ENQUANTO O RETIRO NÃO CHEGA...
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ORDEM TERCEIRA: 250 Anos em Serro-02
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FILHO DA HISTÓRIA...
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O Frei Tinus Van Balen, O. Carm, do Convento do Carmo da Bela Vista/SP, fala sobre o Beato Frei Tito Brandsma. E-mail do Frei Petrônio para contato- críticas ou sugestões de temas. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. FACE: www.facebook.com/freipetros SITE: www.olharjornalistico.com.br TWITTER: www.twitter.com/freipetronio Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 27 de julho-2018.
27 de julho: Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista e Mártir.
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Feliz festa do Beato Tito Brandsma, Carmelita contemporânea, apaixonado pela Espiritualidade Carmelita e mártir!!
O Beato Tito Brandsma foi preso por ser católico convencido e era defensor da verdade, como o seu pai inspirador o profeta Elias. Já no campo de concentração, ensina que o amor vai voltar a ganhar ao mundo inteiro.
Conheçamos a sua grande figura e repercussão religiosa e social.
Tito Brandsma (1881-1942)
Era frequente vê-lo em sua secretária, muito concentrado, digitando forte e agilmente sua velha máquina de escrever. Ele tinha os olhos cravados no papel, através de uns óculos redondos que lhe sentavam muito bem, rodeado da nuvem de fumo azul do seu cachimbo. Ao Interrompê-lo, antes de dizer ele nada, levantava a cabeça e a primeira coisa que distinguias no seu rosto era um sorriso inigualável. Ele dava a todos o seu bom humor e uma íntima alegria, que conquistava a simpatia de qualquer um.
Assim passava longos tempos Tito Brandsma quem, apesar da sua fraca Constituição física, que esteve prestes a levá-lo várias vezes para a morte, chegou a ser no seu tempo um dos homens mais cultos e importantes da Holanda.
Tinha obtido em Roma o doutorado em filosofia, onde também se especializou em sociologia, espiritualidade e jornalismo, uma vez ordenado padre em 1905. Ao seu retorno à Holanda fundou bibliotecas, escolas e a UNIÃO DE ESCOLAS CATÓLICAS. Embora nessa época a sua pátria tinha maioria absoluta protestante, o Tito conseguiu que o parlamento aprovasse uma iniciativa sua para que o estado concedesse ajuda econômica aos colégios católicos.
Reitor de faculdade, professor e jornalista
A Universidade Católica de nijmegen, a primeira da sua espécie dentro da jovem história da Holanda, foi fundada em 1923. Era o símbolo da anterior vitalidade dos holandeses católicos, que, durante alguns séculos, suportaram terríveis perseguições. Tito foi lá professor de filosofia e de mística. Em 1932 escolheram reitor por um ano. No entanto-Pensava Tito -, a faculdade era apenas uma pequena porção da muito ampla realidade nacional e havia que influenciar também em todos os que viviam fora das instituições acadêmicas.
Para servir melhor a sua pátria, tornou-se jornalista ativo. Fundou várias revistas e foi editor-Chefe de vários jornais, capotando em centenas de escritos as riquezas da sua mente e a sua sensibilidade. Mas o seu impacto no meio jornalístico excedeu o âmbito profissional. Muitos colegas encontraram nele a um confidente discreto, conselheiro iluminado e amigo sincero, sempre disposto a compartilhar mágoas e dar esperança.
Defensor de judeus perseguidos
No ano de 1933 Adolfo Hitler obteve o poder na Alemanha. Em Maio de 1940 os nazistas invadiram a Holanda e começaram a apoderar-se do ensino e da imprensa católicas para submeter o povo. Tito Brandsma, nomeado então assistente da união de jornalistas católicos, ergueu corajosamente a voz para denunciar a perseguição contra os hebreus das escolas católicas e o atropelo total da liberdade religiosa por parte do nazismo. Os jornalistas, animados por ele, formaram uma frente comum contra o inimigo.
Logo começaram as detenções de padres. No dia 26 de janeiro de 1941, os bispos holandeses declararam que o nacional-socialismo era o mais oposto ao ensino da Igreja Católica, e isso provocou uma nova onda feroz de perseguição para católicos e judeus. Tito foi feito preso pela temível gestapo no dia 19 de janeiro de 1942 e trancado na cela 577 da tristemente célebre prisão de oranjehotel, onde se encarcerava os combatentes da resistência. Lá passou sete semanas de terrível solidão. No entanto, para conservar a sua liberdade, apesar do isolamento, foi estabelecido um plano diário de trabalho. Ele escreveu versos, começou uma biografia de Santa Teresa de Ávila, redigiu uma via sacra e escreveu duas pequenas obras minha cela e cartas desde a cadeia.
No dia 12 de março levaram-no para o campo de concentração de Amersfoort, destinado a trabalhar nas serrarias. Um trabalho cansativo para os prisioneiros, mal alimentados e insuficientemente equipados. Uma tortura horrível. A todos os padres presos lhes era estritamente proibido, sob pena de duras punições, realizar qualquer ação de tipo espiritual, mas para Tito-homem corajoso e apaixonado por Deus-isso não era um obstáculo. Durante a semana santa se reúne com vários presos a meditar sobre a paixão de Cristo. Os demais prisioneiros lhe buscavam dia e noite para encontrar ao seu lado conforto e receber sua bênção. Mansinho lhes desenhava a cruz nas mãos, ouvia as suas confissões e assistia os doentes e moribundos.
Além de católicos, entre os seus companheiros de prisão, havia pessoas de outras confissões religiosas, mesmo agnósticos e ateus. Passados os anos, vários deles deixaram testemunhos de enorme admiração por ele.
Fazer mais fácil o perdão
Diante das queixas dos maus tratos, Tito tínhamos os outros prisioneiros a superar-se ao ódio e a rezar pelos seus carrascos:
- Ore por eles - dizia-lhes uma e outra vez.
- Sim, pai, lhe respondiam, mas isso é.... Tão difícil..!!
Com muita compreensão e um pouco de humor respondia Tito :-não se preocupe, você não precisa fazer isso durante todo o dia... também eles são filhos do bom Deus e quem sabe se algo fica neles...
Vítima da fúria do ódio, soube amar a todos. No Domingo de Páscoa começaram as execuções de setenta e seis membros do movimento clandestino da Holanda. Durante mais de uma hora Tito e seus companheiros tiveram que contemplar o fuzilamento maciço de seus companheiros. Tito rezava por eles e fazia-os compreender por sinais, cruzando as mãos e olhando para o céu.
No dia 16 de maio de 1942 Tito foi transportado para Dachau, perto de Munique. Neste campo de concentração viviam cerca de 110 mil prisioneiros, dos quais 80 mil encontraram a morte. Tito chegou a conhecer toda a brutalidade de regime nazista: socos, chicotadas com tábuas e paus, chutes e outras torturas. Lá os padres católicos eram tratados como homens de segunda classe; nas três casernas que formavam este bloco haveria aproximadamente 1600 eclesiásticos. No total calcula-se que Hitler levou a morte aproximadamente a cerca de 4 MIL PADRES CATÓLICOS.
Fonte: Facebook ( https://www.facebook.com/walteralberto.palominopalomino )
Tito Brandsma: A L E G R I A!
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ADRIANO STARING, O.CARM
“La alegría no es una virtud, es un efecto del amor” - Tito Brandsma.
“Apuntes para un retiro”.
Un proverbio francés dice: “Un santo triste no es probable que sea un santo”. De niño la salud de Tito Brandsma fué muy precaria. Sufrió cuatro veces hemorragias estomacales, como resultado de esto estuvo cuatro veces a las puertas de la muerte. Los últimos años de su vida sufrió serias enfermedades. Normalmente aquellos que padecen de estómago se vuelven hipocondríacos, esto no le sucedió a Tito Brandsma. Muchos testigos lo confirman. Su hermana dice: “Durante su enfermedad, siempre estuvo feliz y de buen humor” (Sumario I, Pág. 33). Cuando estuvo estudiando en Roma también tuvo hemorragias. Su compañero de estudios P. Luis van der Staaij lo confirma: “En Roma era un paciente feliz y hablaba de forma normal (Sum 1 Pág.. 48). Su amigo el P. Alberto Grammatico dijo: “Me sonreía serenamente, como un santo”. (F. Valline “Un periodista mártir“, Pág.. 66).
Poseía un gran autocontrol, pero no sólo en su vida diaria sino también ante la enfermedad y el sufrimiento físico. Incluso en aquellos momentos demostraba tener buen humor” (Sumario I Pág. 203). Un carmelita que fué su compañero afirmó: Aún ante el fracaso y la oposición, permanecía alegre y sereno (Ibid Pág. 65).
En la vida diaria la gente le encontraba invariable. La profesora Cristina Mohrmann afirma: La gratitud que demostraba por la fé revela por sí misma una alegría constante ( Proceso pa. 66). “Siempre estaba de buen humor, era cordial y espontáneo “ (Ibid), “Siempre estaba de buen humor” (Ibid 77) Joseph de Boen dejó este testimonio “Yo estaba particularmente sorprendido por su alegría. Su gratitud por la fé demostraba por sí misma una gran alegría aunque, por naturaleza, no poseía un carácter ingenioso feliz. (Sum p. 100) El obispo Martín Jansen tiene esto que decir: “Sobre todo poseía una gran alegría y un optimismo increíble” (Proceso n 116).
