Padres ornamentados: o que isso nos diz?
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“Meu Deus, não sei se fico mais assustada com as notícias da lava-jato e da administração Temer ou com o tanto de postagens mostrando os panos e adereços religiosos que meus alunos e ex-alunos de teologia redescobriram nos armários das paróquias! Batina, capa, túnica, sobrepeliz e até barrete! O brega voltou à moda; tornou-se fashion! Não me envergonhem, alunos meus! A teologia que vocês aprenderam nos dois institutos onde leciono não ensinou vocês a revirarem os armários em busca de modelitos religiosos, mas a revirarem as entranhas do coração em busca da misericórdia… Meu Deus, onde foi que erramos?“, pergunta Solange do Carmo, professora de teologia na PUC de Minas, em comentário reproduzido por por Observatório da Evangelização, 19-04-2017.
Eis o artigo.
Ao longo da Semana Santa, circularam pela internet reflexões profundamente críticas sobre os diversos paramentos utilizados na liturgia por alguns presbíteros e seminaristas. Pela importância do conteúdo discutido, disponibilizamos no Observatório da Evangelização a polêmica causada a partir do desabafo da professora de teologia da PUC-Minas, Solange do Carmo, na expectativa de provocar e enriquecer o debate travado nas redes sociais. A forma de vivenciar a dinâmica dos acontecimentos se transformou profundamente nesse mundo cada vez mais conectado por meio das redes sociais. Uma avalanche diária de notícias, selfies, fotos, vídeos, seguidos de inúmeros comentários e curtidas se espalham com fantástica rapidez. A vivência da religião não escapa dos registros on line. Cada rito, cada gesto, cada olhar, em seus múltiplos ângulos, passa a ser registrado, transmitido e contemplado pelos presentes e, virtualmente, por um incontrolável número de pessoas nas redes sociais. O que é registrado está a provocar reflexões diversas sobre o sentido, o significado ou mesmo sobre a coerência entre o que é celebrado e a sua composição estética. Por exemplo, padres ornamentados: o que nos diz?
Diante de inúmeras imagens de padres ornamentados, como essas acima, divulgadas nas redes sociais, a teóloga Solange Carmo não se conteve; reagiu criticamente e publicou a seguinte postagem em sua rede social:
“Meu Deus, não sei se fico mais assustada com as notícias da lava-jato e da administração Temer ou com o tanto de postagens mostrando os panos e adereços religiosos que meus alunos e ex-alunos de teologia redescobriram nos armários das paróquias! Batina, capa, túnica, sobrepeliz e até barrete! O brega voltou à moda; tornou-se fashion! Não me envergonhem, alunos meus! A teologia que vocês aprenderam nos dois institutos onde leciono não ensinou vocês a revirarem os armários em busca de modelitos religiosos, mas a revirarem as entranhas do coração em busca da misericórdia… Meu Deus, onde foi que erramos?“
Essa provocativa postagem da professora, doutora em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE, suscitou imediatos comentários. Muitos endossaram a crítica da teóloga:
“Suas palavras me representam Solange Carmo. Ah, meus ex-alunos, onde foi que erramos?” (Tereza Pereira); “São as famosas teologias do pano e da fumaça…” (Harrison Saraiva); “Pena que nos bastidores das aulas sempre o assunto foi os panos, sem contar que muitos já faziam seu guarda-roupa antes mesmo de ordenar, essa sempre foi a preocupação. Ainda com brincadeiras ‘quem vai segurar minha capa de asperge?’ Talvez a vestimenta consiga prender a atenção, porque penso que o discurso deve ser uma tristeza. Pena mesmo.” (Dener Souza); “Não sei se a pergunta sobre o erro cabe a vocês professores, Solange Carmo. Afinal muitos passam pelos bancos de escolas e faculdades como patos. Dentro da água, mas com penas secas. E por falar em penas é de dar pena.” (Helder Alvarenga); “É um vazio de sentido, amiga Solange Carmo, o que precisa ser coberto e enfeitado. Ele precisa do disfarce. Eu acompanho você no assombro quanto aos atores, mas acrescentaria ainda o gosto dos espectadores desse espetáculo religioso. Espiritualidade se constrói no silêncio, no serviço, na nudez… Espiritualidade do espetáculo, da mera exterioridade. Quem ainda precisa disso? (Flavio Senra); “… e isso das vestes, ‘dos panos e adereços’ é ainda mais gritante quando as palavras e gestos litúrgicos fazem memória de um esvaziamento, de um despojamento e de um desnudamento supremo, que é o de Jesus na entrega de si à morte. Vê-se que o exterior, o que aparece, é a negativa da fé que se professa com boca. É um Frankenstein religioso.” (Tânia Mayer); “Algumas vezes, já pensei em fazer uma postagem com ideias semelhantes as que você expressou aqui… Meu facebook está quase congestionado com tanta foto da semana santa postada por padres e seminaristas… Estou percebendo que os religiosos de dioceses dos interiores dos estados são mais propensos à teologia dos panos e das fumaças…” (Renato Alves de Oliveira); “Parece que o fenômeno é complementar às duas realidades: de um lado os desafios impostos pelo cenário político/ social pelo qual passamos gera tamanha angústia que a válvula de escape seja a ‘facilidade’ dos panos, muitos adereços e pouca reflexão e comprometimento. Não vi ainda nestas postagens, em nenhuma até agora, uma arte, algo que faça refletir, uma profecia a denunciar a opressão pela qual passamos, a realidade crua & nua despe o Cristo, com a desforra dos direitos dos pobres & as sacristias tentando aliviar, camuflar com panos, em verniz a esconder a dureza mesma da realidade.” (Juliano Coelho Lopes); “Concordo completamente com você, SolangeCarmo. Convido aos embatinados a virem passar alguns dias comigo no Mato Grosso e rezar cinco missas no domingo. Tenho certeza que trocarão a batina por uma veste mais sóbria. E tenho certeza que as comunidades os amarão não pela veste, mas pela prédica e pela acolhida!” (Wenderson Nascimento).
