ESCAPULÁRIO: SINAL DE PRIVILÉGIO EXPRESSÃO DO AMOR DE DEUS (1247-1300)
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
São Simão Stock, Superior Geral da Ordem
Os problemas da vida não se resolvem por decreto. As dificuldades continuavam sem solução. Em 1251 Simão Stock, um carmelita da Inglaterra, era o Superior Geral da Ordem. Ele era a favor da nova forma de vida religiosa como mendicantes. Queria que a Ordem estivesse a serviço do povo nas cidades da Europa. Mas não foi fácil para ele manter todos os frades neste novo rumo. Um grande grupo continuava achando que se devia voltar a viver na solidão. Tanto assim, que uns vinte anos depois, no Capítulo Geral de 1272, foi eleito como Superior Geral frei Nicola, chamado o Gálico (francês), que queria que a Ordem seguisse o rumo dos eremitas na solidão. Mas Nicola não teve a aprovação do conjunto dos frades. Ele mesmo não aguentou e renunciou ao mandato. Voltou para o eremitério na ilha de Chipre, onde expressou seu desgosto numa carta chamada "Ignea Sagitta", Flecha de Fogo.
Tudo isto mostra que as dificuldades, tanto internas como externas, eram grandes. Pois até hoje, não é fácil manter o equilíbrio entre ação e contemplação, entre vida de oração no mosteiro e ação pastoral nas cidades, entre vida contemplativa e vida ativa. Simão Stock, para poder enfrentar as dificuldades e resolver os problemas, recorria a Nossa Senhora e insistia em dizer aos confrades: "Temos a veste de Nossa Senhora, somos os seus irmãos, ela é nossa mãe e irmã. Ela nos vai ajudar".
A ele se atribui esta oração tão bonita que rezamos até hoje:
Flor do Carmelo,
Videira florida,
Esplendor do céu,
Virgem Mãe,
Singular,
Doce Mãe,
Mas sempre virgem,
Aos Carmelitas dá os teus favores
Ó Estrela do Mar.
Flos Carmeli
Vitis florigera
Splendor coeli
Virgo puerpera
Singularis
Mater Mitis
Sed viri nescia
Carmelitis da privilegia
Stella Maris
A entrega do Escapulário e a grande promessa
Conta a história que Simão Stock teve uma visão, em que Nossa Senhora lhe apareceu, entregou a ela o escapulário e lhe disse: "Recebe, diletíssimo filho, este escapulário da tua Ordem, sinal de minha fraternidade, como privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem morrer com ele revestido não padecerá do fogo do inferno".
Isto aconteceu no ano de 1251. A partir da divulgação desta visão de Nossa Senhora no meio dos frades, o Escapulário tornou-se para eles uma fonte de animação para poder enfrentar todas aquelas dificuldades na segunda metade do século XIII (1250 a 1300). E de fato, estimulados pela fé na proteção de Nossa Senhora, eles não desanimaram. Muito pelo contrário! Conforme os cálculos feitos pelo historiador frei Emanuel Boaga, lá pelo anos de 1300, já havia mais de 150 comunidades Carmelitas espalhadas pelos vários países da Europa. Sinal evidente da proteção de Nossa Senhora. Sinal igualmente de que aqueles primeiros Carmelitas souberam viver e irradiar o carisma do Carmelo e apresentá-lo como ideal atraente para a juventude da época.
Foi a partir da divulgação da visão de Nossa Senhora a Simão Stock, que, aos poucos, o Escapulário começou a destacar-se como um pano distinto, diferente da grande capa branca, para tornar-se o sinal específico dos favores de Nossa Senhora e do amor de Deus para com os Carmelitas.
O Escapulário começou a ter a forma de dois grandes panos de cor marrom, a serem carregados em cima da túnica, ligados entre si, um na frente e outro atrás nas costas. Até hoje, este Escapulário de dois panos de cor marrom faz parte do hábito oficial tanto dos frades como das monjas e das irmãs das Ordens Primeira, Segunda e Terceira e das várias Congregações carmelitanas.
Aos poucos, ao longo dos anos, para facilitar o seu uso para os leigos, o escapulário começou a ter a forma de dois panos pequenos, ligados entre por meio de duas fitas ou cordas; um com a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e o outro com a imagem do Sagrado Coração de Jesus.
Em tempos mais recentes, o escapulário assumiu a forma de uma pequena medalha com a imagem de Nossa Senhora do Carmo de um lado e, do outro lado, a imagem do Sagrado Coração de Jesus.
O assim chamado "Privilégio Sabatino"
Uma tradição antiga dos Carmelitas informa que em 1322, o Papa João XXII teve uma visão em que Nossa Senhora lhe apareceu mostrando o escapulário do Carmo e dizendo:
Quem morrer revestido com este escapulário será libertado das penas do purgatório no sábado após a sua morte. Esta promessa de Nossa Senhora ao Papa João XXII foi chamada de Privilégio Sabatino. Ao longo dos séculos, ela contribuiu muito para a divulgação da devoção ao Escapulário do Carmo e teve uma repercussão enorme na devoção popular através das pinturas e obras de arte de muitas formas e cores.
Na realidade, não se trata de nenhum privilégio. Trata-se simplesmente da fé comum e universal da igreja, a saber: quem vive a sua vida com coerência e confiança não precisa ter medo da morte nem do purgatório. Ele vai direto para o céu e será acolhido por Deus no seu amor.
Os primeiros Carmelitas do século XIII viveram esta convicção. Quando vestiam o escapulário, tinham a certeza: Este manto de Maria, a Mãe de Jesus, é um sinal de que Deus nos protege e nos acolhe no seu amor. Ele não nos deixará na morte, mas nos levará consigo junto dele na vida para sempre. Aliás, na outra vida não existe calendário nem tempo. Na eternidade não existe sequência nem de dias nem de noites. Lá não se calcula o tempo em semanas, meses e anos. Para Deus, um dia é como mil nos e vice-versa (cf. Sl 90,4).
Como o anel no dedo da noiva e do noivo, assim o Escapulário é um sinal. O anel nas mãos dos noivos é o sinal da fé e do amor entre os dois. Mas o anel não garante automaticamente nem o amor e nem a fé. Ele funciona como lembrete permanente do amor e da fé entre os dois e deles pede uma resposta coerente de mútua confiança e amor. O mesmo vale para o escapulário. O simples fato de carregar o escapulário no pescoço não garante automaticamente o céu nem a libertação do purgatório. O Escapulário, este manto de Maria, funciona como lembrete do compromisso que assumimos de viver este amor numa atitude doação a Deus e ao próximo.
As cartas de Santa Teresa para seu amor secreto no século XVI
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Guarda Civil espanhola encontra parte de uma correspondência manuscrita da freira com frei Jerónimo Gracián durante uma operação para recuperar obras de arte
Duas cartas manuscritas de Santa Teresa de Jesus recuperadas pela Guarda Civil juntamente com outras 17 obras de arte.
INÉS MORENCIA EFE
Santa Teresa de Jesus teve outro amor, além de Deus. Um amor mais carnal e menos confessável: Jerónimo Gracián. Ela dirige a Gracián uma de suas duas cartas manuscritas inéditas descobertas durante uma operação da Guarda Civil espanhola, juntamente com outras 17 obras de arte. Santa Teresa já estava com quase 60 anos, mas isso não impediu que se apaixonasse por aquele frade jovem disposto a acompanhá-la na renovação de uma Igreja corroída pela depravação existente naquela época (1578), com freiras corrompidas e frades bêbados envolvidos com prostitutas. A esfera eclesiástica estava mergulhada em duras disputas de poder entre os dois grupos de carmelitas, os calçados e os descalços.
“Para meu padre e mestre, frei Jerónimo Gracián da mãe de Deus, em suas mãos...”, começa a missiva. Teresa de Jesus, também conhecida como Teresa de Ávila, e Gracián tiveram de suportar as fofocas que seu relacionamento provocava em sua comunidade religiosa. Principalmente Gracián: ele acabou fugindo de seus próprios irmãos, os carmelitas descalços, que conseguiram expulsá-lo da Espanha. “Foi perseguido por seguir as ideias de uma mulher, foi capturado por corsários e acabou sendo acolhido por aqueles que tinham sido seus adversários: os carmelitas calçados”, comentou o jornalista e escritor Fernando Delgado, que escreveu um romance baseado na relação entre os dois, Sus Ojos en Mí (“seus olhos em mim”).
“Em muita graça nos caiu o que respondeu aos calçados sobre o trabalho que eles realizam em Medina e como convencem as freiras a obedecer ao provincial”, escreve Teresa em 19 de agosto de 1578 em Ávila. “Ali está como vigário Valdemoro, que não obteve votos para prior e o provincial o deixou como vigário para que remediasse aquela casa; e ele, desde aquele episódio bem conhecido, está muito mal com a prioresa Alberta. Andam dizendo que terão de servi-lo e muita coisa. As outras morrem de medo dele. Já as dobrou”.
São muitas as preocupações da santa nesse momento. Gracián está em Madri, bem alojado, mas meio escondido e sem ousar apresentar-se ante o núncio Filippo Sega. O frei Juan de la Cruz fugiu da prisão. Ela não sabe disso e continua angustiada pelo destino desse santo. O chefe de sua ordem religiosa, que mantém silêncio absoluto com ela, escreveu uma carta desanimadora para uma freira. Teresa de Ávila tem de tranquilizar as carmelitas de Medina, aterrorizadas pela chegada de Valdemoro, um dos carcereiros de Juan de la Cruz.
