Motorista de caminhão suspeito de causar acidente na BR-116 se entrega à polícia
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Motorista de caminhão suspeito de causar acidente na BR-116 se entrega à polícia
Homem se apresentou na delegacia de Teófilo Otoni no início da tarde desta segunda-feira (23) acompanhado de advogados. Pelo menos 41 pessoas morreram no acidente, de acordo com a Polícia Civil.
Motorista suspeito de causar acidente na BR-116 se entregou na delegacia de Teófilo Otoni — Foto: Inter TV
Por Patrícia Luz, Luiz Henrique Cisi, g1 Minas — Belo Horizonte
O motorista de caminhão suspeito de causar o grave acidente na BR-116 em Minas Gerais se entregou à polícia no início da tarde desta segunda-feira (23), em Teófilo Otoni.
O acidente aconteceu na madrugada do último sábado (21). Pelo menos 41 pessoas morreram, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Trata-se de um homem natural do Espírito Santo. A identidade dele não foi divulgada. Ele se apresentou acompanhado de advogados na delegacia da Polícia Civil localizada no bairro São Diogo.
O motorista do caminhão estava com a carteira de motorista apreendida há dois anos. Segundo informações das forças de segurança, ele perdeu a habilitação após passar por uma blitz da lei seca em Mantena, no Vale do Rio Doce, em 2022, quando se recusou a fazer o teste do bafômetro. Desde então, ele não tinha mais autorização para dirigir.
Excesso de peso do caminhão
A Polícia Civil trabalha com a linha de investigação de que o acidente foi causado por uma pedra de granito que se soltou do caminhão.
Notas ficais apontam que a carga saiu do Ceará e seguia para o Espírito Santo. Ainda segundo a PCMG, a hipótese é que ocorreu excesso de peso no transporte da peça. O indicativo é de responsabilidade do condutor da carreta.
Vítimas que estavam no carro envolvido no acidente, entretanto, dão outra versão. Segundo os sobreviventes, o ônibus foi se aproximando de uma baixada, estourou o pneu traseiro e acabou avançando na contramão.
O acidente
O acidente ocorreu na altura do km 285 da BR-116, em Lajinha, comunidade rural de Teófilo Otoni.
Conforme o Corpo de Bombeiros, a colisão aconteceu por volta das 3h30 e envolveu três veículos: um ônibus da empresa Emtram, um carro de passeio, e uma carreta carregada com bloco de granito .
O ônibus havia saído do terminal do Tietê, em São Paulo, às 7h de de sexta-feira (20) com destino a várias cidades na Bahia, sendo a última parada no município de Elísio Medrado, a 230 km de Salvador. Fonte: https://g1.globo.com
Pornografia deve ser assunto entre pais e filhos, dizem especialistas
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Consumo de vídeos tem impacto no desenvolvimento romântico de adolescentes, defende cientista social
Celular mostra página do PornHub, um dos sites de conteúdo pornográfico mais acessados no mundo - Lionel Bonaventure/AFP
Matt Richtel
The New York Times
Brian Willoughby sabe que está cumprindo bem sua função quando os pais se sentem desconfortáveis. Isso porque parte de seu trabalho consiste em dizer a eles que seus filhos adolescentes veem pornografia explícita e, com frequência, violenta. Às vezes, a conversa é estabelecida durante encontros com grupos da igreja.
Willoughby, cientista social da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, estuda os hábitos de consumo de pornografia entre os adolescentes e o impacto disso nos relacionamentos. Quando visita as comunidades para explicar como é o mundo moderno, fala diretamente. "Sempre preciso ter cuidado ao expressar as coisas, dizendo: 'Não estou afirmando que a pornografia seja uma coisa boa, mas que é uma realidade.' Você pode ignorar a situação, fingir que ela não existe e rezar mais, ou usar termos associados ao vício, mas é necessário compreender de forma realista o que está ocorrendo."
No passado, muitos pais tentaram ignorar que seus filhos viam pornografia, proibir o acesso a ela ou só desejaram que desaparecesse. Mas especialistas que analisam o uso da pornografia na internet por adolescentes dizem que esse comportamento é tão comum e impossível de evitar que exige uma abordagem mais prática. Quando se trata de pornografia, é preciso conversar sobre o assunto, de acordo com eles.
O objetivo é ensinar os adolescentes que o conteúdo explícito que encontram é irreal, distorcido no que diz respeito a muitas relações sexuais e, portanto, potencialmente prejudicial. Essa abordagem não aprova o conteúdo nem incentiva seu consumo, destacou Willoughby, mas reconhece sua onipresença e sua natureza fora da realidade e hardcore. Já ficaram no passado os tempos das revistas de nudez que deixavam muito para a imaginação. "Aquilo era nudez sexualizada. Muitos pais ainda acham que a pornografia é a revista 'Playboy'", comentou Willoughby ao se referir à pornografia de antigamente.
Nos Estados Unidos, em média, as pessoas acessam pornografia online pela primeira vez aos 12 anos, de acordo com uma pesquisa feita em 2023 pela Common Sense Media, organização sem fins lucrativos que orienta famílias sobre mídias e tecnologia. Além disso, 73% dos jovens com menos de 17 anos já assistiram a esse tipo de conteúdo, número que coincide com outras sondagens. Entre aqueles que a consomem, seja intencionalmente, seja por acaso, mais da metade relatou ter visto violência, incluindo estupro, sufocamento ou alguém sendo submetido a dor.
Um estudo publicado em janeiro na revista Journal of Family Medicine and Community Health sugeriu práticas para fornecer uma visão objetiva do consumo de pornografia por adolescentes, diretrizes para detectar esse comportamento e maneiras de facilitar o diálogo entre os adolescentes e seus responsáveis.
Mas como os adultos devem se posicionar? Até agora, a ciência não conseguiu responder com firmeza se a pornografia online é prejudicial, e, se sim, para quem. "O que podemos afirmar é que, para alguns, pode causar problemas à sexualidade e a seus relacionamentos, entre outros aspectos. Mas não temos comprovação científica suficiente para garantir que é prejudicial para todo mundo", resumiu Beata Bothe, psicóloga da Universidade de Montreal, no Canadá, que estuda o consumo de pornografia.
Em fevereiro, Bothe foi coautora de um estudo que concluiu que certos tipos de pornografia podem impactar o bem-estar sexual dos espectadores. A pesquisa, que analisou 827 adultos jovens, revelou que aqueles que assistiam à pornografia romântica ou apaixonada relataram maior satisfação sexual nos relacionamentos, enquanto o consumo de pornografia que envolvia poder, controle e sexo violento estava associado a uma menor satisfação sexual.
O estudo também apontou que conteúdos apaixonados, românticos e com múltiplos parceiros eram consumidos com maior frequência do que categorias mais violentas.
Em 2021, uma pesquisa feita com 630 adolescentes holandeses mostrou que aqueles que assistiam a mais pornografia apresentavam um comportamento sexual mais avançado em idade mais precoce, como carícias intensas e sexo oral. Contudo, os pesquisadores destacaram que não ficou claro se os adolescentes mais experientes eram sexualmente atraídos pela pornografia ou se o consumo desta influenciava seu comportamento. "É possível que os adolescentes pratiquem o que viram e aprenderam, e que o consumo de pornografia e o comportamento sexual se reforcem mutuamente com o tempo", observaram os autores.
É importante notar que, embora o consumo de pornografia entre os adolescentes americanos tenha aumentado, os jovens estão, em média, esperando mais tempo para experimentar o sexo real. Em 2021, aproximadamente um terço dos estudantes do ensino médio relatou ter tido relações sexuais, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, queda acentuada em relação à década anterior, quando o número se aproximava de 50%.
Para os especialistas que estudam o consumo de pornografia, educar os adolescentes sobre o assunto começa com uma verdade incontestável: a pornografia online não é realista. "É um filme: o que vemos não é a realidade. Embora pareça que as pessoas gostam do que fazem, é possível que, na verdade, não estejam aproveitando ou estejam sentindo dor", disse Bothe.
"Para o espectador ingênuo, a pornografia pode parecer um documentário. Mas, no mundo real, as mulheres não atingem o clímax imediatamente, nem tudo gira em torno do cara, há consentimento, há um relacionamento, e não se trata só de conexão física. Essas pessoas são todas magras e musculosas, e as coisas não são assim. O sexo pode ser confuso. Na internet, parece que tudo corre perfeitamente. É glamorizado", explicou Pluhar.
Isso sem mencionar a pornografia violenta, que Pluhar considera a mais potencialmente prejudicial para o espectador. "Estamos falando de uma mulher sendo jogada no chão e estuprada." Certa vez, ela atendeu um homem que, quando mais jovem, fora exposto com frequência à pornografia violenta e, como consequência, tinha medo de ter intimidade com mulheres, temendo agir conforme o que havia visto.
Willoughby contou que, quando fala com grupos de pais ou estudantes, às vezes cita a representação do sexo anal como um exemplo claro de como a pornografia é enganosa. Explica ao público que muitas mulheres não gostam de sexo anal e o acham doloroso, e que, mesmo assim, a maioria da pornografia normalizou essa atividade, levando os parceiros, sobretudo os homens, a esperar por isso.
Ele mencionou que, às vezes, os pais são reticentes em falar sobre pornografia, temendo que piore o problema e talvez possa até incentivar o consumo. Mas ele afirma que essa ideia é um "mito comum", sem base em pesquisas e ingênua diante da realidade de que os jovens conhecem e acessam esse material. A alfabetização pornográfica é o mínimo que deve ser feito, acrescentou
O ideal, para ele, seria que a sociedade encontrasse maneiras de desencorajar a pornografia, incluindo a adoção de ferramentas mais eficazes para bloqueá-la. "Os adolescentes vão assistir à pornografia, independentemente de você conversar com eles ou não. Portanto, se vão consumir esse conteúdo e você quer ter alguma influência na vida deles, é necessário ter essa conversa." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Como provocar raiva nos outros nas redes sociais virou negócio lucrativo
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Winta Zesu faz parte de um grupo cada vez maior de criadores online que elaboram conteúdo que serve de 'isca de ódio'
Winta Zesu ganha dinheiro criando 'iscas de ódio' - Winta Zesu/Via BBC
Sam Gruet e Megan Lawton
BBC News
"Recebo muito ódio", diz a criadora de conteúdo Winta Zesu.
