Terça-feira, 21: Papa Francisco: “Não se paga para se tornar cristão. É um dom do Senhor”.
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Não é cristão buscar influências para crescer na carreira eclesiástica: foi o que destacou o Papa na homilia da missa na capela da Casa Santa Marta, recordando a gratuidade da eleição de Deus e o chamado para preservá-la com a nossa fidelidade.
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
Ser cristãos, sacerdotes ou bispos é um dom gratuito do Senhor. Não se compra. E a santidade consiste justamente em “custodiar” este dom recebido gratuitamente e não por nossos méritos. Foi o que recordou esta manhã (21/01) o Papa na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta. A sua reflexão partiu do Salmo responsorial (Salmo 88) e da Primeira Leitura (1Sm 16,1-13°) da Liturgia de hoje.
Com efeito, o Salmo 88 recorda a eleição de Davi como rei de Israel, depois que o Senhor rejeitou Saul por não ter obedecido. Na Primeira Leitura, o Senhor envia Samuel a ungir rei um dos filhos de Jessé de Belém.
A unção indica a eleição de Deus e é usada também hoje para ungir os sacerdotes, os bispos. Também nós cristãos no Batismo somos ungidos com óleo, recordou Francisco.
Samuel vai, mas não estava contente e o Senhor o repreende. Jessé tinha oito filhos e os chama um a um diante do profeta e, ao verem Eliab, disse: “Certamente é este o ungido do Senhor!”. Ma o Senhor respondeu: “Não olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o senhor olha o coração'”.
O Papa então recordou as vicissitudes vividas naquele momento: os irmãos de Davi combatiam contra os filisteus para defender o reino de Israel, “tinha méritos”, mas o Senhor escolheu o último deles. “Um jovem inquieto” que, “quando podia, ia assistir a luta dos irmãos contra o filisteus”, mas era mandado de volta para cuidar do rebanho.
Foi então chamado Davi, que era ruivo e de boa aparência. E o Senhor disse a Samuel para ungi-lo e assim, “a partir daquele dia, o espírito do Senhor se apoderou de Davi”.
A gratuidade da eleição de Deus
Um acontecimento que faz refletir, levando a questionar o porquê o Senhor escolhe um jovem normal, “que talvez fizesse ‘molecagens, como fazem os rapazes”, não era um jovem piedoso, “que rezava todos os dias”, tinha sete irmãos, “que tinham mais méritos do que ele”.
E mesmo assim, destacou o Papa, foi o eleito o mais novo, “o mais limitado, que não tinha títulos, não tinha nada”, não tinha combatido na guerra. Isso nos mostra a “gratuidade da eleição de Deus”:
Quando Deus escolhe, mostra a sua liberdade e a gratuidade. Pensemos todos nós que estamos aqui: por que o Senhor escolheu a nós? “Não, porque somos de uma família cristã, de uma cultura cristã…”. Não. Muitos de família cristã e de cultura cristã rejeitam o Senhor, não querem. Mas então por que estamos aqui, escolhidos pelo Senhor? Gratuitamente, sem qualquer mérito, gratuitamente. O Senhor nos elegeu gratuitamente. Nós não pagamos nada para nos tornar cristãos. Nós sacerdotes, bispos, não pagamos nada para nos tornar sacerdotes e bispos – pelo menos eu penso assim, não? Porque existem sim aqueles que querem ir em frente na chamada carreira eclesiástica, que se comportam de modo simoníaco, buscam influências para se tornar aqui, lá, lá... os galgadores. não? Não, mas isso não é cristão. O ser cristão, o ser batizados, o ser ordenados sacerdotes e bispos é pura gratuidade. Os dons do Senhor não se compram.
Custodiar o dom
A unção do Espírito Santo é gratuita. "Nós, o que podemos fazer?", pergunta o Papa. "Ser santos" e a santidade cristã é "custodiar o dom, nada mais", comportando-se em maneira tal "que o Senhor sempre permaneça com o dom e eu não o faça um mérito meu”:
Na vida cotidiana, nas tarefas, no trabalho, tantas vezes para ter um posto mais alto, se conversa com esse funcionário, com esse governante, conversamos com este aqui ..., porque "mas" diga ao chefe para me promover ...". Não é dom; isso é carreirismo. Mas o ser cristão, o ser sacerdotes, o ser bispos é somente um dom. E assim se entende nossa atitude de humildade, aquilo que devemos ter, sem nenhum mérito. Devemos somente custodiar este dom, para que não se perca. Todos somos ungidos pela eleição do Senhor; devemos custodiar esta unção que nos fez cristãos, nos fez sacerdotes, nos fez bispos. Esta é a santidade. As outras coisas não servem. A humildade de custodiar. E assim, o dom. Qual é o grande dom de Deus? O Espírito Santo! Quando o Senhor nos elegeu, ele nos deu o Espírito Santo. E isso é pura graça, é pura graça. Sem mérito nosso.
Esquecer o povo é renegar o dom de Deus
Por fim, o Papa recorda que Davi foi tirado do rebanho e de seu povo:
Se nós cristãos esquecemos o povo de Deus, também o povo não crente, se nós sacerdotes esquecemos nosso rebanho, se nós bispos esquecemos isso e nos sentimos mais importantes que os outros, renegamos o dom de Deus. É como dizer ao Espírito Santo: " Mas Tu vai, vai, vai tranquilo na Trindade, repousados, que eu consigo sozinho”. E isso não é cristão. Isso não é custodiar o dom. Peçamos hoje ao Senhor, pensando em Davi, que nos dê a graça de agradecer pelo dom que ele nos deu, de ter consciência deste dom, tão grande, tão bonito, e de custodiá-lo – essa gratuidade, este dom – cu. Fonte: https://www.vaticannews.va
EVANGELHO DOMINICAL COM O PAPA FRANCISCO: “Somos pecadores, mas não escravos do mal”
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“Aprendamos com João Batista a ‘não presumir que já conhecemos Jesus, de saber tudo sobre Ele. Não, não é assim. Temos que nos deter no Evangelho”. É o convite do Papa neste domingo, 19 de janeiro, durante a oração do Angelus.
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
Na manhã deste domingo, 19 de janeiro, na Praça São Pedro, o Papa Francisco durante a oração do Angelus convidou a todos a “darem um testemunho de Jesus”, recordando que no Evangelho de João “ao contrário dos outros três, não descreve o acontecimento, mas nos propõe o testemunho de João Batista. Ele foi a primeira testemunha de Cristo. Deus o chamara e o prepara para isso”.
João Batista
Depois do Batismo, João Batista, “ não consegue resistir ao impelente desejo de dar testemunho de Jesus e declara: ‘Eu vi e por isso dou testemunho’”.
E comenta a extraordinária novidade trazida por Jesus:
“Enquanto em todas as religiões é o homem que oferece e sacrifica alguma coisa a Deus, no evento Jesus é Deus que oferece o próprio Filho para a salvação da humanidade”
E o Papa pondera:
“O testemunho de João Batista nos convida a recomeçar sempre no nosso caminho de fé: recomeçar de Jesus Cristo, Cordeiro cheio de misericórdia que o Pai deu para nós”. Portanto deixar-nos sempre surpreender pela escolha de Deus de estar ao nosso lado.
Pecadores, mas não escravos
Porém, adverte o Papa:
“Aprendamos com João Batista a ‘não presumir que já conhecemos Jesus, de saber tudo sobre Ele. Não, não é assim. Temos que nos deter no Evangelho”
Francisco afirma “deixemo-nos instruir pelo Espírito Santo, que dentro nos diz: é Ele! É o Filho de Deus que se fez cordeiro, imolado por amor. Ele, Ele sozinho carregou, sofreu e expiou o pecado do mundo e também os meus pecados”.
Para finalmente entendermos que sim, ainda somos pobres pecadores porém não mais escravos, não, mas filhos, filhos de Deus! Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco: quem ama a Deus e não ama o irmão é mentiroso
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Amar e como amar: o Papa Francisco dedicou a este tema a homilia da missa celebrada esta sexta-feira na Casa Santa Marta, inspirado pela Primeira Carta do Apóstolo João.
Adriana Masotti – Cidade do Vaticano
A primeira leitura de hoje, extraída da Primeira Carta de João, fala do amor e a este tema o Papa dedicou a sua homilia ao celebrar a missa na capela da Casa Santa Marta (10/01). O apóstolo, afirmou, entendeu o que é o amor, o experimentou, e entrando no coração de Jesus, entendeu como se manifestou. A sua carta nos diz, portanto, como se ama e como fomos amados.
Deus nos amou por primeiro
O Pontífice definiu como “claras” duas de suas afirmações. A primeira é o fundamento do amor: “Nós amamos Deus porque Ele nos amou por primeiro”. O início do amor vem Dele. “Eu começo a amar, ou posso começar a amar, porque sei que Ele me amou por primeiro”, afirmou o Papa, que prosseguiu: “Se Ele não nos tivesse amado, certamente nós não poderíamos amar”.
Se uma criança recém-nascida, de poucos dias, pudesse falar, certamente explicaria esta realidade: “Sinto-me amada pelos pais”. E aquilo que os pais fazem com o filho, Deus fez conosco: nos amou por primeiro. E isso faz nascer e crescer a nossa capacidade de amar. Esta é uma definição clara do amor: nós podemos amar a Deus porque Ele nos amou por primeiro.
Quem ama a Deus e o odeia o irmão é mentiroso
A segunda afirmação “sem meias palavras” do apóstolo é esta: “Se alguém diz que ama a Deus, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso”. João não diz que é um mal-educado ou que errou, mas que é um mentiroso, notou o Papa, e também nós devemos aprender isto:
Eu amo a Deus, rezo, entro em êxtase e tudo… e depois descarto os outros, odeio os outros ou não os amo, simplesmente, ou sou indiferente aos outros… Não diz “você errou”, mas “você é mentiroso”. E esta palavra na Bíblia é clara, porque ser mentiroso é justamente o modo de ser do diabo: é o Grande Mentiroso, nos diz o Novo Testamento, é o pai da mentira. Esta é a definição de Satanás que a Bíblia nos dá. E se você diz amar a Deus e odeia o seu irmão, você está do outro lado: é um mentiroso. Nisto não há concessões.
Muitos podem encontrar justificativas para não amar, alguém pode dizer: "Eu não odeio, Padre, mas existem tantas pessoas que fazem mal para mim ou que não posso aceitar porque são mal-educadas ou rudes". E o Papa comenta sublinhando a concretude do amor indicado por João quando escreve: “Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” e afirma: "Se você não é capaz de amar as pessoas, dos mais próximos aos mais distantes com quem convive, você não pode nos dizer que ama a Deus: você é um mentiroso."
O amor é concreto e cotidiano
Mas não há somente o sentimento, o ódio, pode existir o desejo de não "se envolver" nas coisas dos outros. Mas isso não está certo, porque o amor "se expressa praticando o bem":
Se uma pessoa diz: "Eu, para estar bem limpo, só bebo água destilada": você morrerá! Porque isso não serve para a vida. O verdadeiro amor não é água destilada: é água todos os dias, com os problemas, com os afetos, com os amores e com os ódios, mas é isso. Amar a concretude, o amor concreto: não é um amor de laboratório. Isso nos ensina o apóstolo, com essas definições assim tão claras. Mas existe uma maneira de não amar a Deus e de não amar o próximo um pouco escondido, o que é indiferença. "Não, eu não quero isso: eu quero água destilada. Eu não me envolvo com o problema dos outros." Você deve, para ajudar, para rezar.
O Papa Francisco cita então uma expressão de São Alberto Hurtado, que dizia: "É bom não fazer o mal; mas é mal não fazer o bem”. O verdadeiro amor "deve levar a praticar o bem (...), a sujar as mãos nas obras de amor". Não é fácil, mas por esse caminho de fé existe a possibilidade de vencer o mundo, a mentalidade do mundo que "nos impede de amar."