Alguns inclusive, em sintonia com as críticas do Papa Francisco, mostraram que essa realidade explicitada na Semana Santa seria apenas um reflexo da situação eclesial que precisa ser urgentemente repensada, com toda seriedade: a formação que está sendo oferecida nos Seminários para os futuros presbíteros da Igreja:
“Tenho a mesma preocupação que você e não é de hoje. Lembro-me de você fazendo uma palestra aos bispos do regional Leste II que estavam em assembleia na casa de retiro São José. Na ocasião foram convidados seminaristas e formadores. Sua fala lúcida, realista e cirúrgica sobre os novos pastores e seu comportamento, sobre aqueles que mamavam nas tetas da pecadora, mas também santa igreja, arrancou gargalhadas de muitos, parecia um show de stand up. Pessoas rindo de si mesmas. Foi um absurdo. Alguns de nós, compactados com aquela fala que não tinha a menor graça, fomos censurados por não rir. Parecia certos problemas familiares que a gente sabe que existem, mas devem ficar só em família. Nos institutos se estuda filosofia e teologia (formação intelectual), nos seminários, a formação humana, espiritual e, no contato com o povo, aprende-se a ser servidor, hipoteticamente. A falta de autonomia em alguns seminários produz gente de todo tipo, mas sem dúvidas o melhor dentre eles é aquele que menos questiona, ou melhor, nunca questiona. Quando alguns se ordenaram diziam suspirando: ‘Graças a Deus, estou livre!’ Viviam num cárcere… o problema é bem maior. Nossos filhos são o resultado da ‘comida’ que damos a eles. Mas toda família tem um filho deserdado. Creio que, de todo processo de formação, a parte menos responsável seja o Instituto e seus professores. Esta casa formou bons cristãos, dentre eles alguns padres. Tenho amigos que ontem celebraram o dia da instituição do ministério presbiteral com clareza e convicção do seu serviço à igreja, povo de Deus, mas muitos que receberam de presente um reforço dessa onda conservadora que ronda. Não os culpo, pois a cada dia que passa, vejo gente despreparada trabalhando na formação do clero. Precisa-se de sangue novo, vinho novo, ou seja, diferente do perfil que se estabeleceu como certo.” (Antenor Silva Santos Junior); “Por um lado, há um ‘aburguesamento’ na formação, seja para a Vida Religiosa, seja para o clero secular. A maioria dos jovens é das camadas mais humildes da sociedade, entram se apossando de todos os confortos possíveis (& até impossíveis), carros, casa, lavadeiras, passadeiras, serviçais… estudos pagos pelas instituições. Há pouco fui convidado por uma congregação para um almoço, deparei com a seguinte conversa de um formando: ‘o quê? Só porque é sexta-feira da paixão eu sou obrigado a comer ovo frito no almoço!?’ O mesmo disse que iria comer na casa de uma paroquiana que tinha bacalhau no cardápio. São em atitudes assim que vemos o distanciamento da igreja para com a realidade crudelíssima que passa o Povo. As homilias são vazias de sentido, a linguagem revela este abismo. Por outro lado, há uma plateia adepta a esta ‘casta’ de clérigos. Mas tanto este perfil de clérigos quanto o perfil da plateia adepta, vemos que retirando-se as casulas, as alvas & sobrepeliz, sobram o vazio do descompromisso. Acabou a missa, lavo minhas mãos. Ademais surge também por entre estes mesmos personagens uma falsa moral, quando livres de suas obrigações religiosas, só Deus sabe o que estão aprontando.” (Juliano Coelho Lopes); “Há um número significativo de seminaristas e religiosos que insistem numa Igreja pré-moderna e pré-Vaticano II. O clericalismo tem várias características, e uma delas são os excessos das vestes litúrgicas, bem como hábitos e roupas clericais. Os que assim procedem, de modo geral, escondem certas patologias que precisam ser tratadas. Se os bispos fossem mais ousados expulsariam muitos destes do seminário. Mas o que ocorre é que muitos bispos sofrem do mesmo mal. Todos, sem exceção, se encontram na contramão do evangelho. Jesus abominou essa hipocrisia.” (Thiago de França)
Do mesmo modo, as reações contrárias à reação crítica de Solange Carmo também se manifestaram com forte alarido:
“Como se panos e adereços impedissem as entranhas do coração a buscar misericórdia…” (Leandro Cunha); “Erramos quando pensamos que a liturgia/ teologia só pode ser verdadeira e eficaz quando ela eh celebrada segundo nosso ‘querer’ e visão particular…” (Fernando Fagundes); “Orgulho em saber que existem jovens sacerdotes que estão lutando pra manter a tradição litúrgica da igreja de pé . Orgulho em saber que o pontificado de Pio XII e Bento XVI estão dando frutos. Se pudesse daria meus parabéns pessoalmente a seus ex-alunos. Que com a força e a bênção de Deus surjam cada dia mais padres dispostos a manter viva a tradição litúrgica de celebrar dignamente os santos mistérios usando os paramentos os quais a igreja permite e orienta que sejam usados em seus documentos litúrgicos.” (Danillo Abreu Alves); “Não é revirar armários. Mas o gosto por preservar a tradição e a beleza da liturgia bem celebrada. Não é necessário despir-se do belo e do tradicional para estar com o povo. A beleza sacra e o serviço do povo podem caminhar juntos. Bento XVI e seus frutos que agora nascem. Obrigado Santo Padre e que tenhamos coragem de assim como católicos intenderem que o marxismo não pode caminhar na Igreja como já afirmado por tantos Papas. Parabéns as estes ex-alunos que não se deixaram contaminar com o secularismo desenfreado e com a corrupção da fé nos ensinos teológicos. Obrigado a vocês que revirando os armários da Igreja estão redescobrindo a beleza do Sagrado.” (Reginaldo Bastos); “Não concordo com seu comentário minha professora… A veste talar é uma indumentária clerical e nos tempos atuais é fonte ‘de Evangelização’, precisamos nos dias atuais sermos cristãos verdadeiros que assumimos a Verdade de Cristo que morre e Ressuscita para nos a dar vida… Uso com amor!!!” (Edivan Cardoso); “Duras palavras, professora! Em parte, bastante pertinentes. De outro lado, bem generalizadoras e que acabam, de certo modo, por ferir a imagem daqueles Sacerdotes comprometidos com a sua vocação e com a salvação das almas, que fazem uso dos sagrados paramentos (expressamente recomendados nas normas litúrgicas em vigor e que, inclusive, são todos usados pelo Santo Padre) não por vaidade, mas por zelo litúrgico. Andamos numa linha entre assumir posturas relapsas, que expressa a falta de amor pelo Sagrado por parte de muitos sacerdotes, bem como no exagero que vem da “pompa”. Tudo o que a senhora disse é verdadeiro, vergonhoso e doloroso. Também compartilho de tais pensamentos, que “os panos e incensos” são utilizados de forma errônea por não terem como fim o zelo pelo Sagrado e pela vocação. Mas também é bem verdade que não são peças de museu, são indumentárias próprias dos ministros ordenados, segundo as determinações em vigor na Igreja. O “sapatinho vermelho” do Papa pode até ser um detalhe… Mas ele continua usando sua tradicional batina, com todos os paramentos que lhes são próprios, de acordo com a posição que ocupa dentro da hierarquia, sem fazer deles sinal de vaidade. Por isso, generalizar é sempre um perigo. Nem todos são iguais. (Giovanni Morais).
Na liberdade da reflexão crítica e autocrítica, a professora Solange Carmo, diante das reações contrárias, ofereceu a seus alunos, ex-alunos e tantos outros que entraram na conversa, uma resposta ainda mais provocante e que alimentou o horizonte do debate:
“Eu não acuso vocês de nada. Nem falei para ofender, mas não posso me calar diante do que tenho visto. Não duvido da reta intenção de vocês, mas devo esclarecer alguns equívocos.
1) O uso dessas vestes não é sinal de amor à liturgia e muito menos um sinal do Evangelho. Ao contrário: é sinal de ostentação e de poder sacro. Jamais se vê nos Evangelhos qualquer indicação de que as vestes seriam sinal de conversão para o povo. Ao contrário, o despojamento, a renúncia aos privilégios e a simplicidade são sempre indicados como sinal do seguimento de Jesus. Eu não encontro nos Evangelhos a seguinte frase: “Nisso conhecerão que sois os meus discípulos, se vestirem vestes glamourosas e pomposas para vossas liturgias”. Não. disse Jesus que o sinal do Evangelho é o amor. “Nisso conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei”.
2) Veste talar, como vocês gostam de dizer, são antigas peças de museu que fizeram parte da história da Igreja durante um tempo de sua história quando ela esteve atrelada ao poder. O presbítero – um nobre da corte – se vestia como era costume dessa classe social naquela ocasião. Hoje isso é simplesmente descabido.
3) Em tempos de Francisco, ressuscitar tais vestes é um despropósito e fazê-lo na Semana Santa é um acinte ao mistério celebrado. Olhemos para o Cristo nu na cruz. Aquele paninho que tampa suas partes genitais foi posto pela caridade cristã. Ele morreu nu, desvestido de tudo, inclusive do apoio da religião de seu tempo. E não há liturgia maior que a liturgia da cruz. Certamente o presbítero não vai celebrar pelado, mas vai aprender com o desapego do Nazareno a se vestir com discrição e simplicidade.
