VOCÊ VIU? Um rápido olhar sobre o últimos fatos e acontecimentos.
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Ascânio Seleme: Presidente enfermo, precedentes
É justa a preocupação de muitos com a saúde do presidente Jair Bolsonaro. O vai-e-vém dos boletins médicos informa pouco
RIO — É justa a preocupação de muitos com a saúde do presidente Jair Bolsonaro. O vai-e-vém dos boletins médicos informa pouco. Sabe-se que o presidente passou por uma cirurgia bem sucedida de reconstrução do intestino, reassumiu rapidamente o mandato, mas em seguida teve febre e náuseas, depois melhorou e passou a despachar do hospital. Aí piorou de novo, suspendeu os despachos e em dois dias melhorou. Depois piorou outra vez e teve febre de novo, seguido de pneumonia bacteriana. Na sexta, melhorou, comeu gelatina e tornou a despachar. Difícil dizer como estará amanhã. Sua volta a Brasília teve dois adiamentos. Era para ele sair na semana passada, depois sairia amanhã, agora fica internado até quinta.
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Não é por outra razão que as redes sociais estão infestadas de boatos sobre a cirurgia de Bolsonaro. Alguns desses boatos falam em doenças, mas a maioria discorre sobre teorias conspiratórias. Estranho? Nem um pouco. Fake news é modelo de ação política bem conhecida da turma de Bolsonaro. E também de seus adversários de esquerda, claro. Não seria diferente com nenhum outro recém eleito presidente. Imaginem como seria com Lula, se ele fosse internado dias depois de tomar posse de seu primeiro mandato. Seria um deus-nos-acuda, com redes sociais ou sem elas.
O Brasil já passou por algumas experiências difíceis de presidentes em hospitais. A mais dramática delas foi a internação de Tancredo Neves, primeiro presidente civil depois da ditadura, na véspera de sua posse. Os mais velhos se lembram muito bem dos 36 dias de agonia de Tancredo no Hospital de Base, em Brasília, depois no Incor, em São Paulo. Tancredo passou por sete cirurgias. Todas as tentativas foram feitas para que ele superasse um leiomioma, câncer de intestino. Até médicos americanos especialistas foram trazidos para inutilmente tentar salvar a vida do presidente Tancredo.
No começo , o câncer foi diagnosticado como uma diverticulite. Depois soube-se que os médicos mentiram a pedido do próprio enfermo que não queria assustar a nação. Não é trivial ter um presidente internado em condições difíceis de saúde. Toda uma gigantesca máquina se movimenta em torno dele. Em alguns casos, o país pode parar esperando a melhora do convalescente. Foi assim com Tancredo. O governo Bolsonaro também está parado esperando o seu retorno. A reforma da Previdência só segue para o Congresso após a sua volta.
Os casos de Tancredo e Bolsonaro são absolutamente distintos. Tancredo foi internado e acabou morrendo porque escondeu um câncer que se tivesse sido tratado antes poderia ser curado. Bolsonaro sofreu um atentado a faca que quase lhe tirou a vida. Foi tratado com cuidado e rigor desde a primeira hora e seguiu sua campanha até se eleger presidente. Sua internação agora é desdobramento da primeira etapa do tratamento iniciado quando do ataque. Normal.
Normal também a preocupação do país com a saúde do seu presidente. Toda a transparência que tem sido dada à evolução do seu quadro clínico parece não ser suficiente. Talvez seja o caso de os médicos virem a público para dar satisfação formal aos brasileiros. Muitos acham que médicos, sobretudo os de São Paulo, falam demais e gostam de holofotes. Discordo. Médico tem que falar. Boletins oficiais e palavra de porta-voz muitas vezes apenas agravam a tensão.
FAZ SENTIDO
Deputados e senadores reclamaram ao longo da semana pelo fato de o ministro Sergio Moro ter colocado no mesmo pacote anticrime propostas de lei contra bandidos comuns e bandidos especiais, os corruptos. Queriam, talvez, rigor contra os primeiros e moleza contra os segundos. Com tudo misturado, vai ficar chato aprovar algumas medidas contra aqueles e rejeitar outras contra estes.
CAI-CAI
O governo mal começou e já se fala em Brasília, sem qualquer cerimônia, na queda de ministros. Os três que largaram na frente na bolsa de apostas da Esplanada já sabem que são alvo de fofoca e procuram se proteger se aproximando de generais e de filhos, até do mal-assombrado.
EMÍLIO FICA EM CASA
A sentença aplicada ao empresário Emílio Odebrecht é enrubescedora. Depois reclamam quando petistas acusam a justiça de perseguir Lula. O ex-presidente pegou 12 anos e onze meses de cadeia por receber vantagens em seu sítio de Atibaia. O empresário ganhou três anos e três meses em regime semiaberto por dar a Lula parte destas vantagens. Emílio está livre para fazer o que quiser de dia, mas terá de ficar em casa de noite e nos fins de semana. Beleza.
TEM QUEM QUEIRA
O lamaçal provocado pela Vale ainda nem secou e já tem gente disputando o cargo do presidente Fábio Schvartsman. Muito curioso isso. Considerando que a Vale tem outras tantas barragens que ameaçam a vida de dezenas de milhares de pessoas, cabe perguntar porque alguém haveria de querer comandar a companhia. Por que será que tem gente querendo esta espada sobre a cabeça?
LIESA ESCLARECE
A Liga das Escolas de Samba mandou mensagem contestando nota publicada aqui na semana passada sobre a gestão paroquial da venda de ingressos para o Carnaval do Rio. Disse que não manda pela via postal ingressos para quem compra pela internet em razão da “grande possibilidade de extravio ou furto”. Fala sério. Se fosse seguir esta orientação, Jeff Bezos, o dono da Amazon, não seria o homem mais rico do mundo.