Através do caminho da fé vencemos o mundo
Este é o caminho – afirma ainda o Papa - “aqui não entram os indiferentes, aqueles que lavam as mãos dos problemas, aqueles que não querem envolver-se nos problemas para ajudar, para fazer o bem; não entram os falsos místicos, aqueles com o coração destilado como a água, que dizem amar a Deus, mas não amam o próximo", e conclui: "Que o Senhor nos ensine estas verdades: a segurança de termos sido amados por primeiro e a coragem de amar os irmãos". Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco, uma freira africana tenta puxá-lo e ele faz graça: “Desde que não morda”
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O Papa Francisco após o acidente na praça São Pedro com a mulher asiática em quem deu dois sonoros tapinhas na mão, perdendo a paciência porque o estava puxando, voltou a caminhar entre a multidão e, novamente, se viu obrigado a controlar o excessivo entusiasmo de uma freira africana que gesticulava com grande energia por trás das barreiras. Só que desta vez o Papa reagiu de maneira diferente, demonstrando ironia, provavelmente atento à repercussão provocada pelo episódio anterior. Observando a mulher Francisco disse: “estou com medo. Você morde”. Naturalmente, a freira não fez que não com a cabeça, continuando a manter os braços estendidos na direção de Francisco. “Eu lhe darei um beijo, mas fique calma, está bem? Não morda”. A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 08-01-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Então o Papa se aproximou da freira e a abraçou e beijou. Atrás dele, a poucos centímetros, estavam o chefe das Guardas suíças (também presente na noite de 31 de dezembro na Praça São Pedro) e o novo comandante da Gendarmaria, Gianluca Gauzzi, que observaram a cena um pouco perplexos.
A entrada do papa na sala Paulo VI, onde foi realizada a audiência geral da quarta-feira, foi recebida pelo habitual multidão, só que nesta manhã os homens da escolta pareciam estar marcando o papa mais de perto, tentando desencorajar com a sua presença todos os fiéis que por trás das barreiras de madeira tentavam agarrar o pontífice pela manga e arrastá-lo para perto para um cumprimento, uma bênção ou uma selfie.
Mais tarde, durante a audiência, o Papa comentou algumas passagens dos Atos dos Apóstolos. "Paulo nos ensina a viver as provações aproximando-nos a Cristo, para amadurecer a convicção de que Deus pode agir em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos e a certeza de que quem se oferece e se entrega a Deus por amor certamente será fecundo”. Recordando o naufrágio de São Paulo em Malta, o pontífice lançou um apelo aos naufragados de hoje, os migrantes que atravessam o Mediterrâneo para desembarcar nas costas europeias. “Hoje pedimos ao Senhor que nos ajude a viver todas as provações suportadas com a energia da fé; e ser sensíveis aos tantos náufragos da história que chegam exaustos às nossas costas, para que também saibamos recebê-los com esse amor fraterno que vem do encontro com Jesus. É isso que salva do gelo da indiferença e da desumanidade". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Crise EUA-Irã, o núncio: o Papa reza, há preocupação
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Alcançado por telefone em Teerã, dom Leo Boccardi descreve a situação de tensão e protestos causados pela morte do general Solemaini após o ataque estadunidense: devem ser usadas as armas da negociação e da justiça.
Amedeo Lomonaco, Silvonei José - Cidade do Vaticano
O aumento da tensão entre Washington e Teerã, após a morte de uma das figuras-chave do cenário iraniano, o general Qassem Soleimani, vítima de um ataque aéreo estadunidense, desperta apreensão na Santa Sé, com o Papa Francisco que segue a evolução da situação e reza pela paz. Vatican News conversou sobre isso com o núncio apostólico no Irã, dom Leo Boccardi:
O Papa foi informado do que está ocorrendo nestas horas em toda a região e também no Irã, após o assassinato do general Solemaini. Tudo isso cria preocupação e nos mostra como é difícil construir e acreditar na paz. A boa política está a serviço da paz, toda a comunidade internacional deve colocar-se a serviço da paz, não só na região, mas em todo o mundo. Certamente, há uma grande tensão no Irã, neste momento. Tem havido manifestações onde, após a incredulidade, se registram violência, dor e protestos.
Um momento muito difícil e muito delicado. O que é importante neste momento?
O apelo é para diminuir a tensão, chamar todos à negociação e acreditar no diálogo sabendo, como a história sempre nos ensinou, que a guerra e as armas não são as soluções para os problemas que afligem o mundo de hoje. Temos de acreditar na negociação. Temos de acreditar no diálogo. Devemos renunciar ao conflito e armar-nos com as outras armas que são as da justiça e da boa vontade.
Para usar estas "armas" da justiça e boa vontade, o que devemos fazer?
Devemos continuar a fazer todos os esforços para chamar a atenção da comunidade internacional para a situação no Oriente Médio. Uma situação que deve ser resolvida e todos devem ser chamados à responsabilidade direta que temos. Pacta sunt servanda, diz uma regra importante da diplomacia. E as regras do direito devem ser respeitadas por todos. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa admite ter perdido paciência com fiel e pede 'desculpas pelo mau exemplo'
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No último dia do ano, Francisco se irritou no Vaticano ao ser puxado por uma fiel e deu tapas na mão da mulher para se soltar. Imagens viralizam, e pontífice falou brevemente sobre o incidente nesta quarta-feira (1º).
O papa Francisco admitiu nesta quarta-feira (1º) ter perdido a paciência com uma fiel, na Praça de São Pedro, no Vaticano, no último dia do ano.
"Muitas vezes nós perdemos a paciência. Acontece comigo também. Eu me desculpo pelo mau exemplo dado ontem", disse Francisco na primeira missa de 2020.
Na noite desta terça-feira (31), ao passar para cumprimentar fiéis do outro lado de uma grade diante do presépio da Praça de São Pedro, Francisco teve sua mão agarrada e puxada por uma mulher.
O chefe da Igreja Católica, de 83 anos, reagiu bruscamente, exclamou algo e depois bateu duas vezes na mão da mulher, visivelmente incomodado. As imagens viralizaram nas redes sociais.
Ele ainda continuou caminhando com alguma dificuldade e aumentou a distância dos visitantes, mas depois relaxou novamente à medida que entrava em contato com outras crianças.
Na primeira missa deste ano, Francisco defendeu que a defesa da paz e a construção de um mundo melhor exigem o respeito pela dignidade das mulheres.
"O renascimento da humanidade começou pela mulher. Se quisermos tecer de humanidade a trama dos nossos dias, devemos recomeçar da mulher. No seio de uma mulher, Deus e a humanidade uniram-se para nunca mais se deixarem. Em Deus, há a nossa carne humana e para sempre Maria será a Mãe de Deus", disse. Fonte: https://g1.globo.com
Te Deum com o Papa: com Deus, fazer novas todas as coisas
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“Deus habita em meio ao seu Povo, caminha com ele e vive a sua vida. A sua fidelidade é concreta, é proximidade à existência cotidiana dos seus filhos. Ou melhor, quando Deus quer fazer novas todas as coisas por meio do seu Filho, não começa do templo, mas do ventre de uma mulher pequena e pobre do seu Povo.”
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Agradeçamos a Deus pela sua graça que nos amparou neste ano e, com alegria, elevemos a Ele o canto de louvor: com espírito de gratidão o Papa Francisco presidiu às vésperas da Solenidade de Maria Mãe de Deus na Basílica Vaticana, na tradicional cerimônia com o Te Deum.
Novos olhos
Em sua homilia, o Pontífice fez um paralelo entre as cidades de Jerusalém e de Roma, inspirado no capítulo quarto de Gálatas: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho”. Em Jerusalém, afirmou, nenhum dos habitantes percebe que o Filho de Deus feito homem está caminhando pelas ruas, provavelmente nem mesmo os seus discípulos.
As palavras e os sinais de salvação que Ele realiza na cidade suscitam estupor e um entusiasmo momentâneo, mas não são acolhidos em seu pleno significado.
“Na cidade, Deus fincou a sua tenda... e dali jamais se afastou! A sua presença na cidade, também nesta nossa cidade de Roma, não deve ser fabricada, mas descoberta e desvelada. Somos nós que devemos pedir a graça de olhos novos.”
Olhos novos capazes de um “olhar contemplativo”, isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita em nas casas, ruas e praças da cidade.
A partir do ventre de uma mulher
Nas escrituras, explicou o Papa, os profetas alertam para a tentação de relacionar a presença de Deus somente ao templo.
“Ele habita em meio ao seu Povo, caminha com ele e vive a sua vida. A sua fidelidade é concreta, é proximidade à existência cotidiana dos seus filhos. Ou melhor, quando Deus quer fazer novas todas as coisas por meio do seu Filho, não começa do templo, mas do ventre de uma mulher pequena e pobre do seu Povo.”
“É extraordinária esta escolha de Deus!”, exclamou Francisco. Ele não transforma a história através dos homens poderosos das instituições civis e religiosas, mas a partir das mulheres da periferia do império, como Maria, e dos ventres estéreis, como o de Isabel.
“Gostaria esta noite que o nosso olhar sobre a cidade de Roma colhesse as coisas do ponto de vista do olhar de Deus”, disse ainda o Papa, afirmando que Deus exulta ao ver as inúmeras obras de bem que são realizadas todos os dias.
“Roma não é somente uma cidade complicada, com muitos problemas, desigualdades, corrupção e tensões sociais. Roma é uma cidade em que Deus envia a sua Palavra”, que encontra morada no coração dos seus habitantes e os leva a acreditar não obstante tudo.
A escuta é um ato de amor
O Pontífice citou as inúmeras pessoas “corajosas” – fiéis ou não – que encontrou nesses anos e que representam o coração “palpitante” de Roma. Através dos pequeninos e dos pobres, Deus jamais deixou de mudar a história e o rosto da cidade, inspirando-os a construir pontes e não muros.
O Senhor chama a todos a lançarem-se em meio à multidão, a colocarem-se à escuta. A escuta, aliás, é um ato de amor:
“Ter tempo para os outros, dialogar, reconhecer com um olhar contemplativo a presença e a ação de Deus nos demais, testemunhar com os fatos, mais do que as palavras, a vida nova do Evangelho, é realmente um serviço de amor que transforma a realidade.”
Deste modo, acrescentou Francisco, na cidade e também na Igreja circula ar novo, vontade de colocar-se em caminho, de superar as antigas lógicas de contraposição, para colaborar juntos, edificando uma cidade mais justa e fraterna.
O Papa concluiu recordando que não devemos ter medo ou nos sentir inadequados para uma missão assim tão importante. “Lembremo-nos: Deus não nos escolhe por causa das nossas qualidades, mas justamente porque somos e nos sentimos pequenos. Agradeçamos a Deus pela sua graça que nos amparou neste ano e, com alegria, elevemos a Ele o canto de louvor.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Dia Mundial da Paz – 1º de janeiro de 2020 – Mensagem do Papa Francisco
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“A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica” é o tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2020, celebrado em 1º de janeiro.
Na mensagem, o Santo Padre afirmou que “a fratura entre os membros de uma sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa de empregar os meios para um desenvolvimento humano integral colocam em perigo a prossecução do bem comum. Inversamente, o trabalho paciente, baseado na força da palavra e da verdade, pode despertar nas pessoas a capacidade de compaixão e solidariedade criativa”.
A seguir, o texto completo da mensagem do Papa Francisco:
1- A paz, caminho de esperança face aos obstáculos e provações
A paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a humanidade. Depor esperança na paz é um comportamento humano que alberga uma tal tensão existencial, que o momento presente, às vezes até custoso, «pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros dessa meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho»[1]. Assim, a esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis.
A nossa comunidade humana traz, na memória e na carne, os sinais das guerras e conflitos que têm vindo a suceder-se, com crescente capacidade destruidora, afetando especialmente os mais pobres e frágeis. Há nações inteiras que não conseguem libertar-se das cadeias de exploração e corrupção que alimentam ódios e violências. A muitos homens e mulheres, crianças e idosos, ainda hoje se nega a dignidade, a integridade física, a liberdade – incluindo a liberdade religiosa –, a solidariedade comunitária, a esperança no futuro. Inúmeras vítimas inocentes carregam sobre si o tormento da humilhação e da exclusão, do luto e da injustiça, se não mesmo os traumas resultantes da opressão sistemática contra o seu povo e os seus entes queridos.