As duas cartas foram encontradas quando o Serviço de Proteção da Natureza (Seprona) da Guarda Civil em Valladolid, como parte de suas operações destinadas a proteger o patrimônio histórico e arqueológico, recuperou 19 obras de arte que estavam no mercado ilegal. Entre elas, cinco peças cujo paradeiro era considerado desconhecido pelo arcebispado de Valladolid.
Um antiquário e uma casa de leilões
O dono de um antiquário e o administrador de uma casa de leilões foram os principais investigados por supostos crimes de fraude, receptação e venda ilícita de sete obras de arte do patrimônio histórico.
A Operação Camarim começou em março, quando os agentes do Seprona descobriram que tinha sido vendida em um leilão em Madri uma pintura que poderia corresponder a uma pertencente às Carmelitas Descalças do Convento de São José de Medina de Rioseco (Valladolid), com as quais tanto se preocupava Santa Teresa. A pintura estava incluída tanto no catálogo “Clausuras —O Patrimônio dos Conventos da Província de Valladolid” como no “Catálogo Monumental da Província de Valladolid”—.
Os agentes solicitaram a colaboração do serviço de proteção da Direção Geral de Patrimônio Cultural, do Serviço Territorial de Cultura e Turismo da Junta de Castela e Leão em Valladolid, do Museu Provincial de Valladolid Fabio Nelli, do Governo Provincial de Valladolid e da Delegação Diocesana de Patrimônio do Arcebispado de Valladolid. Houve numerosos contatos, reuniões e trocas de informações com o objetivo de descobrir os supostos delitos penais ou as infrações administrativas e recuperar as peças.
Com isso, foi possível comprovar que a tela leiloada pertencia a uma coleção composta por um total de 174 peças, das quais 28 se encontravam em paradeiro desconhecido desde 2005. As investigações conduziram as autoridades até um antiquário de Valladolid, aonde chegaram por meio de uma casa de leilões de Madri que havia analisado e avaliado a obra. Na ficha do catálogo do leilão foi ocultada a procedência da pintura e alterada sua data de criação. A tela foi localizada e recuperada em Madri, onde foi entregue voluntariamente pelo comprador de boa fé.
Os agentes descobriram, ao inspecionar o estabelecimento, que a obra leiloada tinha sido ocultada com outro nome nos registros. Além disso, durante as inspeções, os investigadores apreenderam sete obras procedentes da coleção, assim como outras sete peças catalogadas.
A análise das informações obtidas permitiu também a localização de outras cinco peças da mesma coleção em edifícios institucionais de Salamanca, Toledo, Viana de Cega e Medina de Rioseco (Valladolid). Estas obras, cujo paradeiro também era considerado desconhecido, são de origem lícita.
Finalmente, outras quatro peças da coleção citada foram entregues voluntariamente pelas freiras do Mosteiro do Coração de Jesus e São José das Carmelitas Descalças. Na investigação também se descobriu que o antiquário tinha vendido ilegalmente outras sete obras da coleção a pessoas desconhecidas.
Do convento ao museu
Todos esses bens fazem parte do patrimônio histórico espanhol, assim como do patrimônio cultural de Castela e Leão, segundo a Lei 16/1985, de 25 de junho de 1985, do Patrimônio Histórico Espanhol e a Lei 12/2002, de 11 de julho de 2002, do Patrimônio Cultural de Castela e Leão.
As obras de arte recuperadas e as que foram cedidas voluntariamente pelas freiras carmelitas foram depositadas no Museu São Francisco de Medina de Rioseco. Esse museu abriga a maioria das obras da coleção da qual fazem parte, incluindo agora as duas cartas manuscritas, assinadas e inéditas de Santa Teresa de Jesus. Fonte: https://brasil.elpais.com
LADAINHA DE NOSSA SENHORA-02
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LADAINHA DE NOSSA SENHORA DO CARMO.
(Antes da Ladainha, cantar um canto a Nossa Senhora do Carmo enquanto o Padre incensa a imagem)
Senhor, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós
Cristo, ouvi-nos
Cristo, atendei-nos
Deus Pai do céu, tende piedade de nós
Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós
Mãe de Jesus Cristo, Rogai por nós.
Mãe da Igreja, Rogai por nós.
Mãe e Senhora do Carmelo, Rogai por nós.
Santa Maria do Monte Carmelo, Intercedei por nós
Modelo da família carmelitana, Rogai por nós.
Flor do Carmelo, Rogai por nós.
Estrela do Mar, Rogai por nós.
Nossa Senhora da Subida do Monte Carmelo, Intercedei por nós
Espelho da justiça, Rogai por nós.
Rainha dos Mártires Carmelitas, Rogai por nós.
Rainha de todos os Santos, Rogai por nós.
Rainha do Carmelo, Intercedei por nós
Rainha do Santo Escapulário, Rogai por nós.
Nossa Senhora do Carmo, nossa consolação na hora da morte, Rogai por nós
Nossa Senhora do Carmo, modelo dos missionários, Rogai por nós.
Nossa Senhora do Carmo, perfeito modelo da Boa Nova, Intercedei por nós
Por aqueles desempregados e abandonados, Rogai por nós.
Por aqueles no leito de dor, Rogai por nós
Pelo nosso Santo Padre, o Papa Francisco e seus pastores, Rogai por nós.
Pela nossa comunidade, Intercedei por nós
Pela família carmelitana e os devotos do Escapulário, Rogai por nós.
Pela paz e justiça social em nosso país, Rogai por nós.
Pela paz na cidade do Rio de Janeiro, Rogai por nós.
Pelo ano do Laicato Carmelitano, Intercedei por nós
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Padre: Rogai por nós, Flor e Esplendor do Carmelo.
Todos: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
OREMOS: Venha em nossa ajuda, Senhor, a intercessão da gloriosa e bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo. Concedei-nos, por sua intercessão, chegarmos à verdadeira montanha, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.
OLHAR DO DIA: EIS QUE SE REALIZA O DESEJO DE UMA VIDA. AGORA SOU O IRMÃO FRANCISCO...
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Tenho a alegria de partilhar com amigos do face que na noite de ontem por graça de Jesus e sua beatíssima Mãe Maria tornei-me irmão da Venerável Ordem Terceira da Senhora do Monte Carmelo na cidade de Carmo de Minas.
Agradeço ao Pe. Adriano, Pe. Mário Quirino Rabelo, Pe. Rogério (vigário de Carmo de Minas), ao Cônego Barone (delegado do bispo para este ato e vigário geral da diocese da Campanha) ao bispo D. Pedro Cruz que concedeu a licença por ser eu um Comendador Pontifício, à Sra. Priora e aos irmãos e irmãs da ordem. Ao Delegado Provincial Carmelita Frei Petrônio que tornaram possível esta felicidade em minha vida. Aos amigos Edson Edson, Sileia Pereira de Carvalho e ao seminarista Vinícios Fonsêca pela presença. Fonte: Facebook (https://www.facebook.com/comendador.franciscocarlos)
ESCAPULÁRIO: O que a Bíblia nos conta sobre o Manto de Elias, de Eliseu e de Maria.
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
As três estrelas no escudo do Carmo representam Elias, o profeta do zelo pela causa do Senhor; Eliseu, o herdeiro que irradia a experiência do Deus de Elias, e Maria, a mãe de Jesus, que ouve a Palavra e a coloca em prática. As três são o resumo da nossa identidade, do nosso carisma e da nossa missão. O escapulário é o manto de Elias. É o manto que Eliseu recebeu de Elias. É o manto da proteção que Maria, a Mãe de Jesus, nos oferece.
1-O manto de Elias
Deus mandou que Elias ungisse Eliseu como seu sucessor (1Rs 19,16). Elias foi e transmitiu a Eliseu o chamado de Deus. Ele o encontrou trabalhando com doze juntas de bois diante dele; ele próprio conduzia a décima segunda junta. Elias passou perto dele e lançou sobre ele seu manto (1Rs 19,19). Elias não disse nada, não explicou nada. Apenas colocou sobre ele o manto, o manto de Elias. A Bíblia de Jerusalém em nota ao pé da página diz: "O manto simboliza a personalidade e os direitos do seu dono".
Eliseu entendeu o gesto do manto, abandonou seus bois, correu atrás de Elias e disse: "Deixa-me abraçar meu pai e minha mãe, depois te seguirei". Elias respondeu: "Vai e volta logo" (1Rs 19,20).
Eliseu foi para a casa dos pais e fez uma festa de despedida: "Tomando a junta de bois, a imolou. Serviu-se da lenha do arado para cozinhar a carne e deu-a ao pessoal para comer. Depois levantou-se e seguiu Elias na qualidade de servo" (1Rs 19,21). Largou tudo que possuía e seguiu Elias como servo. De dono rico de muitos bens, ele se fez empregado pobre que abandonou tudo que tinha. O que chama a atenção é a coerência de Eliseu na resposta ao chamado.
