AO VIVO- RIO DE JANEIRO. 1 ANOS DEPOIS... MARIELLE FRANCO.
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14 de março-2018/ 14 de março-2019: 1 Ano de impunidade no caso Marielle Franco, Vereadora Assassinada no Rio de Janeiro.
Herói, aluno morto em Suzano voltou à escola para salvar a namorada
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Episódio foi contado por parentes de Douglas Celestino nesta quinta-feira, durante o velório do jovem
Familiares de Douglas Murilo Celestino, de 17 anos, uma das oito vítimas do atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), contaram, nesta quinta-feira (14/3), que o adolescente foi um dos heróis da tragédia, tendo sacrificado a vida para salvar a namorada.
Segundo parentes presentes no velório do jovem disseram ao site G1, Douglas havia conseguido fugir da escola quando o ataque começou, mas retornou ao perceber que a namorada, de 16 anos, não havia saído do colégio.
A adolescente ficou ferida, mas sobreviveu. De acordo com boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, ela estava na UTI e seu quadro era estável no momento da última atualização desta matéria.
Angústia e dor
Foram quatro horas de angústia e informações desencontradas até que a família de Douglas recebesse a notícia que não queria: o aluno do 3.º ano do ensino médio da Escola Raul Brasil era uma das vítimas do massacre.Douglas foi baleado na cabeça e socorrido ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, mas no momento do resgate estava próximo ao RG de outro aluno e foi identificado como José Victor.
Mais ou menos no mesmo horário, por volta das 10 horas, um tio de Douglas, professor em outra escola de Suzano, começava a ser informado pelos alunos de um ataque no colégio próximo. "Não conseguia mais dar aula porque os alunos começaram a receber mensagens, fotos e vídeos", diz Robson Chaves, de 42 anos. "Quando deu 11 horas, minha esposa ligou falando que estava com a mãe do Douglas e ele não atendia o celular."
Aí começou a via-crúcis da família. Primeiro seguiram ao colégio e foram informados que o aluno tinha sido levado ao hospital de Mogi. Chegando lá, como o jovem havia sido identificado como José Victor, a família retornou a Suzano sem uma pista de onde o garoto estava.
Após muitas informações desencontradas, a família tentou novamente contatar o jovem pelo celular. "Só que dessa vez foi uma funcionária do hospital que atendeu o telefone e pediu que a gente fosse para lá."
Segundo os tios do adolescente, Douglas, embora tivesse muitos amigos na escola, havia pedido à família para trocar de colégio. "Estava tendo muitos casos de indisciplina, bagunça, e ele era mais tranquilo, um menino muito dócil", diz o tio.
Evangélico, Douglas, além da escola regular, fazia aulas de informática e de futebol. Ao terminar o ensino médio, no fim deste ano, pretendia tentar Computação em uma universidade. Fã de videogames, costumava ir à casa do amigo Gustavo, de 16 anos, para jogar. O colega escapou por pouco.
"Ele cruzou com um dos atiradores quando estava correndo, pulou o muro para fugir e correu para casa. Só machucou um dedo da mão. Foi um livramento de Deus", conta o pai, o corretor de imóveis José Roberto Santos, de 49 anos. "Ele chegou em casa, me ligou e disse 'Pai, aconteceu uma tragédia, escapei por milagre, mas acho que o (Douglas) Murilo não conseguiu." Os dois eram amigos desde os 5 anos e estudavam na mesma sala. "Ele vivia lá em casa. Meu filho está em choque", diz José Roberto.
Outra vítima, Samuel Melquíades, de 15 anos, se dividia entre a escola, o gosto pelo desenho e a igreja. "Era ele que levava mensagem de esperança aos outros jovens", disse José Silva, tio do rapaz. "Sempre estava nos dias de culto, quartas, sábados e domingos. Era atuante, dinâmico, alegre, incrível", contou o tio José Silva, aposentado de 70 anos.
A família frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia. "Tínhamos a esperança de que pudesse sobreviver", acrescentou, sobre o rapaz, aluno do 2.º ano do ensino médio do colégio, que havia sido achado vivo na escola. Ele morreu a caminho do hospital. Douglas é velado na igreja Assembleia de Deus.
Feridos
Com uma machadinha no ombro, José Victor Lemos, de 18 anos, chegou caminhando sozinho no Hospital Santa Maria, a duas quadras da escola. Ao ouvir os disparos dentro do colégio, o jovem tentou fugir. "Ele estava com a namorada, saiu para outro lugar, e os dois se desencontraram. Pulou o muro e foi pego de surpresa pelo atirador", conta o pai, Marco Lemos. Após cirurgia, seu quadro era estável nesta quarta-feira (13/3).
O jovem completou 18 anos dia 6. Para a mãe, Sandra Regina Lemos, a partir de agora ele terá duas datas de aniversário. "Nasceu de novo." Sete vítimas foram para esse hospital - cinco delas foram depois encaminhadas para outras unidades. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Divulgada lista oficial de vítimas de ataque em Suzano
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Divulgada lista oficial de vítimas de ataque em Suzano
O ataque em Suzano deixou dez mortos e 11 feridos, segundo nota da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. O órgão informa que duas das pessoas que morreram já foram liberadas pelo Instituto Médico Legal aos familiares.
Alunos da escola – todos óbito:
1. Caio Oliveira, 15 anos, estudante.
2. Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos, estudante.
3. Douglas Murilo Celestino, 16 anos, estudante – socorrido ao Hospital de Clínicas Luzia Pinho de Melo, foi à óbito.
4. Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos, estudante.
5. Samuel Melquiades Silva Oliveira, 16 anos, estudante.
Funcionárias da escola – todos óbito:
6. Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos.
7. Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos.
Atiradores - óbito:
8. Guilherme Taucci Monteiro - 17 anos
9. Luiz Henrique de Castro - 25 anos
Dono da locadora (tio do Guilherme)
10. Jorge Antonio de Moraes, 51 anos – transferido do PSM de Suzano para o HC/FMUSP onde foi a óbito.
Feridos
1. Adna Isabella Bezerra de Paula, 16 anos, transferida do PSM Suzano para o HC/FMUSP - estável, na emergência.
2. Anderson Carrilho de Brito, 15 anos, transferido do PSM Suzano para o HC/FMUSP - estado grave, no centro cirúrgico.
3. Beatriz Gonçalves Fernandes, 15 anos, estável no PSM de Suzano.
4. Guilherme Ramos do Amaral, 14 anos , neste momento passa por cirurgia no PS de Suzano.
5. Jenifer da Silva Cavalcante - HC Luzia de Pinho Melo, grave, porém estável, passou por procedimentos cirúrgicos e está sendo acompanhada pela equipe médica.
6. José Vitor Ramos Lemos, (Hospital Santa Maria). É o que foi atingido com o machado.
7. Leonardo Martinez Santos – socorrido ao HC Luzia de Pinho Melo – fraturou o tornozelo, será operado.
8. Leonardo Vinícius Santa Rosa, 20 anos, estava na Santa Casa de Suzano e foi transferido para o HC/FMUSP, estável no PS.
9. Letícia de Melo Nunes, (Hospital Santa Maria – transferida para Hospital Geral de Itaquaquecetuba) - estável e sob acompanhamento especializado de cirurgia geral.
10. Murillo Gomes Louro Benites, 15 anos – socorrido ao HC/FMUSP pelo Águia, estável no PS.
11. Samuel Silva Félix (Hospital Santa Maria).
Fonte: https://brasil.elpais.com
Começa velório coletivo das vítimas da chacina de Suzano
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Há ainda outros sete feridos hospitalizados. Um deles segue em estado grave
Começou na Arena Suzano, no Parque Max Feffer, por volta das 6h30, desta quinta-feira (14), o velório de alunos e funcionários mortos no massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil.
No local estão os corpos dos estudantes Cleiton Antonio Ribeiro, 17; Caio Oliveira, 15; Samuel Melquiades Silva de Oliveira, 16; e Kaio Lucas da Costa Limeira, 15.
Também estão no ginásio o corpo da inspetora de ensino Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 e o da coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezu, 59, que só será sepultada no sábado (16), quando um de seus filhos chega do exterior.
Outras duas famílias optaram por velórios separados. O estudante Douglas Murilo Celestino, 16, por ser evangélico, está sendo velado desde 1h, na igreja evangélica Assembleia de Deus, em Suzano.
Já o empresário Jorge Antonio Moraes, proprietário de uma revendedora de carros e tio de um dos atiradores, está sendo velado desde a madrugada no cemitério Jardim Colina dos Ypês, onde será sepultado.
O ministro da Educação, Ricardo Vélez, e o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, também estão no local.
O movimento de pessoas que não são das famílias é grande na Arena circundada por dezenas de coroas de flores. Elas ficam isoladas por uma grade que as separa dos familiares —os únicos próximos aos corpos.
Há ainda outros sete feridos hospitalizados. Um deles segue em estado grave. É o estudante Anderson Carrilho de Brito, 15, transferido de Suzano para o Hospital das Clínicas, na capital paulista. Fonte: www.revistaforum.com.br
“Há uma tragédia silenciosa em nossas casas”, viral que tem contagiado a internet
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Dr. Luís Rajos Marcos
Médico Psiquiatra
Há uma tragédia silenciosa que está se desenvolvendo hoje em nossas casas e diz respeito às nossas joias mais preciosas: nossos filhos. Nossos filhos estão em um estado emocional devastador! Nos últimos 15 anos, os pesquisadores nos deram estatísticas cada vez mais alarmant
es sobre um aumento agudo e constante da doença mental da infância que agora está atingindo proporções epidêmicas.
As estatísticas:
– 1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental;
– um aumento de 43% no TDAH foi observado;
– um aumento de 37% na depressão adolescente foi observado;
– um aumento de 200% na taxa de suicídio foi observado em crianças de 10 a 14 anos.
O que está acontecendo e o que estamos fazendo de errado?
As crianças de hoje estão sendo estimuladas e superdimensionadas com objetos materiais, mas são privadas dos conceitos básicos de uma infância saudável, tais como:
pais emocionalmente disponíveis;
limites claramente definidos;
responsabilidades;
nutrição equilibrada e sono adequado;
movimento em geral, mas especialmente ao ar livre;
jogo criativo, interação social, oportunidades de jogo não estruturadas e espaços para o tédio.
Em contraste, nos últimos anos as crianças foram preenchidas com:
– pais digitalmente distraídos;
– pais indulgentes e permissivos que deixam as crianças “governarem o mundo” e sem quem estabeleça as regras;
– um sentido de direito, de obter tudo sem merecê-lo ou ser responsável por
obtê-lo;
– sono inadequado e nutrição desequilibrada;
– um estilo de vida sedentário;
– estimulação sem fim, armas tecnológicas, gratificação instantânea e ausência de momentos chatos.