La alegría del Padre Tito se revelaba particularmente en su cordialidad y afabilidad. Siempre era cordial y amable cuando le visitamos. Siempre era cordial, espontáneo y muy sencillo (Sumario Pág. 34 G de Boer). “El servidor de Dios buscaba la perfección a través de la simplicidad y la cordialidad con los que le rodeaban (Proceso 64 a. Bernard Woltring). Siempre era afable (Ibid 64 Anna Kersten). “Era excepcionalmente afable y cortés (Ibid n 89 Florentino Haagen Orden Carmelita). Su virtud más destacable era la amabilidad. (Ibid 64 Rafael Gooijer O. Carmelita).
El biógrafo del P. Tito. H.Aukes, “pinta” el retrato siguiente del P. Tito: “Yo le considero, sobre todo, un hombre de espiritualidad evangélica, alegre, leal, caritativo... Creo que “bondad” es la palabra que mejor describe su vida. Nos recuerda al primer Santo frisón, Ludger cuya segunda vida le describe así: “Agradable en su forma de ser y poseedor de una sorprendente humanidad, hacia que sus enseñanzas fueran aceptadas en todas partes (Sumario Pág. 150-151).
“ALEGRÍA EN PRISIÓN”
Todos los testimonios citados anteriormente, nos relatan la vida del P. Tito antes de su martirio. Pero semejante alegría y felicidad fueron también las características de los seis meses de prisión y la vida en el campo de concentración.
Un coronel protestante, A.F. Fogteloo, que estuvo en con el P. Tito en la prisión de Scheveningen y en el campo de concentración de Amersfoort después de describir las crueles condiciones de la vida en la prisión continua: “Me sorprendía mucho cuando se abría la puerta de la celda en la que estaba Tito Brandsma y dentro se encontraba un hombre feliz. Su rostro estaba radiante su mirada amable y agradecida me impresionó mucho. Siempre le ví de buen humor (Ibid p 258) Para dar una descripción de su comportamiento tanto en la prisión de Amersfoort como en el campo de concentración, diré: “Lo más notable era su bondad, su docilidad y su aspecto radiante. Cuando alguien en su situación, es como él , debe ser un hombre, espiritualmente hablando, fuera de lo corriente. Sus ojos eran extremadamente dulces, era muy alegre. Era muy bien educado, dada su formación religiosa y su carácter delicado. El modo en que alentaba a los que venían a él, su sonrisa cordial y comprensiva, proporcionaba calor a las almas heladas (Ibid Pág. 257).
Otro compañero dijo: “Respecto a su estancia en Scheveningen puedo testificar que “el servidor de Dios” siempre poseía una actitud alegre y feliz “ (Ibid Pág. 262 P. Verhulst).
El mismo testigo relación el comportamiento del P. Tito en el campo de concentración de Amersfoot (12 de marzo 28 Abril 1942) “Siempre estaba contento, nunca le oí refunfuñar o quejarse” (Ibid p 264). Todos los prisioneros estaban de acuerdo con esto.” El servidor de Dios siempre estaba de buen humar y nunca hablaba de sí mismo. Como buen católico Tito poseía una alegría natural y sincera”. (Ibid p. 270,271). El sacerdote P. Aalders afirma: Su aspecto testificaba también su alegría interior, yo, puedo verificarlo. Era el hombre más afable del campo y todos tenía acceso a él (Ibid 285-286) Cuando se le saludaba fugazmente siempre sonreía y estaba feliz. Bajo sus gafas, sus ojos brillaban llenos de bondad, cordialidad y alegría. Retuvo esta serena amabilidad todo el tiempo que permaneció en Amersfoot” Un doctor luterano P. Ronge testificó: “Su tranquilidad era plena. Siempre estaba de buen humor (Ibid p 298) Un doctor que no pertenecía a ninguna religión dijo: Bajo cualquier circunstancia mantenía una tranquilidad alegre “ (Ibid p. 308 J. Borst.) Otro compañero de prisión comentó: “Estaba muy agradecido pos su fé y su vocación. Deduzco esto ya que él siempre estaba de buen humor y feliz. Le daba un sentido sobrenatural a nuestro encarcelamiento” (Ibid p. 310-311 J. Siegmund)
Jan van de Mortel, sin embargo anotó que los momentos difíciles del P. Tito no pasaron desapercibidos para él: “Nunca estaba de mal humor, era muy equilibrado un nunca planteaba dificultades a los demás. Físicamente sufrió muchísimo a causa de la cruel vida en el campo de concentración y el trato inhumano. Intentó que nadie se diera cuenta pero muchas veces estaba inmensamente triste, no por sí mismo sino porque había personas que hacían sufrir a otras personas. Su humor no variaba.
En realidad, en vez de volverse duro se volvió más dócil. Siguió siendo optimista (Sum II p 521). En la prisión de Scheveningen (28 Abril 16 de Mayo de 1942) donde Tito compartió su celda con dos jóvenes protestantes se afirma: Sentía un profundo agradecimiento por su fé y su felicidad (Sum I p 320).
“La alegría que brillaba en la cara del P. Tito impresionó a los guardianes y también a mí mismo. Siempre estaba de buen humor y se interesaba mucho por los otros prisioneros. Su serenidad y alegría, su modestia y bondad me impresionaron. Sabía muy bien que nunca recobraría la libertad pero estaba resignado y a veces incluso contento” (Ibid Pág. 325 327)
En la prisión de Kleve, en Alemania donde Tito esperaba su traslado a Dachau (16 de mayo al 13 junio 1942) mantuvo la misma actitud. El capellán de la prisión, Ludwig Deimel nos da su testimonio: “Su actitud era de calma, serenidad, alegría y amabilidad. Ese agradecimiento esa paciencia que poseía no requerían ningún esfuerzo por su parte. Durante su estancia en Kleve, cuando todos los intentos para su liberación fracasaron, no mostró el más mínimo signo de desilusión, desaliento, depresión o desesperación. Permaneció sereno agradecido y con una plena confianza en Dios (Ibid, p. 325-327).
Un compañero de prisión holandés testificó: “Siempre estaba de buen humor, contento y lleno de resignación hasta un extremo que yo pensaba “Si este hombre no es santo nadie puede serlo”.
Sus virtudes más notables eran la alegría y el espíritu de oración. Su gratitud por la fé revelaba el hecho de que él era feliz por poder sufrir por Nuestro Señor. Más de una vez le oí decir “Estamos en las manos de Dios” (Ibid p. 341-342 R. de Groot).
“EN DACHAU”
19 de Junio-26 de Junio 1942.
En el campo de concentración de Dachau el P. Tito conoció al P. Rafael Tijhuis de la Orden Carmelita. A pesar de las circunstancias, el P. Tito podía, todavía, estar de buen humor:
Si alguien le preguntaba si había sido golpeado, el contestaba sonriendo: “Para ese hombre, golpear es su oración matutina” Cuando acababa (de entender su pies hinchados) y le ayudaba a levantarse, me golpeaba en el hombro con una sonrisa y me decía: “Ahora, hermano, soy un hombre de nuevo”. Su gratitud por la fé se hacía patente en su alegría constante y su felicidad. Nunca le ví enfadado o llorando, a pesar del terrible trato que tenía que soportar. Siempre estaba feliz y de buen humor (Ibid p. 356, 362, 364). Sus compañeros de prisión están de acuerdo: “Siempre estaba feliz y de buen humor” (Ibid p. 370 Rev. J. Lemmens) “Nunca le oí quejarse. Siempre estaba feliz y de buen humor y era un apoyo para los demás (Ibid p. 372 Alabanzas de la Orden Capuchina). “Sin embargo, siempre estaba de buen humor, equilibrado y feliz, lleno de tranquilidad y paz interior, lleno de serenidad espiritual. Tenía sentido del humor, era un bromista pacífico” (Ibid p 282, 383, Rev H. Kuyper) “Siempre estaba de buen humor y feliz. Su confianza en Dios se revelaba a través de su alegría, buen humor y por su maravillosa paciencia y tolerancia” (Ibid p. 390 Rev. J. Rothkrans). J. Overduin un ministro Protestante atestiguó “Todavía puedo ver al profesor Brandsma, nuestro hermano que se dedicaba sinceramente a Cristo, aún mientras estaba en el baño por última vez. Cansado y agotado, demacrado, con las piernas hinchadas pero fuerte su espíritu siempre amable y contento en el Señor (Ibid II p. 546).
Incluso durante su última semana de vida, en el hospital del campo permaneció calmado y sereno. La enfermera que le administró la inyección fatal atestiguó: “Siempre estaba contento”. La mayor parte de los prisioneros se preocupaban de sí mismos y sólo pensaban en ellos, pero el Servidor de Dios, estaba siempre alegre y era el consuelo de todos y particularmente el mío (Fasciculus reservatus p. 5 n, 61, 626).