2-O manto de Eliseu
Uma coisa que chama a atenção é a maneira intrigante como Eliseu acompanhou Elias na última caminhada antes de Elias ser arrebatado pelo carro de fogo. Por três vezes, Elias pede a Eliseu: "Fica aqui, pois Javé me enviou ir sozinho até Betel ... até Jericó ...até o Jordão"(2Rs 2,2.4.6). E por três vezes Eliseu responde: "Tão certo como Javé vive e tu vives, não te deixarei!" (2Rs 2,2,4,6). Por duas vezes, os irmãos profetas disseram a Eliseu: "Sabes que hoje Javé vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?" E por duas vezes, Eliseu responde: "Sei! Fiquem calados!" (2Rs 2,3.5). Eliseu não abandonou Elias e, como diz a história, "os dois partiram juntos" (2Rs 2.1.2.6) Sempre juntos, desde Guilgal, passando por Betel e Jeric até o rio Jordão! Elias insiste, Eliseu não desiste, os irmãos profetas observam de longe e confirmam a caminhada dos dois. Qual o significado desta cena?
Esta caminhada dos dois não era uma caminhada qualquer! Todos sabiam que em breve Elias seria levado embora (2Rs 2,3.5). Por isso, nada podia separar o discípulo do mestre. Eliseu, o discípulo; Elias, o mestre.
Chegando no rio Jordão, Elias pega o manto, bate nas águas, a água se divide e eles passam a pé enxuto (2Rs 2,8). Depois que passaram o rio, Elias diz a Eliseu: "Peça o que quiser antes que eu seja arrebatado da sua presença!" Eliseu pede: "Deixe-me como herança uma dupla porção do seu espírito" (2Rs 2,9). Naquele tempo, o filho mais velho recebia dos pais uma dupla porção da herança (cf. Dt 21,17). Era para não diminuir ou pulverizar a propriedade da família. A herança devia ser preservada integralmente para as gerações seguintes. Pelo pedido que fez a Elias, Eliseu mostrou ter plena consciência da sua missão como filho mais velho que deve preservar a herança do profeta Elias. Hoje, nós somos Eliseu, o filho mais velho. Nossa herança é o duplo espírito de Elias a ser preservada integralmente. Esta herança não pode ser diminuída nem pulverizada, mas deve continuar na íntegra e irradiar nos outros, através do nosso testemunho.
No momento de ser arrebatado, Elias deixou cair o manto. Eliseu pegou o manto de Elias, bateu com ele nas águas do rio Jordão e disse: "Onde está o Deus de Elias?" (2Rs 2,14). Na mesma hora, as águas se dividiram em duas partes, e Eliseu atravessou o rio a pé enxuto. Os irmãos profetas reconheceram o sinal de Deus e disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu (2Rs 2,15). Eliseu é o sucessor aceito e reconhecido por todos. O Espírito de Elias está simbolizado no manto (escapulário) que nós recebemos. Será que hoje o povo pode reconhecer que o espírito o profeta Elias repousa sobre nós!
3-O manto de Maria a mãe de Jesus
A Bíblia não fala do manto de Maria, mas nela aparecem sinais e símbolos que são usados na liturgia para explicar como o escapulário, o manto de Maria, é um sinal de proteção, de reconhecimento e de compromisso.
São três os principais símbolos que merecem sem lembrados aqui: (1) o manto da justiça, (2) a nuvenzinha que sobe do mar, (3) a figura da mulher em dores de parto que aparece no Apocalipse. Um símbolo não precisa de muita explicação. Ele fala por si e faz sentir a sua mensagem , quando contemplado em silêncio.
4-O manto da justiça
Na Missa Votiva de Nossa Senhora do Carmo, a liturgia aplica este texto do profeta Isaías a Nossa Senhora, onde se diz que Deus a revestiu com o manto da justiça. O Escapulário, o manto de Nossa Senhora que nos cobre e defende, é o manto da justiça. Enquanto for ler o texto de Isaías, pense no Escapulário, o manto de Maria, e tente intuir o que este texto nos insinua a respeito do Escapulário que nós carregamos. Eis o texto:
"Transbordo de alegria em Javé, e me regozijo com meu Deus, porque ele me vestiu com a salvação, cobriu-me com o manto da justiça, como o noivo que se enfeita com turbante, e a noiva que se adorna com joias. Assim como a terra faz brotar uma nova planta, e o jardim faz germinar suas sementes, assim também o Senhor Javé faz brotar a justiça e o louvor na presença de todas as nações" (Isaías 61,10-11).
5-A nuvenzinha que sobe do mar
Elias mandou o rapaz subir o Monte Carmelo para ver se havia algum sinal de chuva: "Suba e olhe para o lado do mar". O rapaz foi e voltou dizendo: "Não há nada!" (1Rs 18,43). Elias disse: Volte, até sete vezes (1Rs 18,43). Isto é: sempre! Não desistir nunca. Enquanto isso, Elias reza. O que chama a atenção é a atitude durante a reza: "Elias subiu ao topo do monte Carmelo e se encurvou até o chão, colocando o rosto entre os joelhos" (1Rs 18,42). É a atitude de total dependência do feto dentro da barriga da mãe durante os nove meses da gestação. Na sétima vez, o rapaz voltou dizendo: "Uma nuvenzinha, do tamanho da mão de uma pessoa, vem subindo do mar" (1Rs 18,44). Era o sinal da chuva. Num instante o céu ficou escuro, com nuvens trazidas pelo vento, e caiu uma chuva pesada (1Rs 18,45).
Nós Carmelitas sempre interpretamos este fato como uma prefiguração de Nossa Senhora e da proteção que o escapulário oferece. Maria nos trouxe Jesus que irrigou e fecundou nossa vida com a certeza da presença do amor de Deus em nossas vidas. A nuvenzinha evoca a nuvem da presença de Deus que acompanhava o povo pelo deserto durante quarenta anos: "Javé ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se retirou de diante do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo, durante a noite". (Ex 13,21-22)
6-A mulher revestida do sol
"Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher revestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu, então, outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres. Sobre as cabeças sete diademas. Com a cauda ele varria a terça parte das estrelas do céu, jogando-as sobre a terra. O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, pronto para lhe devorar o Filho, logo que ele nascesse. Nasceu o Filho da Mulher. Era menino homem. Nasceu para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e de seu trono. A Mulher fugiu para o deserto. Deus lhe tinha preparado aí um lugar onde fosse alimentada por mil, duzentos e sessenta dias" (Apocalipse 12,1-6).
A liturgia aplica este texto do Apocalipse a Nossa Senhora. A Mulher em dores de parto simboliza Maria, a mãe de Jesus, que faz nascer vida nova. Simboliza a humanidade, o povo de Deus e tudo aquilo que fazemos para melhorar a vida do povo.
O Dragão simboliza o poder do mal, a morte, os poderes que oprimem e sufocam a vida. Sua força é tão grande que com uma balançada do rabo derruba uma terça parte das estrelas. Ele está diante da Mulher para devorar o menino que vai nascer. Luta desigual! O que pode uma mulher em dores de parto, uma comunidade, um círculo bíblico, uma organização do bairro, contra o poder do dinheiro que hoje domina o mundo e ameaça desintegrar a vida no planeta?
Mas Deus tomou posição a favor da vida! Ele intervém defende a Mulher, defende o menino, defende a vida. Jesus nasce, vive, morre, ressuscita e sobe ao céu. A ressurreição de Jesus é o novo começo, a nova criação. Ela revela o poder com que Deus enfrenta e vence o Dragão e protege o seu povo. O Escapulário é sinal desta fé na vitória final e expressão do compromisso nosso em assumir a mesma luta em defesa da vida.
O ESCAPULÁRIO: SANTA TERESA DE JESUS[1]
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Afonso Maria de' Liguori,[2]
A devoção a Maria elevada por Deus à suprema dignidade de Mãe, Mestra e Medianeira do universo apareceu, ainda em vida dos Apóstolos, como pequeno rio junto ao cristianismo, e com o cristianismo alargou-se e espalhou-se pela terra inteira.
Ao coro unânime dos séculos a aclamarem Maria une-se o ardente amor dado a Mãe de Deus pelos Carmelitas; ou, antes até, a devoção do Carmelo é a primeira na ordem do tempo, e a mais antiga devoção mariana. Devoção que nos filhos do Carmelo se abrasou sempre mais quando nas suas dificuldades a Ela recorreram e nunca em vão.
Os Carmelitas têm em Maria uma Mãe, que em seu favor parece esgotar todos os recursos do seu amor maternal. Prova disto é o dom do Escapulário, precioso sinal da sua predileção e da nossa consagração ao seu serviço. Quem está revestido do Santo Escapulário descansa tranqüilo no colo de Maria e, abaixo de Deus, deposita em Maria a esperança da própria salvação. Uma devoção, que se arraigou profundamente no povo católico e na qual, como em límpida fonte, se dessedentaram os Santos mais excelsos.
Neste artigo citaremos Santa Teresa de Jesus.
Não faltaram no passado nem faltam em nossos dias escritores e hipercríticos adversários do Escapulário. "O argumento onde mais se refugiam e que alguns dos nossos adversários costumam aduzir é o silêncio dos antigos, especialmente de alguns Santos, que no alvitre deles deviam ter falado sobre a devoção ao Escapulário, e de Santa Teresa de Jesus, sobretudo, que como Reformadora do Carmelo e amante das suas glórias, segundo eles, parece que devesse estar obrigada a fazer o elogio do Escapulário ou, quando menos, escrever algumas linhas sobre este penhor de salvação, para recomendá-lo aos fiéis. Mas, no dizer deles, nada disso fez ela: e daí tiram a conclusão de que, no tempo dela, na Espanha, não se falava sobre o Escapulário"[3].
