VAMOS CONHECER GUADALUPE?
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A verdadeira Teresa de Ávila: feminina e marrana
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A mão corria rápida sobre as folhas, hora após hora, sem nenhum senso de tempo. Durante as infindáveis tardes de verão, durante as longas noites de inverno, quando poderia ser presa da melancolia, espectro sinistro do mosteiro, ela estava lá, no chão, sentada sobre uma esteira, encostada no peitoril de pedra sob a janela. Meditava, recordava, escrevia. Não que no resto do dia se subtraísse às inúmeras tarefas - buscar água no poço, cuidar da porta, fiar, tecer, cozinhar, bordar – tarefas a que todas as irmãs eram obrigadas, se não quisessem perder aquela independência tão dolorosamente conquistada. Na aldeia, havia rumores de que "certas mulheres, freiras carmelitas, haviam ocupado ilegalmente uma casa". Alguém até havia ameaçado assaltar o convento; aquela novidade era escandalosa. O artigo é de Donatella Di Cesare, professora da Universidade de Roma "La Sapienza", publicado por Corriere della Sera, 18-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
No entanto, ali, em San José, no outono de 1565, depois de anos de tormento amargo e ansiedades sombrias, parecia a Teresa que sua vida interior prosseguisse como uma "navegação com um vento muito calmo". Era o desejo expresso em sua autobiografia, A Vida, composta "por ordem do confessor"- caso contrário, não poderia se imaginar que ela, uma mulher, escrevesse assim tão livremente - e depois corrigida várias vezes para iludir as suspeitas da Inquisição.
Finalmente, ela tinha sido bem sucedida em seu plano: deixar para trás a existência confortável e a banal, que se desenrolava à sombra dos claustros, para retomar as velhas regras do Carmelo. Silêncio, pobreza, introspecção, oração, vida comunitária. Elas estavam descalças; usavam sandálias de lona e corda, usavam roupas de lã crua. Não possuíam nada. Era uma nova forma de vida sob a insígnia da igualdade. Ali, entre elas, o sangue nunca seria um critério para excluir, discriminar, culpabilizar; la limpeza de sangre, elevada a lei racista na Espanha católica, que já havia expulsado os judeus, não teria valor algum no espaço do mosteiro. Especialmente porque muitas delas, como Leonor de Cepeda e Maria de Ocampo, eram, como ela mesma, filhas de conversos, judeus que se converteram ao cristianismo e, depois, marcados por um duplo não pertencimento, não mais judeus, mas nem mesmo cristãos. A água de batismo não fora suficiente para lavar o “impuro sangue judeu”, aquele fluido inefável em que se condensava o "mal incurável" do judaísmo. Não, os "novos cristãos" não eram considerados irmãos. Eles eram marcados como "marranos" pérfidos e traiçoeiros, capazes de se dissimular, fingir serem católicos enquanto permaneciam secretamente judeus.
Teresa não havia esquecido. Como teria podido? Claro, não tinha falado disso na história da sua vida. E até mesmo em outros momentos foi cuidadosa; por exemplo, quando, nas Constituições, escritas para as carmelitanas, havia retirado a frase "é importante para aqueles que querem ser filhos de Deus não levar em qualquer conta a linhagem." Em sua infância e na adolescência a linhagem havia pesado de maneira sorrateira, cruel, injusta. Para sempre ela iria ser atormentada pela obrigação de sustentar a honra, de suportar o peso de uma reputação perdida.
Além dos altos muros de Ávila surgia a terrível lembrança do que tinha acontecido em Toledo, quando seu avô Juan Sánchez, tecelão e mercador, foi forçado a andar pelas ruas da cidade, entre os escárnios e insultos da multidão, usando o sambenito, o infame escapulário amarelo que rotulava os marranos. Com ele, desfilou toda a família, até mesmo o filho mais novo Alonso. Depois de ter adquirido um título falso de hidalguía, que deveria atestar o sangue 'limpo', evitando prisão e tortura, os Sánchez de Cepedarefugiaram-se em Ávila para recomeçar uma vida acima de qualquer suspeita. Alonso tentou eliminar, juntamente com aquela antiga desgraça, todos os vestígios do judaísmo; casou-se em segundo matrimônio com Beatriz de Ahumada, mulher de grande beleza, pertencente à baixa nobreza.
Em 28 de março de 1515 nasceu Teresa, assim chamada em memória de sua avó paterna Teresa Sánchez. Mas o incômodo patronímico judeu (justamente Sánchez) desapareceu, suplantado por sobrenomes católicos.
