Redes de risco
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Danos para a saúde mental podem ser combatidos com ciência e educação midiática
Novas tecnologias de comunicação despertam fascínio quando surgem e, depois, preocupação, até pânico. Foi assim com o cinema, a televisão e, neste século 21, é o que se passa com as redes sociais.
Na quarta (24), o médico e secretário de Saúde dos EUA, Vivek Murthy, emitiu um alerta sobre os riscos dessas mídias. O relatório afirma que, apesar de a ciência ainda não ter alcançado consenso a respeito, há fortes indícios de que elas possam prejudicar a saúde física e mental dos mais jovens.
O aumento do uso das plataformas tem sido acompanhado por uma alta nos casos de ansiedade, depressão, automutilação e ideação suicida —mas ainda não se comprovou se a relação é causal.
Há pesquisas que mostram que o sistema de recompensa das redes sociais, por meio das chamadas "curtidas", estimulam processos neurológicos similares aos verificados em dependentes químicos; já outras revelam benefícios, como conexão emocional e comunitária entre os jovens.
A falta de consenso leva o relatório americano a pedir por um esforço científico de investigação. Enquanto isso, medidas vão sendo tomadas. Em março, Utah proibiu que menores de 18 anos tenham contas em redes sem a anuência de pais ou responsáveis.
Entretanto, em vez da proibição, especialistas apontam para a importância da educação digital.
O objetivo deve ser capacitar crianças e adolescentes para lidarem com a poluição informacional das redes: diferenciar textos opinativos de noticiosos, investigar a veracidade das informações, produzir conteúdos com responsabilidade, proteger a privacidade, reconhecer abusos e buscar ajuda, quando necessário.
Assim, busca-se a redução dos potenciais efeitos nocivos das fake news, do discurso de ódio, da superexposição e do cyberbullying —que podem gerar ou agravar transtornos mentais.
No Brasil, o Congresso discute uma regulamentação das redes repleta de dispositivos controversos, enquanto a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já recomenda o chamado letramento midiático. Falta capacitar professores e colocar a orientação em prática.
Pela disseminação recente e pelas mudanças provocadas, é natural que o uso das redes sociais gere preocupação e até medo. Mas o conhecimento obtido pela ciência e pela educação é a forma mais sensata de lidar com as adversidades. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
OLHAR DE DOMINGO: Ordem Terceira do Carmo da Lapa.
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O Sodalício da Ordem Terceira do Carmo da Lapa/RJ. Hoje tivemos no Carmo da Lapa/RJ, a Assembleia Eletiva da Venerável Ordem Terceira do Carmo. Foram eleitos; Vivian Maria Felice Moreno, Priora. Rogério Machado Garcia 1º Conselheiro e Amara Isabel Colares, 2ª Conselheira. Votos de uma ótima caminhada sob as bênçãos de Nossa Senhora do Carmo e Santo Elias.
Manifesto pelo uso consciente das redes sociais aos finais de semana
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Deixe as redes sociais de lado e aproveite seus dias de lazer
Jornalista pela USP, foi editor de Interação da Folha.
SÃO PAULO
Desde o início do ano, adotei o estilo de vida de nômade digital, em que trabalho enquanto viajo, sem residência fixa.
O que tenho observado em comum em todos as cidades em que já estive —lugares tão distintos como Porto Alegre, São Paulo, Budapeste e Rio de Janeiro —é como as pessoas estão imersas em seus celulares o tempo todo, inclusive aos finais de semana, que deveriam ser um momento de relaxamento.
As redes sociais causam ansiedade, o oposto do que deveríamos estar vivendo aos sábados e domingos, os melhores dias da semana. Nem me refiro às pessoas que ficam em casa. Essas não consigo saber o que estão fazendo. Mas sim às pessoas na rua, na praia, nos bares, restaurantes e festas.
Há uma pandemia de uso de celular em qualquer momento, em qualquer contexto. As pessoas deixam de aproveitar as companhias com quem estão para rodar, rodar e rodar o feed delas para ver uma postagem de alguém que está distante.
Pior ainda é a obsessão de saber quem visualizou seus stories no Instagram. Em vez de viver o agora, há uma preferência por postar aquele momento para agradar o ego com corações virtuais.
Por isso, aproveito esta sexta-feira (19), véspera de mais um final de semana, para lançar este manifesto pelo uso consciente das redes sociais aos sábados e domingos.
1- Não pegue o celular na mão se estiver acompanhado de pelo menos uma pessoa.
2- É permitido registrar o momento com uma foto, desde que não seja postado imediatamente nas redes sociais. Devolva o celular ao bolso ou à bolsa.
3- Se a outra pessoa pegar o celular, reaja. Se tiver intimidade suficiente, diga algo como "tem algo mais interessante do que minha presença aí?"
4- Pessoas sozinhas têm concessão maior de uso aos finais de semana. Mas não exagere. O mundo é muito mais interessante lá fora do que numa tela.
5- Muitas vezes pegamos o celular sem perceber. Antes de sair de casa adote táticas como desligá-lo, deixar no modo avião ou desinstalar aplicativos de redes sociais. Mais radical ainda é sair sem o celular. Você seria capaz disso?
6- Se você prometer para esse manifesto que pegou o celular para ler notícias, um livro ou estudar um idioma, o uso fica liberado. Mas tome cuidado para não cair no buraco negro das redes sociais sem querer.
7- Infelizmente, a vontade de pegar o celular habilita as mesmas áreas do nosso cérebro que as drogas, segundo estudos. Nós somos viciados e precisamos admitir isso. O primeiro passo é o reconhecimento.
8- Digamos que você falhou em todos os tópicos acima. Uma vez com o celular na mão, pergunte-se: vale mesmo abrir o Instagram mais uma vez? Feche-o rapidamente.
9- Esse manifesto só será válido se o adotarmos coletivamente. É como bocejar: você inspira a pessoa ao seu lado.
10- Ótimo final de semana a todos!
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O QUE É A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
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Dom Wilson Angotti
Bispo da Diocese de Taubaté (SP)
“Deus não enviou seu Filho ao mundo para condena-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo. 3,17).
Ao longo deste ano, vamos dedicar esse espaço a apresentar os principais aspectos da Doutrina ou Ensinamento Social da Igreja. A intenção é apresentar essa temática de modo simples, ao modo de primeira abordagem. Para isso, teremos por base o “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”, publicado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, da Santa Sé, a pedido do então Papa João Paulo II. O Compêndio, como o próprio nome indica, é uma apresentação condensada ou resumida do ensinamento do Magistério Eclesiástico, ou seja, do ensinamento do Papa e dos Bispos reunidos, especialmente, em Concílios ou Sínodos, com o intuito de iluminar a vida das pessoas e do conjunto da sociedade, com a aplicação do Evangelho de Jesus.
Se limitássemos os ensinamentos de Jesus só ao íntimo de cada pessoa, nós estaríamos restringindo ou colocando limites à Palavra de Deus. Esta, além de iluminar a vida de cada pessoa, deve também iluminar as relações e a vida das pessoas em sociedade. Por isso, a Doutrina Social da Igreja é instrumento de evangelização; é o evangelho aplicado às relações em sociedade. Nada do que é humano é alheio à evangelização. Não se evangeliza o homem abstrato, mas concreto, situado e condicionado pelo conjunto dos problemas sociais e econômicos. Nunca se pode separar o plano da criação do plano da salvação. O plano sobrenatural da salvação não acontece quando termina o plano natural da criação, mas começa quando este é assumido, iluminado e organizado segundo a vontade de Deus. Assim o reinado de Deus vai se concretizando na totalidade da vida humana, à medida que se vive a justiça, a verdade, o amor, a paz … e outros valores evangélicos, até sua plenitude transcendente no Reino de Deus. Assim, a Igreja não se confunde com a comunidade política e nem está ligada a nenhum sistema político; mas, de acordo com sua missão, recorda e preserva o caráter transcendente da pessoa humana, que vai além da realidade terrena (Gaudium et Spes, n.76 e Catecismo da Igreja Católica, n.2245).
O que é a Doutrina Social da Igreja? – É o ensinamento dos Pastores da Igreja acerca da vida do homem e da sociedade, que tem origem na reflexão ao se articular o conhecimento das ciências humanas e os ensinamentos do Evangelho e da Tradição da Igreja. Assim sendo, a Doutrina Social da Igreja (DSI) não se caracteriza como ideologia, mas como teologia moral, ou seja, como reflexão de fé sobre o comportamento do homem em sociedade. Não é um sistema ideológico ou pragmático com objetivo de orientar as relações econômicas, políticas e sociais, mas sim o resultado de uma reflexão atenta sobre as complexas realidades da existência humana, na sociedade e no contexto internacional, à luz da fé e da Tradição eclesial. Seu objetivo é analisar a realidade examinando se estão de acordo ou em desacordo com o ensinamento do Evangelho sobre o ser humano e sobre sua vocação terrena e transcendente; visa pois orientar o comportamento cristão em suas relações sociais (cf. João Paulo II, Sollicitudo rei socilais, n. 41).
A DSI tem sua base na Revelação Bíblica e na Tradição da Igreja (que é o conjunto daquilo que a Igreja crê, ensina, vive e celebra). Portanto, antes e acima de tudo está o projeto de Deus sobre a criação, sobre a vida e o destino do ser humano que é chamado à comunhão trinitária. Assim sendo, a DSI analisa se a maneira como os seres humanos estão vivendo, unidos em sociedade, está ou não de acordo com os princípios cristãos, que visam ao bem da pessoa e da sociedade. Nesse sentido, a DSI cumpre uma função social de anúncio e de denúncia. É mensagem dirigida aos filhos da Igreja, mas também à toda a humanidade.
A DSI foi se formando pouco a pouco com progressivos pronunciamentos do Magistério (ensinamentos do Papa e dos Bispos reunidos) quando se referiram a temas sociais. Esses
ensinamentos têm em conta que a salvação realizada por Jesus Cristo é para todos os homens e para os homens na totalidade de sua vida. A salvação realizada por Cristo é integral, ou seja, atinge a vida humana em todos os seus aspectos ou dimensões: pessoal e social, espiritual e corpórea, histórica e transcendente. Essa salvação começa aqui, nesta terra, à medida em que vivemos segundo a vontade de Deus, mas somente se realiza de modo completo na eternidade, na plena comunhão com Deus. O amor da Trindade é a origem e o destino de toda criação. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Parque Ibirapuera terá festa de São João pela primeira vez em julho; Festival Ser Tão Ser é um dos maiores da cultura nordestina
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Evento terá seis dias de duração, sendo que dois deles terão entrada gratuita.