As terríveis provações dos conflitos civis e dos conflitos internacionais, agravadas muitas vezes por violências desalmadas, marcam prolongadamente o corpo e a alma da humanidade. Na realidade, toda a guerra se revela um fratricídio que destrói o próprio projeto de fraternidade, inscrito na vocação da família humana.
Sabemos que, muitas vezes, a guerra começa pelo facto de não se suportar a diversidade do outro, que fomenta o desejo de posse e a vontade de domínio. Nasce, no coração do homem, a partir do egoísmo e do orgulho, do ódio que induz a destruir, a dar uma imagem negativa do outro, a excluí-lo e cancelá-lo. A guerra nutre-se com a perversão das relações, com as ambições hegemônicas, os abusos de poder, com o medo do outro e a diferença vista como obstáculo; e simultaneamente alimenta tudo isso.
Como fiz notar durante a recente viagem ao Japão, é paradoxal que «o nosso mundo viva a dicotomia perversa de querer defender e garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança, que acaba por envenenar as relações entre os povos e impedir a possibilidade de qualquer diálogo. A paz e a estabilidade internacional são incompatíveis com qualquer tentativa de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação total. São possíveis só a partir duma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço dum futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira de hoje e de amanhã»[2].
Toda a situação de ameaça alimenta a desconfiança e a retirada para dentro da própria condição. Desconfiança e medo aumentam a fragilidade das relações e o risco de violência, num círculo vicioso que nunca poderá levar a uma relação de paz. Neste sentido, a própria dissuasão nuclear só pode criar uma segurança ilusória.
Por isso, não podemos pretender manter a estabilidade no mundo através do medo da aniquilação, num equilíbrio muito instável, pendente sobre o abismo nuclear e fechado dentro dos muros da indiferença, onde se tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada para os dramas do descarte do homem e da criação, em vez de nos guardarmos uns aos outros[3]. Então como construir um caminho de paz e mútuo reconhecimento? Como romper a lógica morbosa da ameaça e do medo? Como quebrar a dinâmica de desconfiança atualmente prevalecente?
Devemos procurar uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua. O desejo de paz está profundamente inscrito no coração do homem e não devemos resignar-nos com nada de menos.
2- A paz, caminho de escuta baseado na memória, solidariedade e fraternidade
Os sobreviventes aos bombardeamentos atômicos de Hiroshima e Nagasaki – denominados os hibakusha – contam-se entre aqueles que, hoje, mantêm viva a chama da consciência coletiva, testemunhando às sucessivas gerações o horror daquilo que aconteceu em agosto de 1945 e os sofrimentos indescritíveis que se seguiram até aos dias de hoje. Assim, o seu testemunho aviva e preserva a memória das vítimas, para que a consciência humana se torne cada vez mais forte contra toda a vontade de domínio e destruição. «Não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, aquela memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno»[4].
Como eles, há muitos, em todas as partes do mundo, que oferecem às gerações futuras o serviço imprescindível da memória, que deve ser preservada não apenas para evitar que se voltem a cometer os mesmos erros ou se reproponham os esquemas ilusórios do passado, mas também para que a memória, fruto da experiência, constitua a raiz e sugira a vereda para as opções de paz presentes e futuras.
Mais ainda, a memória é o horizonte da esperança: muitas vezes, na escuridão das guerras e dos conflitos, a lembrança mesmo dum pequeno gesto de solidariedade recebida pode inspirar opções corajosas e até heroicas, pode colocar em movimento novas energias e reacender nova esperança nos indivíduos e nas comunidades.
Abrir e traçar um caminho de paz é um desafio muito complexo, pois os interesses em jogo, nas relações entre pessoas, comunidades e nações, são múltiplos e contraditórios. É preciso, antes de mais nada, fazer apelo à consciência moral e à vontade pessoal e política. Com efeito, a paz alcança-se no mais fundo do coração humano, e a vontade política deve ser incessantemente revigorada para abrir novos processos que reconciliem e unam pessoas e comunidades.
O mundo não precisa de palavras vazias, mas de testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões nem manipulações. De facto, só se pode chegar verdadeiramente à paz quando houver um convicto diálogo de homens e mulheres que buscam a verdade mais além das ideologias e das diferentes opiniões. A paz é uma construção que «deve estar constantemente a ser edificada»[5], um caminho que percorremos juntos procurando sempre o bem comum e comprometendo-nos a manter a palavra dada e a respeitar o direito. Na escuta mútua, podem crescer também o conhecimento e a estima do outro, até ao ponto de reconhecer no inimigo o rosto dum irmão.
Por conseguinte, o processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória das vítimas e abre, passo a passo, para uma esperança comum, mais forte que a vingança. Num Estado de direito, a democracia pode ser um paradigma significativo deste processo, se estiver baseada na justiça e no compromisso de tutelar os direitos de cada um, especialmente se vulnerável ou marginalizado, na busca contínua da verdade[6]. Trata-se duma construção social em contínua elaboração, para a qual cada um presta responsavelmente a própria contribuição, a todos os níveis da comunidade local, nacional e mundial.
Como assinalava o Papa São Paulo VI, «a dupla aspiração – à igualdade e à participação – procura promover um tipo de sociedade democrática. (…). Isto, de per si, já diz bem qual a importância de uma educação para a vida em sociedade, em que, para além da informação sobre os direitos de cada um, seja recordado também o seu necessário correlativo: o reconhecimento dos deveres de cada um em relação aos outros. O sentido e a prática do dever são, por sua vez, condicionados pelo domínio de si mesmo, pela aceitação das responsabilidades e das limitações impostas ao exercício da liberdade do indivíduo ou do grupo»[7].
Pelo contrário, a fratura entre os membros duma sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa de empregar os meios para um desenvolvimento humano integral colocam em perigo a prossecução do bem comum. Inversamente, o trabalho paciente, baseado na força da palavra e da verdade, pode despertar nas pessoas a capacidade de compaixão e solidariedade criativa.
Na nossa experiência cristã, fazemos constantemente memória de Cristo, que deu a sua vida pela nossa reconciliação (cf. Rm 5, 6-11). A Igreja participa plenamente na busca duma ordem justa, continuando a servir o bem comum e a alimentar a esperança da paz, através da transmissão dos valores cristãos, do ensinamento moral e das obras sociais e educacionais.
3- A paz, caminho de reconciliação na comunhão fraterna
A Bíblia, particularmente através da palavra dos profetas, chama as consciências e os povos à aliança de Deus com a humanidade. Trata-se de abandonar o desejo de dominar os outros e aprender a olhar-se mutuamente como pessoas, como filhos de Deus, como irmãos. O outro nunca há de ser circunscrito àquilo que pôde ter dito ou feito, mas deve ser considerado pela promessa que traz em si mesmo. Somente escolhendo a senda do respeito é que será possível romper a espiral da vingança e empreender o caminho da esperança.
Guia-nos a passagem do Evangelho que reproduz o seguinte diálogo entre Pedro e Jesus: «“Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”» (Mt 18, 21-22). Este caminho de reconciliação convida-nos a encontrar no mais fundo do nosso coração a força do perdão e a capacidade de nos reconhecermos como irmãos e irmãs. Aprender a viver no perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de paz.
O que é verdade em relação à paz na esfera social, é verdadeiro também no campo político e econômico, pois a questão da paz permeia todas as dimensões da vida comunitária: nunca haverá paz verdadeira, se não formos capazes de construir um sistema econômico mais justo. Como escreveu Bento XVI, «a vitória sobre o subdesenvolvimento exige que se atue não só sobre a melhoria das transações fundadas sobre o intercâmbio, nem apenas sobre as transferências das estruturas assistenciais de natureza pública, mas sobretudo sobre a progressiva abertura, em contexto mundial, para formas de atividade econômica caraterizadas por quotas de gratuidade e de comunhão»[8].
4- A paz, caminho de conversão ecológica
«Se às vezes uma má compreensão dos nossos princípios nos levou a justificar o abuso da natureza, ou o domínio despótico do ser humano sobre a criação, ou as guerras, a injustiça e a violência, nós, crentes, podemos reconhecer que então fomos infiéis ao tesouro de sabedoria que devíamos guardar»[9].
Vendo as consequências da nossa hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais – considerados como instrumentos úteis apenas para o lucro de hoje, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza –, precisamos duma conversão ecológica.
O Sínodo recente sobre a Amazônia impele-nos a dirigir, de forma renovada, o apelo em prol duma relação pacífica entre as comunidades e a terra, entre o presente e a memória, entre as experiências e as esperanças.
Este caminho de reconciliação inclui também escuta e contemplação do mundo que nos foi dado por Deus, para fazermos dele a nossa casa comum. De facto, os recursos naturais, as numerosas formas de vida e a própria Terra foram-nos confiados para ser «cultivados e guardados» (cf. Gn 2, 15) também para as gerações futuras, com a participação responsável e diligente de cada um. Além disso, temos necessidade duma mudança nas convicções e na perspectiva, que nos abra mais ao encontro com o outro e à recepção do dom da criação, que reflete a beleza e a sabedoria do seu Artífice.
De modo particular brotam daqui motivações profundas e um novo modo de habitar na casa comum, de convivermos uns e outros com as próprias diversidades, de celebrar e respeitar a vida recebida e partilhada, de nos preocuparmos com condições e modelos de sociedade que favoreçam o desabrochar e a permanência da vida no futuro, de desenvolver o bem comum de toda a família humana.
Por conseguinte a conversão ecológica, a que apelamos, leva-nos a uma nova perspectiva sobre a vida, considerando a generosidade do Criador que nos deu a Terra e nos chama à jubilosa sobriedade da partilha. Esta conversão deve ser entendida de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos com as nossas irmãs e irmãos, com os outros seres vivos, com a criação na sua riquíssima variedade, com o Criador que é origem de toda a vida. Para o cristão, uma tal conversão exige «deixar emergir, nas relações com o mundo que o rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus»[10].
5- Obtém-se tanto quanto se espera[11]
O caminho da reconciliação requer paciência e confiança. Não se obtém a paz, se não a esperamos.
Trata-se, antes de mais nada, de acreditar na possibilidade da paz, de crer que o outro tem a mesma necessidade de paz que nós. Nisto, pode-nos inspirar o amor de Deus por cada um de nós, amor libertador, ilimitado, gratuito, incansável.
O medo é, frequentemente, fonte de conflito. Por isso, é importante ir além dos nossos temores humanos, reconhecendo-nos filhos necessitados diante d’Aquele que nos ama e espera por nós, como o Pai do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-24). A cultura do encontro entre irmãos e irmãs rompe com a cultura da ameaça. Torna cada encontro uma possibilidade e um dom do amor generoso de Deus. Faz-nos de guia para ultrapassarmos os limites dos nossos horizontes estreitos, procurando sempre viver a fraternidade universal, como filhos do único Pai celeste.
Para os discípulos de Cristo, este caminho é apoiado também pelo sacramento da Reconciliação, concedido pelo Senhor para a remissão dos pecados dos batizados. Este sacramento da Igreja, que renova as pessoas e as comunidades, convida a manter o olhar fixo em Jesus, que reconciliou «todas as coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as que estão na terra como as que estão no céu» (Col 1, 20); e pede para depor toda a violência nos pensamentos, nas palavras e nas obras quer para com o próximo quer para com a criação.
A graça de Deus Pai oferece-se como amor sem condições. Recebido o seu perdão, em Cristo, podemos colocar-nos a caminho para ir oferecê-lo aos homens e mulheres do nosso tempo. Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz.
Que o Deus da paz nos abençoe e venha em nossa ajuda.
Que Maria, Mãe do Príncipe da paz e Mãe de todos os povos da terra, nos acompanhe e apoie, passo a passo, no caminho da reconciliação.
E que toda a pessoa que vem a este mundo possa conhecer uma existência de paz e desenvolver plenamente a promessa de amor e vida que traz em si.
Vaticano, 8 de dezembro de 2019.
