Arquidiocese de Maceió celebra a Paixão de Cristo no bairro do Centro
- Detalhes
Fiéis católicos compareceram às celebrações que foram presididas pelo arcebispo
Por Fillipe Lima*
Crédito: Carlos Roberto / Pascom Arquidiocese
A Sexta-feira Santa é um dos pontos mais importantes da fé Cristã em todo o mundo. Nesta data é celebrada a morte de Jesus Cristo. Durante todo o dia, os fiéis católicos de Maceió participaram de orações e louvores na Catedral Metropolitana, no bairro do Centro.
Presidida pelo arcebispo Dom Antônio Muniz, a celebração teve início pontualmente ao meio-dia de hoje com o Ofício da Agonia, que significa a dor e o sofrimento que Jesus passou durante sua crucificação. Segundo a tradição católica, neste momento são lembradas as lamentações de Cristo - juntamente com Maria - e as sete últimas palavras de Jesus na Cruz e a dor de Sua mãe ao vê-lo no calvário.
Após o momento de meditação e reflexão, os fiéis permaneceram na Catedral para adoração ao Santíssimo até às 15 horas, onde saíram em procissão pelas ruas do Centro de Maceió.
Apesar do tempo nublado e chuvoso, os fiéis católicos não desanimaram e compareceram em um bom número às celebrações.
Procissão do Senhor Morto
A concentração para a Procissão do Senhor morto foi na Praça dos Martírios e partiram em destino à Praça Marechal Deodoro. O trajeto foi pelas ruas Melo Morais e Cincinato Pinto.
A Procissão de Senhor Morto nasceu em Portugal entre os anos de 1490 e 1510, na Arquidiocese de Braga. A tradição já dura seis séculos e simboliza o cortejo durante o sepultamento de Jesus após a sua crucificação.
As celebrações pascais da Igreja Católica seguem durante todo o fim de semana. Neste sábado (15), será celebrada a Vigília Pascal, que é o ponto máximo da fé Cristã com a festa da Ressureição do Senhor. Fonte: http://www.cadaminuto.com.br
Papa Francisco reza no Coliseu pelo sangue derramado por inocentes
- Detalhes
O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira, em uma Roma blindada, sua quinta Via Crucis como pontífice, ao redor do Coliseu, ao fim da qual rezou pelo “sangue derramado pelos inocentes” por conta das guerras e injustiças.
Ao final do percurso com o qual se rememora o calvário de Cristo até sua crucificação, o papa pronunciou mais de sete vezes a palavra “vergonha” para enumerar os pecados, omissões, injustiças, escândalos e horrores que atingem o mundo e a Igreja.
“Vergonha pelo sangue de inocentes que cotidianamente é derramado de mulheres, crianças, imigrantes, pessoas perseguidas pela cor da pele ou por seu pertencimento étnico, social, ou por sua fé”, disse o papa com voz firme e, às vezes, comovida.
Dirigindo-se ao Cristo crucificado, o papa argentino reconheceu sua “vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio, que se tornaram comuns para nós”, acrescentou.
O papa Francisco reconheceu também sua “vergonha por todas as vezes que bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas feriram seu corpo, a Igreja”, em alusão aos abusos cometidos por padres pedófilos.
Em sua oração, o pontífice pediu por “irmãos atingidos pela violência, pela indiferença e pela guerra” e pediu que “rompam as cadeias que nos fazem prisioneiros de nosso egoísmo, de nossa cegueira involuntária, e da vaidade de nossos cálculos mundanos”.
O papa chegou às 21H00 locais (16H00 de Brasília) ao célebre monumento romano, onde cerca de 20.000 pessoas, entre elas turistas e religiosos, além da prefeita de Roma, Virgina Raggi, o esperavam, algumas com tochas.
O percurso noturno ao redor do Coliseu foi feito neste ano em um clima particular, marcado pelas fortes medidas de segurança adotadas desde os atentados de domingo passado no Egito contra duas igrejas de cristãos coptas, que deixaram 45 mortos.
– Roma blindada –
“Roma está blindada, vigiada. Espero que não aconteça nada”, comentou uma jovem à emissora italiana RAI, que transmitiu ao vivo o evento para inúmeros países.
Toda a área foi vigiada por patrulhas da polícia e pelo exército, além de corpos especiais de Inteligência.
Tanques do exército foram colocados na entrada da grande avenida que leva ao Coliseu para impedir ataques contra a multidão com automóveis, como ocorreu em Londres e Nice.
Francisco, de 80 anos, presidiu – como no ano passado – o rito do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações.
Para esta ocasião, as meditações foram escritas pela biblista francesa Anne-Marie Pelletier, que decidiu não usar os nomes que habitualmente usa.
Entre os novos nomes das 14 estações destacam-se “Jesus é negado por Pedro”, “Jesus e Pilatos”, enquanto a última, a 14ª, se chamou “Jesus no sepulcro e as mulheres”, tema que desenvolveu a questão feminina, das mulheres que sofrem.
Em cada uma das estações, algumas colocadas dentro do monumento, uma cruz cinza feita especialmente para o rito foi carregada por jovens, imigrantes e religiosos.
Na 10ª estação, uma família colombiana formada por Claver Martínez Ariza, sua esposa Marlene e seus dois filhos, levou a cruz. Na 8ª, foi carregada por uma família egípcia.
As duas famílias representam os dois países que o papa argentino anunciou que visitará neste ano para pedir o diálogo e a reconciliação, em particular na Colômbia, onde espera promover em setembro o perdão após a histórica assinatura do acordo de paz com a guerrilha das Farc, que pôs fim a mais de 50 anos de conflito.
Antes da Via Crucis, o pontífice, vestido de vermelho, se deitou sobre uma tapete na basílica de São Pedro, sem a cruz em seu peito e o anel de pescador, como um sinal de que Jesus morreu.
No domingo, as celebrações atingirão o ápice da Semana Santa com a missa da Ressurreição e com a mensagem “Urbi et orbi”, que significa “à cidade e ao mundo”. Fonte: http://istoe.com.br
Homilia de Papa Francisco na Missa Crismal – Texto integral
- Detalhes
(13/04/2017) «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos» (Lc 4, 18). O Senhor, Ungido pelo Espírito, leva a Boa-Nova aos pobres. Tudo aquilo que Jesus anuncia é Boa-Nova; alegra com a alegria evangélica; e o mesmo se diga de nós, sacerdotes, de quem foi ungido em seus pecados com o óleo do perdão, e ungido no seu carisma com o óleo da missão, para ungir os outros. E, tal como Jesus, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com toda a sua pessoa. Quando pronuncia a homilia – breve, se possível –, fá-lo com a alegria que toca o coração do seu povo, valendo-se da Palavra com que o Senhor o tocou na sua oração. Como qualquer discípulo missionário, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com todo o seu ser. Aliás, como todos experimentamos, são precisamente os detalhes mais insignificantes que melhor contêm e comunicam a alegria: o detalhe de quem dá um pequeno passo a mais, fazendo com que a misericórdia transborde nas terras de ninguém; o detalhe de quem se decide a concretizar, fixando dia e hora para o encontro; o detalhe de quem deixa, com suave disponibilidade, que ocupem o seu tempo…
A Boa-Nova pode parecer simplesmente um modo diferente de dizer «Evangelho», como «feliz anúncio» ou «boa notícia». Todavia contém algo que compendia em si tudo o mais: a alegria do Evangelho. Compendia tudo, porque é jubilosa em si mesma.