Por g1 SP — São Paulo
O Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, sedia pela primeira vez um evento em comemoração ao São João: o Festival Tão Ser Tão, que é considerado um dos maiores da cultura nordestina e que vai acontecer em julho.
Serão seis dias de festa com música, gastronomia, artesanato, moda e danças. Dois dias terão entrada gratuita e, para o restante, será necessário comprar ingresso.
Nos dias 7 e 14 de julho, todos os setores estarão abertos ao público, exceto a Arena Gonzagão. As apresentações artísticas acontecerão no Coreto Dominguinhos.
O evento acontecerá nos seguintes dias:
7/7 (gratuito)
8 e 9/7 (pago)
14/7 (gratuito)
15 e 16/7 (pago)
O evento começa às 11h e segue até as 22h, em todos os dias.
No local, serão seis setores nomeados em homenagem a características nordestinas. Em cada setor, atrações e atividades diferentes.
Setores
Alameda dos Sertões: área reservada para a gastronomia típica dos festejos
Travessa Vitalino: homenagem ao grande artesão e músico Vitalino Pereira dos Santos, é a nossa rua totalmente dedicada ao artesanato
Bosque Patativa: tributo a Patativa do Assaré, importante cordelista. Será o nosso palco para a poesia, os cordéis e a arte da xilogravura
Coreto Dominguinhos: palco das atrações culturais, como trio de forró, danças e apresentações típicas. Funcionará todos os dias do evento
Parque Acauã: inspirado na ave símbolo do nordeste, será um parque voltado à diversão com brinquedos e brincadeiras
Arena Gonzagão: homenagem ao mestre compositor e cantor brasileiro, área das apresentações das grandes atrações.
O evento será dividido em áreas:
Arena (pista)
Lounge: espaço reservado com open bar, serviços separados
Camarote: área reservada para grupos de até oito pessoas por espaço. Serviço de open bar. Fonte: https://g1.globo.com
Papa: os mártires não são "heróis", todo cristão é chamado a dar testemunho com sua vida
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"Todo cristão é chamado a dar testemunho com a sua vida, embora não chegue ao derramamento do sangue, fazendo de si mesmo um dom a Deus e aos irmãos", disse o Papa na Audiência Geral, ao dedicar sua catequese ao testemunho dos mártires.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
O testemunho dos mártires foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Praça São Pedro, com a participação de milhares de fiéis.
Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, detendo-se desta vez não em uma pessoa singular como São Paulo, mas na multidão dos mártires: homens e mulheres das mais diversas idades, línguas e nações, que deram a vida por Cristo.
Não "heróis", mas frutos maduros da vinha do Senhor
Depois da geração dos Apóstolos, foram eles as "testemunhas" por excelência do Evangelho. O primeiro foi Santo Estêvão, lapidado fora das muralhas de Jerusalém. Os mártires, porém, advertiu o Papa, não devem ser vistos como "heróis" que agiram individualmente, como flores despontadas num deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja.
De fato, participando assiduamente na celebração da Eucaristia, os cristãos sentem-se impelidos pelo Espírito a organizar a sua vida sobre a base daquele mistério de amor, ou seja, como o Senhor Jesus deu a sua vida por eles, assim também eles podiam e deviam dar a vida por Ele e pelos irmãos. "Os mártires amam Cristo na sua vida e O imitam na sua morte."
Os mártires perdoam sempre os algozes
À imitação de Cristo e com a sua graça, os mártires fazem com que a violência recebida de quem recusa o anúncio do Evangelho se torne uma ocasião suprema de amor, que vai até ao perdão dos próprios algozes. "É interessante isto: os mártires perdoam sempre os algozes."
Embora o martírio seja pedido a poucos, "todos, porém, devem estar dispostos – diz o Concílio Vaticano II – a confessar a Cristo diante dos homens e a segui-Lo no caminho da cruz em meio das perseguições que nunca faltarão à Igreja".
Assim os mártires mostram-nos que todo cristão é chamado a dar testemunho com a sua vida, embora não chegue ao derramamento do sangue, fazendo de si mesmo um dom a Deus e aos irmãos.
O Pontífice voltou a repetir que os mártires são mais numerosos no nosso tempo do que nos primeiros séculos e citou o Iêmen como terra de martírio, lembrando as religiosas, os religiosos e os leigos que ali perderam a vida recentemente.
“Portanto, oremos para não nos cansarmos de dar testemunho do Evangelho até em tempos de tribulação. Que todos os santos e santas mártires sejam sementes de paz e de reconciliação entre os povos, por um mundo mais humano e fraterno, à espera que se manifeste plenamente o Reino dos céus, quando Deus será tudo em todos.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Espiritualidade na medicina: ‘Fé não garante cura, mas sem ela fica mais difícil’, diz geriatra.
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Espiritualidade na medicina: ‘Fé não garante cura, mas sem ela fica mais difícil’, diz geriatra
Para Fábio Nasri, coordenador de grupo focado no tema do Hospital Albert Einstein, pesquisas mostram que tratamento de pacientes deve considerar também suas crenças
O geriatra Fábio Nasri Maria Isabel Oliveira
Por Elisa Martins — São Paulo
Desde os tempos dos “primeiros médicos”, os xamãs e curandeiros, espiritualidade e medicina caminharam juntas. Depois, se separaram, como se fossem opostas. A relação tem sido resgatada recentemente, no Brasil e no mundo, puxada por pesquisas que mostram a influência da espiritualidade em desfechos favoráveis de saúde.
No mês passado, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, criou um grupo médico-assistencial focado no tema. O objetivo é aprofundar os conhecimentos na combinação entre espiritualidade e medicina, e em como ela pode aumentar o bem-estar de pacientes, inclusive levando líderes religiosos para os leitos, quando solicitados.
Em entrevista ao GLOBO, o coordenador do grupo, o geriatra Fábio Nasri, é enfático: “Quando o paciente entra no hospital, não pode entrar só o coração, o apêndice. É preciso considerar toda a dimensão dele, inclusive a espiritualidade. Ela pode ser mais uma ferramenta poderosa de saúde”.
Por muito tempo a medicina foi tida como uma área objetiva e direta, e a espiritualidade, como algo subjetivo, quase como se uma fosse impeditiva da outra. Afinal, elas combinam?
A espiritualidade é parte das pessoas. Mesmo quem não tenha uma fé, crença ou religião, interage com a natureza, com o clima, com o sol. Não podemos negligenciar essa dimensão nas pessoas, seria apartar algo intrínseco ao cuidar da saúde delas. Houve uma separação no passado. Mas a tendência hoje no Brasil e no mundo é de juntar esses valores novamente. Não há como atender um paciente, dar a notícia de que ele tem um câncer, dizer que ele vai fazer uma cirurgia complicada ou que tem uma doença crônica sem atendê-lo como um ser completo. E a espiritualidade não pode ficar de fora. Pode, inclusive, ser ferramenta adicional no arsenal terapêutico.
Os “primeiros médicos” eram líderes espirituais, os xamãs. Como se deu essa separação?
Vem de muito tempo. Desde a teoria da razão de (René) Descartes, houve interesse também da Igreja de que houvesse essa separação. Como se fosse um acordo do tipo: "Olha, vocês ficam com o corpo, a gente fica com a alma". Ao mesmo tempo, a Ciência começou a se desenvolver, e houve uma espécie de materialização das sensações. A medicina seguiu um curso reducionista.
O que levou à reaproximação?
Começaram a acontecer fatos que chamavam a atenção, em vários campos da Ciência médica. Primeiro as experiências de quase-morte, em que pessoas que passavam por períodos de morte momentânea e retornavam relatavam experiências de encontrar entes queridos. Outros pesquisadores começaram a publicar casos de lembranças de vidas passadas. Existem relatos impressionantes de crianças que em idade muito tenra lembravam de vidas pregressas. Ao mesmo tempo, tornaram-se mais conhecidos desfechos favoráveis de saúde em pessoas com a espiritualidade mais presente. Elas iam melhor em uma série de quesitos.
Que efeitos a espiritualidade produzia nesses pacientes?
Passavam melhor pelas doenças, pelo pós-operatório. Não falo de cura, mas de vivência do processo, de como atravessam um período duro. Pesquisas ao longo do tempo mostram que quem realmente acredita, tem fé, tem uma evolução melhor. Isso chamou atenção, e os estudos aumentaram. É um caminho sem volta.
A Ciência comprova esses benefícios?
Diversos artigos mostram isso. Quando uma pessoa faz uma prece, independentemente da religião, a frequência cardíaca tende a diminuir, a pressão cai. Há uma série de fenômenos pensando em neurotransmissores e estimulação cerebral que fazem bem às pessoas que têm a espiritualidade intrínseca. Diminui a atividade do sistema simpático, responsável por aumentar a pressão e a frequência cardíaca. Melhora a perfusão cerebral. Ativa sensações ligadas a prazer e bem-estar libera ocitocina, serotonina. E não necessariamente precisa de um templo para isso. A pessoa pode admirar música, o pôr do sol, meditar, fazer yoga. Normalmente quem segue esses preceitos acaba sendo mais saudável, por questão de conduta. Mas também existe um outro lado.
Quando a espiritualidade pode fazer mal à saúde?
Existem pessoas que se dizem religiosas, mas não incorporam esses valores em suas vidas. Então não colhem os benefícios. Existem também as que acham que só a crença vai curá-las. E desistem do tratamento. Ou vão a outros lugares onde entendem que vão ser curadas, mas não são espaços de índole adequada. É preciso cuidado também. O que vemos na medicina é que não dá para sair dizendo que a fé é garantia de cura. Mas dá para dizer que sem ela é mais difícil.
A delicadeza do tema explicaria por que médicos ainda são receosos de abordá-lo em consulta?