NINGUÉM MAIS TRANSA
Um jornalista venezuelano explicou assim o clima desses dias em Caracas, na Venezuela. “Está todo mundo esperando a chegada dos mariners americanos. Ninguém mais come, ninguém mais dorme direito, ninguém mais transa”.
PERGUNTAS DE FAJARDO
Depois do dilúvio que revirou o Rio na quarta-feira, vale a pena refletir sobre algumas perguntas feitas pelo arquiteto e urbanista Washington Fajardo em seu blog: Onde mora o pobre? Como vive ele e sua família? Onde morarão seus filhos?
CINE GENETON
Por rata-se iniciativa do Sindicato dos Jornalistas do Rio, foi inaugurado ontem o Cineclube Geneton Moraes Neto, em homenagem a um dos maiores jornalistas brasileiros, morto há pouco mais de dois anos.
BRASIl 2018
O que vem à sua cabeça quando você pensa no Brasil do ano passado? Imagino que as duas principais questões que o país atravessou, a eleição de Bolsonaro e a prisão de Lula. Mas coloque no Google a expressão “Brasil 2018”, selecione o campo de imagens e morra de vergonha. Fonte: https://oglobo.globo.com
Tudo é líquido: Como um termo filosófico se torna parte do vocabulário das pessoas
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Entenda como a ideia do sociólogo Zygmunt Bauman pegou — e como se diluiu
Bolivar Torres
Quando o mal-estar com o mundo atual surge na mesa de bar, pode contar: alguém vai sacar a palavra “líquido”. Mas o papo vai além do chope: em uma das maiores livrarias da Zona Sul do Rio, todos os clientes abordados pelo GLOBO disseram conhecer bem o termo. As interpretações variam, mas são sempre associadas a mudanças bruscas, vida acelerada, afetos passageiros... O tal cotidiano pós-moderno.
— Tenho uma amiga que usa “líquido” direto. Para falar de rolos, emprego... Tudo é líquido — conta Victor Furtado, de 22 anos, atingido pelo “liquidez” na faculdade de Psicologia.
Assim como o conceito, seu criador também é pop. No Brasil, pelo menos, o pensador polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) é um best-seller: seus 43 títulos já venderam mais de meio milhão de exemplares. Boa parte deles traz a palavra-chave no nome: “Modernidade líquida”, “Amor líquido”, “Vida líquida”... até “Mal líquido” — o último lançado entre nós ( veja quadro abaixo ) e em que o autor volta a seu tema fundamental: os dilemas da humanidade num mundo mais incerto e movediço.
A fórmula da água
Para o bem ou para o mal (líquido?), Bauman achou uma fórmula. Que, para o sociólogo Alexandre Werneck, funciona justamente por dar uma explicação para a perda de antigos valores.
“O termo 'líquido' se refere à liquefação do nosso arcabouço mais sólido: as instituições, a política, as identidades. Bauman nos oferece a ideia agradável de que alguém está pensando sobre nossas inseguranças.” ALEXANDRE WERNECK. Sociólogo
Outros intelectuais se debruçam sobre as mudanças contemporâneas, claro. O diferencial de Bauman, segundo Werneck, são as “metáforas espertas”, de fácil identificação pelo público.
“Amor líquido” (2004), por exemplo, trata da afetividade de um tempo em que tudo é passageiro, conceito ideal para a era de aplicativos como o Tinder. O livro é o maior sucesso de Bauman no Brasil, com mais de 100 mil exemplares vendidos. Em 2018, aliás, foi vice-campeão de vendas na editora Zahar, atrás apenas do sucesso mundial “Como as democracias morrem”, escrito pelos professores de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.
Mas, ao se tornar tão conhecido, o conceito não corre o risco de... diluir-se? Para outro pensador pop, Leandro Karnal, o risco é inevitável. Há bem mais gente falando “líquido” do que lendo Bauman, ele argumenta.
“É parecido com o que acontece com o termo “quântico”. Tudo o que uma pessoa não consegue explicar logicamente, vira quântico. Ela não sabe o que é quântico, mas parece demonstrar a existência de Deus” LEANDRO KARNAL. Filósofo
Segundo o italiano Thomas Leoncini, que conviveu com Bauman e coescreveu com ele “Nascidos em tempos líquidos” (2017), o autor tinha consciência do sucesso conquistado. Na Itália, conta Leoncini, as pessoas o paravam na rua para pedir abraços e autógrafos.
— Não me preocupo com a exploração do conceito de “liquidez” — ele diz. — Ao contrário, isso demonstra o quão representativa é esta imagem. Bauman foi brilhante em achar um nome que combina a incerteza da forma com o conceito de movimento.
Após “Mal líquido”, a Zahar planeja mais quatro lançamentos de Bauman até 2020. E a fonte (líquida!) está longe de secar. O autor polonês escreveu quase 90 obras. Talvez por causa do sucesso, sua produção ficou ainda mais intensa em seus últimos anos de vida: somente entre 2015 e 2017, quando morreu, foram 11 títulos.
— Nos anos 1990, ele teve a intuição de falar em modernidade líquida, dando sentido cultural a uma transformação da sociedade — observa o filósofo Paulo Vaz, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. — Era um conceito muito interessante, que ele passou a aplicar em diferentes campos. E aí talvez ele tenha se repetido um pouco, usando o mesmo argumento sem acrescentar muita coisa. Fonte: https://oglobo.globo.com
Incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro: 10 mortos e 3 feridos.
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Incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro: 10 mortos e 3 feridos.
Veja quem são os mortos e feridos já identificados do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Dez morreram e três jogadores da base do clube estão internados com queimaduras.
Por G1 Rio
Um incêndio no fim da madrugada desta sexta-feira (8) deixou 10 mortos e 3 feridos no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Flamengo na Zona Oeste do Rio. Veja abaixo quem são as vítimas:
Mortos:
Athila Paixão
Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas
Bernardo Pisetta
Christian Esmério
Jorge Eduardo Santos
Pablo Henrique da Silva Matos
Vitor Isaías
Samuel Thomas Rosa
Gedson Santos
Rykelmo de Souza Vianna.
