Romance distópico encerra tetralogia iniciada com ‘Zero’ e foi motivado pelos desgovernos que marcaram a pandemia
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Evaristo vive o momento mais difícil de sua vida ao enterrar, com as próprias mãos, o corpo de sua mulher, Neluce. O mundo à sua volta vive sob uma pandemia (chamada de Funesta ou Infame) que perdura há anos e, por isso, ele não tem consciência do que é realidade, sentido e expectativa. É sob esse clima distópico que se passa a trama de Deus, O Que Quer de Nós? (Global), novo romance do escritor e colunista do Estadão Ignácio de Loyola Brandão.
Escrito sob a sombra da pandemia, o romance (que terá lançamento no dia 25, na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, a partir das 15h) reflete o incômodo do autor com a situação vivida pelo Brasil, inspirando figuras como o presidente identificado como Desatinado ou Destemperado, cujas atitudes causam desamparo, confusão e morte. E, à medida que relembra sua vida ao lado da mulher, Evaristo, isolado em seu apartamento, alterna crises de ansiedade, depressão, ternura e felicidade.
Autor de outros clássicos, como Zero (1975) e Não Verás País Nenhum (1981), Loyola mantém-se, aos 86 anos, como um mestre em criar realidades distópicas, descritas em uma trama ao mesmo tempo crítica e bem-humorada, mas sem perder o humanismo. É o que se observa na entrevista a seguir.
A pandemia mudou seu conceito sobre a morte?
Li muito sobre pestes, epidemias e mortes. O livro de Heloisa Starling (A Bailarina da Morte, escrito com Lilia Schwarcz) sobre a gripe espanhola me impressionou tanto que parei de ler, depois retomei. Era inconcebível tanta gente morrer ao mesmo tempo, caindo nas ruas e não sendo uma guerra. O horror dos campos de concentração me bateu quando visitei Dachau, na Alemanha. Inimaginável aquela indiferença diante de corpos nos fornos crematórios. O primeiro grande choque que tive com uma pessoa querida foi a morte de meu irmão José Maria, aos 7 anos, com uma meningite que o matou em dois dias. Jamais esqueço meu pai trazendo o corpo dele no colo em um táxi e entrando em casa à meia-noite, sem deixar cair uma lágrima, mas varado pela dor. Minha mãe nunca teve medo da morte, era católica, piedosa, tinha certeza de que no máximo passaria pelo purgatório, cumpriria uma pena e iria para o céu. Teve uma morte tranquila. Nunca pensei na possibilidade de morrer. Afastava o pensamento. Quando coroinha em Araraquara, eu gostava de ir com o vigário quando ele era chamado para dar a extrema-unção a alguém. Sabia que a família do morto me daria uma gorjetinha com a qual eu pagava a matinê do cinema aos domingos.
E como vê a morte?
Jovem, repórter de jornal, estava cobrindo uma greve e pancadaria na Central do Brasil. Coisa feia. Em certo momento - eu tinha 23 anos -, o fotógrafo e eu saímos na direção de um entrevero fantástico. Corremos, minha cadernetinha de anotações caiu, abaixei-me para pegar. O fotógrafo estava ao meu lado e disse: olhe para trás. Um jovem militar estava caído com uma bala na testa. A bala seria para mim, não tivesse me abaixado. A segunda vez foi em 1996, quando descobri um aneurisma e passei por uma cirurgia no cérebro. O aneurisma estava para estourar, teria me matado. Há um mês, meu olho direito fechou. Fui para o Einstein, fiquei oito dias, passei por uma infinita bateria de exames. Conclusão: eu estava à beira de um AVC avassalador e estou com diabete. A morte me acompanha - estou me acostumando? Ninguém se acostuma com isso. Quando chegará a minha vez? E sentir a indiferença do governo, ministros da Saúde impiedosos, fazendo tramoias e trapaças, corruptos, desumanos, tanto quanto aquele austríaco (Hitler) que enviava prisioneiros para os crematórios. Vivi intimamente o pânico, horror, medo, a raiva e nem sei se estarei vivo amanhã.
Mudou também sua forma de ver o amor?
Mudou no sentido de perceber como eu e minha mulher, Marcia, estivemos muito mais próximos na pandemia. Ela é muito forte, comandava a casa, colaborei no que podia, aprendi a estar junto, sentar-me na cozinha enquanto ela preparava um jantarzinho. Fui percebendo que o amor era essa cumplicidade, a lembrança dos bons momentos que vivemos juntos, os momentos que vivemos viajando, passeando, descobrindo coisas que nos ligavam, e percebendo que tínhamos muitas memórias dessa ligação, dessa cumplicidade. Amor é isso, solidariedade, estar ali ao lado, temeroso de que a companheira morresse, temeroso de que eu morresse e a deixasse só, e os filhos, netos, as vidas tinham de ser preservadas, isso era o amor, preservar a vida. E sentir a impotência de viver sem saber se daqui a pouco viria a falta de ar, o sufoco.
O atual governante (vergonha usar esta palavra) e a pandemia escorreram com facilidade do computador: vivíamos – ainda vivemos – o horror à nossa volta. Foi só usar o absurdo kafkiano, orwelliano, swiftiano, evocar vilões, gênios do mal e, quando percebi, construía uma trama diabólica
O romance fecha a tetralogia distópica iniciada por ‘Zero’. Você tinha intenção de realmente escrever essa “quarta parte” ou foi a pandemia que o estimulou?
Na verdade, nem tinha tido a ideia de uma trilogia, mas vi que havia ligação entre a ditadura de Zero e o sistema que governa o Brasil e o avassala em Não Verás. A distância entre os dois foi de seis anos. Os escândalos de gente como Sérgio Cabral, Valdemar Cordeiro, Geddel, dinheiro nas malas, corrupção desenfreada me levaram ao Desta Terra Nada Vai Sobrar (2018). E o atual governante (vergonha usar esta palavra) e também a pandemia escorreram com facilidade do computador, foi um processo automático, nem precisei usar delírio, imaginação, fantasias: vivíamos - ainda vivemos - o horror à nossa volta. Foi só usar o absurdo kafkiano, orwelliano, swiftiano, evocar vilões, magos, gênios do mal e, quando percebi, estava construindo uma trama diabólica. No meio do livro, tive a ideia de que o Brasil estava sendo conduzido para trás, os relógios girando ao contrário, fim da educação, da cultura, da economia, da ciência, das universidades, do saber, mentes dinossáuricas e, quando vi, estava na pré-história, de onde sai a resistência, comandada por quem? Pelas mulheres, e aqui misturo nomes reais, grandes pessoas, gente que fez bem ao Brasil e à humanidade. Esse retorno ao tempo atual pode demorar bilhões de anos, mas é o retorno do homem a sua sobrevivência.
Há, em seus livros, além do bom humor, uma dose de perplexidade com os rumos da civilização contemporânea. Você acredita que haverá motivo de saudade do século 21?
Cada um terá saudades de certos momentos, porque cada um de nós teve bons momentos, apesar de tudo. Um passeio, um lugar especial, uma canção, uma comida, uma paisagem, um perfume de mulher, uma visão, o rosto de uma criança, uma eleição não fraudada, um sorriso, um cheiro, uma lembrança, um gol excepcional, a cena de um filme, o rosto de Claudia Cardinale em Oito e Meio, uma planta crescendo em nossa varanda, um beijo.
O final é apocalíptico, mas exala um certo otimismo. Ainda temos esperança?
Esperança? O que é isso? Só tenho uma certeza: o homem não é suicida, ainda que, em certos momentos, vacile.
Há algum respiro no livro?
As viagens do casal principal, as comidas, os passeios, as brigas e reconciliações, a perplexidade, a ironia, o jantar de aniversário de Neluce no restaurante Manacá, do Edinho, em Camburi ao som de Libertango, a visão da Acrópole no crepúsculo de Atenas embalada por litros de Negroni, as rendas de Burano, as ginjinhas tomadas em um barzinho de Óbidos, as “chamadas na chincha” de Neluce ao marido Evaristo. Fonte: https://www.estadao.com.br
A senhora já encontrou a rainha?': O dia em que não reconheceram Elizabeth II
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Ex-segurança da monarca inglesa revela uma história divertida, ocorrida num encontro ocasional com turistas americanos
Do alto de seus 14 anos como agente de segurança da rainha Elizabeth II, Richard Griffin testemunhou bem de perto a vida da maior monarca da era moderna. Preocupações, sobressaltos e muita responsabilidade certamente foram ingredientes do dia a dia de seu ofício, lidando diretamente com a realeza.
Mas numa entrevista para Kay Burley, apresentadora da Sky News, a melhor lembrança que ele se dispôs a revelar foi bem mais pitoresca, ao comentar como era o senso de humor da soberana britânica.
Griffin contou que, como de costume, a rainha reservava o mês de maio para ir, aos fins de semana, descansar em Balmoral. Nessas ocasiões, lembra ele, Elizabeth II gostava de fazer piqueniques na hora do almoço, quando saía sempre com um segurança. Numa dessas ocasiões, ele próprio a acompanhou, e vem daí a história.
– Foi ótimo, tivemos uma boa conversa e saímos para caminhar. Normalmente, não encontrávamos ninguém nesses passeios, mas naquela vez dois turistas vieram até nós – narrou, lembrando que a rainha sempre parava para cumprimentar as pessoas.
Relembre a história da rainha Elizabeth II e do príncipe Philip
– Eram dois americanos fazendo um passeio de férias, e logo ficou claro que eles não tinham reconhecido a rainha.
Segundo Griffin, os turistas contaram animados de onde eram, para onde iam e onde já tinham estado no Reino Unido.
– Exatamente como eu imaginei, um deles virou-se e perguntou: "Onde a senhora mora?", no que ela, prontamente, respondeu: "Em Londres, mas tenho uma casa de férias do outro lado da colina".
E a história só melhora, conforme a falta de noção dos turistas se estabelece de vez, quando o ex-segurança da rainha lembra que um dos americanos emendou com mais perguntas: "Com que frequência a senhora vem aqui?".
– Sem titubear, ela disse: "Desde criança. Portanto, há mais de 80 anos" – contou o segurança, a essa altura já arrancando risos da repórter.