O que fazer?
Se queremos que nossos filhos sejam indivíduos felizes e saudáveis, temos que acordar e voltar ao básico. Ainda é possível! Muitas famílias veem melhorias imediatas após semanas de implementar as seguintes recomendações:
– Defina limites e lembre-se de que você é o capitão do navio. Seus filhos se sentirão mais seguros sabendo que você está no controle do leme.
– Oferecer às crianças um estilo de vida equilibrado, cheio do que elas PRECISAM, não apenas o que QUEREM. Não tenha medo de dizer “não” aos seus filhos se o que eles querem não é o que eles precisam.
– Fornecer alimentos nutritivos e limitar a comida lixo.
– Passe pelo menos uma hora por dia ao ar livre fazendo atividades como: ciclismo, caminhadas, pesca, observação de aves/insetos.
– Desfrute de um jantar familiar diário sem smartphones ou tecnologia para distraí-lo.
– Jogue jogos de tabuleiro como uma família ou, se as crianças são muito jovens para os jogos de tabuleiro, deixe-se guiar pelos seus interesses e permita que sejam eles que mandem no jogo.
– Envolva seus filhos em trabalhos de casa ou tarefas de acordo com sua idade
(dobrar a roupa, arrumar brinquedos, dependurar roupas, colocar a mesa, alimentação do cachorro etc.).
– Implementar uma rotina de sono consistente para garantir que seu filho durma o suficiente. Os horários serão ainda mais importantes para crianças em idade escolar.
– Ensinar responsabilidade e independência. Não os proteja excessivamente
contra qualquer frustração ou erro. Errar os ajudará a desenvolver a resiliência e a aprender a superar os desafios da vida.
– Não carregue a mochila dos seus filhos, não lhes leve a tarefa que esqueceram, não descasque as bananas ou descasque as laranjas se puderem fazê-lo por conta própria (4-5 anos). Em vez de dar-lhes o peixe, ensine-os a pescar.
– Ensine-os a esperar e atrasar a gratificação.
Fornecer oportunidades para o “tédio”, uma vez que o tédio é o momento em que a criatividade desperta. Não se sinta responsável por sempre manter as crianças entretidas.
– Não use a tecnologia como uma cura para o tédio ou ofereça-a no primeiro segundo de inatividade.
– Evite usar tecnologia durante as refeições, em carros, restaurantes, shopping centers. Use esses momentos como oportunidades para socializar e treinar cérebros para saber como funcionar quando no modo “tédio”.
– Ajude-os a criar uma “garrafa de tédio” com ideias de atividade para quando estão entediadas.
– Estar emocionalmente disponível para se conectar com crianças e ensinar-lhes autorregulação e habilidades sociais.
– Desligue os telefones à noite quando as crianças têm que ir para a cama para evitar a distração digital.
– Torne-se um regulador ou treinador emocional de seus filhos. Ensine-os a reconhecer e gerenciar suas próprias frustrações e raiva.
– Ensine-os a dizer “olá”, a se revezar, a compartilhar sem se esgotar de nada, a agradecer e agradecer, reconhecer o erro e pedir desculpas (não forçar), ser um modelo de todos esses valores.
– Conecte-se emocionalmente – sorria, abrace, beije, faça cócegas, leia, dance, pule, brinque ou rasteje com elas.
Traduzido do original: The silent tragedy affecting today’s children
Fonte: www.revistapazes.com
Facebook, Instagram e WhatsApp apresentam instabilidade nesta quarta-feira
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As redes sociais tiveram falhas de conexão em todo o mundo. Facebook precisou utilizar o Twitter para dizer que 'está trabalhando para resolver o problema o mais rápido possível'
As redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp apresentaram instabilidade em todo o mundo nesta quarta-feira (13/3). Desde o início da tarde, usuários das plataformas têm reportado problemas e falhas de conexões ao tentar acessar os aplicativos.
Até as 16h40, o Facebook permanecia fora do ar em boa parte dos países. Já no Instagram, os usuários não conseguem publicar fotos, mesmo elas sendo totalmente carregadas. As ações dentro das plataformas também não estão sendo concluídas, como curtidas, comentários e interações.
Pelo Twitter, o Facebook se pronunciou dizendo que está "ciente de que algumas pessoas estão enfrentando problemas" para a acessar a rede social. A plataforma diz ainda "estar trabalhando para resolver o problema o mais rápido possível" e que "não é possível confirmar se tratar de um ataque DDoS", que é quando um computador mestre comanda vários outros terminais numa tentativa de tornar os recursos de um sistema indisponíveis para seus usuários.
No WhatsApp, que também pertence ao grupo Facebook, os usuários enfrentam dificuldades e lentidão para enviar áudios, fotos e GIFs na plataforma. As instabilidades na rede social não afetam o envio de mensagens de texto. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Ataque a tiros em escola deixa ao menos 10 mortos, em Suzano (SP)
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O ataque ocorreu na Escola Raul Brasil, que atende alunos do ensino fundamental e médio
Tiroteio em uma no interior de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (13/3), deixou ao menos 10 mortos, incluindo estudantes e os dois responsáveis pelo ataque, identificados como Gilherme Monteiro, 17 anos, e Luís Henrique de Castro, 25. Há ainda feridos, que foram socorridos a hospitais próximos.
A escola alvo do ataque é a Raul Brasil, que atende alunos do ensino fundamental e médio. Segundo o coronel Marcelo Salles, comandante-geral da PM de São Paulo, os dois atiradores primeiro atacaram um dono de lava a jato próximo à escola. O empresário foi levado ao hospital e submetido a cirurgia.
Após esse primeiro crime, os dois se dirigiram ao colégio, onde primeiro balearam duas coordenadoras, que morreram no local. Em seguida, chegaram, por volta das 9h30, ao pátio do colégio, que estava cheio de alunos do ensino médio, porque era horário do intervalo. Ali, quatro estudantes foram mortos.
Na sequência, a dupla, que usava capuz e portava um revólver calibre .38 e uma arma medieval que lança flechas, além de facas, dirigiram-se ao centro de línguas, onde uma professora e alunos se trancaram em uma sala. "Eles, então, se mataram no corredor", informou Salles.
Além das seis vítimas mortas na escola, outros dois estudantes morreram no hospital, após receberem socorro. Há ainda 15 feridos e outras pessoas que precisaram de atendimento médico porque se sentiram mal.
Pânico e correria
Durante o ataque, muitas pessoas correram e se esconderam nas salas de aula e nos banheiros. Outros alunos conseguiram deixar o prédio, pulando o muro, e foram abrigados por famílias que moram perto do colégio. Vídeos postados na internet mostram estudantes saindo do colégio por uma rua próxima ao colégio.
Uma estudante contou que, inicialmente, pensou que os barulhos eram bombinhas, mas, em seguida, percebeu a gravidade da situação. "Quando percebi que eram tiros de verdade, voltei para o banheiro para me proteger. Havia umas dez pessoas se escondendo comigo, nós ficamos rezamos, pedindo para viver", disse.
Além de equipes da Polícia Militar e do Serviço de Atendimento Móvel Urbano (Samu), pais e familiares de alunos e funcionários se deslocaram para o colégio em busca de informações.
O governador de São Paulo, João Doria, se deslocou até a escola em um helicóptero da PM e chegou à cena do crime pouco depois das 11h. Doria se disse "muito impactado" com o que viu no colégio. "A cena mais triste que já assisti em toda a minha vida", resumiu. Várias outras autoridades se manifestaram pelas redes sociais.
O secretário de Segurança de Suzano, Jeferson dos Santos, disse que a prioridade foi prestar socorro aos feridos e apoio aos alunos e familiares de vítimas. Ele disse ainda que a secretaria preparava a lista oficial de vítimas. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Adolescentes atiram dentro de escola em Suzano e matam 6 pessoas, diz polícia
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Bombeiros e equipes do Samu estão no local. O helicóptero da PM sobrevoa a escola
Dois adolescentes encapuzados mataram 6 pessoas dentro da Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano (SP), e cometeram suicídio em seguida, sendo a polícia. Cinco das vítimas eram estudantes, outra era funcionário da escola. O ataque ocorreu por volta das 9h30 desta quarta-feira (13).
Ainda não há informação sobre feridos no ataque.
A instituição foi isolada pela polícia e há muitos alunos e funcionários chorando ao redor.
O Corpo de Bombeiros e equipes do Samu estão no local. Bombeiros de Mogi das Cruzes também foram chamados, às 9h50, para apoiar o atendimento. O helicóptero Águia, da PM, sobrevoa a escola.
Segundo o Censo Escolar de 2017, a instituição possui 358 alunos da segunda etapa do fundamental (6º ao 9º ano) e 693 estudantes do ensino médio. Fonte: https://g1.globo.com
Atirador invade escola na grande São Paulo e atira contra crianças e diretora
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Segundo informações iniciais da TV Record, ele teria atirado contra oito crianças e também contra a diretora da escola, que não resistiu
Um atirador entrou na escola estadual Professor Raul Brasil, na manhã desta quarta-feira (13), em Suzano, a 50 km de distância de São Paulo, e disparou contra estudantes e uma funcionária. Segundo informações iniciais da Record TV, ele teria atirado contra oito crianças e também contra a diretora da escola, que não resistiu.
Segundo a Polícia Militar, todo o efetivo da 1ª Companhia do 32º Batalhão de Suzano foi destacado para ir até o local. As equipes da Guarda Civil Metropolitana e do Samu foram enviados para a escola.
Muitas crianças se feriram e não resistiram aos ferimentos. Não se sabe, porém, o número exato de atingidos. Os helicópteros Águia 15 e 17, do Grupamento Aéreo da Polícia Militar, também foram deslocados à ocorrência.
A Polícia Militar informou que foi acionada para atender a ocorrência de disparo de arma de fogo de pequeno porte e vítimas no local, mas ainda não tem mais detalhes. Inicialmente, estão no local seis unidades de resgate, três unidades do Samu, duas unidades de suporte avançado e dois helicóptero Águia. Fonte: www.revistaforum.com.br
As três ameaças que pairam sobre a web
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No 30º aniversário da World Wide Web, seu criador reflete sobre como a Internet facilitou nossas vidas, mas também deu voz aos que propagam o ódio
Hoje, 30 anos depois da minha proposta original de um sistema de gerenciamento da informação, meio mundo usa a Internet. É um momento para comemorar o quão longe chegamos, mas também uma oportunidade para refletir sobre o quão longe ainda precisamos ir.
