos viver sem Deus por muito tempo!
* João Batista veio para ajudar o povo a descobrir e saborear esta presença luminosa e consoladora da Palavra de Deus na vida. O testemunho de João Batista foi tão importante, que muita gente pensava que ele fosse o Cristo (Messias). (At 19,3; Jo 1,20) Por isso, o Prólogo esclarece dizendo: "João não era a luz! Veio apenas para dar testemunho da luz!"
* Assim como a Palavra de Deus se manifesta na natureza, na criação, da mesma maneira ela se manifesta no "mundo", isto é, na história da humanidade e, de modo particular, na história do povo de Deus. Mas o "mundo" não reconheceu nem recebeu a Palavra. Ela "veio para o que era seu, mas os seus não a receberam". Aqui, quando fala mundo, João quer indicar o sistema tanto do império como da religião da época, ambos fechados sobre si e, por isso mesmo, incapazes de reconhecer e de receber a Boa Nova (Evangelho) da presença luminosa da Palavra de Deus.
* Mas as pessoas que se abrem aceitando a Palavra, tornam-se filhos e filhas de Deus. A pessoa se torna filho ou filha de Deus não por mérito próprio, nem por ser da raça de Israel, mas pelo simples fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade, nos aceita e nos acolhe. A Palavra entra na pessoa e faz com que ela se sinta acolhida por Deus como filha, como filho. É o poder da graça de Deus.
* Deus não quer ficar longe de nós. Por isso, a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. O Prólogo diz literalmente: "A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!" Antigamente, no tempo do êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, "cheio de graça e de verdade!" Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação.
4) Para um confronto pessoal
1) Tudo que existe é uma expressão da Palavra de Deus, uma revelação da sua presença. Será que sou suficientemente contemplativo para poder perceber e experimentar esta presença universal da Palavra de Deus?
2) O que significa para mim poder ser chamado filho de Deus?
5) Oração final
Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e o que ele contém; exulte o campo e o que ele encerra, alegrem-se as árvores da floresta diante do Senhor, pois ele vem, ele vem julgar a terra. (Sal 95, 11-13)
Sábado, 29. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Sábado, 29. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus invisível e todo-poderoso, que dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz, volvei para nós o vosso olhar,a fim de que proclamemos dignamente a maravilhosa natividade de vosso Filho Unigênito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 2, 22-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 22Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 23conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); 24e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 27Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 28tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31que preparastes diante de todos os povos, 32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel. 33Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 35a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.
3) Reflexão
* Os primeiros dois capítulos do Evangelho de Lucas, escrito na metade dos anos 80, não são história no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam muito mais como espelho, onde os cristãos convertidos do paganismo descobriam que Jesus tinha vindo realizar as profecias do Antigo Testamento e atender às mais profundas aspirações do coração humano. São também símbolo e espelho do que estava acontecendo entre os cristãos do tempo de Lucas. As comunidades vindas do paganismo tinham nascido das comunidades dos judeus convertidos, mas eram diferentes. O Novo não correspondia ao que o Antigo imaginava e esperava. Era "sinal de contradição" (Lc 2,34), causava tensões e era fonte de muita dor. Na atitude de Maria, imagem do Povo de Deus, Lucas apresenta um modelo de como perseverar no Novo, sem ser infiel ao Antigo.
* Nestes dois primeiros capítulos do evangelho de Lucas tudo gira em torno do nascimento de duas crianças: João e Jesus. Os dois capítulos nos fazem sentir o perfume do Evangelho de Lucas. Neles, o ambiente é de ternura e de louvor. Do começo ao fim, se louva e se canta, pois, finalmente, a misericórdia de Deus se revelou e, em Jesus, ele cumpriu as promessas feitas aos pais. E Deus as cumpriu em favor dos pobres, dos anawim, como Isabel e Zacarias, Maria e José, Ana e Simeão, os pastores. Estes souberam esperar pela sua vinda.
* A insistência de Lucas em dizer que Maria e José cumpriram tudo aquilo que a Lei prescreve evoca o que Paulo escreveu na carta aos Gálatas: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” (Gal 4,4-5).
* A história do velho Simeão ensina que a esperança, mesmo demorada, um dia se realiza. Ela não se frustra nem se desfaz. Mas a forma de ela realizar-se nem sempre corresponde à maneira como a imaginamos. Simeão esperava o Messias glorioso de Israel. Chegando ao templo, no meio de tantos casais que trazem seus meninos ao templo, ele vê um casal pobre lá de Nazaré. É neste casal pobre com seu menino ele vê a realização da sua esperança e da esperança do povo: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel."
* No texto do evangelho deste dia, aparecem os temas preferidos de Lucas, a saber, uma grande insistência na ação do Espírito Santo, na oração e no ambiente orante, uma atenção contínua à ação e à participação das mulheres, e uma preocupação constante com os pobres e com a mensagem a ser dada aos pobres.
4) Para um confronto pessoal
1) Você seria capaz de perceber numa criança pobre a luz para iluminar as nações?
2) Você seria capaz de agüentar uma vida inteira esperando a realização da sua esperança?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sal 95, 1-2)
Sexta-feira, dia 28. Santos Inocentes, mártires. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, hoje os santos inocentes proclamam vossa glória, não por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com nossa vida o que nossos lábios professam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 2,13-18)
13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei o meu Filho". 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18"Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais.
3) Reflexão
* O Evangelho de Mateus, redigido em torno dos anos 80 e 90, tem a preocupação de mostrar que em Jesus se realizam as profecias. Muitas vezes se diz: “Isto aconteceu para que se realizasse o que diz a escritura....” (cf. Mt 1,22; 2,17.23; 4,14; 5,17; etc). É porque os destinatários do Evangelho de Mateus são as comunidades de judeus convertidos que viviam uma crise profunda de fé e de identidade. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70, os fariseus eram o único grupo sobrevivente do judaísmo. Nos anos 80, quando eles começaram a se reorganizar, crescia a oposição entre judeus fariseus e judeus cristãos. Estes últimos acabaram sendo excomungados da sinagoga e separados do povo das promessas. A excomunhão tornou agudo o problema da identidade. Já não podiam mais freqüentar suas sinagogas. E vinha a dúvida: Será que erramos? Quem é o verdadeiro povo de Deus? Jesus é realmente o Messias?
* É para este grupo sofrido que Mateus escreve o seu evangelho como Evangelho da consolação para ajudá-los a superar o trauma da ruptura; como Evangelho da revelação para mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias, o novo Moisés, no qual se realizam as promessas; como Evangelho da nova prática para ensinar o caminho de como alcançar a nova justiça, maior do que a justiça dos fariseus (Mt 5,20).
* No evangelho de hoje transparece esta preocupação de Mateus. Ele consola as comunidades perseguidas mostrando que Jesus também foi perseguido. Ele revela que Jesus é o Messias, pois por duas vezes insiste em dizer que as profecias nele se realizaram; e sugere ainda que Jesus seja o novo Moisés, pois como Moisés foi perseguido e teve que fugir. Ele aponta um novo caminho, sugerindo que devem fazer como os magos que souberam driblar a vigilância da Herodes e voltaram por um ouro caminho para casa.
4) Para um confronto pessoal
1) Herodes mandou matar as crianças de Belém. O Herodes de hoje continua matando milhões de crianças. Elas morrem de fome, de doença, de desnutrição, de aborto. Quem é hoje Herodes?
2) Mateus ajuda a superar a crise de fé e de identidade. Hoje, muitos vivem uma crise profunda de fé e de identidade. Como o Evangelho pode ajudar a superar esta crise?