Em 2023, ela ganhou US$ 150 mil (cerca de R$ 900 mil) com postagens nas redes sociais.
O que diferencia Zesu de outros influenciadores é que as pessoas que comentam nas suas postagens e levam tráfego para os seus vídeos, muitas vezes, são levadas pela raiva.
"Cada vídeo meu teve milhões de visualizações devido aos comentários de ódio", explica a jovem de 24 anos.
Nos vídeos, ela documenta a vida de uma modelo na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Seu maior problema é ser bonita demais.
O que algumas pessoas que fazem comentários não percebem é que Zesu está interpretando uma personagem.
"Recebo muitos comentários desagradáveis", conta ela, do seu apartamento em Nova York. "As pessoas dizem 'você não é a menina mais bonita' ou 'por favor, baixe a bola, você tem confiança demais'.
Winta Zesu faz parte de um grupo cada vez maior de criadores online que elaboram conteúdo que serve de "isca de ódio" (rage-baiting, em inglês).
O objetivo é simples: gravar vídeos, produzir memes e escrever postagens que provoquem raiva visceral nas pessoas. Com isso, elas contam milhares, até milhões de curtidas e compartilhamentos.
O rage-baiting é diferente do seu primo clickbait, muito comum na internet. Neste, usa-se uma manchete para incentivar o leitor a clicar para ver um vídeo ou reportagem.
"A isca de ódio é criada para manipular as pessoas", diz a produtora de podcasts de marketing Andréa Jones.
Mas a atração exercida pelo conteúdo negativo sobre a psicologia humana está incrustada em nós, segundo William Brady, que estuda as interações do cérebro com as novas tecnologias.
"No passado, este era o tipo de conteúdo em que realmente precisávamos prestar atenção", explica ele. "Por isso, temos esses vieses embutidos na nossa atenção e no nosso aprendizado."
O crescimento das iscas de ódio coincidiu com o aumento do pagamento por conteúdo, por parte das principais plataformas de redes sociais.
Esses programas de criadores recompensam os usuários pelas curtidas, comentários e compartilhamentos. Eles permitem a postagem de conteúdo patrocinado e são considerados responsáveis pelo aumento do rage-baiting.
"Se observarmos um gato, nós dizemos 'oh, que bonito' e rolamos a imagem. Mas, se virmos alguém fazendo algo obsceno, podemos comentar 'isso é terrível'", explica Jones. "E o algoritmo considera este tipo de comentário como engajamento de melhor qualidade."
"Quanto mais conteúdo um usuário criar, mais engajamento ele consegue e mais ele recebe", prossegue ela, com ar preocupado. "Por isso, alguns criadores farão de tudo para conseguir mais visualizações, mesmo se for algo negativo ou se incitar a raiva e o ódio nas pessoas. Isso gera desvinculação."
O conteúdo criado para gerar ódio pode vir de muitas formas, desde receitas de alimentos absurdos até ataques contra o seu astro pop favorito. Mas, em um ano de eleições em todo o mundo como 2024, a prática também se difundiu para a política, especialmente nos Estados Unidos.
Brady observa que "houve um pico no período que antecedeu as eleições [americanas], pois é uma forma eficaz de mobilizar seu grupo político para talvez votar e agir".
Ele destaca que as eleições americanas foram fracas em questões políticas, mas centralizadas em torno do ódio. "Elas foram hiperfocadas em 'Trump é horrível por este motivo' ou 'Harris é horrível por aquela razão'."
Uma investigação da repórter especializada em redes sociais da BBC Marianna Spring descobriu que usuários do X (antigo Twitter) estavam recebendo "milhares de dólares" da plataforma de rede social por compartilhar conteúdo que incluía desinformação, imagens geradas por IA e teorias da conspiração.
Estudiosos destas tendências estão preocupados com o excesso de conteúdo negativo, que pode levar a pessoa média a se "desligar".
"Pode ser muito cansativo ter todas essas emoções fortes, todo o tempo", afirma a professora de comunicações Ariel Hazel, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. "Isso os desliga do ambiente jornalístico e estamos observando cada vez mais pessoas evitando ativamente as notícias em todo o mundo."
Outros se preocupam com a normalização do ódio fora da internet e os efeitos prejudiciais sobre a confiança das pessoas no conteúdo que elas observam.
"Os algoritmos amplificam o ódio e fazem as pessoas pensarem que aquilo é mais normal", afirma o psicólogo social William Brady.
Brady destaca que "o que sabemos de certas plataformas, como o X, é que o conteúdo extremista político, na verdade, é produzido por uma fração muito pequena da sua base de usuários, mas os algoritmos podem amplificar aquilo como se fosse uma grande maioria".
A BBC entrou em contato com as principais redes sociais sobre a prática de rage-baiting nas suas plataformas, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Em outubro de 2024, o executivo da Meta Adam Mosseri comentou no Threads o "aumento das iscas de engajamento" na plataforma. Ele destacou: "Estamos trabalhando para mantê-las sob controle."
Já seu concorrente Elon Musk, dono da plataforma X, anunciou recentemente alterações no seu Programa de Compartilhamento de Receita com Criadores.
O programa irá recompensar os criadores de conteúdo com base no engajamento dos usuários premium do site, como suas curtidas, respostas e repostagens. Os pagamentos anteriores se baseavam nos anúncios observados pelos usuários premium.
O TikTok e o YouTube oferecem aos usuários a possibilidade de ganhar dinheiro com suas postagens ou compartilhando conteúdo patrocinado. Mas as duas plataformas têm regras que permitem desmonetizar ou suspender os perfis que postarem desinformação. Já o X não tem orientações similares a este respeito.
Nossa conversa com Winta Zesu em Nova York ocorreu dias antes das eleições americanas e não poderíamos deixar de falar de política.
"Não concordo com pessoas que usam iscas de ódio por motivos políticos", disse a criadora de conteúdo. "Se eles estiverem realmente usando aquilo para informar e instruir as pessoas, tudo bem. Mas, se eles usarem para espalhar desinformação, discordo totalmente."
"Isso deixa de ser brincadeira", conclui ela. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Homem é morto a caminho de missa em tentativa de assalto na Penha, Zona Norte do Rio
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Arquiteto é baleado durante tentativa de assalto na Zona Norte do Rio
Steve Maguerith Chaves do Nascimentodeixa uma filha de 6 anos
Por Marcos Nunes
— Rio de Janeiro
Um arquiteto foi morto durante uma tentativa de assalto na Penha, Zona Norte do Rio, neste domingo. Steve Maguerith Chaves do Nascimento, de 43 anos, sofreu um disparo de arma de fogo quando estacionava o carro para ir à missa das 19h na Igreja de Nossa Senhora da Cabeça, e houve a aproximação de dois homens numa moto. Steve deixou o carro descer acidentalmente em um trecho da rampa. Neste momento, um assaltante atirou. A bala acertou a cabeça da vítima, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
— Ele era frequentador assíduo da igreja e ia estacionar o carro para ir assistir à missa. Agora, nem ir à igreja a gente pode ir mais. Ele virou estatística — disse um parente da vítima, em desabafo.
Pai de uma menina de 6 anos, o arquiteto planejava o aniversário da filha, no próximo dia 20. A festa estava planejada para no dia 21, e um salão já havia sido alugado para a realização do evento. Não houve tempo para comemorar.
— Ele estava super empolgado. Seria a primeira vez que a festa de aniversário da filha aconteceria num salão de festas — disse uma pessoa da família.
Steve Maguerith Chaves do Nascimento era membro da paróquia Nossa Senhora da Cabeça, na Penha, onde atuava na evangelização. O crime aconteceu às 18h58, dois minutos antes da missa das 19h, que o arquiteto pretendia assistir. A cena foi flagrada por uma câmera de segurança. A gravação mostra um homem descendo da garupa de uma motocicleta, antes de fazer um disparo. O padre Eufrázio Morais chegou a também ouvir o tiro que tirou a vida do arquiteto.
— O Steve era paroquiano aqui da nossa igreja. A família dele é toda participante, são membros atuantes aqui na evangelização da comunidade. Ele todo domingo participava da missa, às 19 horas. Ontem (domingo), ele veio para a missa e quando estava estacionando o carro, ele foi abordado por uma moto com dois bandidos. Pelo que vi na imagem da câmera, o bandido da garupa rendeu, pediu para parar e eu imagino que na hora, o carro deve ter dado um arranque, aí o bandido na agitação, deu um tiro, e fugiu com o outro — disse o padre
Segundo o religioso, a região onde fica a igreja, na Penha, tem sido alvo de constante violência e há relatos de frequentadores assaltados a caminho do tempo.
— Não é esporádico (o que aconteceu). A gente está refém aqui. Lamentavelmente, é algo frequente aqui (a violência). Muitos são abordados vindo para a igreja, é um local de referência da comunidade. Mas, como também é uma área comercial, e a partir das 18 horas o comércio fecha, então fica muito mais deserto e a vulnerabilidade para esse tipo de fatalidade é muito grande. Então, diversas vezes aqui a gente está sofrendo. Tem inúmeros paroquianos que já foram assaltados aqui na porta da igreja. É recorrente. O efetivo policial aqui é muito ausente — disse o padre.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A especializada analisa imagens de câmeras de segurança para tentar identificar os dois homens suspeitos de participar da morte do arquiteto. Fonte: https://oglobo.globo.com
Menina de 12 anos morre após tiroteio na zona norte do Rio
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Crime ocorreu em favela de Del Castilho que é alvo de disputa entre grupos rivais
Kamila Vitória Aparecida de Souza Silva, 12, foi atingida durante tiroteio - Reprodução/TV Globo
São Paulo
Uma menina de 12 anos morreu em tiroteio entre grupos criminosos rivais na Favela do Guarda, em Del Castilho, zona norte do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (5).