“LA ALEGRÍA EN LOS ESCRITOS DEL P. TITO”
La alegría, dentro de su sufrimiento, aparece ya en las páginas de su diario escrito durante la primera semana de su detención en la prisión de Scheveningen (23 de Enero- 28 de Enero 1942): “Allí existe un contraste de principios, pero para defenderlos sufriré lo que sea necesario con alegría. Mi vocación por la Iglesia y mi sacerdocio me han enriquecido con muchas cosas agradables y alegres, acepto con mucho gusto todo aquello que pueda parecer desagradable. Oh bendita soledad, me siento como en casa en esta celda. Hasta ahora no me he aburrido, por el contrario me siento loco de felicidad porque El, en su grandeza, me ha permitido encontrarle de nuevo, sin que mi ser pueda ir a los hombres ni los nombres venir a mí. El es mi único refugio, me siento protegido y feliz. Me quedaré aquí para siempre si El lo quiere así. Rara vez he estado tan feliz y contento” (Sumario II, p. 500, 504).
En su conocido poema del 12-13 de Febrero de 1942 escribió: Preveo una copa de sufrimiento
que acepto por amor a tí
Deseo seguir tu camino de penas
el único para llegar a Ti, lo sé. En la primera carta que escribió en prisión, 12 de febrero de 1942, explicaba: “Estoy muy tranquilo, feliz y contento y estoy empezando a acostumbrarme a esto. Por favor, hacerle saber al Dr. de Jong (Arzobispo de Utrecht) que no se mezcle o se relacione con los problemas que me puedan suceder. Yo sufro aquí con alegría y estoy bien” (Ibid 511-512). El 5 de marzo escribió: “No tengo que llorar, incluso canto un poco a mi manera, y naturalmente no demasiado alto” (Ibid p. 512-14).
“EL SECRETO DE SU ALEGRÍA”
Para algunas personas regocijarse con el sufrimiento podría ser una tendencia masoquista, de las citas anteriores se desprende claramente que en el caso del P. Tito era una cuestión completamente diferente. El P. Tito aceptaba los sufrimientos, pero no los buscaba: Los aceptaba de las manos de Dios y con otro propósito. En el poema que escribió en Scheveningen dirigía su mirada a Jesús: Mi alma rebosa de paz y luz
aunque con dolor, esta luz brilla.
Aquí guardián de tu seno
mi corazón anhela encontrar el descanso Allí.
Su felicidad provenía de su amor a Cristo que sufrió por amor a nosotros. Consolaba a sus compañeros de prisión de este modo: “Esto es sólo algo insignificante comparado con lo que Cristo sufrió por nosotros” (Sumario I, p 340-42 R. de Groot) “Nuestro Señor sufrió más por mi” (Ibid p. 363 R. Tijhuis).
El amor de Dios para con nosotros se expresó en la Pasión de Cristo a causa de nuestros pecados. Nuestro amor para con Dios se expresa en el amor a nuestro prójimo, incluso a nuestros enemigos y a los pecadores, y también se expresa soportando todos los sufrimientos en unión con la Pasión de Cristo. La alegría no emana del sufrimiento sino del amor. Esta era la causa de la alegría y la felicidad que el P. Tito mostraba a sus semejantes, la razón de su cordialidad y afabilidad para con sus enemigos e incluso para sus crueles guardianes. “El era el hombre más afable de todo el campo y accesible para todos. Era el más amable de todo el campo. No hablaba mal de los alemanes” (Ibid p. 286-284 Rev. J Aalders) En Amersfoort se le juzgaba como el hombre más amable del campo. La razón de su alegría queda explicada en algunos de sus escritos.
“La locura de la cruz. Nuestro amor debería ser proverbial. No demos permitir que nadie nos sobrepase en amor. Esta es la primera, la suprema, la virtud divina. Nuestro modelo es Cristo sangrando en la cruz con cientos de heridas. La persona que desee conquistar el mundo con ideales superiores, debe entablar batalla con esto. Al final el mundo sigue a la persona que tiene valor, que tiene el valor de hacer lo que uno solo no se atreve a hacer. Pero la batalla con el mundo es dura: condujo a la muerte de Cristo en la cruz.”(Notas para un retrato)
Considera la vida como el camino de la cruz, pero lleva la cruz en tus hombros con alegría y valor, porque Jesús con su ejemplo y la gracia la hizo ligera” (Ibid).
Sigamos a Jesús por el camino real de la cruz. Llevemos su cruz, pero no sin ganas, como hizo Simon de Cyrene, sino con ilusión y alegría porque somos sus hijos reales (Via Crucis).
No hay que servir a Dios con la vista, hagámoslo aparente con alegría y buen humor que es verdad que “mi yunta es agradable y mi carga ligera”. Muestra un rostro alegre, considera las penas como una luz más alta, que se convierta en una elección y una razón de alegría. La alegría no es una virtud sino un efecto del amor (Notas para un retrato).
Desde el pesebre hasta la cruz, el sufrimiento fué todo de Cristo, así como la pobreza y la incomprensión. El empuje de su vida fué enseñar a los hombres como Dios valora el sufrimiento la pobreza y las equivocaciones de los hombres, justo lo contrario de la falsa sabiduría del mundo. El sufrimiento, es el camino al cielo. !Ah! si tuviéramos, incluso hoy, conciencia del varo que Dios guardó para nosotros en el sufrimiento que nos envía. El que es infinitamente bueno! (Introducción al libro “Het lijden vergoddelijkt de A.A Tanqueray).
El viernes Santo de 1943, en el campo de Amensfoort, el P. Tito dió una conferencia sobre el misticismo de la Pasión que dejó una impresión duradera. En las breves notas que había preparado se lee: “En este día: una actitud amable y agradecida con una representación viviente de la Pasión de Cristo en unión con nuestro sufrimiento. Dios para nosotros, Dios con nosotros, nuestro ejemplo. Dios en nosotros, nuestra fuerza. Puedo hacer todo para El que me conforta”. (H. Aukes, Het leven van Titus Brandsma p 240-241).
EL sacerdote J. Aalders, dejó una descripción de la conferencia: “Después de una presentación instructiva, Tito empezó a hablar de argumentos muy profundos que conmovían nuestros corazones. La conferencia se convirtió - y no podía ser de otro modo en Viernes Santo- en una meditación de la Pasión de Cristo de que su corazón estaba lleno”. El corazón habla al corazón. Las palabras salían espontáneamente de su corazón provenían del amor por su salvador que ardía allí. Se podía oír el ruido de un alfiler al caer en las barracas. Incluso los comunistas estaban escuchando con interés. Se les había predicado, alguna vez, el amor con una convicción tan grande? (Sumario p. 293-294).
Durante los últimos días de su vida, pasados en el hospital de Dachau, la enfermera que le dió el “golpe de gracia” afirmó que la mayoría de los sacerdotes no valían nada. El P. Tito replicó con un dicho de St. Teresa, que los mejores sacerdotes no son siempre los que están en los púlpitos y pronuncian sermones maravillosos, sino que los mejores sacerdotes son los que tienen que sufrir y ofrecer sus sufrimientos por los pecadores. Añadió que estaba contento porque podía sufrir” (Fas. riservatus p. 4n 60 b).
Mucha gente mantenía que el P. Tito Brandsma no sólo era experto en historia y doctrina mística, sino que él conocía la vida mística y los deleites de la unión mística por experiencia personal (cf. A. Starin “Tito Brandsma y el Misticismo de la Pasión en el Carmelo 28 [1981] p. 213-225). Aquí también tenía algo que decir: “Demasiadas personas piensan que el misticismo es algo agradable y tranquilo sin pensar que Dios busca nuestra unión por el camino del sufrimiento del desprecio y de la muerte. El verdadero misticismo lleva al Calvario para finalizar en el descanso de una muerte cercana en el corazón sangrante de Jesús y el abrazo con la cruz (Introduction to Briev en extasen der Dienaresse Gods Gemma Galgans by P. Bonifacio C.P).
Durante toda su vida el modelo que siguió el P. Tito que la Virgen María. Como hijos de María con el deseo de estar conforme con ella y de este modo con Dios como ella fué. Con ella estamos al pie de la cruz para compartir la muerte sacrificada del Señor y para seguir viviendo mientras nos llega la muerte en compañía de nuestra madre, guiados y ayudados por ella, únicamente en Dios y para Dios (“Introducción a los Carmelitas” por Juan de San Sansón).
En su testamento escribió: “En la muerte me uno a la muerte de mi Redentor y me coloco en el lugar de María al pie de la cruz de mi Señor. Cantaré las gracias de Nuestro Señor para siempre (Proceso Diocesano doc. 9).
El significado completo del sufrimiento humano fué resumido por Tito en una sencilla frase que fué parte de un capítulo de la comunidad: “Fuimos creados para la alegría”.
Traducido por Redemptus María Valabek O.Carmelita.
SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS, APÓSTOLA COM OS APÓSTOLOS DE JESUS
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Dom Milton Kenan Júnior, Bispo diocesano de Barretos/SP.
Santa Teresa do Menino Jesus foi desde sua infância uma jovem fascinada pelos padres. Ela os amara com um amor extraordinário. Trata-se de uma compreensão do sacerdócio que evolui, com o passar do tempo.
Na sua infância Teresa convive com um círculo restrito de padres, quando os encontros são ocasionais e com uma certa distância. Na sua adolescência, a partir da peregrinação que faz na companhia de seu pai Luís Martin e Celina à Roma, Teresa tem a oportunidade de conviver com um grupo de setenta e cinco padres; que lhe permite mudar o seu conceito e ver uma transformação no relacionamento com eles. Finalmente, nos últimos anos de sua vida, através das correspondências com o seminarista Bellière e o neo-sacerdote Roulland, Teresa tem a possibilidade de estabelecer com eles uma verdadeira fraternidade e maternidade espirituais.
