VIOLÊNCIA NO RIO: Policial militar é morto em tentativa de assalto em Botafogo
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Cabo Rafael Silva Estevão saía de seu carro quando foi abordado pelos bandidos, que atiraram contra ele
Rio - O policial militar Rafael Silva Estevão, de 34 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto, na noite desta quarta-feira, em Botafogo, na Zona Sul da cidade. O crime aconteceu por volta das 20h40, na Rua Dezenove de Fevereiro. O cabo estava na corporação desde 2012 e era lotado no Centro de Controle Operacional da Polícia Militar (Cecopom). Ele saía de seu carro quando foi surpreendido pelos bandidos. O PM tentou se desvencilhar, mas foi atingido pelas costas.
Segundo a Polícia Militar, agentes do 2º BPM (Botafogo) foram acionados para verificar a suspeita de um homem baleado. Ao chegarem no local, o cabo Rafael já estava morto.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) foi acionada e esteve no local para realizar a perícia. Um inquérito policial foi instaurado para apurar as circunstâncias do crime e a autoria dos disparos. As investigações estão em andamento e os agentes buscam imagens de câmeras de segurança e testemunhas.
Nas redes sociais, moradores da região relataram o que ouviram no momento do crime. "Passei ali. Vi uma pessoa morta. Um homem. Ouvi os tiros. Foram muitos", contou um internauta. "Foram uns 10 tiros", relatou outro. "Ouvi de casa", postou um terceiro. O cabo será enterrado, às 11h15 desta sexta-feira, no Cemitério Jardim Sulacap.
Dois policiais mortos
Rafael Silva Estevão é o 49° policial militar morto no Estado do Rio em 2018, o segundo em menos de 24 horas. Na manhã desta terça, Robert Nogueira de Almeida, de 42 anos, também foi assassinado em uma tentativa de assalto, em Cascadura, na Zona Norte. O sargento da PM foi abordado por criminosos enquanto ia para o trabalho. Os bandidos atiraram em Robert ao perceber que ele era policial. O grupo fugiu sem levar nada.
Já na parte da tarde, o agente penitenciário Alex Almeida foi morto a tiros em mais uma tentativa de assalto, na Avenida do Comércio, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele e outras três pessoas estavam em um carro preto, trabalhando para um sistema de monitoramento de veículos, quando quatro bandidos anunciaram o assalto. Alex teria reagido e teve troca de tiros. O agente foi socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, mas não resistiu. Fonte: https://odia.ig.com.br
Desaparecimento de avião da Malaysia Airlines teria sido planejado por piloto
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O voo MH370, da Malaysia Airlines, que transportava 239 pessoas em 8 de março de 2014, pode ter desaparecido "deliberadamente" em um "ato planejado pelo piloto" da aeronave, apontaram especialistas aéreos durante o programa australiano "60 minutes".
A conclusão foi feita por pesquisadores que procuravam uma tese para resolver o mistério do Boeing 777 há quatro anos. A mesma ideia é compartilhada por Martin Dolan, responsável pelas buscas dos destroços. De acordo com o grupo, formado por ex-pilotos, o capitão da aeronave, Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos, foi o responsável pelo desaparecimento depois de ter provocado a despressurização da cabine para deixar os passageiros inconscientes.
"Se alguém me deu a tarefa de fazer desaparecer o 777, eu faria exatamente a mesma coisa", disse um dos especialistas, que não acha que o ato tenha sido "terrorismo". Caso "fosse um evento terrorista seria quase inevitável a reivindicação de uma organização terrorista. E ninguém fez", acrescentou.
Os dados de satélite ainda indicam que o avião, que decolou de Kuala Lumpur rumo à Pequim, na China, desviou a rota para uma região na cidade de Panang, onde Zaharie nasceu. Segundo a teoria, o piloto teria alterado o trajeto do voo para se despedir da sua cidade natal.
"O ponto que é mais discutido é quando o piloto desliga o transponder, despressuriza o avião, o que incapacita os passageiros. Ele estava se matando. Infelizmente, ele estava matando todos a bordo. E fez isso deliberadamente", explicou Larry Vance, um investigador da aviação canadense.
Alguns objetos e partes do avião foram encontrados em praias banhadas pelo Oceano Índico, mas a busca – coordenada pelo Gabinete para a segurança australiana – foi interrompida depois de quase dois anos, em janeiro de 2017.
A investigação oficial revelou que Zaharie e o copiloto Fariq Abdul Hamid foram os principais suspeitos pela tragédia. A construção de um simulador de voo em casa, no qual o massacre teria sido planejado, é uma das evidências contra o piloto que tinha mais de 20 mil horas de voo no currículo. Fonte: www.metrojornal.com.br
EM MINAS GERAIS: Policial civil mata mulher, duas filhas e se mata em Santa Luzia
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Homem estava preso na Casa de Custódia da Polícia Civil, mas teria conseguido fugir para cometer o crime. Atual marido de uma das vítimas contou que motivação seria uma condenação do policial por estupro das outras duas assassinadas
Um policial civil entrou em uma residência de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, matou uma mulher, duas filhas dela e se matou em seguida na madrugada desta terça-feira. As informações que constam no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar para o caso dão conta de que quando os militares chegaram na residência da Rua Sebastião Fernandes, no Bairro Monte Carlo, eles encontraram três mulheres caídas na sacada do segundo andar da casa já sem vida e um homem caído próximo aos estilhaços, com uma arma em punho. As vítimas são Luciana Carolina Petronilho, 40 anos, Nathalia Diovana Petronilho, 18, e Victoria Regina Graciane Petronilho, 15.
Paulo José de Oliveira, 40 anos, foi socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Benedito e em seguida transferido ao Hospital João XXIII, onde faleceu por volta das 4h10. Junto com ele os militares acharam duas facas, um alicate e um documento de identificação xerox da Polícia Civil. Em contato com a central de operações policiais, a PM recebeu a informação de que Paulo estava preso desde 27 de julho do ano passado na Casa de Custódia da Polícia Civil, que fica no Bairro Horto, Leste de Belo Horizonte, e é exclusiva para ex-policiais presos.
TRIPLO ASSASSINATO
O dono da casa de Santa Luzia, onde ocorreu o crime, que consta na ocorrência como marido Luciana, disse aos militares que estava dormindo e escutou um barulho semelhante ao arrombamento do portão. Logo depois ele já se deparou com o autor armado dentro de casa. Paulo determinou que o homem saísse de casa junto com outra mulher, que seria a terceira filha da vítima, de 22 anos, para que não morressem junto com as três mulheres.
Em seguida o policial civil foi na direção das três vítimas e atirou nas três, matando todas com disparos na região da cabeça, e depois se matou, atirando contra a própria cabeça.
A principal testemunha do crime ainda contou aos policiais militares que a motivação do triplo assassinato seria a condenação de Paulo José pelo crime de estupro praticado contra as duas jovens que foram assassinadas, filhas de Luciana. A perícia recolheu cinco cápsulas de munição .380 e outra bala intacta do mesmo calibre. Os peritos que atuaram no caso também encontraram em um dos quartos uma substância semelhantes a maconha, além de um triturador de drogas e um papel que seria usado para embalar substâncias entorpecentes.