A Boa-Nova é a pérola preciosa do Evangelho. Não é um objeto; mas uma missão. Bem o sabe quem experimenta «a suave e reconfortante alegria de evangelizar» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 10).
A Boa-Nova nasce da Unção. A primeira, a «grande unção sacerdotal» de Jesus, é a que fez o Espírito Santo no seio de Maria.
Naqueles dias, a boa-nova da Anunciação fez a Virgem Mãe cantar o Magnificat, encheu de um sacro silêncio o coração de José, seu esposo, e fez saltar de gozo João no seio de sua mãe Isabel.
Hoje, Jesus regressa a Nazaré e a alegria do Espírito renova a Unção na pequena sinagoga local: o Espírito pousa e espalha-Se sobre Ele, ungindo-O com o óleo da alegria (cf. Sal 45/44, 8).
A Boa-Nova. Uma única palavra – Evangelho – que, no ato de ser anunciada, se torna verdade jubilosa e misericordiosa.
Que ninguém procure separar estas três graças do Evangelho: a sua Verdade – não negociável –, a sua Misericórdia – incondicional com todos os pecadores – e a sua Alegria – íntima e inclusiva.
Nunca a verdade da Boa-Nova poderá ser apenas uma verdade abstrata, uma daquelas que não se encarnam plenamente na vida das pessoas, porque se sentem mais confortáveis na palavra escrita dos livros.
Nunca a misericórdia da Boa-Nova poderá ser uma falsa compaixão, que deixa o pecador na sua miséria, não lhe dando a mão para se levantar nem o acompanhando para dar um passo mais no seu compromisso.
Nunca a Boa-Nova poderá ser triste ou neutra, porque é expressão duma alegria inteiramente pessoal: «a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 237): a alegria de Jesus, ao ver que os pobres são evangelizados e que os pequeninos saem a evangelizar (cf. ibid., 5).
As alegrias do Evangelho – uso agora o plural, porque são muitas e variadas, segundo o modo como o Espírito as quer comunicar em cada época, a cada pessoa, em cada cultura particular – são alegrias especiais. Chegam-nos em odres novos, aqueles de que fala o Senhor para expressar a novidade da sua mensagem.
Partilho convosco, queridos sacerdotes, queridos irmãos, três ícones de odres novos em que a Boa-Nova se conserva bem, não se torna vinagrenta e se derrama em abundância.
Um ícone da Boa-Nova é o das talhas de pedra das bodas de Caná (cf. Jo 2, 6). Num detalhe, as talhas espelham bem aquele Odre perfeito que é – em Si mesma, toda inteira – Nossa Senhora, a Virgem Maria. Diz o Evangelho que «as encheram até acima» (Jo 2, 7). Imagino que algum dos serventes terá olhado para Maria para ver se já bastava assim, e terá havido um gesto com o qual Ela terá dito para acrescentar mais um balde. Maria é o odre novo da plenitude contagiosa. É «a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 286), é a Nossa Senhora da prontidão, Aquela que acabara de conceber em seu seio imaculado o Verbo da vida e já parte para ir visitar e servir a sua prima Isabel. A sua plenitude contagiosa permite-nos superar a tentação do medo: não ter coragem de se deixar encher até acima, aquela pusilanimidade de não ir contagiar de alegria os outros. Não haja nada disto, porque «a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus» (ibid., 1).
O segundo ícone da Boa-Nova é aquele cântaro – com a sua concha de pau – que trazia à cabeça a Samaritana, sob o sol ardente do meio-dia (cf. Jo 4, 5-30). Expressa bem uma questão essencial: ser concreto. O Senhor, que é a Fonte de Água viva, não tinha um meio para tirar água e beber alguns goles. E a Samaritana tirou água do seu cântaro com a concha e saciou a sede do Senhor. E saciou-a ainda mais com a confissão dos seus pecados concretos. Agitando o odre daquela alma samaritana, transbordante de misericórdia, o Espírito Santo derramou-Se sobre todos os habitantes daquela pequena cidade, que convidaram o Senhor a demorar-Se no meio deles.
Um odre novo com esta concretização inclusiva, no-lo presenteou o Senhor na alma «samaritana» que foi Madre Teresa de Calcutá. Ele chamou-a e disse-lhe: «Tenho sede». «Vem, pequenina minha! Leva-Me aos tugúrios dos pobres. Vem! Sê a minha luz. Não posso ir sozinho. Não Me conhecem, por isso não Me querem. Leva-Me a eles». E ela, começando por um pobre concreto, com o seu sorriso e o seu modo de tocar as feridas com as mãos, levou a Boa-Nova a todos.
O terceiro ícone da Boa-Nova é o Odre imenso do Coração trespassado do Senhor: integridade suave, humilde e pobre, que atrai todos a Si. D’Ele devemos aprender que, anunciar uma grande alegria àqueles que são muito pobres, só se pode fazer de forma respeitosa e humilde, até à humilhação. A evangelização não pode ser presunçosa. Não pode ser rígida a integridade da verdade. O Espírito anuncia e ensina «a verdade completa» (Jo 16, 13), e não tem medo de a dar a beber aos goles. O Espírito diz-nos, em cada momento, aquilo que devemos dizer aos nossos adversários (cf. Mt 10, 19) e ilumina-nos sobre o pequeno passo em frente que podemos dar naquele momento. Esta integridade suave dá alegria aos pobres, reanima os pecadores, faz respirar aqueles que estão oprimidos pelo demónio.
Queridos sacerdotes, contemplando e bebendo destes três odres novos, que a Boa-Nova tenha em nós a plenitude contagiosa que Nossa Senhora transmite com todo o seu ser, a concretização inclusiva do anúncio da Samaritana e a integridade suave com que o Espírito jorra e Se derrama incessantemente a partir do Coração trespassado de Jesus, Nosso Senhor. Fonte: http://pt.radiovaticana.va
'A Padroeira' estreia na TV Aparecida em transação histórica na Globo
- Detalhes
A emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia
Na próxima segunda (17), o público da TV Aparecida poderá conferir a reexibição da novela 'A Padroeira', da Globo. A trama que foi exibida orginalmente em 2001 marca a primeira vez que a Globo cede uma produção para outro canal do Brasil e ainda gratuitamente.