4) Outra coisa, para quem diz que isso é tradição, seria bom perguntar: Tradição de que tempo? Das origens cristãs não é, com certeza. Vocês gostam tanto de apelar para a Tradição. Pois bem, apelemos! Voltemos às comunidades cristãs originais. Já pensou o presbítero ou ancião celebrando com tais vestes naquelas catacumbas fedidas? Ah, voltemos a Pedro, a pedra da Igreja. Já pensou o pescador do lago de Nazaré com essas roupas? Sejamos razoáveis por amor à Tradição cristã.
5) Por fim, permitam-me dizer. Tais vestes, infelizmente, não servem ao altar mas àqueles que as portam. Elas projetam o presbítero, colocam-no num pedestal imaginário; criam uma eclesiologia totalmente deformada da fé cristã mais genuína e – pior – servem para esconder muitas perversões. Vejam só os exemplos dos fundadores de comunidades e congregações neoconservadoras que têm estado sob investigação, com a presença de um comissário de Roma. Quase todos esses foram considerados culpados de assédio, pedofilia ou de roubo; e tem até assassinato na lista. Será que queremos seguir esse caminho? por esses dias mesmo, um amigo meu me disse que, estando num bar reconhecidamente LGBT para comemorar aniversário de uma amiga, viu por lá muitos seminaristas. Nada demais se se comportassem como deve um cristão, mas não: mostraram conduta moralmente reprovável. Na semana seguinte, estavam fazendo longas procissões ostentando belas vestes, batinas, sobrepeliz, capas (será que esqueci alguma veste talar?). Vocês podem rebater duvidando da conduta de meu amigo, dizendo que ele não pode falar pois também estava lá. Só pra esclarecer: meu amigo não é seminarista, nem padre, nem fez opção pelo celibato. Mesmo assim é mais casto que muitos que estão encobertos por esses panos. Será que é isso o Evangelho? Será que a cultura da hipocrisia é o que move os que se dizem cristãos? É bem verdade que os que não sustentam longas vestes estilisticamente perfeitas e se vestem de túnicas amarrotadas e puídas também não estão isentos de tais contradições, mas pelo menos não usam as vestes sacras para se projetarem nem se escondem atrás do amor à liturgia.
Eu lamento se decepciono alguns alunos e ex-alunos, mas é um abuso com o povo e com a fé cristã o que estamos vendo por aí. O Evangelho se esvazia de sentido tanto mais nos enchemos de apetrechos e tentamos ressuscitar esses costumes já ultrapassados (não é Tradição). Pode parecer que isso agrada ao povo, mas esse é um emburrecimento dos leigos. Um leigo minimamente razoável acha graça disso; e tais cenas viram motivo de chacota na internet. Eles veem isso como uma alegoria de carnaval, não como sinal do Evangelho. Aliás, até o papa Francisco falou isso em relação ao sapatinho vermelho. Façamos como o papa Francisco: menos vestes, menos glamour; mais amor e acolhida do Evangelho e dos pequeninos do Reino!
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Arcebispo da Paraíba convoca Greve Geral: “Vamos Parar o Brasil”.
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A Greve Geral que deve paralisar o Brasil próxima sexta-feira, 28, ganhou reforço de membros da igreja Católica. Na Paraíba, o arcebispo dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que foi anunciado pelo Vaticano no início do mês passado como novo arcebispo do estado, gravou uma mensagem convocando a população para participar das manifestações contra a reforma da Previdência.
“Sabemos que esta reforma implica em tirar direitos adquiridos dos trabalhadores e assegurados na Constituição de 1988”, diz com Manoel. “Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando”, afirmou o arcebispo.
Em março, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), chegou a emitir uma nota aprovada em seu Conselho Permanente sobre a reforma da Previdência. O documento afirma que a seguridade não é uma concessão governamental, mas sim direitos sociais conquistados com intensa participação democrática.
“Em nossa opinião, trata-se do desmonte da Previdência Pública e da retirada dos direitos trabalhistas garantidos pela CLT. Por isso, conclamamos todos, neste dia, a demonstrarem o seu descontentamento, ajudando a paralisar o Brasil”, diz trecho de nota conjunta divulgada por entidades.
Além de Dom Delson, quem também está engajado nos preparativos do “Vamos parar o Brasil”, é Dom Genival Saraiva de França, atual administrador apostólico da Arquidiocese da Paraíba. Na última quarta-feira (20), ele esteve reunido com integrantes da Frente Brasil Popular na Paraíba, discutindo detalhes do protesto.
Jesuíta é sequestrado na Nigéria
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O padre jesuíta nigeriano Samuel Okwuidegbe foi sequestrado no dia 18 de abril na Nigéria, em uma estrada que liga as cidades de Benin City e Onitsha, no sul do país. A reportagem é de Loup Besmond de Senneville e publicada por La Croix, 20-04-2017. A tradução é de André Langer.
Diretor de um centro de espiritualidade em que mora junto com outros três confrades, o padre de 50 anos estava indo à cidade vizinha, situada a 150 quilômetros de distância, para pregar um retiro. Seu carro foi encontrado pela polícia, que segue as buscas para encontrar o religioso.
“Neste momento, não temos muitos detalhes”, explica o padre Rigobert Kyungu Musenge, secretário regional dos jesuítas para a África e Madagascar. “É a primeira vez em muitos anos que um padre da Companhia de Jesus é vítima de um sequestro na região”. Duas outras pessoas foram sequestradas junto com ele. “Nós acreditamos que ele não esteve na mira por ser padre”, continuou.
Sequestros de quadrilhas armadas
Até a quinta-feira, 20 de abril, o sequestro não foi reivindicado por nenhum grupo. Na região, os sequestros por quadrilhas armadas que exigem resgates para libertar seus reféns, não são raros. “É bem provável que esse seja desprezível. Esta estrada é particularmente perigosa, desse ponto de vista”, nota um observador ocidental que mora no país.
Em julho de 2016, o presidente da Associação dos Padres Diocesanos da Nigéria, o padre Sylvester Onmoke, mostrou preocupação com a amplitude do fenômeno do sequestro de padres ligado, segundo ele, “à corrupção e à sede de dinheiro que afligem a sociedade nigeriana”
Em junho de 2016, o padre John Adeyi, sequestrado dois meses antes a 300 quilômetros ao sul de Abuja, a capital nigeriana, foi encontrado morto perto da aldeia em que foi sequestrado. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Misericórdia, Fé e Perdão
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
O II Domingo de Páscoa é o Domingo da Misericórdia, instituído pelo Papa São João Paulo II. O antigo domingo “in albis”, ligado à tradição batismal, agora está mais centrado na questão do perdão dos pecados, como bem anuncia o Evangelho: aparecendo aos Apóstolos reunidos no Cenáculo – no domingo da Ressurreição –, Jesus disse: “Recebei o Espírito Santo, àqueles a quem perdoardes os pecados, os pecados lhes serão perdoados; àqueles a quem não perdoardes os pecados, os pecados não serão perdoados”. (Jo 20,22)
Esse domingo já nos coloca no ritmo dominical: a cada oitavo dia os discípulos de Jesus se reúnem, e Ele permanece no meio deles trazendo a paz. Aparece com clareza que Jesus Ressuscitado se manifesta na Assembleia dominical. Nestes dois primeiros domingos aparecem a alegria do perdão e a importância da fé.