5) Oração final
Nosso auxílio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra. (Sal 123, 8)
Quinta-feira, dia 27- São João Evangelista. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, que pelo apóstolo São João nos revelastes os mistérios do vosso Filho, tornai-nos capazes de conhecer e amar o que ele nos ensinou de modo incomparável. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 2-8)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - No primeiro dia da semana, 2 Maria Madalena saiu correndo e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! 3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
3) Reflexão
* O evangelho de hoje traz o trecho do Evangelho de João, que fala do Discípulo Amado. Provavelmente, escolheram este texto para ser lido e meditado no dia de hoje, festa de São João Evangelista, por causa da identificação espontânea que todos fazemos do discípulo amado com o apóstolo João. O curioso é que, em canto algum do evangelho de João, se diz que o discípulo amado é João. Mas desde o mais remoto início da Igreja sempre se insistiu na identificação dos dois. Porém, insistindo demais na semelhança entre os dois corremos o risco de perder um aspecto muito importante da mensagem do Evangelho a respeito do discípulo amado.
* No evangelho de João o discípulo amado representa a nova comunidade que nasce ao redor de Jesus. O Discípulo Amado está ao pé da Cruz junto com Maria, a mãe de Jesus (Jo 19,26). Maria representa o Povo da antiga aliança. No fim do primeiro século, época em que foi feita a redação final do Evangelho de João, havia o conflito crescente entre a sinagoga e a igreja. Alguns cristãos queriam abandonar o Antigo Testamento e ficar só com o Novo Testamento. Ao pé da Cruz Jesus diz: “Mulher, eis aí teu filho!” e ao discípulo amado: “Filho, eis aí tua mãe!” Os dois devem permanecer unidos, como mãe e filho. Separar o Antigo Testamento do Novo Testamento era naquele tempo o mesmo que hoje chamamos de separação entre fé (NT) e vida (AT).
* No evangelho de hoje, Pedro e o Discípulo Amado, alertados pelo testemunho de Maria Madalena, correm juntos para o Santo Sepulcro. O jovem é mais veloz que o velho e chega primeiro. Ele olha para dentro do sepulcro, observa tudo, mas não entra. Ele deixa Pedro entrar primeiro. Pedro entrou. É sugestiva a maneira como o evangelho descreve a reação dos dois homens diante do que ambos viram: “Então Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte. Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou”. Ambos viram a mesma coisa, mas só se diz do Discípulo Amado que ele acreditou: “Depois entrou o discípulo: olhou e acreditou!” Por quê? Será que Pedro não acreditou?
* O discípulo amado tem um olhar diferente que percebe mais que os outros. Tem um olhar amoroso que percebe a presença da novidade de Deus. Na madrugada depois daquela noite de pescaria e depois da pesca milagrosa, é ele, o discípulo amado, que percebe a presença de Jesus e diz: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Naquela ocasião, Pedro, alertado pela afirmação do discípulo amado também reconheceu e começou a enxergar. Pedro aprendeu do discípulo amado. Em seguida, Jesus perguntou três vezes; “Pedro, você me ama?” (Jo 21,15.16.17). Por três vezes, Pedro respondeu: “Tu sabes que eu te amo!” Depois da terceira vez, Jesus confiou as ovelhas aos cuidados de Pedro, pois neste momento também Pedro se tornou “Discípulo Amado”.
4) Para um confronto pessoal
1) Todos que acreditamos em Jesus somos hoje o Discípulo Amado. Será que tenho o mesmo olhar amoroso para perceber a presença de Deus e crer na sua ressurreição?
2) Separar o Antigo do Novo Testamento é o mesmo que separar Vida e Fé. Como faço e vivo isto?
5) Oração final
Os montes se derretem como cera diante do Senhor, diante do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória. (Sal 96, 5-6)
Quarta-feira, dia 26- Santo Estêvão. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos santo Estêvão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 17-22)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 17 Cuidado com os homens, porque eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. 18 Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos. 19 Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. 20 Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós. 21 O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. 22 Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
3) Reflexão
* O contraste é grande. Ontem, dia de Natal, foi o presépio do recém nascido com o canto dos anjos e a visita dos pastores. Hoje é o sangue derramado de Estevão, apedrejado até a morte, porque teve a coragem de crer na promessa expressa na simplicidade do presépio. Estevão criticou a interpretação fundamentalista da Lei de Deus e o monopólio do Templo. Por isso foi morto por eles (At 6,13-14).
* Hoje, na festa de Estevão, primeiro mártir, a liturgia traz um trecho do evangelho de Mateus (Mt 10,17-22), tirado do assim chamado Sermão da Missão (Mt 10,5-42). Nele Jesus adverte os seus discípulos dizendo que a fidelidade ao evangelho traz dificuldades e perseguição: “eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles”. Mas para Jesus o que importa na perseguição não é o lado doloroso do sofrimento, mas sim o lado positivo do testemunho: “Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações”. A perseguição é uma oportunidade para dar testemunho da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.
* Foi o que aconteceu com Estevão. Ele deu testemunho da sua fé em Jesus até o último momento da sua vida. Na hora de morrer ele disse: “Vejo os céus abertos, e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (At 7,56). E ao cair morto debaixo das pedradas imitou Jesus gritando: “Senhor, não lhes leve em conta este pecado!” (At 7,60; Lc 23,34).
* Jesus tinha dito: “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. Esta profecia de Jesus também se realizou em Estevão. Os seus adversários “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com o qual ele falava” (At 6,10). “Os membros do sinédrio tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo” (At 6,15). Estevão falava “repleto do Espírito Santo” (At 7,55). Por isso, a raiva dos outros era maior e o lincharam na hora.
* Até hoje acontece o mesmo. Em muitos lugares muita gente é arrastada diante dos tribunais e sabe dar respostas que superam em sabedoria aos sábios e entendidos (Lc 10,21).
4) Para um confronto pessoal
1) Colocando-se na posição de Estevão: você já sofreu alguma vez por causa da sua fidelidade ao Evangelho?
2) A simplicidade do presépio e a dureza do martírio vão de par em par na vida dos Santos e Santas e na vida de tantas pessoas que hoje são perseguidas até a morte por causa da sua fidelidade ao evangelho. Você conheceu de perto pessoas assim?
5) Oração final
Inclina para mim teu ouvido, vem depressa livrar-me. Sê para mim o rochedo que me acolhe, refúgio seguro, para a minha salvação. Pois tu és minha rocha e meu baluarte.
DOM MUNIZ: Mensagem de Natal
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NATAL: Ordem Terceira do Carmo
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Mensagem de Natal da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 23 de dezembro-2018.
SÁBADO, 22: Olhar do dia direto de Cachoeira-BA.
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OLHAR DO DIA: ALMOÇO DE INAUGURAÇÃO DA NOVA CASA DOS CARMELITAS EM CACHOEIRA-BA. Nas fotos, Pe. Hélio, Pároco de Cachoeira e ecônomo da Diocese de Cruz das Almas, Pe. Tota, vigário de Cacheira, seminarista Adeílson e os Freis; Raimundo, Alberto e Alonso. (Fotos: Leonardo). Sábado, 22 de dezembro-2018. Divulgação: www.olharjornalistico.com.br www.instagram.com/freipetronio
4º DOMINGO DO ADVENTO: Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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(Este é também o Evangelho do 4º Domingo do Advento, dia 23)
Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ouvi com bondade, ó Deus, as preces do vosso povo, para que, alegrando-nos hoje com a vinda do vosso Filho em nossa carne, alcancemos o prêmio da vida eterna, quando ele vier na sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 39-45)
39 Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. 40 Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. 42 Com voz forte, ela exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre. 45 Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”.
3) Reflexão
* Lucas acentua a prontidão de Maria em servir, em ser serva. O anjo falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta apressadamente para ir ajudá-la. De Nazaré até a casa de Isabel são bem mais de 100 quilômetros, quatro dias de viagem, no mínimo! Não havia ônibus nem trem. Maria começa a servir e cumprir sua missão a favor do povo de Deus.
* Isabel representa o Antigo Testamento que estava terminando. Maria representa o Novo que está começando. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar a expectativa do povo. No encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito. A criança estremece de alegria no seio de Isabel. Esta é a leitura de fé que Isabel faz das coisas da vida.