A emissora resolveu ceder a novela em homenagem aos 300 anos em que a imagem da Santa foi encontrada pelos pescadores. A transação foi acertada pela família Marinho e o arcebispo dom Raymundo Damasceno Assis.
Segundo o UOL, a emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia. Às 19h sempre um capítulo inédito; às 22h30, a reprise. 'A Padroeira' é protagonizada por Deborah Secco, Maurício Mattar e Luigi Baricelli. A TV Aparecida apenas terá que pagar os direitos de imagem do elenco. Fonte: www.noticiasaominuto.com.br
AGRADECER...
- Detalhes
Frei Petrônio de Miranda, Carmelita.
Nos últimos dias, aqui do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, entrei em contato com a administração de Lagoa da Canoa da Canoa-AL através do Vice-Prefeito, sr. Paulo Aguiar, e falei sobre o abandono que se encontrava a imagem de Nossa Senhora Aparecida na entrada da Comunidade Capim-minha terra natal- monumento este feito através de nosso pedido ao então prefeito na época, Sr. Jairzinho.
Estive no mês da Padroeira do Brasil e da Comunidade Capim em outubro do ano passado- como aliás faço todos os anos- e, mesmo solicitando uma limpeza ao então gestor, sr. Álvaro Melo, não fomos atendidos e a nossa querida Padroeira ficou abandonada. Repito, abandonada!
Venho de público agradecer a atual administração na pessoa da Prefeita, sra. Tainá Veiga e do seu vice, sr. Paulo Aguiar, por atender não um pedido do Frei Petrônio de Miranda, mas das Comunidades; Capim, Pau- D`Arco e Mata Limpa, uma vez que nossa Senhora Aparecida acolhe e abençoa a todos que passa naquela estrada. Além do mais, estamos em pleno Ano Mariano da celebração dos 300 Anos do encontro da Mãe de Deus com os pescadores em Aparecida do Norte/SP.
Aqui de Brasília, onde encontro-me em Missão nesses dias, aproveito para desejar uma ótima Semana Santa.
Que Deus abençoe a todos e boa caminhada até o Cruzeiro dos Olhos D`água. Ah! E ainda tem político que “não sabe” porque perdeu a última eleição... Pelo amor de Deus! (Fotos da reforma. Fonte: facebook)
Na falta de padres, mulheres celebram cerimônias em igrejas de Portugal.
- Detalhes
Em algumas aldeias do sudeste de Portugal, a falta de padres católicos levou mulheres locais, simples fiéis, a celebrar elas próprias cerimônias para animar a vida religiosa destas comunidades, antigas, mas abertas à mudança.
Na minúscula igreja de Carrapatelo, aldeia de meia centena de casas construídas sobre uma colina com vista para os vinhedos da região de Reguengos de Monsaraz, Claudia Rocha, vestida de preto, se dirige a uma dezena de fiéis, mulheres idosas em sua maioria.
Enquanto sua bolsa de couro e seu smartphone a esperam apoiados no primeiro banco, a jovem de 31 anos conduz com facilidade esta “assembleia dominical na ausência de padre”. Após as orações e os cantos litúrgicos, ela mesma comenta as leituras bíblicas do dia, como faria qualquer outro prelado.
Ao fim da cerimônia, distribui a comunhão como ocorre na missa, com a única diferença de que as hóstias que reparte foram benzidas por um padre e que ela não bebe o vinho que representa o sangue de Cristo. “Se eu não estivesse aqui hoje, esta igreja estaria fechada. Pouco importa que seja mulher, diácono ou padre: o que conta é ter alguém que pertença à comunidade e mantenha o vínculo com o padre, inclusive quando ele não está”, explica à AFP.
– ‘Nada novo’ –
Esta assistente social, divorciada e sem filhos, faz parte do grupo de 16 laicos, oito mulheres e oito homens, escolhidos pelo padre Manuel José Marques para ajudá-lo a conservar uma presença regular da igreja nas sete paróquias sob sua responsabilidade.
“Pode parecer raro e novo, mas não inventamos nada. Trata-se de uma ferramenta prevista pela Igreja há muito tempo, para os casos em que seja absolutamente necessário”, destaca este padre de 57 anos. Efetivamente, outros países têm este tipo de celebrações sem ministro ordenado, como Alemanha, França, Suíça ou Estados Unidos, devido à falta de padres católicos. Sua aparição remonta aos anos 80, mas o Vaticano e muitos eclesiásticos se negam a encorajá-la por medo de uma banalização da missa.
O padre Manuel José, por sua vez, não encara isso com maus olhos. Em Reguengos de Monsaraz, localidade da região do Alentejo, perto da fronteira com a Espanha, assembleias dominicais como essas, realizadas há mais de uma década, são necessárias. Os fiéis que o ajudam de forma voluntária, de 24 a 65 anos, “são pessoas que têm a experiência da fé e do encontro com Jesus Cristo, e que sabem falar disso”, resume, ressaltando que não faz nenhuma distinção entre homens e mulheres.
O recurso às mulheres laicas existe em outras regiões rurais de Portugal, país de dez milhões de habitantes, dos quais 88% são católicos, segundo estimativas da Igreja, e que tem apenas 3.500 padres para 4.400 paróquias.
– ‘Assunto delicado’ –
Em agosto passado, o papa Francisco criou uma comissão de estudo sobre o papel das mulheres diaconisas nos trabalhos do cristianismo. E embora tenha desmentido ter “aberto o caminho para as diaconisas”, sua iniciativa é encarada como um gesto de abertura potencialmente histórico sobre o papel das mulheres no seio da Igreja.
“É um assunto muito delicado, mas nós o simplificamos. Nesta pequena aldeia, tomamos a dianteira do Vaticano”, considera Claudia Rocha ao sair da igreja. Exibindo um espírito progressista, o padre Manuel José considera que “as mulheres seriam padres e diaconistas muito boas”. No entanto, adverte, “não é a opinião de um padre nem de dez que fazem a teologia”.
Os paroquianos, por sua vez, aprovam a presença de uma mulher no púlpito. “No início achávamos estranho: ‘Uma mulher ministrando a missa?’ Mas depois nos acostumamos”, explica Angélica Vital, aposentada de 78 anos. “E, se faltam padres, acredito que deveriam poder se casar… são homens, assim como o resto”, afirma com um sorriso. Fonte: http://istoe.com.br
Aborto: nova nota de condenação da CNBB
- Detalhes
"O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro", afirmam os bispos.
