Minhas duas mães
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MÃE SÓ TEM UMA? NEM SEMPRE. CADA VEZ MAIS, CASAIS DE MULHERES DECIDEM TER FILHOS, SEJA POR MEIO DE ADOÇÃO OU INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
As crianças estão bem. Essa é a tradução literal do título do filme “The kids are all right” ou “Minhas mães e meu pai”, como foi chamado por aqui. A história da família formada por duas mães e seus filhos Joni e Laser, concebidos por inseminação artificial, mostra isso: que fica tudo bem – mesmo sem um pai por perto. Entre 8 milhões e 10 milhões de crianças crescem em famílias homoafetivas nos EUA, com dois pais ou duas mães, segundo o Child Welfare Information Gateway. Essas crianças podem ter sido geradas por um casal heterossexual que se separou e depois foram criadas pela mãe e sua namorada (ou pai e namorado) ou ter sido fruto de uma inseminação ou adoção planejadas pelo casal homossexual.
Uma pesquisa do Datafolha feita em 2010 mostrou que 39% das pessoas já são favoráveis à adoção por homossexuais, enquanto 51% são contra. A tendência é que o grau de aprovação aumente com o tempo, já que entre os mais jovens, entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%. Quanto maior a escolaridade, menor o preconceito também. Assim como, logo que o divórcio foi aprovado, em 1977, a preocupação com o futuro das crianças de pais separados era grande, o mesmo acontece com os filhos de duas mães ou dois pais. Mas, assim como é melhor ter pais separados do que viver numa casa em que o conflito e as agressões entre os pais são constantes, pode ser bom ter duas mães.
Um estudo publicado em julho de 2010 no periódico médico Pediatrics mostrou que filhos de mães lésbicas têm mais autoestima e confiança, além de terem melhor desempenho na escola e menos probabilidade de ter problemas comportamentais, como agressividade. Não está muito claro o motivo dessas diferenças, mas a pesquisadora Gartrell tem uma teoria: as mães homossexuais são muito envolvidas na vida dos filhos. Ser presente, ter uma boa comunicação e estar informada sobre os eventos escolares são alguns dos ingredientes para formar uma criança saudável, lembra a pesquisadora. Apesar desse envolvimento não ser exclusividade das mães lésbicas, Gartrell mostra que, para elas, isso é uma prioridade. Como seus filhos estão mais vulneráveis ao preconceito, essas mães têm mais facilidade em abordar tópicos complicados, como sexualidade, diversidade e tolerância. Essa base pode dar às crianças mais confiança e maturidade para lidar com diferenças sociais e preconceitos conforme ficam mais velhas.
Em janeiro de 2011, duas mulheres conseguiram na Justiça brasileira o direito de aparecer como mães na certidão de nascimento de seus filhos gêmeos, Ana Luiza e Eduardo, que já tinham 1 ano e 8 meses na época. Os gêmeos são filhos de Munira e Adriana e foram gerados por inseminação artificial no útero da Adriana com os óvulos de Munira. Alguns casais já conseguiram certidões como duas mães ou dois pais ao adotar uma criança. Em relação à inseminação artificial, o Conselho Federal de Medicina divulgou novas regras explicitando o direito dos casais homoafetivos que recorrem ao tratamento.
Nos EUA, alguns grupos se referem a essas famílias como “intencionais” ou planejadas, em oposição a famílias cujos filhos nasceram de uniões heterossexuais e agora são criados por dois pais ou duas mães, mas nem todo mundo gosta desse termo. “Se eles são intencionais, eu sou o quê?”, disse uma menina de 13 anos para a escritora Abigail Garner, autora do livro (e agora site) Families Like Mine: Children of Gay Parents Tell It Like It Is” (Famílias como a Minha: filhos de Pais Gays Contam Como é). O pai de Abigail contou para ela que era gay quando ela tinha 5 anos. Em seu site, Abigail conta que sofreu durante a adolescência principalmente por causa do preconceito da sociedade. “Não é fácil crescer ouvindo todo dia dos meios de comunicação, líderes políticos, professores e vizinhos que pessoas gays são más, pecadoras ou erradas. Quando falam dos gays assim, eles ofendem a mim e a meu pai e seu parceiro, dois homens que eu amo e respeito.”Em alguns países, estimular a convivência com as diferenças, incluindo famílias homoafetivas, é política pública. A antropóloga Érica Renata de Souza apontou, em sua tese de doutorado intitulada “Necessidade de filhos: maternidade, família e (homo)sexualidade”, feita em 2002, que as escolas públicas de Toronto, no Canadá, têm programas contra a homofobia desde a primeira série do ensino fundamental. Isso já acontecia no Canadá há quase uma década. Por aqui, as escolas pouco ou nada falam sobre o assunto. Os livros infantis traduzidos para o português ou escritos por autores brasileiros também são escassos. Há algumas publicações sobre crianças com dois pais, mas praticamente nada a respeito de duas mães.