Existem pesquisas que mostram que os pacientes gostariam que os médicos abordassem esse tema no consultório. E existem pesquisas entre médicos, inclusive no Brasil, que é líder de estudos na área, que indicam que eles gostariam de falar mais sobre isso com os pacientes. Mas há médicos que receiam que os pacientes achem que eles querem levá-los para a igreja deles. Além disso, numa consulta em que o médico tem de verificar pressão, colesterol, tratar câncer, avaliar a memória etc, nem sempre sobra tempo. Mas o principal motivo é que os médicos não têm treinamento para isso. Não é só sair perguntando: “E aí, você tem alguma religião?” Há uma estratégia, e poucas escolas brasileiras oferecem aulas sobre isso.
A pandemia reforçou a importância da espiritualidade em momentos críticos?
Outro dia, cheguei no hospital cedinho para ver pacientes e me surpreendi quando vi a equipe que estava pegando o plantão formar uma roda e fazer uma prece para que tudo corresse bem, para que pudessem ser instrumento de auxílio aos doentes. Vi depois que era prática em vários momentos no hospital. E isso talvez seja um efeito pós-pandemia. Um dos maiores pesquisadores dessa área já preconizava os benefícios de que médicos orassem junto com os pacientes antes de uma cirurgia ou procedimento. Mas ainda não é algo muito difundido.
Para que lado caminham as pesquisas?
Muitos estudos mostram a associação positiva entre espiritualidade e bons desfechos em saúde. Várias sociedades médicas brasileiras já incorporaram esse tema. O pulo do gato é como isso acontece. É fácil explicar e a pessoa entender que no momento em que ora, medita ou vai a uma cachoeira isso traz benefícios para os sistemas endócrino, cardiovascular, etc. O problema é como isso acontece no nível da célula. Qual é a proteína? Como essa energia entra? É algo do DNA? Não sabemos. Precisamos abrir a cabeça. Ainda vai demorar para descobrir. Fonte: https://oglobo.globo.com
10 Anos do pontificado de Francisco: Entrevista.
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O Papa: a Igreja não é uma casa somente para alguns, é para todos
Publicamos trechos da entrevista com Francisco realizada por Paolo Rodari para a rádio e televisão suíça (RSI), que será transmitida em horário nobre no domingo, 12 de março, véspera do décimo aniversário da eleição: entre os temas da conversa, as prioridades do pontificado, a acolhida de todos, a guerra na Ucrânia e outros conflitos, as relações com o predecessor, a vida após a morte.
PAOLO RODARI
Casa Santa Marta, a residência onde Francisco mora. As portas estão abertas para a RSI, rádio e televisão suíça de língua italiana, para uma entrevista com o Papa dedicada aos dez anos de seu pontificado que a partir de domingo à noite, 12 de março, estará disponível na íntegra no site www.rsi.ch. Francisco não pensa em renunciar, mas explica o que eventualmente o levaria a fazê-lo: "Um cansaço que não faz você ver as coisas com clareza. A falta de clareza, de saber avaliar as situações". Há dez anos não mora mais em Buenos Aires. Daquele tempo, sente saudades de "caminhar, andar pelas ruas". Mas está bem em Roma, "uma cidade única", ainda que não faltem preocupações. Estamos "em uma guerra mundial", diz ele. "Começou em pedaços e agora ninguém pode dizer que não é mundial. Porque as grandes potências estão todas emaranhadas. E o campo de batalha é a Ucrânia. Todos lutam lá." O Papa conta que Putin sabe que gostaria de encontrá-lo, "mas ali estão todos os interesses imperiais, não só do império russo, mas dos impérios de outras partes".
Santo Padre, o que mudou nestes dez anos?
Sou velho. Tenho menos resistência física, a do joelho foi uma humilhação física, mesmo que já esteja curando bem.
Foi difícil para o senhor andar de cadeira de rodas?
Eu me envergonhava um pouco.
Muitos o descrevem como o Papa dos últimos. O senhor se sente assim?
É verdade que tenho preferência pelos descartados, mas isso não significa que descarte os outros. Os pobres são os favoritos de Jesus, mas Jesus não manda embora os ricos.
Jesus pede para levar qualquer pessoa à sua mesa. O que isto significa?
Significa que ninguém está excluído. Quando eles não foram à festa, disse para às encruzilhadas das estradas e chamar todos, doentes, bons e maus, pequenos e grandes, ricos e pobres, todos. Não devemos esquecer isto: a Igreja não é uma casa para alguns, não é seletiva. O santo povo fiel de Deus é este: todos.
Por que algumas pessoas se sentem excluídas da Igreja devido às suas condições de vida?
Sempre há pecado. Há homens de Igreja, mulheres de Igreja que fazem a distância. E isso é um pouco a vaidade do mundo, se sentir mais justo que os outros, mas não está certo. Somos todos pecadores. Na hora da verdade põe a sua verdade sobre a mesa e você verá que é um pecador.
Como imagina a hora da verdade, a vida após a morte?
Não posso imaginá-la. Não sei o que será. Só peço a Nossa Senhora que esteja ao meu lado.
Por que o senhor escolheu morar na Santa Marta?
Dois dias depois da eleição fui tomar posse do palácio apostólico. Não é tão luxuoso. É feito bem, mas é enorme. A sensação que tive foi como a de um funil invertido. Psicologicamente eu não tolero isso. Por acaso passei em frente ao quarto onde moro. E eu disse: "Vou ficar aqui." É um hotel, moram lá quarenta pessoas que trabalham na cúria. E vêm pessoas de todos os lugares.
Sente falta de alguma coisa de sua vida anterior?
Caminhar, andar pelas ruas. Eu andava muito. Usava o metrô, o ônibus, sempre com as pessoas.
O que pensa da Europa?
Neste momento existem muitos políticos, chefes de governo ou ministros jovens. Eu sempre digo a eles: conversem uns com os outros. Este é de esquerda, você é de direita, mas vocês dois são jovens, falem. É o momento do diálogo entre os jovens.
O que traz um Papa quase do fim do mundo?
Algo que escreveu a filósofa argentina Amelia Podetti me vem à mente: a realidade é melhor vista dos extremos do que do centro. Da distância se entende a universalidade. É um princípio social, filosófico e político.
O que lembra dos meses de confinamento, sua oração solitária na Praça São Pedro?
Chovia e não havia ninguém. Eu senti que o Senhor estava lá. Era algo que o Senhor queria nos fazer entender a tragédia, a solidão, a escuridão, a peste.
Existem várias guerras no mundo. Por que é difícil entender o drama?
Em pouco mais de cem anos houve três guerras mundiais: '14-18, '39-45, e esta é uma guerra mundial. Começou aos poucos e agora ninguém pode dizer que não é mundial. As grandes potências estão todas emaranhadas. O campo de batalha é a Ucrânia. Todos lutam lá. Isso faz pensar na indústria de armas. Um técnico me dizia: se as armas não fossem produzidas por um ano, o problema da fome no mundo estaria resolvido. É um mercado. A guerra é travada, velhas armas são vendidas, novas são testadas.
Antes do conflito na Ucrânia, o senhor se encontrou várias vezes com Putin. Se o encontrasse hoje, o que diria a ele?
Eu falaria com ele claramente como falo em público. Ele é um homem culto. No segundo dia da guerra, fui à embaixada russa na Santa Sé para dizer que estava disposto a ir a Moscou com a condição de que Putin me abrisse uma brecha para negociar. Lavrov me escreveu agradecendo, mas não é o momento. Putin sabe que estou à disposição. Mas há interesses imperiais lá, não apenas do império russo, mas de outros impérios. É próprio do império colocar as nações em segundo lugar.
Quais outras guerras o senhor sente que são mais próximas?
O conflito do Iêmen, da Síria, os pobres Rohingya de Mianmar. Por que esses sofrimentos? As guerras machucam. Não há espírito de Deus, não acredito em guerras santas.
Muitas vezes fala sobre fofoca. Por que?
A fofoca destrói a convivência, a família. É uma doença oculta. É a peste.
Como foram os dez anos de Bento XVI na Mater Ecclesiae?
Bom, ele é um homem de Deus, quero muito bem a ele. A última vez que o vi foi no Natal. Ele quase não conseguia falar. Falava baixo, baixo, baixo. Foi necessário que traduzissem suas palavras. Era lúcido. Fazia perguntas: Como é isso? E esse problema lá? Ele estava atualizado sobre tudo. Foi um prazer falar com ele. Pedia-lhe opiniões. Ele dava o seu parecer, mas sempre equilibrado, positivo, sensato. Da última vez, porém, se via que estava no fim.
As exéquias foram sóbrias. Por que?
Os mestres de cerimônias tinham "quebrado a cabeça" para fazer as exéquias de um Papa não reinante. Era difícil fazer a diferença. Agora eu disse para estudar a cerimônia dos funerais dos futuros Papas, de todos os Papas. Eles estão estudando e também simplificando um pouco as coisas, tirando as coisas que estão liturgicamente erradas.
O Papa Bento XVI abriu caminho para a renúncia. O senhor disse que é uma possibilidade, mas que atualmente não a contempla. O que pode levá-la a renunciar no futuro?
Um cansaço que não nos faz ver as coisas com clareza. A falta de clareza, de saber avaliar as situações. Até o problema físico, talvez. Eu sempre pergunto sobre isso e sigo os conselhos. Como estão as coisas? Você acha que devo... às pessoas que me conhecem, até mesmo alguns cardeais inteligentes. E eles me dizem a verdade: continua está bom. Mas por favor: grite em tempo.
O senhor quando saúda, pede a todos para rezar pelo senhor. Por que?
Tenho certeza que todos rezam. Aos que não creem, digo: rezem por mim e se não rezarem me mandem boas ondas. Um amigo ateu me escreve: … e eu te mando boas ondas. É uma forma pagã de rezar, mas é um querer bem, e querer bem ao outro é uma oração. Fonte: https://www.vaticannews.va
LIDERANÇA: A SÁBIA HORA DA SUCESSÃO
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Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)
A Sagrada Escritura nos diz que há um tempo para cada coisa. Então é preciso saber discernir o momento certo de cada uma; quando iniciar e também quando terminar. “Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa. Tempo para abraçar e tempo para se separar” (Ecle 3,1.5). Há um tempo para abraçar responsabilidades, permanecer nelas, encarar desafios, carregar peso, dar a própria contribuição servindo com alegria e generosidade.