Na tarde desta terça-feira, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota Oficial "Pela vida, contra o aborto". Os bispos reafirmam posição firme e clara da Igreja "em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural" e, desse modo lembra condenam "todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil".
"O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu", sublinham os bispos.
Os bispos ainda lembram que "o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto". E afirmam: "A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade".
Atitudes antidemocráticas
Na Nota, os bispos afirmam: "Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar".
A CNBB pede: "O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado". E conclama: as "comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana".
Leia a Nota:
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL- Presidência
NOTA DA CNBB
PELA VIDA, CONTRA O ABORTO
“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”(Didaquê, século I)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural . Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil.
O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início . Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso.
A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicionalmente a vida humana. A sapiência e o arcabouço moral do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo . As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores . O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” .
O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”.
Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar.
O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado.
Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto” . São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto.
É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos.
Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana.
Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.
Brasília-DF, 11 de abril de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte:http: www.cnbb.org.br
IRMÃO, AMADO, FREI CARLOS MESTERS, PADRINHO DE BÍBLIA, SAÚDE!
- Detalhes
Zé Vicente, cantor.
Agora é nossa vez, de orarmos, nesta Santa Semana, por você.
Eu, o jovem Juazeiro, que você plantou conosco, no terreiro da cozinha da Casa Mãe, lá no Sertão, que tanto amamos; as crianças, com seus pais e mães, aquelas, que numa linda manhã, luas atrás, abençoastes e brincastes, decifrando os nomes.
Sua família Carmelitana, da redondeza de Caririaçu, Cajazeiras e a vasta família de tantos recantos está em comunhão orante.
..................
Mas, se bem o conheço, você não aceitaria uma só gota de oração, para você, individual, por isso, seja nossa prece, para todos os que buscam saúde integral, holística, corpo e espírito e, para todas as vítimas das guerras e das exclusões, para quem está sedento de Justiça plena e, vida vitoriosa, para o nosso canto pascal, domingo que vem! Amém.
Fonte: Facebook
AO VIVO: Acompanhe agora a Missa direto de Brasilia.
- Detalhes
AO VIVO DIRETO DE BRASÍLIA/DF: Santa Missa de Ramos com Frei João Carlos, Carmelita, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Brasília. Daqui a pouco veja transmissão aqui no olhar. Para interagir ao vivo vc deve ser seguidor do Frei Petrônio adicionando: www.facebook.com/freipetros.
Pastor é preso suspeito de estuprar menina de 12 anos
- Detalhes
Para cometer o crime, ele convenceu garota de que estava enfeitiçada e, para quebrar o feitiço, deveria ter relações sexuais com 'um homem de Deus'.
Pastor é preso suspeito de crime sexuais contra adolescentes em Campos Novos
Um pastor foi preso em Campos Novos, no Oeste catarinense, na quinta-feira (6) suspeito de estuprar uma menina de 12 anos que frequentava a igreja dele e enviar mensagens para tentar abusar de outras duas. De acordo com a Polícia Civil, ele convenceu a garota de que estava enfeitiçada e, para resolver o problema, deveria ter relações sexuais com ele.
Conforme o delegado Luis Eduardo Machado Córdova, em 2016, o pastor falou para menina de 12 anos que Deus iria lhe dar uma missão e, dias depois, enviou uma mensagem para o celular dela dizendo que havia um feitiço e a única maneira de quebrá-lo seria ter relações sexuais ao menos sete vezes com um homem de muita fé e que fosse casado. Quando a menina procurou o pastor para pedir orientações, os abusos começaram, conforme a polícia. Segundo delegado, o pastor estuprou a garota e fez tentativa de violação sexual mediante fraude contra as outras duas.
Tentativas
Durante as investigações, os policiais apuraram também que em março deste ano, o suspeito habilitou um celular em nome de uma mulher que frequentava a igreja dele e encaminhou uma mensagem para as garotas de 15 e de 16 anos, se passando por um rapaz que teria estudado com elas, cujo pai era feiticeiro e havia feito um feitiço contra elas.
No texto, o pastor dizia que as meninas deviam ter relações sexuais por ao menos sete vezes com “um grande homem de Deus, abençoado e casado, mas que ninguém poderia saber disso, caso contrário, elas poderiam até morrer”, informou a polícia.
Horas depois, as adolescentes procuraram o pastor para pedir ajuda e mostraram a mensagem. Segundo os policiais, ele se aproveitou da condição de autoridade religiosa para começar uma série de conversas com as meninas.
“Ele atuava há quatro anos em Campos Novos. Em 2016, a família da menina de 15 anos registrou um boletim de ocorrência porque o pastor cometeu delito contra honra depois de uma declaração que colocou em dúvida a virgindade da garota”, disse o delegado.
Sonhos
Nas mensagens, ele dizia às adolescentes que “obedecer a orientação seria a única maneira de ‘vencer o mal’ e que ele estava à disposição para o que fosse preciso”.
Em algumas conversas, ele disse às garotas que havia sonhado que isso aconteceria, em outras, afirmou que aquilo era ordem de Deus e não havia escolha, senão cumpri-la, conforme os policiais.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e entregue ao Ministério Público que ofereceu a denúncia contra o suspeito. O pastor foi conduzido ao presídio de Campos Novos, segundo a polícia. O G1 não conseguiu contato com o MP até a publicação desta notícia. Fonte: http://g1.globo.com
*ESSA É NOVIDADE: Jejum de carbono durante a Quaresma pode honrar a criação de Deus
- Detalhes
Pelo terceiro ano consecutivo, a Arquidiocese de Mumbai está pedindo aos fiéis para levar a tradição da Quaresma de abrir mão de algo um pouco mais longe, pedindo por um jejum de carbono, na tentativa de conscientizar sobre a necessidade de cuidar do planeta. A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por Crux, 28 -02-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
A Quaresma está aí mais uma vez e a hierarquia está cada vez mais criativa para usar este período para estimular os paroquianos a serem pessoas e cidadãos melhores. Muitos estadunidenses aproveitam a oportunidade de combinar a observância religiosa e a tentativa de largar vícios pouco saudáveis, como o cigarro, o álcool ou o açúcar.
A Arquidiocese de Mumbai [anteriormente conhecida como Bombaim] está indo bem adiante, em uma tentativa de fazer as pessoas pensarem não só no futuro de sua própria saúde, mas também na saúde do planeta. Com isto em mente, eles emitiram um convite ao jejum de carbono durante a Quaresma de 2017.
O site da arquidiocese afirma: "o jejum de carbono desafia as pessoas a refletirem sobre suas ações diárias e sobre seu impacto sobre o meio ambiente."
