Livros saídos do horror de Auschwitz
- Detalhes
Utensílios de cozinha de vítimas do Holocausto nazista conservados no campo de extermínio de Auschwitz. DANIEL OCHOA DE OLZA
Vozes literárias das testemunhas permitem entrever uma experiência que não há como transmitir, setenta e cinco anos depois da liberação do campo nazista alemão
Elie Wiesel, prêmio Nobel da Paz, sobrevivente de Auschwitz, autor de livros como Noite, Amanhecer e Dia, acabava de voltar de Sarajevo, então sitiada (em 1992) pelas hostes genocidas sérvias. Visitou Madri e falou do longo século XX, no qual a violência parecia não ter fim. Perguntado sobre o campo de extermínio nazista, respondeu: "Ainda não conseguimos abordar este tema. Fica fora de todo entendimento, de toda percepção. Podemos comunicar alguns retalhos, alguns fragmentos, mas não a experiência. O que vivemos ninguém saberá, ninguém entenderá".
Setenta e cinco anos depois da liberação do campo nazista alemão, em 27 de janeiro de 1945, Auschwitz-Birkenau gerou uma enorme produção literária e histórica, milhares de volumes em todas as línguas. Os livros sobre o campo de extermínio podem ser divididos em três categorias. A primeira, a fundamental, os relatos dos que estiveram lá, entre os quais se contam algumas quantas obras-primas, como as de Wiesel, Primo Levi (a trilogia de Auschwitz) e Imre Kertész (Nobel de Literatura, autor de Kaddish por uma Criança Não Nascida). À medida que o século XXI avança e as testemunhas vão desaparecendo, suas palavras ganham maior importância. Dentro desta categoria poderiam ser incluídos também a HQ Maus, de Art Spiegelman, ganhadora do Prêmio Pulitzer, que relata a vida do pai do autor, sobrevivente do campo, e O Diário de Anne Frank, que permite compreender o terror vivido pelos judeus europeus fora dos campos.
Todos esses livros de testemunhas, entre outros, são marcados pelo que Wiesel expressou: reúnem uma experiência impossível de transmitir, impossível de entender, e que, entretanto, está nas suas palavras. Além disso, 80% dos deportados que chegavam a Auschwitz eram enviados imediatamente para as câmaras de gás, e nenhum deles sobreviveu. Não existe, portanto, nenhum testemunho da experiência que mais define o horror de Auschwitz, do centro do extermínio industrial que transforma o Holocausto em um crime sem comparação na história. Sobreviveram, isso sim, alguns poucos sonderkommando, os detentos obrigados pelos nazistas a se ocuparem dos cadáveres. Dois deles deixaram suas lembranças por escrito, as quais, de novo, vão além do compreensível: Shlomo Venezia, em Sonderkommando, e Filip Müller, em Sonderbehandlung: drei Jahre in den Krematorien und Gaskammern von Auschwitz (“tratamento especial: três anos nos crematórios e câmaras de gás de Auschwitz”).
A segunda categoria se centra nos livros de história, os ensaios que tratam de reconstruir o funcionamento do campo baseando-se em depoimentos —de sobreviventes e também de algozes—, bem como em documentos. Destacam-se dois especialmente importantes: Auschwitz— the Nazis & the ‘Final Solution’ (“Auschwitz – os nazistas e a ‘solução final’”), do historiador e cineasta britânico Laurence Rees, e Auschwitz: Geschichte und Nachgeschichte (“Auschwitz: história e posteridade”), da historiadora alemã Sybille Steinbacher. Este último consegue, em 216 páginas de formato pequeno, reunir com inúmeros dados e um rigor implacável e eficaz o horror administrativo do campo. Steinbacher resume em um dado a banalidade do mal: os judeus tinham que pagar os trens que os levavam à morte, um bilhete de terceira classe, com desconto para os menores de 10 anos. As SS obtinham um desconto de grupo para transportes de mais de 1.000 pessoas, e os trens de volta, vazios, eram gratuitos. "Trata-se de um dos detalhes mais horripilantes da organização do assassinato maciço", escreve Steinbacher.
E por último estão os romances, a ficção que Auschwitz gerou, tanta que se converteu em um gênero por si só. Alguns venderam milhões de exemplares em dezenas de idiomas, como O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, e O Tatuador de Auschwitz, de Heather Morris. Sobre estes dois livros, o Memorial de Auschwitz, que se ocupa da conservação e gestão dos restos do campo de extermínio, patrimônio da Humanidade da Unesco, desaconselhou sua leitura para entender a realidade histórica, devido aos erros factuais contidos. Outro romance, A Bibliotecária de Auschwitz, do espanhol Antonio Iturbe, também foi um sucesso internacional. Trata-se de uma reconstrução rigorosa de fatos reais baseando-se em entrevistas com seu protagonista. Apesar de ser ficção, A Escolha de Sofia, de William Styron, é um grande romance sobre o Holocausto e os trágicos dilemas decorrentes do sistema criado pelos nazistas para desumanizar suas vítimas.
Ao final, frente ao silêncio da poesia previsto pelo filósofo Theodor Adorno, ficam as palavras dos sobreviventes, a viagem ao incompreensível, ao território da morte e a desumanização.
"Jazíamos num mundo de mortos e de larvas. O último rastro de civismo tinha desaparecido ao redor de nós e dentro de nós. É homem quem mata, é homem quem comete ou sofre injustiças; não é homem quem, perdido todo recato, divide cama com um cadáver; quem esperou que seu vizinho terminasse de morrer para lhe tirar um quarto de pão está, embora sem culpa, mais longe do homem pensante que o sádico mais atroz". (Primo Levi, É Isto um Homem?)
"Nosso primeiro gesto como homens livres foi nos lançarmos sobre as provisões. Não pensávamos em outra coisa. Nem na vingança, nem em nossos pais. Só em pão." (Elie Wiesel, Noite)
“Ao final daquele dia senti, pela primeira vez, que algo havia se degradado no meu interior, e a partir daquele dia todas as manhãs eu me levantava com o pensamento de que aquela seria a última manhã em que me levantaria”. (Imre Kertész, Sem Destino). Fonte: https://brasil.elpais.com
Sábado, 11 de janeiro: Aniversariante do dia...
- Detalhes
Parabéns ao Frei Eduardo, O. Carm, do Carmo de Brasília. www.instagram.com/freipetronio
Crivella amplia Carnaval oficial no Rio para 50 dias para atrair turistas
- Detalhes
Blocos criticam anúncio em ano eleitoral e exigência de ambulâncias
Júlia BarbonAna Luiza Albuquerque
RIO DE JANEIRO
Em uma jogada de marketing, a prefeitura do Rio de Janeiro decidiu ampliar o período oficial do Carnaval para 50 dias neste ano. A folia começará já neste domingo (12), com um show nas areias de Copacabana, e acabará em 1º de março.
No ano passado, contando o pré e o pós-carnaval, foram 23 dias de folia oficial.
A ideia é aproveitar a estrutura montada para a festa de Réveillon e induzir turistas a permanecer na cidade por mais tempo, aumentando de 1,7 milhão para 1,9 milhão o número de visitantes, como divulgou a gestão Marcelo Crivella nesta quarta (8).
A quantidade de desfiles previstos também voltou a crescer: são 543 cadastrados até agora, ante 498 em 2019 e 608 em 2018. Os chamados megablocos continuarão concentrados no centro da cidade (veja programação ao final), que igualou a zona sul em total de cortejos (133).
Desde o ano passado, a prefeitura carioca vem trocando o bordão de "maior" pelo "melhor" Carnaval do Brasil, com a expansão da festa em outras capitais do país como São Paulo e Belo Horizonte.