* A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se visitando para se ajudar mutuamente. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades e nós todos percebamos e descubramos a presença de Deus.
* Isabel diz a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Até hoje, estas palavras fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado no mundo inteiro, que é a Ave Maria.
* "Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o elogio de Isabel a Maria e o recado de Lucas para as comunidades: crer na Palavra de Deus, pois a Palavra de Deus tem força para realizar tudo aquilo que ela nos diz. É Palavra criadora. Gera vida nova no seio da virgem, no seio do povo pobre que a acolhe com fé.
* Maria e Isabel já eram conhecidas uma da outra. E no entanto, neste encontro, elas descobrem, uma na outra, um mistério que ainda não conheciam e que as encheu de muita alegria. Hoje também encontramos pessoas que nos surpreendem com a sabedoria que possuem e com o testemunho de fé que elas nos dão. Algo parecido já aconteceu com você? Já encontrou pessoas que te surpreenderam? O que nos impede de descobrir e de viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
* A atitude de Maria frente à Palavra expressa o ideal que Lucas quer comunicar às Comunidades: não fechar-se sobre si mesma, mas sair de si, sair de casa, e estar atenta às necessidades bem concretas das pessoas e procurar ajudar os outros na medida das necessidades.
4) Para um confronto pessoal
1) Colocando-me na posição de Maria e Isabel: sou capaz de perceber e experimentar a presença de Deus nas coisas simples e comuns da vida de cada dia?
2) O elogio de Isabel para Maria: “Você acreditou!” O marido dela teve problema em crer no que o anjo lhe dizia. E eu?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. Nele se alegra o nosso coração e confiamos no seu santo nome. (Sal 32, 20-21)
Quinta-feira, dia 20. 3ª Semana do Advento: Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Senhor Deus, ao anúncio do Anjo, a Virgem imaculada acolheu vosso Verbo inefável e, como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo. Concedei que a seu exemplo, abracemos humildemente a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 26-38)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33e o seu reino não terá fim. 34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? 35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 37porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
3) Reflexão
* A visita do ano a Maria evoca as visitas de Deus a várias mulheres do Antigo Testamento: Sara, mãe de Isaque (Gn 18,9-15), Ana, mãe de Samuel (1 Sam 1,9-18), a mãe de Sansão (Jz 13,2-5). A todas elas foi anunciado o nascimento de um filho com missão importante na realização do plano de Deus.
* A narração começa com a expressão “No sexto mês”. É o sexto mês da gravidez de Isabel. A necessidade concreta de Isabel, uma senhora já de idade que vai ter o seu primeiro filho com parto de risco, é o pano de fundo de todo este episódio. Ela é mencionada no começo (Lc 1,26) e no fim da visita do anjo (Lc 1,36.39).
* O anjo diz: “Alegra-te! Cheia de graça! O Senhor está contigo!” Palavras semelhantes foram ditas a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12) e a outras pessoas com missão importante no plano de Deus. Maria estranha a saudação e procura saber o significado daquelas palavras. Ela é realista. Quer entender. Não aceita qualquer inspiração.
* O anjo responde: “Não tenha medo, Maria!” Como na visita do anjo a Zacarias, também aqui a primeira saudação de Deus é sempre: ”Não ter medo!” Em seguida, o anjo recorda as promessas do passado que vão ser realizadas através do filho que vai nascer e que deve receber o nome de Jesus. Ele será chamado Filho do Altíssimo e nele se realizará o Reino de Deus. Esta é a explicação do anjo para Maria não ficar assustada.
* Maria tem consciência da missão que está recebendo, mas ela permanece realista. Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha a sua condição. Ela analisa a oferta a partir dos critérios que tem à sua disposição. Humanamente falando, não era possível: “Como pode ser isto, se eu não conheço homem algum?”
* O anjo explica que o Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis. Por isso, o Santo que vai nascer de Maria será chamado Filho de Deus. O milagre se repete até hoje. Quando a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres, algo novo acontece pela força do mesmo Espírito Santo! Algo tão novo e surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou um filho nascer de uma senhora já de idade como Isabel, da qual todo mundo dizia que ela não podia ter neném! E o anjo acrescenta: “E olhe, Maria! Isabel, tua prima, já está no sexto mês!”
* A resposta do anjo clareou tudo para Maria, e ela se entrega: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Maria usa para si o título de Serva, empregada do Senhor. Este título vem de Isaías, que apresenta a missão do povo não como um privilégio, mas sim como um serviço aos outros povos (Is 42,1-9; 49,3-6). Mais tarde, Jesus também definirá sua missão como um serviço: “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mt 20,28). Aprendeu da Mãe!
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais chama a sua atenção na visita do anjo Gabriel a Maria?
2) Jesus elogiou sua mãe quando disse: “Feliz quem ouve a Palavra e a põe em prática” (Lc 11,28). Como Maria se relacionou com a Palavra de Deus durante a visita do Anjo?
5) Oração final
Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e seus habitantes; ele próprio fundou-a sobre os mares e afirmou-a sobre os rios. (Sal 23)
54 Anos de Ordenação Presbiteral...
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OLHAR DO DIA. Frei Gabriel Haamberg, O.Carm, do Carmo de Mogi das Cruzes/ SP. 54 Anos de Ordenação Presbiteral nesta quarta, 19.
ALREDEDOR DE LA FUENTE: Círculos de oración y meditación en torno a la REGLA DEL CARMEN
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1º Círculo- Prólogo
Regla del Carmen, números 1 a 3. “Vivir en obsequio de Jesu Cristo” Definir el sentido de la vida
Frei Carlos Mesters, O. Carm.
- Un poco de historia: Los primeros carmelitas y el Patriarca Alberto
- De acuerdo con las informaciones del propio prólogo, los primeros carmelitas ya vivían en comunidad bajo la obediencia a B., cerca de una fuente, en el Monte Carmelo. Ellos habían encontrado una nueva amanera de vivir el Evangelio y querían que fuese aprobada por la Iglesia. Por eso, elaboraron una propuesta y fueron a hablar con Alberto., patriarca de Jerusalén. Esta propuesta es antecedente de la futura Regla del Carmen, pues, como el propio Alberto afirma en el prólogo (RC 3), él aceptó la propuesta y, con su autoridad, l a transformó en Forma de Vida, no sólo para aquél primer grupo de carmelitas, sino también para todos los que vinieran después.
- Todo esto ocurrió entre 1206 y 1214, los años en que Alberto fue patriarca de Jerusalén. No sabemos el año exacto. Algunos dicen que fue en 1209. Es posible. Pero a causa del valor simbólico del número 40, nos parece mejor decir que fue en 1207. Es que exactamente 40 años después, el 1º de octubre de 1247, la Forma de Vida dada por Alberto, fue oficialmente aprobada por el Papa Inocencio IV como Regla de la Orden del Carmen. El pueblo de Dios pasó 40 años en el desierto, Entre la salida de Egipto y la toma de posesión de la Tierra Prometida. El profeta Elías anduvo 40 días por el desierto hasta llegar a la Montaña de Dios. Jesús ayunó 40 días en el desierto para prepararse a su misión.