Veja as últimas aparições da rainha Elizabeth II
Não satisfeito, o turista, intrigado, refletiu em voz alta que, se aquela senhora frequentava o local há 80 anos, certamente ja teria esbarrado com a rainha da Inglaterra: "A senhora já encontrou com ela?".
Mais uma vez, num piscar de olhos, Elizabeth emendou: "Não conheci [a rainha], mas o Dick, aqui, sempre se encontra com ela", contou.
– O rapaz, espantado, voltou-se para mim: "Você conhece a rainha? Como ela é?". Bem, como eu já estava a serviço da rainha há tempos, sabia que podia fazer uma graça. Falei: "Ela é muito birrenta às vezes, mas tem um ótimo senso de humor".
Tomado pelo entusiasmo, o americano abraçou Griffin, entregou uma câmera à rainha e pediu que ela tirasse uma foto dele ao lado do ilustre conhecedor de Elizabeth II.
– Depois trocamos de lugar e tirei uma foto deles com ela. Mas não falamos nada, apenas nos despedimos, e a rainha comentou comigo: "Queria ser um mosquitinho para vê-lo mostrar essa foto aos amigos nos EUA. Espero que alguém diga a ele quem sou eu". Fonte: https://oglobo.globo.com
Família Real britânica anuncia a morte da Rainha Elizabeth II
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Muitas já são as mensagens de oração e proximidade das mais altas posições religiosas e políticas do país.
Vatican News
A Família Real britânica anunciou a morte da Rainha Elizabeth II, que ocorreu no Castelo de Balmoral, a residência escocesa da família Windsor. Ao seu lado estavam os quatro filhos, o príncipe Charles, com a esposa Camila, Andrew, Anne e Edward, e ainda o neto William, a quem se juntou o príncipe Harry.
A preocupação dos médicos
A notícia do agravamento da saúde da Rainha Elizabeth foi quase repentina, após apenas dois dias que uma foto oficial do Palácio de Buckingham mostrou o seu sorriso quando ela encontrou Liz Truss. Elizabeth, 96 anos, a soberana mais antiga do Reino Unido e a monarca mais idosa do mundo, vem sofrendo de "problemas episódicos de mobilidade" há vários meses. Na manhã desta quinta-feira (8), de acordo com uma nota do Palácio, os seus médicos haviam expressado preocupação, recomendando que ela fosse mantida sob supervisão médica o tempo todo.
A oração de Justin Welby
Muitas mensagens de proximidade e oração chegaram até Balmoral, primeiro de todos a do arcebispo de Cantuária, Justin Welby, que através do twitter assegura suas orações e aquelas da nação e de toda a Igreja da Inglaterra. Mensagens semelhantes vieram da nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, que foi nomeada ao cargo pela rainha na terça (6); do líder da oposição do país, Keir Starmer; e dos chefes locais de governo da Escócia e do País de Gales, Nicola Sturgeon e Mark Drakeford.
A tradicional cerimônia de troca da guarda foi interrompida no Palácio de Buckingham, enquanto a BBC mudou a sua programação para transmitir notícias atualizadas sobre a saúde da soberana.
70 anos de reinado
Elizabeth II é a rainha da Grã-Bretanha e de mais de uma dúzia de outros países desde 1952, incluindo Canadá, Austrália e Nova Zelândia. No início deste ano, em junho, ela celebrou seus 70 anos de reinado com quatro dias de celebrações nacionais.
A Rainha e os Papas
96 anos e 5 Papas saudados pessoalmente. A Rainha "inaugurou" a série com João XXIII. Era o ano de 1961 e a Igreja se preparava para o Concílio Vaticano II. Passaram-se 19 anos até o encontro com João Paulo II, em 1980. Os dois se encontraram novamente na Inglaterra em 1982 e novamente no Vaticano no ano 2000. Dez anos depois, Bento XVI saudou a monarca na Escócia em setembro de 2010, por ocasião da viagem apostólica ao Reino Unido. Menos de quatro anos depois, em abril de 2014 a Rainha veio ao Vaticano para uma audiência com o Papa Francisco. O último da série. Mas não só, Elizabeth encontrou também o Papa Pio XII em 1951 quando a futura Rainha era ainda Princesa de Gales. Fonte: https://www.vaticannews.va
7 de setembro em disputa: Grito dos Excluídos volta às ruas no bicentenário da Independência
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No mesmo dia em que Bolsonaro faz ato com as Forças Armadas no RJ, movimentos denunciam a independência incompleta
Gabriela Moncau
Convocatória do ato chama "o povo para descer das arquibancadas dos desfiles cívicos e militares e participar, ativamente, na luta por seus direitos" - Grito dos Excluídos
No próximo 7 de setembro se completam 200 anos da proclamação formal da Independência do Brasil, às margens do rio Ipiranga. Dois séculos depois, o dia parece condensar a tensão política no país às vésperas de um pleito atípico. A comemoração conta com a chegada do coração de Dom Pedro I, trazido de Portugal e exposto em Brasília; ato de tom golpista convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro; e manifestações de movimentos populares pelo Brasil.
Engrossando o caldo, a data é marcada pela 28ª edição dos atos do Grito dos Excluídos e das Excluídas, sob o eixo "Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?".
O objetivo é reverberar a voz dos que não foram incorporados a esse Brasil considerado independente. Com o tema permanente "Vida em primeiro lugar", o Grito tem marchas previstas em todo o país (confira a lista ao final desta matéria).
Desde 1995, a manifestação faz do 7 de setembro uma data de luta, exatamente pelo avesso do orgulho nacionalista que a versão militar e institucional busca emplacar. A ideia de fazer um contraponto ao "Grito do Ipiranga" surgiu há 28 anos durante 2ª Semana Social Brasileira, evento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo lema era "a fraternidade e os excluídos".
Momento crítico
"É simbólico que a gente esteja realizando o Grito no momento mais grave que o país vive desde a sua redemocratização. Questionar e refletir sobre as bases fundantes da nação brasileira tem muito a ver com o que a gente está vivendo", avalia Ângela Guimarães, presidenta da União de Negras e Negros pela Igualdade – UNEGRO e integrante da Coalizão Negra por Direitos.
:: Grito dos Excluídos e das Excluídas chega a 28 anos de luta por justiça social ::
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (1), Ângela afirmou que "a luta por liberdade e por independência nunca se completou. A construção da nossa soberania é um projeto em disputa na sociedade".
Para Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sócio Transformadora da CNBB, o bicentenário da Independência faz refletir sobre "a situação que estamos enfrentando".
"Estou pensando na situação dos povos negros, dos quilombolas, dos que estão na periferia e que ao longo da nossa história foram sempre deixados de lado", diz. "Por outro lado eu vejo o Grito dos Excluídos como um momento importante de retomarmos nossos compromissos, sobretudo com a justiça e os direitos."
"Hoje o nosso grito não vem de alguém montado num cavalo às margens do rio", atesta o bispo maranhense. "O nosso grito é também o grito do rio que está sendo aterrado e envenenado, é o grito das florestas sendo derrubadas e de tantos irmãos e irmãs que lutam por vida com dignidade."
"O nosso grito vem do nosso coração. Que está no nosso corpo. E não, com todo o respeito, de um coração que vai passando de mão em mão", completa Dom José.
"Que esse grito ecoe"
Márcia Mura, do povo Mura, de Baixo Madeira (RO) e integrante do grupo Wayrakuna, formado por mulheres indígenas, também participou da coletiva. "Nós lutamos para continuarmos livres e independentes desde a chegada das caravelas", recordou.
A indígena mura mencionou dois projetos de empreendimentos que estão, nesse momento, ameaçando o território das comunidades tradicionais em Rondônia: o de uma hidrelétrica binacional entre Brasil e Bolívia no rio Mamoré e a hidrelétrica de Tabajara, prevista para barrar o rio Machado.
"Todos que estão nesse ato podem tomar conhecimento do que está acontecendo e lutar junto contra esses projetos que são ditos desenvolvimentistas, mas que só nos trazem morte", defende Márcia. "Porque independente de esquerda ou direita, enquanto houver a política neoliberal como prioridade, nós - povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de periferia - vamos ser o alvo", afirma.
"A gente quer que esse grito ecoe pelo mundo inteiro. Não porque a gente não sabe lutar ou defender nosso território. A gente faz isso há 522 anos", salienta a Márcia Mura: "Mas essa luta precisa ser do mundo inteiro porque ao defender nossos territórios, defende-se a vida do planeta".
Confira a lista preliminar de atos no 7 de setembro:
Boa Vista (RR) às 15h na Igreja São Raimundo Nonato.
Fortaleza (CE), às 9h no Terminal da Lagoa, no bairro de Parangaba.
Maceió (AL), às 8h, Vergel/Lagoas, próximo à Igreja Virgem dos Pobres.
Teresina (PI), às 9h, embaixo da ponte Frei Serafim.
Belo Horizonte (MG) às 9h na praça Vaz de Melo.
Montes Claros (MG), às 8h30, na praça do bairro Maracanã.
Rio de Janeiro (RJ), às 15h, grupo Brilho do Samba no bar Pingo de Ouro, na Cinelândia.
Nova Friburgo (RJ), às 15h na praça do Paissandu.
São Paulo (SP), às 9h, na Praça da Sé.
Itupeva (SP), às 9h na Paróquia São Sebastião.
Piracicaba (SP), às 8h na praça José Bonifácio.
Vitória (ES), às 8h, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), campus de Goiabeiras.
Porto Alegre (RS), às 9h, na frente da Igreja São José do Murialdo, no bairro Partenon. Fonte: https://www.brasildefato.com.br
PM atira em fiel dentro de igreja após pastor pregar contra esquerdistas
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A vítima discordava da posição de pastores que, seguindo orientação nacional da congregação, pregavam contra partidos de esquerda e a candidatura do ex-presidente
Um policial militar de 37 anos atirou em um homem dentro de uma igreja evangélica, em Goiânia, na noite de quinta-feira (1º). Ambos, que são frequentadores do templo, teriam começado a discutir após um pastor pregar contra partidos e políticos de esquerda. A vítima discordava da posição de pastores que, seguindo orientação nacional da congregação, pregavam contra partidos de esquerda e a candidatura do ex-presidente Lula.