A web tornou-se uma praça pública, uma biblioteca, um consultório médico, uma loja, uma escola, um estúdio de design, um escritório, um cinema, um banco e muitas outras coisas. Naturalmente, a cada nova característica e a cada novo site, a divisão entre aqueles que usam a Internet e aqueles que não usam aumenta e torna ainda mais imprescindível que todos tenham acesso à Internet.
E embora a Internet tenha criado oportunidades, dado voz a grupos marginalizados e facilitado nossa vida diária, também engendrou oportunidades para fraudadores, deu voz àqueles que propagam o ódio e facilitou a prática de todos os tipos de crimes.
Com o pano de fundo das notícias sobre o uso indevido da Internet, é compreensível que muitas pessoas sintam medo e não tenham certeza de que a Rede seja realmente boa. Mas, considerando o quanto mudou nos últimos 30 anos, seria derrotista e pouco imaginativo supor que a Internet, como a conhecemos, não possa ser modificada para melhor nos próximos 30. Se desistirmos de criar uma Rede melhor, a Rede não terá falhado conosco: nós é que teremos falhado com a Rede. Para abordar qualquer problema, devemos defini-lo de forma clara. Em geral, considero que há três causas para as disfunções que afetam a web atual:
1- As intenções deliberadas e mal-intencionadas, como hackers e ciberataques apoiados pelos Estados, a conduta criminosa e o assédio na Internet.
2- A elaboração de um sistema que cria incentivos perversos nos quais o usuário é sacrificado, como os modelos de receita baseados em publicidade que recompensam comercialmente o caça-cliques e a disseminação viral de desinformação.
3- As consequências negativas involuntárias do modelo benevolente, como o tom enfurecido e polarizado e a qualidade das conversas na Internet.
Embora seja impossível eliminar completamente a primeira categoria, podemos criar leis e códigos para minimizar esse comportamento, como sempre fizemos fora da Internet. A segunda categoria exige que reformulemos os sistemas de maneira que mudem os incentivos. E a última categoria requer pesquisa para entender os sistemas atuais e criar possíveis novos modelos ou modificar os que já temos.
Não se pode simplesmente culpar um Governo, uma rede social ou a mentalidade humana. Os discursos simplistas correm o risco de esgotar nossa energia ao tratarmos os sintomas desses problemas em vez de nos concentrarmos em suas causas. Para fazer isso bem, temos que nos unir como uma comunidade global da Internet.
"Não se pode culpar um Governo, uma rede social ou a mentalidade humana. Os discursos simplistas correm o risco de esgotar nossa energia ao tratarmos os sintomas desses problemas em vez de nos concentrarmos em suas causas"
Em momentos cruciais, as gerações anteriores se uniram para trabalhar juntas por um futuro melhor. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, diferentes grupos de pessoas puderam concordar com alguns princípios essenciais. Com o Direito Marítimo e o Tratado do Espaço Sideral, preservamos novas fronteiras para o bem comum. E agora também, à medida que a Internet modifica nosso mundo, temos a responsabilidade de garantir que seja reconhecida como um direito humano e construída para o benefício de todos. Essa é a razão pela qual a Fundação Web trabalha com Governos, empresas e cidadãos para criar um novo Contrato para a Rede.
Esse contrato foi apresentado no Web Summit em Lisboa, que reuniu um grupo de pessoas que concordam que é necessário estabelecer regras, leis e critérios claros para a Rede. Os que apoiam a ideia adotam seus princípios básicos, e juntos elaboramos os compromissos específicos em cada área. Nenhum grupo deveria fazer isso sozinho, e todas as contribuições são bem-vindas. Governos, empresas e cidadãos fazem sua contribuição, e nosso objetivo é alcançar resultados este ano.
Os Governos devem adaptar as leis e regulamentos à era digital. Devem garantir que os mercados permaneçam competitivos, inovadores e abertos. Já têm a responsabilidade de proteger os direitos e liberdades das pessoas na Internet. Precisamos de defensores da Rede aberta dentro dos Governos, funcionários públicos e autoridades eleitas que tomem medidas quando os interesses do setor privado ameacem o interesse geral e se posicionem a seu favor para proteger a Rede aberta.
"Os cidadãos devem exigir que empresas e Governos prestem contas pelos compromissos que adotam e que ambos respeitem a Internet como uma comunidade global cuja base são os cidadãos "
As empresas precisam fazer mais para garantir que sua busca por benefícios a curto prazo não seja à custa dos direitos humanos, da democracia, dos dados científicos ou da segurança pública. Plataformas e produtos devem ser projetados considerando a privacidade, a diversidade e a segurança. Este ano, observamos como vários funcionários de empresas de tecnologia se rebelaram e exigiram melhores práticas empresariais. Temos que fomentar essa mentalidade.
E o mais importante é que cidadãos exijam que empresas e Governos prestem contas pelos compromissos que adotam e que ambos respeitem a Internet como uma comunidade global cuja base são os cidadãos. Se não elegermos políticos que defendam uma Rede livre e aberta, se não fizermos nossa parte para incentivar conversas saudáveis na Internet e se continuarmos dando nosso consentimento sem exigir que nossos direitos sobre os dados sejam respeitados, não estaremos cumprindo nossa responsabilidade de fazer com que nossos Governos priorizem estas questões.
A luta pela Rede é uma das causas mais importantes de nosso tempo. Hoje, meio mundo usa a Internet. É mais urgente do que nunca garantir que a outra metade não seja deixada para trás e que todos contribuam para a criação de uma Rede que promova a igualdade, as oportunidades e a criatividade.
O Contrato para a Rede não deve ser uma lista de soluções temporárias, e sim um processo que indique uma mudança na maneira como entendemos nossa relação com nossa comunidade digital. Deve ser suficientemente claro para ser um guia sobre nosso procedimento, mas também suficientemente flexível para se adaptar à rapidez da mudança tecnológica. É a nossa trajetória da adolescência digital rumo a um futuro mais maduro, responsável e inclusivo.
A Rede é para todos, e juntos temos o poder de mudá-la. Não será fácil. Mas se sonharmos um pouco e trabalharmos muito, podemos conseguir a Rede que queremos.
*Tim Berners-Lee é o pesquisador responsável por inventar o protocolo WWW (World Wide Web). É considerado o pai da internet. Fonte: https://brasil.elpais.com
NESTA TERÇA-FEIRA, 12: Ex-PM e militar reformado suspeitos da morte de Marielle são presos
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Eles também são acusados de envolvimento no assassinato do motorista da vereadora, Anderson Gomes
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro fazem operação na manhã desta terça-feira (12/3) para prender suspeitos de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes. Um policial militar reformado e um ex-PM foram presos.
Apontado como suspeito de atirar na vereadora, o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, é um dos presos. O ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, 46, estaria, segundo as diligências, dirigindo o carro usado no dia do crime. Ele também é alvo da operação, que cumpre mandados de buscas em 34 endereços de outros investigados.
O sargento Lessa, preso em casa, mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem um imóvel, na Barra da Tijuca. Lessa recebeu, em 1998, moção de aplausos, congratulações e louvor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O crime completa um ano no próximo dia 14. Marielle seguia para casa com o motorista e a assessora depois de ter participado de um compromisso público, quando foi atingida na cabeça. O ataque aconteceu na Rua Joaquim Palhares, no centro do Rio, e a suspeita de execução passou a ser investigada imediatamente.
O duplo assassinato mobilizou o Brasil e teve repercussão internacional. Fonte: www.metropoles.com
Gol suspende operação de modelo de Boeing que caiu na Etiópia
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Clientes que tinham viagens previstas nesse modelo de aeronave serão comunicados e reacomodados em voos da Gol ou de companhias parceiras
A Gol Linhas Aéreas recuou e decidiu suspender temporariamente, a partir das 20h desta segunda-feira (11), todas as operações comerciais com aeronaves do modelo Boeing 737 MAX 8.
Na manhã de domingo (10), um Boeing 737 da Ethiopian Airlines caiu pouco depois de decolar de Addis Abeba, capital da Etiópia. Segundo a companhia aérea, havia 149 passageiros e oito tripulantes a bordo do voo que iria para Nairóbi, no Quênia. Não houve sobreviventes.
Segundo a empresa, os clientes que tinham viagens previstas nesse modelo de aeronave serão comunicados e reacomodados em voos da Gol ou de companhias parceiras. Não há alterações nos destinos internacionais de longo curso com os aviões Boeing 737 NG.
“A Gol reitera a confiança na segurança de suas operações e na Boeing, parceira exclusiva desde o início da companhia em 2001, e esclarece que está acompanhando de forma intensiva todos os fatos que permitam o retorno das aeronaves às operações regulares da companhia no menor espaço de tempo possível”, diz, em nota, a companhia.
A empresa informou que as operações com esse modelo de aeronave tiveram início em junho do ano passado e que foram realizados 2.933 voos, totalizando mais de 12,7 mil horas. “Atualmente, a frota da companhia é composta por 121 aeronaves Boeing, das quais sete modelos 737 Max 8”, acrescenta a nota. Fonte: http://bahia.ba
Queda de avião na Etiópia deixa 157 mortos, segundo a companhia aérea
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Aeronave caiu 6 minutos após decolar neste domingo com destino a Nairobi, no Quênia. As causas da queda do avião ainda são desconhecidas.
Um avião da Ethiopian Airlines, que voava da capital da Etiópia, Adis Abeba, para Nairobi, no Quênia, caiu neste domingo (10) com 157 pessoas a bordo. Segundo informações do CEO da empresa, Tewolde G Medhin, que foi até o local da queda, não há sobreviventes. O avião levava 149 passageiros e 8 tripulantes.
Dados da rede Flightradar24 ADS-B mostraram que a velocidade vertical da aeronave ficou instável depois da decolagem. As causas do acidente, porém, ainda não desconhecidas.
Por meio de nota, a Ethiopian Airlines afirmou que o voo ET 302 caiu perto da cidade de Bishoftu, 62 km a sudeste da capital Adis Abeba, seis minutos após decolar. Ainda segundo a empresa, o avião era um Boeing 737-800 MAX, número de registro ET-AVJ.
O que se sabe até agora:
O avião perdeu contato 6 minutos após decolar do Aeroporto Internacional de Nairobi
A aeronave decolou às 8h44 (horário local)
157 pessoas estavam a bordo do avião, sendo 149 passageiros e 8 tripulantes
Segundo a empresa, não há sobreviventes
Passageiros de 33 países estavam a bordo da aeronave, de acordo com autoridades locais
No aeroporto de Nairóbi, no Quênia, muitos parentes de passageiros estavam esperando no portão, sem informações das autoridades aeroportuárias.