Segundo a Polícia Militar, a região foi cenário de um confronto entre quadrilhas. Moradores relatam disputa entre o Comando Vermelho e uma milícia que domina o local.
A menina, identificada como Kamila Vitória Aparecida de Souza Silva, e outras crianças brincavam em uma praça quando o grupo criminoso passou de carro e fez vários disparos, supostamente contra rivais. Em seguida, os homens fugiram.
A criança foi levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. Outro morador do bairro foi atingido, recebeu atendimento médico e já foi liberado.
O comando do 3º Batalhão da Polícia Militar determinou o reforço do policiamento na região.
"Cabe informar que no momento da chegada das equipes já não havia a presença de criminosos no interior da comunidade", diz nota da Polícia Militar. "Vale destacar que não havia ação da polícia no interior da comunidade no momento em que a jovem foi ferida". A Delegacia de Homicídio da Capital vai investigar o caso. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Ganhador da Mega-Sena morre menos de um mês após resgatar prêmio de R$ 201 milhões
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Idoso passou mal durante procedimento odontológico em Cuiabá; ele ganhou sozinho o prêmio milionário no dia 9 de novembro
Antônio Lopes de Siqueira, 73, foi vencedor do sorteio 2.795 da Mega-Sena - Reprodução/TV Globo
Rio de Janeiro
A Polícia Civil de Mato Grosso investiga a morte de um idoso que ganhou sozinho o prêmio de R$ 201 milhões no sorteio da Mega-Sena, em novembro. Antônio Lopes de Siqueira, 73, morreu nesta quarta-feira (4) durante um procedimento odontológico em uma clínica em Cuiabá.
A equipe de plantão da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa disse que foi acionada na tarde desta quarta para "uma possível morte súbita" da vítima. O Samu também foi chamado e constatou a morte do idoso.
"Informações preliminares apontam que a vítima passou mal, nesta manhã, após passar por procedimento odontológico em uma clínica na capital", informou a Polícia Civil.
Antônio foi o único vencedor do sorteio 2795 da Mega-Sena, no dia 9 de novembro. A loteria estava com prêmio principal acumulado em R$ 201.963.763,26. Ele acertou as seis dezenas do sorteio com uma aposta simples, de R$ 5, e retirou o valor no dia 11 de novembro.
O corpo de Antônio foi encaminhado inicialmente ao Serviço de Verificação de Óbito e depois ao IML da capital para realização de exame de necropsia. A delegacia solicitou a perícia, que apontará a causa da morte.
O idoso trabalhava como pecuarista e deixou quatro filhos. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Como SBT convenceu Datena e contratou apresentador para tentar vencer Record
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Como SBT convenceu Datena e contratou apresentador para tentar vencer Record
Âncora vai comandar o Tá na Hora, já a partir de segunda (9), nos fins de tarde da emissora da família Abravanel
Datena: SBT prometeu investimentos e tem meta vencer Record com apresentador a longo prazo - TV Globo/Divulgação
Aracaju
A contratação de José Luiz Datena pelo SBT, fechada desde a semana passada, como havia informado a coluna, e confirmada na quarta-feira (4), é a principal aposta da emissora para se aproximar da Record nos índices de audiência em 2025.
As reuniões do canal com o apresentador começaram no início de novembro. O convite a Datena foi a primeira providência de Mauro Lissoni, novo diretor de programação do SBT, em seu cargo. Ele assumiu no fim de outubro.
O executivo diz acreditar que um jornalístico nos fins de tarde será a melhor aposta para alavancar todo o horário nobre. Por causa disso, Lissoni prometeu ao jornalista que o Tá na Hora, programa que ele vai apresentar, terá investimentos importantes.
O principal deles é a contratação de alguns novos repórteres para o programa. Além disso, a pedido de Datena, a parceria com Comandante Hamilton, já conhecida dos tempos de Record e Band, será refeita. Hamilton está no Tá na Hora desde o início, mas revezando com seu filho. Ele aparecerá mais.
Outro ponto é que Datena foi recebido e conversou pessoalmente com Daniela Beyruti, presidente do SBT e filha de Silvio Santos (1930-2024). Ele já tinha recusado propostas da emissora nos anos 2000 feitas pelo próprio Silvio, e externou que sempre quis trabalhar na empresa.
Datena estava, de fato, pensando em reduzir o ritmo de carreira. Mas as eleições municipais refizeram sua posição. Ele ainda deseja ser relevante no jornalismo, especialmente no horário em que sempre esteve.
CONFIRA O COMUNICADO DO SBT NA ÍNTEGRA
"A direção do SBT tem o prazer de anunciar oficialmente que José Luiz Datena, um dos mais renomados comunicadores da televisão brasileira, é o mais novo contratado da emissora. Datena traz todo o seu talento na apresentação de programas jornalísticos para abrilhantar a programação do SBT já a partir desta segunda-feira, 9 de dezembro, no comando do programa ‘Tá na Hora’. No mesmo dia, Marcão do Povo assumirá a apresentação de parte do jornalístico ‘Primeiro Impacto’.
Lançado em 2024, o 'Tá Na Hora' leva informação e prestação de serviço, ao vivo, para o público do SBT de segunda a sexta-feira nos finais da tarde. A atração acompanha o cotidiano do brasileiro com foco em facilitar a vida do espectador. O programa conta com a participação do Comandante Hamilton e repórteres espalhados pelos quatro cantos do Brasil.
'Vir para o SBT é cumprir o meu sonho de trabalhar na casa que foi montada pelo maior apresentador de todos os tempos. Silvio Santos foi e sempre será o meu ídolo e a minha referência', celebra Datena.
Para Mauro Lissoni, diretor de programação e artístico do SBT, a chegada de Datena faz parte de um planejamento estratégico para a grade de programação. "Essa aposta reforça a missão da emissora em continuar inovando e entregando conteúdo de qualidade aos nossos espectadores", destaca. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
É só 'coisa da idade' ou sinal de demência? Estudo revela 7 sintomas mal compreendidos
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Sociedade de Alzheimer do Reino Unido mostra o que pode estar relacionado ao envelhecimento e o que não está
Idosa dá a mão para uma pessoa mais jovem — Foto: Freepik
Apenas um terço das pessoas identificam os sintomas de uma demência no primeiro mês após notá-los, segundo os especialistas. Muitos não dizem nada porque não têm certeza se os sinais são de demência ou simplesmente de mudanças relacionadas à idade.
A Sociedade de Alzheimer do Reino Unido realizou uma pesquisa e descobriu que uma em cada três pessoas (33%) que notam sintomas de demência em si mesmas ou em um ente querido guardam seus medos para si mesmas por mais de um mês.
Além disso, a pesquisa revelou que apenas 15% agem imediatamente ao identificar potenciais sinais de demência, enquanto 11% confessaram não discutir suas preocupações, apesar de reconhecer os sintomas, e 23% esperam por mais de meio ano antes de procurar um médico. Ao não falar, o processo de obtenção de apoio é atrasado.
Como conversar com eles: Seu filho adolescente reconhece a IA? E você?
Após o levantamento, a organização está incentivando as pessoas a reconhecer seus sintomas e encarar a demência de frente.
Assim, listou sete possíveis sintomas iniciais de demência dos quais as pessoas devem estar cientes e as diferenças em relação às mudanças naturais relacionadas à idade.
Experiências assustadoras: Incidentes em aviões causam pânico e traumas em passageiros
Demência é um termo usado para uma série de condições neurológicas que causam a perda do funcionamento cognitivo, como pensamento, raciocínio e memória, o que geralmente leva a mudanças comportamentais e de personalidade. Reconhecer a doença precocemente é essencial para garantir que a pessoa afetada receba o apoio e os cuidados de que precisa.
Segundo a Sociedade de Alzheimer do Reino Unido, sete possíveis sintomas iniciais de demência incluem:
-Dificuldade em acompanhar uma conversa
-Dificuldade em se concentrar
-Perda de memória
-Perda auditiva
-Esquecimento
-Alterações de humor
-Dificuldade em se movimentar
Podem ser confundidos com questões da idade, mas são sinais de Alzheimer e demência:
-Má capacidade de julgamento e tomada de decisão
-Incapacidade de administrar um orçamento
-Perder a noção da data ou da estação
-Dificuldade em manter uma conversa
-Perder coisas e ser incapaz de refazer os passos para encontrá-las
Enquanto as mudanças relacionadas à idade podem incluir:
-Tomar uma decisão ruim ocasionalmente
-Perder um pagamento mensal
-Esquecer que dia é e lembrar depois
-Esquecer qual palavra usar
-Perder coisas de vez em quando. Fonte: https://oglobo.globo.com
Uma mulher é assassinada pelo parceiro ou por um parente a cada 10 minutos no mundo
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Segundo relatório da ONU, o lar é o local mais perigoso para as mulheres, já que 60% delas foram vítimas de parceiros ou outros membros da família
Imagem de campanha que incentiva mulheres vítimas de violência peçam ajuda por meio de um X vermelho desenhado na palma da mão; iniciativa foi criada em 2020 por AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e CNJ (Conselho Nacional de Justiça) - Divulgação
Viena (Áustria) | AFP
Ao menos 85 mil mulheres adultas e jovens foram assassinadas de forma intencional no mundo em 2023, segundo os números publicados nesta segunda-feira pela ONU, "um nível alarmante" de mortes que poderiam ter sido "evitadas".
"O lar continua sendo o lugar mais perigoso para as mulheres, 60% delas foram vítimas de seus cônjuges ou outros membros da família", afirma o relatório do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) e da ONU Mulheres. Este 25 de novembro é reconhecido pelas Nações Unidas como Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Os números significam 140 mortes por dia ou 1 a cada 10 minutos. Um fenômeno "que atravessa fronteiras e afeta todas as classes sociais e faixas etárias", com o Caribe, a América Central e a África como as regiões mais afetadas, à frente da Ásia.
Nas Américas e na Europa, os feminicídios são cometidos majoritariamente pelo parceiro, enquanto no resto do mundo outros membros da família são os mais envolvidos nos crimes.