No Plano da Salvação, o Pai enviou o Filho para o perdão dos pecados; e o Filho enviou a Igreja. Ele quis que o perdão dos pecados fosse dado não de maneira vaga e abstrata, mas de maneira concreta, pelos ministros da Igreja, os sacerdotes do Senhor. Por isso, o sacerdote, ao perdoar nossos pecados, diz: “Pelo ministério da Igreja… eu te absolvo de todos os teus pecados”. Que alegria saber que o Sangue precioso do Senhor derramado na Paixão lava a nossa alma de todos os pecados. Não há misericórdia maior; não há amor mais profundo; não há certeza mais firme de perdão.
Este II Domingo da Páscoa, conhecido como “Domingo In Albis”, isto é, “Domingo Branco” antigamente com a tradição batismal, atualmente muitas pessoas recordam o dia da sua Primeira Comunhão, ou da sua Comunhão Solene. Isso porque, anos atrás, era nesse dia que se celebrava, preferencialmente, a primeira comunhão das crianças. Era uma bonita forma de ligar a Eucaristia à Páscoa, completando, dessa maneira, a alegria pela ressurreição de Jesus.
Atualmente no II Domingo da Páscoa, a Igreja celebra a Divina Misericórdia, convidando-nos a nos aproximar de Deus sem medo de sermos menosprezados ou rejeitados. É o grande anúncio destes tempos complexos e cheios de violentas vinganças. Deus enviou Seu Filho Amado, que deu a Sua vida por nós por amor.
Essa Festa da Divina Misericórdia foi oficialmente instituída e estendida a toda a Igreja Católica no ano 2000, pelo Papa São João Paulo II. Esta Festa tem sua origem na proclamação da Divina Misericórdia por meio do gesto eloquente de Jesus na cruz, doando a Sua vida pela salvação da humanidade.
No Evangelho deste domingo, aparece a figura de Tomé. Diz-nos o Evangelho: “oito dias depois, encontravam-se os Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: coloca aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima também a tua mão e coloca no meu lado; e não seja incrédulo, mas fiel”. (Jo 20,26-27)
A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! São quatro palavras inesgotáveis. A fé do Apóstolo brota não tanto de uma evidência, mas da fé. Diz a Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor. Consumiu a vida a seu serviço.
A virtude da fé é a que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e a que nos permite julgar retamente todas as coisas. “Somente com a luz da fé e a meditação da palavra divina é que é possível reconhecer Deus sempre e por toda a parte, esse Deus em quem vivemos e nos movemos e existimos”. (At 17,28)
Se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela. É necessário que essa virtude teologal vá crescendo em nós de dia para dia, que aprendamos a olhar as pessoas e os acontecimentos como o Senhor os olha, que a nossa atuação no meio do mundo esteja vivificada pela doutrina de Jesus. Por vezes, reconhecemos que temos de crescer na fé, assim como o Apóstolo. Teremos então de crescer em confiança no Senhor, seja em face das dificuldades no apostolado, ou de acontecimentos que não sabemos interpretar do ponto de vista sobrenatural, ou de momentos de escuridão, que Deus permite para que se firmem em nós outras virtudes.
Assim sendo, peçamos ao Senhor que nos dê a graça de aumentar a nossa fé. Que a nossa fé, mesmo passando muitas vezes na caminhada por certos turbilhões, seja profunda e autêntica. Ao celebrarmos esse Domingo da Misericórdia, que vivamos intensamente este dom em nossa família, no trabalho e na paróquia. Fonte: http://arqrio.org
HOJE, 23: SÃO JORGE. Debaixo de chuva, fiéis celebram o dia de São Jorge no Rio
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Comemorações para o Santo Guerreiro começaram 1h na Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino. Missas ocorrerão ao longo deste domingo.
Sob forte chuva, centenas de fiéis lotaram a Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino, na Zona Norte do Rio, desde a madrugada deste domingo (23) para as celebrações do dia do Santo Guerreiro — como é conhecido. As celebrações na Paróquia começaram 1h com a banda Frutos de Medjugorje, seguida da cantora católica Olívia Ferreira.
Fiéis celebram o dia de São Jorge no Rio
Larissa Victoria, de 14 anos, e a mãe, Bianca Souza, chegaram às 2h e já não conseguiram entrar na igreja. Do lado de fora, mesmo debaixo de chuva, as duas não desanimaram. "A fé é a mesma, nada abala", disse Bianca.
Larissa é porta-bandeira da Estácio de Sá e trouxe a bandeira da escola de samba a qual São Jorge é o padroeiro. Moradora de Ramos, bairro vizinho também na Zona Norte, ela vai todos os anos com a mãe à celebração do dia do santo guerreiro. "A gente também frequenta durante o ano. É muito bem organizado", disse.
A primeira missa foi realizada às 5h e já não havia mais espaço dentro da igreja. Muitos fiéis acompanharam do lado de fora, através de um telão. Em um palco montado também do lado de fora da igreja, o público pôde assistir a palestras, shows e ao teatro em homenagem a São Jorge. Valéria Cristina é devota do santo e também vai todo ano à Paróquia de Quintino. Apesar de ter chegado cedo, ela também ficou de fora.
"Eu cheguei às 4h. A gente ficou vendo fogos ali de cima da escada, mas não consegui entrar. Eu desci porque fiquei sufocada, muito guarda-chuva. Assisti a missa aqui embaixo no telão mesmo", disse Valéria.
Outras missas ocorrerão ao longo do dia às 8h, 11h, 12h, 16h30 e 18h, além de uma missa especial, às 10h, presidida por Dom Orani Tempesta. Os bispos auxiliares do Rio presidirão as seguintes missas: Dom Luiz Henrique da Silva Brito, às 9h; Dom Roque Costa Souza, às 14h; e Dom Antonio Augusto Dias Duarte, às 15h. Às 13h será rezado o Terço da Misericórdia, e a procissão pelas ruas do bairro acontece às 16h. O encerramento terá show de Jorge Ben Jor, às 19h30. A igreja fica na Rua Clarimundo de Melo, 769.
Interdições
Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, diversas ruas contarão com interdições para procissões e concentração dos fiéis.
Na região de Quintino, Piedade e Cascadura, haverá interdição ao tráfego de veículos das seguintes vias: Rua Clarimundo de Melo, entre as ruas Bernardo Guimarães e Assis Carneiro, das 14h às 2h; Rua da República, entre R. Clarimundo de Melo e a Praça Quintino Bocaiúva, das 14h às 2h; Praça Quintino Bocaiúva (todo o entorno, exceto o da Rua Nerval de Gouveia), das 14h às 2h; R. Clarimundo de Melo, entre as ruas Bernardo Guimarães e Padre Telêmaco, das 15h às 19h; R. Padre Telêmaco, entre R. Clarimundo de Melo e Av. Ernani Cardoso, das 15h às 19h; R. Elias da Silva, entre R. Nerval de Gouveia e Viaduto Compositor Wilson Batista, das 15h às 19h; R. Nerval de Gouveia, entre as ruas Bernardo Guimarães e Elias da Silva, das 15h às 19h.
Celebrações especiais em paróquias do Rio
Pelo menos oito paróquias do Rio, além da Paróquia de Quintino, terão programação especial em homenagem a São Jorge neste domingo. Estão previstas missas, missas campais, e apresentações de cantores como Jorge Ben Jor, famoso devoto do santo guerreiro.
Segundo a Arquidiocese do Rio, a Igreja São Gonçalo Garcia e São Jorge, no Centro, festejará com missa da Alvorada, às 5h. Haverá ainda a missa dos militares, às 18h, e a de encerramento, presidida pelo Cardeal Dom Orani João Tempesta, às 20h, além de missas campais às 8h, 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 15h e 16h. No dia 24 de abril, a igreja abrirá às 9h, e haverá missa às 10h. Encerrando as festividades, no dia 30 de abril, haverá missa compromissal, às 9h, seguida de procissão pelas ruas do bairro. A igreja fica na Rua da Alfândega 382. Informações: 2221-9661.