- En las pocas frases del prólogo Alberto tiene la preocupación de situar a los carmelitas dentro de la tradición del Pueblo de Dios. Imitando el gesto con que el apóstol Pablo acostumbraba a comenzar sus cartas (Rom.1,1; 1Cor1,1; 2Cor 1,1), Alberto presenta la Regla como una prolongación y actualización del Nuevo Testamento para los carmelitas. Además de eso, citando la Carta a los Hebreos (Heb.1,1) él hace saber que la vida de los carmelitas está en continuidad con la tradición de los Santos Padres de la Iglesia. El dice: Muchas veces y de muchas maneras los santos padres establecieron cómo cada uno, cualquiera sea el estado de vida a que pertenezca o la forma de vida religiosa que haya escogido, debe vivir en obsequio de Jesucristo y servirlo fielmente con corazón puro y conciencia limpia. En aquel tiempo, como hoy, había muchas formas de “vivir en obsequio de Jesucristo”. Estaban los ermitaños, los peregrinos, los monjes, los templarios, los mendicantes. Estaban las Reglas de san Agustín, San Basilio, San Benito, San Francisco. Había muchas órdenes y congregaciones. Pero Alberto reconoce que aquél grupo de carmelitas del Monte Carmelo tenía un camino diferente, una propuesta nueva. A pesar de ser llamados ermitaños como los antiguos monjes, los primeros carmelitas tenían elementos nuevos y diferentes en su manera de vivir el Evangelio. Ninguna de las reglas existentes correspondía a la vida que ellos querían llevar. Precisaban algo nuevo.
- La novedad de este camino, propio de los carmelitas, va a ser descrita en la Forma de Vida que será la Regla del Carmen. Es la Regla más corta de todas las que existen en la Iglesia. Cada carmelita, cualquiera que sea el estado de vida a que pertenezca o el modo de vida religiosa que haya escogido, procura vivir esta Regla dentro de su propio estado de vida: hombre o mujer; casado o soltero; fraile o sacerdote; hermana de clausura o de congregación; laico, laica o miembro del clero; orden primera, segunda o tercera; miembro de movimientos o de asociaciones que se inspiran en la Regla del Carmen,... Hasta hoy, todos nosotros nos reunimos alrededor de esta misma fuente para beber de su agua que brota para la vida eterna.
- El camino que nos propone la Regla del Carmen
- El camino que nos propone la Regla del Carmen es el de todo cristiano: Vivir en obsequio de Jesucristo. La Regla describe la manera como los miembros de la familia carmelitana deben ir por este camino. La expresión “en obsequio de Jesucristo” viene de 2Cor 10,5. En la edad media, la expresión “vivir en obsequio de Jesucristo” era usada para designar el nuevo tipo de Vida Religiosa que los mendicantes procuraban llevar. En aquél tiempo, los empleados de las grandes extensiones de tierra decían: “vivimos en obsequio de fulano de tal, señor de esta tierra”. Los carmelitas, como tantos otros peregrinos y cruzados, habían salido de ese mundo de los señores de la tierra para ir en peregrinación hasta Tierra Santa. Ellos decían: vivimos en obsequio de Jesucristo, el Señor de Tierra Santa.
- La expresión vivir en obsequio de Jesucristo retoma la riqueza y la densidad de la expresión Seguir al Jesús de los Evangelios, donde se destacan tres aspectos:
- Imitar el ejemplo del Maestro: En el tiempo de Jesús, quien seguía a un maestro tenía en él un modelo de vida, un ejemplo a imitar. La convivencia diaria del discípulo con el maestro permitía una confrontación permanente. Así, quien seguía a Jesús tenía en él un modelo a reproducir en su vida (Jn 13,13-15). En la “escuela de Jesús” sólo se enseñaba una única materia: Jesús, él mismo. Hoy, esto exige de nosotros una lectura constante y orante de los Evangelios (RC 10) para que podamos conocer a Jesús, modelo a imitar.
- Participar del destino del Maestro: En el tiempo de Jesús, quien seguía a un Maestro debía andar con él por todas partes, incluso cuando esto fuera difícil o exigiera sacrificio. Así, quien seguía a Jesús debía comprometerse con el y “estar con el en las tentaciones” (Lc 22,28). Incluso en la persecución (Jn 15,20; Mt.10,24-25), y en la muerte (Jn 11,16). Hoy, aquí, en _América Latina, esto exige de nosotros un compromiso serio con aquello que la Iglesia nos pide, a saber, la opción por los pobres (Puebla), sin tener miedo a las consecuencias.
- Tener la vida de Jesús dentro de sí: Después de la Pascua, a la luz de la Resurrección, apareció una tercera dimensión. Es la dimensión mística, fruto de la acción del Espíritu Santo. Es lo que san Pablo define con la siguiente frase: “Vivo yo, pero no soy yo, es Cristo quien vive en mi” (Gál. 2,20). Es lo mismo que Pablo describe en la carta a los Filipenses: morir con Cristo en servicio a los hermanos para poder vivir con el en la Resurrección (Fil 3,7-12). Hoy esto exige de nosotros un ejercicio continuo de la presencia de Dios. Meditar día y noche la ley del Señor (RC 19).
- Estamos llamados a vivir en obsequio de Jesucristo y de servirlo fielmente con corazón puro y conciencia serena. La expresión corazón puro y conciencia serena viene de 1Tim 1,5. Y es viviendo dentro del camino indicado por la Regla que el corazón se purifica y la conciencia encuentra serenidad y paz.
- Corazón puro: “Felices los limpios de corazón, porque ellos verán a Dios”, dice Jesús (Mt. 5,8). La “pureza de corazón” es el punto de llegada de una larga caminata. Ella indica la constancia espiritual y la paz interior que permite hacer discernimiento de espíritus. Ella percibe qué es y qué no es de Dios. Hoy, en este mundo nuestro de TV y de supermercados, de propaganda política y de movimientos de moda, no le es fácil a una persona discernir qué es de Dios y qué no. La purificación del corazón de la que habla la Regla es muy actual y más necesaria que nunca. Es ver las cosas no con los ojos del mundo, sino con los ojos de Dios (Jn 17,11.19). Es tener una visión más real de nosotros mismos, de la sociedad, de la realidad, y una conciencia más crítica frente al sistema neoliberal que toma cuenta de todo y se presenta a todos por todos los medios como siendo la única verdad.
- Conciencia serena: algunos traducen recta conciencia. Preferimos traducir conciencia serena. En portugués, la expresión “recta conciencia” acentúa la dimensión moral: una conciencia moralmente correcta. Sin excluir la realidad moral, el acento de la Regla es otro. Es tener una conciencia fundada en la humildad. El corazón puro va generando en nosotros la conciencia tranquila. Es la conciencia de quien encontró en Dios la raíz de su ser, la fuente de su paz y de su identidad.
- Elías y María y el ideal de vida carmelitano
- La Regla del Carmen alude al Monte Carmelo y a la fuente que allí existe, pero no habla del profeta Elías, ni de María. No menciona sus nombres. Las dos figuras, que, desde el comienzo, marcaron y continúan marcando hasta hoy la espiritualidad del Carmelo, están ausentes en la Regla. ¿Por qué? Es que el único pedacito de tierra que yo no puedo ver nunca es aquél que está debajo de mis pies. Es lo que me sustenta y da firmeza.
- La fuente de la que habla la Regla es la fuente del profeta Elías, que existe en el Monte Carmelo hasta nuestros días. La capilla que construyeron por orden de Alberto estaba dedicada a santa María del Monte Carmelo. ¡Elías y María! El ideal que los carmelitas descubren en el profeta Elías es este: “Vive el Señor en cuya presencia estoy” (1Rey 17,1). El ideal que nos indica María es: “Hagan todo lo que el les diga” (Jn 2,5). Este doble ideal de Elías y María estaba debajo de los pies de los primeros carmelitas y se expresaba en la propuesta que ellos le llevaron a Alberto. Siguiendo este camino, podemos vivir en obsequio de Jesucristo y servirlo fielmente con corazón puro y conciencia serena.
- La Regla del Carmen no debe ser vista como un conjunto de normas para medir la perfección de nuestra observancia, sino como una puerta que ofrece un nuevo acceso a la fuente que es Jesús. Entrando por esta puerta y siguiendo por este camino, el corazón se purifica, la conciencia encuentra serenidad (RC 2) y la presencia de Dios se manifiesta. Viviendo la Regla, se realiza en nosotros lo que le ocurrió al profeta Elías en Querit: beberemos de la fuente y seremos alimentados por Dios ( 1 Rey 17,1-6). Se realiza lo que ocurrió con María en Nazaret: recibiremos la Palabra de Dios y ella se encarnará en nuestras vidas (Lc 1,38).