Também há o tempo de abandonar o que se assumiu, de renunciar responsabilidades; tempo de reconhecimento de que a missão foi cumprida ou que as forças se esgotaram. Visto que só Deus é eterno, só as coisas divinas têm duração eterna (cf. Ecle 3,14). Somos todos marcados pela vulnerabilidade, por isso, com humildade é necessário reconhecer o momento justo de passar as nossas responsabilidades para outros. Essa é a sábia hora da sucessão.
Apego a cargos: a vaidade gera sofrimento
Somos estrangeiros sobre a terra (cf. Hb 11,13;1Pd 2,11). Neste mundo somos todos peregrinos caminhando rumo à nossa casa definitiva, a pátria celeste (cf. Hb 11,16;13,14). Por isso, como bem nos recorda a liturgia, somos convidados a viver com sabedoria entre as coisas que passam, abraçando as que não passam. Os cargos passam, os serviços mudam, as funções cessam, as nossas forças diminuem, a visão e a sensibilidade se perdem, o dinamismo da vida se enfraquece e tornamo-nos lentos. Por isso, não há motivos para o apego; a vaidade gera sofrimento quando se reconhece que é chegada a hora da mudança.
É triste encontrarmos comunidades, paróquias e outras instituições em situação de crises e conflitos, tristeza e mágoas, indignação e protestos por causa da mudança de líderes. Quem ama a Igreja serve sempre e não precisa de cargos, nem status. É bom que não esqueçamos que as possibilidades de servir, são muito mais abundantes do que a oferta de cargos. Quem quer cargos, não serve porque é vaidoso! Jesus nos alertou: “o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês” (Mt 23,11); “Estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27).
Na Igreja, ter cargos não é um direito, é um dom, é uma graça; é uma realidade que nos é conferida e, por isso, também tirada e transferida. Somente gratuitamente, com liberdade e desapegados, é que servimos como convém. Jesus nos ensina que no amor está o fundamento do serviço de líder (cf. Jo 21,1-19).
Só Jesus é permanente
Na Igreja as transferências de responsabilidades e alternância de funções é uma realidade que faz parte da sua natureza. Ninguém tem cadeira cativa! As mudanças fazem parte do caráter missionário, itinerante e peregrino da Igreja neste mundo, porque estamos em trânsito. Na Igreja todos mudamos em virtude das exigências do Reino de Deus. “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8). O status de imutabilidade é unicamente reservado ao Senhor do tempo e do universo.
Na Igreja todos mudamos por causa da nossa obediência e disponibilidade à sua missão. Mudaram os apóstolos, mudam os papas, os cardeais, os bispos, os párocos, os superiores das congregações e devem mudar também todos os níveis de liderança em todos os contextos eclesiais. O Direito Canônico nos apresenta com naturalidade a questão das transferências em virtude da obediência à Igreja (cf. Cân 273); mas também por causa das necessidades e da utilidade ao povo de Deus. Isso deve acontecer todas as vezes quando o ordinário (bispo ou pároco), após justo discernimento, achar conveniente, por necessidade e por amor ao povo de Deus (cf. Cân. 1748).
Lamentavelmente, talvez por falta da justa compreensão, há pessoas que, como já afirmou o Papa Francisco, estão contagiadas pela “síndrome de eternidade” em seus cargos. O apego a cargos enfraquece a vida da Igreja; quando alguém por anos ou décadas, se mantém na mesma função, se empobrece pessoalmente e, dependendo da sua mentalidade e forma de atuação, gera graves perdas para a comunidade.
A sucessão na Sagrada Escritura
A Bíblia nos apresenta uma longa série de sujeitos que reconheceram o momento da justa mudança transferindo suas responsabilidades para outros. Assim encontramos a natural sucessão entre os patriarcas no serviço de liderança do povo de Deus: Abraão, Isaac, Jacó, José; o profeta Elias cede sua missão a Eliseu, o sacerdote Eli dá lugar a Samuel (cf. 1Sm 3-4) e, este por sua vez, idoso, estabeleceu seus filhos como juízes em seu lugar (cf. 1Sm 8,1-5). Certo é que nem todas as sucessões foram serenas como aquela da passagem do Rei Saul para Davi.
Merece especial atenção a passagem da liderança de Moisés para Josué. Certo dia, dirigindo-se a todo o povo Moisés declarou: “Tenho hoje cento e vinte anos e já não posso deslocar-me…”. Depois Moisés chamou Josué e, diante de todo Israel, lhe disse: “Sê forte e corajoso, pois és tu que introduzirás este povo na terra que o Senhor sob juramento prometeu dar a seus pais, e és tu que lhe darás a posse dela. O Senhor, que é o teu guia, marchará à tua frente, estará contigo e não te deixará nem te abandonará. Por isso, não temas nem te acovardes” (Dt 31,1.6-8).
Essa narração é comovente! Moisés idoso, cansado, desgastado, percebeu com sabedoria que era chegada a hora de passar o comando para alguém mais novo. O jovem Josué foi o escolhido! E já estava sendo preparado havia muito tempo! O bom líder, pensando no futuro, capacita sucessores. Apesar do temor, Josué aceitou a responsabilidade de continuar o processo de libertação do povo caminhando rumo à Terra Prometida. Otimista, Moisés anima o seu sucessor, sem ciúmes, nem temor!
Um dos mais graves males das instituições contemporâneas é a crise de liderança. Lamentavelmente isso acontece porque muitos se mantiveram a todo custo no poder por muito tempo, e não prepararam novos líderes. Líderes apegados aos próprios cargos provocam prejuízos aos liderados (povos, grupos, instituições), porque olham para si mesmos e não percebem que um dia deverão abandonar suas funções.
Quem não pensa no dinamismo da missão da Igreja, mas olha somente para o próprio cargo, é um líder egoísta, vaidoso, carente da visão de conjunto e de futuro. É preciso não ter medo de envolver novas pessoas e, se possível, mudar de ofício.
Também Jesus de Nazaré ao longo da sua vida terrena sempre manifestou a seus discípulos a consciência da sua provisoriedade corporal neste mundo (cf. Jo 7,33; 12,35; 14,1-4.30). São Paulo teve clara consciência de ter chegada a hora do fim da sua missão dizendo: “chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele Dia” (2Tim 4,6-8). Em cada comunidade há sempre muitas formas de engajamento no bom combate da fé. Quando percebemos isso nunca brigamos por cargos. Cada um é chamado a não procurar os próprios interesses, a exemplo de Cristo que, desapegou-se de seu status de ser igual a Deus, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo (cf. Fl 2,6-8). A disputa por cargos e status, desde o início da Igreja, tem gerado mal estar entre os discípulos de Jesus (cf. Mt 20,24). Cristo nos recorda que quem quer tornar-se grande deve aprender a servir e quem quer ser o primeiro deve fazer-se servo de todos (cf. Mt 20,26-28).
PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
Quais são as causas do apego a cargos?
Por que em muitas de nossas comunidades há dificuldade da mudança de líderes?
Quais são as consequências do apego à cargos?
Fonte: https://www.cnbb.org.br
O último texto de Martini reproposto com o comentário do Papa
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Apresentado na sede de La Civiltà Cattolica, em Roma, o livro que repropõe o último texto do cardeal Martini, integrado com considerações e comentários de Francisco sobre o ministério episcopal em uma ótica sinodal. Padre Casalone: contém intuições que inspiram quem realiza um serviço de responsabilidade em uma comunidade humana, eclesial e civil, porque indica um estilo de relacionamento, uma forma de exercer a autoridade que promove a pessoa, eleva as consciências e constrói comunidade.
Antonella Palermo - Vatican News
"Dois bispos que guardam e acompanham o rebanho de Deus". Cada um com um estilo distinto e a herança do comum seguimento nas pegadas de Inácio de Loyola". Foi assim que a irmã Nicla Spezzati, adoradora do sangue de Cristo, entrelaçou a experiência pastoral do falecido arcebispo de Milão, Carlo Maria Martini, e a do Bispo de Roma, o Papa Francisco, autores do livro "O Bispo o Pastor. A autoridade na Igreja é sempre "ao serviço" (San Paolo edizioni) apresentado neste dia 24 de fevereiro, na sede de La Civiltà cattolica, em Roma.
Casalone: um livro profundo e inspirador
O volume coloca novamente em circulação O Bispo, um texto hoje que não se encontra de Martini, acompanhado das considerações e comentários do Pontífice que nos permitem aprofundar o tema do vínculo entre o bispo e o povo. Foi a Fundação dedicada a Martini que propôs sua publicação por ocasião do décimo aniversário de sua morte. A Fundação quis ir além de uma simples operação celebrativa, criando uma continuidade entre as reflexões dos dois jesuítas, num momento em que a sinodalidade assume uma importância crucial.
"Este é o último livro que Martini escreveu e, portanto, reúne toda sua sabedoria a partir da experiência que teve, um livro profundo em toda sua simplicidade", diz padre Carlo Casalone SJ, presidente da Fundação Carlo Maria Martini. "E então ele tem muitas intuições que inspiram ou podem inspirar qualquer pessoa que realiza um serviço de responsabilidade em uma comunidade humana, seja eclesial, como é o caso do bispo ou outras formas de ministério, ou civil, porque ele indica um estilo de relacionamento, uma forma de exercer autoridade que promove a pessoa e é obediente à dinâmica da comunidade como um todo". Martini", aponta, "cuida da comunidade e ao mesmo tempo exerce a autoridade como um serviço às consciências para que elas não se abstenham da vida comunitária". Em certo sentido, ele volta ao conceito original de autoridade que significa "fazer crescer", fazer o outro autor, capaz de assumir na primeira pessoa aquelas responsabilidades que são próprias também em relação aos outros, e isto constrói a comunidade".