Em primeiro lugar é justo observar que Santa Teresa nos seus escritos, verdadeiras obras-primas de espiritualidade cristã, manifestou muitas vezes o palpitar do seu coração enamorado pela Rainha do Carmelo. Ilude-se, portanto, quem nas suas obras - seja nas maiores como "Caminho da Perfeição" ou "O Castelo Interior", seja nas menores - pretende encontrar amplos tratados ou louvores do Escapulário e das outras práticas da piedade cristã. Nem deve isto causar maravilha. Obrigada a escrever por determinação da obediência ou por urgentes motivos de utilidade, a Santa o faz a intervalos, visto ser impedida pelas circunstâncias e ocupações onde a mergulham as suas extraordinárias atividades, e ela, além disso, não espalha nos seus escritos todos os tesouros que enchiam o seu coração. A própria devoção à divina Mãe não é tratada ex professo por Santa Teresa: ninguém, contudo, ousaria duvidar da ternura do seu amor a Maria e da sua devoção ao Santo Escapulário.
Como dissemos, o Escapulário é o hábito dos Carmelitas, a libré que os consagra à filiação de Maria, o sinal da sua proteção. Santa Teresa não o ignora! Com insistência repete que a sua Ordem é a Ordem da Virgem, e nas graças que pede ao rei Filipe II e ao Geral João Batista Rossi para levar a feliz cumprimento os desígnios que alimenta no seu coração, manifesta a esperança de que os seus desejos se satisfaçam porque a Ordem pela qual se afadiga é a Ordem de Maria (carta 74-77), porque a Virgem Santíssima é a sua Mãe, Padroeira e gloriosa Senhora (carta 13).
É de se notar ainda que no tempo da Santa a devoção pelo Escapulário era na Espanha tão comum e popular que o Pe.José Falcone de Placência podia, em 1595, escrever: "Hoje em dia (a devoção ao Escapulário) floresce na Espanha, onde não há casa, onde não se leve o hábito do Carmo a fim de se gozar das infinitas Indulgências carmelitanas. Ambas as filhas do rei Filipe com todas as suas damas de honra trazem, na Espanha, o hábito de Nossa Senhora do Carmo amplo e comprido igual ao dos Padres da Ordem, que lhes foi dado pelas próprias mãos do Revmo. Geral João Batista Rossi. Não parece toda a Espanha, Portugal inclusive, um convento carmelita? Todos querem ser revestidos com estas armaduras como válida arma contra enfermidades corporais e espirituais. Em toda a Espanha há conventos carmelitas e inumeráveis companhias carmelitanas"[4].
Nem se pode acreditar que, ainda que não sentisse precisar de enaltecer a devoção do Escapulário porque já estava tão difundida e profundamente sentida pelos fiéis, Santa Teresa deixe de recordar nas obras saídas da sua pena ardorosa este penhor do amor, que nos tem Maria. Freqüentemente fala sobre o Escapulário, ora chamando-o com o nome de hábito ora com o próprio nome de escapulário. Na verdade o hábito de que se gloriava de trazer consigo como "indigna carmelita" assegura-lhe a proteção da Virgem no cumprimento dos compromissos a ela impostos pela obediência; e ao entregar-se a escrever o "Castelo Interior" e as "Fundações" põe a confiança na ajuda daquela de cujo hábito está revestida: "Visto que não me é possível não ser quem eu sou, não me resta senão apoiar-me na sua clemência e confiar nos merecimentos do seu Filho e da Virgem, sua Mãe, cujo hábito carrego indignamente" (Castelo Interior - cap.I). Começo em nome do Senhor, com a ajuda da sua gloriosa Mãe, cujo hábito, embora indigna, carrego" (Fundações - Prólogo). Para o Serafim de Ávila a devoção ao hábito da Santíssima Virgem é vida que se manifesta no agir para dar gosto a Deus e a Maria: "Praza a Deus que seja tudo para o seu louvor e sua honra e para o louvor e a honra da Gloriosa Virgem Maria, cujo hábito carregamos" (Autobiografia - cap. 36); é vida que se manifesta, além disto, no zelo pela perfeição: "Esforcemo-nos, filhinhas minhas, por imitar ao menos em alguma coisa a humildade da Santíssima Virgem, cujo hábito nós trazemos" (Caminho da Perfeição - cap.13); vida que se manifesta especialmente na esperança de uma santa morte: "Tanta paz e tranqüilidade eu vi também em outras religiosas depois daquela (...). Espero na bondade de Deus, pelos merecimentos do seu Filho e da Gloriosa sua Mãe, cujo hábito nós levamos, que esta graça seja concedida a nós também" (Fundações - cap.16).
Eis como Santa Teresa ama o seu hábito. Repete com insistência que o seu hábito é o hábito de Maria e faz entrever a sua devoção pelo dom preciosos do Escapulário, já no seu tempo objeto de veneração por parte dos fiéis. E escrevendo ao Pe. Graciano, pelos anos de 1585, ela lhe diz: "Muito me alegro com a sua carta, que esta noite me entregaram com os Escapulários (...). A duquesa voltou a escrever-me (...). Depois de amanhã partirão para Madri. Encaminharei os negócios de Vossa Reverendíssima. De edificação são os Escapulários, despertam devoção. Dom Francisco (sobrinho da Santa) mandou pedir um a sua irmã" (Carta 395; tomo 55 da Biblioteca de Autores Españoles p.311).
Portanto, bem podemos dizer que à vasta e fervorosa devoção ao Escapulário não podia o grande Serafim do Carmelo deixar de corresponder com acentos de amor e de veneração.
[1]. Ibid p.111-114
[2]. Il Monte Carmelo 1938 p. 42-45
[3]. P. Florenzo del Bambino Gesù OCD em Il Carmelo - Tradizione e storia Cremona 1930 p.311.
[4]. Pe. José Falcone Chronica Carmelitana Placência 1595 p.506-507
NOVENA 2018: 5º Dia.
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Imagens do Novenário de Nossa Senhora do Carmo na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro/RJ. CELEBRANTE: Frei Donizetti Barbosa, O. Carm. CÂMERA: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 11 de julho-2018.
NOVENA DO CARMO-2018: INVOCAÇÃO ELIANA-MARIANA
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INVOCAÇÃO ELIANA-MARIANA
(Após o canto de Ação de Graças)
Todos: Senhora do Carmo vinde em meu favor, o inimigo afastai com o seu valor. Rogai a Deus por nós, Mãe dos Carmelitas, sinta o vosso amparo quem por nós suplica. Minha oração atendei Senhor, canto com Maria a vós meu louvor.
Padre: Falou Elias para o seu servo:
Todos: “Sobe a montanha, olha para o mar!...”.
Padre: Ave Maria... Todos: Santa Maria...
Padre: Cobriu-se o céu de densas nuvens...
Todos: Foi muita chuva a desabar
Padre: Ave Maria... Todos: Santa Maria...
Padre: E a terra deu o mais novo fruto:
Todos: Nasce de uma Virgem, Aquele que vem salvar!
Padre: Ave Maria... Todos: Santa Maria...
Padre: Rogai por nós Virgem Bendita!
Todos: Ó Padroeira dos Carmelitas!
TODOS: Aceitai Senhora, esta devoção, em sinal de amor, e filiação. Valha-nos, Senhora, sempre e firme e forte, vosso patrocínio, na vida e na morte. A Virgem do Carmo sempre celebre! A Virgem do Carmo, sempre celebremos!
O SANTO ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO: UM ESTILO DE VIDA.
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Frei Henrique Esteve, 0. Carm.
1- MEIO DE VIDA INTERIOR E SINAL DE CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
Há sete séculos, quando a Ordem Carmelitana atravessava um perigo muito grave, apareceu a Virgem Santíssima ao Geral, São Simão Stock e lhe entregou o S. Escapulário, dizendo: “Este será para ti e todos os Carmelitas o privilégio; quem morrer vestido com ele não sofrerá o fogo eterno”.
Tal foi a origem da devoção do Escapulário, que mais tarde se desenvolveu com o “Privilégio Sabatino”, tornando-se, a par da devoção do S. Rosário, uma forma universal da devoção mariana.
Para ser aceita e universalmente compreendida, a devoção não podia deixar de ter o seu fundamento próprio. De acordo com o pensamento do “Motu Proprio Sacrorum Antistitum” de Pio X (1910) sobre a origem histórica das devoções privadas, como p. e. o Sagrado Coração de Jesus, todas elas conservam o seu valor relativo, dependente dos diversos elementos que podem ser considerados sob a luz de uma crítica, que exclua qualquer dúvida prudente. Mas quanto a seu aspecto doutrinal tem valor mais absoluto em virtude da sua conexão com a prática da religião, enquanto se podem resguardar a fé e os costumes: coisas essas que estão confiadas pela Vontade divina ao Magistério da Igreja.
Ocorrendo o 7º Centenário da entrega do S. Escapulário, é oportuno evidenciar o seu valor interno afim de que os fiéis possam melhor conhecer o seu alcance e com maior fruto aproveitar das graças anexas a esta devoção e conseguir assim a ajuda eficaz na obra da própria salvação e um motivo seguro para agradecer e glorificar a sua celeste doadora.