*CARMELITAS: CARISMA E MISSÃO DO CARMELO E SUAS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS
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Capítulo I: Dom e missão da Ordem
- Em Jesus Cristo, Filho do Pai e «primogênito de toda a criação»[1], vivemos uma nova maneira de união com Deus e com o próximo e, assim, tornamo-nos participantes da missão do Verbo Encarnado neste mundo e formamos a Igreja, que é em Cristo «como que o sacramento ou sinal, o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano»[2].
- Vivendo no obséquio de Jesus Cristo[3] e abraçando o seu Evangelho como norma suprema da nossa vida[4], tendemos, na força do seu Espírito, que distribui os Seus dons como quer[5], para um mútuo serviço entre nós e para com os outros homens. Cooperamos, assim, para que se realize neste mundo o desígnio de Deus, que a todos quer reunir num Povo Santo[6].
- Entre os dons do Espírito encontra-se também a vida evangélica, que professamos como religiosos, chamados por Cristo para viver e propagar a Sua força transformadora e libertadora e a vida evangélica de modo peculiar, eficaz e atual. Esta vida caracteriza-se por uma busca intensa de Deus na adesão total a Cristo, que se manifesta pela vida fraterna e pelo zelo apostólico.
- Tal vocação traz consigo a plena aceitação das condições que Cristo pede àqueles que querem segui-Lo neste gênero de vida, quais sejam: a aceitação da vontade de Deus, como participação na obediência de Cristo; a vida pobre e de comunhão de bens, como expressão da nossa união em Cristo e da recíproca união evangélica com os irmãos; e, enfim, a castidade consagrada, como expressão do amor a Deus e aos irmãos.
- Entendemos a nossa vida consagrada acima de tudo como um convite e um grande dom de Deus, pela qual Ele nos consagra a Si para servir os irmãos segundo o exemplo de Cristo. Esta vocação aperfeiçoa em nós, também, a virtude carismática da vida baptismal e crismal na nossa fraternidade comum, pelo facto de que nos une, de modo peculiar, à Igreja e nos prepara para o serviço de Deus e dos homens, «na implantação e consolidação do reino de Cristo nas almas e de o levar a todas as regiões»[7].
- Por isso, nós –Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo– interrogamo-nos e perguntamo-nos quais são, entre tanta variedade de carismas e de vocações, as características que dão à nossa família religiosa a sua fisionomia própria na Igreja.
- No tempo das Cruzadas na Terra Santa, fixaram-se, em vários lugares da Palestina, alguns eremitas. Alguns desses, «à imitação do profeta Elias, homem santo e amante da solidão, levavam vida solitária no monte Carmelo, perto de uma fonte, chamada fonte de Elias. Nas suas pequenas celas, semelhantes a colmeias, como abelhas do Senhor recolhiam o mel divino da doçura espiritual»[8].
- A pedido dos mesmos eremitas, Santo Alberto, patriarca de Jerusalém, reuniu-os num único «collegium» e deu-lhes uma forma de vida segundo o seu ideal ("propositum")[9] eremítico e correspondente ao espírito da assim designada peregrinação à Terra Santa e da comunidade primitiva de Jerusalém[10]. Estes eremitas, de facto, impelidos «pelo amor à Terra Santa, tinham-se consagrado nela Àquele que a tinha conquistado com a efusão do seu sangue, para servi-lo sob o hábito da religião e da pobreza»[11], permanecendo «em santa penitência»[12] e formando uma comunidade fraterna.
- Essa forma de vida foi aprovada sucessivamente por Honório III, em 1226, por Gregório IX, em 1229, e por Inocêncio IV, em 1245[13]. Este último pontífice aprovou-a, enfim, definitivamente, como a verdadeira e própria regra, em 1247, adaptando-a às condições de vida do Ocidente[14].Tal adaptação foi feita pelo Papa Inocêncio IV, quando os Carmelitas começaram a emigrar para o ocidente, a fim de fugir das perseguições dos adversários e manifestaram a vontade de ter um género de vida, «no qual, com a ajuda de Deus, tivessem a alegria de aproveitar à própria salvação e à do próximo»[15].
- A aprovação da Regra, feita por Inocêncio IV, fez com que os Carmelitas se colocassem ao serviço da Igreja, seguindo o ideal comum dos Mendicantes, ou então das ordens de fraternidade apostólica, conservando todavia a especificidade do seu carisma inicial[16], que refulgiu como a prerrogativa do Carmelo no decorrer dos séculos, quer entre os seus membros quer na Igreja, graças especialmente aos mestres de vida espiritual, que Deus suscitou na Ordem.
- Esta Regra traça as linhas mestras da vida carmelita no obséquio de Cristo, isto é, do espírito da Ordem: meditar dia e noite na lei do Senhor[17], no silêncio e na solidão, para que a Palavra de Deus se torne abundante no coração e na boca de quem a professa[18]; praticar assiduamente a oração, especialmente com vigílias e salmos[19]; revestir-se das armas espirituais[20]; viver em comunhão fraterna, expressa na celebração diária da Eucaristia[21], no encontro dos irmãos em forma de capítulo[22] e na comunhão dos bens[23]; correção fraterna e caridosa das culpas[24]; austeridade de vida pelo trabalho e pela mortificação[25], fundada na fé, na esperança e no amor; conformidade da própria vontade com a vontade de Deus, procurada na fé pelo diálogo e pelo serviço do prior aos irmãos[26].
- Características da espiritualidade do Carmelo são também o carima eliano, que os carmelitas desenvolveram quando viviam no Carmelo, lugar das façanhas do grande profeta, e a familiaridade da vida espiritual com Maria, da qual são sinais eloquentes o título de Irmãos e a primeira igreja no monte Carmelo, a ela dedicada.
- Enquanto o gênero humano inicia um novo período histórico, nós, Carmelitas, animados pelo Espírito que opera na Igreja, aplicamo-nos a adaptar às novas condições o nosso programa de vida[27], esforçando-nos por compreender os sinais dos tempos, para examiná-los à luz do Evangelho, do nosso carisma e do nosso patrimônio espiritual[28], para incarná-lo nas diversas culturas.
* CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO ( Aprovadas pelo Capítulo Geral celebrado em Roma no ano de 1995)
[1] Col 1,5.
[2] LG 1.
[3] Cfr Regra, Prólogo.
[4] Cfr PC 2.
[5] Cfr 1 Cor 12,11.
[6] Cfr LG 9; GS 32.
[7] LG 44.
[8] Jacques de Vitry, Historia Orientalis, c. 51 e 52, ed. J. Bongars, Gesta Dei per Francos, Hanover, 1611, I, pp. 1074s.
[9] Cfr Regra, Prólogo.
[10] Cfr Regra, cc. 7, 14, 10 com Jo 15,4; 14 23; Heb 13,14; Ap 21; Regra, cc. 7-11 com Act 2,42-46; 4,32-36.
[11] Bula Ex vestrae religionis, de Urbano IV, de 5 de Agosto de 1261, em Bull. carm., I, 523.
[12] Cfr Rubrica I, das Constitutiones capituli Londinensis anni 1281, ed. L. Saggi, em AnalOCarm 15 (1950), p. 208.
[13] Cfr as Bulas Ut vivendi normam, de Honório III, de 30 de Janeiro de 1226; Ex officii nostri, de Gregório IX, de 6 de Abril de 1229; Ex officii nostri, de Inocêncio IV, de 8 de Junho de 1245: in Bull. carm., I, pp. 1, 4-5, 5.
[14] Cfr Bula Quae honorem Conditoris, de Inocêncio IV, de 1 de Outubro de 1247: in Bull. carm., I, p. 8.