O cabo da Polícia Militar Vitor da Silva Lopes atirou na perna do “irmão” Davi Augusto de Souza, 40 anos, que foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Ele precisou passar por cirurgia, mas não corre risco de morte. Já o atirador se apresentou em uma delegacia e foi liberado após prestar depoimento.
A confusão ocorreu no templo da Congregação Cristã no Brasil, no Setor Finsocial, bairro da região noroeste da capital goiana.
Boletim de ocorrência só tem a versão de PMs que atenderam o chamado
A Polícia Civil investiga o caso. A ocorrência, registrada como agressão por arma de fogo e lesão corporal culposa (sem intenção de machucar a pessoa agredida), tem apenas as versões dos policiais militares que atenderam o chamado na igreja, de onde a vítima saiu em uma maca do Samu. Fonte: https://www.otempo.com.br
Brasileiro suspeito de tentar atirar contra Cristina já tinha antecedentes criminais, diz jornal
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Policiais isolam e vigiam área onde Cristina Kirchner sofreu tentativa de assassinato em Buenos Aires
Por Redação
Em março de 2021, foi processado por contravenção, porte de arma não convencional, em La Paternal
Segundo o jornal argentino Clarín, citando como fonte o ministro da Segurança Aníbal Fernández, o suspeito de tentar atirar contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta quinta-feira, 1º, é um homem de origem brasileira identificado como Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos.
O detido tem antecedentes criminais: em março de 2021 foi processado por contravenção, porte de arma não convencional, em La Paternal, onde um endereço é associado ao seu nome. Na ocasião, o brasileiro foi preso com uma faca em sua posse e declarou que era para sua defesa pessoal, segundo fontes de segurança.
O Clarín explica que, de acordo com os registos comerciais, Sabag Montiel está registrado como dedicado ao “serviço de transporte automóvel urbano e suburbano não regular de passageiros gratuitos; exceto através de táxis e remises, aluguel de automóveis com condutor e transporte escolar”, categoria que corresponde a motoristas de aplicativos. Ele tem um Chevrolet Prisma registrado em seu nome.
Segundo o Clarín, em março de 2021, a Polícia da Cidade abordou o brasileiro na Avenida San Martín por dirigir um automóvel, um Chevrolet Prisma, sem placa traseira. Ele alegou ser o proprietário, mas havia perdido a placa em uma batida de trânsito nos dias anteriores.
Quando ele abriu a porta do passageiro, uma faca de 35 centímetros caiu. Nesse momento, como explicou o jornal argentino, ele alegou que carregava a arma branca para se defender. Após consultas, os oficiais da Polícia registraram o auto de infração e o liberaram.
A polícia argentina prendeu um homem que tentou atirar na vice-presidente na porta da casa dela na noite desta quinta-feira. Um vídeo registra o momento em que ele aponta a arma para Cristina, também ex-presidente argentina, e e rapidamente é detido.
A tentativa de atirar contra a vice-presidente aconteceu no momento em que Cristina se aproximou da militância que estava de vigília na frente da sua casa no Bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Nos vídeos, é possível ver que Cristina se abaixa no momento que a arma é apontada. No mesmo instante, seguranças interveem e conseguem segurar o suspeito. Fonte: https://www.estadao.com.br
Dia Mundial do Cachorro: Como cuidar do pet em todas as fases da vida.
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Veterinárias respondem a dúvidas sobre cuidados específicos para filhotes, cães adultos e idosos
Um filhote pode interagir com outros cães antes de tomar as vacinas? Um cachorro adulto precisa passear todos os dias? A partir de qual idade o pet é considerado idoso?
Dúvidas e preocupações sempre rondam tutores, preocupados em oferecer saúde e bem-estar ao amigo peludo.
Ao longo do ano, datas homenageiam ou reforçam a importância dos cuidados com os pets. O Dia Nacional dos Animais é lembrado anualmente em 14 de março; em abril há o Dia Mundial dos Animais de Rua e o Dia Internacional do Cão-Guia; já o Dia do Vira-Lata é comemorado em 31 de julho, e o Dia Mundial dos Animais em 4 de outubro, também Dia de São Francisco, protetor dos bichinhos.
Nesta sexta (26) é lembrado o Dia Mundial do Cachorro. Surgiu em alusão ao National Dog Day (ou Dia Nacional do Cachorro), celebrado nos Estados Unidos, e tem como objetivo conscientizar sobre direitos e bem-estar dos animais.
Para marcar a data, o blog ouviu duas especialistas do grupo do WeVets sobre os cuidados com o pet em todas as fases de sua vida. As dúvidas são respondidas por Juliana Ferreiro Vieira, coordenadora de clínica médica, e Renata Tolezano, da equipe da coordenação de clínica médica.
Tem um filhote em casa? O que fazer? Os pets tendem a ser curiosos e vivem procurando experienciar novidades no ambiente domiciliar. O ideal é manter esse filhote sem acesso a objetos ou produtos que possam ser ingeridos ou mastigados que possam causar algum dano à saúde do novo membro da família.
Quais os principais cuidados com o filhote? Em casa, o ideal é manter um local com acesso a brinquedos, oferecer alimentação e água adequada e local para descanso como caminhas. Os filhotes necessitam de acompanhamento com médico-veterinário para realizar as vacinas, medicações e orientações sobre a alimentação mais adequada para o porte do pet.
O que ele pode comer? Os cães precisam de alimentação balanceada. Podemos alimentar com rações de boa qualidade e também fazer uso de alimentação natural, à base de proteínas, frutas etc. É importante que a decisão da alimentação e quais alimentos vão ser oferecidos sejam combinados com o médico-veterinário, pois existem frutas que são contraindicadas, como uva e kiwi, e mesmo alimentos permitidos devem ter suas quantidades avaliadas para que o cão tenha o necessário para se manter nutrido, sem excessos principalmente.
Filhote pode passear na rua ou interagir com outros animais a partir de qual idade? Os filhotes precisam de interação com outros pets e pessoas, para se tornarem mais sociáveis. Porém, é necessário que essa interação seja feita em uma idade em que o animal já tenha realizado todo o esquema vacinal para que não comprometa a sua saúde.
Quando deve ser feita a primeira tosa? O momento da realização da primeira tosa pode variar de acordo com a raça, e em algumas não tem indicação da realização. Como nesse momento o pet vai ter contato com outros, o ideal é ele já estar com o esquema vacinal concluído e sempre com orientação do médico-veterinário.
Pode tomar banho com regularidade? Os cães podem tomar banho com regularidade, porém, existem raças que demandam banhos mais espaçados com intervalo de 15 dias e até mais, sendo que os produtos devem ser adequados ao pet em específico. Então, é importante avaliar com o médico-veterinário a frequência e produto mais adequado ao seu animalzinho.
O filhote está chorando muito. O que pode ser? A comunicação dos cães se dá principalmente por latidos, eles fazem isso sempre quando querem chamar atenção ou quando estão em situações estressantes. Quando os pets apresentam esses latidos ou choros excessivos podem estar comunicando um desconforto ou alguma vontade. É importante observar e procurar assistência veterinária para uma avaliação mais detalhada.
O filhote está mordendo tudo o que vê pela frente. É troca de dentes? Um dos meios do filhote explorar o seu ambiente e objetos é através da mordedura, tornando-se um hábito da rotina dos filhotes, principalmente durante as brincadeiras. Durante a troca de dentes pode haver o aumento desse costume, pelo incomodo do processo.
Quais vacinas um filhote deve tomar? Os filhotes de cães devem receber as vacinas essenciais para doenças como cinomose, parvovirose, adenovirus e raiva. Porém, vacinas de leptospirose e parainfluenza também são necessárias, sendo que a avaliação do médico-veterinário é importante para escolher o esquema adequado ao seu pet.
Cachorro tem adolescência? Não existe especificamente uma fase chamada adolescência. A transição da fase de filhote para a vida adulta é rápida, basicamente o que define isso é a formação completa dos ossos, dentes, cartilagens e vida reprodutiva.
A partir de qual idade um cão é adulto? Depende do seu porte. Cães de porte grande e gigante, acima de 35 quilos, são considerados adultos mais cedo, com 8 meses. Mas com 1 ano de idade, independentemente do porte, todos os portes já são considerados adultos.
O que ele pode comer? Assim como os filhotes, existem rações e petiscos específicos para esta fase da vida ou até mesmo uma dieta formulada com alimentação natural, sempre com um auxílio de um médico-veterinário especializado em nutrição animal. Sempre importante consultar um profissional para saber a quantidade necessária e o tipo de ração que é mais indicada para o seu pet. É essencial escolher alimentos de alta qualidade, pois a nutrição é um dos principais pilares para uma boa saúde.
Posso dividir minha comida com ele? Idealmente não, pois a nossa alimentação não contém todos os nutrientes e vitaminas que os cães precisam. Além disso, fornecemos muitas vezes mais calorias na dieta do que necessitam receber. Os temperos da nossa comida também são perigosos, cebola e alho principalmente, que podem causar diversos malefícios à saúde dos nossos pets.
Adotei um cachorro adulto. Ele pode aprender as mesmas coisas que um filhote? Pode, sim! O cachorro adulto muitas vezes já chega na casa do novo tutor com hábitos adquiridos anteriormente. Mas o adestramento sempre pode ser realizado, as principais técnicas são de reforço positivo, as quais incentivamos com petiscos, carinhos e reforços o comportamento desejado. Existem diversos profissionais que são capacitados para adestramento e outros especializados em comportamento canino e felino, para pets que apresentem algum medo, agressividade, sinais de ansiedade etc.
Qual rotina ideal para um cão adulto? Ele precisa passear todo dia? Depende do hábito de vida dos tutores e da raça do pet. Os passeios são ótimos para socializar os cães, além de serem uma das melhores formas de atividade ao longo do dia. No caso de impossibilidade de o passeio ser realizado, é importante que mantenham atividades para o pet dentro de casa (exemplo: escondendo petiscos e ração, brincadeiras com bolinhas, tabuleiros etc), estimulando cognição e aprendizado.