Mas para os Cepeda y Ahumada, apesar de todos os encobrimentos, o passado permanecia indelével.
Depois de ter dado à luz dez filhos, sua mãe morreu cedo, aos trinta e três. Com ela, Teresa tinha compartilhado o amor apaixonado pela leitura, conforto e apoio para uma mulher temente a Deus, encerrada no casamento. Seguir aquele modelo? Ou procurar outro? Quando ela havia se abandonado ao amor por um primo, seu pai severamente interveio para interromper a relação. Os irmãos migraram em busca de fortuna no Novo Mundo; até mesmo seu predileto Rodrigo zarpou para o Río de la Plata. Seu destino também parecia inelutável. Don Alonso continuava a desperdiçar dinheiro e um bom casamento parecia uma quimera. Teresa fugiu. Melhor o convento: a certeza de uma dignidade, o recurso do estudo e da oração, a possibilidade de ficar sozinha, a paradoxal liberdade no encerramento entre quatro paredes. O pai foi buscá-la de volta. Ela foi inflexível e proferiu seus votos em 1537. Um ano mais tarde, voltou para a casa gravemente doente. Uma doença obscura consumia sua vida. Foi uma sucessão de palpitações, convulsões e até mesmo paralisia. Decisivo foi o encontro com Pedro de Cepeda, tio paterno, que como "cristão novo" tinha escolhido se tornar um monge.
Graças a ele, Teresa descobriu a obra de outro converso, Francisco de Osuna, que apontava para a aventura possível, toda interior, a descoberta das Índias de Deus.
Essa foi a "conversão" de Teresa, mulher atormentada e irônica, radical e apaixonada, que escapa aos limites de sua época e parece uma contemporânea. Disso deriva a atração exercida por seus escritos, muitas vezes esquecidos no mundo intelectual, mas que agora estão acessíveis em uma esplêndida edição com texto original e tradução, editada por Massimo Bettetini e publicada pela Bompiani. Pena que o ensaio introdutório retrate desde o início Teresa como uma freirinha in nuce, apagando qualquer traço feminino, removendo todo o seu passado judaico. Nem uma vez é mencionado Toledo! Como se nunca tivesse existido. Teologia da substituição que repete - mesmo agora e, é claro, não sem violência - o gesto que engole, incorpora, elimina.
Mas Teresa, beata, santa, doutora da Igreja, era uma marrana. Por que negar isso? De 1946, os documentos de arquivo não deixam dúvidas. E justamente essa peculiaridade, que a relega à margem, se reflete em seu pensamento extremamente original. Michel de Certeau a insere na tradição humilhada dos "novos cristãos", almas divididas, permeadas pela necessidade de uma intimidade oculta. O encontro entre as duas tradições religiosas, uma empurrada para um retiro interior, a outra triunfante, mas "corrupta", permite aos expoentes dessa classe intelectual entrar no cristianismoarticulando a experiência de um outro lugar. Entre meditação e poesia, são os percursos autobiográficos que permitem uma liberdade inesperada para atravessar aquela "noite escura da alma", segundo o título do famoso poema de Juan de la Cruz.
Como explicar de outra forma a obra-prima de Teresa de Ávila Las Moradas, ou seja, as moradias, também conhecida como El castillo interior (1577). O castelo é uma "morada emprestada" onde a alma pode se deixar transportar para fora de si mesma. Diamante e cristal refletem a luz desse espaço interior onde o outro fala "por mim". O diálogo da alma se desdobra em uma divisão: o outro habita em si, o si no outro. Nenhuma identidade integral. Você é o outro de si mesmo. Mesmo na união mística, a separação de si mesmo do próprio si é inevitável. Aliás, é graças à separação que a alma pode hospedar, pode abrir espaço para o outro infinito. Teresa escreve, seguindo os ditames de uma palavra que vai além dela, palavra compartilhada, que vem de seu círculo, que se desdobra em um entre - entre mulheres - e na sua dupla diferença, feminina e marrana, que não pode deixar de infringir e contaminar o universo católico.
Assim indica um si mesmo inacessível mesmo a si mesmo, habitado pelo outro, infinitamente outro, e, portanto, sagrado, que é necessário defender e proteger. Toda a mística marrana é uma resposta à violência dos inquisidores de ontem e de hoje. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TERÇA-FEIRA 20: História do dia- A águia e as galinhas.
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Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas. Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse.
Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês: - Isto não é uma galinha, é uma águia! O camponês retrucou: Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha! O naturalista disse: - Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa...