Fonte: www.em.com.br
A história da primeira criança trans que conseguiu alterar os documentos no Brasil
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Os documentos de Joana*, de 11 anos, representam um importante capítulo na vida dela e de sua família. Nos novos registros, atualizados há dois anos, constam o nome, que ela mesma escolheu, e o gênero: feminino. Joana tornou-se a primeira criança transgênero no Brasil a conseguir autorização na Justiça para que pudesse mudar seus documentos.
A permissão para que a criança alterasse seus registros foi concedida após os pais da garota - os comerciantes Jaqueline*, de 39 anos, e Carlos Alberto*, de 46 - pleitearem a mudança ao longo de três anos na Justiça. "Eu gosto bastante de pensar que eles conseguiram mover montanhas para isso", diz Joana, enquanto sorri para a mãe. A reportagem é de Vinícius Lemos, publicada por BBC Brasil, 11-05-2018.
A decisão que autorizou a alteração dos documentos foi dada em 2016 pelo juiz Anderson Candiotto, da Terceira Vara da Comarca de Sorriso. O caso repercutiu em todo o país. Passados mais de dois anos, médicos que acompanham crianças transgêneros afirmaram à BBC Brasil que desconhecem outra família que tenha conseguido a mesma autorização no Brasil. Desta forma, Joana ainda pode ser a única criança brasileira que conseguiu o direito de mudar de gênero em seus registros. A informação, porém, não pode ser confirmada em razão de os processos de outros menores tramitarem em sigilo.
Joana nasceu Juliano. Mas desde os cinco anos de idade, a criança utilizava 'Joana' como nome social na escola, conquista obtida após os pais recorrerem ao Ministério Público de Mato Grosso. Os problemas surgiam quando ela precisava apresentar os documentos, no qual constava o gênero masculino e o nome de batismo. "Ela sempre ficava com muita vergonha", relembra a mãe da garota. Para evitar que a filha passasse por mais constrangimentos, Jaqueline recorreu à Justiça. "O processo foi tão demorado, que chegou um momento em que pensei que não iria conseguir", diz.
A família vive no município de Sorriso (MT). Na região, somente os mais próximos sabem que a criança é transgênero. Para muitos, trata-se de uma garota que nasceu com o mesmo gênero com o qual se identifica, pois desde os quatro anos ela sai às ruas vestida como menina. O medo de Joana sofrer ataques preconceituosos faz com que os pais evitem revelar a história dela a conhecidos. "Nunca deixei que ela sentisse nenhum tipo de preconceito. Sempre evitamos que isso acontecesse. Há a nossa barreira na frente. Mas sei que vai chegar a hora em que ela vai ter de lidar com isso sozinha", conta Jaqueline.
A história de Joana
Joana é a caçula da família que conta com mais um filho, de 12 anos. Nascida em uma cidade do interior do Paraná, a garota se mudou com a família para Sorriso, cidade considerada capital nacional do agronegócio, com pouco mais de um ano de vida. Ali, os pais enxergavam mais perspectivas de sucesso financeiro.
Quando tinha dois anos de idade, Joana passou a intrigar os pais. Eles perceberam que a criança costumava se portar como uma garota. "Ela me imitava e queria usar roupas e maquiagens. Eu achava que era uma fase. Na creche, as professoras me disseram que ela pegava calçados e presilhas das coleguinhas. Eu sempre pensei que ela seria um homossexual afeminado, pois não sabia o que era uma pessoa transexual", relata Jaqueline.
Os pais acreditavam que era uma postura temporária, mas a criança continuava afirmando ser uma menina. "No começo foi muito complicado. Nós não conseguíamos entender o que estava acontecendo", diz Carlos Alberto. "Procuramos várias igrejas, para tentar ajudá-la. Chegaram a dizer que ela estava com o 'coisa ruim' no corpo. Mas nós sabíamos que as coisas não eram assim".
Enquanto os pais buscavam respostas, a filha demonstrava sinais de tristeza. "Eu procurei ajuda na cidade, mas não encontrava. Na época era um assunto completamente desconhecido", relata Jaqueline. Ela revela que percebeu a dimensão das dificuldades da filha após presenciar Joana tentando cortar o próprio órgão genital. "Eu tinha chegado do trabalho e quando a vi, ela estava sentada com a tesoura na mão e com a toalha aberta. Eu fiquei bastante assustada."
Depois do episódio, a comerciante afirma ter tido a certeza de que precisava de ajuda. "No dia seguinte, fui pesquisar sobre o assunto e descobri um documentário - My Secret Self (Meu eu secreto, em tradução livre), da rede americana ABC - que falava sobre crianças transgêneros. Foi assim que percebi que minha filha poderia ser transexual, porque a situação dela era idêntica àquelas histórias. Mostrei o documentário ao meu marido e ele concordou que estávamos vivendo aquela situação."
O casal decidiu recorrer ao Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos), do Hospital das Clínicas em São Paulo. Na época, o espaço atendia somente adultos. "Mas eu insistia, dizia que tinha um filho que precisava muito de atendimento."
Os pais de Joana, então com três anos e meio, passaram a permitir que ela utilizasse vestimentas de menina. "Nós combinamos que poderia usar essas roupas em casa e na rua deveria se vestir como um garoto", diz Carlos Alberto. Nesta época, ela pedia para ser chamada de Juju. "Era um apelido mais feminino que o nome dela na época, então ela preferia", explica a mãe.
O acordo para que a filha utilizasse roupas femininas somente em casa foi bem-sucedido nos primeiros meses. Porém, os pais dizem que ela foi aos poucos evitando sair de casa. "Ela não gostava mais de ir para a escola e passou a ficar nervosa quando chegava a hora de sair. Minha filha começou a desenvolver uma espécie de dupla personalidade", conta Carlos Alberto.
Acompanhamento profissional
Após insistir por seis meses, Jaqueline conseguiu que a filha, então com quatro anos, fosse recebida no ambulatório do Hospital das Clínicas e passasse a ser a primeira paciente criança do local.
O atendimento inicial foi feito em dezembro de 2011. "Em 20 minutos de conversa, confirmamos o que já sabíamos: a nossa filha é transexual", diz. Os pais admitem que a constatação trouxe tristeza. "Doeu bastante, porque no fundo a gente esperava que não fosse. É difícil a aceitação no começo, mas nunca deixamos de amá-la. Nosso amor só aumentou", afirma Jaqueline.
Depois da primeira consulta, a garota começou a fazer acompanhamento constante. Os pais passaram a aceitar o fato de a criança ser transgênero e solicitaram ao Ministério Público que ela pudesse utilizar 'Joana' como nome social. "Quando voltei a Sorriso, minha filha já veio vestida como uma menina. Decidimos que ela passaria a andar apenas assim, porque é como ela sempre se sentiu."
Joana faz acompanhamento no ambulatório do Hospital das Clínicas a cada três meses. No local, é atendida por psiquiatra, psicólogo e endocrinologista. Há quatro meses, as visitas dela ao Amtigos ganharam mais uma motivação: aplicar a injeção que bloqueia os hormônios masculinos da puberdade. Ela deve fazer a aplicação a cada 28 dias. Quando está no ambulatório, o procedimento é feito gratuitamente. Porém, nas vezes em que precisa aplicar em casa, a medicação é comprada pelos pais da garota.