Quais vacinas um cão adulto deve tomar? Existem vacinas obrigatórias e optativas. As obrigatórias são as polivalentes (V8 e V10) e a vacina contra a raiva. As optativas temos diversas, contra traquebronquite infecciosa (gripe dos cães), giardíase, leishmaniose e dirofilariose. Cada uma tem indicação de acordo com o local onde o cão vive o os hábitos de vida. A vacinação deve ser sempre realizada por um médico-veterinário e na consulta ele orientará sobre as necessidades de vacina e reforço de dose de cada uma delas.
A partir de qual idade um cão é considerado idoso? Depende do porte. Cães acima de 35 quilos já são considerados idosos com 10 anos e os de pequeno porte, até 10 quilos, com 12 anos (equivalência a 60 anos humanos).
Quanto tempo, em média, vive um cachorro? Também depende do porte do cachorro. Cães de grande porte tendem a envelhecer mais rápido, então tem uma média de vida de 10 a 12 anos. Os de pequeno porte, até 10 quilos, podem chegar a uma média de 14 a 16 anos.
Quais principais cuidados com alimentação e saúde de um animal idoso? Na fase mais sênior, os cães precisam de alguma suplementações específicas, com antioxidantes, medicações que ajudem nos processos degenerativos nas articulações. Todas as rações de alta qualidade específicas para esta fase da vida já possuem estes componentes em maior quantidade.
Cães idosos sentem mais frio? Se estiverem saudáveis não tendem a sentir mais frio. Mas é uma fase da vida onde costumam ter maior perda de massa muscular e, por isso, podem necessitar de mais fontes de calor. Sempre importante ter a avaliação de um médico-veterinário com frequência quando idosos, pois existem diversos suplementos que podem ser prescritos para auxiliar no ganho de massa ou ajudar a não perderem com facilidade.
Meu cão idoso não quer brincar ou passear na rua. Devo insistir? Ideal é não insistir, pois ele pode apresentar alguma dor, desconforto ou cansaço nesta idade. Problemas cardíacos, pulmonares, dores em articulações e coluna são comuns nessa fase da vida, mas devem ser investigados e tratados pelo médico-veterinário de confiança. Exames periódicos também auxiliam na identificam precoce dessas doenças, prolongando e melhorando a qualidade de vida dos nossos pets. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
942 crianças mortas ou feridas em seis meses de guerra na Ucrânia.
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Centenas de crianças mortas ou feridas, mas também milhares delas refugiadas em países vizinhos ou deslocadas internas. E s que fogem da guerra, correm um risco significativo de serem separadas de suas famílias, de sofrer violências, abusos e tráfico.
Vatican News
"Pelo menos 972 crianças na Ucrânia foram mortas ou feridas pela violência desde a escalada da guerra há quase seis meses, uma média de mais de cinco crianças mortas ou feridas a cada dia. E esses são apenas os números que as Nações Unidas puderam verificar. Acreditamos que o número real é muito maior".
O comentário da diretora geral do UNICEF, Catherine Russel, dá uma dimensão desta face trágica da guerra que atinge também as crianças. De fato, desde o início do conflito, 356 foram mortas e 586 ficaram feridas. 16% das que morreram, tinham menos de cinco anos.
E o maior número de mortes entre as crianças foi devido ao uso de armas explosivas, que não fazem distinção entre civis e combatentes, especialmente quando usadas em áreas povoadas, como acontece na Ucrânia em Mariupol, Luhansk, Kremenchuk e Vinnytsia, mas não só.
Como em todas as guerras, as decisões dos adultos impactam na vida das crianças, expondo-as a um risco extremo. Não existem “operações armadas” deste tipo que não envolvam o ferimento de crianças.
Mas a violência desta tragédia não se resume às crianças mortas ou feridas nos ataques, pois quase todas as crianças na Ucrânia foram expostas a eventos profundamente angustiantes.
Estima-se que 3,1 milhões de crianças ucranianas vivam como refugiados nos países vizinhos e cerca de 3 milhões sejam deslocados internos. Aquelas que fogem da violência correm um risco significativo de serem separadas de suas famílias, de sofrer violências, abusos e tráfico.
A guerra, ademais, atinge em cheio a formação dessas crianças, e não só. O início do ano letivo em pouco mais de uma semana é um forte lembrete de quanto as crianças na Ucrânia perderam. O sistema escolar ucraniano foi devastado pela escalada das hostilidades em todo o país. As escolas foram alvo ou usadas pelas partes envolvidas no conflito, resultando em famílias que não se sentem seguras em enviar seus filhos para a escola. De acordo com estimativas da ONU, 1 em cada 10 escolas foi danificada ou destruída.
Todas as crianças precisam ir à escola e aprender, incluindo aquelas envolvidas em emergências. As crianças na Ucrânia e os deslocados pela guerra não são exceção. Neste sentido, pede-se um cessar-fogo imediato na Ucrânia e a proteção das crianças de toda forma de violência. Fonte: https://www.vaticannews.va
Brasileiros abandonados no sertão
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Brasileiros abandonados no sertão
Agruras da população sem água sugerem que milhões de reais para a construção de poços aplacaram outro tipo de sede
“A falta de água não é mais um problema para o povo do nosso Nordeste”, costuma jactar-se o presidente Jair Bolsonaro em lives, tuítes e discursos de campanha. A realidade, no entanto, é outra. No sertão do Piauí, por exemplo, em pleno século 21, cidadãos ainda precisam caminhar quilômetros em busca de água para beber, cozinhar e tomar banho – e nem sempre a encontram em condições próprias para o consumo.
Uma reportagem do Estadão visitou os municípios de Oeiras, Mata Fria e Alagoinha, no interior do Piauí, e encontrou um deserto de obras para abertura de poços inacabadas, muitas delas abandonadas definitivamente. Em cidades que foram contempladas pela “força-tarefa das águas”, anunciada com pompa por Bolsonaro há cerca de dois anos, hoje há poços furados, porém lacrados ou desprovidos de equipamentos adequados para captação e transporte da água para localidades mais altas e distantes.
As condições de vida dos piauienses deveriam ser melhores. O Piauí é o Estado do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), prócer do Centrão e tido como uma espécie de chefe de governo de facto do País, tamanha a sua ascendência sobre o presidente da República. Ademais, Ciro Nogueira é “padrinho” da atual diretoria da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Muitos contratos da União com as empresas responsáveis por levar água ao sertão nordestino foram firmados por meio da Codevasf.
Mesmo como senador licenciado, Ciro Nogueira também foi responsável direto pela destinação de milhões de reais em emendas do “orçamento secreto” para aquelas localidades. Empresas dirigidas por amigos do ministro da Casa Civil foram agraciadas com recursos oriundos de emendas parlamentares. Onde foi parar tanto dinheiro público? Decerto essa dinheirama aplacou outro tipo de sede, haja vista o padecimento das pessoas que deveriam ter sido beneficiadas por esses investimentos no interior do Piauí.
Jair Bolsonaro jamais deu a devida atenção às aflições dos brasileiros mais carentes. Basta ver que todas as políticas públicas de seu governo que, supostamente, seriam voltadas aos desvalidos revelam falhas de planejamento e execução. Não raro, tornam-se focos de corrupção.
Isso ocorre porque, em geral, essas ações não são pensadas tendo como norte as necessidades dos cidadãos que dependem do Estado para ter condições mínimas para uma vida digna. São concebidas na medida dos interesses eleitorais do presidente da República e seus sócios, entre os quais Ciro Nogueira. Estão submetidas, portanto, à lógica de uma campanha eleitoral ininterrupta, quando, à luz do interesse público, deveriam ser pensadas a longo prazo.
A falta de espírito público, foco e planejamento do governo federal, para dizer o mínimo, custa muito caro ao erário. Mas é particularmente cruel por frustrar as expectativas de muitos brasileiros que há décadas convivem com os mesmos problemas. É gente sofrida que só é lembrada a cada ciclo eleitoral, como se fossem cidadãos de segunda classe. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
WhatsApp: usuários já podem sair ‘silenciosamente’ de grupos e esconder status de online
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WhatsApp: usuários já podem sair ‘silenciosamente’ de grupos e esconder status de online
Aplicativo de mensagens lança novos recursos nesta terça-feira com objetivo de dar mais opções de privacidade para usuários
O WhatsApp lança nesta terça-feira, 9, dois novos recursos aguardados pelos usuários do aplicativo de mensagens: saída discreta de grupos e esconder o status de online das conversas.
A partir de hoje, usuários já vão poder abandonar “silenciosamente” grupos de WhatsApp, isto é, sem que outros participantes da conversa sejam notificados. Segundo o aplicativo, apenas os administradores saberão da saída.
Outro recurso é a possibilidade de esconder o próprio status de “online” de outras pessoas. A novidade chega gradualmente para usuários até o fim deste mês, diz o WhatsApp.
Segundo a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, o objetivo das medidas é dar mais funções para que usuários controlem a própria privacidade.
“Continuaremos criando novas maneiras de proteger suas mensagens e mantê-las tão privadas e seguras quanto as conversas presenciais”, afirma o presidente executivo do grupo, Mark Zuckerberg, em nota.
Bloqueio de captura de tela
O WhatsApp está testando uma função que impede que seja feita a captura de tela de imagens de visualização única. Nesse formato, usuários enviam mídias que podem ser vistas apenas uma vez.
“Estamos focados em desenvolver recursos que capacitem as pessoas a ter mais controle e privacidade sobre suas mensagens”, diz em nota Ami Vora, vice-presidente de Produto do mensageiro. “Os novos recursos são uma maneira de continuarmos fiéis ao compromisso de manter a privacidade de todas as mensagens.” Fonte: https://www.estadao.com.br
Pela dignidade dos idosos.
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o Papa, ele mesmo enfrentando as agruras da velhice, alerta para o abandono dos idosos; criar políticas públicas para essa população, cada vez maior, é demanda urgente no mundo todo
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
Aos 85 anos, o Papa Francisco tem se dedicado a ressignificar o lugar do velho no imaginário coletivo, revendo conceitos e preconceitos, algo que ele já fazia antes de se tornar a autoridade maior da Igreja Católica. A diferença, agora, é que o avançar da idade, somado às fragilidades físicas decorrentes de uma cirurgia no intestino e a problemas no joelho, tem exposto ao mundo a figura de um papa debilitado fisicamente.