Mas aos poucos, vamos caminhando. O filme “Minhas mães e meu pai” foi recebido numa boa, ajudando a dar mais visibilidade ao tema. “Tem mais visibilidade, mas isso não significa mais aceitação”, afirma a antropóloga Érica de Souza. É verdade. Foram poucas as mulheres que quiseram revelar seus nomes e rostos à Pais & Filhos. A maioria delas preferiu não se expor. Talvez por causa de seu instinto materno (em dobro) de querer proteger os filhos.
Duas mães, nenhum pai
Tem de haver uma mãe e um pai, mesmo num casal homossexual? Não necessariamente. “Não tem pai. É mãe e mãe. As duas desempenham o papel de mãe”, afirma Munira. “Acho demagogia falar que uma família é composta por pai, mãe e filho”, acredita. Na casa de Vanessa e Patrícia, mães de Davi, de 2 anos, também há duas mães – e ambas tiveram licença-maternidade na época da adoção. Uma é a “mamãe” e a outra é a “mama”.Mesmo sendo mães, elas cumprem funções diferentes. “Eu cuido quando ele fica doente, e a Patrícia fica mais com a parte da diversão”, conta Vanessa. “Sou contra chamar uma das mães de pai. A gente luta muito pelos direitos da mulher. Fazer isso é machismo”, garante Yone Lindgren, vice-presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), mãe de Janaína, Rafaela e Wagner, que foi assassinado há três anos (suspeita-se de um crime de homofobia).E o tal do exemplo masculino? “Freud descrevia que é necessário que toda criança tenha convivência com o pai e com a mãe. Aí os anos foram passando e a gente passou a ter mães solteiras, casais divorciados, e os filhos eram maravilhosos. Desenvolviam-se bem”, diz a psicopedagoga Claudia, que é homossexual e mãe de Vitor, mas não quis revelar seu nome verdadeiro. “O pai representava o que trabalhava fora, dava a regra, o limite. A mãe ficava em casa. A mãe era a emoção, e o pai, a regra”, completa. Na opinião dela, não precisa de duas pessoas para cumprir esse papel. Uma mulher sozinha pode dar limites, regras e ser afetuosa. Um homem também. E um casal homossexual também.Referenciais masculinos não faltam no mundo. Tem os tios, primos, amigos, professores… “A gente não vive num universo só de mulheres, as crianças lidam com ‘n’ homens na vida”, diz Yone. Além disso, o pai presente é uma conquista recente. Até alguns anos atrás, quase não havia a presença masculina em casa, porque eles saíam cedo e voltavam tarde do trabalho. E não é pela falta de um homem em casa que o filho vai se tornar gay. “O menino, se não tiver uma tendência para a homossexualidade, vai encontrar modelos para se identificar e para formar a sua identidade”, explica a psicoterapeuta Alina Purvinis, mãe de Larissa, Letícia e Liana. Filhos de mães lésbicas têm a mesma probabilidade de se tornarem gays que qualquer outra criança.
