Após ameaças contra bispo, governador do DF manda fechar Esplanada por dois dias
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Decreto será publicado em edição extra do Diário Oficial ainda nesta terça-feira
Adriana Mendes
BRASÍLIA — Após ameaças feitas por manifestantes ao bispo-auxiliar dom Marcony Vinícius Ferreira, da Arquidiocese de Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), determinou que a Esplanada dos Ministérios seja fechada por dois dias. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial nesta terça-feira.
O texto proíbe o trânsito de veículos e pedestres desde a rodoviária do Plano Piloto até a Praça dos Três Poderes hoje e amanhã. Integrantes do governo informaram que Polícia Civil do DF identificou ameaças ao bispo por parte do grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, autointitulado como "300 do Brasil".
No decreto, o chefe do Executivo cita ameaças "dirigidas contra a Cúria Metropolitana de Brasília"; ameaça "de manifestações com conteúdo anticonstitucionais"; ameaça "aos Poderes constituídos" ; e também considera que "as aglomerações contrariam as medidas sanitárias de combate ao novo coronavírus".
A Arquidiocese de Brasília informou que, na manhã desta terça-feira, um grupo de manifestantes esteve na Catedral de Brasília e pediu para acampar no local. De acordo com a nota, o bispo auxiliar recusou "tanto em função da impossibilidade de acolher aglomerações ", como também para proteger a "integridade física da Catedral". O texto justifica que além de representar um monumento tombado, a igreja é "um local de culto e que deve ser protegido contra qualquer ameaça".
Segundo o bispo, em entrevista ao G1, uma das pessoas foi clara nas ameaças. Um deles disse: 'você não sabe com quem está falando, nós vamos voltar". Fonte: https://oglobo.globo.com
Morre dom Valério Breda, bispo de Penedo (AL), aos 75 anos
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Morreu nesta terça (16), dom Valério Breda, bispo da diocese de Penedo (AL). O religioso tinha 75 anos de idade e faleceu depois de um grave quadro de insuficiência renal, provocado por uma reação alérgica intensa.
A missa de corpo presente será celebrada às 16h, na Catedral Nossa Senhora do Rosário, em Penedo (AL). A solenidade será presidida por dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo de Garanhuns (PE) e presidente do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo de Maceió (AL), dom Antônio Muniz Fernandes, concelebrará o rito.
Devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, apenas padres da diocese de Penedo poderão participar da celebração dentro do templo. A solenidade será transmitida pelas redes sociais das paróquias e comunidades locais. Após a missa, o corpo de dom Valério, que também era presidente da Comissão Regional Pastoral Bíblico-Catequética da CNBB Nordeste 2, será sepultado na catedral.
Internado no Hospital Memorial Arthur Ramos, em Maceió, desde o dia 15 de abril, após sofrer uma acidente vascular cerebral na casa paroquial onde morava em Penedo, dom Valério ficou inicialmente 14 dias na UTI. O bispo continuou o tratamento médico em um apartamento do hospital, mas precisou retornar aos cuidados intensivos no dia 3 de maio depois de apresentar desconforto respiratório.
Dom Valério chegou a ser submetido a sessões de hemodiálise e à ventilação mecânica. O religioso também fez dois exames para detecção do novo coronavírus, ambos, porém, deram negativos para Covid-19.
Na última quarta (10), dom Valério teve uma forte reação alérgica e precisou voltar à ventilação mecânica e ao processo de hemodiálise, não resistindo sete dias depois.
Dados biográficos
Dom Valério Breda nasceu em 24 de janeiro de 1945, em San Fior di Sotto, na Itália. Fez sua profissão religiosa na Congregação Salesiana (Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos de Dom Bosco) em 16/08/1962 e foi ordenado presbítero em 29 de junho de 1973, em sua cidade natal. Antes do episcopado, dom Valério trabalhou no Liceu Clássico Salesiano de Manfredini di Este, em Padova, e foi encarregado do Centro Juvenil na Paróquia Salesiana de Padova. Já no Brasil, trabalhou na paróquia da Matriz de Camaragibe (PE), entre 1983 e 1993). Foi sócio da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC) e também atuou como superior da Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil, com sede em Recife, entre 1993 e 1997, quando foi nomeado bispo.
Sua nomeação pelo Papa João Paulo II foi em 30 de julho de 1997, já para a diocese de Penedo. A ordenação episcopal foi no dia 19 de outubro daquele ano, em Recife (PE). Dom Valério escolheu como lema “Caritas Christi Urget” (O amor de Cristo pede). Dom Breda, nestes últimos anos, era presidente da Comissão Regional Pastoral Bíblico-Catequética do Regional Nordeste 2 da CNBB. Fonte: https://www.cnbb.org.br
DIOCESE DE PENEDO EM LUTO: Acabou de falecer Dom Valério Breda.
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O bispo da Diocese de Penedo (AL), Dom Valério Breda, 75 anos, faleceu nas primeiras horas desta terça-feira 16, no Hospital Arthur Ramos, em Maceió.
O religioso sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 15 de abril e desde então passava por dificuldades de recuperação.
Dom Valério Breda nasceu no dia 24 de janeiro de 1945, na cidade de San Fior, no norte da Itália. Filho de Antônio e Elizabetta, Dom Valério é da Congregação Salesiana de Dom Bosco.
Veio para o Brasil integrando o Projeto Inspetoria-Irmãs, em 1983, ficando em Matriz de Camaragibem, em Alagoas. Foi inspetor da Inspetoria Salesiana de Recife e o segundo estrangeiro a assumir a diocese penedense, em 1997, onde permanece até os dias atuais.
O religioso foi ordenado bispo em Recife, Pernambuco, em 19 de outubro de 1997, pelo saudoso cardeal Dom Lucas Moreira Neves, Arcebispo de Salvador, na Bahia, Primaz do Brasil e presidente CNBB.
Foram bispos ordenantes; Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB, arcebispo de Maceió e Dom Frei José Cardoso Sobrinho – OC, arcebispo de Recife e Olinda. Sua posse aconteceu em dia 23 de novembro de 1997 na Catedral de Penedo.
Dom Valério era presidente da Comissão Regional Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB NE2).
MORRE PADRE NO RIO DE COVID-19.
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A missa de corpo presente do padre Marcos Vinício será realizada nesta segunda-feira, 15 de junho, às 9h, presidida por Dom Orani, no jardim do Palácio São Joaquim, na Glória. Logo após, o corpo será transladado para Juiz de Fora (MG). A chegada para o velório está prevista para às 13h, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora, na Capela 7, seguida de sepultamento, às 16h.