Feridos:
Cauan Emanuel Gomes Nunes, 14 anos
Francisco Diogo Bento Alves, 15 anos
Jhonatan Cruz Ventura, 15 anos, em estado grave.
Fonte: https://g1.globo.com
Número de mortos em Brumadinho sobe para 142; ainda há 194 pessoas desaparecidas
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Número de mortos em Brumadinho sobe para 142; ainda há 194 pessoas desaparecidas
A Defesa Civil de Minas Gerais atualizou, no fim da tarde desta terça-feira (5), os números da tragédia de Brumadinho (MG), onde uma barragem da mineradora Vale se rompeu no final de janeiro. De acordo com o órgão, estão confirmadas 142 mortes, sendo que 122 corpos já foram identificados.
Além disso, ainda há 194 desaparecidos – 61 da listagem da Vale e 133 de trabalhadores terceirizados ou pessoas da comunidade. Já os localizados totalizam 392, sendo 223 da lista da mineradora e 169 terceirizados ou da comunidade.
Os dados da Defesa Civil atualizam também os desabrigados e hospitalizados. No primeiro grupo encontram-se 103 pessoas, que foram deslocadas para alojamentos temporários; no segundo, somente três. Fonte: https://jovempan.uol.com.br
Idoso de 66 anos é morto com oito pauladas por dívida de R$ 200
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À polícia, o carpinteiro alegou legítima defesa e disse que o aposentado o agrediu com o espeto ao ser cobrado
Um idoso de 66 anos foi morto a pauladas por um carpinteiro, de 44, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Uma câmera instalada na rua captou o momento do ataque.
As imagens mostram que o idoso ainda tentou fugir. Após o desentendimento dos dois, o aposentado cai no asfalto e passa a ser atingido com oito pauladas. Com a confusão, populares correram para tentar apartar a briga e evitar que o homem caído fosse ainda mais machucado. Moradores contiveram o carpinteiro até a chegada da corporação.
De acordo com o agressor, a vítima devia a ele R$ 200. À polícia, o carpinteiro alegou legítima defesa e disse que o aposentado o agrediu com o espeto ao ser cobrado. Policiais militares foram acionados, mas chegarem ao local após as agressões e encontraram o idoso com ferimentos pelo corpo e na cabeça, ao lado de um espeto de churrasco sujo de sangue.
O crime foi registrado no 2º Distrito Policial de Guarujá na quinta-feira (31), onde o homem foi detido pelo crime de homicídio qualificado.
BRUMADINHO: Rompimento da Barragem
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Um novo vídeo divulgado, na tarde desta sexta-feira (25/1), mostra o exato momento em que a barragem de rejeitos da Vale se rompe. As imagens foram divulgadas pela TV Globo. Nas imagens, é possível ver a área parada até o momento que, como uma forte onda, a lama destrói tudo que está na frente é começa a arrastar todo o local. Esta é a segunda imagem da destruição que surgem nesta sexta-feira. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Nobel da Paz para os bombeiros de Brumadinho?
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Foram esses bombeiros anônimos, mal pagos, que não hesitaram em arriscar a própria vida para salvar a dos outros, que nos ofereceram um pouco de oxigênio
O Brasil nunca ganhou o Nobel em nada. Na América Latina, a Argentina tem cinco, o México três, a Colômbia dois, a Guatemala dois e a Venezuela e o Peru um cada. O Brasil, que é o coração econômico do continente, nunca foi premiado em nenhum campo com o maior galardão do mundo. Por que não dar o Nobel da Paz este ano aos bombeiros de Brumadinho que conquistaram simpatia e admiração dentro e fora do país com seu exemplo de abnegação?
Neste país em que a política quer transformar as mãos das pessoas em armas para matar, esses bombeiros fizeram de suas mãos, mergulhadas na lama mortal, um instrumento de paz e de esperança de poder encontrar vida. Talvez tenha sido porque os brasileiros vivem um momento de perplexidade e poucas esperanças. Talvez porque os resíduos tóxicos da mina de Brumadinho, que engoliu tantas vidas inocentes, sejam vistos como metáfora política do país, envolvido na lama de corrupções, violências e desamparo social, a verdade é que poucas vezes tantos brasileiros se identificaram com esses bombeiros mergulhadores de vida.
Comoveu o país, por exemplo, o jovem porta-voz dos bombeiros de Minas, o tenente Pedro Aihara, de 25 anos, que, sem alarde, embora emocionado, confessou: “Podem estar certos de que estamos trabalhando como se essas pessoas fossem nossas mães e nossos pais”. Uma mulher escreveu nas redes sociais que sentiu aquele jovem bombeiro como alguém sensível, inteligente e preparado, “com o mesmo orgulho que se fosse meu filho”.
Foram esses bombeiros anônimos, mal pagos, que não hesitaram em arriscar a própria vida para salvar a dos outros, que nos ofereceram um pouco de oxigênio quando começávamos a desconfiar de tudo e de todos. Tínhamos experimentado, de fato, primeiro em Mariana e agora em Brumadinho, que o lucro selvagem das empresas em conivência com os políticos acaba engendrando esses novos campos de extermínio ambiental e humano.
Seria até simbólico que a Academia Sueca pensasse, ao conceder pela primeira vez seu prêmio ao Brasil, no Nobel da Paz. Milhões de brasileiros, de fato, se identificaram, sem diferenças políticas, em um movimento de solidariedade com os bombeiros salva-vidas que conseguiram criar um clima de alento em um contexto de polarização asfixiante. Os bombeiros conseguiram o milagre de unificar por um instante um país quase em guerra.