Crianças felizes
“Os filhos de casais homossexuais são crianças que respeitam mais aquilo que é diferente. Não vão olhar torto para um cadeirante na rua, não vão desrespeitar uma criança com necessidades especiais. Não colocam rótulos”, acredita a psicopedagoga Claudia.A psicóloga Lídia Aratangy, mãe de Claudia, Silvia, Ucha e Sergio, brinca: “Já pensou duas mães em cima delas?”, mas complementa, falando sério: “Duas mães é melhor que uma mãe sozinha sem pai”, acredita.Numa cena do seriado Friends, em que Carol, namorada de Susan, vai ter um filho de Ross, o ex-marido de quem engravidou e de quem se separou ao se descobrir lésbica, surgem várias brigas entre o pai e a namorada da mãe. Susan reclama: “Você é o pai da criança! Quem sou eu? Tem dia das mães, dia dos pais… Não tem Dia da Amante Lésbica”. E Phoebe entra na conversa: “Quando eu era criança, meu pai saiu de casa, minha mãe morreu, meu padrasto foi preso. Nunca pude juntar os pedaços para ter um pai por inteiro. E essa criança tem três pais que ligam tanto para ela que estão brigando para ver quem pode amá-la mais. E ela nem nasceu. É a criança mais sortuda do mundo”.
*Cresce o número de casais de Lésbicas que querem ser mães e “nova família” já é realidade no Brasil
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Um novo tipo de família está se formando no Brasil, onde crianças têm dois pais ou duas mães. Fechar os olhos a esta realidade é, além de retrogrado, tentar encobrir o que está acontecendo claramente na sociedade, seja dentro das escolas, nas creches, nos shoppings, parquinhos e na TV: gays e lésbicas lutaram e conseguiram na justiça, o direito a maternidade/paternidade.
No Centro de Medicina Reprodutiva Pró-Fértil, um programa especial de atendimento foi desenvolvido para casais homoafetivos. Segundo Marco Antônio Lourenço, Médico Especialista em Reprodução Assistida, com Especializações na Universidade de Valencia (Espanha) a dificuldade destes casais de engravidar passa por muitas etapas a vencer, principalmente pelo preconceito.
“Casais de mulheres, tem sido atendidas na Pró-Fértil de forma normal como qualquer casal heterossexual. A clínica disponibiliza psicólogo quando necessário, e só realiza atendimento em horário diferenciado se solicitado pelo casal homoafetivo” explica Marco Antonio Lourenço, acrescentando que a Pró-Fértil visa não diferenciar nenhum casal, e sim personalizar todos os atendimentos. Segundo Lourenço, o lema da clínica é não admitir nenhuma forma de preconceito durante os atendimentos a casais homoafetivos femininos ou masculinos. “É provável que alguns desses casais queiram falar desta questão, mas certamente a maioria tem tratado o assunto como uma situação normal”, diz o especialista.
As informações prévias ao tratamento para este tipo de pacientes na Pró-Fértil são técnicas, e discorrem sobre como se dá o tratamento. “A diferença é que o semen deve ser adquirido em um Banco de Semen que usamos chamado PRO SEED de São Paulo, que fornece os dados do doador, como por exemplo, raça, altura, religião, tipo sanguíneo, cor de olhos, cabelos, profissão e Hobby” explica o médico.
Marco Antonio Lourenço ressalta que a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a reprodução assistida estabelece uma série de normas para regulamentar a fertilização in vitro e a inseminação artificial, inclusive para casais homoafetivos: “Agora, fica expressamente permitido o uso da reprodução assistida por casais homoafetivos. Antes, o texto dizia que "qualquer pessoa" poderia usar a técnica "nos limites da resolução", mas o CFM considerou que estas palavras permitiam diferentes interpretações. A partir de agora, homossexuais são citados na resolução como elegíveis para a inseminação, o que mostra que os princípios éticos do passado se modernizaram e agora é um direito conquistado”.
Segundo ele, para os casais homoafetivos masculinos, a clínica ainda não realizou nenhum tratamento. “Eles vêm e consultam sobre o assunto e decidem pensar mais, porém, o desejo das mulheres em serem mães é muito maior e já realizamos diversos procedimentos com sucesso ”, finaliza Marco Antônio Lourenço. Fonte: http://www.jornalcariocas.com.br
*Leia na íntegra. Clique aqui:
Homenagem às mães sem-terra e às sem-teto
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Jacques Távora Alfonsin
Queridas mães sem-terra e queridas mães sem-teto. Com licença. Permitam, por favor, que neste segundo domingo de maio de 2015, dia consagrado a reverenciar vocês, a gente entre nesse barraco improvisado onde vocês estão, para fazer uma visita, dar a vocês um abraço e um beijo com muito amor, carinho e emoção.