Muitas vítimas relataram que sofreram violência física, sexual ou psicológica antes de morrer, segundo dados disponíveis em alguns países. "Isto sugere que muitas mortes poderiam ter sido evitadas", afirma o estudo, por exemplo, com "ordens judiciais".
Nas regiões onde é possível estabelecer uma tendência, a taxa de feminicídios estagnou ou diminuiu levemente desde 2010, o que demonstra que esta forma de violência "está enraizada nas práticas e normas" e é difícil de erradicar, aponta a ONUDC, que analisou os números de 107 países.
Apesar dos esforços em vários países, "os feminicídios permanecem em um nível alarmante", apontam os autores. "Mas não é inevitável", segundo a diretora da ONU Mulheres, Sima Bahous, citada em um comunicado, que pede aos países que reforcem a legislação e melhorem a coleta de dados. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Acidente com ônibus em Alagoas deixa pelo menos 17 mortos
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Acidente com ônibus em Alagoas deixa pelo menos 17 mortos
Vítimas ainda estão no local e não foram identificadas; boa parte delas são crianças de um projeto para ver o pôr do sol na Serra da Barriga, Zona da Mata Alagoana
Equipes resgatam feridos de ônibus que caiu na ribanceira em Alagoas — Foto: Governo de Alagoas
Por Aline Ribeiro
— São Paulo
Equipes resgatam feridos de ônibus que caiu na ribanceira em Alagoas — Foto: Governo de Alagoas
Um acidente com um ônibus escolar neste domingo (24) na Serra da Barriga, na cidade de União dos Palmares, na Zona da Mata Alagoana, deixou pelo menos 17 mortos. A informação inicial, passada pelo governo de Alagoas, era de que 23 pessoas tinham morrido. O número foi corrigido. Os corpos ainda estão no local e não foram identificados.
Outros 29 passageiros ficaram feridos. Alguns foram socorridos e encaminhados para o Hospital Regional da Mata, em União dos Palmares, e estão recebendo os primeiros atendimentos. Os mais graves foram levados de helicóptero à capital Maceió.
Segundo o governo do estado, boa parte das vítimas são crianças que participavam de um projeto para ver o pôr do sol na Serra. Os passageiros estavam a caminho do Quilombo dos Palmares.
A estrada está mais movimentada do que de costume em decorrência das atividades na região do mês da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.
O ônibus escolar era terceirizado e prestava serviço para a Prefeitura de União. A informação preliminar é de que o veículo capotou de ré por cerca de 400 metros e caiu na ribanceira. Muitos dos passageiros estavam sem cinto de segurança e foram arremessados.
O local do acidente é de difícil acesso, em meio a uma mata, e com pouca comunicação. O resgate é prejudicado ainda pela falta de luz. O governo disponibilizou 21 leitos de UTI Pediátrica e 3 de UTI para adultos, de acordo com recomendação da equipe médica.
O governador de Alagoas, Paulo Dantas, encaminhou equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o resgate, e fez um alerta geral para todos os hospitais da rede pública para receberem as vítimas dessa tragédia.
Em suas redes sociais, o governador lamentou o acidente e decretou luto de três dias. “Recebi com extrema tristeza a notícia da tragédia ocorrida em União dos Palmares, que tirou vidas e deixou muitas pessoas feridas. Neste momento de imensa dor, o Governo de Alagoas decreta luto oficial por três dias em respeito às vidas perdidas e manifesta total solidariedade às famílias e amigos das vítimas”.
As aulas da rede municipal e estadual serão suspensas amanhã em União dos Palmares. Fonte: https://oglobo.globo.com
Perigos da ‘inteligência’ artificial
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Computadores só fazem escolhas lógico-matemáticas. Somente seres humanos tomam decisões
Por Valdemar W. Setzer
Os leitores devem ter estranhado o emprego de inteligência entre aspas no título. Ocorre que a ciência não sabe o que é inteligência e como ela se processa: assim, a denominação “inteligência” artificial (IA) é errada. Um nome mais apropriado: “simulação digital de processos cognitivos”. IA será aqui empregada por ser popular. Esse erro no nome já representa um perigo, pois dá a impressão de que algo artificial pode ser como a nossa inteligência e, com isso, dar a impressão de sermos máquinas, o que pode trazer terríveis consequências (por exemplo, máquinas não têm empatia nem compaixão). Por outro lado, eleva os computadores a um nível indevido, achando-se que haverá máquinas com todas as capacidades humanas. Duas destas jamais estarão em máquinas: nossas sensações e sentimentos, pois são individuais e subjetivos, ao passo que computadores são objetivos e universais – com capacidade suficiente, qualquer um pode simular exatamente (“emular”) qualquer outro. Se uma pessoa come um caqui e tem a sensação do gosto dele, nenhuma outra pessoa pode ter a mesma sensação; se a pessoa gosta ou não gosta do caqui, esse sentimento também não pode ser sentido por outra pessoa.
Ultimamente, com o advento da IA generativa, os resultados da IA tornaram-se muito bons em termos linguísticos e imagéticos, tornando-se convincentes. Assim, pessoas não especializadas podem ser enganadas com resultados falsos ou viciados, um grande perigo de formar opiniões erradas ou tendenciosas. Qualquer usuário da internet já tem um perfil de seus dados armazenado em vários sistemas: duas pessoas fazendo a mesma pergunta para máquinas de busca ou para a IA generativa provavelmente terão respostas diferentes, baseadas em seus perfis. Com isso, resultados dessa IA podem ser personalizados, tornando-se ainda mais convincentes.
Um perigo muito grande é o fato de a IA generativa usar dados que foram fornecidos durante a fase de “treinamento” – novamente um nome errado, pois somente seres humanos e animais podem ser treinados. Nessa fase é dada ao sistema uma quantidade enorme de dados de entrada e os esperados de saída. Com isso, usando enormes capacidades computacionais e técnicas matemáticas complexas, são calculados muitos parâmetros (hoje em dia, milhões deles). Por exemplo, pode-se “treinar” um desses sistemas para distinguir fotos de cães e de gatos. Fornece-se como entrada milhares de fotos, cada uma com o resultado esperado, isto é, “cão” ou “gato”. Com isso, num processo de otimização (diminuição do erro), o sistema calcula milhares, milhões de parâmetros que processam uma nova foto de entrada, dando como resultado “cão” ou “gato”. (Dando-se uma foto de raposa ou lobo, certamente o resultado será “cão”, mostrando como o sistema é parcial e viciado.) “Treinando-se” o sistema com fotos de temas diferentes, ele poderá dar respostas a outros tópicos, cada um com um novo algoritmo. Portanto, os sistemas generativos representam uma revolução na computação: na programação tradicional de computadores, um programador sabia exatamente, matematicamente, o que cada comando de seu programa iria forçar a máquina a executar. Assim, o programa era teoricamente conhecido (mas, se tivesse erros de programação, os resultados poderiam ser imprevisíveis). A IA generativa é um sistema de gerar programas, produzindo-os com diferentes parâmetros para diferentes propósitos. O grande problema é que, como a quantidade de parâmetros calculados em cada caso é imensa, é impossível que eles sejam examinados e se compreenda como o programa funciona. Assim, os computadores adquiriram certa independência: eles mesmos geram seus programas, cujo funcionamento ninguém conhece, ninguém compreende. Temos então o maior perigo representado pela IA generativa.
Isso não é muito grave quando computadores controlam máquinas, como pilotos automáticos em aviões ou automóveis autônomos – a grande maioria dos acidentes é provocada por falhas humanas; se sistemas autônomos diminuírem muito esses desastres, deverão ser usados. A situação torna-se muito grave quando os resultados da IA são usados para substituir decisões humanas, que afetam outras pessoas ou a sociedade. Nesse caso, deveria haver leis que proibissem o uso de resultados da IA sem que seres humanos examinem esses resultados e aprovem os resultados. Em outras palavras, um resultado que influencia diretamente pessoas deveria ser usado exclusivamente como sugestão. Um exemplo disso é o diagnóstico médico. Aliás, aqui há um outro grande perigo: os médicos confiarem nesses diagnósticos e perderem a capacidade de fazer os seus. Computadores só fazem escolhas lógico-matemáticas. Somente seres humanos tomam decisões.
Finalmente, outro grande perigo é o congelamento da evolução cultural humana. Os dados usados pela IA para chegar aos seus resultados são sempre dados do passado. Obviamente computadores não têm a intuição humana, que pode e deve trazer inovações para o futuro, que não são simplesmente combinação de coisas passadas. Fonte: https://www.estadao.com.br
*É PROFESSOR APOSENTADO DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO DA USP. SITE: WWW.IME.USP.BR/~VWSETZER
Quilombola quer fazer o sertão virar um oásis em educação e inclusão.
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Alagoano Luiz César da Silva lidera a Visibilidade da Juventude Rural, um dos destaques da categoria Jovens Transformadores do Prêmio Empreendedor Social 2024
Luiz César da Silva é formado pela Ufal e tem projetos voltados para a educação, a inclusão e o combate à intolerância
Mata Grande (AL)
Na caatinga alagoana, região vizinha de Pernambuco, Bahia e Sergipe, a vida no alto sertão não é para os fracos. Às vésperas de completar 23 anos, em 16 de novembro, Luiz César da Silva sabe bem disso. Quando nasceu, o lugar onde mora com a família nem energia elétrica tinha. A água brotava numa mina distante de casa, na zona rural do município.
Sofreu (e ainda sofre) muito preconceito, mas expressa certo orgulho ao afirmar que nunca passou fome. O problema era na hora de ir estudar. Encarava o sol forte, o poeirão, a chuva e a lama na caminhada de 15 km de casa até a escola, no centro de Mata Grande, cidade no sertão alagoano, distante 270 km de Maceió.
Aos 12 anos, após estourar as tiras da sandália pelo trajeto, chegar atrasado, com os pés à mostra, e entrar na mira de chacotas de colegas, resolveu juntar uma turma e reivindicar seus direitos. Depois de horas de espera e muito diálogo, conseguiu fazer com que o poder público garantisse transporte escolar gratuito.