[15] Bula Paganorum incursus, de Inocêncio IV, de 27 de Julho de 1246: ed. A. Staring in Carmelus 27 (1980), pp. 281-2.
[16] Cfr Regra, cc. 7, 14; Constitutiones 1281, p. 210.
[17] Cfr Regra, c. 7.
[18] Cfr Regra, cc. 7, 14, 16.
[19] Cfr Regra, cc. 7, 8.
[20] Cfr Regra, c. 14.
[21] Cfr Regra, c. 10.
[22] Cfr Regra, c. 11.
[23] Cfr Regra, cc. 4, 9.
[24] Cfr Regra, c. 11.
[25] Cfr Regra, cc. 12, 13, 15.
[26] Cfr Regra, cc. 17-18.
[27] Cfr Congr. gen. 1992, 466.
[28] Cfr PC 2.
aprovadas pelo Capítulo Geral
celebrado em Roma no ano de 1995
Quarta-feira, dia 19. 3ª Semana do Advento: Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo parto virginal de Maria, dai-nos venerar com fé pura e celebrar sempre com amor sincero o mistério tão profundo da encarnação Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 5-25)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 5Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada. 8Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, 9coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume. 10Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume. 11Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume. 12Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. 13Mas o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. 14Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; 15porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem bebida fermentada, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo; 16ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, 17e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto. 18Zacarias perguntou ao anjo: Donde terei certeza disto? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada. 19O anjo respondeu-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo. 21No entanto, o povo estava esperando Zacarias; e admirava-se de ele se demorar tanto tempo no santuário. 22Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo. 23Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa. 24Algum tempo depois Isabel, sua mulher, concebeu; e por cinco meses se ocultava, dizendo: 25Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens.
3) Reflexão
* O evangelho de hoje traz a visita do anjo Gabriel a Zacarias (Lc 1,5-25). O evangelho de amanhã vai trazer a visita do mesmo anjo Gabriel a Maria (Lc 1,26-38). Lucas coloca as duas visitas uma ao lado da outra, para que nós, lendo os dois textos com atenção, percebamos as pequenas e significativas diferenças entre uma e outra visita, entre o Antigo e o Novo Testamento. Procure e descubra as diferenças entre as visitas do anjo Gabriel a Zacarias e a Maria através das seguintes perguntas: Onde o anjo aparece? A quem aparece? Qual o anúncio? Qual a resposta? Qual a reação da pessoa visitada depois da visita? Etc.
* A primeira mensagem do anjo de Deus a Zacarias é: “Não ter medo!” Até hoje, Deus ainda causa medo em muita gente e até hoje a mensagem continua válida a mensagem: “Não ter medo!” Em seguida, o anjo diz: “Tua oração foi ouvida!” Na vida, tudo é fruto de oração!
* Zacarias representa o Antigo Testamento. Ele crê, mas sua fé está fraca. Depois da visita, ele fica mudo, incapaz de comunicar-se com as pessoas. A economia anterior, revelada em Zacarias, estava no fim das suas capacidades, tinha esgotado os seus recursos. A nova economia de Deus estava para chegar em Maria.
* No anúncio do anjo transparece a importância da missão do menino que vai nascer e cujo nome será João: “Ele não beberá vinho, nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará cheio do Espírito Santo”, isto é, João será uma pessoa inteiramente consagrada a Deus e à sua missão. “Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto.", isto é, no menino João acontecerá o esperado retorno do profeta Elias que deverá vir realizar a reconstrução da vida comunitária: converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos.
* De fato, a missão de João foi muito importante. Para o povo ele era um profeta (Mc 11,32). Muitos anos depois, lá em Éfeso, Paulo ainda encontrou pessoas que tinham sido batizados no batismo de João (At 19,3)
* Quando Isabel, depois de velha, concebeu e ficou grávida, ela se escondeu por cinco meses. Maria, ao contrário em vez de se esconder saiu de casa e foi servir.
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais chama a sua atenção nesta visita do anjo Gabriel a Zacarias?
2) Converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, isto é, reconstruir o tecido do relacionamento humano na base e refazer a vida em comunidade. Esta era a missão de João. Foi também a missão de Jesus e continua sendo a missão mais importante hoje. Como eu contribuo nesta missão?
5) Oração final
És tu, Senhor, a minha esperança, és minha confiança, Senhor, desde a minha juventude. Sobre ti me apoiei desde o seio materno, desde o colo de minha mãe és minha proteção. (Sal 70, 5-6)
DESTAQUE DO OLHAR: Dia 18.
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Terça-feira, dia 18. 3ª Semana do Advento: Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, concedei aos que gememos na antiga escravidão, sob o jugo do pecado, a graça de ser libertados pelo novo natal do vosso Filho que tão ansiosamente esperamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 1, 18-24)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - 18Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. 19José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. 20Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. 22Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: 23Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco. 24Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
3) Reflexão
* No Evangelho de Lucas a história da infância de Jesus (capítulos 1 e 2 de Lucas) está centrada em torno da pessoa de Maria. Aqui no Evangelho de Mateus a infância de Jesus (capítulos 1 e 2 de Mateus) está centrada em torno da pessoa de José, o prometido esposo de Maria. José era da descendência de Davi. Através dele Jesus pertence à raça de Davi. Assim, em Jesus se realizam as promessas feitas por Deus a Davi e à sua descendência.
* Como vimos no evangelho de ontem, nas quatro mulheres companheiras de Maria na genealogia de Jesus, havia algo anormal que não estava de acordo com as normas da lei: Tamar, Raab, Rute e Betsabéia. O evangelho de hoje mostra que também em Maria havia algo de anormal, contrário às leis da época. Aos olhos do povo de Nazaré ela apareceu grávida antes de conviver com José. Nem o povo nem José o futuro marido sabiam a origem desta gravidez. Se José tivesse sido justo conforme a justiça dos escribas e fariseus, ele deveria ter denunciado Maria, e a pena para ela teria sido a morte por apedrejamento.
* José era justo, sim! mas a sua justiça era diferente. Por antecipação ele já praticava o que Jesus haveria de ensinar mais tarde: “Se a justiça de vocês não ultrapassar a justiça dos escribas e fariseus, vocês não vão poder entrar no Reino dos Céus” (Mt 5,20). É por isso que José, não compreendendo os fatos e não querendo repudiar Maria, resolveu licenciá-la em segredo.
* Na Bíblia, a descoberta do apelo de Deus dentro dos fatos acontece de várias maneiras. Por exemplo, através de ruminação dos fatos (Lc 2,19.51), através da meditação da Bíblia (At 15,15-19; 17,2-3), através de anjos (a palavra anjo significa mensageiro), que ajudam a descobrir o significado dos fatos (Mt 28,5-7). José chegou a perceber o significado do que estava acontecendo em Maria através de um sonho. No sonho um anjo usou a Bíblia para esclarecer a origem da gravidez de Maria. Ela vinha da ação do Espírito de Deus.
* Quando tudo ficou claro para Maria, ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” Quando tudo ficou claro para José, ele assumiu Maria como sua esposa, e foram morar juntos. Graças à justiça de José, Maria não foi apedrejada e Jesus continuou vivo no seio dela.
4) Para um confronto pessoal
1) Aos olhos dos escribas, a justiça de José seria uma desobediência. Existe mensagem nisto para nós?
2) Como você descobre o apelo da Palavra de Deus dentro dos fatos da sua vida?
5) Oração final
Ele libertará o pobre que invoca e o indigente que não acha auxílio; terá piedade do fraco e do pobre, e salvará a vida de seus indigentes. (Sal 71, 12-13)
Segunda-feira, dia 17. 3ª Semana do Advento: Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, criador e redentor do gênero humano, quisestes que o vosso Verbo se encarnasse no seio da Virgem. Sede favorável à nossa súplica para que o vosso Filho Unigênito, tendo recebido a nossa humanidade, nos faça participar da sua vida divina. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 1,1-17)
1Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar. Farés gerou Esrom; Esrom gerou Aram; 4Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou Salmon; 5Salmon gerou Booz, cuja mãe era Raab. Booz gerou Obed, cuja mãe era Rute. Obed gerou Jessé. 6Jessé gerou o rei Davi.