Um dos textos mais sugestivos de Teresa no que diz respeito a sua relação com os padres nós o encontramos na descrição que faz da peregrinação á Roma, por ocasião do Jubileu de Ouro Sacerdotal do Papa Leão XIII (7/11-2/12/1887):
“A segunda experiência que eu fiz diz respeito aos padres. Não havendo jamais vivido na intimidade deles, eu não podia compreender a finalidade principal da reforma do Carmelo. Rezar pelos pecadores me encantava, mas rezar pelas almas dos padres, que eu acreditava mais puras que o cristal, me parecia espantoso!...Ah! eu compreendi minha vocação na Itália, não foi preciso procurar muito longe um conhecimento tão útil...Durante um mês eu vivi com muitos santos padres e eu vi que, se a sublime dignidade deles os eleva acima dos anjos, eles não deixam de ser por isso homens fracos e frágeis...Se os santos padres que Jesus chama no seu Evangelho: “o sal da terra” mostram em sua conduta que têm uma extrema necessidade de orações, que dizer então dos que são tíbios? Jesus não disse ainda: “Se o sal perder o seu valor, como recuperará o seu sabor? Oh minha Mãe! Como é bela a vocação que tem por finalidade de conservar o sal destinado às almas! Esta é a vocação do Carmelo, porque o único fim de nossas orações e de nossos sacrifícios é de ser apóstola dos apóstolos, rezando por eles enquanto evangelizam as almas pelas suas palavras e sobretudo pelos seus exemplos...Preciso me deter se eu continuo falando sobre isso não terminaria jamais!....” (A, 56r-56v).
Teresa reafirma a sublime dignidade dos sacerdotes, honrados por Deus mais do que todos os homens, mais do que os próprios anjos, enquanto descobre que são ao mesmo tempo homens fracos, frágeis que têm tanta necessidade da sua oração. Esta descoberta não a escandaliza, não diminui a fé no sacerdócio, nem o seu amor pelos sacerdotes. Ao contrário, é uma graça, um crescimento no amor, num amor mais maduro, mais realista, amor de mãe pelos filhos fracos e frágeis. Assim, a partir deste momento, Teresa se empenhará até o fim pela santificação dos sacerdotes, na grande perspectiva da Missão da Igreja pela salvação de todos os homens. A sua mensagem aos sacerdotes será uma palavra de amor e de santidade: sempre o ensinamento do Amor de Jesus. Teresa é consciente de ser como a Madalena apostolorum apostola. (Léthel, L´amore de Cristo centro dela Vita Sacerdotale, in La prospectiva de alcuni Santi, p. 5).
Seu amor pelos padres e a oração por eles são temas constantes em sua correspondência com Celina, até sua entrada no Carmelo (cf. Cartas 94, 96, 101, 108, 122). Acompanhando o relato do Manuscrito C, chegamos ao ponto de poder acompanhar Teresa no relacionamento com seus “irmãos espirituais” Maurice Bellière e Adolphe Roulland.
Teresa diz que um dos seus grandes desejos era ter a graça de ter um irmão sacerdote que pudesse subir o altar que pudesse pensar todos os dias nela no santo altar (C 31v). O que parecia impossível, uma vez que seus irmãozinhos morreram precocemente, Deus os realiza concedendo unir os laços de sua alma a dois de seus apóstolos que se tornaram seus irmãos (ibid.) As palavras com que Teresa descreve a realização do seu sonho são de uma intensidade extraordinária:
“Foi nossa Sta. Mãe Teresa que me enviou para ramalhete de festa em 1895 meu primeiro irmãozinho. Eu estava na lavandeira bem ocupada com o meu trabalho quando madre Inês de Jesus me tomando à parte leu-me uma carta que acabara de receber. Era um jovem seminarista, inspirado, dizia ele, por Sta. Teresa, que vinha pedir uma irmã que se dedicasse especialmente à salvação de sua alma e o ajudasse com suas orações e sacrifícios quando ele fosse missionário a fim de que pudesse salvar muitas almas. Prometia ter sempre uma lembrança por aquela que se tornasse sua irmã, quando pudesse oferecer o Santo Sacrifício. Madre Inês de Jesus me disse que queria que fosse eu a me tornar a irmã desse futuro missionário. Madre, dizer-vos minha felicidade seria impossível, meu desejo cumulado de maneira inesperada fez nasce r no meu coração uma alegria que chamarei infantil, pois preciso remontar aos dias de minha infância para a encontrar a lembrança dessas alegrias tão vivas que a alma é pequena demais para conte-las, nunca desde anos eu tinha provado esse gênero de felicidade. Sentia que desse lado minha alma era nova, era como se pela primeira vez se tivesse tocado cordas musicais que até então estavam no esquecimento” (C31v-32r).
Teresa emprega por Bellière, e posteriormente, por Roulland todas as suas energias espirituais, “doravante, Teresa, irmão espiritual do futuro sacerdote, rezará, amará, sofrerá por dois, não aumentando o volume de sua oração e de sua atividade, mas crescendo no fervor do amor que é o único capaz de dar um valor maior aos sofrimentos e ás obras”.
No ápice da “prova da fé” que se consumará com sua morte, Teresa diz que não tendo o gozo da fé, esforça-se por realizar ao menos as suas obras. Entre as obras realizadas por Teresa, na maior escuridão interior, está a de socorrer seu “irmãozinho”, oferecendo por ele o sofrimento psíquico, a obscuridade da fé, que se tornam para ela fonte de apostolado escondido.
A “grande” prova que Teresa enfrenta será o silencio de Bellière: “É preciso reconhecer que primeiro não tive consolações para estimular meu zelo; depois de ter escrito uma carta encantadora cheia de coração e de nobres sentimentos para agradecer a madre Inês de Jesus, meu irmãozinho não deu mais sinal de vida senão no mês de julho seguinte, exceto que enviou sua carta no mês de novembro para dizer que entrava na caserna” (C 32r).
De novembro de 1896 a agosto de 1897, Teresa manterá uma correspondência frequente com Bellière (algo excepcional na vida de uma carmelita no final do século passado). Jamais perde de vista o fim daquela união: “Eu lhe peço que sejais, não somente um bom missionário, mas um santo todo abrasado do amor de Deus e das almas” (Carta 198); “Ah! O que nós lhe pedimos (a Jesus), é de trabalhar por sua glória, é de amá-lo e faze-lo amado” (Carta 220); “Querido irmãozinho, no momento de comparecer diante do bom Deus, eu compreendo mais do que nunca que não há senão uma coisa necessária, é de trabalhar unicamente por Ele e de nada fazer por si e pelas criaturas” (Carta 244).
Como se não bastasse um irmãozinho para satisfazer seus desejos e cumula-la de tão grande alegria, a Providência divina destina-lhe um segundo irmão: o jovem missionário Pe. Adolphe Roulland. Sob o sigilo da obediência, Teresa atende agora ao pedido de Madre Maria de Gonzaga, e acolhe o jovem missionário Roulland como seu novo irmão espiritual:
“No ano passado, no fim do mês de maio, lembro-me que um dia mandastes chamar-me diante do refeitório. O meu coração batia bem forte quando cheguei até vós, Madre querida, perguntava-me o que podíeis ter a me dizer, pois era a primeira vez que me mandáveis chamar assim. Depois de ter-me dito para sentar-me, eis a proposta que me fizestes: - Quereis encarregar-vos dos interesses espirituais de um missionário que deverá ser ordenado padre e partir proximamente e depois, Madre, lestes a carta desse jovem Padre a fim de que eu soubesseexatamente o que ele pedia. Meu primeiro sentimento foi um sentimento de alegria, que deu logo lugar ao temor. Eu vos expliquei, Madre bem-amada, que tendo já oferecido meus pobres méritos para um futuro apóstolo, acreditava não poder fazê-lo ainda nas intenções de outro e que, aliás, havia muitas irmãs melhores do que eu que poderiam responder ao seu desejo. Todas as minhas objeções foram inúteis, vós me respondestes que se podia ter vários irmãos. Então vos perguntei se a obediência não poderia dobrar seus méritos. Vós me respondestes que sim, dizendo-me várias coisas que me faziam ver que eu precisava aceitar sem escrúpulo um novo irmão” (C 33r-33v).
Ao escolher Teresa como “irmã espiritual” do jovem missionário Roulland, a Madre Maria de Gonzaga revela uma particular estima da Priora em relação à jovem Carmelita. Dirá de viva voz ao Pe. Roulland: “É a melhor entre minhas boas”; e lhe escreverá: “Vós tendes uma auxiliar muito fervorosa, a pequena querida é toda de Deus”.
Madre Maria de Gonzaga não só aprecia o valor religioso de Teresa, mas sua verdadeira vocação missionária, confirmando o que Teresa já havia escrito: “É preciso, vós me havíeis dito, para viver nos Carmelos estrangeiros uma vocação toda especial; muitas almas acreditam-se chamadas para isso sem sê-lo de fato. Vós me disseste também que eu tinha esta vocação e que unicamente minha saúde foi um obstáculo (C 10rº). Maria de Gonzaga quis dar à Teresa a alegria de realizar, ao menos em parte, sua vocação trabalhando com um Missionário.