2 – ESTRUTURA DA DEVOÇÃO DO S. ESCAPULÁRIO
Antes de qualquer outro assunto, tratemos da estrutura em que repousa a devoção do S. Escapulário. Tem ela um objeto material. É aquilo que cai diretamente sob os nossos sentidos, i. é. o Escapulário, que deve se usado constantemente até à morte, como parte principal do hábito carmelitano. Na sua forma reduzida (o bentinho) para o uso cômodo dos fiéis, vem este constituir uma agregação à Ordem mediante a imposição litúrgica que dele se faz.
Esta parcela do hábito carmelitano (digno de todo o respeito por ser o hábito da Ordem por excelência) considerada em si mesma, como simples pedacinho de lã bem pouca coisa significa. No entretanto, pela devoção que ele rememora, o seu significado é bem mais profundo, por isso que constitui a sua verdadeira natureza: por parte do homem que o veste, é uma perfeita consagração a Maria Santíssima de modo permanente, total e filial; por parte da Mãe de Deus indica proteção que se concretiza nas duas grandes promessas feitas por Nossa Senhora a quem usasse devotamente o S. Escapulário: a perseverança final e a liberação do Purgatório, especialmente no primeiro Sábado depois da morte.
Podemos, portanto afirmar, que o Escapulário é o hábito de uma Ordem eminentemente mariana e que evoca de um modo concreto pelas promessas que encerra, as prerrogativas da verdadeira devoção a Nossa Senhora.
Universalmente reconhecido como símbolo e meio de consagração, é o Escapulário do Carmo um sinal de aliança pelo qual Maria Santíssima, unindo-nos a Si, nos tem como filhos e irmãos, assegurando-nos a Sua maternal proteção em troca da nossa fidelidade ao Seu amor de predileção.
3 – ORIGEM CANÔNICA DA DEVOÇÃO
Após estas explicações gerais, apliquemo-nos a estudar algumas questões de ordem particular. Na origem canônica do Escapulário, na sua forma reduzida para o fácil uso dos fiéis, encontramos o próprio hábito da Ordem, do qual o Escapulário é parte principal e um como distintivo. Daqui se conclui, que o primeiro efeito da devoção e o fundamento dos seu privilégios consiste numa incorporação ou agregação à Ordem; incorporação essa que pode admitir vários graus mais ou menos íntimos, para usufruir os seus valores e bens espirituais.
Esta doutrina, aliás tem muita afinidade com o Corpo Místico de Cristo na sua Igreja. As Ordens religiosas nesse Corpo Místico representam vivamente o espírito de santidade expresso nos três conselhos evangélicos, pobreza, castidade e obediência, que encarna o ideal da perfeição pela profissão religiosa. Por isso, os que emitem os votos religiosos exercem a sua influência nos membros da Igreja com o holocausto da vida, plenificando segundo a doutrina de São Paulo, aquilo que faltava à Paixão de Cristo. Finalmente, a união da caridade e da graça, que participamos como fruto da Comunhão dos Santos especialmente quando estamos em graça, participamo-la muito mais largamente entre os religiosos e os fiéis.
Esta mística concepção encontramo-la também na devoção do Escapulário e a teremos certamente na mais alta consideração, quando teológicamente esclarecemos o seu verdadeiro e pleno sentido. O que melhor se compreenderá, quando compreendermos o Escapulário no seu verdadeiro espírito, i. é. no ideal da vida religiosa do Carmelo, da qual ele é a mais viva e palpitante expressão.
4 – VALOR RELIGIOSO: ESPIRITUALIDADE EM GERAL
O valor religioso do Escapulário deriva da sua íntima conexão com a vida da Ordem: a sua espiritualidade é idêntica à da Ordem, da qual ele é expressiva insígnia. Tenhamos, portanto, presente o seu significado ou simbolismo para bem o compreendermos.
Quanto ao seu valor, como tantos outros ritos da Igreja, depende da matéria, mas não está na matéria, por ser ele de ordem eminentemente espiritual; para bem compreendê-lo, devemos colocá-lo (de maneira secundária e subordinada naturalmente) dentro do plano da economia da Redenção. Assim como esta depende do mistério da Encarnação, pelo qual a Igreja incorporada em Cristo e continuadora da Sua obra redentora tornou-se um SACRAMENTO de salvação, assim também o Escapulário se tornou na Igreja dependente dela um sinal de salvação.
O hábito religioso de fato em última análise não significa outra coisa do que o voto de um cristão que, se consagrando a Deus, se despojou do velho homem e se revestiu do novo, criado à semelhança de Deus. Desta maneira como que renovando o batismo, vem participar daquele caráter sacramental, para que seja apreciado em toda a sua plenitude: o que aliás não implica senão no desejo de conservar a Redenção como veste de inocência, de imortalidade e de glória, veste essa despojada por causa do pecado.
Neste sentido o Escapulário significa, - mais ainda, estabelece – um estado religioso, e pelo mistério da Igreja traz uma certa dignidade, pela qual todas as ações chegam a possuir um novo valor moral.
5 – ÍNDOLE MARIANA E IMPORTÂNCIA PRÁTICA
Além deste valor religioso em geral, o Escapulário possui uma índole particularmente mariana, que o destaca entre todos os outros hábitos e o seu ideal consiste nesse valor. Estes dois motivos, valor religioso e mariano, não se excluem, mas antes se completam íntima e mutuamente. Realmente, a devoção mariana completa a devoção religiosa cristã, do mesmo modo como a Virgem Santíssima associada a Cristo completou a sua obra salvadora.
A índole mariana do Escapulário provém da índole mariana da Ordem. O CARMELO É DE FATO TODO MARIANO. Trazendo ele na sua origem o espírito do Patriarca e Profeta Elias, espírito que é a contemplação divina através da pureza do coração até o perfeito amor de Deus e do próximo, foi ele fundado entre as demais Ordens que se desenvolve na Igreja, para ter a sua própria razão de existir na glorificação e no culto do amor de Deus. Razão esta porque desde a mais remota antigüidade é conhecida como a ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO, e nisto repousa toda a glória, toda a confiança da Ordem.
Tal como a Ordem, é o habito carmelitano todo mariano. Por sua própria natureza o Escapulário se tornou o símbolo e meio de devoção a Nossa Senhora. E dizendo DEVOÇÃO, não nos referimos a UMA DEVOÇÃO QUALQUER, mas queremos entender aquela verdadeira e perfeita devoção devida a Maria, a mais possivelmente unida à que se deve a Deus. Da mesma maneira que a vida da Ordem é toda consagrada ao serviço de Nossa Senhora, aquele que por imposição do hábito se associou à Ordem deve ter a intenção de consagrar-se totalmente a Maria e por intermédio d’Ela a Deus.
E na verdade, é tão íntima a conexão que existe entre os caráteres da devoção mariana e a do Escapulário, que este logicamente se apresenta como um símbolo típico daquela. Por ser Maria Santíssima Mãe de Deus e nossa Mãe espiritual associada ao Redentor, a Igreja lhe dedica um culto especial, culto que está entre o que devemos aos Santos e o que devemos a Deus. É o culto de HIPERDULIA. Na prática, este culto é expresso pela consagração, que é a oferta permanente, total íntima e filial de nós mesmos a Maria.
Nenhum objeto de piedade simboliza tão perfeitamente esta propriedade da verdadeira devoção mariana como o Santo Escapulário, que é a veste de Maria. Realmente, uma veste sagrada, que toca intimamente a pessoa, designa de maneira muito mais perfeita aquele caráter íntimo da consagração mariana, do que p. e. uma imagem, um distintivo uma medalha ou uma libré, que tocam a pessoa de modo menos íntimo.
Mas o Escapulário, em virtude ainda de sua história que o interpretou desde a antigüidade como meio universal da íntima devoção mariana, constitui ainda um admirável instrumento de particular proteção da parte da Santíssima Virgem por esta razão o distintivo, que nos recorda a nossa consagração a Maria.
Daí se evidencia a sua importância: a consagração, de fato, não consta somente de uma fórmula, mas consiste naquela convicção íntima de pertencer permanentemente a Maria Santíssima e de depender totalmente d’Ela. Isto se simboliza de uma maneira perfeita pelo S. Escapulário que, continuamente usado sobre a própria pessoa, é figura do jugo suave e leve de Cristo, é como um escuto em todos os perigos e sobretudo na hora da morte. O Escapulário, de fato, nos recorda continuamente Maria, alimenta a convicção íntima de sermos propriedade d’Ela, lembrando-nos a aliança contraída com Ela pela qual nos sentimos sob a Sua proteção.
6 – O ESCAPULÁRIO E O VALOR DA DEVOÇÃO MARIANA
O Escapulário fomenta tanto mais esta consagração mariana, porquanto mostra a todos du’a maneira concreta e patente, por meio de grandes promessas de Maria Santíssima, o valor imanente da Sua devoção. Com efeito, estas promessas, falando doutrinariamente, não são outra coisa senão a aplicação prática do famoso princípio: NENHUM DEVOTO DE MARIA SE PERDERÁ ETERNAMENTE, ou daquele outro princípio: A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA É SINAL DE PREDESTINAÇÃO.