Mesmo assim, Marcelo Alves, presidente da Riotur, empresa municipal responsável pelo evento, defende que essa será a maior folia que a cidade já viu. “A ocupação hoteleira está em 70% e chegará a 100%. [...] Mais de R$ 4 bilhões de movimentação econômica”, disse em entrevista coletiva.
Ele ressaltou a complexidade da organização da festa —com vários dias e um público mais jovem e com menos dinheiro do que as famílias que chegam para o Ano Novo— e deu uma alfinetada: "Todo mundo quer Carnaval, mas ninguém quer Carnaval na porta da sua casa".
O pano de fundo do evento é um prefeito com fama de inimigo do Carnaval por ser evangélico —reputação que ele nega. Crivella nunca foi a um desfile na Marquês de Sapucaí e extinguiu as verbas da prefeitura para escolas de samba.
Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação que reúne 12 blocos, incluindo o Simpatia É Quase Amor, vê o anúncio da ampliação do Carnaval como estratégia de um governo que quer se reeleger.
“Tiveram três anos para dar valor ao Carnaval de rua, para cuidar, para ajudar e incentivar. Não fizeram. Agora entram na reta final de um ano eleitoral”, critica ela, ressaltando que o Carnaval do Rio já dura quase dois meses há anos, independente de ser oficial ou não.
No último domingo (5), ao menos 25 blocos fizeram a abertura não-oficial do Carnaval do Rio, juntando milhares de pessoas no centro carioca sem autorização da prefeitura. A organização é feita pela Desliga dos Blocos, movimento “em defesa da liberdade criativa e contra a mercantilização do Carnaval de rua do Rio”.
IMPASSE DOS BLOCOS
As ligas de blocos têm vivido novamente um impasse com exigências que consideram ser de responsabilidade do poder público, que começaram a ser cobradas no ano passado e teriam se intensificado agora.
A principal delas é que os grandes cortejos banquem mais ambulâncias e equipes médicas. Com isso, alguns estão tendo dificuldades em conseguir autorizações obrigatórias do Corpo de Bombeiros. Segundo a corporação, até agora 80 dos cerca de 200 blocos que carecem da licença foram liberados.
“O Simpatia É Quase Amor, por exemplo, vai ter que colocar 6 ambulâncias, 50 maqueiros, 4 médicos e 4 enfermeiros, porque os bombeiros entenderam agora que o posto médico montado em Ipanema pela prefeitura não basta. Ninguém nunca vai conseguir cumprir isso”, diz Fernandes.
As ligas pedem a revisão de decretos estaduais de 2014 e 2016, que submetem os desfiles de Carnaval com trios elétricos ou outras estruturas às mesmas regras de eventos como shows e festivais.
“Não somos megaempresários do show business. Não tem cachê nem fomento”, diz Rodrigo Rezende, presidente da Liga dos Amigos do Zé Pereira, que reúne Orquestra Voadora e Céu na Terra, entre outros. "Se a segurança pública é responsabilidade da PM, por que a saúde pública deve ser responsabilidade do bloco?”, argumenta.
No ano passado ocorreu o mesmo impasse, mas, depois de quase três meses de debate com a prefeitura, a empresa que produz o Carnaval de rua carioca assumiu o ônus, em acordo com o Ministério Público e os Bombeiros.
Outra dificuldade tem sido a exigência de uma autorização da Polícia Militar, que é dada pelos batalhões das áreas dos desfiles, dependendo do entendimento de cada comandante. Em 2019, muitos cortejos tradicionais ameaçaram não sair a menos de dois dias do feriado. Neste ano, porém, a expectativa é que o problema seja resolvido antes.
Convidados, os órgãos estaduais não foram à entrevista coletiva desta quarta (8)
Os bombeiros afirmaram que as regras já estão previstas há tempos na legislação e que as exigências contra incêndio e pânico são estipuladas criteriosamente de acordo com uma série de fatores. Entre eles estão a existência de trio elétrico, o número de pessoas esperadas, a oferta de serviços médicos próximos, a distância de hospitais de referência e a simultaneidade com outros blocos.
A organização do Carnaval do Rio é exclusiva da prefeitura, que neste ano vai disponibilizar 33 mil banheiros, 7 postos médicos, 303 ambulâncias, 858 profissionais de saúde, 475 agentes de trânsito e 1.180 garis. São investidos em média, anualmente, R$ 100 milhões, sendo R$ 16 milhões no sambódromo.
Dentro desse valor está um aporte privado. Desde 2011, a produtora Dream Factory, através da Ambev, ganhou todas as licitações para bancar equipamentos públicos da festa (cerca de R$ 26 milhões por ano) em troca do direito de negociar verbas de patrocínio. O modelo foi criado na gestão de Eduardo Paes (então MDB).
MEGABLOCOS NO RIO
Costumam reunir mais de 200 mil pessoas*
2.fev (domingo) - Lexa
9.fev (domingo) - Carnaval Square (Claudia Leitte)
15.fev (sábado) - Chora Me Liga
16.fev (domingo) - Bloco da Preta
22.fev (sábado) - Bola Preta
25.fev (terça) - Fervo da Ludi
29.fev (sábado) - Poderosas
1º.mar (domingo) – Monobloco. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Jovem que foi soterrado na areia da praia em meio a uma brincadeira estava de cabeça para baixo
- Detalhes
O jovem de 17 anos que se asfixiou após uma brincadeira com amigos, quando foi soterrado no último sábado na areia da Praia de Ponta Negra, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, estava de cabeça para baixo em um buraco de mais de um metro de profundidade. A revelação foi feita pelo estudante João Matheus da Silva Gonçalves, de 22, que passava pelo local e ajudou a resgatar o adolescente. Ele contou que apenas os pés do rapaz podiam ser vistos por quem estava na areia. A vítima precisou ser removida de helicóptero para o Hospital Miguel Couto, na Zona Sul do Rio, onde está internada no Centro de Tratamento Intensivo.
— Estava indo para casa e uma moça me chamou para ajudar. Quando olhei vi o corpo coberto de areia. Ele estava enviesado só com os pés do lado de fora. O problema é que a cabeça dele ficou no fundo do buraco. Quando conseguimos retirá-lo já estava desacordado. Um bombeiro fez massagens e respiração boca a boca. Fiquei muito assutado com o que vi — disse o estudante.
De acordo com João Matehus, até ser resgatado com auxpilio de uma pá, o adolescente ficou soterrado por um período aproximado de dois a três minutos. Ainda não está esclarecido se o rapaz caiu no buraco em meia a uma brincadeira ou se foi soterrado propositalmente. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, o quadro clínico da vítima segue estável. Fonte: https://extra.globo.com
Chegando no Rio de Janeiro: Um olhar...
- Detalhes
Chegando no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 7 de janeiro-2020. www.instagram.com/freipetronio
Avião ucraniano cai no Irã e deixa ao menos 170 mortos
- Detalhes
Queda teria sido por problemas técnicos e aconteceu logo após decolagem
DUBAI | REUTERS e AFP
Um Boeing 737 da companhia Ukraine International Airlines caiu logo após decolar do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã, na madrugada desta quarta (8). De acordo com a TV estatal iraniana, todos os passageiros a bordo da aeronave foram mortos.
Informações iniciais apontavam que o avião levava 180 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes. Logo depois, o porta-voz da Organização de Aviação Civil do Irã, Reza Jafarzadeh, colocou o número total de pessoas a bordo em 170, enquanto as agências internacionais reforçaram um total de 176 passageiros.
Ainda na madrugada, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski alertou contra a "especulação" sobre a tragédia. "Peço a todos que evitem especulações e versões não verificadas da catástrofe", escreveu em sua página no Facebook. Horas antes, a embaixada ucraniana descartou "a tese de um ataque terrorista" e que o acidente foi devido à "falha de um motor de avião".