"Estamos apenas esperando pela minha mãe. Só estamos esperando que ela tenha pegado um voo diferente ou esteja atrasada. Ela não está atendendo o telefone", disse Wendy Otieno à agência de notícias Reuters, segurando o telefone e chorando.
Vítimas
O escritório do primeiro-ministro etíope, Aby Ahmed enviou condolências, via Twitter, aos familiares. Por meio da rede social, a companhia aérea informou ainda que "estão em curso as operações de busca e socorro".
A Ethiopian Airlines é uma das maiores transportadoras do continente em tamanho de frota. No ano passado, transportou 10,6 milhões de passageiros. A Boeing, empresa que construiu o avião, disse no Twitter que está "monitorando a situação de perto".
A aeronave 737 Max-8 é um modelo relativamente novo, lançado em 2016. Foi adicionado à frota da Ethiopian Airlines no ano passado. Outro avião do mesmo modelo esteve envolvido em um acidente 5 meses atrás, quando um avião da Lion Air caiu no mar próximo à Indonésia com 189 pessoas a bordo.
Ethiopian Airlines
A Ethiopian Airlines tem voos para muitos destinos na África, o que a torna uma empresa popular em um continente onde muitas companhias fazem voos apenas de seus países para destinos fora da África.
Ela tem um boa reputação em relação à segurança, apesar de um de seus aviões ter caído em 2010 no Mar Mediterrâneo logo após deixar da cidade de Beirute, no Líbano. O incidente matou as 90 que estavam a bordo. Fonte: https://g1.globo.com
Feminicídio: a hemorragia do nosso tempo
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Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas – TO
Neste oito de março, Dia Internacional da Mulher, peço licença e passagem a vocês, mulheres e homens, para tocar com meus dedos, em uma das chagas mais dolorosas, sangrentas e mortais: o feminicídio. Embora exista agendas positivas para comemorar este Dia, preferimos afirmar que feminicídio é a hemorragia do nosso tempo. Hemorragia remete imediatamente a sangue, a dor, a sofrimento e a morte. Fico inquieto quando ouço notícia de mais um feminicídio. Mas não basta contabilizar estatísticas. Ao lado das violências, banalizadas e institucionalizadas, dos crimes organizados, das milícias e das quadrilhas armadas, dos tráficos de pessoas e de drogas e das importunações sexuais, “o feminicídio é a praga que mais cresce na América Latina” (papa Francisco, na JMJ-2019, no Panamá). Segundo dados colhidos, nas redes socais, a taxa de feminicídio cresceu 81,8% no Tocantins. Só em Palmas cresceu 1.100% em dez anos. Trata-se, pois, de uma tragédia humana, de uma hemorragia que precisa ser estancada.
Não é esta a intenção do Criador. Ao ver Eva, pela primeira vez, Adão exclamou: “desta vez, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2,23). De fato, “não foi criada para os humanos a soberba, nem a raiva para os nascidos de mulher” (Eclo 10,22). Matar por amor, por ciúme ou por quaisquer outros motivos é não amar, é odiar. Aqui valem os velhos ditados: “quem ama não mata” e “quem mata não ama”. Amar e matar é a negação do amor. Amar não é apossar-se. “Amar é tudo dar e dar-se a si mesmo” (São João da Cruz), pois, “o amor é magnânimo, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem arrogante; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,4-7). Violência não é sinal de força e de poder e sim de fraqueza, de posse e de perda. O pior de um homem é matar uma mulher que não o quer mais como companheiro. Matar assim é matar a si mesmo. Neste caso específico, femicicídio é suicídio. Qual é o perfil do que mata quem não a quer mais como companheira? E o de um homem de baixa autoestima, de um amor só, de um pensamento único, inseguro e incapaz de recomeçar a vida com outra parceira depois que o relacionamento amoroso terminou.
Sábias, verdadeiras, belas e oportunas são as palavras do papa Francisco: “mulher não existe para lavar louças. A mulher é para trazer harmonia. Sem a mulher não há harmonia”. Matar mulher é matar a harmonia do mundo. E o que mais precisamos, neste tempo complexo, é de harmonia. Além de tudo, feminicídio é crime hediondo. Não é possível continuar matando mulher só porque ela não quer mais conviver com um determinado homem. Por tudo isto, precisamos fazer alguma coisa. Não bastam o silêncio, cruzar os braços, fechar a boca e o coração. Não vale simplesmente a consternação. Não basta contabilizar dados estatísticos sobre o feminicídio. É preciso ter coragem para mudar este estado de coisa. É preciso harmonizar e humanizar as relações entre homem e mulher. É preciso ensinar a amar e a começar um novo relacionamento amoroso. É preciso que homem e mulher se irmanem e lutem juntos para estancar esta hemorragia, fonte de muitos sofrimentos. É preciso pôr em prática a legislação, repudiar todas as formas de violência e de morte e promover a cultura do encontro e da fraterna convivência entre homem e mulher
Mulheres, contem conosco! Feliz Dia Internacional da Mulher. Um abraço e minha bênção!
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Homens de farda não choram
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Treinados para não revelar suas próprias dores, policiais militares enfrentam números explosivos de transtornos mentais e suicídios sem quase nenhum apoio da corporação
Há cinco anos, o pai de Fernanda*, um policial militar de Santa Catarina, cometeu suicídio no caminho para o trabalho. O corpo do PM, de 40 e poucos anos, foi encontrado logo pela manhã dentro do seu carro, estacionado próximo à casa da família, que descobriu que a causa da morte era suicídio ao liberarem o corpo no IML. Jorge* usou a própria arma de trabalho para por fim à vida.
“Foi algo que ninguém esperava, fomos descobrir que ele teve depressão depois que ele se matou. A depressão dele é aquela que tem alteração de humor, ele sempre teve isso. Depois que se matou que fomos entender o que era. Meu pai nunca falou sobre isso [depressão]. No dia achamos que tinham matado ele, não sabíamos que tinha sido suicídio. Até porque só falaram para a gente que ele tinha se matado perto do velório. Foi difícil porque ele não nos contava nada. Ele era bem fechado, era o jeito dele”, diz a filha.
A jovem, com 16 anos na época, conta que a Polícia Militar tinha ciência da necessidade de acompanhamento psicológico do seu pai. “A polícia também nunca tirou ele da rua, mesmo sabendo das situações. A polícia sabia, tanto que ele chegou a consultar um psicólogo da instituição, mas aí ele não quis mais ir, não gostou e não o obrigaram a sair da rua. Ele continuou trabalhando. Meu pai passou 20 anos na polícia, todo esse tempo na rua.”
Em todas as regiões do país, que conta com cerca de 425 mil policiais militares, são altas as taxas de suicídio e de transtornos mentais. Em São Paulo, por exemplo, estado com o maior efetivo policial do país (93.799 agentes),120 policiais militares cometeram suicídio entre 2012 e 2017.
São números explosivos, resultado de décadas de omissão, como explica Adilson Paes de Souza, hoje coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo. A primeira vez que viveu de perto um suicídio na instituição, lembra, foi nos anos 1980. Um de seus colegas na PM apareceu de surpresa no serviço, visivelmente alcoolizado. Não explicou o motivo da visita, mas Paes de Souza conta que ele fez questão de se despedir de um por um, antes de ir embora, de volta para o bar. Uma hora mais tarde, ele e seus colegas de farda foram chamados pelo superior para atender a ocorrência de um suicídio. Aquele PM, que alguns conheciam desde os tempos de academia, havia se matado.
Pesquisador de segurança pública, Paes de Souza é doutorando da Universidade de São Paulo (USP), e seu tema principal é a inadequação da formação policial para lidar com a pressão da violência cotidiana. O treinamento exigente – quando não abusivo – desde a entrada na corporação prolonga-se em um cotidiano de rigidez hierárquica e intimidação, agravando o estresse, o medo e a angústia inerentes à profissão. Quase sempre vividos em silenciosa solidão.
“Há muitos casos que não são notificados e muitos não buscam o tratamento psiquiátrico porque vão sofrer chacota no ambiente de trabalho. Serão chamados de covardes e fracos; os comandantes podem crer que eles estão enrolando para matar serviço, por exemplo. É um ambiente bem machista e de virilidade, em que não podemos assumir fraquezas. Eu fui treinado assim, com os trotes na academia, os trotes das unidades em que passei. Você é humilhado e tem que aguentar porque o bom militar aguenta, o guerreiro aguenta toda e qualquer violência e acha isso normal. Nos fazem achar que fomos feitos para isso, mas ninguém foi feito para isso. Quando a PM não assume que seus policiais têm problemas, a instituição está fechando uma panela de pressão vazia, sem água, que vai explodir um dia”, adverte Paes de Souza, que ainda carrega as cicatrizes da violência sofrida na profissão. “Bom, eu faço terapia”, diz.
Violência policial e sofrimento individual
O problema ocorre em todo o país, especialmente nas regiões em que a polícia é mais violenta, como o Rio de Janeiro. Um grupo de psicólogos da PM com pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), investigou a questão através de uma pesquisa realizada entre 2010 e 2012 entre policiais militares. Entre as conclusões, um dado impressionante: no Rio, os PMs têm quatro vezes mais chances de cometer suicídio em comparação à população civil.
Os resultados do estudo foram publicados em 2016 no livro Por que policiais se matam?, coordenado pela pós-doutora em sociologia pela Uerj Dayse Miranda. Entre os problemas apontados, estão a dificuldade de pedir ajuda e a forma como são tratados na corporação quando adoecem.
Entrevistado pelos pesquisadores, um praça da PM disse que passou a ser tratado de forma pejorativa pelos colegas e oficiais após a licença médica e seu retorno ao posto. “Fiquei 15 dias em casa; quando eu voltei pra trabalhar, eu estava trabalhando já com arma de fogo, normalmente. Não entrei nem em Sina [Serviço Interno não Armado]. Quando eu voltei, eu fiquei seis dias detido no batalhão, preso. É. Meu tratamento foi esse. Eu fiquei dois dias hospitalizado e 15 dias em casa. No 16° dia, eu voltei à companhia. Me entregaram à tropa e fui punido”, disse.
Os dados apresentados pelo estudo de Dayse e sua equipe revelam que 58 policiais militares tiraram a própria vida e 36 tentaram suicídio entre 1995 e 2009 no Rio de Janeiro. “Embora esses números sejam altos, o trabalho de campo revelou que essas cifras estão subestimadas. Muitos dos casos de suicídios consumados e tentativas de suicídio não são informados ao setor responsável por inúmeras razões. Entre elas, estão as questões socioculturais – o tabu em torno do fenômeno; a proteção ao familiar da vítima (a preservação do direito ao seguro de vida) e a existência de preconceito ao policial militar diagnosticado com problemas emocionais e psiquiátricos”, afirma o relatório da pesquisa.
De acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação na Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2014 e junho de 2018 três PMs foram diagnosticados, por dia, com transtornos mentais. Entre janeiro e agosto de 2018, 2.500 policiais militares foram afastados por transtornos mentais, mais que o dobro dos afastados em todo o ano de 2014 (836).
Para os autores do estudo, os profissionais da saúde da PM devem estar atentos para sinais de deterioração da saúde mental dos agentes, “no atendimento ao policial militar, principalmente aquele em atividade-fim, e em constante atuação de enfrentamento junto à criminalidade, o profissional de saúde deverá estar atento a comportamentos que demonstrem o afastamento das condutas de segurança requeridas para a prática da ação policial militar”, e complementa: “deve-se afastá-lo de sua arma de fogo ou outro meio que tenha à disposição e conduzi-lo ao psicólogo. É interessante entrar em contato com familiares ou amigos próximos na tentativa de fortalecer a rede de apoio”.
Números explosivos
Ao longo de dois meses, a reportagem enviou mais de 50 solicitações de acesso à informação para os 26 estados e Distrito Federal, questionando as secretarias de Segurança Pública sobre o número de policiais que cometeram suicídio e a quantidade de PMs afastados do serviço por transtorno mental. Onze estados e o DF informaram ter registros de suicídios, mas apenas dois enviaram os dados referentes ao período de janeiro de 2008 e julho de 2018, como solicitado pela reportagem: Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Ainda que incompletas, as informações obtidas mostram que a quantidade de policiais militares afastados nos estados que responderam às solicitações é alta. Há relatos de afastamentos e suicídios em todos os 26 estados e no Distrito Federal. No Espírito Santo, por exemplo, aumentou o número de tentativas de suicídio entre PMs após a greve que paralisou parte dos policiais no estado no início de 2017. A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACS/ES) registrou, nos meses seguintes à greve, pelo menos cinco suicídios. Além disso, ao menos 13 policiais da 5ª Companhia do 4º Batalhão da PM foram afastados por agravamento de transtornos psíquicos. Entre as causas mais comuns relatadas está a perseguição perpetrada por oficiais de patentes superiores nos momentos pós-greve.
Em São Paulo, entre 2006 e 2016, 182 policiais militares cometeram suicídio: uma morte a cada 20 dias. A partir de 2012, a situação piorou. Entre aquele ano e 2017, 120 policiais militares tiraram a própria vida, um a cada 15 dias. Dados do relatório da Ouvidoria das Polícias do estado, publicados pela Ponte Jornalismo, mostram que houve 71 casos de suicídio em entre 2017 e 2018. Mais grave: houve crescimento de 73% nas ocorrências, com 20 casos ao longo de 2017 e 51 registros em 2018.
No Rio Grande do Sul, 50 PMs cometeram suicídio entre 2008 e 2018, período em que 10 se mataram em Pernambuco. No Ceará, entre 2011 e 2018, foram 18 PMs mortos por suicídio; enquanto no Rio Grande do Norte, entre 2010 e 2018, foram oito os suicídios – mesmo número dos ocorridos entre 2015 e 2018 em Alagoas.
Já no Distrito Federal, foram 11 suicídios entre 2016 e 2018, mesmo período em que 21 PMs se mataram na Bahia, de acordo com a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-BA). A PM baiana não confirma nem disponibiliza outros dados referentes aos suicídios cometidos no período.
Também forneceram dados sobre suicídios de PMs Maranhão – cinco mortes entre 2014 e 2018 –, Mato Grosso do Sul – 12 suicídios – e Paraná, 26.
PMs afastados por ano
Os demais estados alegaram falta de informações precisas sobre afastamentos e suicídios ocorridos na última década, uma dificuldade que o pesquisador Adilson Paes de Souza conhece de perto: “A instituição [Polícia Militar] não se abre. Você mal consegue dados e, sem eles, não é possível estudar o fenômeno ou entender como ele surgiu, como se manifesta e quais os caminhos para se superar esses problemas. Os poucos dados que se obtêm pela Lei de Acesso à Informação são, na maioria das vezes, incompletos”, diz.
Para Paes de Souza, a rotina de negar ou proteger dados relacionados à segurança pública no Brasil ganhou força durante o regime militar. “Em 1969, no auge da repressão, houve um decreto-lei, o 667, de 1969, que criou os policiais à imagem e semelhança do Exército. Uma tropa militarizada para combater os inimigos da sociedade. E essa tropa militarizada era considerada a nata, a casta, os únicos que poderiam salvar a nação do comunismo. Os militares acreditavam e acreditam que são a elite, que são os únicos que sabem o que é bom para todos. E, portanto, eles não precisam prestar contas a ninguém. É por isso que é tão difícil conseguir dados”, afirma.
O problema dos dados se repete quando a pergunta é sobre a quantidade de PMs afastados da função devido a transtornos mentais. No estado de São Paulo, dados obtidos via Lei de Acesso à Informação apontam que 4.115 policiais foram afastados para se submeterem a tratamentos psiquiátricos entre 2008 e 2018. Entretanto, em setembro de 2017, o portal de notícias VICE Brasil recebeu, também via Lei de Acesso à Informação, dados que apontavam que “entre 2006 e 2016, 15.787 PMs foram afastados temporariamente da corporação para se submeterem a tratamentos psiquiátricos”. Procurada pela Pública, a Polícia Militar do Estado de São Paulo não deu esclarecimentos sobre a discrepância numérica até a publicação desta reportagem.
Seis estados negaram à reportagem o acesso aos dados: Ceará, Pará, Goiás, Rondônia, Sergipe e Piauí. No geral, a justificativa apresentada pelos estados foi que as informações requeridas eram de caráter pessoal dos policiais e, portanto, sigilosas. Os dados requeridos pela reportagem não previam a identificação de nenhum servidor, apenas estatísticas e informações quantitativas.
Medo de morrer
A função “policial militar” está entre as mais perigosas, e o peso da alta mortandade profissional, somado ao temor da morte, pode ser, paradoxalmente, dois entre muitos fatores que influenciam a decisão do PM de cometer suicídio. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, um policial militar ou civil foi morto por dia em 2017 no Brasil.
Em 2014, o Rio de Janeiro foi o estado em que mais pessoas morreram em decorrência de ações policiais, foram cerca de 3 mil mortes. Paradoxalmente, no mesmo ano, o estado também foi o que mais perdeu policiais para a violência, com 98 mortos, seguido de São Paulo, com 91. “No geral, dos 398 policiais militares mortos por homicídios em 2014, quase 25% correspondem às mortes de policiais somente no estado do Rio de Janeiro. Esses dados sugerem que a alta exposição de policiais militares à letalidade policial pode torná-los mais suscetíveis à vitimização letal”, explicam os autores de “Por que policiais se matam?”.
O temor de adquirir transtornos mentais e comportamentais foi um dos temas da pesquisa realizada pelo Fórum de Segurança Pública em 2015. De acordo com o estudo, que ouviu mais de 10 mil agentes de segurança pública, 53,7% dos PMs têm receio “alto” e “muito alto” de desenvolver transtornos mentais. Dos PMs entrevistados, 15,1% sofrem de transtornos mentais comportamentais (TMC), como depressão e esquizofrenia, por exemplo.
Há outros fatores de risco para suicídios e transtornos mentais aos quais PMs estão expostos. A começar pela rigidez hierárquica, que faz com que os agentes escondam o problema de seus superiores. De acordo com a pesquisa “Vitimização e percepção de risco entre profissionais do sistema de segurança pública”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2015, 55,4% dos policiais militares têm receio “alto” e “muito alto” de manifestar discordância da opinião de um superior. Um problema agravado pela formação a que se submetem, como afirmou Paes de Souza, o que faz com que esses profissionais sequer procurem ajuda.
“No Rio de Janeiro, muitos PMs resistem ao afastamento porque acabam não entendendo [a sua necessidade]. Por serem formados para servir em qualquer circunstância, muitos têm o sentimento do dever e chegam a trabalhar [durante a folga] prestando serviços de segurança. Isso é muito comum”, explica Dayse Miranda. Ela também alerta para os prejuízos concretos que sofre o PM que passa por atendimento médico. “Com o tratamento psiquiátrico e a licença, o PM perde a gratificação ou adicional por algum tipo de trabalho. Isso é puni-lo duas vezes, puni-lo por estar doente. A desculpa é que o estado não garante isso. O estado do Rio não se importa com a saúde do policial militar. Eles querem colocar homens na rua e não consideram a sua vida. Os PMs saem atirando a esmo porque estão com medo”, ressaltou.
Em Santa Catarina, a situação não é diferente. “Aqui, se você tira licença médica ou tira férias, o PM perde R$ 700 do salário, então o policial prefere trabalhar do que perder aquele valor. Eles não param. Meu pai trabalhava como segurança por fora. Ele trabalhava cerca de 15 ou 16 horas. Trabalhava como segurança particular em supermercados e padarias, mas não podia, a PM não deixa”, conta Fernanda*.
Um estudo realizado em 2009 por Joana Helena Rodrigues da Silva, mestre em psicologia escolar e desenvolvimento humano pelo Instituto de Psicologia da USP, aponta para a relação entre a prática policial e implicações na saúde mental dos agentes. Para Joana Helena, o mesmo policial que vai às ruas com o intuito de combater a violência está vulnerável a ela e “não somente enquanto cidadão, mas também quando se coloca como combatente”.
Assim, o indivíduo submetido às práticas policiais passa a enxergar a sobrevivência de maneira física, comprometendo sua capacidade de reflexão, ou seja, “renuncia a tudo aquilo que não seja a destruição daqueles que querem destruí-lo”.
Corda bamba
Em uma padaria na região central de Joinville, Henrique*, um ex-policial militar de Santa Catarina e marido de Fernanda*, reflete sobre esse assunto: “O policial está sempre em uma corda bamba: se você vacilar, você morre. Se você exagerar, vai preso. Será que eu arrisco levar um tiro ou arrisco dar um tiro?”.
O relato do ex-PM catarinense corrobora a tese defendida por Joana Helena de que o policial em situação de risco pode recorrer involuntariamente à violência como mecanismo de defesa e, assim, utilizar as ferramentas à sua disposição para tal: a força física, a arma de fogo e o respaldo jurídico.