Francisco
[1] Bento XVI, Carta enc. Spe salvi, 30 de novembro de 2007, 1.
[2] Discurso sobre as armas nucleares, Nagasáqui – Parque «Atomic Bomb Hypocenter», 24 de novembro de 2019.
[3] Cf. Francisco, Homilia em Lampedusa, 8 de julho de 2013.
[4] Francisco, Discurso sobre a Paz, Hiroxima – Memorial da Paz, 24 de novembro de 2019.
[5] Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 78.
1[6] Cf. Bento XVI, Discurso aos dirigentes e membros das Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos (ACLI), 27 de janeiro de 2006.
[7] Carta ap. Octogesima adveniens, 14 de maio de 1971, 24.
[8] Carta enc. Caritas in veritate, 29 de junho de 2009, 39.
[9] Francisco, Carta enc. Laudato si’, 24 de maio de 2015, 200.
[10] Ibid., 217.
[11] Cf. São João da Cruz, Noite Escura, II, 21, 8.
Fonte: http://crbnacional.org.br
Papa Francisco na Noite de Natal: amar não é tempo perdido
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“Frequentemente, as nossas vidas transcorrem alheias à gratidão. Hoje é o dia justo para nos aproximarmos do sacrário, do presépio, da manjedoura, e dizermos obrigado”, disse o Papa Francisco na homilia da Noite de Natal.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
Um pensamento todo centralizado sobre a “graça de Deus”: assim foi a homilia do Papa Francisco na missa da noite de Natal.
Na Basílica de São Pedro, repleta de fiéis, ressoaram as palavras do profeta Isaías: “Habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles”.
Esta luz que se manifestou na escuridão é a graça de Deus, disse o Papa, explicando: “é o amor divino, o amor que transforma a vida, renova a história, liberta do mal, infunde paz e alegria”. Esta luz é Jesus.
O dom da graça
O Apóstolo Paulo a chama de “graça” porque é completamente gratuita: “Enquanto aqui, na terra, tudo parece seguir a lógica do dar para receber, Deus chega de graça. O seu amor ultrapassa qualquer possibilidade de negócio: nada fizemos para o merecer, e nunca poderemos retribuí-lo”.
Por não estamos à Sua altura, Ele desce até nós: “O Natal nos lembra que Deus continua a amar todo o homem, mesmo o pior”.
Homilia do Papa Francisco na Noite de Natal
Este amor independe de nossas obras, boas ou ruins. “O seu amor é incondicional.” Mesmo nos nossos pecados, Ele continua a nos amar. Esta é a mensagem que o Papa Francisco repetiu com veemência mais de uma vez. Jesus nasce pobre de tudo, para nos conquistar com a riqueza do seu amor.
Coragem, afirmou o Pontífice aos fiéis, “não perder a esperança, não pensar que amar seja tempo perdido”.
Esta noite o amor venceu o medo, a luz gentil de Deus venceu as trevas da arrogância humana. “Humanidade”, clamou o Papa.
Acolher o dom
Diante desta graça de Deus, não nos resta que acolher este dom entregando-se a Ele. Não há desculpas: os problemas da vida, os erros da Igreja, o mal que existe no mundo. Tudo passa em segundo plano diante do amor de Jesus por nós.
Então, afirmou Francisco, a questão do Natal é esta: “Deixo-me amar por Deus? Abandono-me ao seu amor que vem me salvar?”
Acolher com gratidão
Acolher a graça é saber agradecer, prosseguiu o Pontífice.
“Frequentemente, porém, as nossas vidas transcorrem alheias à gratidão. Hoje é o dia justo para nos aproximarmos do sacrário, do presépio, da manjedoura, e dizermos obrigado”
Acolher o dom que é Jesus para depois se tornar dom como Jesus e, assim, dar sentido à própria vida. É dando sentido a ela que podemos mudar mundo e toda a realidade que nos circunda:
“Não esperemos que o próximo se torne bom para lhe fazermos bem, que a Igreja seja perfeita para a amarmos, que os outros tenham consideração por nós para os servirmos. Comecemos nós. Isto é acolher o dom da graça.”
Francisco concluiu a homilia citando um episódio que se narra sobre um dos pastores que, pobre, sem nada a oferecer, segura nos braços o Menino Jesus:
“Querido irmão, querida irmã, se as suas mãos lhe parecem vazias, se vê o seu coração pobre de amor, esta é a sua noite. Manifestou-se a graça de Deus, para resplandecer na sua vida. Acolha-a e brilhará em você a luz do Natal.” Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco: Mensagem Urbi et Orbi: "Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida"
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Síria, Líbano, Iêmen, Iraque, Venezuela e nações do continente americano, Ucrânia, República Democrática do Congo, Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria. Regiões da humanidade onde há dor e sofrimento provocados pelas trevas nos corações humanos, nas relações pessoais, familiares, sociais, nos conflitos econômicos, geopolíticos e ecológicos, receberam a atenção do Santo Padre em sua mensagem Urbi et Orbi neste dia de Natal: "Mas a luz de Cristo é maior", reiterou.
Cidade do Vaticano
A Mensagem e a Bênção Urbi et Orbi do Santo Padre:
«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1).
Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!
Nesta noite, do ventre da mãe Igreja, nasceu de novo o Filho de Deus feito homem. O seu nome é Jesus, que significa Deus salva. O Pai, Amor eterno e infinito, enviou-O ao mundo, não para condenar o mundo, mas para o salvar (cf. Jo 3, 17). O Pai no-Lo deu, com imensa misericórdia; deu-O para todos; deu-O para sempre. E Ele nasceu como uma chamazinha acesa na escuridão e no frio da noite.
Aquele Menino, nascido da Virgem Maria, é a Palavra de Deus que Se fez carne; a Palavra que guiou o coração e os passos de Abraão rumo à terra prometida, e continua a atrair aqueles que confiam nas promessas de Deus; a Palavra que guiou os judeus no caminho desde a escravidão à liberdade, e continua a chamar os escravos de todos os tempos, incluindo os de hoje, para sairem das suas prisões. É Palavra mais luminosa do que o sol, encarnada num pequenino filho de homem, Jesus, luz do mundo.
Por isso, o profeta exclama: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1). É verdade que há trevas nos corações humanos, mas é maior a luz de Cristo; há trevas nas relações pessoais, familiares, sociais, mas é maior a luz de Cristo; há trevas nos conflitos económicos, geopolíticos e ecológicos, mas é maior a luz de Cristo.
Que Jesus Cristo seja luz para tantas crianças que padecem a guerra e os conflitos no Médio Oriente e em vários países do mundo; seja conforto para o amado povo sírio, ainda sem o fim à vista das hostilidades que dilaceraram o país nesta década; sacuda as consciências dos homens de boa vontade; inspire os governantes e a comunidade internacional, para encontrar soluções que garantam a segurança e a convivência pacífica dos povos da Região e ponham termo aos seus sofrimentos; seja sustentáculo para o povo libanês, para poder sair da crise atual e redescobrir a sua vocação de ser mensagem de liberdade e coexistência harmoniosa para todos.
Que o Senhor Jesus seja luz para a Terra Santa, onde Ele nasceu, Salvador do homem, e onde continua a expectativa de tantos que, apesar de cansados mas sem se perder de ânimo, aguardam dias de paz, segurança e prosperidade; seja consolação para o Iraque, atravessado por tensões sociais, e para o Iémen, provado por uma grave crise humanitária.
Que o Menino pequerrucho de Belém seja esperança para todo o continente americano, onde várias nações estão a atravessar um período de convulsões sociais e políticas; revigore o querido povo venezuelano, longamente provado por tensões políticas e sociais, e não lhe deixe faltar a ajuda de que precisa; abençoe os esforços de quantos se empenham em favorecer a justiça e a reconciliação e trabalham para superar as várias crises e as inúmeras formas de pobreza que ofendem a dignidade de cada pessoa.
Que o Redentor do mundo seja luz para a querida Ucrânia, que aspira por soluções concretas para uma paz duradoura.
Que o Senhor recém-nascido seja luz para os povos da África, onde perduram situações sociais e políticas que, frequentemente, obrigam as pessoas a emigrar, privando-as duma casa e duma família; haja paz para a população que vive nas regiões orientais da República Democrática do Congo, martirizada por conflitos persistentes; seja conforto para quantos padecem por causa das violências, calamidades naturais ou emergências sanitárias; dê consolação a todos os perseguidos por causa da sua fé religiosa, especialmente os missionários e os fiéis sequestrados, e para quantos são vítimas de ataques de grupos extremistas, sobretudo no Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria.
Que o Filho de Deus, descido do Céu à terra, seja defesa e amparo para todos aqueles que, por causa destas e outras injustiças, devem emigrar na esperança duma vida segura. É a injustiça que os obriga a atravessar desertos e mares, transformados em cemitérios; é a injustiça que os obriga a suportar abusos indescritíveis, escravidões de todo o género e torturas em campos de detenção desumanos; é a injustiça que os repele de lugares onde poderiam ter a esperança duma vida digna e lhes faz encontrar muros de indiferença.
Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida. Enterneça o nosso coração frequentemente endurecido e egoísta e nos torne instrumentos do seu amor. Através dos nossos pobres rostos, dê o seu sorriso às crianças de todo o mundo: às crianças abandonadas e a quantas sofreram violências. Através das nossas frágeis mãos, vista os pobres que não têm nada para se cobrir, dê o pão aos famintos, cuide dos enfermos. Pela nossa frágil companhia, esteja próximo das pessoas idosas e de quantas vivem sozinhas, dos migrantes e dos marginalizados. Neste dia de festa, dê a todos a sua ternura e ilumine as trevas deste mundo. Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco: A coragem de parar e contemplar
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O destaque nas atividades do Papa e da Santa Sé. Durante a Audiência Geral de quarta-feira, o Papa convidou não somente a fazer, mas a ficar diante do presépio para falar na intimidade com o Senhor da vida. Suas felicitações chegaram ontem também aos detentos e às mães em dificuldade em Milão. Francisco também tuitou no Dia Internacional dos Migrantes
Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano
Dentro de poucos dias será o Natal: em meio ao barulho da vida, há necessidade da sabedoria de parar e ouvir Deus que fala no silêncio. Foi o que recordou o Papa Francisco na Audiência Geral desta manhã, dedicada à "bela tradição do presépio". É encontrar a coragem de dar o nosso tempo a Deus para contemplar o Eterno que entrou na história para mudar o mundo, levando a paz onde são fabricadas armas: "O Senhor da glória deixou o seu céu para estar conosco e transformar nossa terra em céu”.
No dia em que a Liturgia do Advento recorda a fé de São José, homem do silêncio, o Papa convida à oração, que é um diálogo íntimo com o Senhor, mas é também simplesmente estar com o Deus que se fez próximo: rezar é sobretudo escutar. E a verdadeira escuta muda a vida. Assim, o presépio vivo do Deus feito homem se torna o Evangelho que é levado "às casas, às escolas, aos locais de trabalho e de encontro, aos hospitais e aos asilos, às prisões e às praças". Deus nasce quando abrimos os nossos corações "ao próximo que tem necessidade de nosso amor".
O Papa, por ocasião da Audiência Geral, sempre se dirige aos enfermos, os encontra, os abraça com afeto. Os doentes, mas também aqueles citados no capítulo 25 do Evangelho de Mateus, os pobres, os prisioneiros, os estrangeiros, todos aqueles que tem necessidade de nós, os encontraremos novamente no final dos tempos, quando seremos julgados com base no amor.
E hoje o Papa, no tweet pelo Dia Internacional dos Migrantes, recordou quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Eles são válidos para todos aqueles que tem necessidade do nosso amor e servem "para construir a cidade de Deus e do homem".
Amanhã, Francisco encontrará refugiados recém-chegados de Lesbos com os corredores humanitários e fará colocar uma Cruz - no acesso ao Palácio Apostólico a partir do Pátio Belvedere - em memória dos migrantes e refugiados.