Mesmo envergonhados, pois viemos lá do centro da cidade, onde tudo é tão diferente daqui, com nossas casas bem abrigadas, servidas de luz, água, saneamento, próximas de escolas, creches, hospitais, bombeiros, tudo à nossa disposição e encontramos vocês nesse lugar desprovido de tudo isso, incômodo, desconfortável, aberto a intempéries e doenças, por tanto tempo esperando…
Por isso, perguntar a vocês como vão, parece-nos sem nenhum sentido, tanto atraso e demora o reconhecimento do direito de vocês de acesso à terra é responsável pela pobreza, pela miséria e pelo aperto que vocês sofrem em tantas regiões de um país, onde o que não falta é espaço.
Por isso, a nossa primeira palavra para vocês nessa visita, não pode ser outra do que a de uma saudação muito amorosa e fraterna, mas também cheia de esperança. Como aconteceu no passado, com outras duas mulheres, essa esperança não é vã.
Maria, uma senhora grávida muito pobre como vocês, foi visitar sua prima Isabel, também grávida de um menino, a quem depois foi dado o nome de João Baptista. O nascituro vibrou de alegria no seio de Isabel com aquele encontro e Maria entoou um canto cujo eco ainda hoje se faz ouvir, tão atual se mostram letra e harmonia, no dia das mães:
“De agora em diante, todos vão me chamar de mulher abençoada, porque Deus Poderoso fez grandes coisas em mim. O Seu Nome é Santo e Ele mostra Sua Bondade a todos”…
Vejam queridas mães. Independentemente da fé presente ou não em cada pessoa, se um Deus quer nascer de mulher, como qualquer filha ou filha de uma sem-terra ou de uma sem-teto, não há saudação mais apropriada para o dia das mães do que essa. Existe sim Uma Bondade que não discrimina ninguém, como a das mães, que não custa dinheiro, como a das mães, que não desanima, como a das mães, que não se deixa vencer por problemas, dificuldades e carências, aparentemente insuperáveis, como a das mães.
Nossa segunda palavra, então, é de um agradecimento muito grande a vocês. Porque o parto posterior dessa Maria se deu nas mesmas condições em que vocês vivem agora e, ainda assim, pode-se dizer que mudou todo o curso da nossa história. Ela também estava acampada, os motivos para todo esse desconforto e incômodo, em tudo semelhantes aos de hoje sobre vocês, já tinham sido por ela previstos quando continuou cantando na visita feita à sua prima:
“Deus levanta a sua Mão Poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles; derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições; dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias.”
Como pode ser isso? Vocês ainda acreditam em tal vitória? Que poder tão forte é esse? Pois é. Essa é a principal razão do nosso agradecimento, queridas mães. Todo o sofrimento, toda a dor, toda a penúria revelada pela presença de vocês aqui, é um exemplo de fé e de vida para outro tipo de fé e outro tipo de vida. Até para outro modelo de mãe que nós queremos e precisamos aprender.
Se quem espera sempre alcança, como se ouve frequentemente, a esperança de vocês, como a de Maria, não é passiva à maneira de quem conta com a chegada de uma esmola; não é individual como quem espera só para si e não para todas/os; não é paga em dinheiro, como quem não tem outra preocupação na vida que não a de trocá-la por lucro, juro e pagamento do psiquiatra para suportar todo esse peso malsão, que acaba por deixar suas vítimas “despedidas de mãos vazias”.
Bem ao contrário, essa esperança é sustentada por coragem, brio, moral, dignidade, cidadania e muita alegria. Até a morte de vocês, como aconteceu com Rose e Margarida Alves, não afeta essa esperança. Nem a morte das/os filhas/os de vocês, como aconteceu com a do Filho de Maria, e vem se repetindo em despejos massivos, do tipo Corumbiara, Eldorado dos Carajás e São Gabriel, alguns garantidos por sentença e força pública, como também aconteceu com Ele.
Nada disso é capaz de fazer vocês desistirem. Muito obrigado, portanto, amadas mães pobres, sem-terra e sem-teto.