A Capela de São Jorge, em Santa Cruz, na Zona Oeste, festejará o padroeiro a partir das 6h, com a alvorada, e missas às 6h15, 7h30, 9h, 10h30 e 14h. Haverá almoço paroquial em homenagem ao santo, às 12h. A missa de encerramento será seguida de procissão pelas ruas do bairro, às 16h. A capela fica no Largo do Bodegão, 435. Informações: 3395-0260.
A Igreja de São Jorge, em Deodoro, também na Zona Oeste, estará aberta a partir das 6h, com quermesse, missas às 7h30, 9h30 e 12h e procissão após a missa das 18h. A igreja fica na Rua Engenheiro Roberto Magno de Carvalho, s/n°. Informações: 2458-4551.
A Paróquia São Geraldo, em Olaria, na Zona Norte, festejará São Jorge neste domingo com missa festiva, às 9h. Haverá show de prêmios às 11h30, com convites à venda na secretaria paroquial ou com as pastorais. A igreja fica na Rua Leopoldina Rego, 344. Informações: 2564-1282.
Na Capela São Jorge, no Jardim Clarice, em Jacarepaguá, Zona Oeste, a comemoração começa pela procissão, seguida de missa, às 10h, e de almoço comemorativo (convites a R$ 15): Avenida Afonso da Silveira Filho, 203, no Anil. Informações: 3415-0399.
Uma procissão sairá da Paróquia da Ressurreição, às 8h (Rua Francisco Otaviano 99), em direção ao Forte de Copacabana, onde haverá missa com participação do ministério de música da Paróquia Cristo Redentor, em Laranjeiras. Após a missa, haverá a “14ª Procissão Motociclística” em homenagem ao santo, que percorrerá a orla e acabará na Paróquia Nossa Senhora do Líbano, na Tijuca (Rua Conde de Bonfim 638). Fonte: http://g1.globo.com
Papa compara centros de detenção de migrantes a 'campos de concentração'
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Pontífice conheceu imigrantes durante visita a basílica em Roma
Durante uma visita a uma basílica de Roma, onde conheceu imigrantes, Francisco contou sobre sua ida a um acampamento na ilha grega de Lesbos no ano passado.
Lá ele conheceu um refugiado muçulmano do Oriente Médio que lhe contou como "terroristas vieram ao nosso país". Os islamistas tinham cortado a garganta da esposa cristã do homem porque ela se recusou a jogar o crucifixo no chão.
"Não sei se ele conseguiu sair desse campo de concentração, porque os campos de refugiados, muitos deles, são de concentração por causa do grande número de pessoas deixadas lá dentro", disse o Papa.
Francisco elogiou os países que ajudam os refugiados e os agradeceu por "suportar esse fardo adicional, porque parece que os acordos internacionais são mais importantes do que os direitos humanos".
Ele não elaborou, mas parecia estar se referindo a acordos que impedem os migrantes de cruzar fronteiras.
Em fevereiro, a União Europeia prometeu financiar os campos de imigrantes na Líbia, como parte de uma campanha mais ampla da União Europeia para combater a imigração de África.
Grupos humanitários criticaram os esforços para deter os migrantes na Líbia, onde de acordo com um relatório da ONU em dezembro passado sofrem detenção arbitrária, trabalho forçado, estupro e tortura.
No ano passado, a UE e a Turquia chegaram a um acordo para enviar de volta os migrantes irregulares das ilhas do Egeu para a Turquia, em troca de recompensas políticas e financeiras para Ancara. O acordo foi criticado por grupos de direitos humanos.
Fonte: http://oglobo.globo.com
2º Domingo da Páscoa: Domingo da Divina Misericórdia.
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Tema do 2º Domingo da Páscoa
A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, na “fotografia” da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade fraterna, preocupada em conhecer Jesus e a sua proposta de salvação, que se reúne para louvar o seu Senhor na oração e na Eucaristia, que vive na partilha, na doação e no serviço e que testemunha – com gestos concretos – a salvação que Jesus veio propor aos homens e ao mundo.
No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã que a identificação de cada crente com Cristo – nomeadamente com a sua entrega por amor ao Pai e aos homens – conduzirá à ressurreição. Por isso, os crentes são convidados a percorrer a vida com esperança (apesar das dificuldades, dos sofrimentos e da hostilidade do “mundo”), de olhos postos nesse horizonte onde se desenha a salvação definitiva
EVANGELHO – JO 20,19-31
Ter em conta, na reflexão, os seguintes desenvolvimentos:
- A comunidade cristã gira em torno de Jesus, constrói-se à volta de Jesus e é d’Ele que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
-A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos verdadeiramente a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo, encontra-O em nós?
-Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas e egoístas que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-l’O no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia? Fonte: http://www.dehonianos.org
Não deixem as baleias matarem nossos jovens
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Dom Leomar Brustolin
Bispo auxiliar de Porto Alegre
O avanço da tecnologia possibilitou um acesso ilimitado às redes sociais de tal forma que essa realidade reinventa a vida cotidiana. Há muitas opções e não poucas armadilhas nessa ambiência. É o caso do desafio Baleia Azul, jogo que atrai jovens e adolescentes de todo o mundo dispostos a realizar tarefas arriscadas que culminam em tirar a própria vida.
Vive-se num tempo de forte acento individualista, quando as sociedades regidas por uma lógica narcísica multiplicam as iniciativas autodestrutivas. Diante da crise de afeto, da banalização do outro e do relativismo que colapsa valores comuns, o suicídio é hoje a expressão de uma crise de despersonificação.
Muitos sujeitos altamente conectados estão perdidos no turbilhão de informações, vítimas da overdose de opções para se atingir a felicidade, porém, uma felicidade momentânea, hedonista e eminentemente individual. A pessoa acaba movendo-se num horizonte sem meta, flutuando numa atmosfera de várias opções de sentido, de comportamentos, de ética. Os condicionamentos de uma sociedade desumanizada impedem que o indivíduo se realize.
Não basta se escandalizar com o terrível jogo mortal Baleia Azul, é preciso avaliar o tipo de vida que estamos levando e obrigando as futuras gerações a viverem. Sem perspectiva de futuro e esquecendo o passado, muito se tem insistindo em viver somente o presente. O importante é se sentir bem. Será?
O suicídio, como no jogo Baleia Azul, pode acontecer até mesmo sem desejo de morrer, como um ato de violência não planejado. O que importa é fazer a experiência, ter a sensação, sentir a emoção do momento.
A estrutura, o ambiente e a educação familiar são fundamentais para desenvolver níveis de felicidade que diminuam o instinto autodestrutivo. Aqui entram a ética e o cuidado para pensar preventivamente, atuando no sistema educacional, reconstruindo sentidos, resgatando valores, autorizando a expressão de sentimentos e pensamentos, fortalecendo os vínculos e a espiritualidade. Não é possível que o mercado, o poder e o descaso com os mais fracos dominem a vida das pessoas. Estamos cada vez mais carentes de sentido e valores que todos reclamam, mas poucos estão dispostos a mudar o atual estilo de vida. Esquecem que a falta de afeto, cuidado e transcendência também podem matar.
Para prevenir é preciso cuidar e libertar-se do mito atual da sociedade de consumo e do bem-estar de que só vale a pena viver se há prazer. Saber lidar com as perdas, os limites e as frustrações pode mostrar o que realmente tem valor na vida; de forma extremamente eficaz, ajuda a discernir o que é secundário e o que é essencial.