Se conceder ao Brasil o Nobel da Paz, não poderia ser neste momento a um político, mesmo que seja o popular Lula. A política não é, certamente, o que hoje entusiasma os brasileiros céticos de um lado e do outro. A política, com todas as suas corrupções e ambiguidades, não está sendo no Brasil um catalisador de esperanças. O que o país precisa é acreditar que ainda é possível encontrar pessoas comuns e anônimas capazes de oferecer um exemplo de abnegação e de luta para salvar vidas e não para humilhá-las e sacrificá-las.
Já há demasiada morte, demasiada desconfiança entre os mais marginalizados, para que se possa pensar que esse galardão dado a um político criaria algum tipo de comoção nacional.
Que o Governo do Brasil, que nunca conseguiu um Nobel para o país, peça, em todo caso, que seja concedido este ano o da Paz aos bombeiros de Brumadinho.
Seria a melhor metáfora de que as pessoas não abdicaram de lutar por um país mais decente, mais de todos e não somente daqueles que continuam acumulando privilégios. Um país que ainda sabe reconhecer e recompensar o sacrifício anônimo daqueles que se recusam a ser o que alguém definiu como “os escravos do vazio”. Que isso são os incapazes de entender que o Brasil que nos salvará da derrota não vive nos salões assépticos e corruptos do poder, mas nos limites em chamas do perigo. Os trabalhadores sempre à espera de que possam ser atropelados por aqueles que lhes prometem perigosos paraísos impossíveis.
Esse Brasil está vivo nos corações daqueles que ainda são capazes de se oferecer para salvar a vida de pessoas anônimas como eles. São, sem dúvida, semeadores de paz, capazes de nos emocionar quando acreditávamos que o ceticismo já nos havia secado o coração.
O Nobel para eles engrandeceria o Brasil invisível, fermento de tempos mais brilhantes e menos enlameados que os hoje. Fonte: https://brasil.elpais.com
Rainha Elizabeth envia mensagem sobre tragédia em Brumadinho: ‘profundamente tristes’
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Mensagem transmite apoio a parentes de vítimas e moradores que perderam suas casas. Tragédia deixou 99 mortos e 257 desaparecidos.
A Rainha Elizabeth enviou nesta quinta-feira (31) ao presidente Jair Bolsonaro uma mensagem de pesar pela tragédia em Brumadinho (MG).
“O Príncipe Philip e eu ficamos profundamente tristes de saber da devastação e perda de vidas causadas pela barragem que se rompeu em Brumadinho. Nossos pensamentos e orações estão com todos aqueles que perderam entes queridos e aqueles cujos lares e meios de subsistência foram afetados”, diz a mensagem.
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), deixou 99 mortos e 257 desaparecidos. O mar de lama varreu a comunidade local, parte do centro administrativo da empresa e do refeitório da mineradora. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos. Fonte: https://g1.globo.com
Brumadinho: quase 100 corpos foram encontrados até agora; ainda restam 259 desaparecidos
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Do total de mortos, 57 foram reconhecidos pelo IML
RIO - O número de mortes em Brumadinho (MG) chegou a 99 nesta quarta-feira, segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Até ontem, 84 vítimas tinham sido encontradas. Desse total, 57 pessoas foram identificadas pelo Instituto Médico Legal ( IML ) de Belo Horizonte. Ainda restam 259 desaparecidos, que seguirão sendo procurados pelos resgatistas nos próximos dias. A tragédia decorrente do rompimento de uma barragem da Vale deixou ainda 176 desalojados. O balanço dos números é divulgado sempre ao fim de dia de buscas.
O foco da operação desta terça-feira foi a área para onde foram arrastados os funcionários da mineradora que estavam no refeitório próximo à barreira de contenção que se rompeu. Dez corpos foram encontrados nesta região, que foi identificada nos últimos dois dias a partir do reconhecimento de itens de mobiliário e de botijões de gás.
No fim da tarde desta quarta-feira, a operação foi paralisada por conta da forte chuva que caiu em Brumadinho entre 14h30 e 15h30. Houve impacto apenas na consistência dos rejeitos que eram contidos pela barragem e que agora forma um "mar de lama" sobre o município. Duas árvores caíram na estrada de acesso ao Córrego do Feijão, mas o problema foi rapidamente solucionado pelos bombeiros. Amanhã, os trabalhos serão reiniciados às 4h e terão foco novamente na região do local onde funcionários se alimentavam.
A Polícia Militar de Minas Gerais intensificou a patrulha na região afetada para evitar saques. A corporação informou que 300 pessoas foram abordadas nas imediações neste processo de prevenção. Na quinta-feira, uma equipe do Comando de Operações em Áreas de Mananciais e Florestas (Comaf) vai auxiliar as buscas nas áreas de mata. Fonte: https://oglobo.globo.com
Saiba quais são as impurezas da lama da barragem de Brumadinho e os riscos à saúde
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Saiba quais são as impurezas da lama da barragem de Brumadinho e os riscos à saúde
Quem tiver contato com lama e apresentar sintomas como vômitos, coceira, tontura e diarreia deve procurar uma unidade de saúde.
A população deve evitar contato com a lama de rejeitos que vazou da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 25 de janeiro, e que avança pelo Rio Paraopeba. Em nota divulgada na segunda-feira (28), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) alertou sobre os riscos à saúde de contato com a lama, que pode conter altas concentrações de metais pesados.
A SES recolheu amostras para verificar a presença de metais pesados. Embora o resultado ainda não tenha sido divulgado, especialistas afirmam que é praticamente certa a presença de ferro, manganês e alumínio - comumente encontrados nos rejeitos da exploração do minério de ferro. O material pode conter ainda outros metais, como cromo, chumbo e arsênio. A lama contaminada, que segue pela bacia do Rio Paraopeba, deve chegar à Usina Hidrelétrica de Três Marias até o dia 20 de fevereiro, conforme informou a Agência Nacional das Águas (ANA).