Em recente visita ao Canadá, o pontífice cumpriu grande parte dos compromissos de cadeira de rodas − e disse que terá de diminuir o ritmo de viagens em função da saúde debilitada. A vulnerabilidade física do papa, vis-à-vis sua ênfase ao defender o acolhimento das pessoas idosas em um mundo cuja população mais velha não para de crescer, foi tema de reportagem do New York Times. Para o papa Francisco, os idosos são as “verdadeiras pessoas novas”, considerando que a humanidade nunca viu tamanha expansão da população mais velha. “Nunca tantos quanto agora, nunca com tanto risco de serem descartados”, resumiu ele.
No Canadá, o papa falou abertamente sobre o problema do abandono, defendendo a construção de “um futuro em que os idosos não sejam deixados de lado porque, do ponto de vista ‘prático’, não são mais úteis”. E concluiu: “Um futuro que não seja indiferente à necessidade dos idosos de serem cuidados e ouvidos”.
O envelhecimento da população é uma realidade mundial que suscita respostas a diversos desafios, começando pela área da saúde e por questões previdenciárias. Mas não só. Em sociedades em que o culto à juventude também é cada vez maior, o aumento da parcela mais velha da população exige um novo olhar para os idosos e suas necessidades. A palavra-chave aqui é dignidade. E isso envolve tanto condições materiais de sobrevivência e acesso aos serviços de saúde quanto atenção e respeito, seja por parte de familiares, de cuidadores e de instituições públicas e privadas.
Projeções demográficas indicam um número cada vez maior de idosos nas próximas décadas. Nos últimos anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem divulgado estimativas de que a população global de 60 anos ou mais vai dobrar até 2050, a maioria vivendo em países de renda baixa ou média. No Brasil, não é diferente. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projetou que a partir de 2039 haverá mais brasileiros acima de 65 anos do que crianças na faixa de 0 a 14 anos.
Criar e implementar políticas públicas que deem conta da multiplicidade de demandas desse aumento exponencial da população mais velha não é desafio para o futuro. Eis uma exigência que já bate à porta de governos no mundo inteiro. Não à toa, a ONU definiu que esta é a Década do Envelhecimento Saudável − um desafio agravado pela pandemia de covid-19 e seus impactos ainda mais devastadores em pacientes idosos.
No Brasil, o IBGE estima que 10% dos habitantes, o equivalente a 21,6 milhões de pessoas, tinham 65 anos ou mais no ano passado. Para dar a devida dimensão do desafio, vale dizer que esse contingente é mais do que toda a população do Chile. Como o recorte do IBGE considera como idosa a população acima de 65 anos, ao passo que o Estatuto do Idoso adota como referência a idade de 60 anos ou mais, presume-se que a população idosa no Brasil, do ponto de vista legal, seja ainda mais numerosa.
Garantir o bem-estar dos mais velhos, no caso brasileiro, passa pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o que requer o engajamento do Ministério da Saúde, dos governos estaduais e das prefeituras. Atrasos na distribuição de fraldas geriátricas, por exemplo, comprometem a qualidade de vida de quem se beneficia desse tipo de iniciativa. Ainda mais em um país com a desigualdade socioeconômica do Brasil.
Garantir a dignidade da população idosa é dever das atuais e das futuras gerações. Do contrário, não faria sentido todo o esforço empreendido até aqui para tornar possível o aumento da expectativa de vida − o que, em boa hora, deu origem a essa “nova geração” de idosos. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Procuradoria pede ao WhatsApp que só lance megagrupos no Brasil após posse presidencial
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Ministério Público alerta que mudanças seriam retrocesso em período de 'riscos à integridade cívica e à segurança da população do país'
A Meta, dona do WhatsApp, anunciou o lançamento das comunidades, que reunirão vários grupos, e também aumentou o número máximo de integrantes em cada grupo, de 256 para 512, em vários países - Dado Ruvic/Reuters
SÃO PAULO
A Procuradoria da República em São Paulo enviou ofício ao WhatsApp instando a empresa a não aumentar o número máximo de integrantes em seus grupos de 256 para 512, como já está ocorrendo em vários países, nem lançar as comunidades, nova funcionalidade do aplicativo que permite a formação de megagrupos, antes da posse do novo presidente da República, em 2023.
Segundo a Procuradoria, o aumento no número de integrantes nos grupos de WhatsApp ou o lançamento das comunidades seriam um "retrocesso" no combate à desinformação "em um período de excepcionais riscos à integridade cívica e à segurança da população do país".
A Procuradoria deu prazo de 20 dias úteis para a empresa responder. No ofício, o Ministério Público afirma que, caso o WhatsApp não se pronuncie ou não acate a recomendação, poderá ser ajuizada uma ação civil pública contra a empresa de mensageria.
A ferramenta comunidades funcionará como um guarda-chuva abrigando vários grupos com milhares de usuários.
Será um grande grupo de grupos, que pode ter milhares de membros, com toda a comunicação criptografada. Especialistas apontam que a funcionalidade facilitará a disseminação de boatos e notícias falsas.
O WhatsApp anunciou no início do ano que só implementaria as comunidades no Brasil após as eleições de outubro. O anúncio irritou o presidente Jair Bolsonaro (PL), que queria forçar o WhatsApp a lançar a funcionalidade antes do pleito, com o objetivo de utilizá-la em sua campanha à reeleição.
A empresa não fez nenhuma promessa em relação ao início dos grupos de 512 integrantes, e tampouco prometeu segurar o lançamento das comunidades para depois da posse presidencial no Brasil.
Nos Estados Unidos, na eleição presidencial de 2020, grande parte da desinformação que culminou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro circulou após a votação, principalmente pelo YouTube. No Brasil, o WhatsApp foi o principal veículo de desinformação política na eleição de 2018.
Segundo a Procuradoria, "fluxos organizados de desinformação sobre as instituições e os processos democráticos brasileiros podem ter efeitos especialmente graves para a integridade cívica do país" no período entre as eleições de outubro e a posse, em 1 de janeiro.
Bolsonaro aposta nas redes sociais e em aplicativos de mensagem para promover a sua candidatura à reeleição. Ele tem lançado suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral e dito que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE querem limitar a atuação das redes e de seus apoiadores.
Desde 2018, o WhatsApp vem adotando medidas que reduzem a viralização de mensagens para conter a disseminação de desinformação.
Em julho de 2018, após uma onda de linchamentos na Índia decorrentes de boatos, o WhatsApp determinou que cada mensagem passaria a poder ser encaminhada não mais para 20, mas para 5 destinatários no país.
Em janeiro de 2019, após a eleição brasileira, a limitação foi implementada globalmente. Em abril de 2020, com a eclosão da pandemia de Covid, a empresa impôs mais restrições: mensagens que estivessem viralizando passaram a ser reencaminháveis para apenas um destinatário.
No entanto, no início deste ano, Mark Zuckerberg, o CEO da Meta, dona do WhatsApp, anunciou a criação das comunidades, que vai em direção contrária às medidas de combate à desinformação.
A Procuradoria já tinha oficiado duas vezes o WhatsApp no Brasil pedindo maiores esclarecimentos sobre os planos da empresa para estrear as comunidades e pedindo um estudo de impacto, mas a plataforma não se comprometeu com datas nem com o estudo.
Procurado, o WhatsApp enviou nota, afirmando: "Recebemos a recomendação do Ministério Público Federal sobre a data de lançamento de Comunidades no Brasil e valorizamos o contínuo diálogo e cooperação com as autoridades brasileiras. O WhatsApp seguirá avaliando de maneira cuidadosa e criteriosa o melhor momento para o lançamento dessa funcionalidade e apresentará sua resposta dentro do prazo estabelecido pela autoridade." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
TikTok se consolida como canal de discussão política e vira foco dos candidatos à Presidência
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Conteúdos políticos aparecem na linha do tempo do telefone de Gabriella Maria. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Gabriella Maria gostava de fazer dublagens para compartilhar com amigos por diversão e conheceu, no fim de 2019, o TikTok, um aplicativo chinês de compartilhamento de vídeos. Desde então, graças a um vídeo viral publicado, a profissional da moda de 29 anos tem um perfil com mais de 72 mil seguidores e usa a rede social todos os dias. Com uma linha de tempo personalizada conforme suas preferências, os vídeos sugeridos para ela assistir têm muito de moda, maquiagem, dublagem e política. “Eu uso o TikTok tanto para me informar quanto para diversão. Eu vejo que ele é bom para aprender pela velocidade dos vídeos”, disse ela.
Gabriella representa um perfil que se tornou alvo de presidenciáveis e atraiu as campanhas políticas para o aplicativo. A plataforma chinesa que permite a produção de vídeos de até três minutos é uma das que mais crescem no País – foi o aplicativo mais baixado em 2021 – e passará pelo primeiro teste eleitoral em 2022. Assim como quem disputou as eleições de 2020 usou o TikTok para conquistar um eleitorado jovem, os principais candidatos deste ano ao Palácio do Planalto também passaram a utilizar esse ambiente.
Em junho passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estreou um perfil na plataforma. Com pouco mais de 300 mil seguidores e 1,5 milhão de curtidas acumuladas, o petista tem um longo caminho para tentar igualar o desempenho de seu principal adversário na eleição de outubro, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mais familiarizado com as redes sociais, o candidato à reeleição tem 2 milhões de seguidores e 21,4 milhões de curtidas acumuladas em seus vídeos no TikTok. Bolsonaro criou seu perfil no aplicativo em outubro do ano passado.
Levantamento da especialista em Comunicação e Marketing da Universidade Federal Fluminense (UFF) Luiza Mello e do cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Djiovanni Marioto, feito a pedido do Estadão, mostrou que, entre 2020 e 2022, o número de curtidas nas principais hashtags movidas em apoio a Lula e a Bolsonaro – os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora – aumentou em 20 vezes.