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse: - Voa, você é uma águia, assuma sua natureza! - Mas a águia não voou, e o camponês disse: - Eu não falei que ela agora era uma galinha. O naturalista disse: - Amanhã, veremos...
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha. O naturalista levantou a águia e disse: - Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas. Desperte para sua natureza, e voe como águia que és... A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilaram de vagar suas asas e partiu num voo lindo, até que desapareceu no horizonte azul “.
PARA REFLETIR (Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
As vezes a nossa criatividade é roubada, as vezes a nossa vontade de assumir o protagonismo da nossa história é roubada, as vezes somos “galinha” ao fazermos o que os outros pensam, falam e mandam.
É cômodo passar pela história e não fazer história, é cômodo cruzar os braços e fingir que não ver a realidade nua e cura- ali em nossa frente- porque somos “galinha”. Não, não! Deus fez seremos humanos capazes de pensar, agir e abrir novas trilhas. Portanto, seja ousado, não aceite que outros ditem o que você deve fazer e não tenha medo em dar o primeiro voo na construção da sua história, mesmo se para tal você tiver que “nadar” contra a maré
ORDEM TERCEIRA: Eleição em Serro-MG.
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O Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo- apresenta a nova mesa administrativa da cidade do Serro; Prior, Sr. Geraldo, 1ª Conselheira, Sra. Lúcia. 2ª Conselheira, Sra. Léia, 3ª Conselheira, Sra. Rosa. Serro- MG. 17 de novembro-2018.
A MISSÃO CONTINUA! Serro e Diamantina-MG.
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A MISSÃO CONTINUA! Sábado às 14h, Encontro com a Ordem Terceira do Carmo em Serro-MG e no Domingo, às 9h, em Diamantina-MG. (Nestas duas cidades, teremos o lançamento do CD- Tempo do Carmelo). Divulgação: http://www.instagram.com/freipetrônio
LEIGOS CARMELITAS: O Desafio
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Frei Joseph Chalmers O.Carm. O. Carm. Ex- Prior Geral da Ordem do Carmo.
Ser um leigo carmelita não é apenas uma vocação acrescentada à vida. É uma vocação. Por isso, uma formação sólida é essencial assim como para os frades, as monjas e as irmãs. O desafio principal que os leigos carmelitas encaram é traduzir os elementos essenciais do carisma carmelita para a vida diária. Vamos tomar como exemplo a devoção à Nossa Senhora. Esta é uma parte profunda da tradição carmelita. O que esta devoção significa no início do século XXI? No ano de 2001, a Ordem celebrou o 750º aniversário do escapulário. O Papa lembrou, em sua carta pelo ano mariano carmelitano, que o escapulário era essencialmente o hábito da Ordem e, por isso, aquele que o usa deve ter alguma ligação com a Ordem e com sua espiritualidade. O escapulário é um símbolo poderoso da presença de Nossa Senhora não apenas nesta vida, mas também na passagem desta vida para a vida eterna com Deus. O escapulário também implica num duplo compromisso. Nossa Senhora é a Padroeira, a Irmã e a Mãe dos carmelitas e, como tal, cuida de nós. Por outro lado, devemos colocar em prática as virtudes de Maria em nossa vida diária. Portanto, uma devoção carmelitana à Nossa Senhora não é realizada simplesmente pela recitação de algumas orações, sejam elas poucas ou muitas.
Sendo uma Ordem, redescobrimos, nestes anos recentes, a Lectio Divina como um poderoso caminho de oração e de vida. A Lectio Divina é a escuta orante da Palavra de Deus que, como toda oração, busca abrir-nos à contemplação. Nossa Senhora é o modelo daquela que escutou a Palavra de Deus. É claro que não é suficiente apenas ouvir a Palavra. Maria a colocou em prática e nós também devemos fazer isso (cf. Lc 8,21). Na proposta tradicional da Lectio Divina, existe um tempo para a meditação sobre a Palavra que escutamos e esta ponderação deve levar-nos à oração que, por sua vez, leva ao silêncio, um silêncio profundo e aberto à contemplação. São João da Cruz escreveu, “Busque na leitura e você encontrará na meditação. Bata na oração e ela se abrirá para você na contemplação” (Máximas e Conselhos, 79).
Maria, a Mãe do Carmelo ouviu e viveu a Palavra. Ela acolheu a Palavra e a meditava da maneira como a Palavra chegava até ela, nos acontecimentos de sua vida. Na Anunciação, ela aceitou e cooperou com a vontade de Deus que lhe foi trazida pela mensagem do Anjo. Aos pés da cruz ela aceitou e cooperou com a vontade de Deus através de sua dor. Nas palavras do Magnificat encontramos Maria, a contemplativa, a olhar para o mundo através dos olhos da fé e glorificando a Deus pela realização do plano divino.