Davi gerou Salomão, daquela que tinha sido mulher de Urias. 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias; 9Ozias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias. 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.
12Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; 14Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã; Matã gerou Jacó. 16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 17Assim, as gerações desde Abraão até Davi são catorze; de Davi até o exílio na Babilônia catorze; e do exílio na Babilônia até Cristo, catorze.
3) Reflexão
* A genealogia define a identidade de Jesus. Ele é o "filho de Davi e filho de Abraão" (Mt 1,1; cf 1,17). Como filho de Davi, ele é a resposta de Deus às expectativas do povo judeu (2Sam 7,12-16). Como filho de Abraão, é uma fonte de bênção para todas as nações (Gn 12,13). Judeus e pagãos vêem suas esperanças realizadas em Jesus.
* Na sociedade patriarcal dos judeus, as genealogias traziam nomes somente de homens. Surpreende o fato de Mateus colocar cinco mulheres entre os antepassados de Jesus: Tamar, Raab, Rute, a mulher de Urias e Maria. Por que Mateus escolhe precisamente estas quatro mulheres como companheiras de Maria? Nenhuma rainha, nenhuma matriarca, nenhuma juíza, nenhuma das mulheres lutadoras do êxodo: por quê? Esta é a pergunta que o evangelho de Mateus deixa na nossa cabeça.
* Na vida das quatro mulheres companheiras de Maria existe algo anormal. As quatro são estrangeiras, conceberam seus filhos fora dos padrões normais e não satisfaziam às exigências das leis da pureza do tempo de Jesus. Tamar, uma Cananéia, viúva, se vestiu de prostituta para obrigar o patriarca Judá a ser fiel à lei e dar-lhe um filho (Gn 38,1-30). Raab, uma Cananéia de Jericó, era a prostituta que ajudou os israelitas a entrar na Terra Prometida (Js 2,1-21). Rute, uma Moabita, viúva pobre, optou para ficar do lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt 1,16-18). Tomou a iniciativa de imitar Tamar e de ir passar a noite na eira, junto com Booz, forçando-o a observar a lei e dar-lhe um filho. Da relação entre os dois nasceu Obed, o avô do rei Davi (Rt 3,1-15; 4,13-17). Betsabea, uma Hitita, mulher de Urias, foi seduzida, violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar o marido dela (2Sm 11,1-27). O modo de agir destas quatro mulheres estava em desacordo com as normas tradicionais. No entanto, foram estas iniciativas pouco convencionais que deram continuidade à linhagem de Jesus e trouxeram a salvação de Deus para todo o povo. Tudo isto nos faz pensar e nos questiona quando damos demasiado valor à rigidez das normas.
* O cálculo de 3 x 14 gerações (Mt 1,17) tem um significado simbólico. Três é o número da divindade. Quatorze é o dobro de sete. Sete é o número da perfeição. Por meio deste simbolismo Mateus exprime a convicção dos primeiros cristãos de que Jesus apareceu no tempo estabelecido por Deus. Com a sua chegada a história alcançou o seu pleno cumprimento.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a mensagem que você descobre na genealogia de Jesus? Você encontrou uma resposta para a pergunta que Mateus deixou na nossa cabeça?
2) As companheiras de Maria, a mãe de Jesus, são bem diferentes do que imaginávamos. Qual a conclusão que você tira disso para a sua devoção a Nossa Senhora?
5) Oração final
Seu nome dure para sempre, diante do sol permaneça seu nome. Nele serão abençoadas todas as raças da terra e todos os povos vão proclamá-lo feliz meu coração e que na inocência lavei minhas mãos
ELIAS NO MONTE HOREB (1Rs 19,1-8)
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Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex-Prior Geral da Ordem do Carmo.
Invocação
Ó Senhor, salvai-nos dos perigos da vida. Ajudai-nos quando pensamos que nossos problemas são maiores do que podemos suportar e não queremos continuar. Dai-nos o pão da vida para que possamos continuar nossa jornada rumo a ti.
Texto
Leia o texto atentamente pela primeira vez para compreender o sentido geral e para conhecer a história em detalhes.
1Rs 19, 1 Acab contou a Jezabel tudo o que fizera Elias e como passara a fio de espada todos os profetas.
2 Então Jezabel mandou a Elias um mensageiro para lhe dizer: “Que os deuses me façam este mal e acrescentem este outro, se amanhã a esta hora eu não tiver feito de tua vida o que fizeste da vida deles!”
3 Elias teve medo; levantou-se e partiu para salvar a vida. Chegou a Bersabéia, que pertence a Judá, e deixou lá seu servo.
4 Quanto a ele, fez pelo deserto a caminhada de um dia e foi sentar-se debaixo de um junípero. Pediu a morte, dizendo: “Agora basta, Iahweh! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais.”
5 Deitou-se e dormiu debaixo do junípero. Mas eis que um Anjo o tocou e disse-lhe: “Levanta-te e come.”
6 Abriu os olhos e eis que, à sua cabeceira, havia um pão cozido sobre pedras quentes e um jarro de água. Comeu, bebeu e depois tornou a deitar-se.
7 Mas o Anjo de Iahweh veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come, pois do contrário o caminho te será longo demais.”
8 Levantou-se, comeu e bebeu e, depois, sustentado por aquela comida, caminhou por quarenta dias e quarenta noites até à montanha de Deus, o Horeb.
Ler
Após a tremenda vitória no Monte Carmelo, Elias tem que fugir da ira de Jezabel que quer matá-lo (vv. 1-3). Elias foi sozinho para o deserto e desejou a morte (v. 4). Sentiu-se completamente só. Não tinha mais forças para continuar a luta contra o culto ao ídolo. Contudo, Deus não o deixa ter autopiedade. Elias tem mais trabalho a fazer e Deus envia um anjo para encorajar o profeta. Ele deve comer e beber para ter força suficiente para a jornada até o Monte Horeb (vv. 5-8).
A jornada de Elias ao Horeb e a manifestação de Deus na montanha estão intimamente ligados com a tradição de Moisés no Monte Sinai. Horeb e Sinai são dois nomes para o mesmo lugar. Elias segue a mesma estrada que Moisés percorreu para receber a palavra de confirmação para sua atividade. Moisés e Elias aparecem juntos na montanha da Transfiguração. Devido à coragem e aos numerosos sofrimentos que tiveram que suportar para realizar a missão profética, eles mereciam estar ao lado de Jesus e conversar com ele sobre o sofrimento que ele tinha que passar em Jerusalém (cf. Lc 9,31).
As palavras “pedras quentes” onde o pão foi cozido (v. 6) são muito raras na Bíblia. De fato, elas ocorrem uma outra vez em Isaías 6,6, quando o Serafim tira as brasas do altar no Templo e toca os lábios do profeta Isaías como uma resposta a sua expressão de ser indigno de aceitar a tarefa do Senhor. O anjo do Senhor aparece duas vezes a Elias. A primeira vez, a figura misteriosa é chamada simplesmente de “anjo”, que significa mensageiro. A mesma palavra é usada para descrever a pessoa enviada por Jezabel para contar a Elias que ela pretendia matá-lo. Os ouvintes dessa história não saberiam se esse mensageiro levaria a morte que Elias pediu ou a salvação. Quando o mensageiro é mencionado pela segunda vez, a situação se torna clara: é o mensageiro do Senhor. Então, Elias se levanta e caminha quarenta dias e quarenta noites em direção ao Horeb, que é um outro nome para Sinai, o lugar sagrado onde Deus deu os mandamentos a Moisés. Não é necessário acreditar que Elias caminhou exatamente quarenta dias porque este número é simbólico e tem um significado especial na Bíblia. Ele nos recorda dos quarenta anos que o povo escolhido passou no deserto antes de entrar na Terra Prometida.