As promoções na carreira também ficam prejudicadas, de acordo com Paes de Souza. “A promoção de oficiais é por merecimento ou por tempo de polícia. E por merecimento você pode ser promovido mais rápido, porém, se você tem algum transtorno psicológico na sua ficha, é possível que você não seja escolhido para determinados postos para ‘não dar problema lá”, explica.
Outro fator de risco para os policiais são os problemas familiares, que surgem como consequência do estresse da profissão e do baixo valor dos salários. Segundo a mesma pesquisa do Fórum de Segurança Pública, 51% dos policiais militares já tiveram problemas para garantir o sustento de suas famílias. Para complicar, 39,4% dos PMs têm familiares que sofreram algum tipo de violência e/ou ameaça por serem parentes de um policial, e 31,8% sofreram algum tipo de violência e/ou ameaça como forma de retaliação pela atuação do parente.
Ter um comportamento violento dentro de casa em consequência da tensão profissional também é comum. “O cara vai descontar em casa; vai desenvolver alcoolismo, uso de drogas ilícitas, dependência de remédios, como antidepressivos, e tentativas de suicídio. Se alguém acha que é normal a cada 15 dias um policial militar cometer suicídio, esse alguém deve estar louco”, diz Paes de Souza.
Uma pesquisa realizada pelo mestre em psicologia e coordenador da Saúde da Polícia Militar de Santa Catarina, Gustavo Klauberg, organizou dados do afastamento de 5.777 policiais e bombeiros militares do estado entre 2013 e 2016. Dentre as conclusões de Klauberg, destaca-se a prevalência de 6,32% de servidores com TMCs.
A pesquisa de Klauberg utilizou o sistema de corte transversal para analisar os dados de afastamentos da PM-SC. Na prática, isso significa que as causas prováveis das doenças e seus efeitos foram observados no mesmo intervalo temporal. Isso se mostra importante na análise, pois, sendo os transtornos mentais doenças influenciadas pelo cotidiano do paciente, contextos sociais específicos podem criar um ambiente favorável para o aumento no número de casos.
O pesquisador conclui que “cuidar da saúde do policial militar estadual é, portanto, estratégico para o Estado de Santa Catarina, tanto do ponto de vista econômico, considerando o investimento de dinheiro público nas forças de segurança, quanto de eficiência profissional, já que a saúde exerce importante influência no desempenho e na qualidade do serviço prestado”. Ele ressalta que, entre 2014 e 2016, o governo do estado de Santa Catarina gastou mais de R$ 40 milhões com o pagamento de salários de PMs e bombeiros afastados. Em 2014, o governo desembolsou cerca de R$ 6,5 milhões; já em 2016, o valor superou os R$ 18 milhões.
Além disso, os dados mostram que 79% dos 5.777 afastados tinham funções operacionais, como o policiamento. Klauberg conclui ainda que a maioria esmagadora dos pacientes, 97,3%, está nos cargos mais baixos da hierarquia. Entre 2014 e 2016, o aumento de servidores afastados foi de 238,4%.
São muitos os fatores que podem elevar o estresse dos agentes a níveis críticos. Entre os que aparecem com maior frequência em pesquisas, como a de Klauberg e de Dayse Miranda, estão históricos de abuso de álcool e outras substâncias, exposição a situações de estresse e violência, trabalhos em dois turnos e, também, maus-tratos por superiores na hierarquia militar.
Risco para si e para sociedade
De acordo com o Anuário do Fórum de Segurança Pública Brasileiro de 2018, 5.144 pessoas morreram em decorrência de intervenções policiais no Brasil. Isso equivale a 14 mortos por dia.
Um policial militar com transtornos mentais não diagnosticados ou não tratados pode representar um risco para si e para a sociedade; a alta exposição a situações de risco de vida acarreta, explica Klauberg, em sua dissertação, no aumento dos níveis de cortisol do indivíduo.
O cortisol é um hormônio envolvido diretamente no controle do estresse. Quando em excesso, pode resultar em falta de atenção, lapsos de memória, dificuldade de concentração e, a longo prazo, distúrbios do sono e alimentares. Esses sintomas, somados ao porte de arma e à atividade estressante da função policial, podem acarretar, por exemplo, excessos durante abordagens cotidianas que, teoricamente, seriam simples.
o coronel Adilson Paes de Souza, é possível compreender o comportamento violento e excessivo de policiais em abordagens com base no estudo da psique pela ótica do psicanalista referência na área, Sigmund Freud. Paes de Souza ressalta: “Segundo Freud, em A psicologia das massas, a massa tem uma psique própria, que é muito mais do que a junção das psiques dos sujeitos que a compõem. É aí que mora o perigo. Eu posso estar conversando com vocês sobre violência, depois ir ao Morumbi assistir a um jogo e matar um cara junto com outros torcedores violentos; e aí você me pergunta: por quê, Adilson? E eu não tenho como explicar, eu fui assimilado pela massa e aconteceu. Da mesma forma que os policiais cristãos vão à igreja, são absolutamente religiosos, mas quando assumem o serviço saem na rua e matam um, dois”.Ele explica que a formação do policial militar, assim como a dos militares das Forças Armadas, tem uma ideologia própria e é transmitida a todos os policiais. “Eu fui formado durante a ditadura. Fui formado para saber que ‘militar é superior ao tempo; militar não chora; militar não sente medo; paisano [civil] é bom, mas tem muito’. Hoje, depois de 30 anos de PM e de estudos, eu percebo que estávamos sendo doutrinados”, relata. Para ele, essa ideologia transmite a sensação de heroísmo aos PMs. Em sua analogia, o coronel compara os policiais ao Super-Homem [Superman]. “’Eu sou o Super-Homem, tenho superpoderes, mas não sou bem resolvido’. Esse é o policial militar. O suicídio é uma das opções. O PM não aguenta. O falso eu do policial é ser um super-herói. Então, talvez, o PM cometa suicídio para eliminar esse falso eu e proteger o verdadeiro eu”, conclui.
*Os nomes foram modificados para preservar a identidade da fonte. Essa reportagem é resultado da Microbolsa de Violência Policial, realizado pela Agência Pública e a Conectas Direitos Humanos.
800 MIL SUICÍDIOS POR ANO
Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Na prática, isso equivale a uma morte a cada 40 segundos. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, mais de 11 mil pessoas se matam todos os anos.
O ato de atentar contra a própria vida não é uma novidade deste século, mas está crescendo em ritmo acelerado, junto com a ocorrência de transtornos mentais. O suicídio já foi considerado uma doença, uma espécie de “loucura momentânea”, mas essa ideia foi descartada e enterrada com a publicação de O suicídio, de Émile Durkheim no século 17. De acordo com o sociólogo francês, são inúmeras as causas que podem levar uma pessoa a dar fim à própria vida. São tantas as possibilidades que não seria possível apontar causas, mas apenas disposições e fatores agravantes.
De acordo com o autor, ainda em 1897 já era possível dizer que o suicídio não é um evento individual nem uma loucura que toma conta do ser humano. Para Durkheim, o suicídio nasce da soma de tendências suicidas, transtornos mentais e contextos sociais. Porém, nenhum desses elementos seria a sua causa e, sim, pontos de pressão que podem ou não culminar num suicídio consumado.
Para Durkheim, o suicídio é um fato social e sua preponderância nas sociedades se dá pela coesão social, ou seja, quando a sociedade não é unida e vive entre tensões sociais, verifica-se maior ocorrência de suicídios.
Quando as instituições sociais não cumprem tão bem seu papel porque estão desmoronando, as normas de convívio social acabam enfraquecidas e a vida em sociedade pode se tornar angustiante e desmotivadora, de maneira que essas ocorrências se somam a questões individuais que terminam por levar o sujeito a cogitar o suicídio.
Durkheim sugere, logo de início, que o suicídio está ligado ao passar do tempo. Ele traz dados de países que, no século 17, já demonstravam maior ocorrência de mortes voluntárias autoinfligidas em pessoas com mais de 40 anos, aumentando com o envelhecimento.
“Não só o suicídio é muito raro na infância, mas é com a velhice que atinge o seu apogeu e, entre a infância e a velhice, aumenta regularmente com a idade […] Mesmo o recuo por volta dos 80 anos, além de ligeiro e nem um pouco geral, é relativo. Visto que os nonagenários se suicidam em igual ou maior proporção que os sexagenários, e sobretudo mais que os homens em plena força da vida. Por aqui não se vê que a causa responsável pela variação do suicídio não poderia consistir em uma impulsão congênita e imutável, mas na ação progressiva da vida social?”, escreveu.
É importante ressaltar que, no período em que Durkheim chegou a tais conclusões, o mundo tinha outros contextos sociais que permeavam o suicídio como fato social. Agora, nos primeiros 19 anos do século 21, tem-se noticiado um aumento expressivo e alarmante de suicídio na infância. De acordo com o Mapa da Violência Letal contra Crianças e Adolescentes do Brasil, entre 2003 e 2013 houve um aumento de 10% nos casos de suicídio entre crianças e adolescentes dos 9 aos 19 anos no país. Um dos fatores que pode estar ligado a esse aumento, por exemplo, é a dificuldade que pais e professores têm de notar sinais que indicariam a possibilidade de ocorrência de transtornos mentais.
De qualquer forma, o suicídio ainda impera entre os mais velhos. E as suposições de Durkheim encontram eco nas mortes de policiais militares em todo o Brasil, não somente quando relacionadas a faixa etária, mas também quando somadas ao contexto social e profissional em que vivem as vítimas. Fonte: https://brasil.elpais.com
Dia da Mulher: por que a data é celebrada em 8 de março em todo o mundo?
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Jornada de reivindicação é celebrada em vários países, mas já aconteceu em outras datas
A tradição de reservar uma data para reivindicar a igualdade de direitos da mulher é centenária. Nesta sexta-feira, 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher na maioria dos países do mundo. Entretanto, um longo caminho foi percorrido até que essa data surgisse. Nesse caminho, a efeméride – que surgiu com espírito e iniciativa sindicalista – evoluiu, mudou de dia e perdeu a palavra trabalhadora do seu título. No dia 8 de março – data oficializada pela ONU em 1975 – pleiteia-se a igualdade completa de direitos. .