O alerta do desafio da Baleia Azul é para todos, aponta para a necessidade de um novo olhar sobre a vida, conectado, mas não alienado; informado, mas não desafetado; livre, mas não narcísico. O desafio é para famílias, igrejas e sociedade. Não deixem as baleias roubar nossos jovens. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Novo clericalismo está impondo velhos modos à arquitetura moderna de igrejas.
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A arquitetura religiosa tornou-se linha de frente das guerras litúrgicas à medida que igrejas católicas passavam por novas renovações. Michael DeSanctis, consultor de construção de igrejas e professor de teologia, não está contente.
A reportagem é de Peter Feuerherd, correspondente da série Field Hospital do NCR sobre a vida paroquial e é professor de jornalismo na St. John's University, em Nova York, publicada National Catholic Reporter, 13-04-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Pastores restauradores, bem mais jovens que o Vaticano II em idade, estão ordenando as mudanças. E já se foram o que eles às vezes depreciam como igrejas "Pizza Hut". O objetivo é restaurar a tradição. Eles querem balaústres no altar, querem colocar o Santíssimo Sacramento lá perto e usar mármore caro no chão para selar a área do santuário como uma arena polida e exclusiva para a ação litúrgica clerical. Às vezes, o coro fica relegado a um loft traseiro, trazendo um som sem corpo. Em outras paróquias, assentos circulares são trocados por longas filas de bancos.
DeSanctis, professor de Belas Artes e Estudos Pastorais na Universidade Gannon em Erie, Pensilvânia, escreveu na Emmanuel Magazine que essas mudanças na arquitetura da igreja são manifestações do que ele descreve como um novo clericalismo. O objetivo é destacar o sacerdote de sua congregação, em oposição a uma teologia do Vaticano II que se concentrava na participação leiga e no enfraquecimento das barreiras.
"A arquitetura é como expressamos nossa liturgia", disse DeSanctis ao NCR, recentemente, em entrevista por telefone, observando que a geração de sacerdotes pós-Vaticano II saía frequentemente do santuário para interagir com os paroquianos durante a liturgia. Eles construíam igrejas com foco em um design circular para aproximar a congregação e abaixavam o altar para aproximar o sacerdote dela.
Mas isso mudou com o surgimento de muitos clérigos mais jovens, formados em seminários com o pensamento do Papa Bento, que voltaram a enfatizar distinções clericais. Em todo o país, DeSanctis notou que vários pastores estão voltando o design das igrejas suburbanas construídas nos anos 60 e 70 ao foco na ação sacerdotal.
Este movimento vem à custa dos católicos que tornaram-se adultos no Vaticano II, muitos dos quais não estão impressionados com a reorganização da mobília da igreja para enfatizar o status clerical. DeSanctis, de 60 anos, disse que muitos católicos que ele conhece mudam para outra paróquia quando percebem está chegando à sua paróquia o entusiasmo por modernização de seu design. Eles não apreciam a nostalgia de uma igreja pré-moderna e frequentemente não estão de acordo com os custos que acarreta. "Nós não compramos as categorias mais. O respeito precisa ser conquistado", disse ele.
Em seu artigo, DeSanctis defende a tão difamada igreja suburbana modernista, com seu foco em nutrir a comunidade. Ele começa com a igreja de São Judas Apóstolo em Erie, produto do catolicismo do pós-guerra. É uma estrutura modernista com uma cruz imponente no topo, construída para ser "um lugar de culto completamente à vontade no mundo moderno."
DeSanctis escreve: "A modernidade era algo que o povo de São Judas Tadeu não considerava nem estranho nem tão ameaçador, mas uma condição de vida tão potente para a imaginação dos católicos prósperos e com formação universitária nos EUA pós-Segunda Guerra quanto os ritos antigos de sua igreja. Um ambiente distintamente moderno permeava cada centímetro da paisagem brilhante e suburbana que haviam escolhido para habitar com suas famílias jovens."
São Judas Tadeu, observa ele, se encaixou na paisagem suburbana moderna dos Estados Unidos e essa foi a sua força, nada pelo que se desculpar, mesmo que não se parecesse com as catedrais da velha Europa. No entanto, esse modelo mudou. A igreja de São Judas Tadeu passou por uma nova reforma nos últimos anos.
Velas trabalhadas agora demarcam o limite entre o santuário e os bancos. A área do altar foi transformada pelo mármore, separando-se visualmente. A nova arquitetura, destinada a recapturar elementos tradicionais, tem uma mentalidade clerical "chamativa", escreve DeSanctis.
Ele observa que tais mudanças são exemplos da "territorialidade agitada" expressa por meio de mudanças físicas feitas por "uma onda de sacerdotes com a intenção de desfazer as conquistas de seus antecessores imediatos, uma geração ou duas de homens animados pelas reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II."
DeSanctis expressou preocupação que sua língua possa ser muito decepcionante, mas disse que a crítica se justifica. Ele vê o Papa Francisco como um aliado, que censura a transformação de igrejas em partes de um museu e expressou desconfiança com o foco no externo do vestuário litúrgico em detrimento de acolher e proclamar o evangelho.
Ele reconheceu ao NCR que houve projetos modernistas ruins nas últimas décadas, muitos criticados por jovens religiosos restauradores. No entanto, ele disse: "A Igreja não pode persistir em fazer as pessoas sentirem que estamos vivendo na Idade Média".
O objetivo deste design é "criar um estilo litúrgico e arquitetônico que seja condizente com a nossa época". Como exemplos, ele cita a Igreja de São Miguel em Wheaton, Illinóis, um projeto para o qual prestou consultoria, e a Catedral de Cristo Luz em Oakland, na Califórnia. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Mensagem de Francisco enfrenta críticas intensas
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Um pároco da cidade italiana de Montesilvano criticou o Papa Francisco durante a missa. O Pe. Edward Pushparaj, da Índia, disse que Francisco tem feito um mal à Igreja, referindo-se ao fato de o papa ter lavado lavar os pés de uma muçulmana na liturgia da Quinta-Feira Santa em 2013. Em Montesilvano, muitos paroquianos se retiraram na ocasião.
O comentário é de Pat Perriello, professor aposentado da rede pública de ensino de Baltimore, trabalhou como coordenador dos Serviços de Orientação e Aconselhamento e professor associado na Universidade Johns Hopkins, publicado por National Catholic Reporter, 18-04-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Parece que as críticas a Francisco estão aumentando e se tornando mais abertas e intensas. O que há com este papa que está transformando-o numa figura cada vez mais polêmica? Um motivo, evidentemente, é que ele vem criando um papado mais aberto, onde a dissensão é tolerada e até mesmo incentivada. A oportunidade de compartilhar as nossas ideias e pensamentos, no entanto, não deveria incluir faltar com o respeito.
É também justo dizer que há um sentimento crescente nos EUA e em partes da Europa que se coloca em oposição a muitas das prioridades papais. Francisco põe em destaque a misericórdia e a compaixão. Ele espera que exercitemos um sentido de carinho pelos milhares e milhares de refugiados, incluindo mulheres e crianças, pessoas desesperadas em encontrar um lugar onde suas famílias possam viver sem o medo da violência.
Sem dúvida, mensagem de Francisco parece quintessencialmente cristã. Como um cristão poderá discordar de uma mensagem de amor que estende a mão para ajudar o próximo? O cuidado dos pobres está no coração do evangelho de Francisco. As histórias bíblicas do bom samaritano, do filho pródigo e da mulher pega em adultério exemplificam o cristianismo adotado por Francisco. Pessoas são mais importantes do que regras. A salvação vem de como tratamos as outras pessoas, e não da adesão estreita a um conjunto codificado de prescrições.