Escrevendo a Roulland, Teresa revela a consciência de que os laços que os unem é o da oração e da mortificação (Carta 189), de que jesus se dignou uni-los “pelos laços do apostolado” (Carta 193), de que a sua “única arma é o amor e o sofrimento”; enquanto que Roulland possui “a espada da palavra e dos trabalhos apostólicos” (Carta 193) e partilhar com ele o seu desejo: “nosso único desejo é de nos assemelhar ao nosso adorável mestre que o mundo não quis reconhecer porque Ele se aniquilou, tomando a forma e a natureza de escravo” (Carta 201).
Ao contrário do seminarista Bellière que silenciou por vários meses, após o primeiro contato com o Carmelo de Lisieux, Adolphe Roulland proporciona à Teresa grandes alegrias: no dia 28 de junho é ordenado sacerdote; e no dia 3 de julho celebra na capela do Carmelo a sua primeira missa, tendo oportunidade de encontrar-se com Teresa no locutório do convento, onde pode compartilhar com ela, suas expectativas em relação à sua partida próxima para a China (2 de agosto de 1896) e os detalhes do território de missão (Su-Tchen).
Não só Teresa via satisfeitos os seus desejos de estar unida a “irmãos espirituais” que pudessem realizar por ela o que ela acreditava que o fariam seus irmãos de sangue, caso estivessem vivos; mas Teresa vê realizada nesta escolha a sua vocação:
‘No fundo, Madre, eu pensava como vós e até, visto que O zelo de uma carmelita deve abrasar o mundo, espero com a graça de deus ser útil a mais de dois missionários e não poderei esquecer de rezar por todos, sem deixar de lado os simples padres cuja missão às vezes é tão difícil de cumprir como a dos apóstolos que pregam aos infiéis. Enfim quero ser filha da Igreja como era nossa Mãe santa Teresa e rezar nas intenções de nosso Sto. Padre o Papa, sabendo que suas intenções abraçam o universo. Eis a meta geral de minha vida, mas isso não me teria impedido de rezar e de unir-me especialmente às obras de meus anjinhos queridos se tivessem sido padres. Pois bem! Eis como me uni espiritualmente aos apóstolos que Jesus me deu como irmãos: tudo o que me pertence, pertence a cada um deles, sinto bem que Deus é bom demais para fazer divisões, Ele é tão rico que dá sem medida tudo o que lhe peço....Mas não credes, Madre, que me perco em longas enumerações” (C 33v).
Apóstola com os Apóstolos é em poucas palavras a vocação de Santa Teresa do Menino Jesus. Uma dimensão da sua vocação que não pode passar despercebida à nossa meditação sobre o seu ultimo manuscrito. Junto dela precisamos aprender a fazer nossa as intenções do Papa que alcançam o mundo inteiro e, amar os “simples” padre cuja missão nem sempre é mais fácil do que aqueles que anunciam o Evangelho aos infiéis.
Nossa meditação sobre os laços que unem Teresa do Menino Jesus aos padres completa-se com a referencia ao Padre Jacinto Loyson (1827-1912). Trata-se de um sacerdote carmelita, ordenado em 1851, que tornara-se célebre por suas pregações durante diversos Adventos em Notre Dame de Paris. Foi Provincial dos Carmelitas Descalços, amigos do Cardeal Newman e de outras pessoas célebres. Em 1869, ele rompeu com a Igreja Católica, justamente alguns anos antes do Concilio Vaticano I. Desposou uma viúva protestante, norte americana, a Sra. Mériman, com quem tivera um filho. Fundou a Igreja do Livre Espírito, cujos princípios eram: o matrimonio dos sacerdotes, uma forte oposição à infabilidade papal, a reinvindicação da missa na língua vernácula e a abolição das classes nos funerais. Ele percorre toda a França fazendo conferencias, provocando escândalos e agitação.
Desde que tomou conhecimento da situação, em 1891 (quando Loyson fazia suas conferencias na Normandia), através dos recortes do jornal que comentavam as conferencias de Loyson na cidade vizinha de Caen, Teresa se engaja numa oração fervorosa e constante pela sua conversão e convidará Celina para que faça o mesmo.
É interessante observar que, enquanto a opinião pública católica indignada e as próprias irmãs de Teresa junto da Ordem do Carmelo qualificam Loyson com adjetivos duros; os jornais o chamam de “monge renegado”; Paulina o chama de “infeliz”. Teresa tem expressões bem diferentes: trata-se para ela de um “infeliz pródigo”, “esta pobre ovelha desgarrada”, “nosso irmão, um filho da Santa Virgem” (Carta 129). Ela rezará por ele até a sua morte: “dia virá em que ele abrirá os olhos e então quem sabe se a França não será percorrida por ele com uma finalidade diferente a que se propusera. Não deixemos de rezar, a confiança faz milagres” (Carta 129).
No dia 19 de agosto de 1897, festa de S. Jacinto, esgotada pela doença, com os nervos à flor da pele, incapaz de suportar a longa cerimonia litúrgica prevista naquela época, Teresa faz a sua última comunhão sobre esta terra, com o pensamento e as orações voltadas para o ex-carmelita Jacinto Loyson.
A Regra do Carmo e o Silêncio
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
O número 21 da Regra sobre o silêncio tem três partes: 1) Descreve o valor do silêncio; 2) Organiza o silêncio; 3) Recomenda a prática do silêncio.
(1) O Valor do silêncio:
Na primeira parte, usando frases da Bíblia, a Regra recomenda o silêncio. Ela começa lembrando a recomendação do apóstolo Paulo a respeito do trabalho em silêncio (Rc 20). Em seguida, para descrever o valor do silêncio, ela cita por inteiro duas frases do profeta Isaías: "A justiça é cultivada pelo silêncio", e “É no silêncio e na esperança, que se encontrará a vossa força. Isto significa que o silêncio recomendado pela Regra tem a ver com a Bíblia: a sua origem está nos profetas. É um silêncio profético! Trata-se de um silêncio que é muito mais do que só ausência de barulho ou de falatório. Conforme as duas fraes do profeta, o silêncio tem a ver com a prática da justiça, com a esperança e a resistência (força). Para nós, carmelitas, o silêncio profético evoca imediatamente o profeta Elias.
Este silêncio profético tem dois aspectos, expressos nas duas frases de Isaías. A primeira frase diz que o cultivo do silêncio gera justiça. Isaías compara a prática do silêncio com o trabalho do agricultor que cultiva sua roça para ter boa colheita. Esta primeira frase indica o esforço ativo nosso que visa atingir um determinado resultado. A segunda frase do profeta sugere o contrário. Em vez de esforço ativo em busca de um resultado, aqui a prática do silêncio é vista como a atitude de espera de algo que deve acontecer, mas que não depende do nosso esforço. Depende de Deus.
(2) A Institucionalização do silêncio
A segunda parte do número 21 da Regra descreve a organização do silêncio. Se o silêncio é um valor tão importante, ele deve ter a sua expressão na vida do Carmelo. Na Regra, a organização ou institucionalização do silêncio é adaptada ao ritmo diferente do dia e da noite. A noite, ela por si mesma, é silenciosa. O silêncio da noite nos envolve e nos faz silenciar. Produz uma certa passividade. Acalma as pessoas. Acontece, independente de nós. O dia já é mais barulhento. Em vez de silêncio, produz distração. Agita as pessoas. Exige um esforço interior maior para fazer silêncio. Por isso, a Regra pede um tipo de silêncio mais estrito para a noite e um silêncio menos estrito para durante o dia. Insistindo para que o silêncio seja institucionalizado conforme o ritmo diferente do dia e da noite, a Regra, por assim dizer, cria canais concretos através dos quais o silêncio possa atingir as pessoas para gerar nelas a justiça, a esperança e a resistência (força) de que fala o profeta Isaías. Através da observância do ritmo do silêncio de dia e de noite, a pessoa vai assimilando dentro de si os valores do silêncio profético.
(3) A recomendação do silêncio
A terceira parte consta de dois momentos. Num primeiro momento, a Regra descreve como a pessoa deve fazer para cultivar o silêncio que gera a justiça. Este cultivo consiste sobretudo no controle da língua. Citando frases da Bíblia, Alberto aponta os perigos do muito falatório. Ele diz: No muito falar não faltará o pecado; e quem fala sem refletir sentirá um mal-estar, e ainda quem fala muito prejudica sua alma. E o Senhor no Evangelho: de toda palavra inútil que as pessoas disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo.
Em seguida, num segundo momento, citando novamente frases da Bíblia, a Regra passa a recomendar o cultivo do silêncio ou o controle da língua, como sendo o caminho para se chegar ao silêncio mais profundo que é o silêncio profético. A Regra diz: Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, com o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça. De um lado, o pecado, a morte. Do outro lado, a justiça, a vida. O muito falatório conduz ao pecado e à morte. O controle da língua conduz à justiça e à vida.
No fim, a Regra retoma a frase inicial sobre a justiça que é fruto do silêncio e diz: Cada um procure diligentemente observar o silêncio, pelo qual se cultiva a justiça. No começo e no fim, a insistência na prática do silêncio como caminho para a justiça. É o silêncio profético!