Igreja: Abre ou fecha?
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Abre Igreja, fecha Igreja... Um Olhar de compromisso com a Igreja Povo de Deus. Por Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, do Carmo de Angra dos Reis/RJ. Gravação: Mirante do Camorim/ Angra. Convento do Carmo de Angra. 14 de junho-2020. Divulgação: www.instagram.com/freipetronio
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 15 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 38-42)
Naquele tempo disse Jesus: 38Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. 43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
3) Reflexão - Mt 5, 38-42
O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia: ”Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.
Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.
Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: (1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! (3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. (4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
5) Oração final
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. É a vós que eu invoco, Senhor. (Sl 5, 2-4)
Como nasceu a tradição do pão de Santo Antônio
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O Reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália, Padre Oliviero Svanera, explicou a origem do tradicional pão de Santo Antônio que se entrega em muitos lugares do mundo no dia 13 de junho, dia no qual a Igreja celebra o grande santo.
O Padre Svanera destacou que “o pão de Santo Antônio é sinônimo de caridade. Esta tradição nasceu a partir de um dos milagres do santo, cujo protagonista foi Tomasito, um menino de 20 meses que se afogou em um poço de água”.
O reitor contou que “a mãe desesperada invocou a ajuda do santo e fez uma promessa: se conseguisse esta graça, ia dar aos pobres uma quantidade de pão igual ao peso do menino. E milagrosamente o pequeno voltou a viver”.
De acordo com o Padre, este milagre “deu origem a duas obras fieis ao espírito de Santo Antônio: A primeira é a Obra do Pão dos Pobres, organização antoniana em Pádua responsável por levar alimentos e materiais básicos e assistência às pessoas necessitadas”.
A segunda é referente ao trabalho da “Caritas Antoniana Onlus, organismo de caridade dos frades do santo, que em 2016 apoiou 124 projetos de desenvolvimento em 40 países do mundo, com um total de 2,6 milhões de euros”.
Além disso, o Reitor destacou que a devoção do “‘Santo do Povo’ é universal, talvez porque ele quis considerar o mundo inteiro como sua casa. Nasceu em Portugal, foi ao Marrocos para levar a fé, chegou à Sicília depois de um naufrágio (…) se uniu aos frades de São Francisco que o enviaram à França. Quando voltou para a Itália, se estabeleceu em Pádua, onde morreu em 1231″.
“Dizem que falava uma língua com milhares de sotaques, mas todos compreendiam. E ele era próximo a todos: pobres, pessoas com dificuldade, doentes. Neste ser, irmão de todos, também está a sua universalidade”, afirmou o Padre Svanera.
O reitor do Santuário destacou o exemplo do santo para viver a humildade e a necessidade de superar a “tentação do poder, o orgulho e, como diria o Papa Francisco, o mundanismo”.
** Entrevista do Padre Svanera cedida ao ACI Stampa – agência italiana do Grupo ACI.
Fonte: Acidigital
Fonte: https://misericordia.org.br
EVANGELHO DO DIA-10ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 12 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 27-32)
27Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. 29Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena. 30E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena. 31Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
3) Reflexão - Mt 5, 27-32
No evangelho de ontem, Jesus fez uma releitura do mandamento “Não Matarás” (Mt 5,20-26). No evangelho de hoje, ele faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério”. Jesus relê a lei a partir da intenção que Deus tinha ao proclama-la, séculos atrás, no Monte Sinai. Ele procura o Espírito da Lei e não se fecha dentro da letra. Ele retoma e defende os grandes valores da vida humana que estão por de trás de cada um dos Dez Mandamentos. Ele insiste no amor, na fidelidade, na misericórdia, na justiça, na veracidade, na humanidade (Mt 9,13; 12,7; 23,23; Mt 5,10; 5,20; Lc 11,42; 18,9). O resultado da observância plena da Lei de Deus é a humanização perfeita da vida. A observância da Lei humaniza a pessoa. Em Jesus aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus tomar conta da sua vida. O objetivo último é unir os dois amores, a construção da fraternidade em defesa da vida. Quanto maior a fraternidade, tanto maior será a plenitude da vida e maior a adoração das criaturas todas ao Deus Criador e Salvador.
No evangelho de hoje, Jesus olha de perto o relacionamento mulher e homem no casamento, a base fundamental da convivência em família. Havia um mandamento que dizia: “Não cometer adultério”, e um outro que dizia: “Quem se divorciar da sua mulher lhe dê uma certidão de divórcio”. Jesus retoma os dois e lhes dá um novo sentido.
Mateus 5,27-28: Não cometer adultério
O que pede de nós este mandamento? A resposta antiga era esta: o homem não pode dormir com a mulher do outro. É o que exigia a letra do mandamento. Mas Jesus vai além da letra e diz: “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração”. O objetivo do mandamento é a fidelidade mútua entre o homem e a mulher que assumiram viver juntos como casados. E esta fidelidade só será completa, se os dois souberam manter a fidelidade mútua até no pensamento e no desejo e se souberem chegar a uma total transparência entre si.
Mateus 5,29-30: Arrancar o olho e cortar a mão
Para ilustrar o que acaba de dizer Jesus traz uma palavra forte que ele usou também em outra ocasião quando tratava do escândalo aos pequenos (Mt 18,9 e Mc 9,47). Ele diz: “Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno”. E ele afirma o mesmo a respeito da mão. Estas afirmações não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas indicam a radicalidade e a seriedade com que Jesus insiste na observância deste mandamento.
Mateus 5,31-32: A questão do divórcio
Ao homem era permitido dar uma certidão de divórcio para a mulher. Jesus dirá no Sermão da Comunidade que Moisés o permitiu por causa da dureza do coração do povo (Mt 19,8). “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério". Muita discussão já foi feita em torno deste assunto. Baseando-se nesta afirmação de Jesus, a igreja oriental permite o divórcio no caso de “fornicação”, isto é, de infidelidade. Outros dizem que, aqui, a palavra fornicação traduz um termo aramaico ou hebraico zenuth que indicava um casamento dentro de um grau parentesco proibido. Não seria um casamento válido.