O motivo do acidente será investigado pela companhia aérea, pela fabricante Boeing e autoridades da Ucrânia e do Irã. Especulações preliminares apontaram até agora, assim como Zelenski, um problema técnico.
A grande maioria dos passageiros do voo eram estrangeiros, informou o Conselho de Segurança Nacional em Kiev. Apenas onze pessoas, sendo nove tripulantes e dois passageiros, eram cidadãos ucranianos. Os outros passageiros identificados até agora eram de países como Irã (82), Canadá (63), Suíça (10), Reino Unido (4) e Alemanha (3).
Equipes de resgate chegaram a ser enviadas para uma área próxima ao aeroporto, adicionou Jafarzadeh à emissora.
"O avião está pegando fogo, mas nós enviamos equipes... e podemos salvar alguns passageiros", disse a princípio o chefe dos serviços de emergência do Irã, Pirhossein Koulivand. Mais tarde, ele acrescentou: "O fogo é tão forte que não podemos fazer nenhum resgate... temos 22 ambulâncias, quatro ônibus-ambulâncias e um helicóptero no local".
O serviço de rastreamento aéreo FlightRadar24, apontou que o avião que caiu caiu operava o voo PS 752. Consultada, a Boeing disse que a empresa está ciente dos relatos da mídia sobre um acidente de avião no Irã e coleta mais informações. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Celular superaquece, provoca incêndio e destrói dois apartamentos em SP
- Detalhes
De acordo com o Corpo de Bombeiros, incêndio que destruiu dois apartamentos no bairro da Pompéia foi causado por celular que estava carregando encostado em uma cama.
Por G1 Santos
O incêndio que destruiu dois apartamentos em Santos, no litoral de São Paulo, teria sido causado por um aparelho celular que superaqueceu após ter sido deixado no carregador, segundo o Corpo de Bombeiros. De acordo com a corporação, as causas do incêndio permanecem sendo investigadas pela perícia.
Conforme apurado pelo G1, o acidente aconteceu na última quinta-feira (2). O apartamento, localizado na Avenida Marechal Floriano Peixoto, no bairro da Pompéia, era destinado à reserva de temporada e foi alugado por um grupo de turistas.
Em relato aos bombeiros, os turistas afirmaram que, antes de sair do imóvel, um deles deixou o celular carregando em cima de uma cama, o que fez com que o aparelho tivesse um superaquecimento.
O Corpo de Bombeiros aponta que, segundo o grupo, o celular gerou um foco de incêndio, fazendo com que o fogo se espalhasse pelo apartamento. As chamas puderam ser vistas da janela de um dos quartos. Os bombeiros, além da Polícia Militar e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, foram acionados para o local.
Na ocasião, o trânsito chegou a ficar interditado no local e os motoristas foram orientados a retornar pela contramão, sentido à Avenida Senador Pinheiro Machado (Canal 1). O prédio foi evacuado. Fonte: https://g1.globo.com
Colisão entre ônibus e carreta deixa 6 mortos e 25 feridos na BR-364 em RO
- Detalhes
Acidente foi entre as cidades de Pimenta Bueno e Vilhena. Chovia no momento da colisão, diz PRF.
Por Renato Barros, G1 RO
Seis pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas após uma colisão frontal entre uma carreta e um ônibus na BR-364, na noite deste sábado (28), entre as cidades de Vilhena (RO) e Pimenta Bueno (RO). Entre os feridos estão seis crianças e duas gestantes.
De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), João Paulo Lobato, no momento do acidente chovia forte na BR-364. O ônibus da empresa Bruna Turismo seguia sentido Porto Velho, com dezenas de passageiros, quando acabou batendo de frente com a carreta que seguia na pista oposta, sentido Vilhena.
Entre as vítimas fatais estão os dois motoristas do ônibus, o motorista do caminhão e a esposa dele, além de uma criança do sexo feminino.
Os 25 feridos foram levados para o Hospital Regional de Vilhena. A polícia ainda não divulgou os nomes de vítimas.
Mobilização no hospital
Várias pessoas estão indo até o Hospital Regional de Vilhena em busca de informações de passageiros do ônibus.
Alguns dos feridos na colisão da BR-364 estão em estado grave. Uma das crianças feridas teve o braço perfurado e já passou por cirurgia.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) diz que mobilizou uma força-tarefa de profissionais de Saúde, que conta com 15 médicos, para atender as vítimas do acidente.
Até a última atualização da reportagem, três pessoas já passaram por cirurgia. Os demais que deram entrada no pronto-socorro, segundo o secretário municipal de Saúde, Afonso Emerick, estão sendo atendidos e não apresentam risco de morte. Fonte: https://g1.globo.com
Livros para o Natal
- Detalhes
CORA RÓNAI
Pequenas editoras audaciosas, ciência, História e, claro, um bom romance policial
Começo a lista de recomendações desse Natal com duas palavras mágicas: Carambaia e Antofágica. Duas pequenas editoras audaciosas, que se dedicam a fazer edições primorosas de títulos pouco óbvios, clássicos ou fora de mercado, a quem já fiz declarações públicas de amor e pelas quais continuo apaixonada. A Carambaia, que fará cinco anos em breve e lançou 24 títulos apenas esse ano, é uma veterana comparada à Antofágica, que mal começa a molhar a ponta dos pés com cinco livros publicados (entre eles “Um conto de Natal”, de Dickens, traduzido por Leonardo Alves, que ficou pronto semana passada); mas ambas trilham o caminho da saudosa Cosac Naify. Qualquer um dos seus livros é um presente raro e lindo.
(Por exemplo: ambas lançaram “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, e é um bom exercício ir à livraria para tentar descobrir qual das edições é mais bonita. Eu, honestamente, não consegui me decidir.)
Mais comparação, mas essa num livro só, “Churchill e Orwell, a luta pela liberdade”, de Thomas Ricks (Zahar, tradução de Rodrigo Lacerda). Por que Churchill e Orwell, tão diferentes entre si? Ora, argumenta Ricks, porque ambos entenderam o valor do indivíduo para a democracia, e a importância de discordar da maioria. Uma biografia dupla que se lê de um fôlego, e que tem tudo a ver com os nossos dias. Para quem gosta de História, de política, de biografias e, pura e simplesmente, de boa escrita.
Dois livros distintos, mas igualmente fascinantes: “A maré humana”, de Paul Morland (Zahar, tradução de Maria Luiza Borges), e “Ascensão e queda dos dinossauros”, de Steve Brusatte (Record, tradução de Catharina Pinheiro). Um trata das mudanças do mundo causadas pelo vertiginoso crescimento demográfico dos últimos dois séculos; o outro, do que aconteceu com o segundo grupo de habitantes mais intrigantes do planeta ao longo de 150 milênios. Presentes perfeitos para quem se interessa por ciências e pelo mundo em que vive.
O primeiro grupo de habitantes mais intrigantes do planeta está vivo e bem, ainda que apareça em números alarmantes nos nossos pratos: são os cefalópodes, personagens de “Outras mentes: o polvo e a origem da consciência”, do filósofo e mergulhador Peter Godfrey-Smith (Todavia, tradução de Paulo Geiger). Mas Cora Rónai, um livro sobre polvos? Sim, sim — acreditem, essa é uma obra formidável (e altamente legível) sobre a evolução da consciência, sobre a vida na Terra (ainda que debaixo d'água) e sobre o mais estranho dos animais.
E, por falar em animais — “Why not: como os irmãos Joesley e Wesley, da JBS, transformaram um açougue em Goiás na maior empresa de carnes do mundo, corromperam centenas de políticos e quase saíram impunes”,de Raquel Landim (Intrínseca). Uma história que nunca deveria ter acontecido, espetacularmente bem contada. Para quem gosta de História e de jornalismo, e ainda não desistiu de entender o Brasil.