Negro e da roça, mira as comunidades rurais em seus projetos voltados para a educação, a inclusão e o combate à intolerância no município de 22 mil habitantes, como quase 60% deles vivendo na zona rural.
Professor de geografia formado pela Universidade Federal de Alagoas, vive no sítio Pedra Miúda, no Saco do Jacu. É ali no roçado que pretende continuar atuando em defesa da presença do jovem no campo, sem abrir mão de uma formação educacional sólida.
"Costumo dizer que nasci avexado. É como a gente fala no Nordeste quando alguém é agitado, impaciente. Tenho pressa de transformar o mundo em um lugar melhor.
Venho de uma comunidade quilombola, rural, sou um sertanejo que sonha em construir uma sociedade na qual racismo, preconceito e homofobia não sigam sendo tão tóxicos como nos dias de hoje, ainda mais numa cidade pequena, onde o patriarcado e o machismo são pujantes.
Aqui, o amor deve ser fingido, a violência contra mulheres, ignorada. Por isso, acredito que nasci, sim, apressado. Tenho pressa por mudanças.
Essa minha vontade de transformar o mundo despertou quando tinha 12 anos. É difícil ver um primo ou amigo querer comer e não ter condições. Passei por inúmeras necessidades, mas nunca pela fome.
Imagine uma criança de dez anos deixar de ir à escola porque precisa trabalhar. Nessa zona, temos um lema que diz: ‘Ou come ou estuda’. É um cenário persistente na caatinga, apesar de as pessoas saberem que a única chance de mudar a vida é pela educação.
Eu me agarrei logo a ela como instrumento de transformação. Não queria que o meu futuro fosse semelhante ao de meus pais, que não terminaram nem o ensino fundamental.
O que me impulsionou foi a negação do transporte escolar, um direito nosso, mas que estava sendo violado pelas autoridades locais. A educação ajudou a me aceitar, me trouxe consciência, me fez enxergar as pessoas marginalizadas e me fortaleceu a seguir lutando para garantir nossos direitos.
“Dói em mim saber que existe muito jovem a ser alcançado em outras comunidades rurais do alto sertão alagoano. E me frustra ver amigo, parente deixar o campo”. Luiz César da Silva, Professor e jovem empreendedor social
As crianças tinham que caminhar até a escola na cidade. Em dias de sol quente, chuva, lama, muitas delas chegavam descalças, porque a sandália arrebentava no trajeto, e elas viravam chacota, sofriam bullying.
Juntei parentes e amigos e fomos à Secretaria de Educação. Nos trataram como invisíveis. Esperamos por cinco horas. Voltei para casa me sentindo derrotado. Chorei e pensei em desistir.
Comecei a entender sobre direitos com a ONG Visão Mundial, que atua em Canapi, cidade vizinha. Fiz cursos de capacitação, estudei nossos direitos. Estava pronto para ir novamente reivindicá-los.
Nos trataram com desdém. Só que, daquela vez, não aceitei. Juntei uns 30 jovens. A gente sabia que eles estavam nos tirando um direito constitucional, garantido pelo ECA. Com diálogo e informação, a gente conseguiu finalmente o transporte escolar.
Cidade pequena é cheia de desafios, desde violência contra gays e mulheres e destruição de áreas verdes a fuga de jovens para os grandes centros. Percebi, entretanto, que era possível transformar o nosso entorno.
Hoje, focamos na infância. Nas seis escolas em que trabalho, promovemos ações lúdicas com pegada educacional. Nosso objetivo é atuar em colégios dos povoados, com palestras, rodas de conversa e debates.
Envolvemos estudantes, professores, vereadores, secretários, conselho tutelar e policiais. Atualmente, 100% dos parceiros são públicos. É importante que os alunos aprendam a questionar e apresentem suas propostas para que as autoridades possam executá-las.
Há dois anos, comecei a trabalhar na prefeitura. Lá, tenho vínculo de apoio e consigo mobilizar os responsáveis. Queremos que o jovem do campo tenha uma formação. Portanto, precisamos criar oportunidades de estudo para que ele não abandone a terra.
Trabalhamos para certificar comunidades quilombolas, com iniciativas que gerem renda. Às mães jovens solo, por exemplo, oferecemos incentivo de R$ 4.000 para que elas invistam no campo.
Costumo dizer que o caminho que venho trilhando teve derrota e sofrimento. Houve momento em que pensei em fazer como tantos jovens daqui: abandonam tudo e vão para São Paulo trabalhar como segurança.
Agora, me vejo como uma liderança pela transformação social e pela visibilidade dos jovens. Existem muitos deles a serem alcançados em outras comunidades rurais.
O que me frustra é saber que amigos, parentes, vizinhos estão deixando o campo. Quando me vejo assim, o menino avexado renasce mais aperreado. Busco resistência no amor, no acolhimento e no respeito da minha família. Sou apenas um rapaz cheio de esperança, movido pela empatia.". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pais de menino de 5 anos baleado e morto em Japeri passam mal no enterro e são socorridos por Samu.
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Carlos Eduardo Cabral de Moura foi sepultado na tarde deste sábado no cemitério municipal da cidade
Carlos Eduardo Cabral de Moura foi sepultado neste sábado no cemitério municipal de Japeri — Foto: Rafael Timileyi
— Rio de Janeiro
O corpo de Carlos Eduardo Cabral de Moura, de 5 anos, foi sepultado na tarde deste sábado, no cemitério municipal de Japeri, Baixada Fluminense, em meio a forte comoção. O menino morreu após ser atingido por um tiro enquanto caminhava com sua mãe na manhã de sexta-feira (1º) no bairro Nova Belém, onde moravam. Familiares e amigos se despediram da criança, e seus pais, visivelmente abalados, precisaram ser amparados e atendidos em uma ambulância do Samu. O caixão foi carregado por bombeiros militares, que também levaram coroas de flores. Cerca de 50 pessoas acompanharam o cortejo.
O bispo e bombeiro Luiz Xavier, líder da igreja frequentada pela família em Japeri, prestou as condolências militares e ressaltou os sonhos interrompidos do menino. "Momento muito difícil, mas precisamos manter a esperança. Ele era uma criança especial, alegre, inteligente e cheia de vida", disse o religioso.
O avô de Carlos Eduardo, visivelmente emocionado, lamentou a perda: "Meu netinho se foi. Quinta-feira estava brincando com ele. Japeri já foi diferente".
De acordo com a Polícia Militar, agentes da Operação Segurança Presente patrulhavam a Estrada Miguel Pereira quando foram alvos de disparos vindos da comunidade Lagoa do Sapo. O menino foi atingido enquanto estava próximo ao local. Ele chegou a ser levado ao Hospital Municipal de Japeri, onde, em estado grave e com parada cardiorrespiratória, foi submetido a manobras de ressuscitação por 40 minutos, mas o óbito foi confirmado às 11h20.
Carlos Eduardo havia começado a estudar na Escola Municipal Darcílio Ayres Raunheitti, mas não chegou a frequentar a aula naquele dia.
Em entrevista ao RJTV, Kleiton Moura, pai do menino, questionou a violência que levou à morte de seu filho.
"Eu estava trabalhando para dar o melhor para minha família, e recebi a notícia de que meu filho havia sido baleado. O que ele fez para levar um tiro? Ele só tinha 5 anos. Até onde vamos chegar com essa guerra nas ruas?", desabafou.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Em nota, a Polícia Civil informou que "investiga a morte de Carlos Eduardo Cabral de Moura e agentes realizam diligências para apurar a autoria do crime". Fonte: https://oglobo.globo.com
Dignidade
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A informação precisa sobre o suicídio assistido convida a sociedade a refletir – e essa reflexão interessa ao aperfeiçoamento do Estado de Democrático de Direito
Por Eugênio Bucci
Jornalista e professor da ECA-USP, Eugênio Bucci escreve quinzenalmente na seção Espaço Aberto
“A morte também tem arte.” Esse verso de Antonio Cicero fecha o poema La Capricciosa, que faz parte do livro Porventura (Ed. Record, 2012). Quando termina, a gente tem vontade de ler uma segunda vez. E, então, lê uma terceira. Não basta.
E não importa. O soneto em redondilhas maiores, sem rimas, não quer nos agarrar pelos cabelos, apenas quer ser sentido e guardado. Sem alarde. Tudo que o verso almeja, e tem, é altivez estética – e, nisso, reflete a elegância límpida que marcou a biografia de seu autor.
O poeta, que era também filósofo, evidentemente, cerrou os olhos pela última vez na semana passada, no dia 23 de outubro. Viajou para Zurique, na Suíça, e lá se submeteu ao suicídio assistido – um procedimento legal naquele país. Tinha 79 anos e sofria do mal de Alzheimer. Na carta que deixou aos amigos, definiu como “insuportável” seu estado de saúde. Decidiu partir enquanto ainda conservava algum domínio sobre a existência que se desprendia de sua consciência em ocaso. Escolheu morrer como viveu: “com dignidade”, nas suas palavras exatas.
O jornalismo costuma tratar o suicídio com parcimônia, seguindo o protocolo publicado no ano 2000 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Glorificações devem ser evitadas, assim como deslizes ou excessos sensacionalistas. A OMS recomenda que as mensagens deixadas pelos suicidas não sejam divulgadas. Se não houver como evitar a notícia, os órgãos de imprensa devem fornecer “informações sobre números de telefones e endereços de grupos de apoio e serviços onde se possa obter ajuda”.
Todos esses cuidados primam pela correção. Se convertidas em espetáculos chamativos, as mortes voluntárias poderiam promover um efeito de contágio que vitimaria sobretudo os que enfrentam crises pessoais agudas e têm a saúde mental fragilizada. Não há como discordar. Não consta que algum jornalista tenha reclamado de censura quando seus veículos se esforçam para não dar destaque aos detalhes das histórias dos que se matam. Temos aqui uma das únicas situações em que o silêncio jornalístico encerra uma virtude.