Certamente por mostrar de modo concreto este valor, é que o S. Escapulário excita a máxima confiança na Santíssima Virgem, de quem é próprio velar com solicitude especial pelos Seus devotos. Ela é tão poderosa, que todo aqueles que estão sob o Seu patrocínio, podem ter esperança firmíssima e ilimitada de obter a salvação eterna.
É verdade, que a esperança teológica não exclui o temor resultante da fragilidade humana. No entanto, este temor é abundantemente recompensado pela consideração do motivo sobrenatural da salvação que é, em nosso caso o poder, a misericórdia e a fidelidade da Bem-aventurada Virgem.
Daí a devoção do S. Escapulário supõe aquela singularíssima dignidade de Maria, pela qual Ela é colocada acima de todas as coisas criadas, tendo-as todas debaixo de Si, na atual ordem de salvação. Considerando devidamente esta Sua dignidade de Mãe de Deus, não é de se admirar, que à devoção do Escapulário por Ela entregue estejam anexas tão grandes e divina promessas, já que as mesmas logicamente promanam desta devoção. O contrário seria antes de se estranhar, pois pelo Escapulário de fato nos unimos tão intimamente a Nossa Senhora, que Ela vem a ser a nossa única Patrona e Senhora, Mãe e Rainha, e finalmente ainda a nossa irmã, como é chamada constantemente na tradição carmelitana.
Assim integrados nesta Família de Maria e colocados debaixo da Sua proteção, pouco nos importa que este privilégio tenha sido obtido e divulgado por S. Simão Stock, que dirigiu à Nossa Senhora a conhecida súplica FLOR DO CARMELO..., mas o que muito importa, é que revestidos desta veste mariana até à morte, procuremos continuamente preservar no Seu santo serviço.
7 – VALOR CRISTÃO DO ESCAPULÁRIO: SUA SIMPLICIDADE E PROFUNDEZA
De outro lado, é digno de menção como o S. Escapulário, consagrando-nos à Bem-aventurada Virgem nos conduz como que pela mão à própria essência do Cristianismo, de tal maneira que também relativamente ao Escapulário se pode dizer: AD JESUM PER MARIAM.
Embora esta devoção em si mesma seja sobremodo simples, todavia, sob esta simplicidade, que considerada superficialmente pode parecer desprezível à primeira vista, se esconde uma certa profundeza maravilhosa, pelo fato que a uma tão simples estejam ligados tão grandes valores espirituais: esta simplicidade vem a ser precisamente um critério de sobrenaturalidade.
Em primeiro lugar, o Escapulário favorecendo muitíssimo a esperança na vida eterna, apoiando-se nas promessas de Maria, imprime de fato à nossa existência uma direção profundamente cristã. E é isto o que realmente constitui a essência do Cristianismo: O Evangelho ou a boa nova da salvação por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que vencendo a morte nos abriu as portas da eternidade. Por isso, em união com a fé e a caridade deve ser alimentada também a esperança pela qual seremos salvos: para que prelibando a felicidade do futuro reino celeste, vivamos para Deus em Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Outra coisa que se deve notar em relação ao Escapulário, é a gratuidade da salvação, que se afirma por meio do Escapulário. Com efeito, atribuindo-a antes de tudo ao patrocínio de Maria, se ressalta o caráter fundamental do Cristianismo, enquanto este Cristianismo é antes religião de amor e de graça do que de estrita justiça. Não que o Escapulário exclua as boas obras ou os méritos, para cuja aquisição antes ele impulsiona com as obrigações que impõe; mas porque de modo particular inculca a necessidade de graça, que cura e eleva a natureza ferida pelo pecado original, desde o primeiro instante da nossa elevação até ao seu remate com o inefável dom da perseverança final.
Daí que esta devoção, enquanto nos mostra a bondade de Deus e de Sua Santíssima Mãe para conosco, alimentando uma esperança solidíssima, nos mostra igualmente também a nossa fraqueza e defectibilidade, favorecendo assim a nossa humildade. Considerada assim a devoção do S. Escapulário na sua essência, pode-se chamá-la com toda razão: a devoção da esperança e da humanidade. Por isso se explica a sua grade influência na salvação das almas. De fato desde que a predestinação depende da perseverança final que, segundo a lei ordinária de Deus, se concede somente em virtude da oração perseverante, humilde e confiante. Parece claro como o Escapulário, que até à morte trazemos sobre nós, favorecendo os sentimentos de compunção e confiança na intercessão de Maria nossa Mãe, nos ajuda finalmente a alcançar este mesmo dom, como se o obtêm pela oração constante.
De resto não compreenderia o sentido pleno da devoção e das promessas do Escapulário, quem olvidasse a sua eficácia salvadora. Associando-nos de fato pela consagração à vida da Bem-aventurada Virgem, ele nos admoesta continuamente a imitá-la na Sua imaculada pureza, pela qual foi predestinada “ab aeterno” para dar Deus ao mundo e reconduzir o mundo a Deus. Por isso, pelo escapulário vivemos com Maria, em Maria e por Maria.
8 – O ESPÍRITO CATÓLICO DO ESCAPULÁRIO: SUA UNIVERSALIDADE NA IGREJA
Não é, pois, de admirar-se que o Escapulário do Carmo juntamente com o Rosário se tenha tornado em quase toda parte uma forma universal da piedade mariana. Assim como realmente o Rosário ofereceu a forma ideal a consagração, que lhe é devida.
Esta universalidade é atestada pela história. Basta qualquer exemplo, já que esta verdade por si é evidente. Em 1953 José Falcone, de Piacenza, escrevia na sua “Crônica Carmelitana”: “Hoje em dia a Espanha floresce; ali não se vê casa onde não se encontre usado o hábito do Carmo para gozarem as infinitas indulgências carmelitanas... Não parece a Espanha juntamente com Portugal um grande convento carmelitano? Todos querem estar cobertos com esta arma desejada, que os torna intrépidos nas doenças corporais e espirituais. Em toda a Espanha há conventos carmelitanos e inúmeras associações carmelitanas. Na Itália e especialmente na Sicília, no Reino de Napoles e na Lombárdia vêem-se inúmeros confrades assíduos e de mui grande devoção. Em Piacenza, somente no nosso catálogo os confrades passam de 10.000 entre homens e mulheres, seculares e frades de outras Ordens, padres seculares e monges regulares de diversas Ordens. A Alemanha, alta e baixa, conta um número incalculável de confrades, mas muitos foram malogrados por danados hereges. A França se destaca na religião; mas oprimida e agravada vem hoje sendo trabalhada pelos inimigos sacramentários.”
Assim também em época menos remota escreve o Padre Dominicano Petitot, aludindo â última aparição de N. Snra. em Lourdes, realizada em 16 de Julho de 1858: “Antes de se iniciarem as peregrinações a Lourdes, não houve em toda a Cristandade título mais em evidência do que o de NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO. Na época de Bernadete em todas as famílias cristãs a maior parte das crianças levava o Escapulário sobre o peito.” (Les apparitions de Notre Dame à Bernadete, Paris 1934, pg. 93).
A devoção do Escapulário começou a propagar-se especialmente no fim do século XVI, no tempo da contra-reforma, quando esta devoção era apresentada como sinal do verdadeiro espírito católico contra hereges e fautores das heresias. Naquele tempo os protestantes e jansenistas, juntamente com numerosos sábios, sob o pretexto de exaltar a devoção a Cristo, combatiam o culto mariano na Igreja, não sem grande dano paras almas. Em tais condições foi o Escapulário conservado por quase todos como meio e manifestação concreta da devoção mariana na Igreja, do mesmo modo que pouco depois a devoção ao Sagrado Coração de Jesus parecia quase encarnar o culto a Nosso Senhor.
Sem mais a devoção do Escapulário exprimia otimamente a doutrina da Igreja acerca de Nossa Senhora e o culto que lhe é devido. De modo particular, esta devoção patenteava praticamente a Sua mediação universal, sobre a qual se apoia a nossa consagração. Realmente, as duas promessas do Escapulário para a hora da morte e depois no purgatório, não são outra coisa senão uma esplêndida aplicação desta mediação universal: por aumentar a fé, na qual não pouco influi a nossa devoção.
9 – A DEVOÇÃO DO ESCAPULÁRIO NA SÉ APOSTÓLICA
Esta universalidade é especialmente confirmada pelos testemunhos da Santa Sé. Este fato se deve ressaltar tanto mais, porquanto, como narra Guilherme de Sanvico na sua “Cronaca”, escrita mais ou menos em 1291, já a própria Virgem Maria comunicou (a S. Simão Stock), que os irmão voltassem sem receio ao Sumo Pontífice Inocêncio IV, porque dele receberiam um salutar remédio “ (Anal. O. Carm. III, 311).
10 – O ESCAPULÁRIO E A RESTAURAÇÃO DO ESPÍRITO CRISTÃO
Sendo assim, parece que a devoção do Escapulário é muito apropriada para favorecer o espírito cristão, como de fato o tem favorecido em tempos passados. É evidente de quão grande importância é a devoção a N. Snra. na vida da Igreja. Basta para isso rememorar os fatos históricos do Catolicismo, fatos de maior ou menor esplendor em proporção com a maior ou menor devoção à Mãe de Deus. E pela natureza das coisas nem poderia ser de outro modo.