Todos os carmelitas têm um relacionamento pessoal com Maria. Os carmelitas leigos têm que viver este relacionamento, imitando suas virtudes, ouvindo a Palavra de Deus na vida diária. O mundo em que vivemos nos encara com muitos desafios. As estruturas sociais que amparam a fé desapareceram em muitas áreas e a opção de seguir a Cristo precisa de coragem. A vocação dos leigos cristãos, acima de tudo, é a de ser fermento no coração do mundo secular. Os leigos carmelitas vivem esta vocação, inspirados pela tradição carmelita. No Magnificat, Nossa Senhora dá glória a Deus porque ela é consciente que Deus está agindo na transformação da realidade mesmo que as aparências evidenciem o contrário. Os leigos carmelitas também permanecem com Maria aos pés da cruz, cooperando com a misteriosa vontade de Deus que deseja salvar todos os homens e todas as mulheres. Vivendo o Evangelho diariamente como Maria, nossa Padroeira, Irmã e Mãe, os leigos carmelitas exercem seu papel na transformação do mundo.
Conclusão
Nos últimos anos o conceito de “Família Carmelitana” tornou-se parte de nosso modo normal de pensar. Todos os carmelitas, religiosos e leigos, são membros da mesma família e vivem a mesma vocação de modos diferentes de acordo com os diferentes estados na vida. Somos herdeiros de uma grande tradição e temos o dever sagrado de passar esta tradição aos outros. Temos de fazê-lo de uma forma harmoniosa, através nossas vocações pessoais.
Como membros da mesma Família, estamos unidos uns aos outros através de nossa oração feita uns pelos outros, e também por nossa assistência mútua. Deste modo, seremos testemunhas poderosas, na Igreja e no mundo, de que o carisma carmelita está vivo e inspira continuamente as pessoas a viver a mensagem de Jesus Cristo. Através dos séculos da existência da Ordem, houve muitas formas pelas quais as pessoas encontraram inspiração no carisma carmelita. A Igreja aprovou oficialmente algumas destas formas enquanto outras pessoas preferem uma ligação mais livre com a Família. Algumas destas novas formas de ser carmelita, que estão emergindo nos dias de hoje em diversas partes do mundo, podem ser o começo de uma nova obra do Espírito. Permaneçamos abertos à inspiração do Espírito e, com discernimento, saibamos ler os sinais dos tempos. O carisma de nossa Ordem possui uma grande criatividade. Demos graças a Deus por sermos chamados ao Carmelo e agradeçamos a Deus por todos os nossos irmãos e irmãs.
Que Deus abençoe nossa Família e nos leve a todos e todas para nossa pátria celestial. Que Nossa Senhora do Monte Carmelo nos ensine a ouvir a Palavra de Deus e saibamos colocá-la em prática em nossa vida diária.
Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607)
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Frei Chalmers Joseph, O. Carm. Ex- Prior Geral da Ordem do Carmo.
Ela entrou no mosteiro carmelita de Santa Maria dos Anjos aos dezesseis anos em 1582, o ano da morte de Santa Teresa. Este era um vibrante mosteiro com quase oitenta monjas. Os cinco primeiros anos da vida religiosa de Maria Madalena foram marcados por visões, êxtases e outros fenômenos. Membros da comunidade escreveram suas declarações enlevadas e a eles devemos nosso conhecimento de Santa Maria Madalena.
Uma das marcas da espiritualidade de Santa Maria Madalena foi um grande amor pela Igreja, uma paixão por sua reforma e pela reforma da vida consagrada. Ela é uma eminente testemunha do zelo apostólico e de uma dimensão eclesial que é o fruto da verdadeira contemplação.
O mosteiro carmelita é uma parte vibrante da Igreja local e não é um refúgio do mundo. A monja carmelita, como Santa Maria Madalena, mergulha profundamente no coração da Igreja e em sua missão de espalhar a Boa Nova do Reino de Deus. A clausura é uma separação física do mundo para dar maior liberdade à monja carmelita de estar unida espiritualmente a todo ser humano. “A sua vida torna-se, assim, uma misteriosa fonte de fecundidade apostólica e de bênçãos para a comunidade cristã e para todo o mundo” (Verbi Sponsa, 7).