Qualquer que seja a interpretação correta desta palavra, o que importa é ver o objetivo e o sentido geral das afirmações de Jesus na nova leitura que ele faz dos Dez Mandamentos. Jesus aponta um ideal que deve estar sempre diante dos meus olhos. O ideal último é este: “ser perfeito como o pai de céu é perfeito” (Mt 5,48). Este ideal vale para todos os mandamentos revistos por Jesus. Na releitura do mandamento “Não cometer adultério“, este ideal se traduz na total e radical transparência e honestidade entre marido e mulher. Ninguém nunca vai poder dizer: “Sou perfeito como o Pai do céu é perfeito”. Estaremos sempre abaixo da medida. Nunca vamos poder merecer o prêmio pela nossa observância que sempre será abaixo da medida. O que importa é manter-se na caminhada, manter o ideal diante dos olhos, sempre! Mas ao mesmo tempo, como Jesus, devemos saber aceitar as pessoas com a mesma misericórdia com que ele aceitava as pessoas e as orientava para o ideal. Por isso, certas exigências jurídicas da igreja hoje, como por exemplo, não permitir a comunhão a pessoas que vivem em segundas núpcias, parecem mais com os fariseus do que com a atitude de Jesus. Ninguém aplica ao pé da letra a explicação do mandamento “Não Matar”, onde Jesus diz que todo aquele que chama seu irmão de idiota merece o inferno (Mt 5,22). Pois neste caso, todos já teríamos viagem garantida até lá e ninguém se salvaria. Por que a doutrina nossa usa medidas diferentes no caso do quinto e do nono mandamento?
4) Para um confronto pessoal
1) Você consegue viver a total honestidade e transparência com as pessoas do outro sexo?
2) Como entender a exigência “ser perfeito como o Pai celeste é perfeito”?
5) Oração final
A vossa face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador. (Sl 26, 8-9)
Semana de Sto. Antônio: O cavalo e a eucaristia.
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SEMANA DE SANTO ANTÔNIO: O olhar de Sto. Antônio e o nosso olhar, Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista/RJ. Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Carmo de Angra. 10 de junho-2020. www.instagram.com/freipetronio
EVANGELHO DO DIA-10ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Terça-feira, 9 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,13-16)
13Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha 15nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. 16Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
3) Reflexão - Mt 5,13-16
Ontem, meditando as oito bem-aventuranças, passamos pelo portão de entrada do Sermão da Montanha (Mt 5,1-12). No evangelho de hoje recebemos uma importante instrução sobre a missão da Comunidade. Ela deve ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). Sal não existe para si, mas para dar sabor à comida. Luz não existe para si, mas para iluminar o caminho. A comunidade não existe para si, mas para servir ao povo. Na época em que Mateus escrevia o seu evangelho, esta missão estava sendo difícil para as comunidades dos judeus convertidas. Apesar de viverem na observância fiel da lei de Moisés, elas estavam sendo expulsas das sinagogas, cortadas do seu passado judeu. Enquanto isso, entre os pagãos convertidos alguns diziam: “Depois que Jesus veio, a Lei de Moisés está superada”. Tudo isto era causa de tensões e incertezas. A abertura de uns parecia criticar a observância dos outros, e vice-versa. Este conflito gerou uma crise que levou cada um a se fechar na sua própria posição. Uns querendo avançar, outros querendo colocar a luz debaixo da mesa. Muitos se perguntavam: "Afinal, qual a nossa missão?" Lembrando e atualizando as palavras de Jesus, o Evangelho de Mateus procura ajudá-los:
Mateus 5,13-16: Sal da terra.
Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus faz saber qual a missão e a razão de ser de uma comunidade cristã: ser sal. Naquele tempo, com o calor que fazia, o povo e os animais precisavam de consumir muito sal. O sal, entregue pelo fornecedor em grandes blocos colocados em praça pública, ia sendo consumido pelo povo. No fim, aquilo que sobrava ficava espalhado como poeira no chão, tinha perdido o gosto. “Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Jesus evoca este costume para esclarecer os discípulos e as discípulas sobre a missão que devem realizar.
Mateus 5,14-16: Luz do mundo.
A comparação é obvia. Ninguém acende uma vela para colocá-la debaixo de um caixote. Uma cidade situada em cima de um morro não consegue ficar escondida. A comunidade deve ser luz, deve iluminar. Não deve ter medo que apareça o bem que faz. Não o faz para aparecer, mas o que faz pode aparecer. Sal não existe para si. Luz não existe para si! Assim deve ser a comunidade: ela não pode fechar-se sobre si mesma. “Que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu."
Mateus 5,17-19: Nenhuma vírgula da lei vai cair.
Entre os judeus convertidos havia duas tendências. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do AT, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1-2). Em cada uma das duas tendências havia grupos mais radicais. Diante deste conflito, Mateus procura um equilíbrio para além dos dois extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podem ser contra a Lei, nem podem fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, devem dar um passo e mostrar, na prática, que o objetivo que a lei quer alcançar na vida é a prática perfeita do amor.
As várias tendências nas primeiras comunidades cristãs. O plano de salvação tem três etapas unidas entre si pelo chão da vida: 1) O Antigo Testamento: a caminhada do povo hebreu, orientada pela Lei de Deus. 2) A vida de Jesus de Nazaré: ele renova a Lei de Moisés a partir da sua experiência de Deus como Pai/Mãe. 3) A vida das Comunidades: através do Espírito de Jesus, elas procuram viver a vida como Jesus a viveu. A unidade destas três etapas gera a certeza de fé de que Deus está no meio de nós. As tentativas de quebrar ou de enfraquecer a unidade deste plano de salvação geravam os vários grupos e tendências nas comunidades:
- Os fariseus não reconheciam Jesus como Messias e aceitavam só o AT. Dentro das comunidades havia gente simpatizante com a linha dos fariseus (At 15,5)
- Alguns judeus convertidos aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade do Espírito com que as comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. (At 15,1).
- Outros, tanto judeus como pagãos convertidos, achavam que com Jesus tinha chegado o fim do AT. Daqui para a frente, só Jesus e a vida no Espírito.
- Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente a vida na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais para a vida de Jesus de Nazaré nem para o Antigo Testamento (1Cor 12,3).
- Ora, a grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré.
4) Para um confronto pessoal
- Para você, na sua experiência de vida, para que serve o sal? Sua comunidade está sendo sal? Para você, o que significa a luz na sua vida? De que maneira sua comunidade está sendo Luz?
- Como as pessoas do bairro vêem a sua comunidade? Sua comunidade exerce alguma atração? É sinal? Sinal de que? Para quem?