Nossa terceira palavra é um convite. Vamos olhar juntas/os para o chão. Aí está a nossa outra mãe, mãe de vocês também. A nossa mãe terra, tão sofrida, humilhada e explorada como vocês. Do seu ventre fecundo, como o de Maria e o de vocês, nascem filhas e filhos-sementes, árvores, frutos, o muito mais do que suficiente para alimentar e abrigar a humanidade inteira. No entanto, tem sido reduzida a uma mercadoria muito cobiçada pelo extremo valor por ela alcançado como escrava de compra e de venda.
Medida, ferida, patenteada, registrada, estuprada por todo o tipo de interesse, egoísmo, depredação e veneno, seu sangue, em rios e águas interiores, está muito sujo, de uma sujeira imune a qualquer diálise. Daqui a pouco vai estar morto como mortos estão os peixes, as aves e qualquer animal que ele dessedentava. Uma natureza toda voltada para a vida, queridas mães, está sendo vencida por uma outra que pretende substituí-la, a do dinheiro e do mercado. Isso tem um efeito irreversível no útero da nossa mãe. Ele corre o risco de abortar todo o seu potencial de geração da vida.
Isso é coisa para estar se dizendo num dia que deveria ser só de festa e boas lembranças? A nossa homenagem se explica e justifica justamente por isso, queridas mães. Vocês dão uma resposta real e concreta a toda a injustiça causadora desses males, sem se deixar abater. Vocês acreditam, apesar de tudo; têm fé na organização que as reuniu aqui, em perseverar resistindo a todos os lobos vestidos de cordeiro que nos rondam, ameaçam, roubam e matam.
A esperança de vocês é alegre, mesmo em meio a dor e ao sofrimento, como alegre foi o canto de Maria. O amor de vocês nos é oferecido como um presente tão generoso e gratuito, também como o dela, que nós nem temos como retribuir. Nenhum arsenal de guerra e ódio, nenhum acúmulo financeiro avaro a ponto de negar satisfação das necessidades mais elementares das/os pobres de todo o mundo, nenhuma força militar e política de absoluta autoridade e arbítrio, tem poder superior à bondade, ao amore à essa generosidade de vocês.
Deem-nos a honra, queridas mães, deem-nos a oportunidade de ficar aqui mais um pouco. Aceitem nosso propósito confiante de não abandonar nem de deixar vocês sozinhas, como Maria não deixou Isabel nem Seu Filho, mesmo quando Ele morria na cruz, assassinado como muitas/os das/os filhas/os de vocês morrem hoje e pelas mesmas razões.
A mãe terra prometida está longe mas já se avista e, por maior que seja nossa fraqueza, isso também ela não repara, como toda a mãe faz. Ela quer nos acolher em seu seio, abraçar-nos sem reservas, pronta a nos sustentar, alimentar e abrigar. Por contar conosco para isso, no dia das mães, nos dias da mãe terra, abraçadas/os a todas as mães sem-terra e as sem-teto, homenageamos todas elas, assumindo o compromisso de, a seu exemplo, enfrentarmos todo o mal e toda a injustiça que nos separa, divide, fere, exclui e mata. No festivo parto de um novo tempo, celebraremos o dia das mães preservando e defendendo tudo o que nos une, soma, cura e inclui, assim garantindo a todas/os uma nova vida, vida em abundância. Fonte: https://rsurgente.wordpress.com
Carta Aberta das Mães Sem Terra
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"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito.
Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social. Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio?
Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor?
Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome. Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra. A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida.
Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima. Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo. E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir.
Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer.
Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo."
Fonte: http://www.gamalivre.com.br
MÃES MORADORES DE RUA: Drogas e maternidade
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Se a casa é o símbolo máximo da proteção e da propriedade, a rua é uma perigosa terra de ninguém. Quase sempre esses dois ambientes são definidos pelas relações de contraposição. Quase sempre. Porque para um número indefinido de pessoas no Brasil, rua e casa são apenas sinônimos. De acordo com o último censo realizado em 2013 pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os moradores de rua da capital mineira estão em torno de 1,83 mil indivíduos. O número é variável e nunca exato devido às dificuldades de quantificar uma população que migra constantemente.