Para as viagens trimestrais a São Paulo, a família recebe passagens de ônibus por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFE), concedido a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Os gastos com hospedagens e alimentação ficam a cargo da família.
Daqui a cinco anos, a expectativa é de que a garota comece a utilizar hormônios femininos. Somente aos 21, caso queira, poderá passar pela cirurgia de redesignação sexual no Brasil. Para a criança, o maior problema nos procedimentos é a demora. "Sempre quis que tudo fosse rápido. Fiquei triste, pois falaram que demoraria muito pra eu começar a tomar os hormônios femininos", conta Joana.
Desde que atendeu Joana, no fim de 2011, o Amtigos passou a receber outras crianças e adolescentes. A demanda por menores de idade foi tamanha que atualmente a unidade atende apenas crianças de três anos a jovens menores de 18. "Somos o primeiro ambulatório que se dedica exclusivamente a eles", afirma o médico Alexandre Saadeh, coordenador do Amtigos.
O ambulatório atende, atualmente, cerca de 100 adolescentes e 50 crianças. Há ainda 140 pacientes, menores de 18 anos, em espera. Além deles, há adultos que já se tratavam no local e continuam recebendo acompanhamento.
Psiquiatra do Amtigos, Saulo Vito Ciasca destaca a importância do acompanhamento na unidade para as pessoas que possuem Transtorno de Identidade Sexual. "Nesses atendimentos, observamos melhora na saúde mental das crianças e dos adolescentes. Eles encontram um lugar onde podem existir, porque a sociedade não oferece esse local."
Desde 2011, Joana também faz acompanhamento em Sorriso. Durante seis anos, a psicóloga Cristiane Gheno atendeu a garota no município mato-grossense. A profissional destaca que o apoio que a menina recebe desde os quatro anos foi fundamental. "Acho que hoje ela tem maturidade e necessidade para ser aceita como é. Ela já sabe que não há nada de mal em ser transexual."
A decisão judicial
O acompanhamento com médicos e psicólogos foi fundamental para que os pais de Joana decidissem, em dezembro de 2012, entrar na Justiça para solicitar que o nome e o gênero da garota fossem alterados.
A mãe da criança passou por diversas situações em razão da antiga identidade da filha. "Quando a gente viajava, era um caos, porque ela era uma menina com documentos de menino. Uma vez chegaram a chamar policiais federais em um aeroporto, porque pensaram que eu a estava sequestrando", relembra.
Casos como este exigem cautela. É preciso ser pontual, assertivo e justo. Não poderia errar, porque essa criança vinha sofrendo há muito tempo, por conta da sua situação - Juiz Anderson Candiotto, da Terceira Vara da Comarca de Sorriso
Em entrevista à BBC Brasil, o juiz Candiotto conta que considerou o acompanhamento recebido pela garota e também a análise feita por uma psicóloga do Poder Judiciário para dar decisão favorável à mudança. "Foi a primeira vez que me deparei com uma situação que fugisse tanto do cotidiano. Casos como este exigem cautela. É preciso ser pontual, assertivo e justo. Não poderia errar, porque essa criança vinha sofrendo há muito tempo, por conta da sua situação."
A decisão do magistrado foi alvo de críticas. Na época, o senador Magno Malta (PR-ES) se reuniu com representantes das frentes católica, evangélica e da família e chegou a afirmar que faria uma representação contra a decisão do magistrado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Nunca fui intimado, então não posso afirmar se chegaram a protocolar algo (contra o juiz)", explica Candiotto.
As diversas críticas após o caso ser divulgado pela imprensa magoaram Jaqueline, que não contava à filha sobre os comentários. "Milhares de opiniões me machucaram muito. Eu perdia noites de sono pensando no que as pessoas diziam. Muitos falavam que ela era muito nova. Mas desde que a minha filha passou a fazer acompanhamento, eu tive a certeza de que ela é transgênero."
Apesar dos comentários negativos, os pais de Joana relatam que a decisão judicial foi fundamental para que a garota pudesse levar uma vida melhor. "A mudança nos documentos facilitou muito a nossa vida. A gente entra em qualquer lugar, pois os registros dela estão no feminino. Hoje, acho estranho alguém dizer alguma coisa sobre ela ser menino", afirma o pai.
Cerca de dois meses após a decisão, Joana alterou a certidão de nascimento, o CPF (Cadastro de Pessoa Física) e a Carteira de Identidade (RG).
Religiosidade e política
Entre os documentos de Joana que foram alterados também está a certidão de batismo na Igreja Católica. "Foi um procedimento muito rápido. Enquanto na Justiçademoramos mais de três anos, na igreja conseguimos a mudança no documento em dois meses, depois da decisão judicial", explica Carlos Alberto. Os pais dela fizeram o pedido para alterar o gênero e o nome da criança na cidade em que ela nasceu e foi batizada, no interior do Paraná. "Nós conversamos na paróquia do município, eles encaminharam o pedido para a diocese e o bispo assinou."
Depois de passar a se apresentar como garota, a criança chegou a ser coroinha por dois anos. "Não houve nenhuma negativa da coordenadoria da igreja nem do padre. Eles sabiam sobre ela e nunca enfrentamos nenhum problema. Ela só deixou de ser coroinha porque não tinha mais tempo, pois agora também faz outras atividades, como aulas de inglês e basquete", diz Carlos Alberto.
O pai de Joana revela que representantes da igreja fizeram somente uma exigência após permitirem a alteração no documento religioso. "Disseram que ela deve revelar que é transgênero ao futuro namorado. É uma questão que não querem que ela esconda do companheiro. Mesmo que faça a cirurgia, a igreja a orienta a não esconder isso", pontua.
Passamos a entender, depois de um tempo, que Deus a criou dessa forma e pronto. Não é uma deficiência ou um defeito dela - Carlos Alberto, pai de Joana
Carlos Alberto revela que a religiosidade foi fundamental para que pudesse compreender a filha. "Passamos a entender, depois de um tempo, que Deus a criou dessa forma e pronto. Não é uma deficiência ou um defeito dela", declara. Sargento aposentado do Exército, o pai da garota teve de rever alguns posicionamentos para que pudesse aceitar melhor Joana. "No Exército, ensinam que você deve ser homem e pronto. Mas eu nunca tive nenhum preconceito, tenho vários amigos homossexuais. É aquela coisa, você não espera que isso possa acontecer na sua casa. Mas a vida segue um rumo que a gente nem imagina."
O período em que passou no Exército é utilizado por Carlos Alberto como argumento para apoiar o pré-candidato a presidente do Brasil, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Em seu Facebook, o pai de Joana demonstra apoiar a postura do parlamentar. No entanto, o sargento aposentado assegura que não concorda com todas as opiniões de Bolsonaro, que costuma atacar a comunidade gay.
"Fui militar por cinco anos, então, há pontos em que concordo com ele e outros nos quais acho que ele é muito radical. Por exemplo, sou a favor do porte de arma e também sou favorável à redução da maioridade penal. Mas sou contra as visões radicais que ele possui, seja em questão política, religiosa, social ou qualquer outro aspecto", afirma.