5) Oração final
Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração. (Sl 4, 2)
EVANGELHO DO DIA-10ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 8 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,1-12)
1Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. 2Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: 3Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 4Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 9Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! 11Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
3) Reflexão - Mt 5,1-12
A partir de hoje, início da 10ª Semana Comum, até o fim da 21ª Semana Comum, os evangelhos diários serão tomados do evangelho de Mateus. E a partir de 1 de setembro, início da 22ª Semana Comum, até 29 de novembro, fim do ano litúrgico, eles serão do evangelho de Lucas.
No Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades de judeus convertidos da Galileia e Síria, Jesus é apresentado como o novo Moisés, o novo legislador. No AT a Lei de Moisés foi codificada em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões espalhados pelo evangelho: 1) O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29); 2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42); 3) O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52); 4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35); 5) O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46). As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como ele observava a nova Lei e a encarnava em sua vida.
Mateus 5,1-2: O solene anúncio da Nova Lei
De acordo com o contexto do evangelho de Mateus, no momento em que Jesus pronunciou o Sermão da Montanha, havia apenas quatro discípulos com ele (cf. Mt 4,18-22). Pouca gente. Mas uma multidão imensa estava à sua procura (Mt 4,25). No AT, Moisés subiu o Monte Sinai para receber a Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a Montanha e, olhando o povo, proclama a Nova Lei. É significativa a maneira solene como Mateus introduz a proclamação da Nova Lei: “Ao ver as multidões Jesus subiu o monte e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: Felizes os pobres em Espírito, pois deles é o Reino do Céu!” As oito Bem-Aventuranças formam a solene abertura do "Sermão da Montanha". Nelas Jesus define quem pode ser considerado feliz, quem pode entrar no Reino. São oito categorias de pessoas, oito portas de entrada para o Reino, para a Comunidade. Não há outras entradas! Quem quiser entrar no Reino terá que identificar-se ao menos com uma destas oito categorias.
Mateus 5,3: Felizes os pobres em espírito
Jesus reconhece a riqueza e o valor dos pobres (Mt 11,25-26). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele mesmo, vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Mt 8,20). E a quem quer segui-lo ele manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). No evangelho de Lucas se diz: “Felizes vocês pobres!” (Lc 6,20). Então, quem é o “pobre em espírito”? É o pobre que tem o mesmo espírito que animou Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que, como Jesus, acredita nos pobres e reconhece o valor deles. É o pobre que diz: “Eu acredito que o mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor”.
- 1. Felizes os pobres em espírito 1 deles é o Reino dos Céus
- 2. Felizes os mansos 2 herdarão a terra
- Felizes os aflitos 3 serão consolados
- 4. Felizes os que têm fome e sede de justiça 4 serão saciados
- 5. Felizes os misericordiosos 5 obterão misericórdia
- 6. Felizes os de coração puro 6 verão a Deus
- 7. Felizes os promotores da paz 7 serão filhos de Deus
- 8. Felizes os perseguidos por causa da justiça 8 deles é o Reino dos Céus
Mateus 5,4-9: O novo projeto de vida
Cada vez que na Bíblia se tenta renovar a Aliança, se recomeça restabelecendo o direito dos pobres e dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Nas bem-aventuranças, ele anuncia o novo Projeto de Deus que acolhe os pobres e os excluídos. Ele denuncia o sistema que exclui os pobres e persegue os que lutam pela justiça. A primeira categoria dos “pobres em espírito” e a última categoria dos “perseguidos por causa da justiça” recebem a mesma promessa do Reino dos Céus. E a recebem desde agora, no presente, pois Jesus diz “deles é o Reino!” O Reino já está presente na vida deles. Entre a primeira e a última categoria, há três duplas ou seis outras categorias de pessoas que recebem a promessa do Reino. Nestas três duplas transparece o novo projeto de vida que quer reconstruir a vida na sua totalidade através de um novo tipo de relacionamento: com os bens materiais (1ª dupla); com as pessoas entre si (2ª dupla); com Deus (3ª dupla). A comunidade cristã deve ser uma amostra deste Reino, um lugar onde o Reino começa a tomar forma desde agora.
As três duplas:
Primeira dupla: os mansos e os aflitos: Os mansos são os pobres de que fala o salmo 37. Eles foram privados de suas terras e vão herdá-las de novo (Sl 37,11; cf Sl 37.22.29.34). Os aflitos são os que choram diante da injustiça no mundo e no povo (cf. Sl 119,136; Ez 9,4; Tob 13,16; 2Pd 2,7). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com os bens materiais: a posse da terra e o mundo reconciliado.
Segunda dupla: os que tem fome e sede de justiça e os misericordiosos: Os que tem fome e sede de justiça são os que desejam renovar a convivência humana, para que ela esteja novamente de acordo com as exigências da justiça. Os misericordiosos são os que tem o coração na miséria dos outros porque querem eliminar as desigualdades entre os irmãos e irmãs. Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento entre as pessoas através da prática da justiça e da solidariedade.
Terceira dupla: os puros de coração e os pacíficos: Os puros de coração são os que tem um olhar contemplativo que lhes permite perceber a presença de Deus em tudo. Os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus, porque eles se esforçam para que a nova experiência de Deus possa penetrar tudo e realize a integração de tudo (Shalôm). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com Deus: ver a presença atuante de Deus em tudo e ser chamado filho e filha de Deus.
Mateus 5,10-12: Os perseguidos por causa da justiça e do evangelho
* As bem-aventuranças dizem exatamente o contrário do que diz a sociedade em que vivemos. Nesta, o perseguido pela causa da justiça é visto como um infeliz. O pobre é um infeliz. Feliz é quem tem dinheiro e pode ir no supermercado e gastar à vontade. Feliz é quem tem fama e poder. Os infelizes são os pobres, os que choram! Na televisão, as novelas divulgam este mito da pessoa feliz e realizada. E sem nos se dar conta, as novelas acabam se tornando o padrão de vida para muitos de nós. Será que na nossa sociedade ainda há lugar para estas palavras de Jesus: “Felizes os perseguidos por causa da justiça e do evangelho! Felizes os pobres! Felizes os que choram!”? E para mim, que sou cristão ou cristã, quem é feliz de fato?
4) Para um confronto pessoal
1) Todos queremos ser felizes. Todos e todas! Mas somos realmente felizes? Por que sim? Por que não? Como entender que uma pessoa possa ser pobre e feliz ao mesmo tempo?
2) Quais os momentos em sua vida em que você se sentiu realmente feliz. Era uma felicidade como aquela que foi proclamada por Jesus nas bem-aventuranças, ou era de outro tipo?
5) Oração final
Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro? O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra. (Sl 120, 1-2)
Quão essencial é a religião?