Por fim, a saudação do Papa chegou ontem a Milão, por meio do cardeal Pietro Parolin, também aos detentos da prisão da Ópera e às mães e às crianças em dificuldade apoiadas pela Fundação Arché em um prédio em Quarto Oggiaro.
Experiência significativa dos presos que, desde 2016 - lançamento do laboratório "O sentido do pão" - produziram mais de três milhões de hóstias distribuídas em paróquias em todo o mundo.
"Vocês - disse o secretário de Estado - estão colaborando com o Senhor, para que possa dar vida a tantas pessoas". Fonte: https://www.vaticannews.va
Audiência: "Fazer o presépio é convidar Jesus a entrar na nossa vida". Papa Francisco
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"Jesus não muda magicamente as coisas, mas, se O acolhermos, todas as coisas podem mudar. Porque se Ele habita a vida, ela renasce. E se a vida renasce, é verdadeiramente Natal. Feliz Natal a todos”, disse o Papa Francisco na Audiência Geral.
Cidade do Vaticano
Faltando uma semana para o Natal, o Papa Francisco dedicou a catequese desta quarta-feira (18/12) na Audiência Geral ao modo como estamos nos preparando para acolher o festejado.
Um modo simples, mas eficaz, afirmou o Pontífice, é preparar o presépio, recordando que este ano foi a Greccio – lugar do primeiro presépio idealizado por São Francisco – e que escreveu uma Carta Apostólica a respeito.
Evangelho vivo
O presépio, de fato, é como um Evangelho vivo e nos recorda uma coisa essencial: que Deus não permaneceu invisível no céu, mas veio sobre a Terra, se fez homem.
“Fazer o presépio é celebrar a proximidade de Deus: é redescobrir que Deus é real, concreto, vivo e palpitante. Não é um senhor distante ou um juiz desapegado, mas é Amor humilde, que desceu até nós.”
Parar diante do Menino Jesus no presépio, aconselhou o Papa, é uma ocasião para falar das pessoas e das situações que temos no coração, fazer com Ele o balanço do ano e compartilhar as expectativas e as preocupações.
Ao lado de Jesus, vemos Nossa Senhora e José. A Santa Família é um evangelho doméstico. A palavra presépio, explicou Francisco, significa literalmente “manjedoura”, enquanto a cidade do presépio, Belém, significa “casa do pão”. Esses elementos nos recordam que Jesus é o nutrimento essencial, o pão da vida. “É Ele que alimenta o nosso amor, é Ele que doa às nossas famílias a força para ir avante e nos perdoar.”
Convite à contemplação
O presépio, acrescentou o Papa, nos oferece outro ensinamento de vida: nos ritmos às vezes frenéticos de hoje é um convite à contemplação. Nos recorda a importância de parar. “Porque somente quando sabemos nos recolher, podemos acolher o que conta na vida.”
Francisco contou que ontem lhe deram de presente uma imagem pequena, com José acudindo o Menino e Maria descansando, cujo nome era: "Deixemos a mãe repousar". "Quantos entre vocês têm que dividir a noite entre marido e mulher para acudir a criança que chora, chora, chora...Deixemos a mãe repousar. É a ternura de uma família, de um matrimônio."
Imagem artesanal de paz
O presépio, portanto, é a imagem artesanal da paz num mundo onde todos os dias se fabricam inúmeras armas e tantas imagens violentas.
Queridos irmãos e irmãs, concluiu o Papa, do presépio podemos colher o ensinamento sobre o sentido próprio da vida. Agora não estamos mais sós, há uma novidade decisiva: Jesus.
“Jesus vem na nossa vida concreta, por isso é importante fazer um pequeno presépio sempre, porque nos recorda que Deus veio entre nós, nasceu entre nós, nos acompanha e se fez homem como nós. Na vida de todos os dias, não estamos mais sós. Ele habita conosco. Não muda magicamente as coisas, mas, se O acolhermos, todas as coisas podem mudar. Eu então faço votos de que fazer o presépio seja a ocasião para convidar Jesus na vida. Quando fazemos o presépio em casa, é como abrir a porta: entre Jesus. Fazer concreta esta proximidade, este convite a Jesus para que venha na nossa vida. Porque se Ele a habita, renasce. E se a vida renasce, é verdadeiramente Natal. Feliz Natal a todos!” Fonte: https://www.vaticannews.va
Domingo 15: Papa aos filipinos: continuem a ser "contrabandistas da fé"
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O Papa Francisco presidiu à missa na Basílica Vaticana na tarde do III Domingo do Advento para a comunidade filipina de Roma. “Sejam fermento nas comunidades paroquiais às quais pertencem", encorajou o Pontífice.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco se reuniu com a comunidade filipina de Roma para celebrar o primeiro dia do “Simbang Gabi” (Missa da noite), a novena em preparação ao Natal da tradição religiosa das Filipinas.
O Pontífice presidiu à missa na Basílica Vaticana na tarde de domingo e em sua homilia comentou as leituras deste III Domingo do Advento.
Em Jesus Cristo, afirmou, o amor salvífico de Deus se faz tangível: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os surdos ouvem e os pobres são evangelizados.
Estes são os sinais que acompanham a realização do Reino de Deus e não triunfos militares e toques de trombeta, mas a libertação do mal e o anúncio de misericórdia e de paz. E o Papa acrescentou:
“E já que os habitantes das periferias existenciais continuam numerosos, devemos pedir ao Senhor que renove o milagre do Natal todos os anos, oferecendo nós mesmos como instrumentos do seu amor misericordioso pelos últimos.”
Ternura de Deus pelos últimos
Em seguida, Francisco falou das diversas tradições que as Igrejas particulares introduziram para viver o período do Advento.
Uma delas é a secular novena Simbang Gabi, durante a qual os fiéis filipinos se reúnem no alvorecer em suas paróquias para uma celebração eucarística especial - tradição que se espalhou para os países que receberam migração filipina.
Através desta celebração, disse Francisco, queremos nos preparar para o Natal comprometendo-nos a manifestar o amor e a ternura de Deus por todos, especialmente pelos últimos.
“Somos chamados a ser fermento numa sociedade que muitas vezes não consegue mais saborear a beleza de Deus e a experimentar a graça da sua presença.”
Ser fermento e praticar a caridade
E os filipinos que deixaram a sua terra em busca de um futuro melhor têm uma missão especial, encorajou Francisco:
“Sejam fermento nas comunidades paroquiais às quais pertencem. Eu os encorajo a multiplicar as oportunidades de encontro para compartilhar a sua riqueza cultural e espiritual, deixando-se ao mesmo tempo enriquecer pelas experiências dos outros.”
O Papa recordou ainda que todos somos chamados a praticar juntos a caridade pelos habitantes das periferias existenciais para renovar os sinais da presença do Reino.
“Que o Santo Menino que nos preparamos para adorar, envolvido em pobres faixas e depositado numa manjedoura, os abençoe e lhes dê a força para levar avante com alegria o seu testemunho.”
"Contrabandistas da fé"
Continuem a ser "contrabandistas da fé". Foi o que disse o Papa Francisco à comunidade católica filipina em Roma, na conclusão da missa. O Papa, usando o termo espanhol "contrabandistas", repetiu assim uma de suas frases que, pouco antes, no discurso de saudação no final do liturgia, tinha sido lembrada pelo padre scalabriniano Ricky Gente, capelão da Missão da Comunidade católica de Roma.
"Como receptores da fé, os filipinos são hoje, também como migrantes, verdadeiros discípulos missionários, disse o capelão. Antes da celebração do último Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados, o senhor, Santo Padre, - recordou o padre Ricky na sua saudação ao Papa – compartilhou comigo que as mulheres filipinas são 'contrabandistas da fé”. Sim, é verdade, levamos conosco, em todos os lugares onde andamos, a tocha da fé e do Evangelho no mundo, a mesma fé e Evangelho que nos foram transmitidos". Fonte: www.vaticannews.va
Terça-feira 10: Homilia do Papa Francisco: “O Senhor perdoa os nossos pecados com ternura”.
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O Pontífice celebrou na manhã desta terça-feira (10/12) a missa na capela da Casa Santa Marta e comentou as leituras do dia, que apresentam o Senhor como um pastor tenro com suas ovelhas.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano
O Senhor guia o seu povo, o consola, mas também o corrige e o pune com a ternura de um pai, de um pastor, que “carrega os cordeirinhos sobre o peito e conduz docilmente as ovelhas mães”. Assim se expressou o Papa Francisco na homilia da missa matutina na Casa Santa Marta, respondendo às perguntas suscitadas pela liturgia de hoje: “Como consola, como corrige o Senhor?”.
A primeira Leitura, de fato, é um trecho da consolação de Israel do profeta Isaías e se abre com um “anúncio de esperança”, explicou Francisco.
“Consolai o meu povo, consolai-o! Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida”, lê-se no trecho de Isaías.
O Senhor consola quem se deixa consolar
“O Senhor sempre nos consola – comentou Francisco – desde que nós nos deixemos consolar”. Deus “corrige com o consolo, mas como?”, questionou o Papa, que leu outro trecho de Isaías, que fala do Senhor bom pastor, que com o seu braço recolhe o rebanho, “carrega os cordeirinhos no peito” e com doçura conduz “as ovelhas mães”.
“Mas este é um trecho de ternura! Como o Senhor consola? Com ternura. Como o Senhor corrige? Com ternura. Como o Senhor pune? Com ternura”.
“Você se imagina no peito do Senhor depois de pecar?”, perguntou ainda o Papa:
O Senhor conduz, o Senhor guia o seu povo, o Senhor corrige; e eu diria também: o Senhor pune com ternura. A ternura de Deus, as carícias de Deus. Não é uma atitude didática ou diplomática de Deus: vem de dentro, é a alegria que Ele sente quando um pecador se aproxima. E a alegria o torna tenro.
A alegria que se faz ternura
O Papa Francisco recordou a “parábola do Filho Pródigo” e o pai que “vê o filho de longe”: porque o esperava, “ia até o terraço para ver se o filho voltava. Coração de pai”. E quando chega, e começa “aquele discurso do arrependimento”, ele lhe tapa a boca e faz festa.
“A proximidade tenra do Senhor”, comentou ainda o Papa. No Evangelho, volta o pastor, que tem cem ovelhas e uma se perde. “Não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu?” citou Francisco. E “se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam”. Esta é “a alegria do Senhor diante do pecador”, “diante de nós quando nos deixamos perdoar, nos aproximamos a Ele para que nos perdoe”. Uma alegria que “se faz ternura, e aquela ternura que nos consola”.
Não nos lamentemos: o Senhor perdoa os nossos pecados
“Tantas vezes, explicou o Pontífice, nos lamentamos das dificuldades que temos: o diabo quer que nós caiamos no espírito de tristeza”, “amargurados pela vida” ou “pelos próprios pecados”. E recordou: “conheci uma pessoa consagrada a Deus que a chamavam de ‘Lamentação”, porque não conseguia fazer nada além de se lamentar: era “o prêmio Nobel das lamentações”.
Mas quantas vezes nós nos lamentamos, nos lamentamos e tantas vezes pensamos que os nossos pecados, os nossos limites não podem ser perdoados. E ali, a voz do Senhor vem e diz: “Eu o consolo, estou próximo a você”, e nos pega com ternura. O Deus poderoso que criou os céus e a terra, o Deus-herói, por assim dizer, nosso irmão, que deixou que o levassem à cruz para morrer por nós, é capaz de nos acariciar e dizer: “Não chore”.
“Com quanta ternura – prosseguiu o Papa Francisco – o Senhor terá acariciado a viúva de Naim quando lhe disse: ‘Não chore’. ”Talvez, diante do caixão do filho, a acariciou antes de dizer “não chore”. Porque “ali havia o desastre”. “Devemos acreditar neste consolo do Senhor” porque depois “tem a graça” do perdão.