Como nenhuma lista de livros para o Natal fica completa sem um bom romance policial, é com particular alegria que informo que há um novo Camilleri na praça, “Uma voz na noite” (Record, tradução de Ivone Benedetti). Nele encontramos mais uma vez o inspetor Montalbano, que, aos 58 anos, começa a sentir o peso da idade. Como diz o blurb da contracapa, “Ou você adora Andrea Camilleri ou você nunca leu um livro dele”. Exatamente! Fonte: https://oglobo.globo.com
Greta Thunberg conquista a cúpula do clima de Madri quase sem dizer uma palavra
- Detalhes
“Somos mais populares que Jesus”, disse o beatle John Lennon em 1966, sobre terem “mais influência sobre a juventude do que qualquer outra coisa”. Exceto as distâncias, o mesmo conceito poderia se aplicar a ativista sueca Greta Thunberg em relação a todos os líderes políticos que passam nestes dias pela Cúpula do Clima de Madri. Falou apenas em poucas aparições na conferência oficial e, no entanto, sua mensagem ressoa e se espalha toda vez que aparece. Greta Thunberg devora a COP25 de Madri, antes mesmo de que cheguem os responsáveis pelo fechamento das duas semanas de negociações desta cúpula mundial.
A reportagem é de Raúl Rejón, publicada por El Diario, 09-12-2019. A tradução é do Cepat.
Essa adolescente de 16 anos não precisa falar muito para chamar a atenção e ampliar a mensagem daqueles que aparecem ao seu lado, seja um jovem violinista russo ou um adolescente dos povos indígenas dos Estados Unidos. Um bom número de políticos tem tentado voltar o seu olhar para quem queira atendê-los, mas a figura única da ativista sueca mobiliza a conferência sem a necessidade de mais autofalantes. Nesta segunda-feira, bastou Thunberg anunciar sua presença em um evento com jovens do sul do mundo para pôr de pernas para ar o centro de convenções. Sua presença foi suficiente para encher a sala.
Dentro do salão onde estava previsto o ato, uma hora antes do compromisso, aconteciam duas apresentações iniciais sobre pesca sustentável e o impacto da mudança climática em áreas vulneráveis. Os oradores não podiam esperar que a aglomeração para suas intervenções ia ser de nível estrela ambiental. Grande parte da plateia estava esperando a chegada da adolescente sueca. Mas, lá estavam.
Foco sem trégua
Então, um desses palestrantes aproveitou a oportunidade para lançar sua ideia resumida: “A transição verde está repleta de atividades nada verdes”, explicou sobre a extração de lítio no triângulo do Chile, Bolívia e Argentina que expulsa os habitantes dessas regiões. “Ainda temos três minutos antes da próxima conferência”, continuou seu companheiro, aproveitando os últimos momentos em frente ao microfone. “A melhor fórmula para proteger a Amazônia são as reservas indígenas”. Mas, a polícia da ONU já estava tomando posições na sala para ordenar: “Todo mundo fora!”. Chegava a vez de Greta e seus companheiros.
O foco que se coloca sobre Thunberg toda vez que aparece na COP não diminuiu desde a última sexta-feira, onde apareceu de surpresa na Ifema (feira de Madrid), assim que chegou à Espanha, vindo de Lisboa. As correrias atrás dela pelos pavilhões fizeram com que se refugiasse em locais fechados. Tinha ido participar de uma sessão do seu grupo, Fridays for Future. Mais tarde, na manifestação em massa convocada pela cúpula alternativa, a polícia protegeu Thunberg porque a aglomeração ao seu redor a impediu de avançar.
E, no entanto, Thunberg parece escolher corretamente como se movimentar e quais mensagens pode ampliar. Pelo menos nesta segunda-feira, deu grande ressonância a um grupo de meninos e meninas especialmente afetados pela crise climática. De países e regiões geralmente pouco ouvidas.
Jovens de Uganda, Ilhas Marshall, Filipinas, Chile ... cujos representantes vêm às cúpulas climáticas, ano após ano, com uma mensagem semelhante, mas com um impacto muito menor. Ela disse que é a história deles que deve ser contada. Diante de um fórum repleto de câmeras e veículos de comunicação de todo o mundo, essa história foi contada. E, desta vez, amplamente escutada.
Há um ano, na COP24, em Katowice (Polônia), o presidente das Ilhas Marshall fez um apelo quase desesperado ao perceber que a ciência havia estabelecido a necessidade de “medidas urgentes e sem precedentes” para conter o aquecimento da Terra em 1,5 grau. Seu país tem uma altura máxima de 10 metros, portanto, o aumento contínuo do nível do mar se traduz em simplesmente o desaparecimento. Seu discurso teve um impacto limitado. A frase de Thunberg, em setembro, em Nova York: How dare you! (como você se atrevem) foi colocada em um banner , sexta-feira passada, enquanto centenas de milhares marchavam pelo clima no centro de Madri.
Efeito multiplicador
Nesta segunda-feira, foi o Dia da Infância e da Juventude na cúpula. A jornada em que foi realizada a assinatura da Declaração sobre Infância, Juventude e Ação Climática promovida pelo Unicef. Um cenário ideal para Greta Thunberg. De fato, havia sido anunciado sua participação neste fórum, dias antes. Depois do vai e vem vivido pela COP em sua primeira intervenção do dia, alguém (não foi dito quem, nem como, ou se foi ela mesmo) decidiu que não voltaria a sair em público. Mas foi uma modificação de última hora, então a sala estava lotada novamente. Ainda havia uma fila nas portas para assistir, quando o evento estava a ponto de ser concluído.
As reprovações de um grupo de jovens à inação dos políticos, sua reclamação de que “os adultos atuam como crianças”, ressoaram com dezenas de câmeras e microfones reproduzindo-as. Um derivado do efeito Thunberg, que serviu para que a encarregada especial da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, admitisse que em Madri é preciso encontrar uma maneira de que as “reinvindicações da rua sejam refletidas nos corredores do poder. Muitos jovens estão enfurecidos com a forma como governos, empresas e adultos tem falhado na luta contra a mudança climática”, admitiu.
Doutrina Thunberg na veia, sem sequer ter que comparecer. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
A face injusta do Brasil
- Detalhes
Direitos humanos não é 'coisa de bandido' como alardeiam os que jamais pensam nos direitos dos pobres. É um dos mais elevados marcos jurídico e moral de nosso avanço civilizatório
Frei Betto
Desde a ditadura militar (1964-1985), nunca houve tantos retrocessos nos direitos humanos no Brasil como agora, sob Bolsonaro. Somos governados por autoridades que insistem na impunidade das forças repressivas, o que representa sinal verde para a eliminação sumária de suspeitos ou mesmo de cidadãos insuspeitos, como os nove jovens assassinados pela PM de São Paulo na favela de Paraisópolis, na madrugada de 1º de dezembro. Apenas no Rio, neste ano de 2019, seis crianças foram mortas por “balas perdidas” .
Terras demarcadas são invadidas por mineradoras, madeireiras e empresas agropecuárias. Indígenas são assassinados, entre eles o líder Paulo Paulino Guajajara, no Maranhão, a 1º de novembro, por defender a reserva de seu povo da ação de madeireiros ilegais. Os casos de feminicídio se multiplicam; uma mulher é violentada a cada 4 minutos no país.
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo , cuja nomeação está sendo contestada pela Justiça, cospe na memoria de Zumbi, herói quilombola, ao declarar que no Brasil não existe racismo, e que “a escravidão foi benéfica para seus descendentes”... No Paraná, o jornalista Aluízio Palmar é processado por denunciar torturas no quartel do 1º Batalhão de Fronteira, em Foz do Iguaçu. O país tem mais de 12 milhões de desempregados, e o salário mínimo a vigorar em 2020 foi reduzido duas vezes pelo governo.