Ao ser questionado sobre a visão de Bolsonaro em relação à comunidade LGBTQ, o pai da garota afirma não ter certeza se o pré-candidato é realmente contrário às questões relacionadas ao tema. "Eu, particularmente, não tenho nada contra [a comunidade LGBTQ]. Procuro falar com meus filhos para que jamais tenham preconceitos. Mas eu sei do Bolsonaro somente o que dizem na mídia, quem me garante que tais afirmações dele são reais?", questiona.
O comerciante, porém, afirma que seu voto para presidente ainda não está definido. "Hoje, eu o apoio. Mas pode ser que eu mude de opinião por algum motivo. Preciso pesquisar e comparar."
Preconceito contra transgêneros
A alteração dos documentos da criança representou um capítulo importante na vida de Joana. Porém, os pais sabem que isso não a salvará de situações difíceis.
Para poupar a filha do preconceito, os pais chegaram a mudar Joana de escola logo que ela conseguiu permissão para usar o nome social. "Preferimos que os colegas dela a conhecessem como menina", explica a mãe. Jaqueline também passou a contar uma versão diferente sobre a história da família a conhecidos. "Logo que ela passou a sair como menina, muita gente me perguntava: 'mas você não tem dois meninos?'. No início, eu explicava a história dela, mas depois passei a dizer que a pessoa estava se confundindo, porque eu sempre tive um casal. Foi o modo que encontrei para não ter que ficar me explicando para todos."
Os pais da garota temem que ela sofra violência. O medo deles se intensifica quando veem casos de agressões contra transexuais. "É triste, me dói muito. Me coloco no lugar daquela família." O temor do casal é justificado por um dado alarmante: o Brasil é o país onde há mais registros de assassinatos de travestis e transexuais no mundo. A constatação é feita com base em levantamento da ONG Transgender Europe (TGEU).
Conforme a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), houve 179 assassinatos de travestis ou transexuais no Brasil em 2017, uma morte a cada 48 horas.
Bullying
Aos colegas da escola, Joana prefere não contar sobre a transexualidade. "Eles pensam que eu nasci uma menina. Para alguns, tenho medo de contar. Mas sei que outros vão entender, porque são meus amigos. Mas se não forem, arrumo outros", afirma a garota.
Para alguns, tenho medo de contar. Mas sei que outros vão entender, porque são meus amigos. Mas se não forem, arrumo outros – Joana
Joana relata que já chegou a ser alvo de comentários maldosos.
"Eu estava na catequese e um garoto, que estuda comigo, começou a falar para outras meninas que eu tinha nascido um menino. Ele começou a me perguntar se era verdade e eu falei que não. Depois, eu fui embora chorando e contei pra minha mãe."
Em casa, a mãe conta que a filha não enfrentou preconceito. Segundo ela, o irmão mais velho de Joana a compreende. "Sempre explicamos que a irmã nasceu menina, mas no corpo de menino. Isso nunca foi um problema para ele", diz.
Os sonhos da garota
De voz suave e sorriso constante, Joana se orgulha da criança que se tornou. O cabelo longo representa parte da liberdade que conquistou: são seis anos cortando apenas as pontas. Quando menor, ela usava pregador de roupa ou toalha de banho para fingir ter cabelo longo. Nas orelhas, gosta de brincos pequenos. Possui diversos vestidos, porém prefere blusas e calças. Ela costuma se maquiar com frequência, inspirada por tutoriais na internet.
Expansiva e falante, Joana sonha em se tornar famosa. Ela quer aparecer em revistas, na televisão e criar um canal no YouTube. Em seu quarto, a garota possui uma câmera e equipamentos para fazer vídeos. No entanto, lamenta não poder divulgar as gravações que faz, nas quais costuma mostrar seu cotidiano e falar sobre assuntos de crianças. "Os meus pais não deixam", diz. A fala da criança é interrompida pela mãe, que se justifica. "A gente sabe que ainda não é o momento para ela se expor, então preferimos evitar."
A lista de sonhos de Joana não se resume à divulgação de seus vídeos. Como é comum em crianças da idade dela, ela possui outros diversos planos para o futuro. "Eu quero ser médica, modelo, jornalista, apresentadora de televisão, fotógrafa, atriz e jogadora de basquete", enumera.
"Eu sei que o mundo é bastante perigoso. Se pudesse, mudaria isso", afirma. Um dos objetivos da garota, que atualmente cursa o sexto ano do ensino fundamental, é poder ajudar minorias quando crescer. "Eu quero ser médica, então penso em montar uma clínica para ajudar pessoas trans. Mas não só elas, como quem tem algum problema ou deficiência", planeja.
Junto com a família, a garota aguarda a realização daquele que considera ser o maior sonho dentre os tantos que possui: a cirurgia de redesignação sexual. "Eu sei que nunca vou me tornar uma menina, porque eu sou transexual. Porém acredito que vou me sentir mais menina quando fizer a cirurgia. Eu gosto de ser uma garota transexual. Todo mundo é diferente, eu também."
* Os nomes foram trocados para preservar a família.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
HOMENAGEM AS MÃES
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VIOLÊNCIA NO RIO: Imagens mostram pânico durante roubo de carga na Avenida Brasil, Rio
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Motoristas se jogaram no chão, e vigilante diz ter trocado tiros com criminosos que faziam assalto, na altura da Penha: 'Dei três pra cima deles (...) O maluco virou o fuzil para mim'.
Um vídeo gravado na tarde desta quinta-feira (10) mostra momentos de pânico na Avenida Brasil durante um roubo de cargas, na altura da Penha, Zona Norte. Nas imagens, um vigilante aparece se protegendo depois de atirar contra os bandidos.
De acordo com testemunhas, três homens armados com fuzis roubam a carga de um caminhão de frango e tentaram levar um outro caminhão, por volta das 13h. Devido ao tiroteio, motoristas assustados abandonaram os carros e se protegeram deitados no chão.
Um vídeo mostra o vigilante correndo para se esconder atrás de um caminhão, que também estava parado numa outra pista. Ele confirma que atirou contra os assaltantes.
"Dei três pra cima deles", conta.
Alguém pergunta: "Tentaram pegar o caminhão de vocês"?.
O vigilante responde: "Não, de um amigo ali... Mas o maluco virou o fuzil pra mim".
Nas imagens, dá para ver motoqueiros jogados no chão, atrás da roda do caminhão, tentando se proteger dos tiros.
Uma testemunha contou que os três assaltantes foram surpreendidos por vigilantes que faziam a escolta de um outro caminhão e também de um carro-forte da Casa da Moeda, que passavam aqui na região bem na hora da tentativa de assalto.
"As marcas do tiroteio ficaram num dos carros que faziam escolta", lembra a testemunha.
As duas pistas da Avenida Brasil ficaram fechadas por meia hora. O caminhão que transportava frangos foi levado pelos bandidos para a favela Kelson's e, até agora, não foi recuperado pela polícia.
A Avenida Brasil é a via com maior número de roubo de cargas do estado do Rio. Nos três primeiros meses deste ano, foram 203 roubos: média de mais de dois por dia. A Via Dutra é segunda rodovia mais procurados pelos criminosos; em terceiro lugar, vem a BR-101. Fonte: https://g1.globo.com
Avião da Latam estoura pneu ao aterrissar no Aeroporto de Brasília
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Ninguém se feriu, diz Inframerica. Latam afirma que pouso ocorreu em 'completa segurança'.