Com efeito juntamente com o S. Rosário nenhuma outra forma de devoção mariana se apresenta tão perfeita como aquela do S. Escapulário. Daí resulta que esta devoção se presta não pouco para a restauração do espírito cristão.
A sua antigüidade já consagrou o seu valor simbólico e a sua grande simplicidade assegura a sua universalidade. Com toda a certeza, a devoção do Escapulário é tal, que não prejudica a nenhuma outra devoção, dando, porém, à vida uma orientação geral mariana, faz com que as outras devoções sejam abraçadas com mais intenso fervor.
CONCLUSÃO
De modo especial, pois, parece o Escapulário do Carmo responder na prática à necessidade presente de exprimir, isto é, por um sinal certo e permanente, a já realizada consagração do gênero humano ao Imaculado Coração de Maria, afim de que, tendo sempre presente tal consagração, a Virgem seja verdadeiramente para nós aquela Estrela do mar que através das borrascas desta vida, nos leve finalmente com segurança àquele porto da eterna salvação, para o qual tendemos.
NOVENA 2018: 4º Dia.
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O ESCAPULÁRIO: UM SACRAMENTAL DA IGREJA
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Frei Meesters O.Carm.,
DEFINIÇÃO SACRAMENTAL
Sacramentais são objetos materiais ou atos, que, “ex opere operantis”, isto é quando o recipiente pedir para si esta graça, mediante uma ação positiva de devoção, operam a graça que representam e que pela Igreja lhes foi anexa (Cfr. Simar: Dogmatik, II, pg. 812)
O Sacramental, portanto, envolve mediação da graça e cooperação da parte do sujeito. Na primeira parte trataremos da mediação da graça, ou com outras palavras: a relação Deus-homem; na segunda parte a COOPERAÇÃO DO SUJEITO, ou com outras palavras: a relação homem-Deus. Em seguida acrescentaremos para cada parte a aplicação à devoção do Escapulário.
A MEDIAÇÃO DA GRAÇA PELO SACRAMENTAL DO ESCAPULÁRIO
A Igreja instituí o sacramental e o usa para, por meio dele, indicar e dar a graça. Ela, em virtude do seu poder sacerdotal de distribuir graças, liga esta graça a determinados sinais visíveis, assim como Cristo o fez nos Sacramentos. A Igreja já faz isso “in aliquam imitationem Sacramentorum” (can. 1144). A Diferença essencial entre o Sacramental e o Sacramento consistente no sinal, sendo o sinal do sacramental caracterizado pelas disposições exigidas do sujeito.
Também o sinal material do sacramental significa graça, tanto quanto o do Sacramento. O Sacramento significa graça santificante, enquanto o Sacramental, porem, significa a graça atual. Assim por exemplo a ablução com água no Batismo significa a purificação do pecado na alma. Este ato de ablução ao mesmo tempo opera o que significa. O mesmo se dá também com o Sacramental: ele significa e opera (Este “operar” será mais tarde mais detalhadamente descrito e limitado na segunda parte).
QUAL É, POIS, A GRAÇA SIGNIFICADA PELO ESCAPULÁRIO?
Isso deveremos deduzir: a) da significação do seu sinal exterior, sua matéria, que é uma veste; e b) da declaração da Igreja, porque um Sacramental como órgão da Igreja só pode significar e operar aquela graça que a Igreja lhe quer anexar. por isso, as nossas conclusões deduzidas da significação da veste deveremos conferi-las com as intenções da Igreja.
A VESTE COMO SINAL DE SACRAMENTAL
Qual é o primeiro significado da veste? Nenhum outro senão cobrir, preservar contra o frio, contra o calor, contra a concupiscência. Assim como derramar água sobre alguém se faz antes de tudo para a purificação, assim se usa também o Escapulário antes de tudo como proteção contra influências de fora. Julgamos que uma proteção sobrenatural não poderá ser significada de maneira mais simples, mais evidente e universalmente mais humana do que por uma veste.
Se, pois, a veste deve simbolizar e caracterizar uma determinada graça, então esta graça dever ser de proteção, de proteção contra influências malsãs na vida sobrenatural. Cada sacramental ou sinal de sacramental, imprime um determinado caráter na graça que opera. No Escapulário este caráter deve ser proteção.
A matéria só, porém, não constitui o sinal completo. Também as palavras pronunciadas, ao aplicar a matéria, tem significação. Elas fazem do sinal geral um sinal aplicado, do “signum remotum” . Deve-se frisar expressamente, que o Escapulário, como sinal, isto é, enquanto duma maneira geralmente humana e, por conseguinte, remota, simboliza proteção, aplica-se perfeitamente o mesmo processo. Entretanto, se bem que o Escapulário, puramente como matéria, já duma maneira suficiente signifique o caráter especial desta graça atual, esta força de significação ainda é mais intensificada pelas palavras que a Igreja pronuncia ao aplicar a matéria.
Em todas as orações da fórmula de imposição também pelas palavras é expressamente significado, que aqui se trata de graças de proteção.
Na primeira oração vem expressamente indicada esta graça especial: “... que ele (ela) protegido pela intercessão da Mãe de Deus, persevere na Vossa graça até a morte”. A segunda oração diz a mesma coisa da maneira seguinte: “... afim de que possais vesti-lo sem mancha e ele vos proteja contra toda a adversidade”. A terceira e última oração exprime a proteção na hora da morte. Até aqui sobre o simbolismo da proteção.
Pensamos, entretanto, que esta proteção ainda goza de um cunho todo particular, a saber, de intimidade: a proteção dada por Maria é íntima, não denotando altivez.
Achamos que este particular não se deduz somente dos autores da nossa Ordem, mas que também está incluído na significação natural da veste. Cristo e São Paulo não puderam encontrar imagem melhor do que a imagem da veste para significar a cordialidade e a intimidade com Deus, a qual resulta da graça. No Antigo Testamento é esta imagem repetida constantemente para significar que o homem é atingido profundamente por alguma coisa. Assim como a veste batismal simboliza o revestir-se de Cristo, assim simboliza o Escapulário de um modo igualmente natural e com o mesmo direito: “o revestir-se de Maria.” Nada atinge mais profunda e intimamente a alguém – tratando-se de coisas exteriores – do que suas vestes.
Julgamos, portanto, que não devemos hesitar em atribuir à veste do Escapulário uma dupla força de significação: proteção e intimidade, ou melhor proteção que ao mesmo tempo é íntima.
A VESTE DO ESCAPULÁRIO COMO ÓRGÃO DA IGREJA.
O Escapulário, ou mais exatamente, a imposição do Escapulário, é como sacramental, um órgão da Igreja e como tal não pode operar outras graças do que as que a Igreja lhe quer anexar.
Daí a seguinte pergunta: A Igreja de fato liga a raça especial de proteção a este sinal, como nós achamos dever-se concluir da força natural da significação da veste? Agora, portanto, segue o controle do qual falamos no começo.
Depois de ter dito que na devoção do Escapulário não se trata dum negócio de somenos importância, o Papa alega como motivo disso: “Na verdade, o Santo Escapulário é como que o hábito mariano, o sinal e penhor da proteção da Mãe de Deus. “Quase todos os pronunciamentos eclesiásticos fazem como que esta proteção, como conseqüência deste sacramental, principalmente culmine numa proteção na hora da nossa morte e depois da nossa morte, no purgatório.
Por isso não podemos duvidar de que, tanto da parte do sinal como da parte da Igreja, verificam-se todas as condições para conseguirmos uma graça especial de proteção por meio de devoção do Escapulário.
Resta-nos, pois, fazer umas considerações sobre as condições às quais deve satisfazer o sujeito, para efetivamente participar desta graça.
A COLABORAÇÃO DO SUJEITO NA DEVOÇÃO DO ESCAPULÁRIO
Depois de termos tratado da mediação da graça, isto é da relação Deus-homem, segue agora o tratado da relação homem-Deus. O que deve fazer o homem? Nos Sacramentos é suficiente a intenção (sob uma ou outra forma) para receber o Sacramento. Além disso, não pode haver obstáculos para a graça. Basta o contato pela intenção e a graça corre por si mesma. Tudo vem de Deus. No Sacramento a tomada de contato pela intenção é suficiente. A graça aqui não começa a correr por si mesma, mas deve ser implorada por uma ação positiva de devoção. Nos Sacramentos, portanto, o homem é passivo, no sacramental é também ativo.
Tanto para o Sacramento como para o Sacramental é, pois, exigida a intenção, a tomada de contato, como também o não por obstáculos. No Sacramental é, além disso, exigida a devoção, a dedicação. e por ser esta devoção a diferença essencial no que toca ao sujeito no Sacramento e no Sacramental, falaremos: a) sobre a DEVOÇÃO no Sacramental do Escapulário e b) sobre as diferentes formas sob as quais se manifesta esta devoção no Sacramental do Escapulário.
A DEVOÇÃO NO SACRAMENTAL DO ESCAPULÁRIO
“Devotio” é a prontidão em se entregar ao serviço de Deus (ou de um Santo). Se faltar esta dedicação, falta um elemento essencial ao Sacramental, e não se nos comunica a graça, porque então ou não se realiza o Sacramental, ou (caso se trata de um Sacramental permanente, como é o Escapulário) porque o Sacramental não pode operar.