À beira de fazendas e estradas brasileiras, 80 mil famílias se encontram acampadas. O ex-presidente Lula é condenado sem provas. A mídia crítica ao governo é sabotada mediante o cancelamento de anúncios oficiais, e sofrem ameaças as empresas privadas que nela fazem publicidade de seus produtos. Alunos são incentivados a delatar professores que não rezam pela cartilha do Planalto. O mercado de armas e munições é estimulado pelo governo, que jamais condenou as milícias paramilitares que, ao arrepio da lei, disputam territórios com o narcotráfico.
Além dos direitos humanos, são violados também os direitos da natureza. A floresta amazônica é incendiada criminosamente para abrir espaço ao gado e à soja, enquanto Bolsonaro declara que as queimadas são “um problema cultural” . A Justiça atua com morosidade e leniência na punição dos responsáveis pelas tragédias resultantes do rompimento das barragens de Mariana (MG), em 2015, e Brumadinho (MG), em 2019, que ceifaram 382 vidas. O óleo derramado no litoral brasileiro não é saneado com a urgência e o rigor que a situação exige.
Segundo Marcelo Neri, da FGV, em dez anos o Brasil tirou 30 milhões de pessoas da pobreza. Porém, entre 2015 e 2017, 6,3 milhões de pessoas voltaram à miséria. Nos últimos três anos, a pobreza aumentou 33%. Segundo o IBGE, 58,4 milhões de pessoas vivem hoje abaixo da linha de pobreza, com renda mensal inferior a R$ 406. A lista de excluídos só aumenta: entre 2016 e 2017 subiu de 25,7% para 26,5 o que significa a exclusão de quase 2 milhões de pessoas. Segundo estes dados, 55 milhões de brasileiros passam por privações, dos quais 40% no Nordeste. Enquanto isso, a renda per capita dos ricos subiu 3%, e a dos pobres desceu 20%. Doenças já erradicadas retornaram, e a mortalidade infantil avança sobre as famílias mais pobres.
Somos uma nação rica, muito rica. Mas sumamente injusta. O PIB brasileiro é de R$ 6,3 trilhões, suficiente para garantir R$ 30 mil per capita/ano para cada um dos 210 milhões de habitantes. Ou R$ 10 mil por mês para cada família de 4 pessoas.
Direitos humanos não é “coisa de bandido” como alardeiam os que jamais pensam nos direitos dos pobres. É um dos mais elevados marcos jurídico e moral de nosso avanço civilizatório. Embora sejam violados sistematicamente por quem se proclama democrata e cristão, são irrevogáveis. Resta, agora, a ONU convocar os países a elaborar e assinar a Declaração Universal dos Direitos da Natureza, nossa “casa comum”, na expressão do papa Francisco. Fonte: https://oglobo.globo.com
*Frei Betto é escritor, autor de “Minha avó e seus mistérios” (Rocco), entre outros livros.
Não é justo
- Detalhes
O perigo mortal não vem das favelas, vem de dentro de cada um
Na madrugada, o barulho de gente correndo pelos becos de uma favela. No fim do beco uma grade, como nas prisões. Encurralados, morrem nove, outros são feridos. Sem saída. Como em um pesadelo. Eram adolescentes, quase crianças, que se divertiam numa festa. Não estarão em casa no Natal.
Há vídeos que mostram a polícia jogando bombas, batendo com cassetetes nos que tentam escapar ao tumulto. A cena é degradante, o gesto inominável. Uma autoridade põe em dúvida a veracidade das imagens, e o governador de São Paulo, o rosto gélido em que pretende imprimir a firmeza e a autoridade que os fatos desmentem, reafirma a eficácia da polícia e a continuidade de seus métodos. Dias depois, confrontado às mães das vítimas, admite “rever protocolos”. Não é justo.
Não é justo é o que dizem todos os pais e mães que mandam os filhos à escola e recebem de volta um cadáver e uma camiseta ensanguentada. Na dor da impotência face à impunidade gritam essa queixa. Mais um “erro operacional grave” da polícia, na expressão do ministro da Justiça. Erro? Não, impunidade que autoriza a reincidência.
Que desgraça, que tristeza, que vergonha! Onde foi parar a elementar compaixão que faz chorar nas tragédias e sentir revolta face à injustiça? Até quando governantes seguirão mentindo, sem piedade dos que perdem seus filhos, como se as vítimas não fossem ninguém? E, sobretudo, sem culpa, sem remorso, essa insensibilidade de que só os psicóticos são capazes. Até quando vão negar a humanidade dos que precisam de amparo e proteção?
A frieza, a insensibilidade das autoridades é assustadora. Essa insensibilidade é contagiosa, uma tara que se espalha pela sociedade enquanto se vende a imagem de um inimigo sem rosto que se esconde nas favelas e que justifica a violência cega que atinge qualquer um.
O perigo mortal não vem das favelas, vem de dentro de cada um: habituados ao horror em um convívio cotidiano, nos tornarmos, silenciosos e indiferentes, cúmplices por omissão do assassinato de crianças.
Não é justo.
Fonte: https://oglobo.globo.com
Três jornalistas que fizeram parte dos 50 anos do Jornal Nacional viram plantonistas do noticiário
- Detalhes
Aline Aguiar, Jéssica Senra e Márcio Bonfim passam a fazer parte do rodízio de apresentação
Três jornalistas de emissoras e afiliadas da Globo que participaram da comemoração dos 50 anos do Jornal Nacional vão virar plantonistas do noticiário em 2020. Segundo a emissora, Aline Aguiar (Globo Minas), Jéssica Senra (TV Bahia) e Márcio Bonfim (Globo Nordeste) passam a fazer parte do rodízio oficial de apresentação do JN aos sábados.
Márcio também será o substituto de Tadeu Schmidt no Fantástico nos feriados e férias do apresentador, já a partir do final deste ano.
Os três foram aproveitados pela Globo após participarem do revezamento de jornalistas na bancada do telejornal, que foi realizado de 31 de agosto a 30 de novembro, como forma de comemorar os 50 anos do JN. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
'Terrivelmente' cristãos
- Detalhes
Há governantes que gostam de impor seu poder pelo medo
No começo deste ano, ao assumir a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves declarou que o Estado podia ser laico, mas ela era “terrivelmente cristã”.
Jair Bolsonaro gostou da expressão e, em julho, durante um culto evangélico, disse que ele pretendia nomear, para o Supremo Tribunal Federal , um juiz “terrivelmente evangélico”.
O que significa ser “terrivelmente” cristão ou evangélico?
Há governantes que gostam de impor seu poder pelo medo. Mas será que há cristãos que querem mesmo ser medonhos?
Muitos cristãos sentirão repulsa diante da ideia de afirmar a sua fé pelo medo que poderiam incutir nos outros. Entendo, mas o cristianismo “terrível” não é uma invenção de Damares e Bolsonaro.
Os cristãos, os judeus e os islamitas são exclusivistas, ou seja, adotam o Antigo Testamento, no qual Deus proclama: não terás outros deuses além de mim.
Agora, o judaísmo não se tornou missionário por isso. A ideia é: meu Deus é o único verdadeiro, os outros podem acreditar no que quiserem —eventualmente, veremos no fim quem tinha razão.
O cristianismo, ao contrário, tornou-se imediatamente missionário, como se a ideia de que só nosso Deus é o verdadeiro acarretasse o dever moral de convertermos a todos os que veneravam outros deuses. O Islã tomou um caminho parecido, com a consequência que as duas religiões parecem estar em guerra até hoje.
Duas observações: 1) É sempre sábio desconfiar dos que querem nosso bem —quer estejam vestidos de cruzados, de comunistas ou de pastores.