As campanhas pelo jejum de carbono, segundo eles, "são projetadas para que, durante a Quaresma, as pessoas tomem pequenas atitudes para reduzir a produção de dióxido de carbono com a esperança de ajudar o ambiente e tornar o mundo um passo mais próximo de uma existência sustentável. Os passos praticados durante a Quaresma devem ter continuidade, de modo que a mudança seja duradoura".
Por muito tempo considerada uma dos megacidades mais poluídas do mundo, um estudo recente do Instituto Indiano de Tecnologia de Bombaim mostrou que em 2015 a poluição do ar contribuiu para 80.665 mortes prematuras de adultos acima de 30 anos em Mumbai e Deli.
O comunicado da Arquidiocese de Mumbai também aponta que, enquanto muitas pessoas optam por se abster de algo tão pequeno quanto chocolate, "este ano o nosso desafio é mais profundo, é o jejum de carbono - para reduzir as ações que prejudicam a Criação de Deus; para reduzir nosso uso de gasolina, eletricidade, plástico, papel, água e toxinas".
O bispo auxiliar de Mumbai Allwyn D'Silva explicou que nos "últimos 2 anos, a Arquidiocese de Bombaim adotou o jejum de carbono durante a Quaresma e este ano também queremos continuar com a iniciativa que as pessoas passaram a manter mesmo após a época da Quaresma."
Fazer com que as pessoas pensem para além da época da Quaresma e façam mudanças permanentes em seu comportamento é um objetivo difícil, mas que D'Silva e muitos outros consideram necessário.
Nas últimas duas décadas, D'Silva vem tentando reduzir o impacto do aquecimento global através de várias iniciativas de conscientização, educação ambiental nas escolas e publicação de trabalhos acadêmicos para que as paróquias sejam mais ecológicas.
D'Silva envolveu-se com as questões ambientais quando a consciência do público em geral era mínima. Ele se envolveu ativamente com questões de danos ecológicos - participando de workshops, organizando seminários e realizando atividades de auxílio às comunidades marginalizadas afetadas pelas mudanças climáticas.
O lema episcopal de D'Silva é "Cuidado com a Criação" e, atualmente, ele é Secretário do gabinete para a Mudança Climática da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). Ele é um grande apoiador da encíclica do Papa Francisco, Laudato Si'.
"No livro da criação, lemos que Deus criou um mundo belo e viu que o mundo era bom, mas, infelizmente, nós destruímos o mundo com nossas ações", disse D'Silva à Crux.
"[A luta contra a] mudança climática está enraizada na fé, pois cuidar da criação é manifestar o seu amor pelo Criador. Quanto mais cuidamos da criação, mais nos espiritualizamos", disse ele. "A incerteza paira sobre o clima, as enchentes e a elevação das temperaturas e já causou uma série de prejuízos. Muitas medidas precisam ser tomadas para que se faça algo sobre isso, não só na Índia, mas em todo o mundo."
As paróquias da Arquidiocese vão planejar um jejum de carbono no dia atribuído a cada uma delas. O jejum de carbono da arquidiocese acontecerá a partir da quarta-feira de cinza, 1º de março, até o sábado do dia 08 de abril de 2017.
*Bombaim ou, oficialmente, Mumbai é a maior e mais importante cidade da Índia. Conta com uma população estimada em 12. 478. 447 habitantes residindo apenas em seu núcleo urbano,
O inimaginável Deus crucificado
- Detalhes
“Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.” A opinião é dos pastores batistas italianos Lidia Maggi e Angelo Reginato, em artigo publicado na revista Riforma, publicação das Igrejas evangélicas batista, metodista e valdense italianas, de abril de 2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O tempo que precede a Páscoa pretende promover a sabedoria de diminuir o ritmo, de podar as vidas de todos aqueles elementos não essenciais que as engolem, de modo que possa emergir o coração do Evangelho, o Cristo morto e ressuscitado.
Quarenta dias, um tempo litúrgico que remete aos 40 anos no deserto, nos quais Israel aprendeu a se deixar alimentar diretamente por Deus. Para nós, um tempo de verificação para nos interrogarmos sobre a nossa bulimia de paixões tristes, que impedem que a alegria pascal flua.
Um tempo para revisitar a nossa dieta espiritual e nos interrogarmos sobre as carências alimentares: que papel tem a oração, aquele diálogo precioso com Deus? Que papel desempenha a comunidade de fé, na qual Deus me fala através da voz de irmãs e irmãos? Que peso tem a Palavra que, como bom pão, sacia e fortifica? O êxodo de Jesus, da morte à vida, é como um parto.
A Quaresma, um tempo de gestação para conservar e fazer crescer em nós a esperança da nova vida. Quando o trabalho de parto tem início, não pode ser suspenso. Assim também nós, no tempo que precede a Páscoa, esperamos captar aquelas contrações vitais da alma, que nos fazem perceber os sinais do renascimento. Dor, fadiga, mas também alegria. Movimentos da alma contraditórios, para manter juntos o anúncio da vida na agonia da última hora.
Todos os anos, voltamos à cena-mãe da fé cristã, a Páscoa de Jesus para reconhecer que algo daquela cena que escapa. Quanto mais tentamos compreendê-la, mais sentimos que ela resiste a nós. Como manter juntos o plano de Deus (“é preciso que o filho do homem sofra...”) e as escolhas humanas (“fizeram um plano para matá-lo...”)? Uma questão que emerge já na primeira Páscoa, a do Egito: é Deus que endurece o coração do faraó, ou é este último que o endurece por livre escolha? E, depois, o problema dos problemas: como interpretar o “por nós” daquela morte cruenta? Expiação, dom, resultado de uma vida?
É claro, no conflito das interpretações fornecidas em dois mil anos de cristianismo, algumas evidências permanecem. É impossível não ver naquela cena a inversão do imaginário religioso que, desde sempre, pensou um Deus que pede que a humanidade se sacrifique por Ele, enquanto no Gólgota é Deus que se sacrifica por nós.
Na cruz, entrevemos um rosto de Deus diferente daquele percebido pelo sentimento comum; lá, revela-se o Deus da graça. Partamos daí, da revelação que está no coração da cena da cruz, onde o véu do templo se rasga, e nós entretemos o rosto de Deus. Rosto inédito. Quando só O podíamos ver de costas, O pensávamos exatamente ao contrário. Como o Senhor que está no alto e impõe que os Seus subalternos O sirvam. E, assim, a religião educou a reconhecer e a temer a potência de Deus. E, no nome desse Deus, reproduziu o consenso aos poderosos da terra, tenentes do trono celestial. E pregou a manutenção da ordem: “Que um homem só morra pelo povo e não pereça toda a nação!”.