Esta devoção não precisa ser necessariamente atual, se bem que isto naturalmente seja o mais perfeito. Assim como qualquer ato humano é um ato plenamente humano, desde que é praticado em virtude dum ato que virtualmente perdure, assim também se verifica o mesmo em relação à devoção, que se exige para o Escapulário. Se de vez em quando fazemos o ato de consagração, toda a nossa vida virtualmente permanece num estado de consagração, e satisfazemos assim de nossa parte às condições exigidas para o Sacramental do Escapulário. Já que Deus (a Igreja) não falha, a graça especial nos será comunicada com certeza infalível.
Mas o que dizer então da devoção 1) das criancinhas, 2) das pessoas que vestem o Escapulário sem atenção, 3) dos pescadores?
A DEVOÇÃO DAS CRIANCINHAS.
As criancinhas não podem ter devoção. Falta, portanto, uma condição essencial para a operação do Sacramental e, por conseguinte, o Escapulário como Sacramental não opera nestas crianças.
Mas dirão: 1º a Igreja reza sobre tal criança quando lhe impõe o Escapulário. Tal oração então não tem eficácia? E 2º a Igreja de fato impõe o Escapulário às crianças; será que esta prática então não tem sentido? De fato, a criança recebe favores em virtude destas orações da Igreja, por exemplo proteção contra perigos naturais. Isto, porém, não pode constituir a graça característica do Sacramental: em primeiro lugar, porque não se pode falar de proteção contra o pecado, enquanto a criança não chegar ao uso da razão; em segundo lugar porque não se efetua nenhum Sacramental faltando-lhe uma condição necessária, a saber a devoção do sujeito. Visto que a oração, porém, sempre produz algum efeito, devemos atribuí-lo também a esta oração da Igreja. Este efeito equivale então ao de qualquer outra oração da Igreja, independente do Sacramental.
A imposição do Escapulário tem verdadeiramente sentido. Pois da parte da Igreja foram cumpridas todas as condições: aplicou-se a esta pessoa o sinal do Sacramental. Enquanto depende da Igreja, a graça pode ser comunicada. Tão logo a criança por sua vez da sua parte fizer o necessário, será completado o Sacramental. A criança, portanto, está potencialmente muito mais próxima a estas graças especiais do que alguém a quem não tenha sido imposto o Escapulário. Pois para este último, nem sequer foram cumpridas as condições por parte da Igreja: a aplicação do sinal da graça. Na criança a metade já está cumprida. Já vive sob o “signum”. Ela possui a graça especial em potência próxima.
PESSOAS QUE USAM O ESCAPULÁRIO SEM ATENÇÃO
Quanto a estas pessoas o operar ou não operar da graça depende do grau da “falta de atenção”. Se o ato de consagração é feito tão frouxamente, que ma se pode falar duma vida de consagração, o Sacramental então não operará continuamente, mas somente ao ser feito o ato e durante o período em que perdurar este ato. Quando não houver mais nenhuma ação da parte do sujeito, também não será mais comunicada nenhuma graça.
OS PECADORES[1]
Os pecadores são capazes de receber graças atuais. Além disso, continuam a ser membros da Igreja, de maneira que os órgãos da Igreja podem atuar sobre eles. Finalmente eles podem ter a intenção de receber o Sacramental e são capazes de atos de devoção. O Escapulário pode, por conseguinte, a graça atual do Sacramental será dirigida para a graça sacramental, como aliás, São Tomás admite para todas as graças dos Sacramentais.
DIFERENTES FORMAS SOB AS QUAIS SE MANIFESTA A DEVOÇÃO.
A devoção é, pois, o ato essencial do sujeito e como tal depende também subjetivamente das diferentes disposições dos sujeitos. Estas diferenças ficam fora do âmbito do Sacramental tão só exige devoção em geral. O homem pode revestir esta devoção de diferentes maneiras, atuando ela então logo independentemente do Sacramental. Posso por exemplo encarar a minha consagração como sendo a consagração dum filho à sua mãe; outro se consagra como um escravo à sua senhora, como um servidor à sua patroa (como principalmente se fazia na Idade Média), etc. Posso considerar meu Escapulário como o uniforme de Maria, como um distintivo que facilmente de recorde minha consagração, etc. Tudo isto não tem nada a ver com o Sacramental do Escapulário, embora seja muito bom e muito útil. Tais considerações de caráter pessoal constituem de certo um poderoso auxílio para conservar e intensificar a devoção (consagração) necessária ao Sacramental. Quanto a esses diversos modos pessoais de encarar o Escapulário, encontra-se material abundante e precioso na literatura da nossa Ordem. Uma mais ampla explanação desta matéria cai fora do âmbito do Sacramental. Pode-se, porem, encontrá-la em outros lugares.
Já dissemos que às crianças e às pessoas que usam o Escapulário sem atenção, somente se comunica a graça do Sacramental, tão logo pela primeira vez ou novamente façam o ato de devoção. Porque tal ato tão simples de devoção não é suficiente para pessoas que, por zombaria ou incredulidade tenham deixado de usar o Escapulário? Pois a tais pessoas deve de novo ser imposto o Escapulário.
A razão nos parece o seguinte: Tratando-se de crianças ou de pessoas que usam o Escapulário sem atenção, da parte da Igreja persiste a condição cumprida: elas continuam incorporadas neste órgão eclesiástico de salvação, se bem que a atuação relativamente a estas pessoas seja somente potencial. Os zombadores e incrédulos, porém, se separaram positivamente deste órgão eclesiástico, assim como por um ato contrário à fé da Igreja o membro se separa de toda a Igreja. Para tais pessoas requer-se, portanto, uma nova incorporação neste órgão especial.
visto que o Sacramental do Escapulário somente concede graças, enquanto é órgão da Igreja, segue uma promessa ou aparição, como tal, não pode constituir nenhum Sacramental. Não há distribuição de graça sacramental sem a intervenção da Igreja. Somente Ela determina quando e como esta graça do Sacramental será concedida. Atribuir tal poder a Nossa Senhora durante uma aparição é impossível. Tal aparição, quando muito, pode ser ocasião para a Igreja Instituir determinado Sacramental baseando-se em Fundamentos Dogmáticos. A historicidade do fato neste caso é de importância secundária.
[1]Nota do org. Devido a popularidade do Escapulário, muitas pessoas se perguntam qual a validade, ou o porque do uso do mesmo por parte de muitos “Devotos” que não tem nenhum vínculo com a espiritualidade carmelitana e, ainda mais, com a mensagem do Evangelho. Uma vez ou outra nos deparamos com imagens de seqüestradores na tv ou em jornais com o Escapulário no pescoço. As vezes nos assustamos com tal “sentimento religioso” destes e de outros. Sem dúvida alguma, para tais “devotos” usar o Escapulário não passa de um modismo ou de um sentimento que não condiz com a espiritualidade Mariana nem com a Boa Nova do Evangelho que nos coloca a vida em abundância como objetivo principal de qualquer relacionamento com o sagrado.
A AUTÊNTICA DEVOÇÃO A MARIA E AO ESCAPULÁRIO DO CARMO[1]
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Papa Paulo VI
Devem-se dar a conhecer os desejos e exortações que dimanam da Constituição Dogmática do Concílio Ecumênico Vaticano II, coincidentes com o nosso próprio pensamento, e que aqui proclamamos: “Estimem muito as práticas pelo Magistério através dos séculos”.
Cremos que, entre estas formas de piedade mariana, devem-se contar expressamente o Rosário e o uso devoto do Escapulário do Carmo. Esta última prática, “pela sua própria simplicidade e adaptação a qualquer mentalidade, conseguiu ampla difusão entre os fiéis, com imenso fruto espiritual”.
Quando se instrui o povo cristão sobre a devoção mariana, seja-lhe inculcada de maneira insistente e categórica que “ao ser honrada a Mãe, o Filho, por causa de quem tudo foi criado e no qual por agrado do Pai eterno reside toda e plenitude, seja devidamente conhecido, amado, glorificado e que, por sua vez, sejam melhor cumpridos seu mandamentos”.
Acentuou-se cuidadosamente que a devoção mariana “não consiste nem no afeto estéril e passageiro, nem na vã credulidade, mas que procede de uma fé autêntica, que induz a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e a amar filialmente a nossa Mãe e a imitar as suas virtudes”.
Fomente-se nos fiéis um culto puro e sincero à Virgem Maria, para que sejam verdadeiramente filhos de tal Mãe, imitando as suas virtudes, dando exemplo de caridade fraterna, harmonizando os seus sentimentos, palavras e costumes com o Modelo original da vida cristã, Jesus Cristo, mediador entre Deus e os homens e autor da salvação humana.
É preciso que se honre, com fé plena e obsequiosa, a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Mãe da graça e da misericórdia; Mãe da esperança e da alegria santa, por quem, como por um caminho real, chegamos a Jesus e às suas fontes de salvação.
[1] Da carta de Paulo VI ao cardeal legado do Congresso Mariológio de São Domingos. 02 de fevereiro de 1965. Em: Acta Apostólicas Sedis, 57. 1965, pp. 377-379.
NOVENA 2018: 2º Dia.
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Imagens do Novenário de Nossa Senhora do Carmo na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro/RJ. CELEBRANTE: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. CÂMERA: Rachel Ferreira. EDIÇÃO: Olhar Jornalístico. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 8 de julho-2018.
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