A secretaria orienta a população a não consumir alimentos que tiveram contato com a lama, inclusive os embalados e enlatados, assim como a evitar contato com a água do Rio Paraopeba, tanto para ingestão quanto para recreação. Também é desaconselhado pescar ou consumir os peixes do rio. Quem tiver contato com lama e apresentar sintomas como vômitos, coceira, tontura e diarreia deve procurar uma unidade de saúde.
Depois do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, a professora Cláudia Carvalhinho, do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez a análise da lama dos rejeitos da extração do minério de ferro e detectou a presença de metais pesados no material. Na análise da lama de Fundão, foram encontrados ferro, manganês e alumínio.
Cláudia afirma que o rejeito da barragem de Brumadinho deve ter concentrações semelhantes de metais pesados, por se tratar dos resíduos das mesmas atividade e técnica. A pesquisadora alerta ainda que podem ser encontrados cromo, chumbo e arsênio na lama. O maior risco para a saúde da população, conforme destaca a professora, vem da ingestão de água contaminada por metais pesados.
O consumo continuado de água com altas concentrações de metais pesados, segundo a pesquisadora, pode levar ao aparecimento de problemas neurológicos. A ingestão de alumínio, por exemplo, está associada ao Alzheimer.
Outro risco é o contato com os metais pesados que podem chegar à atmosfera. O rompimento lançou, no meio ambiente, cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. “Quando a lama secar, as pessoas podem ficar expostas à poeira dessa lama, que pode gerar exposição atmosférica ao material particulado”, afirma Cláudia.
A pesquisadora ressalta, porém, que não há motivos para que a população fique alarmada. “Os riscos são muito menores, se comparados aos de acidentes envolvendo material radioativo”, diz. Ela também destaca que é pouco provável encontrar mercúrio em rejeitos de minério de ferro. “O mercúrio é usado na exploração do ouro. Nesse caso de exploração de ouro, podemos encontrar arsênio, cianeto e mercúrio.”
As partículas sólidas, que chegam aos rios, acabam ameaçando a vida aquática. O professor Ricardo Motta Pinto Coelho, do Departamento de Biologia Geral da UFMG, salienta a importância de se medir o nível de turbidez da água. ”Se for verificado um nível alto, isso acarretará em mortandade de peixes. Haverá tanto sólido na água que os peixes vão morrer sufocados, sem conseguir respirar”, afirma o biólogo.
TRÊS MARIAS
Pinto Coelho alerta para os riscos de contaminação da Usina Hidrelétrica de Três Marias por metais pesados. “Quando a mancha da lama (água turva) chegar à usina, tudo o que ela levar vai se disseminar pelo reservatório. E, certamente, também os componentes tóxicos”, assegura. A ANA, por meio de sua assessoria de imprensa, procurou amenizar os riscos de contaminação por metais pesados. O órgão acredita que a Usina Hidrelétrica de Retiro de Baixo, que fica a 29 quilômetros de Três Marias, possa “segurar” a maior quantidade do material que vazou em Brumadinho. Dessa forma, chegaria a Três Marias apenas água turva, mas com baixa concentração de rejeitos. Procurada, a assessoria de imprensa da Vale não detalhou à reportagem qual seria a composição dos rejeitos de Brumadinho. Fonte: https://www.em.com.br
BRUMADINHO: Olhar de Ressurreição
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SEGUNDA-FEIRA: 65 mortes confirmadas na tragédia de Brumadinho, 31 corpos identificados; lista tem 279 desaparecidos
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A Vale afirma que não tem a informação de quantas das 168 barragens que estão atualmente sob sua responsabilidade foram construídas pelo método de alteamento - o mesmo da barragem 1 do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O método de alteamento a montante é considerado por especialistas uma opção menos segura e mais propensa a riscos de acidentes, embora seja bastante comum.
Corpos encontrados nesta segunda em meio à lama podem ser de funcionários da Vale que estavam no refeitório. O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, disse que, apesar de estarem a 800 metros de onde ficava a o restaurante, as vítimas estavam perto de um mobiliário que indica ser do refeitório.
Manifestantes realizaram um protesto no início da noite desta segunda em frente à sede da Vale, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Palavras de ordem eram ditas em coro pelos manifestantes. Os participantes afirmavam que os executivos da empresa devem ser responsabilizados pelo caso. De acordo com eles, o episódio não pode ser considerado um acidente. Fonte: https://www.globo.com
Um rosto sereno na tragédia de Brumadinho
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Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de MG, tem sido a voz da equipe de resgate que lida com a ansiedade do país na busca de sobreviventes do rompimento na barragem da mina do Feijão (Foto: facebook)
Desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), o tenente Pedro Aihara se tornou o rosto conhecido do trabalho árduo de centenas de bombeiros que têm corrido contra o tempo para localizar as vítimas e desaparecidos da tragédia. Porta-voz da corporação desde o primeiro dia da tragédia, tem sido entrevistado repetidamente pelas dezenas de jornalistas que acompanham os desdobramento do desastre na mina administrada pela Vale. Sua desenvoltura e serenidade para lidar com as perguntas têm surpreendido o Brasil inteiro, até por conta de sua pouca idade. Ele tem 26 anos e já participou do resgate na mina do Fundão, em Mariana (MG). Mesmo preparado, ele segue sendo humano. O tenente se emocionou na manhã desta segunda-feira ao falar sobre a incansável busca pelos desaparecidos. "A maior dificuldade é ter de lidar com a angústia. Podem ter certeza de que estamos trabalhando como se essas pessoas fossem nossas mães e nossos pais”, disse com os olhos marejados no início da manhã.