O Pastor, um homem de oração e misericórdia
As páginas do Bispo de Roma sobre as peculiaridades do pastor enfatizam como esta é uma figura que não nasceu em um laboratório, e que deve sempre se esforçar para se valer dos conselhos de seu clero e de seu povo, evitando todas as formas de carreirismo. No seu texto, o Papa Francisco escreve que Martini pretendia pintar uma imagem viva do bispo, concreta e sem falsas pretensões, usando "extrema franqueza". Revendo as reflexões que mais o marcaram, o Papa enfatiza a relação imprescindível com o Senhor que o bispo deve ter essencialmente na oração, a peculiaridade de ser um "homem de misericórdia", o fato de que ele deve agir como um "médico em um hospital de campo" e não deve negligenciar a relação com os jornalistas.
Este é um ponto que ele considera tão importante quanto o arcebispo de Milão. "Mesmo que alguns erros possam acontecer", diz Francisco, "devido a seu despreparo, o bispo deve saber que 'o importante é conduzir o barco em direção ao porto, comunicar-se verdadeiramente com o povo, saber entrar em uma relação quase pessoal com a ajuda da mídia'.
Especialmente em vista dos trabalhos sinodais atuais, Francisco enfatiza a necessidade de que o bispo, assim como Martini escreve, manifeste a comunhão com os outros bispos e com o Papa, e toda a paternidade espiritual para com os sacerdotes. E ele convida à reflexão sobre a necessidade de meios simplificados e rápidos de receber opiniões. Ciente de que não existe um pastor "standard" para todas as Igrejas, Francisco descreve brevemente o bispo como "aquele que vela, apoiando pacientemente os processos pelos quais o Senhor leva avante a salvação de seu povo". E recorrendo mais uma vez à metáfora do cheiro das ovelhas, ele acrescenta:
"Não basta vigiar, é preciso ter a mansidão, a paciência e a constância da caridade (Papa Francisco)".
Martini e Francisco, homens de escuta fraterna e universal
Nas palavras da irmã Nicla - que viveu recentemente a experiência sinodal em Praga n etapa continental europeia, onde a delegação italiana da qual ela fazia parte expressou sua voz fazendo muito uso do legado de Martini - o contínuo paralelismo entre Martini e Bergoglio se traduz em destacar como ambos "são bispos que recordam, a cada hora, a terra de origem e de realização, com a vitalidade dos homens em constante busca. Vitalidade que se torna um discernimento vigilante, um guia para escolher o essencial em cada circunstância". Ambos nos convidam a levar a sério o fato de nos tornarmos vizinhos, promovendo uma fraternidade que não só é desejada, mas possível. Ambos convidam "a escutar com o ouvido do coração" os pobres, prisioneiros, intelectuais, crentes e não crentes, jovens, evitando qualquer miopia particularista e sem recorrer precipitadamente, aponta a religiosa, a respostas pré-embaladas. Ambos se fazem intercessores pela paz.
Bizzeti: Martini em diálogo com as novidades da história e das pessoas
A apresentação do livro foi selada por monsenhor Paolo Bizzeti SJ, Vigário Apostólico da Anatólia, que compartilhou seu testemunho de uma região ferida, onde o exercício da autoridade episcopal tem que lutar, por um lado, com escassos recursos humanos e materiais e, por outro, com uma variedade de ritos e "modelos" de bispos que "devem necessariamente interpelar", também na ótica de realizar um efetivo caminho ecumênico. Bizzeti recorda sua relação com o cardeal Martini: desde o tempo em que era reitor do Pontifício Instituto Bíblico ("um homem tradicional, no melhor sentido do termo"), até a época da 32ª Congregação da Companhia de Jesus ("um homem que, embora já muito estruturado, se questionava, não se afastava de enfrentar as novidades da época"); desde o tempo em que em Milão reconhecia com extrema lucidez a complexidade do ministério e os inevitáveis limites a ele associados, até o período, finalmente, de Jerusalém, quando uma séria reflexão sobre o mistério da morte o ocupava e o preocupava.
Bizzeti também enfatiza a abertura total com que Martini concebeu e viveu sua missão pastoral: relações com judeus, com várias Igrejas locais, com não-crentes, em um estilo que nunca foi impositivo. Porque, de fato, trata-se de levar em conta constantemente o fato de que, ao mesmo tempo em que se impõe, espalharia o rebanho, por outro lado - nas palavras de Inácio de Antioquia - "onde está o bispo, aí está a Igreja". O importante é tirar o bispo de seu nicho, como escreve Martini, e vê-lo em contato com o povo. Mais sinodal do que isso... Fonte: https://www.vaticannews.va
SUICÍDIO DE UM SEMINARISTA: Diocese de União da Vitória/PR
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Jovem encontrado no rio Iguaçu após se jogar da ponte dos Arcos em União da Vitória era seminarista
Já foi identificado pelo Instituto Médico Legal – IML de União da Vitória o corpo encontrado nas águas do rio Iguaçu após se jogar da ponte dos Arcos. Se trata de Vanderson Daniel Openkovski.
Vanderson tinha 20 anos e era natural de Rebouças. Ele estava cursando o 1º ano de Teologia no Seminário Diocesano de União da Vitória.
O jovem se jogou nas águas do rio Iguaçu na tarde de quinta-feira, sendo que após quatro dias de buscas, seu corpo foi encontrado nesse domingo, dia 26, na região de Porto Vitória. Fonte: https://canal4.tv.br
O Corpo de Bombeiros de União da Vitória foi acionado por volta das 10h40 deste domingo, 26, em Porto Vitória depois que populares avistaram um corpo boiando no Rio Iguaçu.
A equipe realizou buscas pelo local, no período da tarde, por volta das 15h40 o corpo foi localizado. A vitima é um jovem de 20 anos identificado como Vanderson Daniel Openkovski.
Vanderson era aluno no 1º ano de Teologia no Seminário Diocesano de União da Vitória, ele era natural de Rebouças.
A Diocese emitiu uma nota sobre o falecimento:
A Diocese de União da Vitória noticia com profundo pesar o falecimento do Seminarista Vanderson Daniel Openkovski.
Natural da cidade de Rebouças, Vanderson tinha 20 anos de idade e estava cursando o 1º Ano de Teologia, no Seminário Diocesano, em União da Vitória.
Unidos na fé, com seus pais, demais familiares e amigos, pedimos ao Espírito Santo Consolador, que fortaleça o coração de todo nós, que neste momento de luto, sofremos com a perda do Seminarista Vanderson. Fonte:
https://www.facebook.com/jornalidealnews
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A publicação da Diocese de União da Vitória noticiou e lamentou na madrugada desta segunda-feira (27/02), por volta de 1h, o falecimento de Vanderson Daniel Openkovski, seminarista natural de Rebouças.
A informação foi divulgada algumas horas depois de um corpo ter sido encontrado no rio Iguaçu, sem a relação confirmada oficialmente entre as duas situações. O seminarista será sepultado na manhã desta segunda-feira, em Rebouças. Fonte: https://www.facebook.com/portalculturasulfm
A família Rcc Diocese União da Vitória está de Luto pelo falecimento do Seminarista Vanderson Daniel Openkovski.
O mesmo era participante do Grupo de Oração Beata Helena Guerra no seminário Rainha das Missões e filho do ex- coordenador Diocesano da RCC Vanderlei Openkovski.
Nos unamos a família e amigos nesse momento de dor e rezemos pela sua alma e descanso eterno.
"Eu sou a Ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11, 25. Fonte: https://www.facebook.com/rccuniao
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Rapaz se joga de ponte e é levado pelas águas do Iguaçu, em União da Vitória
Bombeiros estão realizando varredura superficial no Rio Iguaçu, em busca do desaparecido.
Por volta das 16h desta quinta-feira (23), um rapaz foi visto se jogando da Ponte dos Arcos em União da Vitória. Um popular, que viu a cena, acionou imediatamente o Corpo de Bombeiros, que realiza buscas nesse momento.
Ainda não se tem informação da identidade do homem, porém testemunhas dizem que aparentava ser jovem, teria subido no topo dos arcos e se jogado de costas, sendo levado pelas águas do Rio Iguaçu.
Em grupos de WhatsApp, o popular que viu o ato e acionou os bombeiros diz que “Já na hora que vi o cidadão se jogando liguei para os bombeiros, infelizmente o rapaz não fez intenção nenhuma de se salvar, simplesmente descia sem sequer agitar os braços”.
Bombeiros fazem buscas superficiais, porém se chover as buscas precisarão ser suspensas. Fonte: https://canoinhasonline.com.br
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Descanse em paz menino! E que Deus conforte a família.
Ao mesmo tempo é necessário e urgente buscar estratégia de debate na igreja sobre saúde mental. É preciso repensar como Igreja uma ajuda no âmbito de saúde mental desde a dimensão psicológica aos religiosos sejam (padres e seminaristas).
É preciso falar de saúde mental na igreja. Existe muitas pessoas tóxicas nesse ambiente.
Só rezar não soluciona os problemas. O pietismo vazio não ajuda em nada. Muito pelo contrario, leva a situações muito doloroso.
Não se pode só lamentar e depois esquecer.
A saúde mental precisa estar na agenda de formação em todos os sentidos. É preciso ser mais humano com o humano!
Daniel Andres Baez Brizueña. Fonte: https://www.facebook.com/danan1011
'Não há nada comparável a enterrar um filho', diz pai que segurou mão de adolescente vítima do terremoto
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Um empresário de Ancara ofereceu uma casa para Mesut Hancer e propôs contratá-lo como funcionário administrativo em sua rede de televisão privada
Por AFP — Ancara
O momento de um pai segurando a mão da filha morta, registrado por um fotógrafo da AFP, foi uma das imagens que deram a volta ao mundo após o terremoto devastador de 6 de fevereiro na Turquia e na Síria.
Quase três semanas depois desta catástrofe que deixou mais de 44 mil mortos na Turquia, Adem Altan, o repórter fotográfico que registrou a imagem, voltou a se encontrar com o turco Mesut Hancer.
Pai de quatro filhos, entre eles a adolescente Irmak, que morreu aos 15 anos sob os escombros de um imóvel de oito andares, Hancer deixou recentemente a cidade de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, e foi morar na capital, Ancara.
— Também perdi minha mãe, meus irmãos e meus sobrinhos no terremoto. Mas não há nada comparável a enterrar um filho — explica o homem, na faixa dos 40 anos. — É uma dor indescritível.