O silêncio profético na vida do profeta Elias
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
- Elias parecia forte e invencível no confronto com os profetas de Baal (1Rs 18,20-40). Mas diante da ameaça de Jezabel, ele aparece como é na realidade: fraco e vulnerável, "igual a nós" (Tg 5,17). Com medo de ser morto, foge do país, vai para o deserto (1Rs 19,1-3). Cego, sem enxergar, não percebe o anjo de Deus que lhe traz comida. Ele só quer comer, beber, dormir e ficar longe de tudo (1Rs 19,5). Está desanimado. Quer morrer: Não sou melhor que meus pais! Mas Deus não desiste. O anjo volta uma segunda vez (1Rs 19,7). Finalmente, Elias desperta e, alimentado por Deus, recupera sua força e, no silêncio do deserto, caminha quarenta dias e quarenta noites até o Horeb (Sinai), a Montanha de Deus (1Rs 19,8). Ele busca reencontrar Deus no mesmo deserto onde, séculos antes, na época do êxodo, havia nascido o povo.
- Mas a busca parece não estar bem orientada. Alguma coisa não está dando certo. Ele diz ter muito zelo, mas, na realidade, está fugindo com medo de morrer (1Rs 19,10.14). Diz que ficou sozinho, mas havia sete mil que não tinham dobrado o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). Elias tem a visão limitada. Ele acha que é o único a defender a causa de Deus! (1Rs 19,14) Deus o manda sair da gruta e ficar na entrada, pois "Deus vai passar" (1Rs 19,11). Elias sai da gruta, mas a gruta não sai dele. Ele continua com a mesma visão limitada, achando que é ele quem defende a Deus! (1Rs 19,14)
- Deus vai passar! A nova experiência de Deus desintegra o mundo de Elias. Primeiro, um furacão! Depois, um terremoto! Depois, um fogo! No passado, ao concluir a Aliança com o povo naquela mesma Montanha Horeb ou Sinai, Deus tinha se manifestado no furacão, no tremor da montanha e nos raios de fogo (Ex 19,16). Eram os sinais tradicionais da presença atuante de Deus no meio do povo. Eram estes os critérios que orientavam a Elias na sua busca de Deus. Ele mesmo tinha experimentado a presença de Deus no fogo quando, no Monte Carmelo, enfrentou os profetas de Baal (1Rs 18,36-38).
- Elias estava fazendo uma coisa certa. Ele buscava Deus voltando às origens do povo. Ele voltou à experiência de Deus no êxodo. Mas os critérios da sua busca estavam desatualizados. Ele vivia no passado. Encerrou Deus dentro dos critérios! Queria obrigar Deus a ser como ele, Elias, o imaginava e desejava. Por isso acontece o inesperado, a surpresa total: Deus não estava mais no furacão, nem no terremoto, nem mesmo no fogo que tinha sido sinal da presença de Deus, pouco antes, no Monte Carmelo! Parece até um refrão que volta três vezes: Javé não estava no furacão! Javé não estava no terremoto! Javé não estava no fogo!
- É a desintegração do mundo de Elias. A crise mais violenta e mais dolorosa que se possa imaginar! Cai tudo! Pois se Deus não está aqui nestes sinais de sempre, então Ele não está em canto nenhum! É o silêncio de todas as vozes! É a escuridão da noite! E é neste momento, que se abre para Elias um novo horizonte. É no silêncio de todas as vozes que a voz de Deus se manifesta a Elias.
- Este silêncio total, a língua hebraica expressa-o dizendo: “voz de calmaria suave”, (qôl demamáh daqqáh). As traduções costumam dizer: “Murmúrio de uma brisa suave” A palavra hebraica, demamáh, usada para indicar a calmaria, vem da raiz DMH que significa parar, ficar imóvel, emudecer. A brisa suave indica algo, uma experiência, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar. Esvazia a pessoa, para que Deus possa entrar e ocupar o lugar. Ou melhor, Deus entrando provoca o vazio e o silêncio. Silêncio sonoro, solidão povoada! Vacare Deo diziam os antigos carmelitas, isto é, esvaziar-se para Deus!
- Elias cobriu o rosto com o manto (1Rs 19,13). Sinal de que tinha experimentado a presença de Deus exatamente naquilo que parecia ser a ausência total de Deus! A escuridão se iluminou por dentro e a noite ficou mais clara que o dia. É a libertação de Elias. Reencontrando-se com Deus, ele se reencontra consigo mesmo. Não é ele, Elias, que defende a Deus, mas é Deus quem defende a Elias. Libertado por Deus, ele é livre para libertar os outros!
- A experiência de Deus reconstroi a pessoa e lhe revela a sua missão (1Rs 19,15-18). Refeito pelo encontro com Deus, Elias redescobre sua missão (1Rs 19,15-18) e se preocupa em dar-lhe continuidade, indicando Eliseu como sucessor (Rs 19,19-21). Antes, ele queria morrer. Já não via mais sentido no que fazia. Agora, a nova experiência de Deus mudou tudo. Ele volta para o lugar onde queriam matá-lo. Já não tem mais medo. Em vez de querer morrer, quer que sobreviva a sua missão. Sinal de que novamente crê no que faz e deve fazer.
A venerável Ordem Terceira em Portugal
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Pelo que sabemos, o primeiro núcleo da Ordem Terceira do Carmo surgiu em Lisboa, na Igreja de Santa Maria dos Carmelitas, em 28 de novembro de 1629, como sugere um letreiro na primitiva capela do convento. A expansão dos terceiros está intimamente ligada à entranhada devoção mariana do povo português, particularmente no que se refere ao Escapulário do Carmo.
O organizador da Ordem terceira lusitana foi frei Pedro de Melo (+1635), que publicou a primeira Regra dos Terceiros em língua portuguesa (1630), contido num devocionário destinado a eles, obra que, infelizmente, se perdeu. Provavelmente frei Pedro deixou se orientar pela Regra de Terceiros do Prior-geral da Ordem, Teodoro Straccio, oficialmente publicada somente em 1637. Interessante notar que uma das fontes do livro de Straccio foi precisamente um tratado composto por frei João Silveira (1592-1687), por ordem do provincial de Portugal. Diversas foram as Regras para Terceiros publicadas em anos posteriores. Destacamos a de frei José de Jesus Maria, no seu Tesouro Carmelitano, cuja primeira edição é de 1705. Teve grande influência em todo o território lusitano e suas colônias. Conserva os votos, mas no final da Regra, ao tratar das obrigações, não faz mais menção dos votos! Tudo que a Regra contém — diz frei José de Jesus Maria — são conselhos e diretrizes para facilitar o caminho da salvação. O texto de frei Miguel de Azevedo (+1811), editado em Lisboa, no ano de 1778, consagra uma outra concepção dos votos de Terceiros. São considerados simples propósitos que não implicam nenhuma obrigação moral. Influenciou fortemente a vida da Ordem terceira, tanto em Portugal quanto no Brasil.
Notamos, assim, uma significativa evolução da Ordem terceira do Carmo: de uma associação só para mulheres, com voto expresso de ‘castidade perfeita’, chega-se a uma associação com voto de castidade ‘segundo o próprio estado’. Por volta de 1600 vemos surgir o que será chamada depois de ‘Ordem Terceira Secular do Carmo’, isto é, uma associação de fiéis que vivem no mundo e que, sob a obediência da Ordem do Carmo e segundo o seu espírito, se esforçam por alcançar a perfeição cristã pela observância da Regra terceira. O fim principal, portanto, é ‘uma vida mais perfeita, segundo o ideal carmelitano’, ou seja, união íntima com Deus pelo espírito de oração e uma terna devoção à Virgem Puríssima do Carmo. Semelhante estilo de vida deve contribuir para promover, no próprio ambiente em que vive o terceiro, o bem da Igreja e a salvação das almas.
Foi a Ordem Terceira que, em Portugal, manteve viva a devoção de Nossa Senhora do Carmo e o culto ao Santo Condestável durante a supressão da Primeira Ordem em terras lusitanas.
*Frei Carlos Mesters, Carmelita: Biografia.
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Jacobus Gerardus Hubertus Mesters, 88 anos, nasceu na Holanda, no dia 20 de outubro de 1931. Foi este o nome que recebeu na pia batismal. Vinte anos mais tarde, ao receber o hábito da Ordem Carrnelita, já no Brasil, foi rebatizado de Carlos: Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Aos 17 anos, o jovem Jacobus Mesters escolheu o Brasil como campo de sua futura atividade missionária. No dia 6 de janeiro de 1949, festa dos Santos Reis, ele e seu amigo Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm, (In Memoriam) tomaram o navio rumo ao Brasil. Foram duas semanas entre o céu e o mar. No dia 20 de janeiro, o navio lançou âncoras no porto do Rio de Janeiro. Era a festa do padroeiro da cidade, São Sebastião.
Terminado o noviciado, fez a profissão religiosa no dia 22 de janeiro de 1952. Cursou a Filosofia em São Paulo e foi fazer a Teologia em Roma, no Colégio Internacional Santo Alberto, em 1954. Foi consagrado presbítero no dia 7 de julho de 1957 com mais dois estudantes carmelitas; Frei Dom Vital Wilderink, O. Carm, (In Memoriam) e Frei Paulo Gullarte, O. Carm
Formou-se em Teologia no Angelicum, Faculdade Teológica dos dominicanos, em 1958. Em ciências bíblicas, formou-se primeiro, no Institutum Biblicum dirigido pelos jesuítas em Roma e, depois, na Escola Bíblica de Jerusalém, dos dominicanos. Em 1962, voltou a Roma para defender tese junto à Pontifícia Comissão Bíblica. Em 1963, de volta ao Brasil, foi nomeado professor no Curso Teológico dos Carmelitas, em São Paulo.