Aihara, que tem dormido de três a quatro horas por dia desde a tragédia, ressalta em todos os seus anúncios que o trabalho tem sido feito da maneira mais ágil possível, mas que ele demanda muitas particularidades, já que se trata de uma “operação de guerra”. “A gente entende que os familiares das vítimas estejam numa situação em que buscam muita informação, mas temos que entender que essa atuação é muito delicada, estamos falando de milhões de rejeitos de minério de ferro, trabalhamos com uma barragem. E, dentro da área quente, trabalhamos com material orgânico envolvendo animais, plantas e pessoas. É preciso fazer um trabalho muito criterioso”, diz. “Um trabalho rápido, por mais que a gente se esforce, não é possível de ser feito na agilidade que as famílias querem”, lamenta. A buscas, explica ele, se estendem por uma área de 10km de distância e milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Aihara não tem se esquivado das perguntas da imprensa nem do questionamento mais doloroso feito repetidamente nas coletivas sobre a possibilidade de encontrar sobreviventes. Segundo o tenente, pela característica da lama, será muito difícil que alguém que foi arrastado pelos rejeitos da barragem da Vale tenha sobrevivido. O relógio tampouco ajuda. Com o passar dos dias, as chances de encontrar sobreviventes é ainda menor, mas não está descartada. Os bombeiros trabalham também em áreas limítrofes para tentar encontrar alguém que possa ter conseguido fugir. “A tragédia envolve lama, que é um tipo de material que ocupa muito espaço, é diferente de quando a gente tem algum tipo de desabamento, em que há bolsões de ar e é provável encontrar sobreviventes... Mas ainda trabalhamos com todas as possibilidades”, ponderou na manhã desta segunda.
A possibilidade de as buscas se estenderem por meses dependerá de como será o trabalho de recuperação de corpos, na avaliação do tenente. “É um trabalho extremamente pontual. É preciso ter cuidado para o material de animas não ser confundido com a de humanos. Pela quantidade de rejeitos, irá durar semanas”.
Atualmente, 280 bombeiros trabalham na operação da tragédia de Brumadinho. Cerca de 14 aeronaves, fornecidas pela própria corporação, Polícia Militar, Polícia Civil, Força Aérea Brasileira e o Governo do Rio de Janeiro, estão em uso para auxiliar as equipes. Alguns bombeiros vieram de outros estados, como São Paulo, Rio, Espírito Santo, Alagoas e Goiás. O número de integrantes de Minas Gerais chega a 130.
Assim como o tenente Aihara, muitos deles trabalharam há três anos na tragédia de Mariana, quando a barragem de Fundão se rompeu, matando 19 pessoas e deixando um mar de lama pelo Rio Doce. O episódio deu a eles mais experiência nesse tipo de resgate, mas lidar psicologicamente com tamanha perda de pessoas é ainda um grande desafio. Segundo Aihara, as equipes que estão trabalhando nos resgates estão passando por atendimento psicológico.
Trabalhando incansavelmente em um resgate perigoso que envolve lama e uma área de risco, os esforços dos bombeiros são reconhecidos por muitos moradores e familiares de desaparecidos que assistem dos bairros e estradas o sobe e desce constante de helicópteros. A missão dos bombeiros mineiros, no entanto, não tem sido valorizada adequadamente pelo Estado de Minas Gerais, que vive uma crise fiscal. Atualmente os salários dos bombeiros estão sendo parcelados e a quitação integral do 13º salário de 2018 está atrasada, e sem perspectiva de ser recebido em curto prazo. Fonte: https://brasil.elpais.com
Número de mortos em tragédia de Brumadinho sobe para 60
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Número de desaparecidos está em 292, de acordo com último boletim
Cleide Carvalho
BRUMADINHO (MG) — O número de mortos em decorrência do rompimento da barragem 1 da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho, subiu para 60. Segundo o tenente coronel Flávio Godinho, um dos coordenadores da operação de resgate, dezenove corpos foram identificados. O número de desaparecidos chega a 292, segundo o último boletim, divulgado na manhã desta segunda-feira.
Um equipe com cerca de dez bombeiros estão no local onde foi encontrado ontem à noite um ônibus. Cães farejadores e uma escavadora auxiliam nas buscas de corpos. Ainda não se sabe quantas pessoas estavam no ônibus.
Um morador de Córrego do Feijão que acompanhou o resgate desde cedo disse que no local onde estava o ônibus havia uma estrada.
— Ali era um terreno muito baixo, há muita, muita lama — disse.
A lama vermelha chegou hoje pelo rio Paraopeba na altura da ponte do centro da cidade de Brumadinho. O Paraopeba, dizem os moradores, era o que tinha mais peixes na região do Vale do Paraopeba, que fica entre seis serras, como Rola-Moça e da Moeda.
Hoje, o trabalho de resgate recebeu o reforço de 136 militares de Israel , que chegaram ontem em Belo Horizonte, com 16 toneladas de equipamentos de alta tecnologia, como sonares usados em submarinos para localizar pessoas em grandes profundidades. Cães farejadores também foram enviados pelo governo de Israel. A previsão é de que os israelenses ajudem nas buscas durante uma semana.
Segundo o coronel Golan Vach, líder das tropas enviadas por Israel, os sonares são capazes de identificar calor e sinais de telefones celulares em uma profundidade de até quatro metros. A expectativa é que o instrumento ajude a encontrar vítimas soterradas pela lama. Fonte: https://oglobo.globo.com
Tragédia em Brumadinho: Jovem diz que celular do pai toca e que ele pode estar vivo
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Ela acha que o pai não está soterrado e reclama da falta de interesse das autoridades
BRUMADINHO (MG) — No terceiro dia depois da tragédia do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), familiares de pessoas que trabalhavam na mina da Vale reclamam da dificuldade de informações e da demora até mesmo de incluir nomes de desaparecidos nas listas oficiais. Gisele Santana Loures, 22 anos, disse que o celular de seu pai ainda toca e recebe mensagens. Para ela, pode ser um indício que ele pode estar machucado, mas não morto ou soterrado.