Sua família tenta agora reconstruir a vida longe da arrasada Kahramanmaras, localizada perto do epicentro do tremor de magnitude 7,8, que também sacudiu o norte da Síria, causando quase 6 mil mortes no país. No total, o desastre matou mais de 50 mil pessoas.
A foto de Hancer, petrificado de dor e indiferente ao frio e à chuva, vestindo um casaco impermeável laranja, simbolizou a tragédia vivida por milhares de pessoas e gerou uma onda de solidariedade.
Um empresário de Ancara ofereceu-lhe uma casa e propôs contratar Hancer como funcionário administrativo em sua rede de televisão privada.
Filha é retratada como um anjo
Na sala de estar de sua casa nova, ele pendurou um quadro, presente de um artista, no qual Irmak é retratada com asas de anjo ao lado do pai.
— Não consegui soltar sua mão. Minha filha dormia como um anjo em sua cama — explica o pai, separado violentamente de um de seus filhos.
Quando o terremoto ocorreu, às 4h17 locais de 6 de fevereiro (22h17 do dia 5, horário de Brasília), Hancer trabalhava em sua padaria.
Imediatamente, ligou para a família e soube que sua casa tinha sofrido danos, mas não tinha desmoronado, e que sua mulher e que três de seus quatro filhos estavam sãos e salvos.
Mas a família não tinha notícias da filha caçula, Irmak, que naquela noite dormiu na casa da avó para passar mais tempo com as primas de Istambul, que tinham ido visitá-los.
Então, Hancer, muito preocupado, foi rapidamente para a casa da mãe e ali se deparou com o imóvel transformado em uma montanha de escombros. Em meio às ruínas, encontrou o corpo da filha.
Nenhuma equipe de socorristas apareceu na área nas 24 horas que se seguiram à catástrofe.
Hancer e outros moradores tiveram que se virar para tentar encontrar seus familiares e conhecidos debaixo dos escombros.
Ele tentou retirar o corpo da filha morta, erguendo blocos de concreto com as mãos. Mas era uma tarefa impossível.
Desesperado, frustrado e tomado por uma profunda tristeza, sentou-se ao lado do cadáver de Irmak.
— Peguei a mão dela, acariciei seu cabelo e beijei suas bochechas — lembra.
Minutos depois, viu o repórter fotográfico que retratava as consequências do terremoto.
— Faça fotos da minha filha — murmurou com a voz embargada por uma dor difícil de esquecer. Fonte: https://oglobo.globo.com
O Jornalismo profissional sobrevive
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O Jornalismo profissional sobrevive
A desmoralização da imprensa profissional foi uma bandeira de campanha do então candidato Jair Bolsonaro em 2018 e se tornou uma política informal de governo após sua posse como presidente da República. Se é verdade que a vida de jornalistas que cobrem o exercício do poder nunca foi cômoda, não há precedentes para o que aconteceu no País nos últimos quatro anos desde pelo menos o fim da ditadura militar.
Quando não o fez pessoalmente, Bolsonaro açulou seus ministros, auxiliares e apoiadores mais radicalizados para ameaçar e agredir jornalistas. Como chefe de governo, o presidente dificultou tanto quanto pôde o exercício da liberdade de imprensa assegurada pela Constituição, seja banalizando a edição de decretos de sigilo, seja autorizando que órgãos da administração federal se esquivassem de determinações da Lei de Acesso à Informação.
Durante o governo Bolsonaro, os ataques a jornalistas e à liberdade de imprensa atingiram escala inaudita. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) bem destacou há poucos dias, durante a cerimônia de entrega do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2022, que nos últimos quatro anos aumentaram os processos judiciais contra jornalistas por supostos crimes cometidos contra a honra. Trata-se de mais uma forma de constranger o livre exercício de uma profissão que, nunca é demais lembrar, é protegida pela Constituição, regulamentada por lei e orientada por um código de ética muito rigoroso.
A bem da verdade, essa sórdida campanha para desacreditar o trabalho da imprensa – e, assim, minar a confiança dos cidadãos no trabalho dos jornalistas como forma de turvar a compreensão da realidade – não é um problema exclusivo da sociedade brasileira. Diversos países têm lidado com um dos grandes desafios da atual quadra do século 21: o restabelecimento de um consenso social mínimo acerca do que seja fato. A peculiaridade do caso brasileiro é que Bolsonaro, como chefe de Estado e de governo, pôs-se a liderar essa cruzada contra a imprensa profissional enquanto guardiã da verdade factual.
É típico de populistas que flertam abertamente com o autoritarismo atacar as instituições democráticas que, à sua maneira, traçam uma linha muito bem definida entre realidade e ficção. Não surpreende, portanto, que a imprensa profissional, como guardiã dos fatos, tenha sido alçada por Bolsonaro à condição de “inimiga do povo”. O mesmo aconteceu com instâncias do Poder Judiciário, como guardião das leis, e com as universidades, como centros de produção de conhecimento científico.
Essa disrupção provocada por Bolsonaro impôs desafios não apenas ao jornalismo, mas também aos tribunais superiores. No afã de salvaguardar a democracia nesses tempos esquisitos, ministros que devem zelar pelas liberdades garantidas pela Constituição tomaram decisões que, em alguns momentos, acabaram por enfraquecê-las. A liberdade de expressão não é absoluta, como nenhum direito é, mas é preciso ficar atento para que o remédio contra o golpismo não se torne veneno contra a democracia.
A despeito da magnitude de todos os ataques que sofreu, o jornalismo profissional resistiu e mostrou seu inestimável valor para a construção de uma sociedade mais bem informada e, consequentemente, mais livre e participativa. Todo o descalabro do governo Bolsonaro só veio à luz pelo incansável trabalho de jornalistas que não se intimidaram e desafiaram as barreiras que foram erguidas para dificultar o exercício da profissão.
Este jornal manteve a sociedade bem informada durante um governo que se notabilizou, entre outras razões, por sua recalcitrante hostilidade à imprensa profissional. A revelação de casos como o das “rachadinhas” da família Bolsonaro, o famigerado “orçamento secreto”, “os pastores do MEC” (esquema de corrupção montado no Ministério da Educação), entre tantas outras reportagens, deram ao Estadão papel de destaque no trabalho da imprensa de lançar luz onde o governo Bolsonaro queria que prevalecesse a sombra.
Em menos de um mês, Bolsonaro deixará o poder. Já a imprensa profissional seguirá onde sempre esteve: a serviço da sociedade, publicando as informações que apura com técnica, rigor ético e espírito público. Fonte: https://www.estadao.com.br
O valor ‘humanidade’
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Para as mulheres negras, violências iniciam-se na concepção, passando pela saúde, educação, moradia e mercado de trabalho, finalizando com a interrupção da vida.
Amini Haddad Campos e Karen Luise Vilanova Batista de Souza, O Estado de S.Paulo
O movimento mundial dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher teve início em 1981, intitulado “as mariposas” em homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, assassinadas em 25 de novembro de 1960, na República Dominicana, quando foram submetidas às mais diversas situações de violência e tortura. Na data, a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
No Brasil, os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher consolidam ações entre 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Violências contra mulheres, em especial contra negras, externam uma naturalizada “cultura” que hierarquiza homens e mulheres (subjugação do feminino) e pessoas brancas e negras (subjugação racial), com consequências sociais gravíssimas.
Segundo estudos (Violence against Women, do UN Department of Public Information) são decorrências desses condicionamentos do feminino a violência doméstica/familiar, a sexual e a psicológica; as ofensas e a exposição da intimidade nas mídias; o tráfico internacional de mulheres/meninas; a mutilação genital feminina; o matrimônio forçado; os leilões de meninas/mulheres; os feminicídios; a violência econômica (exploração doméstica, desnível na herança, diferenças salariais; a violência obstétrica; a seleção pré-natal à garantia de nascimento de meninos; o aborto de fetos femininos (desqualificação estabelecida); a eliminação de embriões femininos; a desnutrição de bebês meninas (do não desenvolvimento à morte); a delimitação de atividades (imposição); a limitação da identidade/personalidade, com imposição de véus, burcas, xadores; o turismo sexual; o descrédito/desqualificação de testemunhos de mulheres; o impedimento à cidadania (trabalho, votar/ser votada); a violência política contra mulheres; a perseguição; a discriminação representativa nas cúpulas (ausência de mulheres); a desqualificação feminina nas promoções de carreira (uso de termos pejorativos), entre outras ocorrências e situações categorizadas por vulnerabilidades múltiplas, que condicionam gradações majoradas de violações aos direitos humanos de mulheres e meninas.
Não se deve descurar das suscetibilidades profundas na sociedade. Assim, veem-se potencializadas as violações conforme perfil feminino, na modalidade de análise existencial (raça, etnia, deficiência) ou circunstancial (violações no momento do parto ou de atendimento médico, por exemplo).
Os direitos humanos são universais, mas as práticas para lhes darem concretude partem de paradigmas nos quais as mulheres e as pessoas negras não se sentem contempladas. Por isso, compete a todas as pessoas a adoção de práticas que busquem a superação do histórico emudecimento desses sujeitos, com a construção de um novo tempo no qual todas e todos sejam vertentes nobres de iniciativas à promoção da equidade. É importante que a sociedade civil e seus representantes possam dialogar com vistas à superação dessas modalidades de violência.
É nesse contexto que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) assumiu relevante compromisso à representação feminina nos espaços de poder, ciente de que há relação direta entre a invisibilidade do feminino e as graves violações aos direitos humanos, conforme expresso na Declaração de Pequim.
Com esse foco, foram adotadas ações para o desenvolvimento de políticas judiciárias de promoção da equidade para efetiva participação feminina, expressa na Resolução CNJ n.º 255/2018, bem como delimitação de acesso à justiça, conforme orientação para julgamento com perspectiva de gênero, por meio da Recomendação CNJ n.º 128/2022. A campanha dos 21 dias de ativismo pela equidade e fim da violência contra mulheres e meninas é mais uma ação do Conselho Nacional de Justiça que visa alcançar o equilíbrio e a justiça para todas as pessoas.