Em 1967, foi convocado para dar aulas no Colégio Internacional Santo Alberto, em Roma.
É claro que este "brasileiro" não podia se conformar em ficar longe do Brasil. Em 1968, deu por encerrada sua colaboração em Roma e voltou, sendo transferido para Belo Horizonte (MG), onde o Convento do Carmo se destacava como um centro de irradiação, um lugar de acolhimento e um ponto de referência, naqueles tempos convulsos.
Foi chamado para lecionar no Instituto Central de Teologia e Filosofia da Universidade Católica, que vivia uma fase de grande efervescência. Aliás, todo o mundo estudantil, em Belo Horizonte, estava em febre alta. Frei Carlos e seus companheiros participavam ativamente dos movimentos de resistência ao regime militar que se exacerbava.
No começo dos anos 70, época da ditadura, foi respondendo a muitos pedidos de cursos de Bíblia tanto nas paróquias carmelitas como em outras dioceses, a exemplo de Volta Redonda/RJ, Crateús/CE, Santos/SP, Valença/RJ, Itaguaí/RJ Duque de Caxias/RJ Fortaleza/CE, Recife/PE, etc.
Em 1977 foi mestre de noviços em Angra dos Reis. Em 1982, junto com frei Antônio Muniz ajudou na criação do Noviciado comum em Camocim. A partir de 1987 junto com outros carmelitas, ajudou a criar o INTERCAB CARMEITANO. Ele também foi Conselheiro Geral da Ordem do Carmo.
A semente do CEBI- Centro de Estudos Ecumênicos Bíblicos- foi lançada a semente em Angra dos Reis e oficialmente instalado no dia 20 de Julho de 1979, festa do Profeta Elias. Deu muitos cursos para ajudar na implantação e crescimento do CEBI. No encontro da CNBB em Goiânia, com mais de 450 pessoas do Brasil inteiro, quando foi mencionado o CEBI, houve um aplauso espontâneo da Assembleia. Em 1979 foi semeada regionalmente no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul.
Em 1988 o Jornal Estadão publicou- com estardalhaço- um longo artigo feito de ataques contra Carlos Mesters e o CEBI, foi grande a repercussão. Repórteres de jornais e revistas iam ao CEBI ou telefonavam, à cata de informações e queriam marcar entrevistas com Frei Carlos. Na falta de notícia, publicavam especulações sobre supostos processos em andamento no Vaticano. Frei Carlos se esquivou da imprensa, mas preparou uma resposta contundente a todas as acusações para distribuir aos amigos e interessados. Fonte: http://mesters80anos.blogspot.com (Com atualização do Olhar Jornalístico neste dia 24 de julho-2018). www.olharjornalistico.com.br
NAS PRÓXIMAS SEMANAS...
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FAIXAS
1- Tempo do Carmelo
2- Ressurreição
(1 Coríntios 15)
3- A Saga do Profeta Elias
(1º Reis 17-22; 2º Reis 1, 1-2)
4- Agradecer
5- O Silêncio no Carmelo
6- A Cruz de Jesus
7- A Missão do Frei Petrônio
8- Santidade
9- Caracacá
10- Venha para o Carmelo
11- Uma prece
12- Levanta Elias
13- Eu vou votar
14- Monte Carmelo
15- Tempo do Carmelo
(Em espanhol)
16- Levanta Elias
(Em Inglês)
17-Consagração da Casa a Nossa Senhora do Carmo.
SANTO ELIAS: Missa no Rio-02
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SANTO ELIAS: Missa no Rio-01
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Imagens da Missa Solene no dia de Santo Elias- Pai e Guia do Carmelo- na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 20 de julho-2018.
A CAMINHADA DO PROFETA ELIAS
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A intervenção constante da Palavra de Deus obriga o profeta Elias a sair do lugar onde se encontra para o lugar onde Deus o quer: "Vai-te daqui!"(1R 17,2; cfr 1R 17,9; 18, 1.12.46; 19,7.11.15; 21,18; 2 R 1,3.15; 2,2.3.4.5.6.11). Elias deve caminhar. E invariavelmente a resposta é esta: "E Elias partiu e fez como Javé tinha mandado!"(1R 17,5; cfr 1R 17,10; 18,2.15; 19,8.13.19; 2R 1,4.15; 2,2.4.6). A Tradição Eliana da Ordem retomou esta ideia do caminho e começou a insistir no itinerário místico ou espiritual, realizado pelo profeta. Ela apresenta Elias como modelo do caminho que o carmelita deve percorrer para realizar o ideal do Evangelho tal como este está expresso na Regra.
Desde que se abriu à ação da Palavra, a vida de Elias é só movimento. Já não pode parar. Deve andar sempre. Sair de um lugar para outro:
* para a torrente de Karit(1 R 17,3),
* para Sarepta na Sidônia(1 R 17,9),
* para encontrar o rei Acab no Carmelo(1 R 18,1),
* para ir na frente do rei até Yisrael(1 R 18,46),
* para o Monte Horeb. (1 R 19,8),
* para continuar a missão e ungir Eliseu(1 R 19,15-16),
* para denunciar o rei na vinha de Nabot. (1 R 21,17-19),
* para Betel(2 R 2,2),
* para Jericó (2 R 2,4),
* para o Jordão(2 R 2,6).
Ele já não se pertence. Sua vida tornou-se uma despedida contínua. Um peregrinar constante em busca do que Deus queria dele. Elias viveu em estado permanente de êxodo! No fim, ele é arrebatado (2 R 2,11). Como tal, ele já era conhecido pelo povo: alguém totalmente disponível que, a cada momento, podia ser levado pelo Espírito para realizar a obra de Deus (1 R 18,12).
De um lado, a Palavra, que atinge Elias em todos os momentos da sua vida, tanto de clareza, de coragem e de decisão, como de confusão, de desânimo e de desencontro. De outro lado, o próprio Elias, que se abre, para que a Palavra tome conta dele e o leve por caminhos dos quais ele mesmo nem sempre conhece o trajeto nem percebe o alcance.
O caminhar de Elias não é só geográfico, mas atinge todos os níveis da vida: o nível pessoal e comunitário; o nível das instituições tanto econômicas e sociais, como políticas e religiosas; o nível da cultura e dos valores básicos da vida. A palavra que o chama e convoca inicia nele e através dele um processo de mudança e de transformação que abrange tudo e que continua até hoje.
A idéia do caminho, presente tanto na Bíblia como na Tradição Carmelitana, é capaz de inspirar nossa vida hoje. A situação de onde Elias devia partir era uma situação de crise, tanto econômica social e política, como ideológica, cultural e religiosa. Ora, foi exatamente neste momento de crise aguda que a Palavra de Deus se fêz presente na vida do povo, chamando Elias:
"Saia daqui, dirija-se para o oriente e esconda-se junto ao córrego Karit,
que fica a leste do Jordão. Você poderá beber água do córrego.
Eu ordenei aos corvos que levem comida para você"
(1 R 17,3-4).
É dificil reconstruir a cronologia exata da caminhada de Elias. Também não é tão importante para o nosso objetivo. As histórias de Elias não eram usadas como relatórios de viagens, mas sim como símbolo e paradigma do itinerário místico do carmelita. Sete pontos merecem atenção. Sete janelas, sete espelhos.
- Elias, o homem do deserto
A experiência do deserto marcou a caminhada de Elias. Ele enfrentou o deserto de Karit(1 R 17,5), o deserto de Beersheba(1 R 19, 4), o deserto de Horeb(1 R 19,8). Deserto, não só como lugar geográfico, mas também como experiência interior. Elias teve momentos de não saber, de estar perdido, de ter medo, de achar que tudo estava terminado, de querer fugir e morrer, de pensar só em comer e dormir.
O deserto interior manifestou-se sobretudo no fato de ele procurar a presença de Deus nos sinais tradicionais (terremoto, vento, fogo) e de descobrir que estes sinais já não revelavam mais nada a respeito de Deus. Eram lâmpadas que já não acendiam. Quem o procurasse por aí, já não o encontraria(1 R 19,11-12).
O deserto era também o lugar da origem do povo, da volta às fontes em época de crise, onde se recuperavam a memória e a identidade; o lugar para onde o povo escapou para a liberdade, onde morreram os restos da ideologia do faraó, e onde o povo se reorganizou; o lugar da longa caminhada, quarenta anos, onde morreu uma geração inteira; o lugar do murmúrio, da luta, da tentação e da queda; o lugar do namoro, do noivado, da experiência de Deus, da oração. O deserto fez Elias se reaproximar da origem do povo. Os 40 dias lembram os 40 anos.
No deserto Elias experimentou os seus próprios limites. Não chegou a perder a fé, mas já não sabia como usar a fé antiga para enfrentar a situação nova. Foi o momento de viver e sofrer a crise do próprio povo. Por isso mesmo, ao superar a sua crise pessoal e ao reencontrar a presença da Deus para si mesmo, ele estava redescobrindo o sentido de Deus para a vida do povo.