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— O celular do meu pai não está soterrado. Ele pode estar em algum lugar, precisando de ajuda, mas eles não querem essa informação que eu tenho para dar — diz Gisele.
Sebastião Santana Loures, o pai de Gisele, tem 58 anos e trabalhava como motorista da Della Volpi, uma das terceirizadas da Vale. A última mensagem que ele trocou por whatsapp com a família foi as 12h19 de sexta-feira. Mas Gisele acredita que ele pode não ter morrido porque o celular toca e recebe mensagens.
— A bateria pode estar quase acabando, mas o celular está ligado. Meu pai não tinha qualquer problema de saúde e era muito esperto. Se ele percebeu alguma movimentação na barragem ele conseguiu correr — diz a jovem.
Gisele disse que só no sábado incluiu o nome do pai na lista de desaparecidos e que a empresa Della Volpi não tem outras informações.
- Eles têm a mesma informação que eu. Queria que usassem os dados da rede de celular para tentar achar meu pai, mas ninguém dá atenção - afirma Gisele.
Gisele mandou uma mensagem agora para o pai, às 12h47 deste domingo, e a resposta da rede é que a mensagem foi entregue.
Desabrigado pela segunda vez
Davi Laurindo Pereira, 39 anos, é um sobrevivente. Na sexta-feira, estava em casa com a mulher e os dois filhos, Isabela, 18 anos, e Iraci, um garoto de 13, quando a barragem desabou. Ao ouvir o estrondo, na hora do almoço, correram para um morro próximo. A família se salvou,mas perdeu tudo. Sem teto, Davi procurou abrigo na casa de parentes.
Na madrugada deste domingo, a sirene tocou pela primeira vez - e pela segunda vez Davi, a mulher e os filhos tiveram de sair às pressas.
Eram quase 10h da manhã e o grupo estava num posto de saúde de um bairro na área rural de Brumadinho, ainda sem saber onde ir.
— Hoje teve sirene. No dia que precisou nao teve nada — reclamava Davi.
Elaine Alves Teixeira, de apenas 15 anos e com a filha de 6 meses no colo, também aguardava para onde ir. Mora num cômodo da casa da mãe, Maria Pinheiro, de 41 anos, que hoje teve de ser evacuada por estar em área de risco do Rio Parauapeba.
— A água ainda não chegou. Estou aqui esperando para ver o que vão mandar a gente fazer — dizia Elaine.
Maria se conforma:
— Não tem outro jeito, não tem o que fazer. Fonte: https://oglobo.globo.com
NESTE DOMINGO 27: Brumadinho tem risco de novos rompimentos. Buscas são interrompidas e áreas evacuadas
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Bombeiros iniciaram a evacuação de comunidades após a constatação de que uma quarta barragem da Vale apresenta risco iminente de rompimento
O alarme de aviso sobre rompimento de barragem soou às 5h30 da manhã deste domingo (27), em Brumadinho. Bombeiros iniciaram a evacuação de comunidades após a constatação de que uma quarta barragem da Vale apresenta risco iminente de rompimento.
A evacuação acontece em áreas de risco, próximas ao leito do rio Paraopeba e às áreas já atingidas por lama. As comunidades Tejuco e Córrego do Feijão serão evacuadas.
“Como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência”, informou a Vale em nota.
De acordo com os bombeiros, deverão ser evacuadas 350 pessoas. As famílias serão levadas para a parte mais alta do núcleo urbano ou deslocadas para outras localidades na região de Brumadinho.
O volume de água a ser drenado nesse período e que, portanto, desceria pelo rio Paraopeba seria mais que o triplo do que vinha sendo drenado até então.
Os trabalhos de resgate estão suspensos. Todo o efetivo do Corpo de Bombeiros está empenhado na evacuação. Uma das áreas prioritárias é Parque da Cachoeira, onde há 25 casas em risco. Fonte: www.revistaforum.com.br
Brumadinho: o desafio da Laudato Si no Brasil
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Não cuidar da Casa Comum "é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida": Repam publica nota sobre a tragédia em Minas Gerais.
Brasília
O cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, assinou uma nota lamentando o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho/MG.
No texto, o arcebispo emérito de São Paulo/SP alerta para as consequências da atividade de mineração, recorda o desastre de Mariana/MG, há três anos, e adverte para os interesses de projetos na Amazônia, “nova fronteira mineral cobiçada por grupos internacionais e ofertada pelo governo brasileiro à custa das populações tradicionais, com riscos a terras indígenas já demarcadas”.
NOTA DA REPAM SOBRE O ROMPIMENTO DE BARRAGEM EM BRUMADINHO
“Não cuidar da Casa Comum “é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida”. (DAp 125)
Mais uma vez famílias choram por seus entes queridos e a Terra geme em dores de parto. Após três anos, Minas Gerais enfrenta outro desastre ambiental causado pela atividade de mineração, tendo a mesma empresa como protagonista. A Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, cuja inspiração e serviço situam-se na espiritualidade da ecologia integral, manifesta solidariedade às vítimas e familiares afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração no município de Brumadinho/MG.
Também lamentamos e nos sentimos estarrecidos com as consequências desta atividade que ignora as indicações da Igreja, as quais incentivam uma economia a serviço da vida humana e dos ecossistemas com sua grande biodiversidade (Carta Pastoral do CELAM – Discípulos Missionários Guardiões da Casa Comum, 93).
Não é possível dissociar a relação do acontecido desta sexta-feira com o desastre de Mariana, cada um com suas terríveis proporções na vida dos mais pobres e consequências para o meio ambiente. Este é mais um crime ambiental que nasceu e se consolidou pela impunidade dos anteriores. O que sucedeu do rompimento da barragem em Mariana ainda não foi reparado e os responsáveis não foram criminalmente punidos. Infelizmente, a lógica do rigor contra os infratores da lei ataca cada vez mais os pequenos e poupa o grande capital.