“Pai, eu tenho tantos pecados, cometi tantos erros na vida” – “Mas se deixe consolar” – “Mas quem me consola?” – “O Senhor” – “E onde devo ir?” – “Para pedir perdão: vai, vai! Seja corajoso. Abra a porta. E Ele o acariciará”. Ele se aproximará com a ternura de um pai, de um irmão: assim como um pastor apascenta o seu rebanho e com o braço o reúne, carrega os cordeiros sobre o peito e conduz docilmente as ovelhas mães, assim o Senhor nos consola. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, dia 3: Homilia do Papa. “Hoje a Igreja faz o elogio da pequenez”.
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Somente num coração humilde o Espírito Santo pode germinar, disse o Papa Francisco ao celebrar a missa na Casa Santa Marta. Francisco recordou que a revelação começa sempre na pequenez, não na soberba.
Adriana Masotti – Cidade do Vaticano
“A liturgia de hoje fala das coisas pequenas, podemos dizer que hoje é o dia do pequenino”: assim o Papa Francisco começou a homilia ao celebrar a missa na capela da Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (03/12).
A primeira leitura é extraída do livro do profeta Isaías, onde se anuncia: “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor …”.
“A Palavra de Deus faz elogio do pequeno”, disse o Papa e faz uma promessa, a promessa de um broto que surgirá e o que é menor do que um broto?, questionou Francisco. E mesmo assim, “sobre ele repousará o espírito do Senhor”
A redenção, a revelação, a presença de Deus no mundo começa assim e sempre é assim. A revelação de Deus se faz na pequenez. Pequenez, seja humildade, seja… tantas coisas, mas na pequenez. Os grandes se apresentam poderosos, pensemos na tentação de Jesus no deserto, como Satanás se apresenta poderoso, dono de todo o mundo: “Eu dou tudo se você...”. Ao invés, as coisas de Deus começam brotando, de uma semente, pequenas. E Jesus fala desta pequenez no Evangelho”.
Fazer-se pequeno para que o Reino de Deus possa germinar
Jesus se alegra e agradece ao Pai porque se revelou não aos poderosos, mas aos pequeninos, e recordou que no Natal “iremos todos ao presépio onde está a pequeneza de Deus”. E fez então uma advertência:
Numa comunidade cristã onde os fiéis, os sacerdotes, os bispos, não tomam esta estrada da pequenez, falta futuro, ruirá. Foi o que vimos nos grandes projetos da história: cristãos que buscavam se impor, com a força, a grandeza, as conquistas... Mas o Reino de Deus brota no pequeno, sempre no pequeno, a pequena semente, a semente de vida. Mas a semente sozinha não pode nada. E há outra realidade que ajuda e que dá a força: “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor.”
O Espírito não pode entrar num coração soberbo
“O Espírito escolhe o pequeno, sempre”, destacou ainda Francisco, porque não pode entrar no grande, no soberbo, no autossuficiente”. É no coração pequeno que acontece a revelação do Senhor.
O Papa falou dos estudiosos de teologia para destacar que os teólogos “não são aquelas pessoas que sabem tantas coisas de teologia”, se assim fosse, poderiam ser chamados de ‘enciclopedistas’ da teologia: “Sabem tudo; mas são incapazes de fazer teologia porque a teologia se faz de joelhos, fazendo-se pequenos”.
E, portanto, enfatizou novamente que "o verdadeiro pastor seja ele sacerdote, bispo, papa, cardeal, qualquer que seja, se ele não se tornar pequeno, ele não é um pastor", ao contrário, ele é um gerente de escritório. E isso aplica-se a todos. "Do que tem uma função que parece mais importante na Igreja, à pobre velhinha que faz as obras de caridade em segredo". O Papa Francisco esclareceu então uma dúvida que poderia surgir, isto é, que o caminho da pequenez conduz à pusilanimidade que é fechar-se em si mesmo, ao medo. E diz que, pelo contrário, "a pequenez é grande" é a capacidade de arriscar "porque não tem nada a perder". E explicou que é precisamente a pequenez que leva à magnanimidade, porque nos torna capazes de ir além de nós mesmos, sabendo que a grandeza a dá Deus. E citou uma frase de São Tomás de Aquino, contida em sua Suma teológica, que explica como deve se comportar um cristão que se sente pequeno, diante dos desafios do mundo, para não viver como um covarde:
São Tomás diz assim, o resumo é o seguinte: "Não ter medo das coisas grandes - São Francisco Xavier hoje, nós o vimos - não ter medo, seguir em frente; mas levar em consideração as pequenas coisas, juntas, isto é divino". Um cristão parte sempre da pequenez. Se eu na minha oração me sinto pequeno, com as minhas limitações, meus pecados, como aquele publicano que rezou no fundo da igreja, envergonhado: "Tenha piedade de mim que sou pecador", você irá para frente. Mas se você acredita ser um bom cristão, rezará como aquele fariseu que não saiu justificado: "Dou-te graças, Deus, porque sou grande". Não, agradeçamos a Deus porque somos pequenos.
A concretude das confissões das crianças
O Papa Francisco concluiu a sua homilia dizendo que gosta tanto de administrar o sacramento da confissão e, acima de tudo, gosta de confessar as crianças. Suas confissões, disse ele, são belas, porque contam os fatos concretos: "Eu disse esta palavra", por exemplo, e a repetem para você. Finalmente, o Papa comenta: "A concretude daquele que é pequeno. "Senhor, sou um pecador porque faço isto, isto, isto, isto... Esta é a minha miséria, a minha pequenez. Mas envia o teu Espírito para que eu não tenha medo das grandes coisas, não tenha medo de que faças grandes coisas na minha vida". Fonte: http://www.vatican.va
Novo documento sobre o real significado da cena da Natividade
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Para os cristãos ocidentais, o novo ano litúrgico começa neste domingo, 1.º de dezembro, com o início do Advento. O Advento é, tradicionalmente, um tempo marcado por alegre espera pela chegada do Natal. E, no entanto, uma semana e meia antes deste momento chegar, o gabinete presidencial da Cidade do Vaticano já montou uma gigante árvore natalina na Praça de São Pedro. O comentário é de Robert Mickens, publicado por La Croix International, 28-11-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
É muito para uma simples espera, alegre ou não...
Quando montaram a árvore, o Papa Francisco nem sequer estava em Roma. Ele estava encerrando a sua visita pastoral a Bangkok, na Tailândia, antes de rumar para o Japão. Mas já no dia em que regressou ao Vaticano, o pontífice foi para a praça, não para inspecionar a árvore, mas para realizar a sua Audiência Geral.
“No próximo domingo começa o tempo litúrgico do Advento”, disse ele na conclusão da audiência. “Irei a Greccio para rezar no lugar do primeiro presépio que fez São Francisco de Assis”, continuou.
Falou também que pretende publicar uma carta aos fiéis em Greccio, município localizado na cordilheira dos Apeninos, ao norte de Roma. O objetivo deste novo documento papal, segundo informou, é ajudar os fiéis a “entender o significado” do presépio.
Diz-se que São Francisco de Assis desenvolveu o primeiro presépio em 1223 na encosta da cordilheira em Greccio, um dos seus eremitérios favoritos. Francisco quis fazer do fato da Encarnação do Verbo – Deus se fez carne – uma realidade para os pobres da cidade.
Bastante simples, não? Portanto, podemos nos perguntar: por que o papa precisa escrever uma carta aos fiéis para explicar o significado desta cena?
Obviamente, Francisco, que em breve completará 83 anos, acredita que muitos se esqueceram que a Encarnação do Verbo – o Verbo se fez carne – é o fundamento da fé cristã.
“E esta é a verdade, esta é a revelação de Jesus: esta presença de Jesus encarnado. E este é o ponto”, disse ele nos primeiros meses de seu pontificado durante uma missa matinal na Casa Santa Marta.
De acordo com o papa, algo assim é escandaloso para os que não creem.
“Nós podemos fazer todas as obras sociais que queremos e dirão: ‘Mas que boa a Igreja, que boa obra social que faz a Igreja’. Mas se nós dissermos que nós fazemos isto porque estas pessoas são a carne de Cristo, vira um escândalo”, explicou.
A nova carta do papa sobre a cena da Natividade irá se basear, provavelmente, neste pensamento e em outros que ele compartilhou ao longo dos anos a respeito da Encarnação.
Tocar a carne de Cristo na carne dos pobres
“Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres”, escreveu Francisco em 2017 na mensagem dedicada ao 1º Dia Mundial dos Pobres.
“O Corpo de Cristo, repartido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: ‘Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez’”, lê-se na sua mensagem.
Na mensagem que escreveu este ano para o Dia Mundial dos Pobres, Francisco reitera:
“A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização”, disse.
“A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica”, insistiu o papa.
O que Francisco está querendo dizer é que “quem não ama o seu irmão (ou irmã), a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4,20).
“O critério do amor cristão é a Encarnação do Verbo. (...) Um amor que não reconhece que Jesus veio em Carne, na Carne, não é o amor que Deus nos comanda”, disse o papa em outra de suas homilias proferidas na Casa Santa Marta há alguns anos.
Francisco pediu que o nosso amor seja “concreto, com as obras de misericórdia” pelas quais tocamos “a carne de Cristo ali, de Cristo Encarnado”.
Segundo ele, foi por esse motivo que o diácono Lourenço disse: ‘Os pobres são o tesouro da Igreja!’ (…) Porque eles são a carne sofredora de Cristo!”
Não sabemos o que o papa dirá em sua nova carta a respeito da significação do presépio.
Mas, sem dúvida, destacará que a cena retratada ultrapassa um simples símbolo popular, indo além de uma marca da identidade cristã que alguém pode exibir. Ela é também um desafio e um convite para que cuidemos dos pobres e marginalizados.
Esperemos o papa compartilhar os seus pensamentos sobre o verdadeiro significado do Natal. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
CARTA APOSTÓLICA SIGNUN ADMIRÁVEL DO SANTO PADRE FRANCESCO SOBRE O SIGNIFICADO E O VALOR DO PRESÉPIO.
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“Admirável sinal” (Admirabile Signum) é o título da Carta Apostólica que o Papa Francisco dedica ao presépio para ressaltar o seu significado e valor.
1- O admirável sinal da manjedoura, tão querido pelo povo cristão, sempre desperta espanto e admiração. Representar o evento do nascimento de Jesus é equivalente a anunciar o mistério da Encarnação do Filho de Deus com simplicidade e alegria. O presépio, de fato, é como um evangelho vivo, que transborda das páginas das Escrituras Sagradas. Enquanto contemplamos a cena do Natal, somos convidados a partir espiritualmente no caminho, atraídos pela humildade daquele que se tornou homem para conhecer todos os homens. E descobrimos que ele nos ama tanto que se junta a nós, para que também possamos nos unir a ele.
Com esta carta, gostaria de apoiar a bela tradição de nossas famílias, que preparam o berço nos dias anteriores ao Natal. Além do costume de montá-lo em locais de trabalho, escolas, hospitais, prisões, praças ... É realmente um exercício de imaginação criativa, que utiliza os materiais mais díspares para criar pequenas obras-primas da beleza. Aprende-se quando criança: quando pai e mãe, juntamente com seus avós, transmitem esse hábito alegre, que encarna uma rica espiritualidade popular. Espero que essa prática nunca falhe; de fato, espero que, onde caiu em desuso, possa ser redescoberto e revitalizado.
2- A origem da manjedoura é refletida em primeiro lugar em alguns detalhes evangélicos do nascimento de Jesus em Belém. O evangelista Lucas simplesmente diz que Maria "deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o em panos e o colocou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles em casa" (2,7). Jesus é colocado em uma manjedoura, que em latim é chamada praesepium , da qual a manjedoura .
Entrando neste mundo, o Filho de Deus encontra um lugar onde os animais vão comer. Feno se torna o primeiro leito para Aquele que se revelará como "o pão que desceu do céu" ( Jo 6:41). Um simbolismo que Santo Agostinho, junto com outros Padres, havia entendido quando escreveu: "Deitado em uma manjedoura, ele se tornou nosso alimento" ( Serm . 189.4). Na realidade, o presépio contém diferentes mistérios da vida de Jesus e os faz sentir-se próximos da nossa vida cotidiana.