A ideia de um dia internacional da mulher surgiu no final do século XIX, mas foram diferentes fatos no século XX que derivaram para a celebração que conhecemos hoje. Um deles, talvez o mais simbólico, mas não o único, ocorreu em 25 de março de 1911, quando 149 pessoas, a maioria mulheres, morreram no incêndio da fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York. O incidente revelou as penosas condições nas quais trabalhavam as mulheres, muitas delas imigrantes e muito pobres. Não foi um fato isolado – três anos antes, houve outro incêndio em circunstâncias similares, mas foi a tragédia de 1911 que suscitou grandes mobilizações e marcou no calendário uma data que já havia começado a ser celebrada dois anos antes, também em Nova York, onde as Mulheres Socialistas, seguindo uma orientação partidária, havia comemorado pela primeira vez o Dia Nacional da Mulher. Foi em 28 de fevereiro de 1909, e mais de 15.000 mulheres saíram às ruas para reivindicar melhores salários, redução da jornada de trabalho e direito ao voto.
Em 1910, a Internacional Socialista proclamou o Dia Internacional da Mulher para reivindicar o sufrágio feminino, a não discriminação trabalhista, o acesso à educação e outros direitos fundamentais. A conferência não decidiu um dia concreto, mas foi decisiva: a data começou a ser comemorada no ano seguinte. Alemanha, Áustria, Dinamarca e Suíça o celebraram em 19 de março, com comícios dos quais participaram mais de um milhão de pessoas, a imensa maioria mulheres.
Dos Estados Unidos e Europa Central, essa data combativa começou a se espalhar para outras regiões. Em fevereiro de 1913, as mulheres russas celebraram o Dia Internacional da Mulher, que em outros países começava a ser fixado em 8 de março. Quatro anos depois, em 1917, como reação à morte de mais de dois milhões de soldados na guerra, as russas convocaram uma greve para o último domingo de fevereiro. Os protestos e manifestações que tiveram início naquele 23 de fevereiro – 8 de março no calendário gregoriano usado em outros países – conduziram a uma mobilização geral que provocou a abdicação do czar e a nomeação de um Governo provisório que lhes concedeu o direito ao voto. A data também é lembrada pelas mulheres no Brasil.
Com o passar dos anos, foram se incorporando outros países – a China, em 1922, por exemplo – e mulheres de todo tipo de realidade, até que o 8 de marçose tornou um momento de confluência para reivindicar a igualdade de direitos para todas e recordar que ela ainda não foi alcançada. Fonte: https://brasil.elpais.com
Após polêmica, prefeitura proíbe trios e carros de som durante carnaval em bairro de Salvador que foi cenário de novela
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Conforme decisão, Santo Antônio Além do Carmo, palco da novela Segundo Sol, da TV Globo, terá apenas a presença de blocos de fanfarra, sopro e percussão licenciados.
Por G1 BA
A prefeitura de Salvador informou que proibiu a utilização de trios, minitrios e carros de som nas ruas do bairro do Santo Antônio Além do Carmo, que foi cenário da novela Segundo Sol, da TV Globo. Com isso, durante o carnaval, o local terá apenas a presença de blocos de fanfarra, sopro e percussão licenciados.
A determinação foi dada pelo prefeito ACM Neto, durante a primeira reunião de avaliação do Carnaval, ocorrida nesta quinta-feira (28), no Palácio Thomé de Souza, que envolveu todos os secretários e gestores municipais.
A medida foi tomada, conforme a prefeitura, devido às inúmeras reclamações dos moradores por conta da realização de festas no local.
Uma operação conjunta será realizada no bairro durante todos os dias de festa e, caso haja descumprimento da norma, os equipamentos podem ser apreendidos e os proprietários, multados
Antes da folia, conforme a prefeitura, já haviam sido feitas reuniões em que foi destacada a necessidade de fazer a festa carnavalesca com "respeito à tradição do bairro, conhecido pela história e pela tranquilidade e que, nos últimos meses, vem recebendo muitos visitantes por ter sido cenário de novela". Fonte: https://g1.globo.com
Carnaval: celebrar a alegria de viver
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Leonardo Boff, escritor,
"Esqueçamos, por um momento, as agruras de um governo ainda sem rumo e com ministros que nos envergonham e com políticos que representam mais os grupos que os elegeram que os reais interesses do povo. Apesar disso tudo, a alegria há de predominar", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.
Eis o artigo.
O Brasil está vivendo uma das fases mais tristes e até macabras de sua história. Foi desmascarada a lógica da corrupção, presente em toda a nossa história, como parte de um Estado patrimonialista (colonialista, escravagista, elitista e anti-popular) e sequestrado durante séculos pelas oligarquias do ser, do ter, do saber, do dominar e do manipular a opinião pública. Por todo esse tempo, grassou a corrupção e não apenas, como se atribuiu, nos últimos anos, quase que exclusivamente ao PT (é verdade, que suas cúpulas foram contaminadas), feito bode expiatório como forma de ocultar a corrupção dos privilegiados de sempre.
Surgiu um novo “Collor”(“caça aos marajás”), o “mito” (Jair Bolsonaro) que iria exterminar a corrupção. Foram suficientes 50 dias de mandato para se identificar a corrupção também em suas próprias hostes, até em sua família. Muitos acreditaram ingenuamente na profusão de fake news e slogans de viés nazista: “Brasil acima de tudo”(“Deutchland über alles”) e “Deus acima de todos”. Qual Deus? Aquele dos neopentecostais que promove a prosperidade material mas é surdo à nefasta injustiça social e que dá muito dinheiro a seus pastores, verdadeiros lobos a tosquiar as ovelhas? Não é o Deus do Jesus pobre e amigos dos pobres, de quem falava Fernando Pessoa“que não entendia nada de contabilidade e que não conta que tinha uma biblioteca”. Era pobre mesmo que perambulava por todos os lugares anunciando “uma grande alegria para todo o povo” como relatam os evangelhos.
Dentro deste quadro sinistro se festeja o carnaval. Não poderia deixar de ser, pois é um dos pontos altos da vida de milhões de brasileiros. A festa faz esquecer as decepções e dá espaço às muitas raivas afogadas na garganta (como milhares em São Paulo, gritando indecentemente "B. vá tomar no c"). A festa, por um momento, suspende o terrível cotidiano e o tempo tedioso dos relógios. É como se, por um lapso de tempo, participássemos da eternidade, pois na festa se suspende o tempo dos relógios.
Pertence à festa o excesso, a ruptura das normas convencionais e das formalidades sociais. Lógico, tudo o que é sadio pode ficar doentio, como o caráter orgiástico de algumas expressões carnavalescas. Mas não é esta a característica do carnaval.
A festa é um fenômeno da riqueza. Aqui riqueza não significa possuir dinheiro. A riqueza da festa é a riqueza da razão cordial, da alegria, de mostrar um sonho de fraternidade ilimitada, gente da favela com gente da cidade organizada, todos fantasiados: crianças, jovens, adultos, homens e mulheres e idosos dançando, cantando, comendo e bebendo juntos. A festa é a exaltação de que podemos ser alegres e felizes mesmo dentro de desgraças coletivas.
Se bem refletirmos, a alegria do carnaval é uma expressão de amor que é mais que empatia. Quem não ama nada ou ninguém, não pode se alegrar, mesmo que o suspire de forma angustiada. Um teólogo da Igreja Ortodoxa, do século V da era cristã, São João Crisóstomo (de quem o Card. Dom Paulo Evaristo Arns era um grande entusiasta e leitor) escreveu bem: “ubi caritas gaudet, ibi est festivitas”; “onde o amor se alegra, aí se encontra festividade”.
Agora um pouco de reflexão: o tema da festa comparece como um fenômeno que tem desafiado grandes nomes do pensamento como R. Caillois, J. Pieper, H. Cox, J. Motmann e o próprio F. Nietzsche. É que a festa revela o que há ainda de infantil e mítico em nós no meio da maturidade e da predominância da fria razão instrumental-analítica que rege nossas sociedades.
A festa reconcilia todas as coisas e nos devolve a saudade do paraíso das delícias, que nunca se perdeu totalmente. Platão sentenciava com razão:”os deuses fizeram as festas para que pudessem respirar um pouco”. A festa não é só um dia que os homens fizeram mas também “um dia que o Senhor fez”, como diz o Salmo 117,24. Efetivamente, se a vida é uma caminhada onerosa, precisamos, às vezes, de parar para respirar e, renovados, seguir adiante com alegria no coração.
Donde brota a alegria da festa? Foi Nietzsche quem encontrou sua melhor formulação: “para alegrar-se de alguma coisa, precisa-se dizer a todas as coisas: “sejam bem-vindas”. Portanto, para podermos festejar de verdade precisamos afirmar positividade de todas coisas. Continua Nietzsche: “Se pudermos dizer sim a um único momento então teremos dito sim não só a nós mesmos mas à totalidade da existência” (Der Wille zur Macht, livro IV: Zucht und Züchtigung n.102).
Esse sim subjaz às nossas decisões cotidianas, em nosso trabalho, na preocupação pela família, pelo emprego ameaçado pelas novas leis regressivas do atual governo, na convivência com amigos e colegas. A festa é o tempo forte no qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente. Da festa saímos mais fortes para enfrentar as exigências da vida, para a maioria, sempre lutada e levada na marra.
Temos boas razões para festejar nesse carnaval de 2019. Esqueçamos, por um momento, as agruras de um governo ainda sem rumo e com ministros que nos envergonham e com políticos que representam mais os grupos que os elegeram que os reais interesses do povo. Apesar disso tudo, a alegria há de predominar. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Cobiçado, Santo Antônio Além do Carmo vira centro de polêmicas do Verão
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Moradores reclamam da exposição do bairro e grande demanda de eventos e festas
Noite de 1970: o Santo Antônio Além do Carmo, um dos bairros mais antigos de Salvador, está completamente tranquilo. A movimentação é restrita ao vaivém de beatas e aos moradores nas calçadas. Noite de 2019: mesas e cadeiras são organizadas no asfalto. A fila de motoristas causa engarrafamento e o som invade os casarões. Um morador, da sacada, resmunga. Passado e presente confrontam-se em discussões nem sempre harmônicas sobre o futuro da região centenária.
Não mais que cinco mil pessoas vivem ali, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Da janela de sua casa-ateliê, Maria Maranhão, artista e figura folclórica do bairro, descreve o dia a dia: “É um lugar da paz”. Não sem completar: “Da paz ameaçada”. A moradora se refere aos grandes eventos e ao fluxo de visitantes ao falar em risco.
Somente no início deste ano, foram três denúncias relacionadas ao barulho no bairro, calculou a Secretaria Municipal de Ordem Público (Semop) a pedido do CORREIO – contra cinco no vizinho Pelourinho. Ano passado, no mesmo período, só uma queixa havia sido prestada.
Quando, no último dia 14, a tradicional agremiação carnavalesca do bairro, o Bloco de Hoje a 8 (DHJA8), anunciou a possibilidade de não desfilar no pré-carnaval deste ano, como faz desde 2011, descrições como a de Maranhão pipocaram.