“O TikTok é uma plataforma extremamente viral que induz ao compartilhamento de informações”, disse Luiza. “Isso é algo muito buscado numa campanha política. A linha do tempo do TikTok é alimentada pelos interesses das pessoas e não pelo conteúdo dos seus amigos. Isso aumenta a potencialidade da viralização, por isso políticos usam a rede.”
Estudo do Laboratório de Combate à Desinformação e ao Discurso de Ódio em Sistemas de Comunicação em Rede (DDosLAB) da UFF detectou 300 políticos com conta no TikTok, com 265 contas ativas que somam mais de 23 mil vídeos. Há quase duas vezes mais políticos de direita do que de esquerda na rede social. O primeiro grupo tende, estatisticamente, a acumular mais seguidores e mais curtidas.
“O TikTok é importante do ponto de vista estratégico, pois funciona como uma espécie de elo nessa cadeia produtiva”, afirmou o professor de Estudos de Mídia da UFF e coordenador do estudo, Viktor Chagas. “Há muitos vídeos sendo compartilhados externamente, principalmente no WhatsApp. O político ganha muita capilaridade.”
O grande diferencial do TikTok em relação a outras plataformas é a duração dos vídeos, com possibilidade de fazer edições, além de oferecer a opção de inserção de recursos interativos, que vão de enquetes a lives. Se antes a plataforma era de vídeos com “dança e coreografia”, hoje ela oferece informação imediata.
Ainda de acordo com a pesquisa, o TikTok foi o aplicativo que mais cresceu globalmente entre 2021 e 2022, alcançando 40% de usuários entre 18 e 24 anos, dos quais 15% usando a rede para consumir notícias. Assim, candidatos intercalam conteúdos políticos e memes.
“De eleição em eleição, a política vai migrando para as plataformas que as pessoas estão usando”, disse a pesquisadora em Democracia e Comunicação Digital Maria Carolina Lopes. “Em 2020, houve grande atenção midiática para o Instagram. Mas deverá haver uma virada para o TikTok.”
Para o professor Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo, o atrativo do TikTok é a maior presença de usuários jovens e de faixa de renda menor. “Os influenciadores que nascem do TikTok são mais negros, periféricos e nordestinos. Isso faz com que a temática que envolva essa classe apareça mais no TikTok do que no Instagram ou no Facebook”, observou Malini. Dados de pesquisa do Opinion Box de junho indicam que 88% dos que usam a plataforma são das classes C, D e E.
No TikTok, Lula e Bolsonaro compartilham trechos de discursos, usam memes e fazem “trends” – nome dado para vídeos que são “tendência”, cujo formato é amplamente reproduzido ou adaptado por outros usuários.
O petista tenta se adaptar à linguagem da rede. Um de seus primeiros vídeos traz o ex-presidente dançando “sarrada”. Ele fala, ainda, de temas de interesse do público universitário, como o Programa Universidade para Todos (ProUni).
Bolsonaro, por sua vez, concentra sua produção em recortes de discursos e lives que costuma fazer semanalmente, além de reproduzir conversas com apoiadores. “Bolsonaro se elegeu a partir de uma comunicação digital agressiva. Eleito, ele não deixou as redes. No caso de Lula, a entrada foi mais demorada”, disse a professora Luciana Panke, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Como mostrou o Estadão em junho, desde o começo do ano citações a Lula tiveram 63% mais postagens, que também passaram a ser mais vistas pelos usuários, ainda que em menor proporção – as visualizações cresceram 33% no período. Bolsonaro também viu o número de menções aumentar 40%, mas registrou 7% menos visualizações. A publicação com mais curtidas de Lula é uma trend com sua mulher, Rosângela da Silva, a Janja: 251 mil. Ao provocar a cantora Anitta, Bolsonaro conseguiu a publicação com mais curtidas em julho: 581 mil.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) dá preferência a cortes em podcasts em que discorre sobre política e economia. Ele começou a publicar vídeos em abril de 2021 e tem 197 mil seguidores. Com presença mais tímida na plataforma, Simone Tebet (MDB-MS) intercala imagens de campanha e trechos de discursos e entrevistas. Com 4,5 mil seguidores, a senadora é a única que não tem perfil verificado.
O TikTok foi uma das empresas que firmaram memorando de entendimento com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para elaborar ações contra a desinformação no período eleitoral. Cerca de 4,8 milhões de vídeos foram removidos pelo aplicativo entre o segundo trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2022, conforme a plataforma.
No Brasil, a rede social recebeu 60 solicitações de informação – 58 judiciais e duas emergenciais – envolvendo 204 contas. Ainda não houve remoção de conteúdo ou de contas no TikTok a pedido da Justiça.
Para o professor Malini, as principais candidaturas ainda dão preferência para a TV, mas a facilidade de produção e o maior número de influenciadores em comparação a 2018 podem causar um novo fenômeno.
“Pode acontecer algo inverso no TikTok: a aproximação de jovens dos políticos. Temos um número maior de influenciadores com grandes audiências, e esse pode ser o fator-surpresa das eleições”, disse Malini. “As campanhas têm de ser mais abertas para incorporar aquilo que vem dos eleitores, que se transformam em fãs.”
Concorrente chinês tem como atrativo público mais velho
Terceiro aplicativo mais baixado no Brasil no ano passado, a plataforma de vídeos Kwai, também chinesa, rivaliza com o TikTok. Com uma base de mais de 45 milhões de usuários ativos por mês no País, o Kwai concentra público acima dos 25 anos – mais velho que o do TikTok.
“A plataforma tem forte presença no Norte e Nordeste e fora dos centros urbanos”, disse o diretor do Kwai Brasil, Wanderley Mariz. Para a professora Luciana Panke, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e líder do Grupo de Pesquisa Comunicação Eleitoral (CEL), a abrangência da plataforma explica o interesse de candidatos. “Quem concorre à Presidência precisa dialogar com pessoas de todas as faixas etárias e de renda.”
Jair Bolsonaro (PL) possui 1,6 milhão de seguidores na plataforma. Ciro Gomes (PDT) tem 500 mil; Lula (PT), 180 mil; e André Janones (Avante), 160 mil. / DANIEL VILA NOVA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO. Fonte: https://www.estadao.com.br
Filhos sem limites nunca serão adultos seguros, diz autora best-seller
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Fase desafiadora é tema de novo livro de Thaís Vilarinho
Autora best-seller lança livro sobre adolescência - Arquivo Pessoal
SÃO PAULO
Porta do quarto fechada, cara amarrada, som mais alto no ouvido e fuga daquele abraço mais apertado dos pais. Para muitos, esse é o resumo da adolescência.
Mas antes de fecharmos o rótulo sobre essa fase, a escritora Thaís Vilarinho propõe aos pais refletirem um pouco sobre sua própria adolescência, medos e angústias pelos quais passaram ou ainda passam.
"Lembrar das nossas sensações passadas nos leva a olhar para o nosso adolescente com mais empatia, melhora o nosso relacionamento com ele e nos ajuda a entender as transições pelas quais ele está passando", diz a autora de Imagina na Adolescência (Buzz, 250p.)
A autora do best-seller Mãe Fora da Caixa, que originou à peça homônima, interpretada por Miá Mello, recomenda agora aos pais descobrirem seu novo lugar na vida dos filhos. E para isso, o espaço é fundamental. "Essas mudanças no comportamento deles são necessárias para que os filhos construam suas identidades e se descolem dos pais", pontua.
Apesar da liberdade, a escritora lembra que o limite permanece fundamental, afinal, os pais ainda estão educando.
"O lance é que na ânsia de não criar nenhum trauma emocional no seu filho (o que é impossível), e de seguir preenchendo a cartilha da educação perfeita, 'selo ISO 2022', o feitiço vai virar contra o feiticeiro e sua criança poderá se tornar um ser humano emocionalmente inseguro". Para Vilarinho, filho sem limite nunca será um adulto seguro.
Na casa dela, por exemplo, a porta do quarto dos filhos Matheus, 14, e Thomás, 11, pode até ficar fechada por alguns períodos do dia, mas há um combinado para sempre comerem refeições em família e longe das telas do celular.
Quando o assunto é sexo, um dos mais temidos pelos pais, Thaís prefere conversar e passar a mensagem, mesmo que veja um rosto desconfortável ou escute o famoso "tá bom, mãe". "Prefiro que ele fique sem graça e eu passe a mensagem do que negligenciar esse tema.
Vilarinho conta que o humor também ajuda a passar muitas mensagens. "Dou uma de dona Hermínia [personagem mais famosa de Paulo Gustavo, inspirada na mãe do ator] e consigo me comunicar de um jeito leve com eles. Queria ter tido essa cabeça lá atrás. O humor veio com o amadurecimento. Queria poder voltar e não levar tudo a ferro e fogo. O começo da minha maternidade foi muito duro, porque eu buscava a perfeição", lembra.
E sobre isso, Thaís também pondera. "É preciso abandonar a capacidade sabotadora que a gente tem de sempre achar que poderíamos ter feito mais [...] Jamais gaste sola de sapato correndo atrás da perfeição. Aceite que você vai errar", conclui em um dos textos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
'Situação no Brasil é preocupante', afirma OMS sobre varíola dos macacos
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Líder técnica da OMS para a doença também chamou atenção para o acesso a testes
Profissional segura tubo indicando teste positivo para a varíola dos macacos - Dado Ruvic - 23.mai.2022/Reuters
SÃO PAULO
A líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, disse em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (26) que "a situação do Brasil [para a doença] é preocupante".
"É muito preocupante para países como o Brasil [...] reportando um número significativo de casos", afirmou. Até o momento, o país conta com 813 casos confirmados da doença, segundo o Ministério da Saúde. O saldo representa um incremento de 33% em comparação com a última sexta (22), quando havia 607 diagnósticos confirmados em todo o país.
A maior parte dos casos se concentram no estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde informou nesta segunda (25) que o estado já registrou 590 diagnósticos da doença. Comparando com a última sexta, houve o aumento de 26% nos casos da doença.
A líder técnica da OMS também chamou atenção para problemas de testagem que podem afetar o país. "O que é [...] importante é o acesso aos testes."