Basta um pouco de sensibilidade para perceber, embora de forma imprecisa, as dificuldades dessas pessoas. Driblar necessidades básicas, como comer e se proteger do frio, são desafios para quem tem o céu como teto. Muitas vezes, as drogas são fatores de limitação. Nesse universo, comovem ainda mais os casos de mulheres grávidas que exibem suas barrigas ao vento das ruas como se respondessem apenas por si.
Elizabeth Caetano é assistente social no Hospital Sofia Feldman. Nos oito anos em que ela presta serviços para a instituição surgiram casos marcantes de grávidas moradoras de rua e viciadas em entorpecentes no hospital. Algumas histórias a impactaram de forma definitiva. "Ela tem cerca de 35 anos e foi mãe 11 vezes. Dessas 11 crianças, quatro nasceram no hospital. As duas primeiras foram encaminhadas para acolhimento institucional, e as outras duas saíram com ela. Essas histórias sempre mexem com a gente porque vemos o sofrimento dessas mulheres", revela.
De igual forma, para os profissionais de saúde que frequentemente lidam com casos similares, é praticamente impossível manter-se distante emocionalmente. "É difícil não sentir algo. No Hospital Risoleta Neves, por exemplo, há uma mulher conhecida de todos. Ela é moradora de rua, usuária de drogas e já teve quatro filhos. Alguém da família se dispôs a ficar com um dos filhos. Os outros foram para abrigos", conta a médica obstetra e referência técnica do Comitê de Prevenção de Óbito Materno da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Patrícia Magalhães.
Outro que coleciona dramas de roteiros tristes e, às vezes, previsíveis é o policial aposentado Robert William. Ele é diretor da Organização Não Governamental Defesa Social, instituição que trabalha com a abordagem, o acompanhamento e o encaminhamento de usuários de drogas para comunidades terapêuticas e o serviço público de saúde. "Grande parte dessas crianças é composta por ‘filhos do crack' e da droga. Não são frutos de relacionamentos regulares, amorosos. Algumas mulheres se prostituem por uma ‘pedra'", explica. Segundo Robert, cerca de 50 mulheres moradoras de rua que declararam estar grávidas foram abordadas pela equipe multidisciplinar da ONG, que atua na capital mineira e na Grande BH há 11 anos.
Robert William pondera que o fato de essas mulheres morarem nas ruas não as destitui de sentimentos inerentes à maternidade. "Elas querem sempre o melhor para os filhos, inclusive que eles não se envolvam com drogas. Quando conversamos com essas mulheres, percebemos que elas gostariam de ter uma família, uma casa, um marido,... É um sofrimento muito grande", conta.
A saúde dos bebês filhos de mulheres em situação de rua e envolvidas com o vício em drogas é uma preocupação real. Mas esse não é o único problema. Cerca de 90% dos bebês acolhidos nas 15 unidades da PBH que abrigam crianças de zero a 6 anos são filhos de mães dependentes químicas. Muitas delas moram nas ruas. A informação é da secretária Municipal Adjunta de Assistência Social - Gerência de Abrigamento da PBH, Helizabeth Itaborahy Ferenzini.
Desde quando essas mulheres começaram a ser identificadas pelas equipes dos consultórios de rua da prefeitura ou dão entrada nos hospitais para o início do pré-natal ou do parto, uma movimentação intensa acontece nas maternidades, no setor de Assistência Social da prefeitura e no Poder Judiciário.
Para evitar que os bebês cresçam em abrigos, as assistentes sociais da PBH trabalham para levantar o histórico dessas mulheres e chegar até as famílias delas. Se não for possível para a mulher poder assumir seus compromissos como mãe, o objetivo é promover a adoção dessas crianças por pessoas próximas.
Muitas vezes, o processo de identificação da família começa nas próprias instituições de saúde. "Nós procuramos a família. Se ela alega que vai ajudar a cuidar, a gente faz os encaminhamentos adequados", revela Elizabeth Caetano. A mãe também é orientada a entender que acompanhar o crescimento do filho passa pela necessidade de abandonar o vício.