Santa Maria Madalena de Pazzi tinha uma profunda devoção pela paixão de Cristo e viu nela o caminho pelo qual o ser humano foi recriado. Sua espiritualidade era cristocêntrica e, ao mesmo tempo, mariana. Ela compreendeu a volta do ser humano a Deus como a luta entre dois amores: o amor pessoal e o amor de Deus. O orgulho destrói a união entre Deus e o ser humano e entre os próprios seres humanos. A humildade restabelece a união. O amor é a chave para o relacionamento humano-divino. A vida espiritual para a monja de Florença é circular: ela tem seu começo e seu fim em Deus. A pessoa transformada vive a vida de Deus e é de grande benefício para toda a Igreja.
A liturgia era o cenário para muitos dos êxtases de Santa Maria Madalena. Muitas vezes, após receber a Santa Comunhão, que ela compreendia como o sacramento do amor, ela entrava em profunda oração. A liturgia é um elemento essencial da vida da monja carmelita. Como os eremitas no Monte Carmelo, a monja carmelita vai da solidão de sua cela à capela no coração do mosteiro e depois volta à sua cela. Ela traz a oração da comunidade, que é a Oração de Cristo, cabeça e membros, um coração que foi purificado por sua comunhão com Deus na solidão da cela. Ela é fortalecida pela oração da comunidade a continuar sua busca por Deus.
A celebração fiel da Liturgia Divina é parte integrante da missão da comunidade de clausura. A celebração diária da Eucaristia e do ofício divino é uma partilha na contínua oração de Cristo ao Pai. Todo o ser da monja carmelita é ampliado através de sua vida de união com Deus e ela se abre a todas as necessidades da Igreja e do mundo e as apresenta por Cristo ao Pai pelo poder do Espírito Santo.
ESPIRITUALIDADE CARMELITANA: Deveis ter um de vós como Prior
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Frei Chalmers Joseph, O. Carm. Ex- Prior Geral da Ordem do Carmo.
Uma comunidade não é uma coleção de indivíduos, por isso no primeiro capítulo legislativo os eremitas terão que eleger para eles um Prior ao qual devem prometer obediência. A obediência não é um assunto de meras palavras, mas que deve ser provado com as obras. O Prior, porque é um guia, é alguém que serve (Regra 22). Ele deve ser eleito com o consentimento unânime de todos, ou da parte maior e mais madura, a ele prometerão obediência todos os demais (Regra 4 e 23). Junto com os irmãos, o Prior decide onde fixar os lugares dos conventos (Regra 5). Com o consentimento dos outros irmãos ou da parte mais madura, o prior assinala a cada um a cela (Regra 6). O significado da cela era muito mais importante do que dar uma habitação nas casas modernas. Somente com a permissão do Prior alguém pode mudar-se da cela (Regra 8). A missão do prior é proteger o direito dos demais ao silêncio e à solidão no trato com os visitantes (Regra 9). O Prior é o responsável pela distribuição do alimento segundo a necessidade de cada um. Ele exerce esta responsabilidade através de um delegado (Regra 12). Ao Prior se deve respeitar (Regra 23), porém, ele deve ganhar-se este respeito pela sua forma de vida. O papel dum guia numa comunidade não é o de alguém que regula tudo, mas o de quem inspira os outros. O guia deve ser um em quem, acima de tudo, os valores da Regra hão de tomar carne.
O Prior deve viver de acordo com a Regra como os demais. Todos os irmãos se reunirão para distintas ocasiões: para comer (Regra 7); para rezar (Regra 11); para celebrar a Eucaristia cada manhã (Regra 14); cada domingo ou em outros dias, se for necessário, para tratar da observância da vida comum e do bem espiritual das almas e corrigir com caridade as faltas (Regra 15).
A Regra não trata de cobrir qualquer tipo de eventualidade; nem tampouco pretende sufocar a criatividade. A intenção é dar umas linhas guias aos eremitas para ajuda-los a viver em obséquio de Jesus Cristo. Na oração silenciosa, na solidão e por meio do trabalho, eles formarão uma comunidade de discípulos unida em torno do Senhor. Sua quietude e sua vida humilde se elevarão até Deus e será um benefício para seu próximo. Durante quase cerca de oito séculos, a Regra inspirou um número incontável de carmelitas em seus esforços de ser revestidos pela Palavra de Deus. A espiritualidade Carmelita não está contida completamente no breve texto da Regra, porém, esta é a fonte da qual domina.
O Prior é o símbolo da unidade dentro da comunidade, o qual é elegido para servir. Ele deve ser um modelo, em palavras e em obras, para o grupo (1Ped 5,3) como tal, deve estar disposto para prestar a ajuda necessária a cada religioso; para fomentar a vida comunitária; para cuidar de todos, especialmente dos enfermos e anciãos; para supervisar as atividades comunitárias com qual os irmãos possam viver “em obséquio de Jesus Cristo e servir fielmente com coração puro e boa consciência”." (Regra 1).