A experiência do deserto marcou para sempre a vida dos primeiros eremitas do Monte Carmelo. Saindo da Palestina, levaram o deserto consigo, dentro de si. Vivendo na Europa, reencontraram o deserto, não na vida regular dos grandes mosteiros independentes e autosuficientes, longe das cidades, mas sim na vida pobre dos Mendicantes.
- Elias, o homem da brisa leve
Atravessando o deserto de Beersheba, Elias entrou no deserto da montanha de Deus, o Horeb(1 R 19,8). Lá ele ouviu a pergunta: "Elias, que fazes aqui?" E ele respondeu, por duas vezes:
"O zelo por Javé dos exércitos me consome,
porque os israelitas abandonaram tua aliança,
derrubaram teus altares e mataram teus profetas.
Sobrei somente eu, e eles querem me matar também"
(1 R 19,10.14).
Existe uma contradição entre a resposta e a realidade vivida, entre o discurso e a prática de Elias. Conforme o discurso ele é o único que sobrou; mas havia sete mil(1 R 19,18). Conforme o discurso ele está cheio de zelo; mas a prática mostra um homem medroso que foge(1 R 19, 3). Conforme o discurso ele sabe analisar o fracasso da nação; mas na prática não sabe analisar o seu próprio fracasso. Elias não se dá conta de que a situação de derrota e de morte em que se encontra é o lugar onde Deus o atinge, pois não percebe a presença do anjo que o orienta. Ele só pensa em comer e dormir(1 R 19,6)
O olhar de Elias está perturbado por algum defeito que o impede de perceber a realidade tal como ela é: ele se considera dono da luta contra Baal (e não é); acha que sem ele tudo estará perdido (e não estará); pensa que Deus sai perdendo caso ele, Elias, for derrotado (e Deus não sai perdendo). Qual o defeito nos olhos de Elias? Qual o defeito em nossos olhos hoje? A resposta está na história da Brisa Leve.
A expressão "Brisa Leva" traduz o hebraico: “qôl demamáh daqqáh”. Literalmente: “voz de calmaria suave”. A palavra hebraica, demamáh, usada para indicar a calmaria vem de uma raiz, DMH, que significa parar, ficar imóvel, emudecer. A brisa leve indica algo, um fato, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar; provoca nela uma expectativa.
A "Brisa Leve" não deve ser entendida no sentido romântico de uma brisa suave no fim da tarde, mas sim no sentido de algo que, de repen- te, fez desintegrar tudo que Elias pensava e vivia até àquele momento. Ela indica o impacto de algum fato que o obrigou a uma mudança radical e o levou a uma visão totalmente nova das coisas. É como diz a poesia:
"Diante da vida do povo sofrido, a gente não fala, só sabe calar.
Esquece as idéias do povo sabido, e fica humilde, começa a pensar".
Qual foi a "brisa leve" que provocou tudo isto na vida de Elias? O texto não o diz expressamente, mas sugere que foi a descoberta dolorosa de que Javé, o Deus de Israel, já não estava nem no vento, nem no terremoto, nem no raio! (Os sinais tradicionais da manifestação de Deus). Deus já não era como ele, Elias, o imaginava. Elias descobriu que, apesar de toda a sua fidelidade e luta pela causa de Javé, ele estava lutando por algo que já não era a causa de Javé!
Deus se fez presente na ausência! A luz apareceu na escuridão! A voz de calmaria suave era o silêncio de todas as vozes! Elias descobriu que ele estava errado. E descobrindo que estava errado, descobriu coisa certa! A "Brisa Leve" é a noite escura da experiência mística; é o sair de si para se encontrar. Ela derrubou tudo e abriu o espaço para uma nova experiência de Deus que, aos poucos, foi penetrando na vida de Elias e o levou a redescobrir sua missão na reconstrução da Aliança.
*FOCAL- IV. MIRAFLORES- LIMA PERU (1 a 15 de agosto de 1998)
*Elias, o homem do conflito.
- Detalhes
No momento de aceitar a Palavra de Deus, Elias deixa o conflito entrar em sua vida. O conflito nasce de dupla fonte: da situação geral de infidelidade à Palavra de Deus e da vontade de Elias de ser fiel a esta Palavra que o chama a sair da situação.
São muitos e variados os conflitos que envolvem a vida de Elias. Eis alguns deles:
- Conflito com o rei, anunciando a seca. (1 R 17,1)
- Conflito com a situação, rompendo com ela e saindo para o Karit e para Sarepta. (1 R 17,2.9).
- Conflito com a viúva, pedindo que partilhe o pão. (1 R 17,10s) e pela morte do filho. (1 R 17,18).
- Conflito com Abdias, o empregado do rei, enviando-o para junto do rei. (1 R 18,9-14).
- Conflito com o rei e a rainha, enfrentando o seu sistema no Monte Carmelo. (1 R 18,16-19) e na vinha de Nabot (1 R 21,17-19), e matando os profetas de Baal (1 R 18,40).
- Conflito com o povo, exigindo desafiando-o a escolher o Deus verdadeiro. (1 R 18,20-24)
- Conflito com os 450 profetas de Baal, desafiando-os para o julgamento. (1 R 18,25-29).
- Conflito consigo mesmo, pois não encontra Deus no vento, no fogo e no terremoto. (1R 19,11s).
- Conflito com Deus, queixando-se de estar perdido, sem saber como continuar a luta. (1 R 19,4).
- Conflito com os militares que o desafiam a descer da montanha a pedido do rei. (2 R 1,9.11).
- Conflito com Eliseu ao chamá-lo (1R 18,19s) e não permitir que caminhe com ele (2R 2, 2.4.6).
Elias vive em confito permanente, provoca conflitos e envolve outros no conflito. Todos estes conflitos são expressão e manifestação do grande conflito básico: caminhar do lugar onde está para o lugar onde Deus o quer.
*FOCAL- IV. MIRAFLORES- LIMA PERU ( 1 a 15 de agosto de 1998)
*CARMELITAS: A forma eliana da experiência contemplativa
- Detalhes
Frei Egídio Palumbo O. Carm
- O deserto como Caminho Pascoal. O Livro I da "Institutio" relê a experiência de Elias no deserto como Caminho Pascoal rumo ao amadurecimento do homem novo segundo o Espírito. O deserto, na realidade, é o lugar (ou situação), onde o Profeta vem deslocado do seu "Eu" enrolado dentro de si mesmo (= "viver segundo a carne"), para concentrar-se em Deus, conformar-se totalmente com a sua Palavra (=viver segundo o Espírito). Este descentralizar-se do seu "Eu" conduz o Profeta à experiência do Deus-Amor: "No deserto o coração de Elias abrasava-se de amor ardente; na meditação inflamava-se no fogo do Divino Amor(...)". E permanecendo no amor de Deus, o Profeta é alimentado pela Divina Sabedoria, pela sua Palavra; entrega assim "o próprio sustento nas mãos de Deus", visto que procura "em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça" (cf. Mt 6,33).
- A vida como doxologia: no Capítulo III afirma-se que Elias construiu no Carmelo uma "casa de oração", onde três vezes ao dia se reunia com os seus discípulos para rezar por meio dos salmos. No Capítulo V do Livro VI se diz que os monges do Carmelo eram chamados "profetas" porque salmodiavam: cantavam em louvor de Deus salmos e hinos, acompanhados por instrumentos musicais. Com o advento da Nova Lei, com a chegada de Cristo este rito de louvar a Deus com instrumentos musicais foi interiorizado, conforme as palavras de Ef 5,18-19.
Não nos encontramos diante de uma declaração histórica, mas teológico-espiritual: viver como profetas significa fazer vibrar as cordas do Espírito através do nosso estilo de vida; significa fazer da nossa existência um perfeito louvor ao nosso Deus, um culto existencial (Rm 12,1).
- Os olhos do místico: nos cc.1-4 do Livro VI se relê simbolicamente a página da Bíblia de 1Rs 18,41-44. Foi escrito que no Monte Carmelo - enquanto estava Elias prostrado em oração - Deus lhe tinha revelado o mistério da Encarnação do Verbo no seio da Virgem Maria (figurada pela "nuvenzinha" que sobe do "mar", símbolo da humanidade pecadora).
A modalidade desta revelação vem descrita através da simbólica do olhar e da simbólica da história. Assim: o profeta envia o seu discípulo (que representa a comunidade dos "discípulos de Elias") para olhar por sete vezes(= sete eras da história da salvação) em direção do mar (=humanidade pecadora): é o mesmo que dizer que a comunidade do Profeta Elias perscruta na história da humanidade o sinal da Encarnação do Verbo; tudo isto acontece num contexto de oração, de adoração. Elias está prostrado.
Usando de uma linguagem diferente da nossa, o autor da "Institutio" quer comunicar-nos um aspecto profético da experiência mística: olhar para a história com o olhar de Deus para descobrir aí dentro as "sementes do Verbo". Isto é possível se os nossos olhos forem iluminados pela luz da Palavra de Deus.
*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma, Espiritualidade e Missão - apontamentos. - Fraternitá Carmelitana- Pozzo di Gotto - 1993. Tradução, Frei Pedro Caxito O.Carm. In Memoriam ( *31/12/1926 +02/09/ 2009 ).
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