No passamento de Antonio Cicero, porém, a carta de despedida foi publicada em toda parte e a cobertura foi além dos padrões de discrição. Não enveredou por tons apelativos, não romanceou nem glamorizou os fatos, mas não se limitou às balizas estabelecidas. Quando o cineasta Jean-Luc Godard morreu por meio de expedientes semelhantes, em 2022, a postura jornalística seguiu a mesma direção.
O que explica a atitude espontânea das redações profissionais, aparentemente contrária a regras tão sensatas? A resposta é simples. O suicídio assistido e a eutanásia não são a mesma coisa que um suicídio comum: são recursos legítimos, cercados de todos os cuidados médicos, que são oferecidos como um direito a pacientes que padecem de uma enfermidade terminal ou incurável e que estão prestes a perder os últimos resquícios de autonomia física e moral. O problema é que quase nenhum país reconhece esse direito. Por quê? Essa pergunta é do mais alto interesse público – ela explica e justifica a extensa cobertura jornalística.
O jornalista Hélio Schwartsman, da Folha de S. Paulo, em sua coluna de quinta-feira passada, argumentou com propriedade: “Diante de quadros irreversíveis de sofrimento, como era o de Cicero, cabe ao Estado liberal assegurar que cidadãos tenham (...) a liberdade de antecipar a própria morte”. Godard ou Cicero não enfrentavam atribulações passíveis de superação, eles se encontravam nos estertores da sanidade, sem nenhuma perspectiva de melhora.
Em suma, noticiar o que se passou com os dois artistas e pensadores não tem nada a ver com explorar sentimentalmente um doloroso drama pessoal. A informação precisa, nesses casos, convida a sociedade a refletir – e essa reflexão interessa ao aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito. Seguir interditando o debate apenas prolonga o sofrimento de quem precisa, racionalmente, seguir essa escolha, além de tornar mais torturante a angústia de seus amigos e familiares.
Antonio Cicero, que morava no Rio de Janeiro, deu seu último suspiro em Zurique. Seus entes queridos compreenderam e acolheram o gesto. Com dignidade, como ele queria. E o que dizer de quem não tem dinheiro para cruzar o Atlântico e pagar pelos serviços? Com que dignidade poderá fazer a escolha derradeira? A busca das melhores respostas é tarefa de todas as pessoas que acreditam em solidariedade.
Por sinal, ou por acaso, está em cartaz o novo filme de Pedro Almodóvar, O Quarto ao Lado, ganhador do grande prêmio do Festival de Veneza, que trata magistralmente desse mesmo tabu. A obra mostra a dor de quem morre e, acima disso, expõe a provação daqueles que, além de fazer companhia a quem morre, precisam se esmerar em mentir para a polícia.
O recado calmo de Almodóvar também não nos quer agarrar pelos cabelos, apenas pretende nos lançar um convite ao pensamento. Que o filme nos ajude a espantar a insensibilidade. Que a filosofia nos desconcerte. Há arte na morte, porque precisa haver dignidade. Fonte: https://www.estadao.com.br
*JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP
Não cabe às redes sociais dizer o que é ilícito no País
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A remoção de conteúdos sem análise judicial criteriosa pode silenciar discursos legítimos e prejudicar o debate público
Por Jamil Assis
O julgamento do artigo 19 do Marco Civil da Internet pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pode definir os limites da responsabilidade das plataformas digitais no Brasil. Atualmente, as plataformas só são responsabilizadas por conteúdos de terceiros após decisão judicial, o que protege contra a censura privada. Contudo, com a crescente pressão de setores da sociedade e do governo, discute-se a possibilidade de responsabilizar as plataformas com base em notificações extrajudiciais ou até exigir o monitoramento ativo das redes.
O artigo 19 busca equilibrar a liberdade de expressão e a responsabilidade das plataformas, garantindo um espaço plural na internet. No entanto, a demora no combate a discursos de ódio, fake news e fraudes tem gerado pressões por mudanças. Em casos claros, como exploração infantil ou terrorismo, a ilegalidade é evidente e uma atuação mais proativa das plataformas faz sentido. No entanto, em temas mais sensíveis, como discursos políticos, relações de consumo ou crimes contra a honra, a fronteira entre o legal e o ilícito se torna mais nebulosa. A remoção de conteúdos sem uma análise judicial criteriosa pode silenciar discursos legítimos e prejudicar o debate público.
Um exemplo relevante envolve postagens críticas a figuras públicas ou instituições. Imagine que uma plataforma, temendo responsabilização, remova uma postagem que acusa um ministro de corrupção. Mesmo com evidências ou no exercício do direito de crítica, essa remoção poderia ocorrer sem análise judicial, silenciando um debate essencial para a democracia.
Juristas como Ronaldo Lemos e Lenio Streck já alertaram para o risco de as plataformas adotarem censura preventiva para evitar sanções, removendo conteúdos antes de qualquer avaliação judicial. Quando grandes empresas decidem o que pode ou não ser dito, há o risco de que essas decisões sejam pautadas mais por interesses econômicos do que pela defesa de valores democráticos.
O direito à liberdade de expressão não se destina a proteger discursos já aceitos e predominantes. Sua verdadeira missão é garantir espaço para aquelas manifestações que erguem as sobrancelhas dos poderosos, sejam políticos ou executivos das próprias plataformas. Sem a mediação do Judiciário, as redes sociais assumiriam o papel de árbitros do que pode ou não permanecer online, colocando em risco a diversidade de opiniões e silenciando vozes dissidentes.
O STF deve agir com cautela ao decidir o futuro do artigo 19. Monitoramento ativo e responsabilização após simples notificação podem parecer soluções rápidas, mas o custo pode ser alto demais para a democracia brasileira. Embora a remoção rápida de conteúdos nocivos seja importante, isso não deve ocorrer à custa de garantias fundamentais como a liberdade de expressão e o direito à informação. Delegar às plataformas a análise do que é ilícito pode parecer eficiente, mas oculta o risco de terceirizar para advogados cautelosos a defesa da pluralidade e do debate livre.
Além disso, há também a discussão de que um conteúdo só seria removido sem ordem judicial se “manifestadamente ilícito”. Esse ponto levanta outra discussão sobre o significado desse termo. Por sua abrangência, muitas opiniões legítimas podem ser removidas do debate público, afetando diretamente a liberdade de expressão e o direto à informação dos cidadãos. Regras que dependem de interpretações subjetivas são prato cheio para arbitrariedades e decisões inconsistentes.
Um exemplo dessa complexidade é o discurso sobre imigração nos Estados Unidos e na Europa. Para alguns, associar imigração a aumento de criminalidade ou ao colapso de serviços públicos é visto como discurso de ódio. Outros, no entanto, consideram que essas críticas fazem parte de um debate legítimo sobre políticas públicas. Remover esse tipo de conteúdo pode ser entendido como uma tentativa de suprimir discussões importantes, silenciando vozes legítimas.
Lidar com os desafios da internet e da tecnologia na democracia contemporânea é uma tarefa complexa, especialmente ao equilibrar o enfrentamento da desinformação e o direito à liberdade de expressão e à informação. No entanto, a liberdade de expressão é um dos pilares de uma democracia saudável. Sem ela, não é possível que a verdade apareça, já que o debate público e o confronto de ideias dependem de um ambiente em que todas as vozes possam ser ouvidas.
É preciso que haja a defesa de uma abordagem que preserve a liberdade de expressão, assegurando que a moderação de conteúdos ocorra de maneira justa, transparente e sujeita ao controle judicial e social, evitando excessos e garantindo um ambiente democrático e plural. O verdadeiro problema talvez esteja na incapacidade das instituições judiciais de responder com a rapidez exigida pelo mundo digital. Mas para isso existem outras soluções menos arriscadas. Por exemplo, até hoje não temos visto juizados especializados para causas digitais. Isso sem contar com as potenciais inovações que os empreendedores brasileiros e sua criatividade certamente são capazes de gerar.
*DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DO INSTITUTO SIVIS
Tráfico evangélico repete lógica arcaica da guerra de divindades
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Teóloga mostra como controle de favelas espelha israelitas e pagãos convertidos
Repórter de ciência e colunista da Folha. Autor de "Homo Ferox" e "Darwin sem Frescura", entre outros livros
A associação entre a expansão das igrejas evangélicas e a atuação de algumas facções criminosas no Rio de Janeiro decerto parece contraintuitiva para muita gente. Uma das explicações mais interessantes do fenômeno está no livro "Traficantes Evangélicos" (editora Thomas Nelson Brasil), que tive a oportunidade de ler em preparação para uma mesa-redonda na Bienal de São Paulo. O que mais me impressionou no livro da teóloga e historiadora Viviane Costa é como esse processo basicamente repete a lógica histórica que vemos no início da Idade do Ferro do Oriente Médio (há cerca de 3.000 anos) ou no mundo pós-romano na Europa há 1.500 anos: a adoção de novos deuses como estandartes de batalha.
É lógico que estou simplificando um bocado a discussão do livro da pesquisadora (cuja leitura, aliás, recomendo vivamente). Mas, em linhas gerais, Costa documenta bastante bem a transição religiosa que acontece em diferentes comunidades pobres do Rio sob influência do crime organizado e do tráfico.
Até mais ou menos o fim dos anos 1990, havia um predomínio, nessas favelas, de uma lógica sincrética do catolicismo e das religiões afrobrasileiras em que imagens de são Jorge (talvez ainda o santo católico mais popular do Rio) e/ou sua contraparte no candomblé, Ogum, bem como terreiros ou centros de umbanda associados a esse culto, eram vistos como forças sobrenaturais protetoras da comunidade (e também da chefia do crime organizado).
A expansão evangélica, inclusive entre membros do tráfico (processo que tem seu auge, por ora, na formação do chamado "complexo de Israel"), tem levado a uma substituição religiosa em que esses símbolos anteriores de poderio espiritual são destronados por uma linguagem e uma simbologia agressivamente purista e "cristã". E há, é claro, uma associação desse novo poderio bélico com o Deus de Israel do Antigo Testamento.