O papel do Prior em nossa Regra e em nossa tradição é o do serviço. Ele guia à comunidade antes de tudo com seu próprio exemplo e seu papel é o de assegurar que a comunidade se organize de tal maneira que os irmãos possam viver em obséquio de Jesus Cristo. Várias vezes se assinala na Regra que o Prior deverá tomar certas decisões com o consentimento dos demais irmãos, ou da parte maior e mais madura. O Prior não é um déspota, ou um pai que decide tudo por seus filhos. É para eles um guia, porém, cada membro da comunidade é responsável da unidade de toda a comunidade e de sua própria vida. O Prior é alguém que recorda aos irmãos a nossa vocação comum e constantemente nos chama todos a vive-la. Entretanto, cada um é, em última instância, o responsável diante Deus de como está vivendo atualmente a vocação que Deus lhe deu.
ALACAR- SÁBADO DE PASSEIO
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ALACAR- NOITE CULTURAL
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V-Encontro Alacar: Missa no 1º Dia.
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Basílica Nossa Senhora de Guadalupe, o santuário mais visitado das Américas.
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A religiosidade é uma marca registrada dos mexicanos. Prova disso é que na Cidade do México está o santuário católico que mais recebe fieis no mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Visitar o México é certeza de se deparar com dezenas de igrejas por todos os lados. O país tem como característica marcante a forte religiosidade e não é difícil encontrar quadras com várias igrejas, praticamente uma ao lado da outra. Mesmo que você não seja religioso, vale muito a pena visitar as igrejas, seja pela história, arquitetura e riqueza nos detalhes decorativos, ou seja pela imersão na cultura local!
Uma das coisas que mais gostamos de fazer é mergulhar na cultura local e uma das maneiras mais interessante de conhecer um pouco mais dos costumes locais é conhecendo suas crenças. Dentre todas as igrejas que visitamos no México, as mais importantes são as igrejas que ficam no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, o santuário da padroeira do México e da América Latina.
O Santuário fica no alto da colina de Tepeyac, local onde, segundo conta a lenda, Juan Diego Cuauhtlatoatzin, um indígena convertido ao cristianismo, teria avistado Nossa Senhora por várias vezes. Ainda segundo a lenda, Nossa Senhora ordenou que o indígena contacta-se o Bispo da época para que o mesmo construísse um templo no local.
Como o Bispo não acreditou muito no indígena, Nossa Senhora fez crescer flores em um campo desértico em pleno inverno, como prova da aparição. Nossa Senhora pediu então para que o indígena levasse as flores ao Bispo.
Juan levou as flores em sua tilma (espécie de capa) e quando removeu as flores para dar ao Bispo, ambos perceberam que a imagem da Virgem estava estampada na capa do indígena.
A suposta capa com a imagem da virgem ainda está exposta na igreja e por ser feita a partir do cacto agave maguey, um material que se decompõe rapidamente, para os fiéis, os 5 séculos de duração do tecido servem como mais uma prova da aparição de Nossa Senhora.
De lá pra cá, os mexicanos e fiéis de várias partes do mundo atribuem milagres e graças alcançadas à Virgem de Guadalupe e não é à toa que o local recebe cerca de 20 milhões de fiéis por ano. Pra se ter uma ideia a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, recebe cerca de 12 milhões de pessoas por ano…
A Basílica de Guadalupe só foi inaugurada em 1709, embora outros templos menores tivessem sido inaugurados antes no local, aliás existem várias igrejinhas e capelas pra se ver por ali. E o conjunto do Santuário é bem interessante.
Se você está pensando que vai até o Santuário de Guadalupe pra ver só uma igreja, você está enganado! Você vai ver várias igrejas!!! Mais não é só isso (rs) além das igrejas o complexo possui monumentos, museus, jardins lindíssimos e de quebra uma bela vista do Sky Line da Cidade do México!
Templo Expiatorio a Cristo Rey – Antiga Basílica de Guadalupe
Esta igreja começou a ser construída em 1695 e só ficou pronta em 1709. É conhecida também como Basílica Velha e apesar de ter uma arquitetura barroca muito bonita, o que mais chama atenção é o quanto ela está torta. Isso mesmo, assim como diversas edificações antigas da Cidade do México, a Antiga Basílica de Guadalupe está afundando, já que a Cidade do México foi construída em cima do antigo Lago Texcoco. Não bastasse o solo instável e pantanoso o México também sofre com diversos terremotos, o que agrava o problema de afundamento. Pra se ter uma ideia, estudiosos dizem que algumas partes da cidade afundam cerca de 15 cm por ano!