Um avião da Latam estourou um dos pneus ao aterrissar no Aeroporto de Brasília na manhã desta terça-feira (8). O voo JJ 3814 decolou do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, às 9h.
A Inframerica – concessionária que administra o espaço – afirmou que nenhum passageiro se feriu e que todos desembarcaram da aeronave. Segundo a empresa, a pista onde ocorreu o acidente funciona normalmente.
A LATAM afirmou ao G1 que a aeronave pousou em Brasília "em completa segurança" por volta das 10h29 e foi conduzida até a área de desembarque.
A companhia não informou de forma explícita o que houve com a avião, e caracterizou os problemas como "questões técnicas".
Incidente comum
O estouro de pneus durante o pouso é razoavelmente frequente na aviação, e os passageiros e tripulantes não costumam se ferir.
Em janeiro de 2012, os pneus traseiros de um avião da Latam romperam no Aeroporto de Belém (PA). Na época, a companhia afirmou que o dano foi causado pela chuva. A pista de pousos e decolagens ficou interditada por mais de cinco horas.
Uma outra aeronave da mesma companhia perdeu o controle após o rompimento do pneu, e só freou no fim da pista. O avião fazia a rota São Paulo–São José do Rio Preto e, na ocasião, o aeroporto foi fechado. O caso foi em maio de 2014.
O incidente não ocorre apenas com aviões comerciais: em um período de apenas quatro dias, duas aeronaves da Força Aérea Brasileira estouraram o pneu quando chegavam ao Aeroporto de Brasília. Os incidentes aconteceram em setembro de 2016.
Fonte: https://g1.globo.com
NESTA TERÇA, 8: Caminhoneiros fazem manifestação na BR-040, em Congonhas
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Categoria protesta contra o aumento do preço do combustível. No início da manhã, somente ônibus e veículos leves tinham passagem liberada
Caminhoneiros de Minas Gerais participam de um protesto nesta terça-feira na BR-040, em Congonhas, na Região Central de Minas Gerais. A categoria protesta contra o aumento do preço do combustível. Por volta das 7h30, o congestionamento chegou a 4 quilômetros no sentido Rio de Janeiro e 2 quilômetros em direção a Belo Horizonte.
Segundo a Via 040, concessionária responsável pelo trecho, os caminhoneiros pararam no km 602, perto do Bairro Pires. Somente a passagem de ônibus e veículos leves era permitida pelos manifestantes. Fonte: https://www.em.com.br
CANOA: Visita ao Cemitério
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LAGOA DA CANOA: A Feira
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NA AVIANCA É ASSIM...01
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VIOLÊNCIA NO RIO: Sargento da PM é assassinado perto de casa, na Baixada Fluminense
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Um sargento da Polícia Militar foi assassinado a tiros, na manhã desta quarta-feira, no bairro Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O corpo de Luiz Alves de Carvalho Filho estava num automóvel modelo Renault Duster. O agente era lotado no 21º BPM (São João de Meriti). Segundo as primeiras informações da polícia, o crime foi uma execução.
Policiais militares foram acionados para o local após receberem informações sobre um homem assassinado na Avenida Canal. Os PMs encontraram o sargento já morto. O trecho em que o carro do policial estava parado fica perto da casa dele.
De acordo com as informações iniciais, tiros contra o PM foram disparados por ocupantes de um Fiat Siena. Eles teriam emparelhado com o Duster do sargento e atirado. No local, foram apreendidas cápsulas de pistola e fuzil.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) foi acionada para fazer uma perícia no carro. O corpo de Filho será encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Caxias. O sargento estava na PM havia 21 anos, era casado e deixa quatro filhos. Fonte: https://extra.globo.com
MÍDIAS SOCIAIS: Facebook lançará serviço de paquera
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A nova ferramenta não buscará facilitar os encontros casuais, e sim de ajudar as pessoas a formar casais estáveis por meio da rede
O Facebook anunciou nesta terça-feira sua intenção de se lançar ao mercado de aplicativos de relacionamentos e enfatizou os esforços da empresa para proteger os dados de seus usuários após o escândalo da Cambridge Analytica.
Mark Zuckerberg, presidente e diretor-executivo da maior rede social do mundo, fez o anúncio na conferência anual de desenvolvedores do Facebook em San José, na Califórnia.
A nova ferramenta não buscará facilitar os encontros casuais, e sim de ajudar as pessoas a formar casais estáveis por meio da rede. "Será para construir relações autênticas e duradouras, não somente planos casuais", afirmou.
Zuckerberg não explicou, contudo, se esse serviço será pago, mas até agora a maioria dos aplicativos da plataforma são gratuitos. Paralelamente, o Facebook informou que os usuários poderão crear separadamente um "perfil de encontro" distinto do perfil de sua página do Facebook e que companheiros potenciais serão recomendados com base nos dados deste segundo perfil.
A ação de um dos principais sites de encontros nos Estados Unidos, o Match, caiu quase 20% em Wall Street, pouco depois do anúncio. Nesta terça-feira, o Facebook conferiu a seu popular aplicativo Messenger a capacidade de traduzir mensagens em tempo real, permitindo conversas de texto entre pessoas que usam diferentes idiomas.
O Messenger se tornou uma ferramenta para que as empresas se comuniquem com clientes, e a possibilidade de conversar em uma variedade de idiomas poderá ajudar a impulsionar a publicidade.
"A capacidade de falar com qualquer pessoa sem nenhuma barreira de idioma é algo que realmente nos entusiasma", disse o CEO do Messenger, David Marcus, no começo da conferência de desenvolvedores.
Segurança dos usuários
Entre as outras inovações anunciadas hoje pela rede social, está a possibilidade de que os usuários apaguem seu histórico de navegação. "Esta característica lhes permitirá ver os sites e os aplicativos que nos enviam informação quando são utilizados, eliminar essa informação da sua conta e desabilitar nossa capacidade para armazená-la no futuro", disse Facebook em um blog, nesta terça-feira.
"Se apagarem seu histórico, ou usarem a nova configuração, eliminaremos as informações de identificação para que o histórico dos sites e os aplicativos que usaram não sejam associados à sua conta", acrescentou.
"Continuaremos fornecendo aplicativos e sites com análise agregada. Por exemplo: podemos criar informes quando recebermos essa informação para que possamos dizer aos desenvolvedores se seus aplicativos são mais populares entre homens, ou mulheres, de uma certa faixa etária", de acordo com a mesma publicação. Fonte: www.em.com.br
Batida entre carros deixa três mortos e seis feridos na BR-040, na Grande BH
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Acidente ocorreu na altura do km 575, próximo à Lagoa dos Ingleses; trânsito é lento nos dois sentidos da rodovia e congestionamento é de cinco quilômetros
Um grave acidente envolvendo dois carros deixou três pessoas mortas e seis feridas na tarde dessa terça-feira, na BR-040, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por causa da batida, a rodovia foi interditada nos dois sentidos.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acidente ocorreu na altura do km 575, próximo à Lagoa dos Ingleses. Um Chevrolet Corsa, emplacado na capital mineira, e um Volkswagen Logus, de Congonhas, Central de Minas, bateram de frente.