Mas, em alguns casos, a identificação dos familiares é uma tarefa difícil. O destino mais certo para essas crianças são os centros de acolhimento. "Quando essas famílias não são identificadas, a mulher vive em situação de rua e com histórico de uso de drogas, a gente não pode ser irresponsável e entregar esse bebê para a mãe. Aí a gente faz o encaminhamento para a Vara da Infância", arremata Elizabeth.
Direito de quem?
Desde o ano passado, a Promotoria da Infância e da Juventude de Belo Horizonte vem sendo alvo de críticas por parte da prefeitura, de legisladores e de organizações sociais. O órgão exige das maternidades e dos profissionais de saúde a comunicação sobre os nascimentos de bebês filhos de mulheres viciadas em drogas. Para os promotores, a medida é necessária por causa da falta de políticas públicas voltadas para essas mulheres e seus filhos.
Em maio, deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais se reuniram com o Procurador-Geral de Justiça Carlos André Mariani Bittencourt para debater as recomendações da Promotoria. "A recomendação do Ministério Público determina que a mãe que usou drogas perca imediatamente a guarda do bebê. Só que foram relatados vários casos de abuso na retirada de crianças das mães", aponta o deputado João Leite (PSDB/MG). Para o parlamentar, o método adotado pela SMSA, de acompanhamento da mãe e do bebê para que o direito do contato seja preservado, é o mais adequado. Na opinião do deputado, o direito que a criança tem de permanecer com a família extensa deve ser priorizado.
E as recomendações do MP se refletiram nas ruas. É o que revela Arnor Trindade, crítico da decisão do MP e referência da Coordenação de Saúde Mental da SMSA. Para o especialista, a possibilidade da retirada das crianças das mães tem coagido muitas a revelarem que estão grávidas. Trindade entende que apartar os bebês de suas mães é uma prática que deve ser revista. "O Estatuto da Criança e do Adolescente diz, em seu primeiro item, que a criança tem o direito de permanecer com a família. Mas o Ministério Público dá primazia ao trecho que diz que a criança deve crescer em ambiente longe de usuários de entorpecentes. Às vezes, é possível que a mãe se recupere e que a criança fique sob guarda da família extensa", entende. Ainda segundo Trindade, a aplicabilidade da medida, que vale para todas as mães usuárias de droga e não apenas para as moradoras de rua, tem se dado de maneira seletiva. "Usuárias de droga que têm seus filhos no (Hospital) Mater Dei estão permanecendo com as crianças normalmente. Então é algo que deve ser avaliado", alerta.
O Ministério Público prioriza a proteção e o bem-estar das crianças, como explica o promotor de Justiça da Infância e da Adolescência, Celso Penna Fernandes Júnior. Para ele, a Promotoria é obrigada a preservar a integridade dos bebês em abrigos de acolhimento até que a prefeitura possa desenvolver o trabalho investigativo e determinar judicialmente o destino da criança. Na visão do promotor, o encaminhamento para a família substituta só deve ser feito quando todas as possibilidades de inserção da criança na família extensa sejam esgotadas.
Além de determinar a comunicação sobre os casos desse tipo de nascimento, a Promotoria exigiu que o município crie abrigos para o acolhimento de mães e de bebês. Para Celso, é fundamental que haja uma política pública efetiva de acompanhamento e um trabalho prévio para que a mãe possa, em perfeitas condições, receber a criança. "Não adianta criar um programa que atenda por um mês e achar que isso vai resolver o problema", adverte. "É uma irresponsabilidade deixar que essa criança seja usada visando a recuperação da mãe".
Celso sai em defesa da Promotoria, acusada de perseguição a pobres e à comunidade negra. Ele critica também o andamento das reuniões para o debate do assunto na esfera pública. "Fiquei sabendo que levaram mulheres que tiveram seus filhos retirados delas em reuniões na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa. Acho que essas pessoas não sabem e não querem saber concretamente o que aconteceu ao longo do processo que envolveu essas mães. Elas tiveram direito à defesa, o direito de recorrer, foram para o Tribunal e ficou decidido que elas não deveriam ficar com as crianças. O trabalho é todo documentado; tudo está no papel; tudo foi investigado. É muito fácil falar genericamente de perseguição sem ter o conhecimento do processo", aponta.