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Questionamento pode ser respondido sob diversas perspectivas
SÃO PAULO
Um dos itens que sempre provocam polêmica quando se discute o cronograma de reabertura são as igrejas. Quão essencial é a religião?
A pergunta pode ser respondida sob diversas perspectivas. Num plano mais teológico, supondo que exista mesmo uma entidade onisciente, benevolente e que faça questão de ser adorada por humanos, ela certamente compreenderá o momento de excepcionalidade pandêmica que vivemos e aceitará preces e orações feitas em qualquer lugar. O fiel não perderá pontos por rezar fora da igreja.
Há quem sustente que templos devem ter prioridade na retomada porque a religião e seus cultos teriam o dom de tornar as pessoas mais éticas, o que seria socialmente relevante no momento. Não há, porém, nenhuma evidência empírica de que isso seja verdade. Pelo contrário, pesquisas sugerem que a religião não é um fator relevante quando se avaliam as atitudes morais e o nível de altruísmo das pessoas.
Há, por fim, a perspectiva do bem-estar. Aqui, a ciência está do lado dos religiosos. Dados de milhares de estudos mostram uma clara correlação positiva entre frequência a templos e indicadores subjetivos de felicidade, satisfação com a vida e até de saúde e longevidade. Ocorre que a maior parte desses efeitos pode ser atribuída à rede de interações sociais positivas e frequentes que a religião promove. Por essa lógica, igrejas deveriam reabrir quando reabrissem os clubes, centros de convivência e grêmios esportivos, que também proporcionam satisfação e saúde a seus usuários.
A maior parte das autoridades religiosas mundiais parece conformada com a ideia de que os cultos só devem ser retomados quando for seguro fazê-lo. Algumas lideranças neopentecostais, porém, pressionam governantes a colocar as igrejas no alto das prioridades. Por quê? Minha hipótese é que a arrecadação dos dízimos funciona melhor ao vivo que pela internet, mas, claro, é só uma hipótese.
Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
TVs católicas oferecem a Bolsonaro “mídia positiva” na pandemia em troca de mais verbas da Secom
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A proposta foi feita no último dia 21, em videoconferência com a participação de Bolsonaro, que prometeu cuidar pessoalmente do assunto
Padres e leigos conservadores que controlam boa parte do sistema de emissoras católicas de rádio e TV ofereceram ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) “mídia positiva” para ações do governo na pandemia do novo coronavírus. Em troca, porém, eles pedem anúncios estatais e outorgas para expandir sua rede de comunicação.
De acordo com matéria do repórter Felipe Frazão, publicada no Estadão deste sábado (6), a proposta foi feita no último dia 21, em videoconferência com a participação de Bolsonaro. A reunião foi pública e transmitida por redes sociais do Planalto e pela TV Brasil. O grupo solicitou acesso ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, principalmente, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
O padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), foi bem explicito:
Ele disse que espera uma aproximação com a Secom, que tem R$ 127,3 milhões em contratos com agências de publicidade, para oferecer uma “pauta positiva das ações do governo” na pandemia da covid-19.
“A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização. Dentro dessa dificuldade, estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo. Precisamos ter mais atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem.”
O padre e cantor Reginaldo Manzotti, da Associação Evangelizar é Preciso, com rádios e TV próprias, cobrou agilidade e ampliação das outorgas. “Nós somos uma potência, queremos estar nos lares e ajudar a construir esse Brasil. E, mais do que nunca, o senhor sabe o peso que isso tem, quando se tem uma mídia negativa. E nós queremos estar juntos”, disse.
O empresário João Monteiro de Barros Neto, da Rede Vida, afirmou que “Bolsonaro é uma grande esperança”. Argumentou, ainda, que veículos católicos precisam ser “verdadeiramente prestigiados”. Barros Neto pediu não apenas mais entrevistas, como também a participação do presidente em eventos promovidos por católicos. “A Rede Vida é a quarta maior rede de TV digital do País, mas, para que possamos crescer, precisamos ter mais investimentos”, resumiu ele.
Emissoras de TV ligadas a grupos religiosos receberam, no ano passado, R$ 4,6 milhões em pagamentos da Secom por veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública.
Os católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Em 2020, emissoras de TV católicas receberam, até agora, R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com planilhas da Secom.
O encontro virtual foi intermediado pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), com a Frente Parlamentar Católica.
Já o presidente da bancada católica, deputado Francisco Jr. (PSD-GO), pediu que Bolsonaro promova, mensalmente, um café da manhã de conversa e oração com eles.
“Estamos um pouco enciumados. Nós somos a maioria e a maioria é que ganha eleição sempre”, alegou Francisco Jr., para quem as pautas da bancada “têm a cara de Jair Bolsonaro.” O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) afirmou, por sua vez, que a bancada quer fortalecer o governo. “O senhor pode contar 100% nas matérias pertinentes em apoio ao governo”, disse Garcia a Bolsonaro.
Bolsonaro prometeu tratar pessoalmente do assunto.
Com informações do Estadão
Fonte: https://revistaforum.com.br
“A Igreja Católica não faz barganhas”, afirma Nota de Esclarecimento
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Em Nota de Esclarecimento, emitida na noite deste sábado, 6 de junho, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações de caráter nacional que reúnem as TVs e rádios de inspiração católica do Brasil, informam que “não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares” como informou o jornal O Estado de São Paulo. As organizações informam também que “nem ao menos foram informadas sobre tal encontro”.
O documento esclarece ainda que “as emissoras intituladas ‘de inspiração católica’ possuem naturezas diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra por grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”.
Sobre a reunião, as organizações que assinam conjuntamente a Nota de Esclarecimento, afirmam ter recebido com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. “A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais”, diz o texto.
Veja a íntegra da NOTA DE ESCLARECIMENTO.
Sobre a reportagem “Por verbas, TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio ao governo”, com a manchete na primeira página “Ala da Igreja Católica oferece a Bolsonaro apoio em troca de verba”, do jornal O
ESTADO DE SÃO PAULO em 06.06.20, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações que reúnem as TVs de inspiração católica e as rádios católicas no Brasil, esclarecem que não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares, e nem ao menos foram informadas sobre tal encontro.
Informamos que as emissoras intituladas “de inspiração católica” possuem naturezas diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra por grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais.
Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, “que é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (Papa Francisco, EG, 176), considerando todas as dimensões da vida humana e da Casa Comum. É urgente, sim, nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados seriamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo.
Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação CNBB
RCR - Rede Católica de Rádio SIGNIS Brasil
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Domingo, dia 7. A Trindade: Um Olhar Comunitário
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Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa,
Celebramos hoje a festa da Santíssima Trindade, Essa festa não um convite para decifrar o "Mistério", que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas", mas uma oportunidade para contemplar nosso Deus, que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.
Não é fácil falar de Deus... pela sua grandeza, pela nossa pequenez e pela ideia que nos passaram na infância, de que esse "Mistério" é uma coisa difícil que não podemos entender. Esse Mistério é tão sublime que nunca poderemos compreender em plenitude,
mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento... A própria Bíblia é uma contínua e progressiva revelação de Deus. E esse Mistério só foi revelado pelo próprio Cristo.
As leituras de hoje aprofundam o tema:
Na 1ª Leitura, Moisés "sobe ao Monte", fala com Deus e intercede pelo povo, que se afastara de Deus e da Aliança. "Deus misericordioso e clemente, paciente e rico em bondade e fiel... Perdoa os nossos pecados... Caminha conosco..." (Ex 34,4b-6;8-9)
Deus de Israel é muito diferente: é Misericórdia: entende seus erros e os ama em qualquer circunstância, também quando pecam. Por isso, renova a Aliança com Israel. Deus é sempre o mistério que a "nuvem" esconde e revela: notamos a sua presença, mas sem o ver os contornos do seu rosto.
Para entrar no mistério de Deus, é preciso "subir o monte" da Aliança e estabelecer comunhão com Deus através do diálogo com ele (Oração) e da escuta da sua Palavra.
Na 2a Leitura, São Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das Missas: "A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco". (2Cor 13,11-13)
- O PAI é aquele que tomou a iniciativa de salvar os homens, destinando-os a uma felicidade eterna, na sua família;
- O FILHO é aquele que realizou essa obra de salvação, com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte;
- O ESPÍRITO, o Amor que une o Pai com o Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo.
O Evangelho revela a verdadeira face de Deus. (Jo 3,16-18)
- "Deus amou de tal forma o mundo que lhe DEU O SEU FILHO unigênito..." O Amor de Deus enviou seu Filho aos homens, tornando-se um deles.
- "Deus não o enviou ao mundo para JULGAR, mas para SALVAR". Deus ama o homem, mesmo aquele que continua pecador...
- "Quem não crê, JÁ ESTÁ CONDENADO". Segundo João, o juízo será feito AGORA pelo próprio homem, toda vez que acolhe ou recusa a proposta de salvação que Deus lhe faz.
Por que Deus revelou esse Mistério?
Com certeza, não foi para criar um problema na sua compreensão. Porque nos ama, ele revela os segredos íntimos da vida divina e nos INTRODUZ NA SUA FAMÍLIA. Ele age como um jovem que ama uma moça e, antes de casar com ela e conduzi-la à sua casa,
sente-se na obrigação de apresentá-la aos seus familiares.
Que verdade consoladora!...
- Em nós está o PAI, que nos chamou do nada, nos insuflou o sopro da vida, nos deu um nome, nos confiou uma missão.
- Em nós está o FILHO, que entregou sua vida por nós.
- Em nós está o Espírito Santo que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus. E toda essa maravilha veio até nós pelo Batismo.
Ter esse tesouro precioso dentro de nós é uma dignidade, que deve provocar em nós três atitudes:
- ADORAÇÃO: Como não dar glória, bendizer e agradecer o hóspede divino, que faz de nossa alma um verdadeiro Santuário?
- AMOR: Deus, apesar de sua grandeza, fica conosco como um pai amoroso. Como não corresponder a seu amor?
- IMITAÇÃO: O Amor nos levará à imitação da Santíssima Trindade, dentro do possível de nossa pequenez...
Por que essa Festa?
Não é tanto para desenvolver a doutrina do Mistério da Trindade, mas um momento para relembrar de onde viemos e a comunhão que devemos restaurar em nós, para sermos de fato a sua imagem e semelhança.
Somos chamados a ser reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.
Santo Agostinho e o menino que despejava o mar num buraco na areia
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Caberá o mistério da Santíssima Trindade em nossa pobre pequenez?
Andando pela areia da praia, Santo Agostinho submergia certa vez em pensamentos profundos e altíssimos que se elevavam ao céu. Entre seus raciocínios, pensava ele no mistério da Santíssima Trindade.
“Como é que pode haver três Pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo e único Deus?”
Ele avistou, de repente, um menino com um baldinho de madeira, que ia até a água do mar, enchia o seu pequeno balde e voltava, despejando a água em um buraco na areia.
Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou:
– O que estás fazendo?
O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu:
– Coloco neste buraco toda a água do mar!
Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse:
– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar neste pequeno buraco?
O anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:
– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!
EVANGELHO DO DIA-9ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 5 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,35-37)
35Continuava Jesus a ensinar no templo e propôs esta questão: Como dizem os escribas que Cristo é o filho de Davi? 36Pois o mesmo Davi diz, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor a meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos sob os teus pés (Sl 109,1). 37Ora, se o próprio Davi o chama Senhor, como então é ele seu filho? E a grande multidão ouvia-o com satisfação.
3) Reflexão - Mc 12,35-37
No evangelho de anteontem, Jesus criticou a doutrina dos saduceus (Mc 12,24-27). No evangelho de hoje, ele critica o ensinamento dos doutores da lei. E desta vez, sua crítica não visa a incoerência da vida deles, mas sim o ensinamento que eles transmitem ao povo. Numa outra ocasião, Jesus tinha criticado a incoerência deles e tinha dito ao povo: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam” (Mt 23,2-3). Agora, ele mostra uma reserva com relação ao que eles ensinam a respeito da esperança messiânica, e ele baseia a sua crítica em argumentos tirados da Bíblia.
Marcos 12,35-36: O ensinamento dos doutores da Lei sobre o Messias.
A propaganda oficial tanto do governo como dos doutores da Lei dizia que o Messias viria como Filho de Davi. Era a maneira de ensinar que o Messias seria um rei glorioso, forte e dominador. Assim foi o grito do povo no Domingo de Ramos: "Bendito o Reino que vem do nosso pai Davi!" (Mc 11,10). Assim também gritou o cego de Jericó: "Jesus, filho de Davi, tem dó de mim!" (Mc 10,47).