No entanto, parece que um número elevado de pessoas se preocupa apenas com as suas próprias necessidades pessoais. Prestam pouco interesse às necessidades alheias. Leis são feitas para aumentar a riqueza dos que já são ricos e para negar benefícios aos necessitados. Ninguém quer ouvir o clamor dos pobres. Quem vai se colocar em defesa das necessidades dessas pessoas?
Um medo dos que têm uma aparência diferente, ou que professam crenças religiosas diferentes, é alimentado com pouca ou nenhuma atenção aos fatos relevantes. Imigrantes em procura de uma vida melhor para suas famílias estão sendo mandados de volta para os países de origem, independentemente dos perigos que possam aí enfrentar. O fato de terem vivido a maior parte de suas vidas em um dado país não significa nada. Negamos a entrada em nossos países a estrangeiros que achamos poderem representar algum perigo por causa da religião que professam. Deixamos que permaneçam em campos inóspitos, sem esperança alguma em vista, milhares de refugiados.
Francisco transforma-se na voz dos que clamam no deserto. Precisamos unir nossas vozes à dele, e às dos paroquianos que se retiraram da igrejinha italiana citada no início. Precisamos lembrar aqueles que se esqueceram que somos, todos nós, irmãos, e tudo o que fizermos ao menor dos nossos irmãos e irmãs estaremos fazendo para o Senhor.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Um padre com cheiro de ovelhas: o Pe. Cicero Romão Batista.
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"Repetidas vezes enfatiza o Papa Francisco que o padre “deve ter cheiro de ovelha”, quer dizer, alguém que está no meio de seu “rebalho” e caminha com ele. Cito apenas dois textos emblemáticos, um proferido ao episcopado italiano no dia 16 de maio de 2016 onde diz:”O padre não pode ser burocrático mas alguém que é capaz de sair de si mesmo, caminhando com o coração e o ritmo dos pobres”. O outro aos bispos recém sagrados no dia 18 de setembro de 2016: 'o pastor deve ser capaz de escutar e de encantar e atrair as pessoas pelo amor e pela ternura'", escreve Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
Eis o artigo.
Nos dias 20-24 de março se realizou em Juazeiro do Norte, Ceará, o Vº Simpósio Internacional Padre Cícero com o tema “Reconciliação…e agora?” Fiquei admirado pelo alto nível das exposições e das discussões com a presença de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Tratava-se da reconciliação da Igreja com o Pe. Cícero que sofreu pesadas penas canônicas, hoje questionáveis, sem jamais se queixar, num profundo respeito às autoridades ecclesiasticas e reconciliação com os milhares de romeiros que o consideram um santo.
Indiscutivelmente o Pe. Cícero Romão Batista (1844-1034), por suas múltiplas facetas, é uma figura polêmica. Mas mais e mais as críticas vão se diluindo para dar lugar àquilo que o Papa Francisco através do Secretário de Estado Card. Pietro Parolin, numa carta ao bispo local Dom Fernando Panico de 20 de outubro de 2015, expressamente diz que no contexto da nova evangelização e da opção pelas periferias existenciais a “atitude do Pe. Cícero em acolher a todos,especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui, sem dúvida, um sinal importante e atual”.
O Pe. Cicero corporifica o tipo de padre adequado à fé de nosso povo, especialmente nordestino. Existe o padre da instituição paróquia, classicamente centrada no padre, nos sacramentos e na transmissão da reta doutrina pela catequese. É um tipo de Igreja que se auto finaliza e com parca incidência social em termos de justiça e defesa dos direitos humanos especialmente dos pobres.
Entre nós surgiu um outro tipo de padre como o Pe. Ibiapina (1806-1883), que foi magistrado e deputado federal, tendo abandonado tudo para, como sacerdote, colocar-se a serviço dos pobres nordestinos, como o Pe. Cícero, o Frei Damião, Pe. José Comblin entre outros. Eles inauguraram um outro tipo ação religiosa junto ao povo. Não negam os sacramentos, porém, mais importante é acompanhar o povo, defender seus direitos, criar por toda parte escolas e centros de caridade (de atendimento), aconselhá-lo e reforçar sua piedade popular. Esse é o tipo de padre adequado à nossa realidade e que o povo aprecia e necessita.
Esse era também o método do Pe. Cícero que se desdobrava em três vertentes: primeiro conviver diretamente com o povo, cumprimentando e abraçando a todos; em seguida visitar todas as casas dos sítios, abençoando a todos, a criação dos animais e as plantações; por fim orientar e aconselhar o povo nas pregações e novenas; ao anoitecer reunia as pessoas diante de sua casa e distribuía bons conselhos e encaminhava para o aprendizado de todo tipo de ofícios para tornarem independentes.
Neste contexto o Pe. Cícero se antecipou ao nosso discurso ecológico com seus 10 mandamentos ambientais, válidos até os dias de hoje (“não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau” etc).
O Pe. Comblin, eminente teólogo, devoto do Pe. Cícero e que quis ser enterrado ao lado do Pe. Ibiapina escreveu com acerto:”O Padre Cícero adotou amorosamente os pobres e advogou a causa dos nordestinos oprimidos, dedicando-lhes incansavelmente 62 anos de vida. E o povo pobre o reconheceu, o defendeu e o consagrou, continuando a expressar-lhe o seu devotamento, porque viu e vê nele o Pai dos Pobres. Antecipou em muitos anos as opções da Igreja na América Latina.
É impossível negar a sincera opção pelos pobres, como foi dito por um deles:”Meu padrinho é padre santo/como ele outro não há/ pois tudo o que ele recebe/ tudo de esmola dá”(O Padre Cícero de Juazeiro, 2011, p.43-44).
Curiosamente, se recolhermos os muitos pronunciamentos do Papa Francisco sobre o tipo de padre que projeta e quer, veremos que o Pe. Cícero se enquadra. à maravilha, ao modelo papal. Não há espaço aqui para trazer a farte documentação que se encontra no meu blog que recolhe minha intervenção em Juazeiro: “O Padre Cícero à luz do Papa Francisco”.
Repetidas vezes enfatiza o Papa Francisco que o padre “deve ter cheiro de ovelha”, quer dizer, alguém que está no meio de seu “rebalho” e caminha com ele. Cito apenas dois textos emblemáticos, um proferido ao episcopado italiano no dia 16 de maio de 2016 onde diz:”O padre não pode ser burocrático mas alguém que é capaz de sair de si mesmo, caminhando com o coração e o ritmo dos pobres”. O outro aos bispos recém sagrados no dia 18 de setembro de 2016:”o pastor deve ser capaz de escutar e de encantar e atrair as pessoas pelo amor e pela ternura”.
Estas e outras qualidades foram vividas profundamente pelo Pe. Cícero, tido como o Grande Patriarca do Nordeste, o Padrinho Universal, o Intercessor junto a Deus em todos os problemas da vida, o Santo cuja intercessão nunca falha. Os romeiros e devotos sabem disso. E nós secundamos esta convicção. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
BRASÍLIA: Vigília Pascal-01
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Sair do túmulo
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Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
É próprio de cada criatura viva preservar-se e defender-se de tudo o que a tente levar para a sepultura. No entanto, os mecanismos de morte acontecem se cada um de nós não trabalhar para a preservação da vida de todos. O solo terrestre, com tudo o que ele tem em baixo ou em cima da superfície, está sendo ameaçado, arruinado ou destruído. Não vale o “só cada um por si”! Enquanto todos não estiverem dispostos a se ajudarem para a superação da destruição e não tiverem o cuidado com a vida de cada um (solo, minas d’água, biomas, vegetação, animais e seres humanos), todos são prejudicados.