Segundo a corporação, no Logus estavam mãe e filha. A criança foi resgatada, mas a mulher acabou morrendo. As seis vítimas que sobreviveram ao acidente, quatro mulheres e dois homens, estão em estado grave. Uma das mulheres precisou ser socorrida pelo helicóptero da Polícia Militar (PM). A identidade dos mortos também não foi divulgada. Os corpos ainda estão presos às ferragens.
Peritos da Polícia Civil são aguardados na rodovia para apuração das causas do acidente. O rabecão também foi acionado para remoção dos corpos.
A Via 040, responsável por administrar a rodovia, informou que a BR-040 está completamente interditada. Motoristas que se deslocam no sentido BH enfrentam congestionamento de quatro quilômetros, enquanto as faixas para o sentido Rio de Janeiro têm lentidão de um quilômetro. Fonte: www.em.com.br
MACARRÃO DE BUDAPESTE!
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AO VIVO: O final do dia e início de noite na Lapa, Rio de Janeiro (30 de abril-2018. 16h 50min)
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Duplo atentado em Cabul deixa ao menos 25 mortos, incluindo 9 jornalistas
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Explosões reivindicadas pelo Estado Islâmico ocorreram em um intervalo de 30 minutos e tinham como objetivo atingir a sede dos serviços de inteligência do país e os profissionais da imprensa que se dirigiram ao local; ao menos 49 pessoas ficaram feridas
CABUL - Ao menos 25 pessoas, incluindo 9 jornalistas, morreram e outras 49 ficaram feridas em dois atentados suicidas nesta segunda-feira, 30, na capital do Afeganistão, Cabul. O segundo ataque foi dirigido especificamente contra a imprensa.
Em outro ataque suicida no sul do país, na província de Kandahar, um carro-bomba explodiu contra um comboio de militares romenos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e matou 11 crianças.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques em Cabul. Em um comunicado divulgado em um site de propaganda, o grupo afirma que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência (NDS) e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local. Os ataques foram conduzidos na zona de Shash Darak, conhecida por sediar o Centro dos Serviços de Inteligência do Afeganistão, a Organização do Tratado do Atlântico Norte
"(Os alvos foram) os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos", completou o braço do EI no Afeganistão.
Os atentados foram conduzidos na zona de Shashdarak, onde também estão a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e várias embaixadas estrangeiras. "Seis jornalistas e quatro policiais estão entre os mortos nas duas explosões", afirmou o porta-voz do ministério do Interior, Najib Danish.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Centro de Jornalistas do Afeganistão anunciaram que nove profissionais da imprensa morreram no atentado - o maior número de vítimas entre trabalhadores da mídia em um único ataque no país -, entre eles Shah Marai, diretor de fotografia da France-Presse em Cabul.
De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado como um fotógrafo, carregando uma câmera.
Cabul se tornou, de acordo com a ONU, o local mais perigoso do Afeganistão para os civis com um aumento dos atentados, geralmente cometidos por homens-bomba e reivindicados pelo Taleban ou pelo EI.
Os atentados contra civis provocaram o dobro de vítimas nos primeiros três meses de 2018 - 763 civis mortos, 1.495 feridos - em comparação com o mesmo período de 2017.
Um ataque no dia 22 de abril na capital afegã deixou quase 60 mortos e 20 feridos em um bairro de maioria xiita. No dia 27 de janeiro, um atentado na cidade provocou 103 mortes e deixou mais de 150 feridos. Fonte: http://internacional.estadao.com.br
A MORTE FILMADA E COMPARTILHADA
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JULLIANA DE MELO
Foram 45 facadas. Lentamente, a cada golpe desferido, um ano de vida era retirado da agricultora Ivonete Maria dos Santos. Morreu aos 45 anos, brutalmente assassinada pelo companheiro, Severino Antônio Vieira, 54, na calçada de casa, em São Joaquim do Monte, Agreste de Pernambuco, no dia 18 de março de 2018. As imagens da sua morte, vista em plena luz do dia pelos vizinhos, foram gravadas em vídeo, fotografadas, e compartilhadas nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Assim como o linchamento do agressor, que aconteceu logo após o assassinato da esposa. Uma violência sem tamanho, que gerou views e revolta. E mais violência.
O que logo chama a atenção na morte de Ivonete, ocorrida em um domingo à tarde após discussão banal regada a álcool, é que a população viu o crime acontecer e não se mobilizou para impedir o trágico desfecho. “As pessoas não fizeram nada por medo. Depois se juntaram e foram atrás dele, por revolta”, contou a delegada Gabrielle Nashida, que tinha assumido o posto na delegacia da cidade há menos de dois meses. Foi o primeiro caso de feminicídio do ano no município, marcado pelos altos índices de criminalidade.
A distância, impressionados com a cena dantesca das víceras de Ivonete expostas na rua, alguns vizinhos chegaram a gravar o crime. Entre a banalização do corpo daquela mulher e a espetacularização do assassinato, compartilharam tudo nas redes sociais. Rapidamente e sem cortes, os últimos minutos de vida de Ivonete já estavam sendo exibidos nos blogs do interior do Estado e programas policiais de TV. “Este é um fenômeno novo, que chega com a grande exposição nas redes sociais. Postar a foto da vítima, para ter audiência (likes e curtidas), tornou-se mais importante do que prestar socorro. A pessoa está mais preocupada em informar pelas redes que estava presente naquele momento, mesmo que seja uma calamidade”, destacou a coordenadora de projetos do Instituto Maria da Penha, Conceição de Maria.
Um dia antes do assassinato de Ivonete, a dona de casa Tatiana Apolônia da Silva, 34, gritava por socorro. Era sábado, e ela tinha acabado de chegar de moto com o companheiro, o marchante Cassiano Gonçalves do Vale, 39, ao apartamento no Condomínio Luís Cecchin, no bairro Lagoa Azul, zona urbana de Limoeiro, também no Agreste. O imóvel da família estava desocupado e naquele dia virou o endereço da sua morte. Apesar de ter pedido ajuda, ninguém fez nada.
Em depoimento na delegacia municipal, testemunhas disseram que as brigas entre o casal se intensificaram após um boato de traição. Contaram que Cassiano já tinha falado publicamente que um dia iria matá-la e depois se matar. Mas ninguém deu ouvidos. Já de noite, um vizinho chamou por ele, pedindo para que guardasse a moto porque a área era perigosa. Foi quando se deparou com os corpos do casal no corredor, entre a sala e os quartos. Antes da polícia chegar, curiosos já tinham entrado no apartamento e fotos da cena do crime também circularam pela cidade.
Após atingir a companheira com duas facadas nas costas e no rosto, Cassiano Gonçalves cortou a própria garganta, morrendo ao lado da mulher com quem teve quatro filhos e conviveu por quase 20 anos. “Ele era marchante e sabia o que estava fazendo, onde atingir o corpo de forma fatal”, disse a delegada Maria Betânia de Freitas Tavares, que investigou o crime, com fortes indícios de ter sido premeditado. Além da faca suja de sangue, na mesa da sala do apartamento, foram encontradas uma pedra e uma lima de amolar facas, aparentando terem sido usadas há pouco tempo. O inquérito foi concluído nove dias após o assassinato, também como feminicídio.