Mas chegamos imediatamente à origem do berço como o entendemos. Pensamos em Greccio, no vale de Reatina, onde São Francisco parou provavelmente de Roma, onde em 29 de novembro de 1223 ele recebeu a confirmação de seu governo do papa Honório III. Depois de sua viagem à Terra Santa, aquelas cavernas lembraram-lhe de uma maneira especial a paisagem de Belém. E é possível que o Poverello tenha sido atingido, em Roma, na Basílica de Santa Maria Maggiore, pelos mosaicos com a representação do nascimento de Jesus, bem ao lado do local onde, segundo uma tradição antiga, as mesas da manjedoura foram preservadas.
As fontes franciscanas contam em detalhes o que aconteceu em Greccio. Quinze dias antes do Natal, Francis chamou um homem local, chamado John, e pediu-lhe para ajudá-lo a fazer um pedido: "Gostaria de representar a Criança nascida em Belém e de alguma forma ver com os olhos do corpo as dificuldades em que foi encontrado pela falta de coisas necessárias para um recém-nascido, como ele foi deitado em um berço e deitado no feno entre o boi e o burro ». [1]Assim que ouviu, seu fiel amigo foi imediatamente montar tudo o que precisava no local designado, de acordo com o desejo do santo. Em 25 de dezembro, muitos frades chegaram a Greccio de várias partes e homens e mulheres também chegaram das fazendas da região, trazendo flores e tochas para iluminar a noite sagrada. Quando Francesco chegou, encontrou o berço com o feno, o boi e o burro. As pessoas que notaram mostraram uma alegria indescritível, nunca saboreada antes, na frente da cena do Natal. Então o padre, na manjedoura, celebrou solenemente a Eucaristia, mostrando o elo entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia. Naquela ocasião, em Greccio, não havia figuras: o berço foi criado e vivido por quem estava presente. [2]
É assim que nasce nossa tradição: toda a caverna e cheia de alegria, sem distanciamento entre o evento que se realiza e aqueles que se tornam participantes do mistério.
O primeiro biógrafo de São Francisco, Tommaso da Celano, lembra que naquela noite, o dom de uma visão maravilhosa foi acrescentada à cena simples e emocionante: um dos presentes viu o próprio Jesus Bambino deitado na manjedoura. A partir daquele presépio de Natal em 1223, "todos voltaram para sua casa cheios de alegria inefável". [3]
3-São Francisco, com a simplicidade desse sinal, realizou uma grande obra de evangelização. Seu ensino penetrou nos corações dos cristãos e permanece até os nossos dias como uma forma genuína de reproduzir a beleza de nossa fé com simplicidade. Por outro lado, o próprio local onde foi feito o primeiro berço expressa e evoca esses sentimentos. Greccio se torna um refúgio para a alma que se esconde na rocha para se deixar envolver em silêncio.
Por que o berço inspira espanto e nos move? Antes de tudo, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, reduz a nossa pequenez. O dom da vida, que sempre é misterioso para nós sempre, nos fascina ainda mais, pois aquele que nasceu de Maria é a fonte e o suporte de toda vida. Em Jesus, o Pai nos deu um irmão que vem nos procurar quando estamos desorientados e perdemos a direção; um amigo fiel que está sempre perto de nós; Ele nos deu seu Filho, que nos perdoa e nos levanta do pecado.
Compor o berço em nossa casa nos ajuda a reviver a história que foi vivida em Belém. Certamente, os Evangelhos sempre permanecem a fonte que permite conhecer e meditar sobre esse Evento; no entanto, sua representação no berço ajuda a imaginar as cenas, estimula os afetos, nos convida a nos envolver na história da salvação, contemporâneos do evento que é vivo e atual nos mais diversos contextos históricos e culturais.
De um modo particular, desde a origem franciscana, o berço é um convite a "sentir", a "tocar" a pobreza que o Filho de Deus escolheu para si em sua Encarnação. E assim, implicitamente, é um chamado para segui-lo no caminho da humildade, pobreza, despojo, que leva da manjedoura de Belém à cruz. É um chamado para encontrá-lo e servi-lo com misericórdia em seus irmãos e irmãs mais necessitados (ver Mt 25 : 31-46).
4- Agora, gosto de revisar os vários sinais do berço para entender o significado que eles carregam dentro deles. Primeiro, representamos o contexto do céu estrelado no escuro e o silêncio da noite. Não é apenas em fidelidade às histórias evangélicas que fazemos dessa maneira, mas também pelo significado que ela tem. Pense em quantas vezes a noite rodeia nossas vidas. Bem, mesmo nesses momentos, Deus não nos deixa em paz, mas se faz presente para responder às perguntas decisivas sobre o significado de nossa existência: quem sou eu? De onde eu venho? Por que eu nasci nessa época? Por que eu amo? Por que estou sofrendo? Por que eu vou morrer? Para responder a essas perguntas, Deus se tornou homem. Sua proximidade traz luz onde há trevas e ilumina aqueles que atravessam as trevas do sofrimento (ver Lc 1,79).
As paisagens que fazem parte do berço também merecem uma palavra e muitas vezes representam as ruínas de casas e edifícios antigos, que em alguns casos substituem a caverna de Belém e se tornam o lar da Sagrada Família. Essas ruínas parecem inspiradas na Legenda Aurea do dominicano Jacopo da Varazze (século XIII), onde lemos uma crença pagã de que o Templo da Paz em Roma entraria em colapso quando uma Virgem dava à luz. Essas ruínas são, acima de tudo, o sinal visível da humanidade caída, de tudo o que está em ruínas, que é corrupto e entristecido. Esse cenário diz que Jesus é a novidade no meio de um mundo antigo e veio para curar e reconstruir, para trazer nossa vida e o mundo de volta ao seu esplendor original.
- Quanta emoção deve nos acompanhar quando colocamos montanhas, riachos, ovelhas e pastores no berço! Dessa forma, lembramos, como os profetas anunciaram, que toda a criação participa da celebração da vinda do Messias. Os anjos e o cometa são o sinal de que nós também somos chamados a partir para alcançar a caverna e adorar o Senhor.
"Vamos até Belém, vamos ver este evento que o Senhor nos deu a conhecer" ( Lc 2:15): é o que dizem os pastores após o anúncio feito pelos anjos. É um ensinamento muito bonito que nos chega na simplicidade da descrição. Ao contrário de tantas pessoas que pretendem fazer mil outras coisas, os pastores se tornam as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que é dada. Eles são os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o evento da Encarnação. Para Deus que vem nos encontrar no Menino Jesus, os pastores respondem dirigindo-se a ele, para um encontro de amor e admiração agradecida. É precisamente esse encontro entre Deus e seus filhos, graças a Jesus, que dá vida à nossa religião, para constituir sua beleza única, que brilha de um modo particular no berço.
6- Em nossos berços, geralmente colocamos muitas estátuas simbólicas. Antes de tudo, os dos mendigos e as pessoas que não conhecem outra abundância além da do coração. Eles também estão próximos do Menino Jesus por si mesmos, sem que ninguém possa despejá-los ou removê-los de um berço tão improvisado que os pobres ao seu redor não se chocam. Os pobres, de fato, são os privilegiados desse mistério e, freqüentemente, os que são mais capazes de reconhecer a presença de Deus em nosso meio.
Os pobres e os simples do berço lembram que Deus se torna homem para aqueles que sentem a necessidade de seu amor e pedem sua proximidade. Jesus, "manso e humilde de coração" ( Mt.11.29), ele nasceu pobre, levou uma vida simples para nos ensinar a entender o essencial e viver disso. Do berço, surge claramente a mensagem de que não podemos nos deixar enganar pela riqueza e por tantas propostas efêmeras de felicidade. O palácio de Herodes fica ao fundo, fechado, surdo ao anúncio da alegria. Nascido no berço, o próprio Deus inicia a única revolução real que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Da manjedoura, Jesus proclama, com poder moderado, o chamado para compartilhar com este último como caminho para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém é excluído e marginalizado.
Muitas vezes crianças - mas até adultos! - eles adoram adicionar outras figuras ao berço que parecem não ter conexão com as histórias do evangelho. E, no entanto, essa imaginação pretende expressar que, neste novo mundo inaugurado por Jesus, há espaço para tudo o que é humano e para toda criatura. Do pastor ao ferreiro, do padeiro aos músicos, das mulheres que levam os jarros de água às crianças que brincam ...: tudo isso representa a santidade diária, a alegria de fazer de maneira extraordinária as coisas da vida cotidiana, quando Jesus compartilha com nós sua vida divina.
7- Pouco a pouco, o berço nos leva à caverna, onde encontramos as estatuetas de Maria e José. Maria é uma mãe que contempla o filho e mostra para quem vem visitá-lo. Sua estatueta faz pensar no grande mistério que envolveu essa garota quando Deus bateu na porta do seu coração imaculado. No anúncio do anjo que a pediu para ser mãe de Deus, Maria respondeu com total e total obediência. Suas palavras: "Eis a serva do Senhor; faça-se por mim segundo a tua palavra" ( Lc1.38), somos para todos nós o testemunho de como abandonar a fé na vontade de Deus.Com esse "sim" Maria tornou-se mãe do Filho de Deus sem perder, consagrando de fato sua virgindade graças a ele. Vemos nela a Mãe de Deus, que não guarda seu Filho apenas para si mesma, mas pede a todos que obedeçam à sua palavra e a ponham em prática (ver Jo 2 : 5).
Ao lado de Maria, em uma atitude de proteger a criança e sua mãe, está São José. Geralmente é representado com o bastão na mão e, às vezes, mesmo segurando uma lâmpada. São José desempenha um papel muito importante na vida de Jesus e Maria. Ele é o zelador que nunca se cansa de proteger sua família. Quando Deus o adverte da ameaça de Herodes, ele não hesitará em partir e emigrar para o Egito (ver Mateus 2 : 13-15). E uma vez que o perigo tenha passado, ele trará a família de volta a Nazaré, onde será o primeiro educador de uma criança e adolescente Jesus. José carregava em seu coração o grande mistério que envolveu Jesus e Maria, sua noiva, e como homem justo, ele sempre confiou na vontade de Deus e a colocou em prática.
8- O coração do berço começa a palpitar quando, no Natal, colocamos a estátua do Menino Jesus. Deus se apresenta assim, em uma criança, para ser acolhido em nossos braços. Em fraqueza e fragilidade, ele esconde seu poder que cria e transforma tudo. Parece impossível, e ainda assim é: em Jesus, Deus era criança e, nessa condição, ele queria revelar a grandeza de seu amor, que se manifesta em um sorriso e em estender as mãos para alguém.
O nascimento de uma criança desperta alegria e admiração, porque se põe diante do grande mistério da vida. Vendo os olhos do jovem casal brilhando na frente de seu filho recém-nascido, entendemos os sentimentos de Maria e José que, observando o menino Jesus, perceberam a presença de Deus em suas vidas.
"Porque a vida se manifestou" ( 1 João 1: 2): assim o apóstolo João resume o mistério da Encarnação. O presépio nos faz ver, nos faz tocar neste evento único e extraordinário que mudou o curso da história, e do qual também ordenamos a numeração de anos, antes e depois do nascimento de Cristo.
A maneira de Deus agir quase atordoada, porque parece impossível que Ele renuncie a sua glória para se tornar um homem como nós. Que surpresa ver Deus assumindo nossos próprios comportamentos: ele dorme, toma leite da mãe, chora e brinca como todas as crianças! Como sempre, Deus desconcerta, é imprevisível, continuamente fora de nossos planos. Portanto, o berço, enquanto nos mostra Deus quando entrou no mundo, nos leva a pensar em nossa vida inserida na de Deus; ele nos convida a sermos seus discípulos, se queremos alcançar o sentido último da vida.
9- Quando a festa da Epifania se aproxima, as três estátuas dos Reis Magos são colocadas no berço. Olhando para a estrela, aqueles sábios e ricos cavalheiros do Oriente partiram para Belém conhecer Jesus e oferecer-lhe presentes de ouro, incenso e mirra. Esses dons também têm um significado alegórico: o ouro honra a realeza de Jesus; incenso sua divindade; mirra sua santa humanidade que conhecerá a morte e o enterro.