Jesus deu-se totalmente pela causa abraçada de mudar o rumo da história do planeta e do ser humano. Não reservou sequer a última gota d’agua e do sangue jorrados do alto da cruz. Mostrou o que devemos fazer para preservar e desenvolver a vida na terra. Sua ressurreição nos garante a certeza de que não seguimos simplesmente um fundador de religião humano a mais. Entregou a vida na natureza humana, mas a ressuscitou porque tem também a natureza divina. Com Ele somos capazes de também dar de nós pelo bem da natureza e da vida humana. Mesmo que tenhamos infelizmente caído no “sepulcro” de nossos egoísmos, injustiças, degradação da terra e das relações com o semelhante, há esperança de ressurreição. Podemos e devemos mudar a mentalidade da ganância, da busca do ter a todo custo, da concentração das riquezas nas mãos de poucos e consequentes injustiças sociais, da monocultura em diversas regiões, da destruição de grande parte das matas ciliares, das mineradoras que destroem e poluem, da falta de políticas públicas que não levam em conta a preservação do meio ambiente e a promoção de benefícios sociais principalmente às classes mais prejudicadas...
A solidariedade é uma das virtudes que marcam a vida de quem comunga com a Páscoa de Jesus. É possível corrigir a corrupção que domina negativamente boa parte da política. Esta deve ressuscitar para a vida nova de serviço ao povo e não de busca desenfreada de benefícios para si e poucos, através da prática do ilícito em prejuízo para o povo. Ele é o mandatário e não deve ser o escravo, sendo sepultado em sua dignidade.
Precisamos muito de testemunhas qualificadas, como os Apóstolos de Jesus, para anunciar e garantir a todos que Ele ressuscitou. Quem quer viver com Ele a própria ressurreição, deve aceitar a missão de dar de si para a ressurreição das inter-relações humanas promotoras de vida de sentido e dignidade a todos. Como é importante fazer a Páscoa de Jesus acontecer para todos! Nosso esforço de promover a vida nos deve defendê-la desde a concepção até sua morte natural. O aborto e todos os mecanismos de morte devem ser abolidos de nossa sociedade. Leis que os favoreçam devem ser rechaçadas por todos!
Pedro e João, avisados por Maria Madalena que Jesus não estava mais no túmulo, foram correndo para ver a sepultura e constataram que, de fato, o corpo do Mestre lá não estava mais. Eles acreditaram na ressurreição do Senhor (Cf. João 20,1-9), que apareceu depois a eles e aos demais discípulos. Fonte: www.cnbb.org.br
Fonte de resistência e esperança.
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Pe. João Batista Libânio, SJ
O mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo assemelha-se à encruzilhada em que se encontra a fé cristã. Dela nascem três trilhas. Conforme se toma uma ou outra, o significado varia.
A trilha da cruz. Desenvolveu-se na Igreja certa espiritualidade calcada na cruz de Cristo. Produziu efeitos ambivalentes. Uns souberam encontrar nela exemplo de vida mortificada. Interpretaram a afirmação de Jesus, sobretudo na versão de Lucas, “se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” (Lc 9,23) no sentido de carregar a cruz todos os dias. Algo diário. Renúncia ao prazer, ao gozo por meio de mortificação contínua. Facilmente se insinuou certa interpretação negativa, quase maniqueia ou, ao menos, jansenista do corpo, das coisas materiais. Ser cristão traduzia na constante vigilância sobre si mesmo a fim de encontrar ocasiões de sacrifício.
Em grau moderado, a espiritualidade da cruz oferecia motivação para suportar com paciência, resignação e até mesmo com alegria as cruzes que a existência impõe a todo ser humano. Não se chegava ao grau de procurá-las, mas, pelo menos, de carregá-las serenamente.
A meditação da cruz de Cristo, reforçada na Semana Santa, alimentava tal espiritualidade de cunho dolorista. Sem dúvida, muita gente santificou-se, ao vivê-la. E a hagiografia enche-se de exemplos das penitências dos santos. Algumas soam-nos exorbitantes. No século passado, homens como o pe. Gignac, francês, e Pe. Doyle, irlandês, somente para citar dois exemplos, sobressaíram por extrema austeridade de vida. Jejuns, flagelos, cilícios, cadeinhas de ferro a castigar o corpo durante todo o dia em busca da liberdade espiritual. Alguns orientadores espirituais os propunham como exemplos para jovens iniciantes na vida religiosa.
A trilha da ressurreição. O acento sobre a ressurreição virou a página. Esquece-se que o Senhor glorificado antes sofrera na cruz. Valoriza-se o triunfo sobre a morte e focaliza-se a Cristo na glória celeste, reinando sobre o mundo. As autoridades, os poderosos alimentaram muito dessa espiritualidade. Sentiam-se representantes do Cristo triunfante aqui na terra. A figura do Cristo pantocrátor – todo poderoso – simboliza bem essa espiritualidade.
A cisão entre o Jesus palestinense, frágil, sujeito aos sofrimentos e à morte e o Cristo ressuscitado produziu o esquecimento do seguimento de Jesus. Preferiu-se falar de imitação de Cristo. Teólogos da libertação, como Jon Sobrino, criticaram tal corte e voltaram a insistir na figura humana de Jesus. L. Boff forjou a bela frase: “humano assim, só pode ser Deus mesmo”.
A trilha do mistério pascal: crucificado e ressuscitado. Evitando, portanto, essas duas trilhas exclusivas, que contêm verdades, mas não dão conta do núcleo duro do mistério pascal. A afirmação teológica central da cristologia atual soa: O Jesus histórico, palestinense é o mesmo que o Cristo glorificado e vice-versa. Não cabe nenhum corte entre os dois sem que se afete o mistério da pessoa de Jesus.
Ao assumir o mistério pascal na complexidade, aparece então a sua força. Precisamos manter o olhar voltado simultaneamente para a cruz e para a ressurreição. Ou melhor: para o Jesus crucificado, e não tanto para a cruz, e para o Cristo ressuscitado, e não tanto para a ressurreição: ambos mistérios da vida de Jesus Cristo iluminam-nos a existência cristã.
Estamos na luta pela libertação na sociedade, no interior da Igreja, na família, na escola e em tantas outras situações. As forças de dominação reagem e dificultam-nos a ação. O olhar para o Jesus, que sobe o calvário em fidelidade absoluta à causa que assumiu, anima-nos. Oferece-nos coragem para perseverar. A resistência nasce do Crucificado que antes de nós conheceu as agruras de lutar para libertar o mundo do pecado, das injustiças, das estruturas de opressão.
Não nos basta tal força para resistir. Em dado momento, não aguentamos mais. A capacidade de suportar as dificuldades tem limites. E o Crucificado como crucificado nos deixa perplexos.
Cabe olhar para o Ressuscitado. Ele nos acena para o destino final de toda luta de libertação. Não termina na morte, mas na vida. Este impulso nos faz falta.
Celebrar a Semana Santa significa precisamente jogar com esses dois elementos. Resistência e esperança. O Crucificado nos fortalece. O Ressuscitado nos abre o horizonte para a vida plena. Com esse duplo olhar caminharemos fieis ao que Jesus mesmo viveu. Ele morreu, mas ressuscitou. Ressuscitou, sim, porque morreu, entregando-se ao Pai, à humanidade, à causa da libertação.
*Jornal Solário-RS. Março de 2011
Sábado Santo, Dia da Mãe de Jesus: Amor e Vida
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Rádio Vaticano (RV) – «Hoje, fazemos a experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.
Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança. Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite.
A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada. Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas.
Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?
Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu, apesar da dor, do luto, esperançosa. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!
Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória. Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?
Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.
Que nossas perdas não nos tirem a alegria de viver, que nos é dada com a presença de Jesus, a Vida plena, Eterna».
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