“A cultura machista ainda é muito forte, principalmente no interior, onde parte da população ainda julga a vítima, dizendo que ela mereceu, que procurou aquele fim trágico. É o que tentamos desconstruir nas novas gerações em atividades na escola”, ressaltou a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania de Limoeiro, Cristiane Barbosa. “A morte de Tatiana não foi provocada porque ela estaria traindo, mas porque Cassiano tinha ciúmes e sentimento de posse sobre a vida dela”, reforçou a delegada Maria Betânia.
DENÚNCIAS
Segundo Conceição de Maria, o componente cultural também pesa na decisão de denunciar uma agressão contra a mulher, uma vez que a violência doméstica ainda é vista como briga de casal. “O sentimento de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher é muito forte, mas a sociedade precisa saber que existe a denúncia anônima e que pode ser feita por terceiros. Se tiver acontecendo uma agressão, principalmente com risco iminente de morte, é importante ligar imediatamente para a polícia no 190”, reforçou. E ensina que, em vez de sensacionalizar o crime, a denúncia é sempre mais efetiva do que qualquer filmagem ou registro em foto. “Quando você liga para a polícia você dá conhecimento ao Estado sobre o que está acontecendo. E se a vítima, depois da denúncia, voltar pra casa e for assassinada pelo companheiro, essa morte é de responsabilidade do Estado.”
Para a jornalista e cofundadora da rede Mete a Colher Renata Albertim, o silêncio é uma forma de negar a defesa à mulher. “A sociedade não vê que, quando fica calada, ela escolhe o lado do agressor. É preciso acolher esta mulher, mas respeitando a decisão dela de denunciar, porque dependendo da forma como esta denúncia acontece, e se a vítima permanece na relação, o homem pode se tornar ainda mais agressivo”, alerta. No aplicativo da rede no Facebook, que existe há dois anos, as mulheres são estimuladas a se ajudarem, dando e recebendo apoio emocional, orientação jurídica, e suporte para se inserir no mercado de trabalho. Uma espécie de corrente para ajudar a vítima a sair da relação e quebrar o ciclo da violência. É exclusivo para mulheres, gratuito e pode salvar vidas.
Existe também o serviço Disque 180, do governo federal, um disque-denúncia que encaminha os casos aos órgãos competentes de cada Estado.
LEGISLAÇÃO
O crime por compartilhamento das imagens de cadáveres ainda não está na legislação. Mas, tudo indica, por pouco tempo. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou no dia 17 de abril a proposta que pune, com prisão, quem reproduz imagens aviltantes de cadáver nos meios de comunicação, na internet e em outras mídias - o que inclui as redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.
O projeto, que aumenta em um terço a pena se o responsável pela divulgação tiver acesso às imagens por meio de sua profissão, agora segue para votação em plenário. O advogado Marco Eugle, do escritório Opice Blum, especializado em direito digital, alerta: “Se uma pessoa, por impulso, pega o celular para filmar um assassinato e, por isso, não auxilia a vítima, pode ser enquadrada no crime de omissão de socorro, previsto no Artigo 135 do Código Penal Brasileiro".
Em tempo: as imagens dos assassinatos de Ivonete e de Severino em São Joaquim do Monte serviram de prova e estão nos autos dos inquéritos. Três homens foram indiciados pelo linchamento de Severino. “Eram pessoas conhecidas dele, que se revoltaram com a violência. Todas se apresentaram na delegacia e, por isso, vão responder em liberdade”, explicou a delegada Gabrielle Nishida.
Um minuto e dezessete segundos: neste tempo ele chega, discute, puxa-a pelos cabelos, derruba-a da moto e arrasta-a para o chão. Com uma pedra nas mãos, que parece ser um paralelepípedo, escolhe o detalhe de seu alvo: a cabeça de Jéssica. Uma, duas, três, quatro, cinco pedradas. Sai, desiste, volta. E dá outra pedrada - de novo, na cabeça. Não há mais movimento no corpo de Jéssica, estirado no chão, na rua, na frente da casa onde mora. Robson Gleibson da Silva, ex-marido, deixa o local caminhando, leva a moto dela. Ninguém faz nada: nem o rapaz de chapéu que está sem camisa e assistiu a tudo, nem a moça que passa na rua com uma sacola na mão, nem as duas vizinhas que testemunham o crime da frente de suas casas. Tudo registrado. A dor, a humilhação e a violência estão perpetuadas na gravação da câmera de segurança instalada em uma das casas do bairro Boa Vista, em Bonito, Agreste de Pernambuco.
Jéssica, cujo sobrenome iremos omitir, tem 26 anos.Sobreviveu. Por isso, nem deveria estar nesta série de reportagens que conta, uma por uma, quantas são e como morreram as mulheres em Pernambuco, neste 2018. Mas ouvir Jéssica é escutar o que tem a nos dizer uma sobrevivente. É saber - mesmo que jamais se entenda - o que houve até aquele instante em que um homem, alguém com quem ela manteve uma relação de amor, tentou matá-la com pedradas na cabeça.
“Era carinhoso, pra todo canto que saia era comigo. Eu não tinha nada do que reclamar dele”, conta Jéssica sobre os primeiros tempos do relacionamento com o caminhoneiro, que chegou a ajudá-la a encerrar um casamento anterior. Ela foi casada e tem dois filhos do primeiro marido; ele foi casado e tem três filhos com outra mulher. Os dois viveram juntos durante três anos.
O início do fim do relacionamento aconteceu uma ano depois de terem virado um casal: muitas discussões, as primeiras agressões - verbais, físicas. “Uma amiga veio me contar que ele tinha tentado matar a mãe dos filhos dele. Quebrou o braço dela, que ficou com a cabeça rachada. Pensei: meu Deus, e agora? Como é que eu vou me sair de um homem desse?” A expressão “me sair dele” seria usada por Jéssica muitas outras vezes durante a nossa conversa, que ocorreu em Bonito, poucos dias após ela ter deixado o hospital.
Ele agride, ele pede perdão; ela perdoa, eles voltam - o roteiro já conhecido em outros casos cujo fim é o feminicídio também foi parte da história de Jéssica e Robson. “Ele me pediu perdão por tudo, fez juras que nunca mais ia me tocar. E cai, perdoei”, admite. “Foi meu erro. Era a chance de ‘eu ter me saído’ dele.”
Tempos depois, ela conta, descobriu uma traição. Era, garante, o ponto final. “Eu fui cansando. Chega uma hora que a gente cansa.” Começaram as perseguições: na academia, numa festa, no seu salão onde era cabeleireira - assustando as clientes. “Ele começou botar na mente que eu tinha outro. E me perseguia em tudo quanto era canto. Tinha ciúme das clientes que vinham no salão. Em vez de me aproximar, foi me sufocando mais.”
Domingo de Carnaval. Já separados, Jéssica estava num bar com amigas. Ele chegou, afirmando que ela estaria bêbada. “Disse pra me deixar em paz. Virei as costas e me sentei. Cinco minutos depois, sem esperar, recebi a primeira capacetada. E foram várias.” Ela procurou o Batalhão da Polícia Militar - conta que a delegacia fecha aos finais de semana (o que não é confirmado pelo delegado). Mas o PM que a atendeu teria dito que ela precisaria de testemunhas. “Mas quem era que ia ser testemunha? Ninguém queria”, assegura.