Também nós, que reconhecemos na cruz a sua ação salvífica, continuamos imaginando Deus de acordo com aquela narrativa religiosa. Narrativa que pode apresentar entre os seus méritos a manutenção da ordem e de um certo tipo de paz. E não é, talvez, essa a tarefa da religião, especialmente hoje, em tempos de enfurecimento do terrorismo?
Não que haja algo de errado em desejar um deus que possa garantir uma vida tranquila. Ao contrário. Mas, na cena da cruz, os imaginários humanos são postos de cabeça para baixo. Aquele Filho, que nos deu a conhecer a Deus, apresenta-se inerme, à baila dos poderes, por uma vez muito concordes em eliminá-lo, fazendo dele um maldito a ser crucificado. Ele que, por muito tempo, tinha preparado os seus discípulos para tomar a cruz, para perder a própria vida por causa dele, ei-lo que, tendo chegado a hora fatal, preocupa-se em salvá-los. João focaliza essa preocupação do Mestre até reinterpretar a vil fuga dos seus na despedida desejada pelo próprio Jesus: “‘Quem é que vocês estão procurando?’ Eles responderam: ‘Jesus de Nazaré.’ Jesus falou: ‘Já lhes disse que sou eu. Se vocês estão me procurando, deixem os outros irem embora’” (18, 7-8).
O que significa crer em um Deus assim? Tentemos, por uma vez, abrir mão da pergunta sobre “o que fazer”. Não que não seja preciso: todos percebemos a urgência de agir. A Igreja, no rastro desse seu Senhor, é chamada a viver uma fé que opera por meio do amor. Mas, pelo menos na Páscoa, suspendamos o costumeiro operar e tornemo-nos uma comunidade inoperante, na escuta pura dessa chocante revelação do Deus crucificado.
Escutemos aquela voz que o coração reconhece como proveniente de Deus e que diz: “Busquem o meu rosto!” (Salmo 27, 8). Seremos capazes disso? Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.
O desafio, portanto, é o de ficar na cena da cruz, silenciando explicações e expectativas demasiado humanas, para retornar principiantes, capazes de nos admirarmos com um Deus inimaginável, que irrompe na história fazendo gestos inesperados.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Para CNBB, Reforma da Previdência “escolhe o caminho da exclusão social”
- Detalhes
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta quinta-feira, dia 23 de março, uma nota sobre a Reforma da Previdência. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente da entidade, os bispos elencam alguns pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, considerando que a mesma “escolhe o caminho da exclusão social” e convocam os cristãos e pessoas de boa vontade “a se mobilizarem para buscar o melhor para o povo brasileiro, principalmente os mais fragilizados”. A informação é publicada por CNBB, 23-03-2017.
Em entrevista coletiva à imprensa, também foram apresentadas outras duas notas. Uma sobre o foro privilegiado e outra em defesa da isenção das instituições filantrópicas. Na ocasião, a Presidência da CNBB falou das atividades e temas de discussão durante a reunião do Conselho Permanente, que teve início na terça-feira, dia 21 e terminou no fim da manhã desta quinta, 23.
Apreensão
Na nota sobre a PEC 287, a CNBB manifesta apreensão com relação ao projeto do Poder Executivo em tramitação no Congresso Nacional. “A previdência não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, salientam os bispos.
O Governo Federal argumenta que há um déficit previdenciário, justificativa questionada por entidades, parlamentares e até contestadas levando em consideração informações divulgadas por outros governamentais. Neste sentido, os bispos afirmam não ser possível “encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias”.
A entidade valorizou iniciativas que visam conhecer a real situação do sistema previdenciário brasileiro com envolvimento da sociedade.
Eis a nota.
“Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão”. (Amós 5,7)
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 21 a 23 de março de 2017, em comunhão e solidariedade pastoral com o povo brasileiro, manifesta apreensão com relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de iniciativa do Poder Executivo, que tramita no Congresso Nacional.
O Art. 6º. da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Previdência seja um Direito Social dos brasileiros e brasileiras. Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio.
Abrangendo atualmente mais de 2/3 da população economicamente ativa, diante de um aumento da sua faixa etária e da diminuição do ingresso no mercado de trabalho, pode-se dizer que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, posteriormente adequado à Seguridade Social.
Os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade.
O sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade...), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários. Na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica.
Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 “soluciona o problema”, excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios. Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores...); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social.
A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência. Essas opções ajudariam a tornar realidade o Fundo de Reserva do Regime da Previdência Social – Emenda Constitucional 20/1998, que poderia provisionar recursos exclusivos para a Previdência.
O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses. Quando isso acontece, quem perde sempre é a verdade. O diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade deve ser buscado até à exaustão.
Às senhoras e aos senhores parlamentares, fazemos nossas as palavras do Papa Francisco: “A vossa difícil tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias. Não falte entre as vossas prioridades uma atenção privilegiada para com o trabalho feminino, assim como a assistência à maternidade que sempre deve tutelar a vida que nasce e quem a serve quotidianamente. Tutelai as mulheres, o trabalho das mulheres! Nunca falte a garantia para a velhice, a enfermidade, os acidentes relacionados com o trabalho. Não falte o direito à aposentadoria, e sublinho: o direito — a aposentadoria é um direito! — porque disto é que se trata.”
Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados.
Na celebração do Ano Mariano Nacional, confiamos o povo brasileiro à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Deus nos abençoe!
Brasília, 23 de março de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Cardeal “contra” da Cúria romana ataca o Vaticano II
- Detalhes
Os líderes do movimento católico conservador de oposição ao Papa Francisco subiram mais um degrau em sua escalada: o cardeal Robert Sarah, nada menos que o prefeito da Congregação do Culto Divino, responsável pela liturgia na Igreja, atacou abertamente o Concílio Vaticano II. Para ele, o rito da missa estabelecido pelo Vaticano II, que retomou os aspectos centrais das celebrações do primeiro século do cristianismo, seria responsável por “desastres, devastações e guerras”.
O concílio, realizado entre 1962 e 1965, renovou a Igreja Católica, que estava estagnado no século XIX (e anteriores) quando o século XX já ia para além da metade. Mais de 2 mil padres conciliares convocados por João XXIII reuniram-se em Roma e buscaram romper com os paradigmas de fechamento, apego à riqueza, insensibilidade ao sofrimento e organização monárquica que marcavam a Igreja desde então. Ainda durante os trabalhos do Concílio, os hierarcas encastelados na Cúria romana, iniciaram o trabalho de demolição de suas decisões, e tiveram enorme espaço durante os papados de João Paulo II e Bento XVI.