Por um lado, é como se os vitoriosos nesse confronto se enxergassem como sucessores de deuses israelitas guerreiros como David. E a própria vitória em combate é vista como um sinal da benção divina: Deus se mostra poderoso por ser um deus da guerra. No fundo, trata-se também da mesma lógica que levou o imperador romano Constantino ou chefes pagãos como Clóvis, rei dos francos, no mundo pós-romano, a justificarem sua adoção do culto ao Deus cristão.
E, coincidência ou não, tanto nos casos antigos e medievais quanto nos modernos, é um processo que acontece principalmente na tentativa de legitimação de poder num cenário em que o poder do Estado não vale mais ou aonde ele nunca chegou. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
*30º- DOMINGO DO TEMPO COMUM- O Cego
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Tema do 30.º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 30.º Domingo do Tempo Comum exorta-nos a viver com esperança. A nossa vida não tem de ser uma experiência sombria, sem horizontes e sem perspetivas; Deus dispõe-se, a cada passo, a libertar-nos da escuridão e a conduzir-nos em direção a uma vida livre e plenamente realizada. Basta que, da nossa parte, haja disponibilidade para aceitarmos os desafios e indicações de Deus.
A primeira leitura é um convite à alegria. Para o Povo que caminha pelos vales sombrias da vida e da história, Deus é um Pai que acompanha, que ampara e que cuida. Ele não deixará ninguém para trás, nem sequer os mais débeis – o cego, o coxo, a mulher grávida e a que tem dificuldade em manter o ritmo da caminhada pois transporta o seu bebé nos braços. Guiados pelo amor paternal e maternal de Deus, todos chegarão à terra sonhada, à meta da Vida verdadeira.
Na segunda leitura um catequista cristão – o autor da Carta aos Hebreus – apresenta-nos Jesus como um sumo-sacerdote que compreende as nossas fraquezas e que nos leva até Deus. Podemos confiar n’Ele e segui-l’O sem hesitações. Ninguém encontra a Vida verdadeira sem caminhar com Jesus, sem escutar as suas indicações, sem viver ao seu estilo. É uma mensagem destinado a acordar crentes adormecidos, conformados com uma fé morna, sem exigência e sem compromisso.
O Evangelho, através da história do cego Bartimeu, propõe-nos uma parábola sobre a passagem da escuridão para a luz, da vida velha para a vida nova. O encontro com Jesus é sempre uma oportunidade para abraçar uma existência com horizontes mais amplos, uma vida plena de luz e de sentido. Bartimeu, o homem que encontrou Jesus à saída de Jericó e O seguiu no “caminho” de Jerusalém, é o modelo de todos os discípulos.
EVANGELHO – Marcos 10,46-52
A situação inicial do cego Bartimeu – encerrado numa escuridão paralisante, acomodado à sua vida de hábitos e comportamentos velhos, aos seus medos, às suas hesitações, à sua vergonha – evoca um quadro que talvez não nos seja estranho… É a condição do homem que não consegue levantar os olhos do chão, que vive a prazo, que navega sempre à vista de terra, que se conforma com horizontes limitados e é incapaz de olhar para mais longe e mais alto; é a situação do homem prisioneiro do egoísmo, do orgulho, da ambição, dos bens materiais, da preguiça, que vive preso a preocupações rasteiras e materiais; é a realidade do homem refém dos seus vícios, hábitos e paixões, que “deixa correr” as coisas porque não se sente com capacidade para romper, com as suas frágeis forças, as cadeias que o impedem de construir uma vida mais digna e mais ditosa. A Palavra de Deus que escutamos neste domingo garante-nos que a vida não tem de ser vivida desta forma. Estamos conscientes disso? Estamos dispostos a vencer a tentação do imobilismo, da acomodação, do facilitismo, das apostas fáceis em “conquistas” que nunca saciam a nossa fome de vida eterna?
Para o cego Bartimeu, o momento decisivo para a transformação da sua vida foi o encontro com Jesus. Bartimeu sentiu, nesse instante, que Jesus lhe oferecia perspetivas novas de vida e de realização; percebeu que Jesus lhe trazia uma proposta irrecusável e que não podia deixar escapar a oportunidade que lhe era oferecida. Em Jesus, Bartimeu viu a oportunidade de deixar a escuridão e de nascer para a luz. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, é sempre desafiante e transformador. Ora, esse mesmo Jesus que Se cruzou com o cego Bartimeu à saída de Jericó continua a cruzar-Se hoje, de forma continuada, com cada homem e com cada mulher nos caminhos da vida e a oferecer-lhes, sem cessar, a possibilidade de agarrarem uma vida nova, uma vida cheia de sentido, uma vida plenamente realizada… E isto diz-nos respeito: a salvação que Jesus oferece também é para nós. Ousaremos sair do nosso egoísmo, da nossa indiferença, da nossa autossuficiência para escutar e abraçar a proposta de Jesus?
Bartimeu confiou e colocou toda a sua vida nas mãos de Jesus. Atirou fora, sem hesitação, a vida que conhecia até aí, deu um salto qualitativo que alterou os seus horizontes e partiu para a aventura de seguir Jesus. Bartimeu apostou tudo em Jesus; e, ao fazer essa opção, deixou de estar sentado “à beira do caminho” para “ir com Jesus no caminho” ou para “fazer caminho com Jesus”. Jesus passou a ser a sua referência, o seu “mestre”, o seu “guia”, o seu “Senhor”. E nós? Quem é a nossa referência no caminho da fé? Vivemos a fé como seguimento incondicional de Jesus, ou como o simples cumprimento de rituais que herdamos dos nossos antepassados e que vivemos de forma desleixada, morna e pouco comprometida? Sentimo-nos discípulos decididos, que não querem perder Jesus de vista porque sabem que Ele é Caminho, Verdade e Vida?
Na história do encontro de Bartimeu com Jesus, aparecem diversos figurantes, com papéis vários. Uns são obstáculo ao encontro entre Bartimeu e Jesus (“muitos repreendiam-no para que se calasse”); mas outros apresentam-se como intermediários entre Jesus e Bartimeu e transmitem ao cego o “chamamento” de Jesus (“coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te”). Este facto serve para nos tornar conscientes do papel daqueles que nos rodeiam no nosso caminho da fé. Ao longo da nossa caminhada, encontraremos pessoas que nos levam até Jesus e que nos ajudam a tornarmo-nos discípulos; mas encontraremos também pessoas que, muitas vezes com ótimas intenções, tentam impedir-nos de nos comprometermos com Jesus e com o Reino de Deus. Assim, neste processo de aproximação a Jesus, temos de tentar perceber, com sentido crítico, a quem dar ouvidos, que indicações e conselhos devemos acolher ou rejeitar… Entre as pessoas que encontramos no nosso caminho, quem é que nos pode ajudar, genuinamente, a chegar a Jesus e a estabelecer contacto com Ele?
As pessoas que encorajam Bartimeu a aproximar-se de Jesus representam aqueles homens e mulheres genuinamente preocupados com o sofrimento dos seus irmãos, que não conseguem ficar indiferentes ao apelo de quem procura a luz, que têm um coração capaz de se compadecer com as lágrimas e as dores dos que vivem em dificuldade. Esses são, no meio do mundo, sinais vivos da misericórdia, da ternura e do amor de Deus; esses são filhos verdadeiros de um Deus que ama. Como nos posicionamos diante dos gritos dos nossos irmãos que sofrem? Preocupamo-nos em cuidar das feridas dos homens e mulheres que encontramos caídos nas estradas da vida e procuramos levá-los a Jesus a fim de que Ele os cure?
Quando alguém abandona a vida velha e decide tornar-se discípulo de Jesus, não tem todos os problemas resolvidos. Enfrenta desafios novos, fica fora da sua zona de conforto e tem de se adaptar a novas realidades, perde a segurança que os velhos hábitos davam, tem de enfrentar as críticas e as incompreensões de quem não compreende a sua opção… Aquele caminho de Jerusalém para o qual Jesus convoca os discípulos, é um caminho que passa pela cruz e pelo dom de si próprio. Não esqueçamos, no entanto, que esse caminho conduz à Vida nova, à ressurreição, à Vida definitiva. Jesus não arrasta os seus discípulos para um beco sem saída, mas leva-os ao encontro da Vida verdadeira, segundo o projeto do Pai. Quando avaliamos tudo isto, sentimo-nos com coragem para escolher Jesus e para O seguir? Estamos seguros de que vale a pena seguir Jesus, apesar de todas as dificuldades que teremos de enfrentar?.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado o link- EVANGELHO DO DIA.
VÍDEO mostra luta de palestinos para comprar pão na Faixa de Gaza: 'Se não morrermos pela guerra, morreremos de fome'
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Cena caótica foi registrada em frente a padaria na cidade Deir al-Balah, no centro do território, nesta quinta-feira (24). Um dia antes, o mesmo cenário ocorreu em Khan Yunis, no sul, com crianças chorando por causa da fome.
Homens se espremem em frente a padaria em Deir Al-Balah, na Faixa de Gaza — Foto: REUTERS/Ramadan Abed
Por g1
Palestinos sofrem para conseguir comprar pão em várias regiões da Faixa de Gaza
Cenas caóticas vem sendo registradas em frente a padarias na Faixa de Gaza. Nesta quinta-feira (24), um fotógrafo da agência de notícias Reuters flagrou o momento em que homens e mulheres se espremiam em Deir Al-Balah, na região central do território, na tentativa de garantir pão para si e suas famílias.
Khalil Al-Shannar, que fugiu de Jabalia, onde Israel faz uma ofensiva intensa nas últimas semanas, era um deles e contou que estava esperando desde o início da manhã para conseguir um pouco de pão:
“Eu tenho 14 pessoas na minha família - 14 pessoas! -, e até agora não consegui nada. E qual é a razão? A razão é a falta de farinha, a falta de fornecimento de farinha para a Faixa de Gaza. Se não morrermos pela guerra, morreremos de fome”, lamentou.
Conseguir comida suficiente para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza, quase todos deslocados, tem sido uma das questões mais difíceis da guerra. As agências de ajuda humanitária vem, constantemente, renovando seus avisos sobre o aumento da desnutrição e o perigo de fome.