Marcos 12,37: Jesus questiona o ensinamento dos doutores sobre o Messias
Jesus questiona este ensinamento dos doutores. Ele cita um salmo de Davi: “O Senhor disse ao meu senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés!” (Sl 110,1) E Jesus acrescenta: “Se o próprio Davi o chama de meu Senhor, como é que o messias pode ser filho dele?” Isto significa que Jesus não concordava muito com esta ideia de um messias Senhor Glorioso, que viria como rei poderoso para dominar e se impor sobre todos os inimigos. Marcos acrescenta que o povo gostou da crítica de Jesus. De fato, a história informa que os “pobres de Javé “ (anawim) esperavam o messias não como dominador, mas sim como servidor de Deus para a humanidade.
As várias formas de esperança messiânica. Ao longo dos séculos, a esperança messiânica foi crescendo, tomando várias formas. Quase todos os grupos e movimentos da época de Jesus esperavam a chegada do Reino, mas cada um do seu jeito: fariseus, escribas, essênios, zelotes, herodianos, saduceus, os profetas populares, os discípulos de João Batista, os pobres de Javé. Pode-se distinguir três tendências na esperança messiânica do povo no tempo de Jesus.
- Messias como enviado pessoal de Deus: Para uns, o futuro Reino devia chegar através de um enviado de Deus, chamado Messias ou Cristo. Ele seria ungido para poder realizar esta missão (Is 61,1). Alguns esperavam que ele fosse um profeta; outros, que fosse um rei, um discípulo ou um sacerdote. Malaquias, por exemplo, espera o profeta Elias (Mal 3,23-24). O Salmo 72 espera um rei ideal, um Novo Davi. Isaías ora espera um discípulo (Is 50,4), ora um profeta (Is 61,1). O espírito impuro gritava: "Eu sei quem tu és o Santo de Deus! (Mc 1, 24). Sinal de que também havia gente que esperava um messias que fosse sacerdote (Santo ou Santificado). Os pobres de Javé (anawim) esperavam o Messias como o “Servo de Deus”, anunciado por Isaías.
- Messianismo sem messias. Para outros, o futuro chegaria de repente, sem mediação nem ajuda de ninguém. O próprio Deus viria em pessoa para realizar as profecias. Não haveria um messias propriamente dito. Seria um messianismo sem messias. Isto já se percebe no livro de Isaías, onde o próprio Deus vem chegando trazendo a vitória na mão (Is 40,9-10; 52,7-8).
- O Messias já chegou. Também havia grupos que já não esperavam o messias. Para eles a situação presente devia continuar como estava, pois achavam que o futuro já tinha chegado. Estes grupos não eram populares. Por exemplo, os saduceus não esperavam o messias. O herodianos achavam que Herodes fosse o rei messiânico.
- A luz da ressurreição. A Ressurreição de Jesus é a luz que, de repente, iluminou todo o passado. À luz da ressurreição, os cristãos começaram a reler o Antigo Testamento e descobriram nele sentidos novos que antes não podiam ser descobertos, porque faltava a luz (cf 2Cor 3,15-16). É no AT que eles buscavam as palavras para expressar a nova vida que estavam vivendo em Cristo. É lá que encontraram a maior parte dos títulos de Jesus: Messias (Sl 2,2), Filho do Homem (Dn 7,13; Ez 2,1), Filho de Deus (Sl 2,7; 2 Sm 7,13), Servo de Javé (Is 42,1; 41,8), Redentor (Is 41,14; Sl 19,15; Rt 4,15), Senhor (LXX) (quase 6000 vezes!). Todos os grandes temas do AT desembocam em Jesus e encontram nele a sua plena realização. Na ressurreição de Jesus desabrochou a semente e, no dizer dos Pais da Igreja, todo o Antigo Testamento se tornou Novo Testamento.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é a sua esperança para o futuro do mundo de hoje em que vivemos?
2) A fé na Ressurreição tem alguma influência na maneira de você viver sua vida?
5) Oração final
Espero, Senhor, o vosso auxílio, e cumpro os vossos mandamentos. Guardo os vossos preceitos e as vossas ordens, porque ante vossos olhos está minha vida inteira. (Sl 118, 166.168)
“O que nos salva não é a fé na missa, mas a fé em Cristo”
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Capelão jesuíta fala do significado de celebrar a Eucaristia na vida dos fiéis. A entrevista é de Arnaud Bevilacqua, publicada por La Croix International, 30-05-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Questões em torno da celebração da missa foram o foco de inúmeros debates e discussões durante o confinamento geral decorrente da crise do coronavírus. E é pouco provável que elas desapareçam tão cedo. O padre jesuíta Dominique Degoul é capelão universitário em Paris. Ele conversou com Arnaud Bevilacqua, do sítio La Croix, sobre o significado da missa na vida dos fiéis.
Eis a entrevista.
Enquanto os fiéis estão confinados fisicamente há várias semanas, como poderíamos definir o que está em jogo na relação deles com a missa?
Esta situação excepcional pode levar à pergunta sobre o significado da missa. Parece importante enfatizar que, mesmo como católico romano, o que nos salva e no que depositamos a nossa fé não é a missa, mas Cristo. A celebração da Eucaristia não é algo em si mesma; ela se orienta para Cristo: o meio usual de encontrar-se com ele e recebê-lo. A celebração é o local onde cada um de nós se comunica com a pessoa de Cristo e onde, ao mesmo tempo, a Igreja se constitui como um corpo, recebendo-o em assembleia.
Privados da missa, sentimos uma falta real. No entanto, dizer literalmente que a missa é de importância fundamental nos conduz a uma falsa sensação de entendimento; não morremos por causa dela e ninguém é condenado por Deus se não puder assistir à missa.
Se não posso receber um sacramento, Deus sempre deseja profundamente vir ao meu encontro. A missa responde a uma necessidade humana de encontro.
Os sacramentos têm um caráter encarnado, com a presença física dos irmãos e irmãs, cuja ausência sentimos particularmente quando estamos privados deles.
Na vivência da nossa fé, podemos prescindir da missa desde que Cristo se apresente como o “pão vivo”?
Para aqueles que creem, o corpo e o sangue de Cristo constituem o alimento que nutre e mantém viva a fé. Privar os fiéis, aqui, pode levá-los a uma espécie de asfixia.
Às vezes, posso ficar entediado na missa, mas se eu não for, fecho a possibilidade proporcionada pela repetição do ritual de experimentar algo inesperado.
Sem dúvida, algumas pessoas vão redescobrir uma sensação interior de conforto quando retornarem ao terreno habitual da presença de Cristo. Por outro lado, outros podem descobrir que creem um pouco mecanicamente e talvez se perguntem sobre o significado de uma prática ritual da qual, no final, não sentiram tanta falta.