2) O caso dos judeus mostra que a crença que nosso Deus seja o único verdadeiro não nos dá necessariamente o dever e o direito de convertermos o mundo a ferro e fogo.
O cristianismo atribuiu a si uma vocação missionária universal ao lutar para se tornar religião oficial do Império Romano. Mas essa circunstância não explica por qual razão interna (e não só de expansão pelo mundo) os cristãos se tornaram logo “terríveis”. Por que precisaram que todos os outros adotassem as suas crenças e as suas regras de comportamento?
Talvez haja, nos anseios missionários, uma vontade de fazer o bem. É possível. Mas os anseios missionários, sobretudo quando se tornam impositivos e violentos, mal escondem a boçalidade. O que é a boçalidade? Nenhum cristão consegue controlar seus desejos “pecaminosos” e as dúvidas de sua fé.
Quanto mais os desejos e as dúvidas o pressionam, tanto mais ele se torna boçal, ou seja, tenta reprimir nos outros tudo o que ele não consegue reprimir nele mesmo.
A boçalidade cristã tem uma longa história, que, aliás, deveria ser contada nas salas de aula (isso, se as aulas não fossem lugares de doutrinação cristã e boçal, justamente). Durante o primeiro milênio, a boçalidade se encarregou de exterminar e apagar um outro cristianismo, menos ou nada boçal, que poderia ainda ser o nosso (para começar, veja M. Onfray, “O Cristianismo Hedonista”, ed. Martins Fontes).
No mesmo período, a boçalidade também destruiu a cultura clássica greco-romana (veja C. Nixey, “A Chegada das Trevas - Como os Cristãos Destruíram o Mundo Clássico”, ed. Desassossego).
E a boçalidade vingou quando, na Renascença, a razão começou a semear dúvidas. Será que a terra é plana ou redonda? Será que está mesmo ao centro do universo? Os boçais foram deveras “terríveis”: para afastar as dúvidas que surgiam neles mesmos, eles se puseram a queimar bruxas e hereges.
A ministra Damares se preocupou recentemente com a possibilidade de que uma feminista se masturbasse com um crucifixo.
Há 400 anos, numa praça de Toulouse, um jovem filósofo, Giulio Cesare Vanini, foi executado por pensar que há leis da natureza e que talvez haja evolução das espécies. Antes de ser estrangulado e queimado (e que suas cinzas fossem no fim dispersadas), o algoz lhe cortou a língua, culpada por falar demais.
Quase sempre, nos últimos momentos de um herege, havia um boçal “terrível” que lhe estendia um crucifixo, para que fosse a última coisa que o supliciado contemplasse. Não é improvável que o sangue de Vanini tenha espirrado no crucifixo. Se isso aconteceu, acredito que o sangue de Vanini sujou o crucifixo muito mais profundamente do que a lubrificação de qualquer feminista imaginada por Damares.
Sei, a história de Vanini foi 400 anos atrás…o tempo passou, não é? Mas a clínica mostra que os boçais continuam capazes de tudo para evitar encontrar seus próprios demônios.
*Contardo Calligaris
Psicanalista, autor de 'Hello Brasil!' (Três Estrelas), 'Cartas a um Jovem Terapeuta' (Planeta) e 'Coisa de Menina?', com Maria Homem (Papirus). Fonte: www1.folha.uol.com.br
Nota do Regional Sul 1 da CNBB sobre a morte de jovens em Paraisópolis
- Detalhes
Da esq. para dir. em cima: Denys Henrique Quirino da Silva, 16; Gustavo Cruz Xavier, 14; Gabriel Rogério de Moraes, 20; Mateus dos Santos Costa, 23; Da esq. para dir. em baixo: Bruno Gabriel dos Santos, 22; Dennys Guilherme, 16; Marcos Paulo, 16; Luara Victoria de Oliveira, 18 e Eduardo Silva, 21; Jovens mortos na madrugada de domingo(1), durante uma ação da PM em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. - Arquivo pessoal e Reprodução. Fonte: https://agora.folha.uol.com.br
"Expressamos a fraternal solidariedade da Igreja Católica às famílias atingidas por este grave golpe mortal e sangrento, que dilacerou seus corações", ressalta a nota dos bispos do Regional Sul 1 da CNBB.
Cidade do Vaticano
"Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate" (Is 2,4).
Nós, Bispos do Regional Sul 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diante da triste e assustadora notícia da grave ocorrência em Paraisópolis, na Cidade de São Paulo, na madrugada deste 1° de dezembro, em que nove jovens perderam suas vidas e vários outros foram feridos, queremos manifestar nosso lamento pelos atos violentos que resultaram nesta tragédia.
Tendo em nossos corações os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, repudiamos toda forma de violência, manifestação de ódio e desrespeito à vida.
De modo particular, expressamos a fraternal solidariedade da Igreja Católica às famílias atingidas por este grave golpe mortal e sangrento, que dilacerou seus corações. Reafirmamos nossa opção preferencial pela juventude fazendo ecoar, nesta lamentável circunstância, o grito de milhões de jovens excluídos do direito à educação, ao trabalho, ao lazer e acesso aos bens culturais deste País.
Nas periferias dilaceradas pela ausência de recursos materiais e políticas públicas indispensáveis ao bem-estar, fraternidade e sociabilidade, em que se partilhe a vida com alegria e segurança, compreendemos que nossos jovens pobres e carentes procurem, a seu modo e como podem, oportunidades de lazer e encontro. Cumpre a todas as pessoas de boa vontade e senso ético, particularmente nas instâncias políticas responsáveis pelos aparatos de segurança do Estado, propiciar a todos, principalmente à população mais vulnerável, oportunidades e projetos eficazes que visem à superação da violência e das desigualdades econômicas e sociais. Não é ético nem patriótico que os recursos humanos e materiais sejam instrumentalizados para ferir e eliminar a vida e a dignidade de cada ser humano.
A Igreja católica reafirma seu propósito e compromisso com a evangelização da juventude, na convicção que, providos dos mais nobres sentimentos e valores familiares, culturais, religiosos e humanos, os jovens trilharão caminhos de justiça e cidadania, livres das circunstâncias que conduzem à violência e à morte.
Que a mensagem de amor e a paz, celebrada no Natal que se aproxima, seja o horizonte de esperança nos caminhos da juventude e da sociedade brasileira. E que Jesus Cristo renasça em nossos corações.
Dom Pedro Luiz Stringhini - presidente
Dom Edmilson Amador Caetano - vice-presidente
Dom Luiz Carlos Dias – secretário
Fonte: https://www.vaticannews.va
No Chile, apresentadora expulsa de programa advogado que negou ditadura
- Detalhes
No Chile, apresentadora expulsa de programa advogado que negou ditadura
Tonka Tomicic pediu que um advogado se retirasse do estúdio quando ele negou que houve ditadura no país
REDAÇÃO MARIE CLAIRE
A apresentadora Tonka Tomicic expulsou um advogado que participava de seu programa no Chile após ele negar que teve ditadura no país. Na sexta-feira (29), durante o programa Bienvenidos 13, Tonka pediu que o advogado Hermógenes Pérez de Arce se retirasse do estúdio.
"Não se pode compartilhar o espaço televisivo com uma pessoa que está negando parte da história do Chile", afirmou a apresentadora. Arce rebateu: "Não, eu estou afirmando que o que eu digo é uma verdade histórica". Outros convidados do programa ficaram indignados com a resposta do advogado.
Hermógenes Pérez de Arce é conhecido por ter sido muito próximo do ditador Augusto Pinochet, que governou o país por 17 anos. Ao ser expulso, ele disse ter sido censurado pela jornalista.