A sensação de ver as torres da igreja tortas é estranha, mas o que pega mesmo é quando você entra em seu interior. Você tem uma sensação muito ruim e existem até alguns avisos orientando os visitantes no caso de sensações como tonturas, desiquilíbrios etc.
E foi justamente pelo afundamento da Antiga Basílica de Guadalupe, que foi construída a Nova Basílica de Guadalupe, justamente ao lado da igreja antiga. Depois que fizeram a nova igreja, a antiga ficou fechada para reformas durante muitos anos até ser reaberta ao público.
Basílica Nossa Senhora de Guadalupe – Nova Basílica
Com os problemas estruturais ocasionados pelos afundamentos da Antiga Basílica e também pela necessidade de abrigar a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe em um lugar onde mais pessoas pudessem ver ao mesmo tempo, foi construída a Nova Basílica de Guadalupe, com arquitetura moderna e capacidade para mais de 40 mil pessoas.
A imagem original de Nossa Senhora de Guadalupe (aquela da capa de Juan Diego) fica atrás do altar e para visualizá-la existe uma esteira rolante que faz com que ninguém pare e atrapalhe a fila…
Paroquia de Santa María de Guadalupe – Capuchinas
Logo ao lado da Antiga Basílica outra bela edificação chama atenção, trata-se do ex convento do século XVIII que foi utilizado pelas freira capuchinhas. Nos domingos acontecem missas abertas ao público.
Foi neste templo que a imagem de Nossa Senhora era abrigado antes da construção da Nova Basílica em situações em que a Antiga Basílica estivesse fechada por reformas ou remodelações. Assim como a Antiga Basílica, esta edificação também está afundando.
Capilla del Pocito
Segundo a lenda Nossa Senhora apareceu pela 4ª vez exatamente no local onde esta construído a Capela chamada Pocitos. O templo é um dos mais belos exemplares do barroco mexicano e uma das edificações mais bonitas do complexo.
Em seu interior existe um poço(daí a origem do nome), que supostamente teria surgido milagrosamente por ali, o que atraiu milhares de pessoas em busca de graças e curas.
Como muitas pessoas lavavam suas feridas em busca de curas e tantas outras bebiam, o local teve que ser fechado, assim surgiu a capela, com a intenção de restringir as pessoas em relação ao acesso ao poço.
Museo de la Basílica de Guadalupe
Localizado aos fundos da Antiga Basílica o museu fundado em 1941 possui cerca de 4000 objetos em seu acervo. Entre eles estão diversas obras de artes de artistas espanhóis e vários itens religiosos.
Capilla de Indios
Este é o templo mais antigo do Santuário. Em seu interior ainda é possível ver partes da construção original, de 1531.
Ao lado desta capela está a casa onde Juan Diego Cuauhtlatoatzin morou até falecer em 1548.
Por falar em Juan Diego, vale ressaltar que Juan Diego foi beatificado em 1990, e canonizado em 2002, tornando-se o primeiro santo católico indígena americano.
Aproveitando a deixa sobre Juan Diego, segundo estudos posteriores, Juan Diego – Cuauhtlatoatzin, cujo nome no idioma Mexica (Azteca) significa: “Águia que fala”, era neto por parte de pai do rei Netzahualcóyotl, rei de Texcoco, conhecido também como rei sábio de Texcoco.
Outro fator interessante que não pode deixar de ser mencionado neste post se refere ao nome da Igreja que, como você deve ter percebido, se assemelha ao nome da Santa venerada em Estremadura, na Espanha.
Acontece que segundo contam, o nome que a Santa pediu para que Juan transmitisse ao Bispo (que era espanhol) foi “Quatlasupe” que no idioma Mexico significa “aquela que amassa a serpente”, o que foi entendido errado pelo Bispo que associou a palavra a Guadalupe.
Parque de la Ofrenda
Nos fundos de todas as grandes edificações uma escadaria em meio a fontes e jardins leva até o alto da colina de Tepeyac. De lá é possível ter uma bela vista da região e das cúpulas dos templos do Santuário.
Pelo caminho existe um belo jardim com muitas fontes e esculturas que criam a encenação das aparições de Nossa Senhora.
Repare que muitas pessoas deixam moedas nas fontes e sempre tem um segurança por perto para se assegurar que ninguém vai roubar os santos (rs).