“O que o Santo Antônio Além do Carmo de fato comporta?”, questionaram os organizadores, moradores do lugar, no Facebook, ao comentar o crescimento do bloco talvez para além da capacidade de um bairro pequeno e residencial. O CORREIO tentou contato direto com o DHJA8, que preferiu não comentar o assunto. No mesmo dia, o Bloco Harém havia divulgado uma festa, o Santo Antônio Harém do Carmo, com desfile pelas ruas do Carmo e baile privado numa chácara.
Alguns moradores torceram o nariz, indignados. Reclamam entre si nas calçadas, nos grupos de WhatsApp criados justamente para discutir a popularização do bairro.
“A nós, aqui, não interessa. O uso comercial desse lugar não existe. Aqui não é Barra-Ondina, nem queremos que seja”, revolta-se Júlio César Grosso, 55, na casa onde mora há 25.
É como se sentissem o surgimento de um outro Santo Antônio, em que o bucólico perde para a agitação. “Fiz logo um textão pelo Instagram: quando os casarões estavam caindo, quem é que estava aqui?”, pergunta Rodolfo Leite, 29.
Do lado da Diva Produções, responsável pela festa do Harém, a justificativa. Por que querem o Santo Antônio? "Acreditamos que há sinergia entre o público que frequenta os nossos eventos e aquele que frequenta o Carnaval no Carmo. Criamos um evento totalmente alinhado com a proposta local, sempre atendendo aos requisitos legais exigidos pelo poder público. Promoveremos um desfile democrático, que acontecerá com banda de fanfarra sem cordas, abadás ou cobranças. Tal qual todas as outras manifestações que acontecem tradicionalmente no local. Estamos desenvolvendo campanhas e ações que visam a preservação e manutenção do local, como a proibição de venda de bebidas em garrafas de vidro. Criamos também o "bloco da limpeza", que consiste em uma equipe privada limpando as ruas imediatamente após á passagem da fanfarra. Isso é uma grande queixa dos moradores locais".
De porta em porta, as reclamações começaram a dividir os moradores. Uns reclamam, outros defendem a nova fase local. Quando chegou ao bairro, em 2002, Valdirene Meira, 44, vivia a tranquilidade das ruas com menos turistas, menos festas, menos zoada. Concorda que mora, hoje, em um novo Santo Antônio. “É outro. Mas eu gosto do Santo Antônio de 2019, anima... Bom, não sei se a reclamação é porque tem muito idoso. A mim não incomoda”, diz a professora. Pelo menos 11% dos moradores, afirma o IBGE, têm mais de 65 anos.
Tamanho o burburinho, o pároco Ronaldo Magalhães, da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, recebeu a missão de conciliar as partes. As festas nas ruas são, agora, assunto santo. Na próxima terça-feira (22), a partir das 19h, moradores e representantes de órgãos públicos já deverão estar na paróquia para debater o presente e o futuro do bairro. A resposta será a maior graça alcançada. “Acontecerá discussões e discórdias, isso é certo. Que haja harmonia para ninguém ser prejudicado”, torce o padre. “Tem gente que nem é morador e reclama”, continua.
Todos querem o Santo Antônio Além do Carmo. Mas, como e por quê?
Antes e depois
A revitalização do Pelourinho, a partir de 1992, no governo ACM, deveria fazer do Centro Histórico uma vitrine do turismo. Naquela década, as praças sediavam show constantemente, um estimulo à vida cultural da região. No vizinho Santo Antônio, nenhuma intervenção direta. Era um bairro residencial, com padarias e poucos bares e lojas. Cria-se um marketing, explica o historiador Juarez Bonfim: “Divirta-se no Pelourinho, descanse no Santo Antônio”. O chamado teve resposta e, de certa forma, aqui e ali, apareceram pousadas e dormitórios.
A história do Santo Antônio até sua atual transformação em centro boêmio e turístico é dividida em fases. Até a década de 80, era habitado por famílias da classe média, explica o historiador, e as manifestações culturais eram pontuais e, em geral, religiosas - como a Trezena de Santo Antônio. No entanto, sempre teve vocação carnavalesca. Era da escadaria da Igreja do Boqueirão, por exemplo, que os fantasiados do Bloco Coruja, criado em 1962, saíam ao som de fanfarras e brincadeiras.
Os Internacionais - hoje Bloco Inter -, seu rival mais velho, de 1962, também nasceu ali. Sônia Silva, 72, moradora do Santo Antônio há mais de 50 dos seus 70 anos, sempre acompanha o carnaval.
“Mudou demais. Quer dizer, eu não vejo o pessoal que mora aqui mesmo nas coisas daqui. Algumas coisas eu nem sei quando vão acontecer, se vão”, comenta ela, que mantém o hábito, à tarde, de acompanhar o movimento da calçada de casa.
No início da década de 90, a consolidação do axé, já nos trios elétricos, enfraquece os blocos dos bairros. A valorização do Corredor da Vitória leva, consigo, os moradores mais abastados do Santo Antônio, que passa por um momento de desvalorização. De todo modo, não era um lugar turístico, mesmo com casarões e igrejas centenários. Os passeios turísticos não ultrapassavam o Largo do Pelourinho. A partir das intervenções do Pelourinho, em parte concluídas nos anos 2000, muita coisa muda.
A compra de 35 imóveis pela empresária e filha do fundador do Shopping da Bahia Luciana Rique, em 2007, na intenção de construir um shopping a céu aberto, também cria uma especulação imobiliária no bairro. Pouco depois, ela desistiu da ideia.
“O aluguel cresceu demais. Houve uma valorização muito grande. É um processo recente na cidade. Fiz um levantamento, nos anos 2000, e levantei que, em pouquíssimo tempo, tinham surgido 15 pousadas naquela área”, conta o arquiteto e presidente do Instituto de Arquitetos da Bahia, Nivaldo Andrade.
A valorização cresce ao longo dos anos. Nos últimos 10 anos, calculou a Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb) a pedido do CORREIO, foram cinco pousadas abertas no bairro. O número, claro, pode ser maior, já que o CEP especificado pode ser diferente do real. A investida sobre o Santo Antônio, se vista pelo número de visitantes, é tão perceptível quanto nas placas de “Vende-se” pregadas nos casarões.
A casa nº 70, com vista para a Baía de Todos os Santos, tem, abaixo de uma das janelas, o anúncio de venda. “Sempre gostei da localização daqui. De madrugada, saio andando. Mas a casa é gigantesca [tem cinco quartos], até para reformar é difícil”, explica o autônomo Mário Santana Vieira, 62, com 50 anos de Santo Antônio. Os custos de uma reforma nos casarões da região tombada e classificada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) podem ser elevados.
A vista e valorização do bairro passam a atrair, então, moradores mais abastados. Uma casa virada para a Baía, com 15 suítes, chega a custar mais de R$ 2 milhões. O aluguel costuma variar de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil. A apresentadora Regina Casé, por exemplo, comprou e reformou dois casarões vizinhos, próximo do Convento do Carmo, onde costuma veranear.
O ator baiano Fabrício Boliveira, recentemente no ar com o personagem Roberval, na novela da Globo Segundo Sol, gravada em Salvador, também comprou uma casa no bairro. Por falar em novela, muitos chegam além do Carmo por causa dela.
“Já sabia que queria conhecer o Pelourinho, aí vi esse lugar e achei tão lindo, colorido. Tive que colocar na lista”, conta a turista de São Paulo, Núbia Santos, 41.
O encontro
A família árabe Miguel é uma das mais antigas do Santo Antônio: estão lá há 116 anos. Na esquina com a Rua Direita de Santo Antônio, mantém o Bar do Lula, construído há 45 pelo patriarca Aloísio Miguel. Os frequentadores, até os anos 2000, eram vizinhos e funcionários de empresas do centro de Salvador. “Era mais vazio, encheu bastante”, comemora Rita Miguel, 52, uma das administradoras do bar. São clientes de todas as áreas de Salvador. Proprietários de bares e pousadas comemoram a popularização.
“É um lugar tranquilo e bonito... Acho que também sempre foi animado”, opina Rita sobre os atrativos locais.
Por ali, o Bar da Cruz do Pascoal, antes conhecido como o Armazém de Seu Porfírio, é um dos mais lotados. Na infância no bairro, inclusive, Gilberto Gilcostumava aparecer para comprar balas e outras guloseimas. Quando comprou a Pousada Beija Flor, em 2013, Nilton Ribeiro, 66, também morador do Carmo, acompanhou e comemorou a fama do bairro.
“Essa temporada estamos muito bem. Acho que o Santo Antônio tem uma boemia, uma afetividade que cativa. Mas eu não sei o que aconteceu. Talvez otimismo? Sentimos com mais força na última Copa do Mundo [2018]”, acredita Nilton. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia não tem números sobre a ocupação.
A questão, acredita Nivaldo Andrade, é menos sobre ocupação e “mais sobre a quem pertence o lugar”. No dia 17, moradores lançaram um abaixo assinado na internet: “Somos contra megaeventos no bairro histórico e residencial do Santo Antônio Além do Carmo”. Foi Eliana Pedroso, responsável pela Diretoria do Centro Histórico, vinculada à Prefeitura de Salvador e criada em 2017, quem ligou para o padre Ronaldo para realizar o encontro.
“A palavra-chave é equilíbrio. Tentar encontrar a melhor medida entre quem quer muita festa e quem não quer festa nenhuma. É um bairro extremamente charmoso, mas que também pertence à cidade [...] Os gestores públicos estão atentos a isso”.
A realização de qualquer evento precisa ter autorização da Central Integrada de Licenciamento de Eventos, subordinada à Secretaria Municipal de Trabalho, Esportes e Lazer (Semtel) com suporte de outros órgãos. Ao CORREIO, a Semop explicou que o limite de som, das 22h às 7h, é de 60 decibéis.
Por ser local tombado, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou à reportagem que realiza, anualmente, avaliação de estruturas provisórias e montagens de palco. E frisa: atua depois, caso ocorra algum dano ou irregularidade.
A professora Carla Rúbia, 51, moradora do bairro desde a infância defende: “Os moradores estão muito divididos. No final, eu acho o seguinte: não somos donos do bairro”. O padre Ronaldo também tenta encontrar um equilíbrio. “As pessoas têm medo que isso [o clima tranquilo, de interior] se perca. Não vejo por essa linha, só precisa ser organizado”, diz. Na próxima terça-feira (22), apelará ao padroeiro da igreja. Assim, quem sabe, o Santo Antônio de 1970 e de 2019 possam, enfim, conviver.
*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.
Fonte: www.correio24horas.com.br
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