A ditadura do Chile foi uma das mais sangrentas da história, deixando mais de 3 mil mortos. O vídeo viralizou nas redes sociais. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com
A fábula do espinheiro
- Detalhes
"Resta, porém, uma esperança: um mito. Não aquele que é o próprio espinheiro, mas o da fênix que renasce das cinzas. Resta saber quanto da floresta ainda vai ter de ser queimada para que a vida recomece", escreve Solange do Carmo, professora de teologia na PUC de Minas Gerais.
Eis o artigo.
“Uma árvore boa produz frutos bons e toda árvore má produz maus frutos”
(Mt 7,18)
“Tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré,
pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré
e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”
(Leonel Brizola)
A bíblia, sempre ela a nos surpreender com sua sabedoria! Se para alguns é arma para destruir, matar e discriminar, nada é comparável ao seu caráter comunicativo, capaz de nos advertir acerca das agruras da vida. Como disse Veríssimo, o filho e não o pai, a bíblia está cheia de textos para todos os gostos e estilos (inserir a referência?).
Um de seus relatos mais intrigantes é a parábola do espinheiro, narrada no livro dos Juízes (Jz 9,7-21). O texto faz parte de uma coleção antimonárquica, decididamente vencida por sua adversária, a corrente pró-monarquista, representada por Joatão.
A história é mais ou menos assim. Tendo saído do Egito, traumatizado com a experiência da escravidão, o povo se instalou em Canãa e a terra conquistada fora dividida entre as doze tribos de Israel. Cada tribo se organizou e tocou a vida para a frente. Mas, se por um lado a igualdade era respeitada e a fraternidade era experimentada, pois não tinham líderes a explorá-los, os israelitas estavam mais sujeitos aos ataques do inimigo e, consequentemente, mais vulneráveis à violência. Em vez de se unirem para superar a violência, alguns, vendo como os povos importantes se organizavam com exércitos brutais e uma corte cheia de glória, começaram a invejar a segurança dos mesmos e acharam que também eram capazes de repetir a façanha: dominar os povos menores pela força, com a instalação da monarquia. Não faltou quem ficasse contra essa ideia estapafúrdia, quem mostrasse que a fraternidade conquistada e a divisão de bens experimentada no tempo dos juízes eram bens superiores à ilusão de uma monarquia poderosa. A maioria ingênua ganhou, mas não demorou para ver que todos perderam. Elegeram Saul, um louco desvairado, lunático e fora de si, que, segundo pensavam, por meio da violência acabaria com a violência.
É neste contexto que se encaixa a famosa fábula de Joatão. Breve resumo: As árvores resolveram ungir para si um rei. Disseram à oliveira: “Reina sobre nós”. Ciente de sua missão, ela rejeitou o convite dizendo: “Tenho muito azeite a produzir; não tenho forças para superar as outras árvores e ficar balançando sobre elas”. Convidaram a figueira. A boa árvore deu resposta semelhante: “Tenho de produzir frutos doces e deliciosos; não tenho forças para superar as outras árvores e ficar balançando sobre elas”. Tentaram outra vez com a videira, que, consciente de sua tarefa de agradar a Deus e aos homens com seu vinho, também escusou. Chateadas com a firme resolução das plantas nobres, as árvores decidiram eleger o espinheiro. Não foi preciso insistir. Ele já sonhava com ocasião para oprimir as irmãs da floresta. Respondendo prontamente ao convite, falou: “Se, na verdade, me ungis rei sobre vós, vinde e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano”. E começou o pesadelo. Eleito, Saul perseguiu seus desafetos, matou, explorou seus irmãos e terminou doido, pois nenhum tirano pode escapar ao seu próprio veneno.
Não foi falta de avisar. A corrente anti-monarquista, entusiasta da vida tribal, tentou dissuadir o povo. Nem era preciso isso, afinal a história de Israel é plena de relatos e advertências que mostram que uma árvore boa dá bons frutos e que uma árvore má só pode oferecer frutos detestáveis. O próprio espinheiro não escondeu sua fúria. Com a possibilidade de sua unção, avisou que sairia fogo de si a ponto de consumir os cedros do Líbano, mostrando quem é.
Os cedros do Líbano são famosos por sua qualidade, durabilidade, capacidade de resistir ao tempo e por sua função de embelezar e sustentar as edificações. Dele se faziam não só móveis que se eternizavam, mas colunas para as grandes construções, como o templo de Jerusalém. O espinheiro, porém, não temia nada. Sua promessa foi a de consumir tudo, até o que de mais forte e mais belo havia no imaginário daquele tempo.
Bom, o fim da história a gente já conhece: a monarquia foi rolando ladeira abaixo, com líderes cada vez mais violentos, que só pensavam em si, até chegar à tomada de Jerusalém, no ano 597 a.C., pelo reino da Babilônia, quando grande parte da população ficou na miséria em terras de Israel e a elite foi deportada. Fim.
Esse texto poderia ter sido escrito ontem, mas não: tem pelo menos 2500 anos. Ora, qualquer semelhança com a situação política brasileira não é mera coincidência. O povo brasileiro, manipulado por uma mídia golpista e bombardeada por fake news, elegeu o grande espinheiro. A ilusão de segurança por meio da força e a promessa de acabar com o comunismo – que nunca existiu no Brasil – levou muita gente a pensar que o espinheiro – com seus espinhos mais que conhecidos – maltrataria apenas um grupo de corruptos e protegeria a população. Não foi falta de o próprio espinheiro avisar: “vou botar fogo na floresta; vou queimar até os cedros do Líbano...” Anestesiada de ódio, nossa gente pagou para ver. E estamos todos a pagar caro por isso. Dólar subindo, combustíveis e gás de cozinha a preços absurdos, salário mínimo corrigido abaixo da inflação, leis trabalhistas flexibilizadas, empresas de portas fechadas, demissões em massa, índices altíssimos de violência, licença para a polícia matar, ameaça de AI-5, fim da previdência social, privatização das estatais, censura, privatização da educação, ameaça de acabar com o SUS, exaltação da imbecilidade... A lista é sem fim. Mas esses são apenas alguns exemplos dos espinhos que nos ferem e matam, pois seu veneno é como de uma serpente, traiçoeiro e fatal.
E o pior não é isso. Uma vez o incêndio declarado, ou as árvores da floresta têm vergonha de admitir que erraram na escolha, ou são tão perversas quanto o espinheiro e querem mesmo ver o cedro pegar fogo. Não sabem, porém, que o cedro – símbolo da soberania e da resistência – é a última árvore a sofrer danos. Para que ele se queime, toda a floresta será devastada, a começar pelos ramos mais frágeis, aqueles desavisados que elegeram o espinheiro.
Resta, porém, uma esperança: um mito. Não aquele que é o próprio espinheiro, mas o da fênix que renasce das cinzas. Resta saber quanto da floresta ainda vai ter de ser queimada para que a vida recomece. Sigamos tocando a flauta, pois como disse Khalil Gibran “o canto é o melhor saber e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
O perigo dos carregadores USB em espaços públicos
- Detalhes
Hackers podem usar as conexões para roubar dados pessoais do usuário e instalar programas maliciosos no celular
Chegar ao quarto do hotel após uma longa viagem e começar a procurar as tomadas para carregar os diversos aparelhos é algo que já se tornou rotina para a grande maioria. Nesse sentido, encontrar (sobretudo no exterior) um carregador USB na parede pode ser como descobrir um oásis no deserto. Conectores desse tipo evitam a dor de cabeça de lidar com as diferentes tomadas de cada país, mas os especialistas voltam a advertir sobre o seu perigo: eles podem ser uma porta de acesso para os hackers. E a ameaça é real.