O cardeal ganense Sarah é um dos principais líderes da campanha contra Francisco, ao lado do estadunidense Raymond Burke. Em a carta uma conferência litúrgica que advoga a restauração da missa tridentina (rezada em latim e com o padre de costas para as pessoas), o prefeito do Culto Divino com que “rasgou a fantasia” e investiu contra o rito da missa: “não podemos fechar os olhos aos desastres, devastações e guerras que os promotores modernos de uma liturgia viva causaram ao remodelar a liturgia da Igreja de acordo com suas ideias”.
A atacar os 2 mil padres conciliares, o cardeal restauracionista mantém a perspectiva de seus aliados, que consideram “tradição” na Igreja tudo o que foi feito no segundo milênio do cristianismo, especialmente as decisões do Concílio de Trento (1545/1563), ignorando a tradição oriunda das primeiras comunidades cristãs, deturpadas ao longo dos séculos e cuja originalidade do Vaticano II buscou resgatar.
O alvo de Sarah na verdade é o Papa Francisco e um trecho de sua carta é revelador: “muitos creem e declaram em alto e bom som que o Concílio Vaticano II ocasionou uma verdadeira primavera na Igreja (…). Com efeito, um número cada vez maior de líderes eclesiais consideram esta ‘primavera’ como um rechaço, uma renúncia à sua herança milenar”. Para ele, há uma “tendência sacrílega” na Igreja depois do Vaticano II. O uso da expressão “primavera” não foi casual, pois é a palavra corrente para definir o clima na Igreja com a eleição de Francisco.
Os “contras”, que buscam encontrar uma forma de derrubar um Papa querido em todo o mundo –exceto por eles e seus aliados- dão agora um salto no escuro, pois traçam um sinal de igualdade entre Francisco e o Vaticano II: será uma estratégia eficiente investir contra um homem identificando-o ao evento que marcou o ingresso da Igreja na modernidade?
O confronto está cada dia mais agudo.
Fontes: http://outraspalavras.net (Adital)
Franciscanos acusam: pressa de Temer com reformas é a mesma de Judas para entregar Jesus
- Detalhes
A Conferência dos Frades Menores do Brasil, da Ordem fundada por São Francisco em 1209, lançou uma nota dura contra as reformas do governo Temer no Dia Nacional de Mobilização (31 de março). Os franciscanos compararam a pressa do governo Temer em aprovar as reformas com a pressa de Judas para entregar Jesus aos poderosos de então: “O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.” A nota tem o título de Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais. A carta foi publicada no Blog Caminho para Casa, 31-03-2017.
Os nove líderes regionais da Ordem dos Frades Menores (OFM), além do Definidor Geral da Ordem, sediado em Roma, Frei Valmir Ramos, OFM, que reuniram-se em Olinda (PE), de 27 a 31 de março. Os Franciscanos Menores são o maior dos três ramos tradicionais daquela que é conhecida como família franciscana, composta também pelos Capuchinhos e Conventuais. Os Frades Menores são em mais de 14 mil no mundo e cerca de mil no Brasil.
Na nota, os franciscanos afirmam que as reformas, sobretudo a da Previdência e a terceirização das relações trabalhistas soam como uma corrida das elites para “à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.”
Os líderes franciscanos terminam sua carta lançando uma convocação à mobilização contra as reformas: “Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.”
A seguir, a íntegra da nota:
Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais.
“Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: ‘O que tens a fazer, executa-o depressa’” (Jo 13,27).
Reunidos no Convento São Francisco, em Olinda (PE), o primeiro Convento da Ordem dos Frades Menores no Brasil (1585), entre os dias 27 e 31 de março, nós, os Ministros e Custódios da Conferência da Ordem dos Frades Menores do Brasil (CFMB), desejamos manifestar nossa máxima preocupação diante do momento político e social que vivemos em nosso país. O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.
Propostas aos moldes da PEC 287/16, que versa sobre a reforma da Previdência, e o “desengavetamento” repentino e acelerado do Projeto de Lei 4.302/98, que aprova a terceirização irrestrita de todas as atividades profissionais, soam como uma “corrida” contra o tempo de quem deseja, à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.
Cientes de que teto, terra e trabalho são direitos inalienáveis de todo e qualquer ser humano (Cf. discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares em outubro de 2014), e em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Conferência da Família Franciscana no Brasil (CFFB), os Presidentes e Representantes das Igrejas Evangélicas Históricas do Brasil e outras entidades e instituições que manifestam as mesmas preocupações, queremos também apresentar nossa disposição em trabalhar com firmeza para que nenhum direito dos mais pobres seja subtraído injustamente. Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.
Olinda, 31 de março de 2017.”
Frei João Amilton dos Santos, OFM, Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil (PE, CE, BA, AL, SE, RN, PB)
Frei Inácio Dellazari, OFM, Província São Francisco (RS)
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM, Província Imaculada Conceição do Brasil (SP, RJ, PR, SC e ES)
Frei Hilton Farias de Souza, OFM, Província Santa Cruz (MG)
Frei Marco Aurélio da Cruz, OFM, Província Santíssimo Nome de Jesus (GO, TO, DF)
Frei Bernardo Brandão, OFM, Província Nossa Senhora da Assunção (MA, PI)
Frei Francisco de Assis Paixão, OFM, Custódia São Benedito da Amazônia (PA, AM, RR)
Frei Flaerdi Silvestre Valvassori, OFM, Custodia do Sagrado Coração de Jesus (SP, MG)
Frei Roberto Miguel do Nascimento, OFM, Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora (MS e MT)
Frei Valmir Ramos, OFM, Definidor Geral da Ordem dos Frades Menores (Roma, Itália)
Bispos do RN entregam nota sobre PEC da Previdência a parlamentares
- Detalhes
O Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; o bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz, e o bispo de Mossoró, Dom Mariano Manzana, se encontraram com deputadores federais e senadores do Rio Grande do Norte, em Brasília, no final da manhã desta quarta-feira, 5.
Na ocasião, foi entregue à bancada potiguar uma nota, em nome dos bispos, contando, também com a assinatura dos padres das três dioceses potiguares. A mesma nota, que incentiva os cristãos a se mobilizarem contra à proposta da Reforma da Previdência, será lida nas missas do Domingo de Ramos, dia 9 de abril, em todas as paróquias do Estado.
Abaixo, a nota dos bispos, na íntegra:
NOTA DOS BISPOS DA PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE NATAL SOBRE A PEC 287/2016 – REFORMA DA PREVIDÊNCIA
“Eu vi, eu vi a aflição de meu povo (…), e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.”