A organização declarou neste sábado (23) que a doença é considerada como emergência pública de preocupação global.
"Nós acreditamos ser o momento deste anúncio, considerando que, dia após dia, mais países e pessoas têm sido afetados pela doença. Precisamos de coordenação e solidariedade para controlar esse surto", disse Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.
A varíola dos macacos é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola comum, doença erradicada em 1980.
Os principais sintomas da doença são febre, mal-estar e dores no corpo. Então, o quadro evolui para o surgimento de lesões na pele, sendo o contato com essas feridas a principal forma de transmissão do vírus.
O monkeypox é o vírus que causa a varíola dos macacos. Na imagem, uma imagem do patógeno capturado por microscópio Andrea Maennel/AFPMAIS
No entanto, pesquisas já reportam que alguns pacientes desenvolvem essas lesões nas regiões genitais, anais ou orais. A hipótese é que isso aconteça porque a disseminação da doença está ocorrendo principalmente por contato sexual e na comunidade de homens que fazem sexo com outros homens. A OMS, por exemplo, já indicou que cerca de 90% dos diagnósticos se concentram nessa população.
Um receio é que este cenário cause estigma a esses homens. "Estigma e discriminação podem ser mais perigosos que qualquer vírus", afirmou Adhanom.
A vacinação de populações chaves e pessoas que tiveram contato com pacientes é uma forma eficaz de evitar a transmissão, mas a expectativa é de que a vacina demore para chegar ao Brasil. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
24 de julho: Dia Mundial dos Idosos
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AVÓS E IDOSOS: “ARTÍFICES DA REVOLUÇÃO DA TERNURA”, PAPA FRANCISCO
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Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Para o segundo dia mundial dos avós e idosos, o Papa Francisco escolheu, como tema, o texto do Salmo 92, 15: “Dão fruto mesmo na velhice”. A reflexão considera, em primeiro lugar, a fecundidade generosa e criativa dos avós e idosos que, mesmo após a aposentadoria, e de ver os seus filhos autônomos e responsáveis por novas famílias, ou outras vocações, continuam a exercer uma missão humanitária e civilizatória importante e sublime para todas as gerações.
Embora a tempestade da pandemia tenha ceifado valiosíssimas vidas de nossos queridos avós, sua presença e legado torna-se cada vez mais eloquente e expressivo. Eles nos fazem lembrar que uma pessoa não vale somente pelo que produz, acúmulo de bens, ou sua força e beleza corporal, mas, fundamentalmente, pela sua sabedoria amorosa e pelos relacionamentos que cultiva.
A primazia do ser sobre o funcional, dos valores e da espiritualidade para além dos resultados e do eficientíssimo, da experiência e do testemunho de vida, para além de performances e da mera aparência. Nos ensinam, como Santo Agostinho, que nossa vida hoje é, como aquele que corre muito, veloz, sim, mas fora dos trilhos e sem saber para onde vai.
Neste tempo de mudanças ou de repensar a nossa forma de viver, eles nos ajudam a encontrar o essencial, o inegociável, que nos torna sensíveis, compassivos e atentos ao sofrimento. Feliz de quem já se acolheu ou abrigou no colo do avô, compartilhou suas histórias e narrativas cheias de colorido e beleza, ou degustou da culinária da avó, ou escutou seus conselhos e suas preces de uma fé inquebrantável.
Sim, eles, como São Joaquim e Santa Ana, são os guardiães da Aliança, da vida, do respeito pela Criação e, na sua ternura e paciência, nos educam e partilham conosco o sentido mais profundo e gratificante da nossa existência, a felicidade que o Deus amor quer nos comunicar através de seu Filho, que na sua experiência e natureza humana foi amado por avós. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br
DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS-2022
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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)
“Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92,15)
Neste domingo, dia 24, a Igreja celebra o Dia Mundial dos Avós e dos idosos. Essa comemoração, instituída pelo Francisco para celebrar os avós e idosos no mês em que a Igreja faz memória de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avôs de Jesus, tem o sentido de expressar a atenção, o respeito e o cuidado com aqueles que nos apresentam um caminho de vida cheio de sabedoria.
Desde o ano passado, por decisão do Papa Francisco, é celebrado no último domingo de julho, o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.
O Papa Francisco sempre falou de que é necessário olhar para os idosos com respeito, vendo-os como benção e não como peças a serem descartadas. Na mensagem para esse ano o Papa coloca o acento sobre a velhice. A primeira afirmação do Papa chama a atenção de que a mensagem bíblica, expressa no título de sua mensagem “vai contracorrente relativamente àquilo que o mundo pensa desta idade da vida e também ao comportamento resignado de alguns de nós, idosos, que caminhamos com pouca esperança e sem nada mais esperar do futuro”. O Papa reconhece: “Muitas pessoas têm medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contato”. É uma estação da vida difícil de entender, afirma o Papa. Mas, é preciso não só olhar para o que o mundo apresenta – “planos de assistência”, mas também “projetos de existência”. E é sempre a Palavra de Deus a nos iluminar nesse caminho, um caminho que vê a velhice “não como uma condenação, mas uma bênção”.
O Papa aponta para uma vivência espiritual de uma “velhice ativa”: “cultivando a nossa vida interior através da leitura assídua da Palavra de Deus, da oração diária, do recurso habitual aos Sacramentos e da participação na Liturgia. E, a par da relação com Deus, cultivemos as relações com os outros: antes de mais nada, com a família, os filhos, os netos, a quem havemos de oferecer o nosso afeto cheio de solicitude; bem como as pessoas pobres e atribuladas, das quais nos façamos próximo com a ajuda concreta e a oração”. Os idosos não devem ser considerados inúteis, pelo contrário, fazem parte de “uma estação que continua a dar fruto”. E fruto que contribui para a revolução da ternura, uma necessidade do tempo de hoje: “Neste nosso mundo, queridas avós e queridos avôs, queridas idosas e queridos idosos, estamos chamados a ser artífices da revolução da ternura! Façamo-lo aprendendo a usar cada vez mais e melhor o instrumento mais precioso e apropriado que temos para a nossa idade: a oração. Tornemo-nos, também nós, um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina”.
Eis o expresso desejo do Papa para celebrar esse dia: “o Dia Mundial dos Avós e Idosos é uma oportunidade para dizer mais uma vez, com alegria, que a Igreja quer fazer festa juntamente com aqueles que o Senhor – como diz a Bíblia – ‘saciou com longos dias’ (Sl 91,16). Celebremo-la juntos! Convido-vos a anunciar este Dia nas vossas paróquias e comunidades, a visitar os idosos mais abandonados, em casa ou nas residências onde estão hospedados. Procuremos que ninguém viva este dia na solidão. Ter alguém para cuidar pode mudar a orientação dos dias de quem já não espera nada de bom do futuro; e dum primeiro encontro pode nascer uma nova amizade. A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo!”.
Rezemos neste domingo por todos os avós e idosos. Aprendamos deles a sabedoria da vida e os honremos dignamente. Fonte: https://www.cnbb.org.br
As dores da mulher refugiada
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Olhar com atenção para essas mulheres é uma missão necessária e implementar políticas de acolhimento a elas, uma obrigação.
Andrea Freire, O Estado de S.Paulo
Uma simples lembrança referente à sua tortuosa jornada do Sudão do Sul a Uganda faz Dominica, 30 anos, ir ao choro. Quanto mais ela se recorda dos desafios e das mazelas da guerra em seu país de origem e dos desafios que agora enfrenta como refugiada, mais as suas lágrimas proliferam, em abundância.
Dominica tinha apenas 25 anos quando fugiu da nação mais jovem do mundo, em 2016, buscando segurança e oportunidades econômicas para si e seus quatro filhos, com idades não superiores a cinco anos. Como muitas outras mães solteiras refugiadas, Dominica deixou sua terra natal na esteira da agitação política que levou o Sudão do Sul a uma extensa guerra com seu vizinho Sudão.
A história de Dominica é somente uma entre milhões que existem no mundo todo de mulheres refugiadas que se veem sem escapatória quando guerras e outras tragédias – naturais ou humanas – atingem seus países. O que aconteceu no Sudão do Sul foi visto na Síria, observado no Iêmen e, agora, é testemunhado quase em tempo real na Ucrânia. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), já são 14 milhões de ucranianos que precisaram deixar sua casa em razão do conflito que se instalou no país – o segundo maior da Europa em extensão territorial.
O problema das guerras atinge, claro, todos os que nelas estão envolvidos, independentemente de sexo, religião, classe econômica ou faixa etária. Você pode imaginar que estar próximo de um hospital infantil lhe trará mais segurança, mas vimos na guerra na Ucrânia que não é bem assim; crianças também são vítimas de bombardeios. Ser um bilionário pode gerar um sentimento de conforto e proteção, mas em poucos dias seus bens podem ser congelados e tudo o que você tinha pode virar pó.
Mas, ainda que guerras façam todos sofrer, há aqueles que sofrem mais. Entre estes estão as mulheres. Segundo a ONU, dos cerca de 19,6 milhões de refugiados e 244 milhões de migrantes que existem no mundo, quase metade é mulher.
Em algumas sociedades, mulheres e meninas enfrentam discriminação e violência todos os dias, simplesmente por causa de seu gênero. Atividades comuns como passear na rua, coletar água ou voltar da escola podem colocá-las em risco de estupro ou abuso, o que apenas se intensifica durante conflitos e tragédias.
Dados da Fundação Observatório de Pesquisa (FOP), um think tank global com sede na Índia, mostram que na guerra entre Bangladesh e Paquistão, por exemplo, de 200 mil a 400 mil mulheres foram sistematicamente abusadas sexualmente. O número é assustador, mas não para por aí: na guerra civil de Serra Leoa, nos anos 1990, foram cerca de 60 mil. Na Libéria, 40 mil; cerca de 60 mil na antiga Iugoslávia e algo entre 100 mil e 250 mil no genocídio de Ruanda.