Embora seja um perigo já conhecido e abordado pelos especialistas, o Ministério Público de Los Angeles (Estados Unidos) lançou um alerta público pedindo aos cidadãos que evitem a todo custo usar os conectores USB de hotéis e aeroportos, devido à séria possibilidade de serem vítimas do ciberataque conhecido como juice jacking. Através dessa técnica, os hackers podem roubar diretamente do celular os dados pessoais do usuário. E inclusive instalar programas maliciosos que poderiam registrar conversas e todas as atividades realizadas no dispositivo.
“Impacto elevado”
Estamos diante de um alerta exagerado ou a ameaça é real? Fernando Suárez, presidente do Conselho Geral de Ordens Oficiais de Engenharia Informática da Espanha, confirma que “o impacto desse risco é muito elevado. Segundo ele, “a ameaça e a consequente recomendação são similares às do uso de WiFi públicos: não utilizá-los, já que não sabemos quem são os outros usuários e com que finalidade usam esse meio compartilhado”.
A empresa Kaspersky Lab confirma a existência da ameaça, mas não considera que esteja disseminada. Daniel Creus, analista de segurança da companhia, diz que, embora “[o problema] não seja generalizado, é importante levá-lo em conta porque pode ser considerado um vetor de infecção e, portanto, uma ameaça”.
Como se proteger
A possibilidade de ficar sem bateria é um dos maiores temores de qualquer pessoa, mas o risco de carregar o aparelho é alto. Como evitá-lo?
- Não utilize as portas USB. Pode parecer óbvio, mas é a primeira recomendação de todos os especialistas: não usar esses conectores públicos, apesar da sua conveniência e por mais que você precise de bateria;
- Leve o carregador. As versões modernas ocupam pouco espaço e evitam que você precise recorrer a portas USB em espaços públicos;
- Use bateriasportáteis. As conhecidas como powerbankssão um salva-vidas para muito viajantes e sempre serão mais recomendáveis que um USB público;
- Apague o celular durante a recarga. Se realmente não houver outra opção a não ser carregá-lo usando portas USB, a McAfee recomenda desligar o aparelho para minimizar riscos e evitar que haja tráfego de dados durante o processo. Fonte: https://brasil.elpais.com
"Meu filho foi assassinado", diz mãe de jovem morto em baile de Paraisópolis
- Detalhes
Parentes de Denys Silva contestam a versão de que o jovem tenha morrido pisoteado durante ação da PM
SÃO PAULO
Os parentes do estudante Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, contestam a versão de que o jovem tenha morrido pisoteado durante ação da PM no baile funk, em Paraisópolis.
Segundo eles, o corpo do jovem não tinha sinais de pisões, nem a roupa tinha marcas de sapatos. “Depois de ter visto o corpo do meu filho, tenho certeza de que ele foi assassinado. Meu filho não foi pisoteado. O rosto dele está intacto. Foi a primeira vez que ele foi a esse baile. Foi a viagem para a morte”, disse Maria Cristina Silva, mãe do jovem, após reconhecer o corpo do filho no IML, neste domingo (1º). [ x ]
Denys morava em Pirituba (zona norte de SP) com a família. Estudava e trabalhava com limpeza de estofados e sofás.
“Meu irmão não era um criminoso. Ele trabalhava, estudava e também gostava de funk. Quem morreu ali foi inocente. Não tinham 5.000 criminosos ali”, disse Danylo Quirino, irmão de Denys.
Outra vítima foi Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, que morava com a família no Capão Redondo (zona sul de SP). Segundo o padrinho, Roberto Oliveira, a família teria dito ao jovem para não ir ao baile, pois temia por sua segurança.
Ainda na tarde de ontem, o Agora conseguiu confirmar entre as vítimas Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, de Mogi das Cruzes (Grande SP), Eduardo da Silva, 21, de Carapicuíba (Grande SP), e Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16. A família de outra vítima fatal, Matheus dos Santos Costa, 23 anos, não havia sido localizada até a noite de ontem.
A polícia não confirmou o nome das vítimas até a conclusão desta edição. Fonte: https://agora.folha.uol.com.br
O Brasil que arde
- Detalhes
*Rafael R. Ioris e Aaron Schneider
Não são só as florestas, mas as instituições democráticas
Estimulado por um governo que despreza a riqueza biológica e humana da região amazônica, o Brasil se viu envolto em um número recorde de incêndios nos últimos meses. Embora dramática, a destruição promovida pelo governo Jair Bolsonaro vai muito além da floresta —é o pais que arde como um todo. A crescente erosão da democracia brasileira preocupa acadêmicos e ativistas no mundo todo, que vem se organizando para apoiar os que defendem os valores democráticos no país.
O Brasil sempre suscitou interesse em estudiosos dos EUA, especialmente a partir dos anos 1960, quando era tido como chave para os rumos que a América Latina poderia assumir. Consolidando sua relevância, seu promissor processo de redemocratização nos anos 1980 e, desde então, suas políticas de inclusão social promovidas por distintos governos, o Brasil foi alvo de intenso interesse na academia norte-americana. Mais recentemente, era objeto de simpatia e mesmo admiração ao redor do mundo dada a promessa de uma nova potência que emergia por meio de uma política externa pacifista e cooperativa. Hoje, contudo, estudiosos do mundo veem com espanto e preocupação o que ocorre no país que tanto apreciam.
O desprezo pela institucionalidade democrática no Brasil começa quando grupos de oposição derrotados na eleição presidencial de 2014 se recusaram a aceitar as regras do jogo e passam a articular um processo de impeachment casuístico, que tragicamente encontrou amparo nos meios de comunicação e no sistema judiciário, um dos mais elitistas do mundo.
Aprofundando o processo, o país presenciou em 2018 a ascensão de um movimento de cunho neofascista que, ao chegar ao poder, promove cortes orçamentais destinados aos programas sociais, toma direitos trabalhistas e garantias de seguro social contrárias aos interesses nacionais e dissemina uma narrativa que entende direitos humanos como desnecessários e perigosos, criminalizando assim os movimentos sociais e todos que defendem a pauta dos direitos humanos e das minorias.
Tais medidas são amparadas em uma retórica antissocial e anti-humanista vista por seus apoiadores como uma "nova política" —que de nova não tem nada, já que reestabelece um estado de natureza pré-político onde o que vale é a lei do mais forte.
Exemplos concretos do efeito perverso dessa lógica —o assassinato à queima-roupa da vereadora Marielle Franco por grupos milicianos próximos ao clã Bolsonaro e as ameaças de morte sofridas pelo ex-deputado e ativista dos direitos humanos Jean Wyllys, que o forçaram não só a renunciar ao mandato como a se exilar— revelam bem a erosão dos valores e da cultura democrática tão duramente construídos no Brasil ao longo das últimas décadas.
Mobilizando-se como estudiosos e amigos do Brasil, acadêmicos e ativistas norte-americanos têm se colocado ao lado dos que defendem a pauta de inclusão política, social e cultural no pais. Parte desse grupo, o Comitê de Justiça e Paz da cidade de Denver (EUA), uma organização não governamental que defende a agenda de direitos humanos há mais de 40 anos, outorgou em outubro passado o Prêmio Internacional de Direitos Humanos ao ex-deputado Jean Wyllys pela sua continuada defesa pelos direitos humanos e sociais no Brasil.
Os recentes eventos no Brasil parecem fazer parte de um processo mais amplo que, como acadêmicos, trabalhamos para entender. Complementando nosso trabalho intelectual, afirmamos nosso desejo de que, em vez dos incêndios e da dor sofrida pelos que promovem a agenda de direitos no Brasil, seja a exuberância da sua cultura e do que resta da sua ameaçada democracia o que venha a brilhar nos céus e no coração da sociedade brasileira.
*Rafael R. Ioris e Aaron Schneider
Professores de história e política latino-americanas e membros do Centro de Estudos Latino-Americanos da Josef Korbel School of International Studies, da Universidade de Denver (EUA)
Fonte: www1.folha.uol.com.br
Pág. 44 de 661