A VÉSPERA
No dia 18 de março, Robson esperou Jéssica sair de uma lanchonete onde estava ajudando o dono, seu amigo. Escondido, tentou atacá-la com uma faca, mas ela conseguiu subir na moto e fugiu. “Já tinham me avisado que ele disse que iria me matar de facada.” Novamente com a delegacia fechada, diz ela, voltou ao Batalhão da PM. “Mas me disseram que todos tinham ido para São Joaquim do Monte. Ninguém poderia me atender.” Na cidade ali perto, também no Agreste pernambucano, naquele dia, o marido havia matado a esposa - a facadas. Depois, foi linchado e morto pelos moradores da cidade.
A narrativa de Jéssica permanece atestando a disposição de Robson de matá-la: “Ele disse que nem Jesus Cristo empatava ele de me matar”. Por isso, ela passou a noite escondida, na casa de conhecidos, num local onde ele nem desconfiasse que ela poderia estar. Na manhã seguinte, dia 19 de março, decidiu ir até a sua casa.
O que se segue é o que registram as imagens, já espalhadas pelo mundo sem porteira das redes sociais: arrastada pelos cabelos, atingida por seis pedradas, abandonada, sangrando, no chão. A câmera havia sido instalada por um policial militar, na frente de sua casa, na mesma rua em que Jéssica morava. Ele não quis dar entrevistas, mas nos disse que havia colocado a câmera ali para tentar proteger a esposa e o filho pequeno quando estivessem só os dois na casa.
Jéssica ainda revela que os moradores tentaram linchar Robson. Com medo, ele teria procurado a polícia. Entregou-se. Foi preso em flagrante, no mesmo dia do crime. “Quando eu vi que fiz uma coisa que não era pra ter feito, que eu vi que eu estava errado, aí eu parei. Se hoje eu pudesse voltar atrás, não fazia isso mais não”, disse, em entrevista para a TV Jornal Interior.
No depoimento à polícia, revelou que queria mesmo matá-la. E que já tinha se envolvido em outros casos de agressão a mulheres. No inquérito, comandado pela delegada Juliana Garcia Melo, foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado - aquele que é praticado, entre outras coisas, por motivo fútil, com crueldade e sem chance de defesa para vítima. Está no Presídio Juiz Plácido de Souza, em Caruaru.
CULPA
A violência presente em Jéssica se enxerga: ela tem uma cicatriz perto da boca e muitas outras no couro cabeludo, suturadas no Hospital da Restauração, no Recife, onde ficou internada por seis dias. Não lembrava das pedradas, da agressão, de nada. “Minha família me disse que tinha sido um acidente de moto. Só fui saber da verdade em casa, vendo o vídeo que muita gente mandou pra mim”, revela. “Foi a mão de Deus na minha vida. Porque hoje não era pra eu estar viva.” Conta ainda que tem muitas dores de cabeça e que é muito difícil olhar-se no espelho.
A violência presente em Jéssica também se sente: nos gestos, na mágoa, no desafio de entender a sua própria história. Durante quase duas horas de conversa, apesar de muito doída, ela quase não chorou. A emoção veio em dois momentos. Quando se tenta descobrir por que, mesmo sendo vítima, há tanta culpa em sua fala. Jéssica chora diz: “Eu me sinto culpada de ter acreditado nele. Não aceito isso. Não aceito. Não confio mais em homem nenhum. Ele acabou com a minha vida”.
Chora ainda mais quando precisamos falar de seu futuro. “Estava com um plano, voltei a estudar - que eu tinha parado a minha vida. Ia fazer um concurso pra ser polícia. E ele matou tudo. Não sei se eu vou conseguir. Seja o que Deus quiser. Se for da vontade de Deus… Se não for isso vai ser outra coisa. Porque eu estou viva. E vou lutar na minha vida até o fim.”
Às mulheres que compartilham, hoje, o que Jéssica já viveu, ela aconselha: “Não confie. Procure seus direitos. Se tiver chance de correr, vá pra outro canto. E corra. Porque a vida é única. A gente tem que se amar primeiro. Isso não é amor.”
ESTUPRADA POR QUEM DEVERIA PROTEGÊ-LA
Nas mãos, a mochila e o caderno em branco. No rosto, a dor de uma mãe que não verá a filha crescer e realizar o sonho de ser professora. Mas a angústia maior da dona de casa Mileide Maria de Lima é descobrir que o perigo estava dentro de casa o tempo inteiro. Maína Maria Marcolino de Lima, 13 anos, foi morta no dia 12 de fevereiro, em Igarassu, no Grande Recife. Encontrado dois dias depois, o corpo nu, estuprado e amarrado estava no fundo de uma cacimba. O único suspeito é Izaías Bezerra dos Santos, 37, padrasto da menina. Para a polícia, o crime teve motivação sexual. Como milhares de crianças e adolescentes, Maína acabou sendo abusada e assassinada pela pessoa que deveria protegê-la.
Naquela segunda-feira, a adolescente, que morava com o pai, passou a tarde com a mãe e dois irmãos na propriedade onde a dona de casa vivia com Izaías, na zona rural do município. Por volta das 17h30, Mileide, que desconhece a própria idade, mandou o companheiro deixar em casa as crianças, que estavam com o pai. Izaías levou os dois menores primeiro e Maína, sozinha, por último. Mas a menina nunca chegou ao destino. No celular de Izaías, a polícia encontrou fotos da garota nua e desacordada, possivelmente morta. O padrasto foi localizado por populares e espancado até a morte no dia 16 daquele mês.
Izaías era o primeiro marido de Mileide, pai da filha mais velha da dona de casa, de 18 anos. O relacionamento acabou ainda durante a gravidez. Mileide, então, casou-se novamente e teve outros cinco filhos. Há menos de um ano, no entanto, havia reatado com o ex. “Depois que aconteceu, teve gente que me criticou por ter voltado para ele. Era uma pessoa boa para mim e para meus filhos, ninguém imaginava que uma coisa dessas aconteceria”.
As investigações, conduzidas pelo delegado David Medeiros, foram concluídas no dia 23 de março. O inquérito indiciou o padrasto por homicídio, com as qualificadoras de feminicídio, estupro, morte por asfixia e ocultação de cadáver. Agora, o caso está em análise no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que deverá arquivá-lo, já que o suspeito foi linchado.
Um levantamento realizado em 2014 (o mais recente) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra o submundo dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes no País, com base em dados do Ministério da Saúde. Entre as vítimas de estupro, mais de 70% têm até 17 anos. O maior índice (50,7%) é registrado entre os menores de 13 anos, como Maína. As vítimas são do sexo feminino em 81,2% dos casos dessa faixa etária.
Ainda de acordo com o estudo, a maioria dos agressores é do sexo masculino – 92,55% em casos que envolvem crianças e 96,69% nos registros de violência contra adolescentes. 24,1% dos abusadores de crianças são os próprios pais ou padrastos e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. “Por isso, a dificuldade de denunciar acaba sendo maior. Apesar dos números mostrarem que 50 casos acontecem diariamente no País, acreditamos que exista subnotificação”, argumenta Victor Graça, gerente-executivo da Fundação Abrinq, que atua com crianças e adolescentes no País. Fonte: http://produtos.ne10.uol.com.br
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