Chama atenção o fato de o próprio licenciamento da mina Córrego do Feijão e de sua barragem de rejeitos estar impreciso e contraditório. A aprovação da expansão da exploração na área teve forte resistência da comunidade local.
Com os bispos do Brasil, reforçamos a ideia de que a “atividade mineradora no Brasil carece de um marco regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da biodiversidade” (Nota da CNBB sobre o rompimento da barragem de Fundão, 25/11/2015).
Consideramos importante também salientar que estamos num contexto político de flexibilização das leis ambientais e de desmanche dos procedimentos de licenciamento ambiental. A atenção para esta realidade também deve estar voltada para a Amazônia, nova fronteira mineral cobiçada por grupos internacionais e ofertada pelo governo brasileiro à custa das populações tradicionais, com riscos a terras indígenas já demarcadas.
A ação das empresas mineradoras é conhecida pelas violações dos direitos humanos das populações indígenas ou originárias, tradicionais e campesinas, principalmente as da Amazônia, “onde tendem a ocupar, sem consulta prévia e com o apoio dos Estados, os territórios dessas populações, confinando-as em espaços de vida cada vez mais reduzidos, limitando, assim, as possiblidades de acesso a seus meios tradicionais de subsistência e destruindo suas culturas”. (Carta Pastoral do CELAM – Discípulos Missionários Guardiões da Casa Comum, 41)
As perspectivas de expansão dos projetos de mineração na Amazônia serão à custa da segurança da população e do meio ambiente, mais uma vez por conta do contexto político brasileiro, no qual a análise dos riscos tende a ser minimizada e os órgãos de fiscalização e monitoramento enfraquecidos, preferindo-se o automonitoramento das próprias empresas.
Depositamos a nossa esperança de mais justiça e cuidado com a Casa Comum Naquele que veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (cf. João, 10, 10b).
Brasília, 25 de janeiro de 2019
Cardeal Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo/SP
Presidente da REPAM-Brasil
Fonte: www.vaticannews.va
Chega a 34 mortes confirmadas em Brumadinho; oito corpos são identificados
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Chega a 34 mortes confirmadas em Brumadinho; oito corpos são identificados
Segundo Corpo de Bombeiros, há 81 desabrigados e 23 vítimas foram encaminhadas a hospitais
BRUMADINHO, RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA — De acordo com balanço divulgado pelo governo de Minas Gerais na noite deste sábado, o total de corpos resgatados em Brumadinho (MG) chegou a 34. O governo de Minas Gerais havia informado anteriormente que havia 40 mortes confirmadas, mas corrigiu a informação.
As mortes confirmadas, portanto, já superam o registrado na tragédia de Mariana, também em Minas Gerais, em 2015, quando houve 19 vítimas.
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, há 81 desabrigados e 23 vítimas foram encaminhadas a hospitais. Até agora, foram resgatadas 366 pessoas, sendo 221 funcionários da Vale e 145 terceirizados da empresa.
As buscas foram interrompidas às 20h. As equipes retomam os esforços às 4h deste domingo.
O Ministério Público disponibilizou um e-mail para receber informações sobre desaparecidos. O endereço é Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. As informações serão incluídas no Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (SINALID).
A primeira vítima identificada é a médica Marcele Porto Cangussu , de 35 anos. O corpo foi reconhecido através das impressões digitais. Além dela, outros sete mortos foram identificados: Jonatas Lima Nascimento, Carlos Roberto Deusdeti, Leonardo Alves Diniz, Fabricio Henriques, Robson Máximo Gonçalves, Willian Jorge Felizardo Alves e Eliandro Batista de Passos. Fonte: https://oglobo.globo.com
'A gente falou do perigo', diz irmão de morto por um raio em Copacabana
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Daniel Vasco de Oliveira estava com o irmão gêmeo Rafael, a mulher e amigos na praia na hora do acidente
RIO — No momento em que foi atingido por um raio em Copacabana no fim da tarde de sexta, na Zona Sul do Rio, o motorista brasiliense Daniel Vasco de Oliveira, de 35 anos, estava na areia perto da mulher, do irmão gêmeo e de amigos. O episódio durante o temporal que castigou a cidade, na tarde desta sexta-feira. Daniel chegou a ser levado por equipes do Corpo de Bombeiros para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul, mas morreu ao dar entrada na unidade.
— A gente estava numa boa curtindo a praia com alegria. A mulher dele tinha acabado de sair da água, eram umas 17h30m e chovia bem fininho. Ele estava na areia já. Havia umas dez pessoas próximas, já tinha esvaziado. Mas quando percebemos os relâmpagos falamos 'olha que perigo'. E, de repente, só ouvimos o barulho da trovoada. Meu irmão tinha sido atingido e a mulher dele, que estava mais próxima, lançada no chão — conta o Rafael Vasco de Oliveira, irmão gêmeo de Daniel.
— Sou enfermeiro e na hora fui conferir a pulsação, mas sabia que ele já estava morto — detalha Rafael, que na manhã deste sábado foi ao Instituto Médico Legal (IML) identificar e liberar o corpo de Daniel.
De férias no Rio desde o dia 21, a vítima e todos os outros vieram de Brasília — a volta estava marcada para a próxima segunda-feira. Estavam hospedados num flat na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Segundo Rafael, a mulher de Daniel não sofreu nenhum ferimento e passa bem. Ele diz que Daniel não deixa filhos. Os pais deles moram em Brasília e ficaram sabendo da tragédia através de um dos amigos, por telefone.
— Pedi para um amigo ligar e avisar porque não tenho condições — afirma Rafael.
Como Daniel só trouxe a carteira de habilitação, o IML aguarda um documento com foto e digital para liberar o corpo, que será levado para Brasília onde será velado e sepultado.
Por ano, no Brasil, cerca de 300 pessoas são atingidas por raios e dessas, 100 morrem, segundo informações do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Fonte: https://oglobo.globo.com
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