Mulheres vítimas do estupro como arma de guerra carregam complicações físicas e mentais para o resto de sua vida. A FOP, inclusive, destaca um relatório da Anistia Internacional segundo o qual muitas se queixam de traumas no corpo, como sangramentos contínuos, dores, imobilidade e fístula. Muitas testam positivo para infecções sexualmente transmissíveis após serem violentadas. Além disso, privação do sono, ansiedade e sofrimento emocional são comuns entre sobreviventes – e também entre familiares que testemunharam a violência.
Para muitas dessas vítimas, a superação é difícil. A começar pela falta de acesso a sistemas de apoio psicológico e emocional – que, quando existe, é limitado e graças aos esforços de entidades de ajuda humanitária. Para piorar, essas mulheres precisam continuar com sua vida e cuidar de seus filhos, uma vez que seus maridos ou foram lutar na guerra ou foram mortos nela. E tudo isso precisa ser feito, no caso das refugiadas, numa terra estranha e sem uma rede de proteção familiar e financeira.
É por isso que a assistência a migrantes e refugiados é uma empreitada que demanda esforços em múltiplas frentes. Temos visto isso aqui, no Brasil, onde um conjunto de parceiros públicos e privados tem se unido para acolher os venezuelanos que chegam ao País, muitas vezes após caminharem por centenas de quilômetros, deixando para trás tudo o que um dia já tiveram, incluindo bens pessoais, amigos, famílias e sonhos.
No caso específico das mulheres, elas comumente chegam aqui com o desafio adicional de precisarem ser, agora, as provedoras financeiras de suas famílias. Para elas, aprender um ofício e ter uma escola onde seus filhos possam estudar enquanto trabalham é tão essencial quanto arroz, feijão e um copo d’água.
Ter a vida rompida abruptamente é um golpe para qualquer pessoa e, quando acontece na casa dos milhões, como vemos atualmente no mundo, é um problema humanitário de responsabilidade de todos. Olhar com mais atenção para as refugiadas é uma missão necessária e implementar políticas públicas de acolhimento a elas, uma obrigação. Num ano eleitoral, quando mais uma vez a sociedade irá discutir como posicionar o Brasil e o país que queremos, não devemos escapar desse debate.
*GERENTE DE PROGRAMAS DA ONG VISÃO MUNDIAL Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Por que a varíola dos macacos se espalhou agora?
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Cientistas de todo o mundo buscam respostas para o surto recente e repentino de monkeypox, enquanto tentam evitar 'erros do passado' cometidos durante o início da epidemia de HIV com a população LGBT+
João Ker, O Estado de S.Paulo
Desde que extrapolou as fronteiras da África em maio, a varíola dos macacos (monkeypox) já se espalhou por 65 países e infectou quase 10 mil pessoas, diz o relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), da semana passada. No Brasil, já foram contabilizados 449 casos, a maioria em São Paulo – mas especialistas acreditam que o vírus esteja mais espalhado, em meio às dificuldades de teste e diagnóstico. A doença já foi identificada pela ciência desde 1958, mas agora médicos e pesquisadores tentam entender as causas da velocidade do novo surto e debatem a melhor forma para conter essa ameaça sem aumentar o estigma sobre os grupos mais vulneráveis ao vírus. Entre as estratégias, eles defendem campanhas de orientação focadas e vacinas.
A OMS estima que 98% dos casos de varíola dos macacos notificados em todo o mundo sejam entre "homens que se relacionam com homens" (HSH), o que engloba o grupo de gays e bissexuais, mas não se restringe a eles. No Brasil, médicos de São Paulo relatam percepção semelhante e o boletim mais recente do Ministério da Saúde aponta que essa população corresponde a 100% dos pacientes que declararam a orientação sexual na hora do diagnóstico. Ainda não se sabe o motivo de o contágio ser maior nesse grupo.
Origem
Antes, a doença estava mais restrita a áreas rurais da África central e continental. Ainda não há consenso sobre o motivo do contágio mais veloz – a transmissão sexual ainda é investigada pelos pesquisadores. A teoria mais difundida entre cientistas é de que isso ocorreu por causa de uma série de mutações no vírus, que depois encontrou na população HSH um primeiro nicho de disseminação.
Apesar do nome, a varíola dos macacos é mais comum em roedores e se restringia majoritariamente a caçadores africanos, onde é considerada endêmica. "Ela foi descrita assim pela primeira vez porque teve um surto em macacos, que adoeceram assim como nós. Não foram eles que transmitiram a doença para nós", explica Ana Gorini da Veiga, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
"Ainda não sabemos por que esse surto está mais abrangente. Pode ser por uma maior transmissibilidade do vírus, porque hoje temos maior facilidade de transporte e locomoção de pessoas...", aponta Ana. Os primeiros registros dessa nova variante vieram da Espanha e da Bélgica, mas rapidamente os sintomas pipocaram em países como Portugal, Reino Unido e nas Américas.
Um dos principais empecilhos para dimensionar o alcance da monkeypox no Brasil e no mundo tem sido a variedade de manifestações da doença e a subnotificação. Com o período de incubação do vírus podendo variar de 5 a 21 dias, os primeiros sintomas geralmente incluem febre, dor de garganta, de cabeça e no corpo (que em alguns casos leva a uma primeira suspeita de infecção por algum vírus respiratório), além de inchaço dos gânglios. Alguns dias depois, surgem as lesões na pele, com pequenas erupções que podem se espalhar pelos dedos, mãos, braços, pescoço, costas, peito e pernas.
O surgimento dessas feridas nas regiões genital e perineal (entre o ânus e o órgão genital) tem ajudado médicos a confundir a varíola dos macacos com outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis e herpes. Pacientes ouvidos pela reportagem relatam que foram medicados com antibióticos e anti-inflamatórios, na primeira consulta após os primeiros sinais da doença. Com a persistência dos sintomas, a maioria deles só foi novamente testada após insistir em um novo diagnóstico ou se dirigir a outro hospital.
Transmissão sexual?
O fato de a varíola dos macacos causar erupções próximas ao genital e se disseminar tão rapidamente entre homens gays e bissexuais tem levantado a hipótese de que essa forma da doença possa ser sexualmente transmissível. Estudos preliminares na Itália e na Alemanha encontraram vestígios do vírus no sêmen de pacientes, mas os dados ainda são poucos para afirmar se a quantidade de carga viral seria suficiente para uma infecção.
"O fato é que temos uma doença transmitida de roedores para humanos e levada para a Europa, onde se disseminou de maneira muito intensa em encontros sexuais casuais, especialmente de homens. O vírus encontrou um nicho epidemiológico, que tem a possibilidade de transmissão adequada", explica Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, infectologista e pesquisador epidemiologista da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Por enquanto, médicos e cientistas dizem que é possível afirmar com mais segurança que a principal forma de transmissão da monkeypox é pelo contato direto com lesões ou saliva de pessoas infectadas, e não pela penetração sexual, por exemplo. Nesse sentido, o uso de máscara facial é importante, assim como a higiene constante das mãos e manter distância de quem esteja com sintomas, principalmente os visíveis.
"A transmissão não é pelo ato sexual, mas tem apresentado um comportamento que mimetiza essas características. Já temos casos, por exemplo, de alguém que teve a doença sexualmente e transmitiu para uma segunda pessoa do mesmo domicílio de outra forma", aponta Fortaleza. "Ao mesmo tempo, ignorar que ela tem se comportado como uma IST pode fazer com que a gente não dê as orientações necessárias para determinado grupo prioritário."
Sem erros do passado
Esse comportamento singular da monkeypox e sua associação ao ato sexual têm impulsionado queixas de parte da comunidade LGBT+, que encara os alertas específicos para "homens que se relacionam com homens" como uma forma de renovar o estigma criado há décadas sobre esse mesmo público desde o surgimento do HIV. Entre a comunidade médica e científica, essa mesma preocupação de reforçar estereótipos está "no cerne da questão", como aponta o epidemiologista Fábio Mesquita.
"Não queremos cometer os mesmos erros do HIV. Na época, nossa ignorância era muito grande. Olhamos só para o número de casos como se fosse necessariamente associado a uma comunidade", observa ele, que já foi diretor do então Departamento de Doenças de Transmissão Sexual, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e hoje está baseado em Myanmar como membro do corpo técnico da OMS.
E qual seria a forma correta de alertar a população de risco sem cair na estigmatização ou até culpar a comunidade pelo espalhamento do vírus? "É dizer que, nesse momento, a comunidade precisa ficar atenta, porque está disseminando de forma importante", aponta Mesquita. "Mas também precisamos frisar que não há evidência científica de que a monkeypox ficará restrita a ela (comunidade LGBT+)."
Quem concorda com essa visão é David Uip, infectologista e secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de São Paulo. Ao Estadão, ele disse acreditar que "informação clara, correta e científica" é o melhor caminho para contornar o preconceito e criar a conscientização necessária tanto no grupo de risco como na população em geral, evitando o que categoriza como "a catástrofe do ponto de vista médico, epidemiológico e social" vista no enfrentamento do HIV.
"Você tem de se prevenir com o que temos de informações disponíveis, sem gerar pânico", aponta Uip, que esteve na linha de frente do combate ao HIV quando a doença explodiu no Brasil, em 1980, e foi inicialmente batizada de "peste gay". "(A monkeypox) não é uma doença letal, pelo menos no momento, mas as pessoas estão muito sintomáticas e sofrendo demais."
Vacinas
Outro paralelo que Uip estabelece entre a monkeypox e o HIV é a falta de vacinas específicas e duradouras para essas doenças. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, onde a imunização contra a varíola dos macacos já começou, são usadas doses inicialmente desenvolvidas para a varíola humana (smallpox), distribuídas especificamente para a população HSH e com estoque bem aquém do necessário.
"Eu aproveitaria esse momento e encontraria mais informações sobre a monkeypox. Passaram-se 40 anos e ainda não encontramos a vacina para o HIV. O paciente tratado tem outra vida. O que resta, por enquanto, são medicamento e informação", diz.
Por ora, a aquisição de vacinas contra a varíola dos macacos não é uma realidade para o Brasil e nem para a maioria dos países em que a doença já foi encontrada. Questionado ao longo das últimas semanas, o Ministério da Saúde limitou-se a dizer que segue desde maio em tratativas com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a quem atribui a responsabilidade da distribuição de doses. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
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