Refletir
Releia o texto para ouvir o que Deus quer lhe dizer com essa história.
Para ajudá-lo a entrar no texto e receber alguns frutos dele, sugiro algumas perguntas para ajudá-lo a pensar:
- O que deixa você com medo?
- O que você faz quando alguém ou alguma coisa interrompe seus planos?
- O que a fé pode dizer a alguém deprimido?
- Você já encontrou um mensageiro de Deus?
- Em que altura de sua jornada para Deus você está?
Responder
Abra seu coração para Deus e diga o que está dentro dele. Talvez você queira falar de seus medos ou esperanças quanto ao futuro. Reze pela coragem de aceitar a vontade de Deus mesmo quando ela é contrária ao que você quer. Talvez você queira pedir força para viver fielmente a mensagem de Cristo. Talvez você deseje apenas estar em silêncio com seu Deus. O Apêndice I possui um método para ajudá-lo.
“Até quando me esquecerás, Iahweh? Para sempre? Até quando esconderás de mim a tua face?
3 Até quando terei sofrimento dentro de mim e tristeza no coração, dia e noite? Até quando vai triunfar meu inimigo?
4 Atenta, Iahweh meu Deus! Responde-me! Ilumina meus olhos, para que eu não adormeça na morte.
5 Que meu inimigo não diga: “Venci-o!”, e meus opressores não exultem com meu fracasso.
6 Quanto a mim, eu confio no teu amor! Meu coração exulte com a tua salvação. Vou cantar a Iahweh pelo bem que me fez, vou tocar ao nome de Iahweh, o Altíssimo!” (Sl 13,1-6).
Repousar
Muitas vezes não nos damos conta da presença de Deus, mesmo se nossa fé nos dá a certeza de que Deus não está realmente ausente. Devemos caminhar na escuridão e, de vez em quando, sentimos um pouco mais de força. Nessas horas, Deus nos envia um anjo para nos dar o necessário para continuarmos nossa jornada rumo ao Reino de Deus. Contudo, nem sempre é fácil reconhecer um anjo quando não podemos ver suas asas! Os anjos que nos são enviados são aquelas pessoas que encontramos durante o dia. Estamos muito ocupados e preocupados, por isso muitas vezes não percebemos o que Deus está nos dizendo através de algum mensageiro humilde. Existe muito barulho dentro e fora de nós. O objetivo da contemplação é trazer silêncio para todo esse barulho e, assim permitir que vejamos o mundo como Deus vê e o amemos com um amor divino.
A vida não é fácil e, às vezes, é difícil discernir a presença de Deus. Vivemos no meio de tanto barulho e não percebemos a voz de Deus. Precisamos de um pouco de silêncio em nossas vidas para percebermos Deus em meio a tantas outras vozes.
O silêncio não é fácil para nós, pois estamos rodeados por um barulho constante e estamos repletos de comentários sobre nós mesmos e sobre os outros. Para encontrar algum silêncio em nossas vidas, é bom descobrir um método que possa nos ajudar a permanecer em silêncio. A oração em segredo sugerida o Apêndice I pode ser útil. Não julgue sua oração. Espere por Deus no silêncio e quando perceber que está pensando em outra coisa, volte sempre gentilmente para o Senhor através da palavra sagrada que você escolheu, a palavra que representa tudo que você quer dizer a Deus. A palavra sagrada é o símbolo de seu consentimento com a presença e ação purificadora e transformadora de Deus em sua vida.
Agir
Para ajudá-lo a permanecer na presença de Deus durante o dia, sugiro algumas palavras ou frases que você pode levar em seu coração ao realizar seu trabalho. Elas foram tiradas do próprio texto:
“ele teve medo”;
“partiu para salvar a vida”;
“ele foi para o deserto”;
“ele pediu a morte”;
“basta”;
“retira-me a vida”;
“um Anjo o tocou”;
“levanta-te e come”;
“pedras quentes”;
“o Anjo de Iahweh voltou”;
“sustentado pela comida”;
“a montanha de Deus”.
De acordo com o texto bíblico que vimos, a cena da fuga de Elias para o deserto vem quase imediatamente após seu grande triunfo no Monte Carmelo. Diante da primeira ameaça da rainha Jezabel, o profeta Elias vai para o deserto e sua confiança em Deus quase desaparece. Ele deseja a morte e apenas a intervenção do anjo lhe dá força para continuar sua jornada rumo ao Monte Horeb, a montanha de Deus.
Tente estar atento a tudo que lhe acontecer e às pessoas que você encontrar hoje. Deus está se comunicando com você em algum pequeno evento de seu dia ou através de uma pessoa? O veículo para a mensagem de Deus possivelmente será algo que acontece todos os dias ou uma pessoa que você conhece bem, ou apenas alguém que passe por você na rua. Mantenha os olhos e ouvidos abertos hoje!
*Do Livro- O Som do Silêncio (Esgotado)
Noite Escura.
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São João da Cruz
Em uma noite escura
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! Ditosa aventura!
Saí sem ser notada,
Estando já minha casa sossegada.
Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa aventura!
Na escuridão, velada,
Estando já minha casa sossegada.
Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa alguma,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em lugar onde ninguém aparecia.
Oh! noite, que me guiaste,
Oh! noite, amável mais do que a alvorada
Oh! noite, que juntaste
Amado com amada,
Amada, já no amado transformada!
Em meu peito florido
Que, inteiro, para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.
Da ameia a brisa amena,
Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.
Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado,
Por entre as açucenas olvidado.
A NOITE ESCURA: Reflexão sobre a espiritualidade da noite escura na vida de São João da Cruz e na história da salvação.
- Detalhes
Frei Pedro Caxito, 0.Carm.
São João da Cruz (1540-1591), filho de Elias, pela vida e pelos escritos mostrou conhecer noites escuras pontilhadas de estrelas ou de trevas sem luz. E ensina a caminhar.
A Noite Escura "é o fim do narcisismo e da abstração, é disponibilidade para o encontro com o Outro e com os outros. É a constante adaptação do homem a Deus. Não é um breve período de crises, um intermezzo, mas uma situação permanente, porque nunca nós acabamos de nos adaptarmos à lógica divina, ao amor de Deus. Atitude crítica para consigo mesmo e perante a realidade; discernimento frente à história e dentro da história; uma consciência da relatividade das metas alcançadas, concedendo espaço para a novidade do Espírito. A noite é conseqüência do amor, é escola de amor. É o meio pelo qual se consegue uma nova consciência: tornamo-nos mais livres para Subir a Montanha sem que Nada se interponha
Há noite dos sentidos e há noite do espírito. Há um escurecer aos poucos, progressivo, até à plena noite e há um caminhar por um manso amanhecer até deslumbrar-se na claridade plena da luz do Sol. Noite Escura do crescimento e Noite Escura do envelhecimento. Noite Escura dos caminhos da libertação e Noite Escura das ânsias que nunca se realizaram. Noite Escura das estradas da Fé e Noite Escura das esperanças que teimam em se realizar. Noite Escura debaixo da carga da opressão e Noite Escura tenebrosa por sob o peso do aviltamento da pessoa. Noite Escura, que entenebrece a alma do artista e Noite Escura da arte, que se condói do seu genitor. Noite Escura do homem e da mulher e Noite Escura de todas as veredas do Universo em busca da Luz. Noite Escura pelo eclipse do Esposo Divino e Noite Escura, filha da debilidade da alma ou da falta de amor[1].
[1]. cf. Bruno Secondin em Carmelus Institutum Carmelitanum Roma 1993 vol 40 fasc. I pp. 172-198, sob o título San Giovanni della Croce - Riletture acculturate e attualità del suo Carisma
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