Êxodo 3,7
Nós, Bispos da Província Eclesiástica de Natal, em comunhão com o clero da Arquidiocese de Natal e das Dioceses de Mossoró e Caicó, fiéis ao Evangelho e à missão da Igreja, e em solidariedade para com o povo potiguar e todos os brasileiros e brasileiras, neste momento de tantas incertezas ante as propostas de reformas que tramitam no Congresso Nacional, recordamos à classe política potiguar que
UM PARLAMENTAR ELEITO PELO POVO NÃO VOTA CONTRA SEUS INTERESSES!
Desde a antiga Grécia, o conceito de democracia sempre esteve associado à participação popular. Das reuniões nas praças – Ágora, onde o povo debatia sobre o que era melhor para a cidade – pólis, evoluímos para um modelo de democracia representativa, no qual a sociedade delega a um representante o direito de falar em seu nome. O povo do Rio Grande do Norte, em 2014, elegeu oito Deputados Federais e um Senador para falarem dignamente em seu nome.
Estando às vésperas da votação, no Congresso Nacional, de uma ampla e inusitada Reforma da Previdência, instrumentalizada por uma alteração à nossa soberana Constituição Brasileira (PEC nº 287/2016), sentimo-nos obrigados, na condição de sacerdotes e membros de uma Igreja que tem por missão defender a vida e o bem-estar do povo em plenitude, a cobrar dos nossos parlamentares a posição que deles se espera: a de reprovar essa proposta que atenta contra os interesses do povo, repudiando toda e qualquer tentativa de retrocesso social.
Ultimamente, sob o falso fundamento de déficit, crise econômica e outros episódios cíclicos, o Governo tem investido fortemente na alteração de direitos sociais, previdenciários e trabalhistas que foram incorporados à sociedade por dura luta popular. Sabemos conscientemente que a Reforma da Previdência atingirá de forma desigual e mais ostensiva os mais humildes, os descamisados, especialmente os trabalhadores rurais e as mulheres, numa inequívoca violação aos direitos humanos.
Vemos, com apreensão e repúdio, o silêncio perturbador de boa parcela da classe política brasileira, que aderna a essa mudança de forma passiva e adesista. Esperamos, com redobrada atenção, que os nossos mandatários, legatários principais da confiança do nosso povo, não traiam os interesses daqueles eleitores que no 1º domingo do mês de outubro de 2014, saíram de suas casas, em sua maioria habitações simples e desguarnecidas de tudo, para votarem em candidatos em quem depositaram a esperança num porvir venturoso e de maior justiça social. Afinal, Cristo deixou como lembrança: “A quem muito foi dado, muito será cobrado (pedido)”. (Lc 12,48)
Convocamos, pois, os cristãos e cristãs, bem como todas as pessoas de boa vontade, particularmente de nossas comunidades, a se mobilizarem contrárias à proposta de Reforma da Previdência, ora em tramitação, para defender os direitos básicos conquistados a duras penas pelo povo brasileiro, visando preservar, principalmente, aqueles direitos assegurados para os mais pobres e socialmente vulneráveis.
Permanecemos atentos e de olhos abertos no acompanhamento do voto dos nossos representantes, Senadores e Deputados Federais do Rio Grande do Norte!
Natal, 05 de abril de 2017.
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal |
Dom Mariano Manzana Bispo de Mossoró |
Dom Antônio Carlos Cruz Santos, MSC Bispo de Caicó |
A cruz de Cristo e a nossa cruz
- Detalhes
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
As palavras de Jesus que convida os discípulos a segui-lo ressoam de maneira especial nestes dias que nos aproximamos da celebração da sua Paixão, Morte e Ressurreição: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23). A vida cristã é via crucis, iluminada pela luz da Ressurreição. Já compreendeu assim Paulo, quando expressou seu desejo de uma vida totalmente identificada com Cristo e, chegando ao extremo de “tornar-me semelhante a ele em sua morte” (Fl 3,10). A cruz não foi somente um “fim trágico” da vida de Jesus, mas a acompanhou durante toda a sua vida, como ele próprio anunciou aos seus discípulos, por três vezes: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar depois de três dias” (Mc 8,31). Pelos evangelhos podemos ver claramente a crescente oposição que Jesus encontrou da parte dos que tramaram sua morte. A cruz do Nazareno revela, ao mesmo tempo, a violência que foi descarregada sobre ele e o amor intenso que nele estava sempre presente.
Na cruz, o pecado do mundo se evidencia, se escancara. Ela é, claramente, a consequência do mal pensado, orquestrado, com interesses. Cada vez que contemplamos o Crucificado nos é recordada a injustiça humana, que mata o inocente. O pecado que se revelou na morte de Jesus, continua presente e se tornou um poder que governa as estruturas da sociedade humana. Por isso, a paixão de Cristo revela a paixão do mundo, que continua na história: migrações forçadas, refugiados de guerras, sistema político-econômico que exclui e mata, projetos que desejam tirar os direitos dos menos favorecidos, indiferença diante do sofrimento do outro, crescente ódio ao invés do diálogo, violência familiar, violência no trânsito, projetos para descriminalizar a morte de indefesos no ventre materno, situação caótica das penitenciárias, depredação do meio ambiente, sem contar os pecados e violências pessoais.
Porém, o que torna a morte de Jesus na cruz uma boa notícia é o modo como Ele a viveu. O que Jesus realizou na cruz é o resumo de sua vida. Em primeiro lugar, a resiliência, a persistência de Jesus diante da provação, do sofrimento, permanecendo fiel até o fim. Nossa geração precisa aprender o valor da perseverança e que o sofrimento, quando é consequência de uma opção de vida e de valores, tem sua razão de ser e faz parte da vida. Não esmorecer diante das dificuldades da vida. Em segundo lugar, a morte de Jesus na cruz estabelece um fato marcante para toda a história da humanidade: o ódio e a violência foram superados pelo amor; o círculo vicioso do mal foi vencido pelo bem. É possível amar e fazer o bem mesmo diante do mal. A cruz revela o que Jesus fez durante toda sua vida: perdoar. Conservou até o fim seu amor perdoador. Ao contemplar o Crucificado vemos que, em Jesus, Deus nos perdoa. Sua morte é redentora. Solidariamente, carregou o peso de nosso mal, nosso pecado e, assim, “pelas suas chagas fomos curados” (Is 53,5). Também, o Crucificado soube transformar a morte violenta que lhe foi imposta num ato de entrega. Fez de sua vida uma entrega ao Pai. Entrega-se totalmente ao Pai e a nós, atingindo sua perfeição na cruz. O modo como viveu e morreu mostra-nos que a chave da vida está na entrega de si.
Enfim, é preciso deixar que o amor curador do Crucificado alcance nossa vida e nos transforme em construtores do bem, da vida, como “fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14). Somos abraçados e envolvidos pelos braços abertos de Cristo na cruz. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Pág. 297 de 664