Observando esta cena no berço, somos chamados a refletir sobre a responsabilidade que todo cristão tem de ser evangelizador. Cada um de nós se torna portador da Bela Nova com aqueles que encontramos, testemunhando a alegria de ter encontrado Jesus e seu amor com ações concretas de misericórdia.
Os Magos ensinam que é possível começar de longe para alcançar Cristo. São homens ricos, estrangeiros sábios, sedentos pelo infinito, que partem para uma longa e perigosa jornada que os leva a Belém (ver Mt 2 : 1-12). Uma grande alegria os invade diante do Rei Criança. Não se deixam escandalizar pela pobreza do meio ambiente; eles não hesitam em ajoelhar-se e adorá-lo. Diante Dele, eles entendem que Deus, como regra com sabedoria soberana, o curso das estrelas, guia assim o curso da história, abaixando os poderosos e exaltando os humildes. E certamente, tendo retornado ao seu país, eles contarão esse surpreendente encontro com o Messias, inaugurando a jornada do Evangelho entre os povos.
1- Na frente da manjedoura, a mente segue de bom grado quando era criança e esperava impacientemente tempo para começar a construí-la. Essas lembranças nos levam a sempre tomar consciência do grande presente que nos foi dado pela transmissão de nossa fé; e, ao mesmo tempo, nos fazem sentir o dever e a alegria de participar dos filhos e netos da mesma experiência. Não é importante como o berço é configurado, ele pode sempre ser o mesmo ou ser modificado todos os anos; o que importa é que ele fale com a nossa vida. Em todos os lugares e de qualquer forma, o berço conta o amor de Deus, o Deus que se tornou criança, para nos dizer o quão perto ele está de todo ser humano, qualquer que seja sua condição.
Queridos irmãos e irmãs, o presépio faz parte do doce e exigente processo de transmissão da fé. Desde a infância e depois em todas as épocas da vida, ele nos educa a contemplar Jesus, a sentir o amor de Deus por nós, a sentir e crer que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos os filhos e irmãos, graças a aquele filho filho de Deus e da Virgem Maria. E sentir que a felicidade está nisso. Na escola de São Francisco, abrimos nossos corações a essa graça simples, deixamos maravilhar a oração humilde: nosso "obrigado" a Deus que queria compartilhar tudo conosco para nunca nos deixar em paz.
Dado em Greccio, no Santuário da Natividade, em 1 de dezembro de 2019, sétimo do pontificado.
FRANCESCO
[1] Tomás de Celano, Vita Prima , 84: Fontes Franciscanas (FF) , n. 468.
[2] Cf. ibid . 85: FF , n. 469.
[3] Ibidem. 86: FF , n. 470.
Fonte: http://w2.vatican.va
Papa: a morte é o abraço do Senhor a ser vivido com esperança
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Na homilia da missa matutina na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fez uma reflexão sobre o fim que aguarda cada pessoa, a morte, apresentado-a como o momento do abraço com o Senhor.
Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano
Na última semana do ano litúrgico, a Igreja nos convida a refletir sobre o fim do mundo, o fim de cada um de nós, e o faz também o Evangelho desta sexta-feira, em que Lucas repete as palavras de Jesus: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão".
A vulnerabilidade humana
Em sua homilia, o Papa reiterou que "tudo acabará”, mas “Ele ficará”, e estas palavras o inspiraram para convidar cada um a refletir sobre o momento do fim, isto é, da morte. Nenhum de nós sabe exatamente quando acontecerá, ou melhor, com frequência temos a tendência a adiar o pensamento, acreditando-nos eternos, mas não é assim:
Todos nós temos esta fraqueza de vida, esta vulnerabilidade. Ontem eu meditava sobre isto, sobre um belo artigo que saiu agora na (revista, ndr) ‘Civiltà cattolica’, que dizia que o que une todos nós é a vulnerabilidade: somos iguais na vulnerabilidade. Todos somos vulneráveis e a um certo ponto esta vulnerabilidade nos leva à morte. Por isso vamos ao médico para ver como vai a minha vulnerabilidade física, outros vão para curar alguma vulnerabilidade psíquica no psicólogo.
A ilusão de ser eternos e a esperança no Senhor
A vulnerabilidade, portanto, nos une e nenhuma ilusão nos abriga. Na minha terra, recordou o Papa, havia a moda de pagar antecipadamente o funeral com a ilusão de economizar dinheiro para a família. Quando veio à luz o golpe aplicado por essas empresas fúnebres, a moda passou. "Quantas vezes a ilusão nos engana", comentou o Pontífice, como a ilusão de “sermos eternos". A certeza da morte, ao invés, está escrita na Bíblia e no Evangelho, mas o Senhor nos apresenta como um "encontro com Ele" e está acompanhada pela palavra "esperança":
O Senhor nos fala para estarmos preparados para o encontro, mas a morte é um encontro: é Ele quem vem nos encontrar, é Ele quem vem nos pegar pela mão e nos levar até Ele. Eu não gostaria que essa simples pregação fosse um aviso fúnebre! É simplesmente Evangelho, é simplesmente vida, é simplesmente dizer um ao outro: somos todos vulneráveis e todos temos uma porta à qual o Senhor um dia baterá.
É necessário, portanto, preparar-se bem para o momento em que a campainha tocará, o momento em que o Senhor baterá à nossa porta: rezemos um pelo outro - é o convite do Papa também aos fiéis presentes na Missa - para estar prontos, para abrir a porta com confiança ao Senhor que vem:
Todas as coisas que juntamos, que poupamos, licitamente boas, mas não levaremos nada ... Mas, sim, levaremos o abraço do Senhor. Pensar na própria morte: eu vou morrer, quando? Não está determinado no calendário, mas o Senhor sabe. E rezar ao Senhor: "Senhor, prepara meu coração para morrer bem, para morrer em paz, para morrer com esperança". É esta a palavra que deve sempre acompanhar a nossa vida, a esperança de viver com o Senhor aqui e depois viver com o Senhor do outro lado. Rezemos uns pelos outros sobre isso. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa anuncia carta aos fiéis sobre o presépio
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Aos fiéis reunidos para a Audiência Geral, Francisco anunciou que irá a Greccio para rezar no lugar do primeiro presépio de São Francisco de Assis.
Cidade do Vaticano
Na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou aos fiéis que no próximo domingo tem início o tempo litúrgico do Advento e fez um anúncio:
“Irei a Greccio para rezar no lugar do primeiro presépio que fez São Francisco de Assis e enviar a todo o povo fiel uma carta para entender o significado do presépio. Faço votos a todos vocês que, no Advento, a espera do Salvador preencha os seus corações de esperança e os encontre alegres no serviço aos mais necessitados.”
O desejo de recordar o nascimento de Jesus veio a Francisco durante uma viagem à Palestina e ali teve o desejo de reproduzir a cena do nascimento de Jesus. Quando, no outono de 1223, foi a Roma para ver o Papa Honório III, pediu ao Santo Padre a permissão para que o realizasse.
Tendo obtido permissão, São Francisco voltou a Greccio, que havia conhecido antes e que lhe lembrava Belém. Disse ao jovem Giovanni Velita, um morador da Região de Rieti e que se tornou seu amigo anos atrás: "Quero celebrar aqui a noite de Natal. Escolha uma caverna onde se construirá uma manjedoura e se conduzirá um boi e um burro até lá, e tentaremos reproduzir, na medida do possível, a caverna de Belém! Este é o meu desejo, porque quero ver, pelo menos uma vez, com meus próprios olhos, o nascimento do Divino Infante".
E assim, em 24 de dezembro de 1223, o nascimento do Menino Jesus foi encenado. Havia a gruta, o boi e o burro. Nenhum dos presentes assumiu o papel de José e Maria, porque Francisco não queria que o nascimento de Jesus fosse um "espetáculo". Só mais tarde, nos presépios do mundo, os outros personagens foram acrescentados.
Em Greccio, todos os anos, a memória deste evento é encenada. Não apenas um presépio vivo, mas uma reconstituição dos momentos que levaram São Francisco a realizar o presépio de Jesus. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa em Hiroshima: imoral o uso e a posse de armas nucleares
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“Nunca mais a guerra, nunca mais o fragor das armas, nunca mais tanto sofrimento!” São as palavras conclusivas do Papa Francisco no Encontro pela Paz, realizado em Hiroshima, no Memorial da Paz, neste domingo (24)
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
Depois de Nagasaki, o Papa Francisco foi até Hiroshima, a outra cidade japonesa devastada pela bomba atômica em 1945 para o Encontro pela Paz. O Encontro realizou-se no Memorial da Paz, e foi o último compromisso deste domingo 24 de novembro.
Em seu discurso, depois de recordar do trágico instante em que tudo “foi devorado por um buraco negro de destruição e morte”, o Papa disse:
“Aqui, faço memória de todas as vítimas e inclino-me perante a força e a dignidade das pessoas que, tendo sobrevivido àqueles primeiros momentos, suportaram nos seus corpos durante muitos anos os sofrimentos mais agudos e, nas suas mentes, os germes da morte que continuaram a consumir a sua energia vital ”
Em seguida explica a sua presença:
“Senti o dever de vir a este lugar como peregrino de paz, para me deter em oração, recordando as vítimas inocentes de tanta violência e trazendo no coração também as súplicas e anseios dos homens e mulheres do nosso tempo, especialmente dos jovens, que desejam a paz, trabalham pela paz, sacrificam-se pela paz”.
Francisco declarou que “humildemente, [quereria] ser a voz daqueles cuja voz não é escutada” pois crescem as tensões e as injustiças que ameaçam a convivência e o cuidado da casa comum para garantir um futuro de paz.
Energia atômica para fins de guerra é imoral
“Desejo reiterar – afirma - com convicção, que o uso da energia atômica para fins de guerra é, hoje mais do que nunca, um crime não só contra o homem e a sua dignidade, mas também contra toda a possibilidade de futuro na nossa casa comum”. E afirma também: “O uso da energia atômica para fins de guerra é imoral, assim como é imoral a posse de armas nucleares, como eu já disse há dois anos. Seremos julgados por isso”.
Predecessores
Depois recorda algumas palavras de seus predecessores sobre este tema, como o Papa São João XXIII que exortou “Estou convencido de que a paz não passa de um ‘som de palavras’, se não se fundar na verdade, se não se construir segundo a justiça, se não se animar e consumar no amor, e se não se realizar na liberdade”. Assim como São Paulo VI: “Não se pode amar com armas ofensivas nas mãos”.
O Santo Padre pondera: “Quando nos rendemos à lógica das armas e afastamos da prática do diálogo, esquecemo-nos tragicamente que as armas, antes mesmo de causar vítimas e ruínas, têm a capacidade de provocar pesadelos”.
Caminho de paz
Então Francisco observa aos presentes que:
“Recordar, caminhar juntos e proteger: são três imperativos morais que adquirem, precisamente aqui em Hiroshima, um significado ainda mais forte e universal e são capazes de abrir um verdadeiro caminho de paz ”
Memória
Mas para isso, “não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno”. Temos que manter a memória viva, que ajude a dizer de geração em geração: nunca mais!”
Por fim o Papa exorta a todos “Por isso mesmo, somos chamados a caminhar unidos, com um olhar de compreensão e perdão” e acrescenta: “Abramo-nos à esperança, tornando-nos instrumentos de reconciliação e de paz. Isto será possível sempre, se formos capazes de nos proteger e reconhecer como irmãos em um destino comum”.
E acrescenta: “Que sejam suplantados os interesses exclusivos de certos grupos, a fim de se atingir a grandeza daqueles que lutam corresponsavelmente para garantir um futuro comum”.
Conclui seu discurso evocando: "Em uma única súplica, aberta a Deus e a todos os homens e mulheres de boa vontade, em nome de todas as vítimas dos bombardeios, das experimentações atômicas e de todos os conflitos, elevemos juntos um grito:
“ Nunca mais a guerra, nunca mais o fragor das armas, nunca mais tanto sofrimento! ”. Fonte: https://www.vaticannews.va
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