A escolha simbólica do Dia da Consciência Negra para dar início a essa agenda guarda consigo a necessidade de dar visibilidade ao que as estatísticas recorrentemente demonstram: mulheres negras são as maiores vítimas de feminicídio (Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2021) e de outras tantas violações de direitos humanos que as colocam na base da pirâmide social.
Para as mulheres negras, em razão de sua dupla vulnerabilidade, as violências contra elas iniciam-se desde a sua concepção, passando pela saúde, educação, moradia e mercado de trabalho, finalizando com a interrupção de suas vidas, expressão máxima das violências de gênero e de raça, em processos de constante negação de humanidade.
Em uma sociedade democrática, evidencia-se um dever à existência do valor humanidade. Reconhece-se que a consecução desse valor, representativo de todas as pessoas, é sustentado no vetor do artigo 3.º da Constituição federal, que prevê como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
*JUÍZAS AUXILIARES DA PRESIDÊNCIA DO CNJ. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Jornalismo – a coragem de mudar
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Jornalismo – a coragem de mudar
Fenômeno das redes estourou a bolha em que se confinavam alguns jornalistas que produziam notícias para muitos, menos para seu leitor real.
Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo
O jornalismo está fustigado não apenas por uma crise grave. Vive uma mudança cultural vertiginosa, mas fascinante. A revolução digital é um processo disruptivo. Quebra todos os moldes e exige uma baita reinvenção corporativa e pessoal. Quem não tiver disposição de mudar a própria cabeça, rápida e efetivamente, deve tirar o time de campo. A aceleração da mudança não admite demora nas tomadas de decisão. No nosso mundo informativo, o desafio não admite olhar de retrovisor.
O jornalismo vai morrer? Não. Nunca se consumiu tanta informação como na atualidade. Mas o modelo de negócios está na UTI. A publicidade tradicional evaporou. E não voltará. Além disso, perdemos o domínio da narrativa.
O modo de produzir informação e o diálogo com o consumidor romperam o esquema a que estávamos confortavelmente acostumados. As pessoas rejeitam intermediações – dos partidos, das igrejas, das corporações, dos veículos de comunicação.
O que fazer? Olhar para trás? Tentar fazer mudanças cosméticas? Fazer o papel ridículo das velhas de minissaia? Não. Precisamos olhar para a frente e descobrir incríveis oportunidades.
Mas é preciso, previamente, fazer uma autocrítica corajosa a respeito do modo como vemos o mundo e da maneira como dialogamos com ele.
Na prática, entre outras coisas, trata-se de entender que a produção da notícia começa pelo leitor. Nessa lógica, a audiência deixa de ser simples destinatária da informação para ser também sua proponente. Um processo fácil de ser descrito, mas, como em toda mudança de paradigma, altamente complexo em sua execução.
Nós, os profissionais da imprensa, por mais absurdo e contraditório que isso possa parecer, nos acostumamos a trabalhar de costas para a audiência. Uma frase que circula na classe é de que “jornalistas escrevem para jornalistas”. Ainda que dita quase sempre em tom de brincadeira, revela a sombria face da vaidade da nossa profissão. Será que, de fato, por vezes não temos esquecido nossa função social para buscar a admiração e sintonia de valores de colegas que, seguramente, terão acesso ao material que publicamos e postamos?
No jornalismo, abalado pela avalanche digital e que aos poucos e sofridamente se reergue, não há lugar para a presunção. A única obsessão permitida são os leitores. Eles são a peça-chave do trabalho editorial. Precisamos descobrir quem são, suas demandas reais, suas circunstâncias, seus interesses. Precisamos confessar a nós mesmos, envergonhados, que desconhecemos o rosto deles.
Abrir canais de diálogo, com sinceridade e verdadeiro interesse, é uma forma simples e barata de fortalecer os vínculos com a audiência. Passamos décadas certos de que éramos essenciais na vida da sociedade. E, de fato, parece-me que somos. Mas precisamos abrir-nos para o público, para que ele também reconheça o valor do jornalismo que faz diferença em sua vida.
Impõe-se colocar a audiência no centro do processo. Já não basta que definamos nós o que precisam os consumidores de informação. É preciso ouvir o que eles têm a dizer. Interagir com eles. Captar suas sugestões. Aceitar suas críticas. Abrir nossos espaços. O fenômeno das redes sociais estourou a bolha em que se confinavam alguns jornalistas que produziam notícias para muitos, menos para o seu leitor real.
Conversar com o leitor não é uma carga. É uma necessidade. E deve ser um prazer. Precisamos correr. Do contrário, corremos o risco de perder o momento da virada.
Penso que há uma crescente nostalgia de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma demanda reprimida de reportagem. É preciso reinventar o jornalismo e recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e a magia do jornalismo de sempre.
Jornalismo sem alma e sem rigor. É o diagnóstico de uma perigosa doença que contamina redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. É preciso dar novo brilho à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, isento.
É preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos. O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história.
Sucumbe-se, frequentemente, ao politicamente correto. Certas matérias, algemadas por chavões inconsistentes que há muito deveriam ter sido banidos das redações, mostram o flagrante descompasso entre essas interpretações e a força eloquente dos números e dos fatos. Resultado: a credibilidade, verdadeiro capital de um veículo, se esvai pelo ralo dos preconceitos.
É preciso encantar o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os consumidores estão cansados do baixo-astral da imprensa. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende o produto. O cidadão que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.
O papel da informação no conturbado momento nacional mostra uma coisa: o jornalismo está mais vivo do que nunca.
*JORNALISTA. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Talvez seja Pentecostes...
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 5 de maio-2022.
Neste domingo, se a gente não aprisionar o Espírito Santo em nossas ideias conservadoras e em nosso mundinho e grupinhos fechados recheado de conceitos e pré-conceitos, mas ao contrário, nos abrir ao ruah, o vento ou sopro de Deus, o hálito de vida porque, “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Coríntios 12,7). Talvez seja Pentecostes, afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente abrir o coração e deletar o ódio que corrói as nossas relações - seja no campo social, profissional, político ou religioso- talvez seja Pentecostes, por que a sua presença em nossa vida não é ódio, fake News e violência, ao contrário, viver segundo o Espírito é saborear os seus frutos- digo; o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio, afinal, Ele sopra onde quer. ((Gl 5: 22-23)
Neste domingo, se a gente se livrar da religião mercadológica e lucrativa onde tudo pode em nome do aumento da nossa conta bancária, do Ibope e dos likes nas mídias sociais, mas acreditar que de fato hoje nasceu a Igreja (Atos dos Apóstolos 2,1-11). Talvez seja Pentecostes e, esse Sopro Divino venha limpar a nossa mente poluída com ideias produtivas, lucrativas, afinal, Ele sopra onde quer
Neste domingo, se a gente abrir a nossa mente para o Espírito Santo, talvez seja Pentecostes e teremos Fortaleza para vencer as adversidades da pandemia do novo coronavírus, usaremos a Sabedoria na hora dizer sim ou não, pautaremos a nossa leitura bíblica com a Ciência Divina, teremos o Conselho como companheiro em nossas relações, seremos homens e mulheres capazes de nos abrir ao Entendimento, pautaremos a nossa fé na Piedade autêntica e verdadeira e, às 24 horas, teremos o Temor de Deus, afinal, Ele sopra onde quer
Neste domingo, se a gente não aproveitar da devoção ao Divino Espírito Santo para continuar apoiando os velhos coronéis da política neste ano eleitoral, talvez seja Pentecostes e, nos comprometendo com a justiça social, a defesa do planeta terra neste Dia Mundial do Meio Ambiente- a nossa casa em comum- possamos assumir o nosso protagonista de cidadãos conscientes. Afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente gritar contra a injustiça social, a violência, o desemprego, o fanatismo político e a fome em nossa cidade e, de mãos dadas, construirmos a nossa história inspiradas na Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo caminhando na Unidade enquanto cristãos porque “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Coríntios 12,7). Talvez seja Pentecostes. Afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente não esquecer que recebemos a ação do Espírito Santo em nossa vida através do batismo e da Crisma: “Recebereis o poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. (At 1, 8) e que, cheios do Espírito, não vamos ter medo de estender as mãos e abrir os nossos corações para os jovens- nossos filhos e netos- no mundo da droga e do tráfico em nossa cidade- acolhendo, compreendendo e encarando de frente essa realidade que domina as nossas famílias – muitas delas igrejeiras e devotas. Talvez seja Pentecostes, afinal, Ele sobre onde quer.
Não é o Espírito Santo...
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 28 de maio-2022.
Quando somos fracos na fé e desistimos dos nossos objetivos nos fechando em nosso mundinho, não é o Espírito Santo que está do nosso lado, porque Ele nos concede o Dom da Fortaleza nos proporcionando coragem, foco e disposição para caminhar. Com este Dom vencemos os medos, as síndromes e depressão causada pela pandemia, o desemprego, a violência e o tráfico em nossos morros. Com este Dom, somos capazes de sermos fiéis à vida cristã neste mundo da relatividade, da mundanidade, do consumismo e do tudo pode em nome do prazer, do poder e do ter.
Quando nós nos fechamos em nossas ideias e conceitos e não nos abrimos para a vontade da Boa Nova, não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom da Sabedoria que nos adentra na mensagem revelada no Santo Evangelho e nos ajuda a compreender melhor a nossa fé e os acontecimentos da vida que, segundo o santo Carmelita, São Tito Brandsma, nos faz “ver o mundo com Deus no fundo”.
Quando negamos a ação do Espírito Santo na vida dos cientistas no combate a pandemia do novo coronavírus, seja através de uma crítica ou mesmo do nosso não à vacina, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos concede o Dom da Ciência, e com este podemos aprimorar a nossa inteligência para crescermos na devesa da vida e da nossa própria fé, afinal, fomos criados para Deus e, segundo Santo Agostinho, “Só N`Ele podemos descansar”.
Quando somos motivos de divisão, seja por questões religiosa, política ou social e fugimos da missão de conselheiros na família, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos deu o Dom do Conselho, com este Dom, somos capazes de sair de cima do muro por que “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora […]” (Ecl 3, 1-8). Ou seja, é o Espírito Santo que vai nos inspirará a dizer sim ou não na hora certa.