Capilla del Cerrito – Capilla de San Miguel
No alto da Colina de Tepeyac está a Capilla de San Miguel, ou Capilla del Cerrito. Este templo foi construído em menção ao local onde se recorda o milagre das flores. Segundo diz a lenda, foi no alto deste Cerro que Juan teve a primeira visão. Atualmente funciona como Convento das Carmelitas.
Carillón – Campanário e relógio da Basílica
Em frente as principais edificações do santuário, destaca-se o grande Campanário e relógio da Basílica Nossa Senhora de Guadalupe.
Além dos 19 sinos que fazem parte do campanário, podemos observar quatro relógios distintos: um relógio astronômico, um solar, um calendário asteca (em tamanho idêntico ao original) e um relógio comum. O campanário possui representação das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe às 10h, 12h, 14h e 16h.
Além de todas as atrações citadas acima, o complexo de templos do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe ainda possui mais algumas capelas menores, uma biblioteca, um cemitério (onde estão sepultados diversas personalidades importantes do México) e lojas de artigos religiosos.
Claro, além de conhecer todos os atrativos do local, não deixe de observar o cotidiano dos fiéis que vão até as igrejas. Se estiver no México nas proximidades do dia 12 de dezembro, vá até o santuário para observar o mar de gente que comparece ao local para comemorar o aniversário da primeira aparição. Fonte: www.demochilaecaneca.com.br
O OLHAR NO MÉXICO-03
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- Direto do México/ San Juan Teotihuacán- fala sobre as Pirâmides dos povos Maia. NOTA: Teotihuacan, Teotihuacã ou Teotihuacán, foi um centro urbano da Mesoamérica pré-colombiana localizada na Bacia do México, 48 quilómetros a nordeste da atual Cidade do México, e que hoje é conhecida como o local de muitas das pirâmides mesoamericanas arquitetonicamente mais significativas construídas na América pré-colombiana. Além dos edifícios piramidais, Teotihuacan também é antropologicamente significativa por seus complexos residenciais multifamiliares, pela Avenida dos Mortos e por seus vibrantes murais que foram excepcionalmente bem preservados. Além disso, Teotihuacan exportou um estilo de cerâmica e finas ferramentas de obsidiana que conquistaram grande prestígio e utilização generalizada em toda a Mesoamérica.
Acredita-se que a cidade tenha sido estabelecida em torno de 100 a.C., sendo que os principais monumentos foram construídos continuamente até cerca de 250 d.C.[1] A cidade pode ter durado até algum momento entre os séculos VII e VIII, mas seus principais monumentos foram saqueados e sistematicamente queimados por volta de 550 d.C. No seu apogeu, talvez na primeira metade do primeiro milénio d.C., a cidade de Teotihuacan foi a maior da América pré-colombiana, com uma população de mais de 125 mil pessoas,[1][2]tornando-se, no mínimo, a sexta maior cidade do mundo naquela época. Teotihuacan começou como um novo centro religioso nas terras altas mexicanas em torno do primeiro século d.C. Esta cidade passou a ser o maior e mais populoso centro no Novo Mundo e tinha até complexos de moradias de vários andares, construídas para acomodar esta grande população.[1] A civilização e cultura associadas ao sítio arqueológico da cidade também são referidas como Teotihuacan ou teotihuacana.
Os maias se destacaram na construção de grandes obras como, por exemplo, palácios, pirâmides e templos.
Enquanto as pirâmides do Egito Antigo eram construídas para abrigar o corpo mumificado de faraós e sacerdotes, na civilização maia ela tinha como propósito principal servir de templo religioso.
Uso das pirâmides e parte interna
As pirâmides maias foram construídas com pedras e, na sua parte interna, existiam plataformas e escadas, que levavam para a parte superior que era utilizada como templo. Muitas destas pirâmides possuíam decorações internas (pinturas), que retratavam aspectos culturais e religiosos dos maias. Os rituais religiosos e adoração aos deuses maias eram praticados nesta estrutura superior da pirâmide.
Atualmente, muitas destas pirâmides são importantes atrações turísticas do México, atraindo centenas de milhares de turistas anualmente. Fontes: www.suapesquisa.com; https://pt.wikipedia.org
SEGUNDA-FEIRA, 29: Olhar do dia...
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MÊS MISSIONÁRIO: Mensagem do Frei Rogério.
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O Frei Rogério Severino de Lima, O. Carm, da Província Carmelitana Pernambucana, deixa a sua mensagem para o Mês Missionário. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 29 de outubro-2018.
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