Um dia antes, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, cenas similares foram registradas. Crianças que também estavam na fila foram fotografadas chorando de fome, próximas à janela por onde os pães eram entregues.
Ataque de Israel a escola em campo de refugiados em Gaza deixa 16 mortos
Pelo menos 17 palestinos foram mortos - sendo 9 crianças - e 42 ficaram feridos em um ataque israelense a uma escola no campo de Nuseirat, em Gaza , nesta quinta-feira (24), informou o hospital Al-Awda.
Imagens feitas após o bombardeio mostram a destruição do local, que abrigava deslocados pela guerra, e a correria para levar os feridos ao hospital.
O Exército israelense confirmou o ataque, no entanto disse que o local era um centro de comando e controle do Hamas que, anteriormente, era usado como escola e que seus militares tomaram inúmeras medidas para mitigar o risco de ferir civis.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo extremista palestino, o número de mortos em Gaza já chega a quase 43 mil.
A Defesa Civil da Faixa de Gaza afirmou, nesta quinta, que pelo menos 770 pessoas morreram no norte do território palestino desde o dia 6 de outubro.
"Há mais de 770 mortos desde o início da operação militar e ainda há mortos sob os escombros e nas ruas", disse à AFP o porta-voz da organização, Mahmud Basal.
Nesta quinta, na cúpula do Brics, na Rússia, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres fez um apelo pelo cessar-fogo na região: "Precisamos de paz em todos os níveis".
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta quinta, após negociações no Catar, que prevê que os negociadores se reunirão novamente nos próximos dias para discutir um acordo para encerrar a guerra de Israel em Gaza, e anunciou ajuda financeira.
"Hoje, anunciamos US$ 135 milhões adicionais em ajuda humanitária, água, saneamento e saúde interna para os palestinos em Gaza e na Cisjordânia", disse Blinken, lembrando que o governo americano já ajudou com US$ 1,2 bilhão desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
ONU vem denunciando condições em Gaza
O chefe da agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, usou a rede social X para acusar Israel de estar impedindo que missões humanitárias cheguem às áreas no norte da Faixa de Gaza com suprimentos essenciais, incluindo remédios e alimentos, nesta segunda-feira (21).
Philippe Lazzarini também afirmou que hospitais foram atingidos por ataques e estão sem energia, deixando pacientes sem cuidados, e que os abrigos estão tão lotados que alguns deslocados são obrigados a viver nos banheiros desses locais.
"De acordo com relatos, pessoas que tentam fugir estão sendo mortas, seus corpos deixados na rua. Missões para resgatar pessoas sob os escombros também estão sendo negadas. (...) Negar e armar assistência humanitária para atingir propósitos militares é um sinal de quão baixa é a bússola moral", postou o chefe da UNRWA, pedindo um acordo de cessar-fogo.
Os relatos também foram feitos por moradores e médicos de Gaza para a agência de notícias Reuters. Segundo eles, hospitais e abrigos estão sitiados nesta segunda devido à intensificação das operações israelenses.
ONGs que atuam em Gaza e a população local vêm acusando Israel de estar atacando o campo de refugiados de Jabalia para "limpar" o território e criar uma zona tampão no norte de Gaza. Israel nega. Fonte: https://g1.globo.com
Passageiro de ônibus é baleado na cabeça e av. Brasil é fechada em operação da PM no Rio
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Ação contra roubo de veículos no Complexo de Israel ainda interrompeu circulação de trens e linhas de ônibus na zona norte
Tiroteio fecha avenida Brasil e pessoas se protegem em mureta - Reprodução/@ramonlage no Twitter
Rio de Janeiro
O passageiro de um ônibus foi baleado na cabeça e outros dois ficaram feridos durante tiroteio em operação da Polícia Militar no Complexo de Israel, zona norte do Rio de Janeiro. A ação bloqueou a avenida Brasil e impactou a circulação de trens na manhã desta quinta-feira (24).
A ação da PM é contra roubos de veículos e cargas nas comunidades Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, onde criminosos incendiaram barricadas.
Segundo o Ministério da Saúde, o homem atingido na cabeça está em estado grave e passa por cirurgia no Hospital Geral de Bonsucesso. Outros dois passageiros foram socorridos para a mesma unidade e encontram-se estáveis.
Devido ao confronto, por volta das 7h, a avenida Brasil foi bloqueada no sentido zona oeste, a partir do BRT Cidade Alta, e no sentido Centro, na altura do viaduto de Vigário Geral.
Imagens nas redes sociais mostram o congestionamento na via e pessoas fora dos carros, abrigadas atrás de muretas para se proteger dos disparos. Em um vídeo, passageiros aparecem abaixados dentro de um ônibus.
Segundo o Rio Ônibus, mais de 20 linhas foram impactadas com o fechamento da Avenida Brasil. "Mais um dia em que o direito de ir e vir dos cariocas é comprometido pela falta de segurança pública. Apelamos às autoridades para que tomem as devidas providências e garantam o direito básico de deslocamento", disse o sindicato, em nota.
Além disso, o confronto nas proximidades da estação de trem de Cordovil afetou o ramal Saracuruna, que passou a operar apenas entre Central do Brasi/Penha e Duque de Caxias/Saracuruna, com intervalos de 30 minutos.
As estações Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas e Vigário Geral foram fechadas, conforme a SuperVia, por medida de segurança para passageiros e funcionários.
A Secretaria de Estado de Educação informou que uma escola estadual foi fechada na região. Já a Secretaria Municipal de Educação relatou que 16 escolas municipais foram impactadas, sendo oito na Cidade Alta, cinco em Vigário Geral e Parada de Lucas, e três nas comunidades Cinco Bocas e Pica-Pau.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que o CMS (Centro Municipal de Saúde) Iraci Lopes e a Clínica da Família Heitor dos Prazeres ativaram o protocolo de segurança e suspenderam o atendimento. O CMS José Breves dos Santos atrasou a abertura e avalia a possibilidade de funcionamento. Segundo a secretaria, em 2024, até o momento, a violência gerou 900 registros de fechamentos temporários de unidades de saúde. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Atleta que não viajou com equipe de remo quer rever único sobrevivente 'para abraçá-lo'
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Lucas Brum ficou em Pelotas e deseja encontrar com João Milgarejo, que já recebeu alta, para 'lamentar os amigos que perdemos'; noves pessoas morreram no acidente na BR-376
Lucas (no canto inferior esquerdo) ficou em Pelotas para treinar a equipe infantil — Foto: Reprodução/Instagram
Por O Globo — Rio de Janeiro
Único atleta que não viajou com a equipe de remo, vítima do acidente que resultou em nove mortes na BR-376 na noite deste domingo, Lucas Brum da Rosa, de 16 anos, disse que "não consegue acreditar" que nunca mais verá seus colegas. O estudante, morador de Pelotas (RS), fazia parte do projeto Remar para o Futuro há cerca de dois anos e não participou da viagem por falta de vaga na van, ficando na cidade para treinar a equipe infantil.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, na segunda-feira, Lucas contou estar ansioso para reencontrar o colega João Pedro Milgarejo, de 17 anos, único atleta sobrevivente.
"João é um grande amigo meu. Ele sempre foi muito focado e queria conquistar o melhor lugar nas competições. Fico muito feliz que ele tenha sobrevivido ao acidente e mal posso esperar para abraçá-lo e lamentar pelos amigos que perdemos", afirmou o jovem.
Lucas também relatou sua boa relação com toda a equipe, destacando que os considerava como parte de sua família e o projeto, como uma segunda casa. O atleta elogiou seu treinador, Oguener Tissot, que também faleceu no acidente.
"Meu treinador foi um dos melhores caras que já conheci. Sem dúvidas, o melhor professor de todo o Brasil", disse Lucas, com a voz embargada.
'Gente berrando': como aconteceu o acidente com os atletas de remo de Pelotas?
A carreta de contêiner que perdeu o controle e tombou em cima de uma van de turismo causou a morte de nove pessoas da equipe do projeto social "Remar para o Futuro", de Pelotas (RS). Os jovens atletas retornavam ao estado após uma competição em São Paulo. As identidades das vítimas ainda não foram divulgadas oficialmente pela Polícia Rodoviária Federal.
Um motorista que passou pelo local do acidente relatou ter ouvido "gente berrando" dentro do veículo que conduzia os atletas. O condutor, identificado como Macksuel Souza, de 27 anos, teve seu carro atingido na traseira pela van que levava os atletas do projeto social "Remar para o Futuro", de Pelotas (RS). Ele contou ao ND Mais que, após sentir o impacto da pancada, acelerou o carro.
Em seguida, viu pelo retrovisor a van rodopiando na pista. Depois, o caminhão tombou sobre o utilitário que conduzia os esportistas na mata ao lado da rodovia.
"Depois eu voltei ali no acidente e estava lá o caminhão em cima da van, e um monte de gente berrando", disse Souza.
Acidente com atletas de remo de Pelotas: Vitória em competição
Os atletas tinham conquistado sete medalhas no Campeonato Brasileiro Unificado, representando o Clube Centro Português 1º de Dezembro na competição por equipes, realizada na raia olímpica da USP, em São Paulo. A Confederação Brasileira de Remo comemorou nas redes sociais a conquista de uma medalha de ouro por uma das equipes do projeto social, composta por quatro jovens.
No sábado, o projeto de remo garantiu o ouro no four skiff masculino com Samuel Benites, Henri Fontoura, João Kerchiner e João Milgarejo. No domingo, último dia de provas, o time venceu o ouro no four skiff feminino, com Helen Belony Centeno ao lado de Evelen Cardoso (GNU), Vitória Brandão e Isabela Silveira (Botafogo).
Além disso, o Remar para o Futuro conquistou três medalhas de prata e duas de bronze, encerrando a competição como a sexta melhor equipe, à frente de clubes tradicionais como o Pinheiros. Todos os oito atletas do projeto ganharam medalhas. O coordenador técnico, Oguener Tissot, classificou o desempenho como “excelente” e “histórico”. O evento reuniu 32 clubes de todo o Brasil, sendo o Flamengo a maior delegação, com 80 atletas. Fonte: https://oglobo.globo.com
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