Eles terão que responder livremente à pergunta que Cristo fez aos seus discípulos, depois que suas duas palavras nos discursos sobre o pão da vida (Jo 6) os escandalizaram: “Vocês também querem ir embora?”
É esta uma oportunidade de se perguntar sobre o lugar da missa na França, quando em alguns países ela pode estar disponível devido à falta de padres?
Fui interrogado por um cristão “maximalista”, para quem a comunhão frequente era uma necessidade absoluta. Apontei-lhe que, se esse fosse o caso no sentido literal, não permitiríamos que alguns cristãos na Amazônia recebessem comunhão apenas uma vez por ano.
Dito isso, somos seres encarnados, portadores de uma história. A nossa história na França, diferentemente de outros países, é aquela de uma prática religiosa muito regular há mais de dez séculos. Podemos pensar sobre isso, especialmente porque a situação é mais difícil no interior do país. Mas para os fiéis profundamente habituados – e aqui, o hábito é uma coisa boa – que frequentam a missa desde a criança, a falta dela é um fato óbvio que não pode ser apagado com o exemplo da Amazônia, onde as pessoas são forçadas a ficar sem ela.
É a compreensão do significado profundo da missa que está em jogo?
A Eucaristia permanece um mistério, uma espécie de repetição cega do que Jesus nos disse. Quando repito as palavras da consagração, me pergunto às vezes o que Cristo queria dizer. Obviamente elas são a base para a instituição de um sacramento, mas são palavras duras. “Tomai, todos, e comei: isto é o meu Corpo que será entregue por vós” e “Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue” é incompreensível e inimaginável.
Só podemos abordar o significado dessas palavras nas circunstâncias em que são ditas: pouco antes de seu corpo e sangue serem entregues fisicamente, Jesus transmite a esperança fundamental de que sua morte e ressurreição se transforem em um alimento verdadeiro para todos.
Receber o corpo de Cristo é expressar o desejo de viver no movimento de doar-se para o fim que ele mesmo teve e, no mesmo movimento, de nos doarmos pelos outros.
Na vida dos fiéis, qual pode ser o lugar apropriado da missa?
A prática religiosa não basta se no restante do tempo o cristão não se importar com a caridade. Mas ela é necessária, porque a nossa fé pressupõe lugares encarnados. Para mim, a comunhão é o sinal concreto da doçura divina. Por meio da Eucaristia, lembramos que o que é vivo e frutífero em nós não provém principalmente de nós mesmos, e que somente a ação de Cristo em nossos corações pode nos purificar e nos permitir dar o melhor.
O nosso vínculo com Cristo, recebido e fortalecido na Eucaristia, é a única fonte verdadeira de amor que podemos demonstrar; em troca, nosso amor ao próximo manifesta um amor que vem de Deus.
Desse modo, o mandamento do amor ao próximo e o mandamento do amor a Deus vêm juntos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
EVANGELHO DO DIA-9ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 4 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12, 28b-34)
28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 31Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. 32Disse-lhe o escriba: Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. 34Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas.
3) Reflexão - Mc 12,28b-34
O evangelho de hoje traz uma conversa bonita entre Jesus e um doutor da lei. O doutor quer saber de Jesus qual o maior mandamento. Hoje também muita gente quer saber o que é o mais importante na religião. Uns dizem que é ser batizado. Outros, que é rezar. Outros dizem: ir à Missa ou participar do culto no domingo. Outros dizem: amar o próximo! Outros estão preocupados só com as aparências ou com os cargos na igreja.
Marcos 12,28: A pergunta do doutor da Lei.
Um doutor da lei, que tinha assistido ao debate de Jesus com os saduceus (Mc 12,23-27), gostou da resposta de Jesus, percebeu a grande inteligência dele e quis aproveitar da ocasião para fazer uma pergunta: “Qual é o maior de todos os mandamentos?” Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar na prática a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois todas vêm de Deus. Não compete a nós introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam: “Algumas leis são mais importantes que as outras e, por isso, obrigam mais!” O doutor quer saber a opinião de Jesus.
Marcos 12,29-31: A resposta de Jesus.
Jesus responde citando um trecho da Bíblia para dizer que o mandamento maior é “amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de Jesus, os judeus piedosos fizeram deste texto do Deuteronômio uma oração e a recitavam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje, o Pai-Nosso. E Jesus acrescenta, citando novamente a Bíblia: “O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lev 19,18). Não existe outro mandamento maior do que estes dois”. Resposta breve e profunda! É o resumo de tudo que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12).
Marcos 12,32-33: A resposta do doutor da lei.
O doutor concordou com Jesus e tirou as conclusões: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito mais importante do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Ou seja, o mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o culto e os sacrifícios no Templo. Esta afirmação já vinha desde os profetas do Antigo Testamento (Os 6,6; Sl 40,6-8; Sl 51,16-17). Hoje diríamos que a prática do amor é mais importante que novenas, promessas, missas, rezas e procissões.
Marcos 12,34: O resumo do Reino.
Jesus confirma a conclusão do doutor e diz: “Você não está longe do Reino!” De fato, o Reino de Deus consiste em reconhecer que o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Pois se Deus é Pai, nós todos somos irmãos e irmãs e temos que mostrar isto na prática, vivendo em comunidade. "Destes dois mandamento dependem toda a lei e os profetas!" (Mt 22,4) Os discípulos e as discípulas devem fixar na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior do amor: não se chega a Deus a não ser através da doação total ao próximo!
O primeiro mandamento. O maior e o primeiro mandamento foi e sempre será: “amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força” (Mc 12,30). Na medida em que o povo de Deus, ao longo dos séculos, foi aprofundando o significado e o alcance do amor a Deus, foi percebendo que o amor de Deus só será real e verdadeiro, se ele se concretizar no amor ao próximo. Por isso, o segundo mandamento que pede o amor ao próximo é semelhante ao primeiro mandamento do amor a Deus (Mt 22,39; Mc 12,31). “Se alguém disser “Amo a Deus!”, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso” (1Jo 4,20). “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22,40).
4) Para um confronto pessoal
1) Para você, o que é o mais importante na religião e na vida? Quais as dificuldades concretas para você poder viver aquilo que considera o mais importante?
2) Jesus disse ao doutor: “Você não está longe do Reino”. Hoje, será que eu estou mais perto ou mais longe do Reino de Deus do que o doutor elogiado por Jesus?
5) Oração final
Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação. (Sl 24, 4-5)
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