Quando desprezamos o nosso próximo porque é analfabeto e por não ter tido as mesmas oportunidades que nós- seja de frequentar ou boa Escola ou faculdade- não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom do entendimento para compreender as verdades reveladas por Deus. Esse dom, Santa Teresinha do Menino Jesus, Carmelita, e tantos homens e mulheres que- sem o conhecimento da cátedra- receberam. Por esse Dom, podemos visualizar e ter consciência do nosso pecado e da ausência de Deus em nosso caminhar.
Quando nós nos fechamos em nossas devoções- muitas vezes alienadas e descomprometidas com a vida, não é o Espírito Santo, porque Ele nos concede o Dom da Piedade para vivermos uma relação comprometida e amorosa com Deus e com o próximo a partir do Evangelho. Piedade autêntica e verdadeira não é fanatismo ou desprezo dos documentos oficiais da Igreja, mas união com o magistério porque “Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo aos Apóstolos: ‘Quem vos escuta escuta-me a Mim’ (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os seus pastores lhes dão, sob diferentes formas”. Sim, é preciso – sob pena de se criarem cismas ou “magistérios” paralelos – dar, sob o grau de assentimento que os pronunciamentos do Papa e dos Bispos o exijam, adesão aos seus ensinamentos e orientações; do contrário, podem recusar a voz do Pastor para seguir a um ladrão ou mercenário que, evidentemente, não é pastor (Jo 10,11-16). Afinal, quem diz: “Não siga o Magistério da Igreja”, de modo indireto ou até inconsciente, afirma: “Sigam a mim e às minhas doutrinas”. Eis o grave perigo! (Catecismo da Igreja).
Quando defendemos políticas assassinas contra a vida- seja o porte de armas, a volta da Ditadura militar, o aborto ou ameaçamos o sistema democrático do país- não é o Espirito Santo que está do nosso lado, por que Ele nos concede o Dom do Temor para amá-lo de todo o coração e, amar a Deus é essencialmente amar o nosso próximo que padece vítima de diversos políticos que se dizem cristãos, mas na verdade- diante de suas atitudes e projetos de governo- não temem, não amam e não respeitam o nosso Bom Deus. Portanto, o Dom do Temor é saber reverenciar, respeitar e reconhecer Deus em nosso caminhar enquanto Senhor da nossa Existência. Somente Ele é nosso tudo!
Seja medíocre e viva feliz
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita da Ordem do Carmo e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 21 de maio-2022.
Quer ser um padre bonzinho e admirado por todos? Muito simples, seja medíocre. Isso mesmo! Esqueça o que Jesus falou sobre pobres, compaixão, inclusão social e defesa da vida. Finja que você mora em uma cidade onde não tem corruptos. Esqueça essa história de proteção do meio ambiente ou a defesa dos pobres. Não fale em questões políticas ou sociais. Portanto, a mediocridade é a solução para você ser amado, admirado e reconhecido por todos.
Quer ter uma vida “estável” sem muito agito, ou uma caminhada calma sem tempestades? Muito simples, seja medíocre! Dessa forma ninguém vai notar que você veio ao mundo para ser protagonista da sua história e fazer história. Pare com esta baboseira de ser autêntico e ter personalidade própria, fazendo assim, você não vai ter que enfrentar os fracassados e invejosos que ficam estacionados de braços cruzados, prontos para te criticar, apontar o dedo e condenar. Portanto, a mediocridade é a solução para os seus medos e a sua falta de coragem em tomar decisões e enfrentar a vida.
Quer ser uma freira, um frade, um monge, um missionário consagrado ou um seminarista amado por todos? Eu tenho a solução! Seja medíocre e não questione se a comunidade está sendo fiel aos seus objetivos. Deixe de lado essa história de fraternidade, correção fraterna, profetismo, missão, “sentir o cheiro das ovelhas” ou “eles tinham tudo em comum”. O que vale é a falsa harmonia e a cara de paisagem às 24 horas. Portanto, a solução real e sincera para caminhar na vida religiosa com sucesso é a mediocridade nua e crua.
Quer ser elogiado por todos? Simples, seja medíocre. Isso mesmo, sendo uma marionete nas mãos dos outros você não vai se dá ao trabalho de construir os seus caminhos e, com certeza, não vai ter quer cair, porque sempre haverá pessoas do seu lado para te guiar, controlar e falar o que você deve fazer, pensar ou se posicionar frente os diversos assuntos e problemas do mundo social, econômico, político e religioso. Portanto, a mediocridade será sempre a sua tábua de salvação.
Quer ser bonzinho e santinho na convivência diária? Para esta formula eu também tenho o caminho mais curto e fácil. Do que que estou falando? Da mediocridade, claro! Isso mesmo! Finja ser santo às 24 horas e seja medíocre. Seja bonzinho, tipo maria vai com as outras! Sendo assim, você vai ser um verdadeiro medíocre carimbado e será feliz para sempre! Quer dizer, feliz não, uma xerox da felicidade. Pelos menos você não será vítima de críticas e interrogações no trabalho, na família, na Igreja ou no círculo de amizade. Portanto, a mediocridade é o melhor antídoto para a sua vidinha sem sal e sem açúcar.
Agora é o seguinte... Você quer ser autêntico, verdadeiro e único como todos deveria ser? Não tenha medo da cruz! denuncie os políticos revestidos de cordeiros- mas na verdade são os lobos modernos- que devoram os pobres. Não silencie diante de um seguimento comunitário com segundas intenções e grite contra uma religião fanática, mercadológica e interesseira. Fale para os quatro cantos que você encontrou Jesus Cristo e a sua Boa Nova, e não uma religião apenas de emoção, milagres, prosperidade, lambe-lambe, doce de coco ou suco de maracujá que fecha os olhos os excluídos. Não seja marionete e tenha a sua opinião sobre espiritualidade, política, economia e a própria vida. Enfim, não use máscaras e não tenha medo de ser você. E tenho dito!
Semana Laudato si’, novos estilos de vida para responder ao grito da terra
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Renova-se o convite promovido pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano: de 22 a 29 de maio, no sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco, uma campanha de conscientização, iniciativas e boas práticas para enraizar a urgência de proteger a casa comum
Vatican News
A Semana Laudato si' está de volta, apresentando eventos com ressonância global, regional e local, cada um vinculado a um objetivo particular da encíclica Laudato si' e dos sete setores da Plataforma de Iniciativas Laudato si'. Todos eles serão focados no conceito de ecologia integral. Espera-se a participação de centenas de milhares de católicos para intensificar os esforços da Plataforma de Iniciativas: este é um novo instrumento que permite as instituições, as comunidades e as famílias de implementarem plenamente o Documento do Papa.
Biodiversidade, conflitos, crises climáticas, acolhida dos pobres
Entre os tópicos principais que serão explorados estão: como os católicos podem combater o colapso da biodiversidade; o papel dos combustíveis fósseis nos conflitos e na crise climática; como todos os cidadãos podem acolher os pobres na nossa vida diária. Entre os encontros programados, há um centralizado na possibilidade de dar força às vozes indígenas que terá a participação da Irmã Alessandra Smerilli, Secretária do mesmo Dicastério.
O programa: foco em aumentar a força das vozes indígenas
“Resposta ao Grito da Terra" é o tema da segunda-feira, 23 de maio, com um evento que será transmitido ao vivo da Universidade Católica Australiana de Roma. O tema será como reequilibrar os sistemas sociais com a natureza e contará com a participação do Padre Joshtrom Kureethadam: a sua contribuição será importante para dar força às vozes indígenas em vista da conferência da ONU sobre biodiversidade que será realizada este ano. O tema do dia seguinte será "Apoiar a ECO-mmunity: Acolher os pobres". A quarta-feira será dedicada à economia ecológica, analisada sob o aspecto dos combustíveis fósseis, da violência e da crise climática. Enquanto que na quinta-feira 26, o tema será a adoção de estilos de vida sustentáveis: investimentos coerentes com a fé. Na sexta-feira à tarde terá a pré-estreia de um documentário sobre a "Laudato si". No sábado à noite, será aprofundado o âmbito da espiritualidade ecológica. Por fim, no domingo 29 de maio será concluído com o tema da resiliência e empoderamento da comunidade como parte do caminho sinodal. Para as 15h deste dia conclusivo está previsto um encontro de oração.
Oradores internacionais
Os outros palestrantes serão: Theresa Ardler, Oficial de Ligação da Pesquisa Indígena na Universidade Católica Australiana, diretora e proprietária da Gweagal Cultural Connections; Vandana Shiva, fundadora da Navdanya Research Foundation for Science, Technology and Ecology na Índia e presidente da Navdanya International; Angela Manno, artista premiada; Greg Asner, diretor do ASU Centre for Global Conservation Discovery and Science.
O programa completo da Semana Laudato si' Week – está disponível no link LaudatoSiWeek.org – e inclui eventos em Uganda, Itália, Irlanda, Brasil e Filipinas e - com exceção do documentário - será transmitido nos canais Facebook e YouTube do Movimento Laudato si'. Fonte: https://www.vaticannews.va
Tito Brandsma- Música.
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Tito Brandsma
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 08 de março-2022
1-A Igreja, ao Carmelo agradece, uma escola de santidade e oração. A Igreja, ao Carmelo enaltece: Fraternidade, Profetismo e Missão.
Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista, nosso irmão. Com o Santo Escapulário vamos juntos em Missão.
2-Precisamos, em tempos difíceis, com Elias, na fonte beber. Nos porões, da humanidade, a verdade e a paz, sempre há de vencer.
3- No Carmelo, se pensar em Maria, é a nossa própria vocação. Comungar, todos os dias, pra chegar à contemplação.
4-A missão, dos carmelitas, não é grandes coisas fazer, mas, nas pequenas coisas, com grandeza, sempre viver.
5- A imprensa, depois dos templos, é o primeiro púlpito para ensinar. É a força da palavra e da verdade, contra a violência das armas a matar.
6- Pobre mulher, eu rezarei por você... Ainda que não saiba rezar. Pode pelo menos dizer: "Rogai por nós pecadores... Disse, com fé.
7-Oração, não é um oásis no deserto da vida, mas é vida, em nosso viver. Meditando, na Boa Nova, seguindo Jesus Cristo para crescer.
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