De acordo com Helizabeth, a maioria dos bebês filhos de mães dependentes químicas de Belo Horizonte tem apresentado parecer conclusivo para a colocação em famílias substitutas. O acompanhamento pós-acolhimento é feito pelo Sistema Único de Assistência Social do município. Fonte: http://www.voxobjetiva.com.br
*PROSTITUTAS MÃES E A EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS
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VERÔNICA GOMES DOS SANTOS
SOBRE INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E FAMÍLIA
Em 1998, na cidade de Jundiaí – SP foi aberta a Escola Maria de Magdala, com o apoio da Pastoral da Mulher, da Prefeitura e da iniciativa privada, destinada a filhos de prostitutas e ex-prostitutas. Segundo a coordenadoria da escola cerca de 40% das crianças não são alfabetizadas.
A cada ano, o número de prostitutas tem aumentado significativamente estando a cidade de Fortaleza entre os quatro centros de tráfico de mulheres no Brasil, perdendo apenas para São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.
Nas grandes cidades o meretrício cada dia mais cresce e se agiganta, porque a miséria rural alimenta e engrossa a miséria urbana, devido ao êxodo dos campos empobrecidos e o urbanismo insaciável, por sua vez, atua como corruptor por excelência da juventude desprotegida. (TIRADENTES, p.33)
Todavia, em Fortaleza é desconhecida iniciativa semelhante a de Jundiaí. No Art. 2º da LDB encontra-se:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Os filhos das meretrizes têm direito à educação. E é um dever dessas mulheres educá-los, juntamente com o Estado.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
As primeiras ações educativas exercidas sobre os seres humanos são praticadas pela família, no local de moradia, especialmente pela genitora. Para Simon (1999),
O contexto familiar compreenderia relações intrafamiliares conflituosas em função da educação autoritária dos pais, ou ainda a total alienação e ausência dos pais frente aos filhos.
Dessa forma, Silveira (2000) acrescenta:
O espaço escolar representa oportunidade de resgate e superação das inúmeras carências presentes nesse contexto.
A importância da escola como meio de superação de carências merece destaque. Nesse espaço as crianças podem ser discriminadas, e cabe a instituição rever suas práticas. Se o indivíduo não encontra subsídios para seu crescimento pessoal em casa, e ao chegar à escola se depara com situações não favoráveis para esse crescimento esta não está realizando sua função.
As práticas pedagógicas dessa população em relação aos seus filhos incitam bastante curiosidade e questionamentos. Acredita-se nos pais como os primeiros grandes preparadores emocionais dos filhos, influenciando no desenvolvimento dos mesmos não só através do trabalho educativo que desempenham, mas também como modelos de identificação, principalmente nos primeiros anos de vida deles.
Alguns pesquisadores percebem um esforço das prostitutas em separar o aspecto familiar do profissional, como mostra Moraes (Apud MELO, 2001):
(...) havia a tentativa explícita de delimitar uma fronteira entre a mulher-mãe e a mulher-prostituta. Muitas prostitutas acabam por querer justificar sua estada na profissão com o argumento de que lá fora são outra pessoa. Não foram poucos os relatos em que afirmam que na Vila [Mimosa] são como as atrizes que desenvolvem uma personagem, não sendo nada parecidas com aquela que estamos entrevistando.
É como se uma atividade fosse separada da outra, como se fossem dissociáveis: a mãe e a prostituta. Pode-se interpretar como o exercício do meretrício negasse o exercício da maternidade. Preconceitos advindos da elite dominante da sociedade na qual vivemos, ditadoras dos bons modos e costumes, também participam da forma de pensar das prostitutas. Os relatos mostram as dificuldades dessas profissionais em administrar as duas coisas, maternidade e prostituição.
O fato de muitas delas passarem muito tempo longe de seus filhos, para trabalhar mesmo que justifiquem a profissão como artifício de melhor querer e atender as necessidades dos filhos (idem).
Não são raros os casos em que os filhos não têm conhecimento da profissão da mãe. Elas omitem como forma de protegê-los de estigmas,
Isso realmente foi constatado:
No local onde moro não me apresento como garota de programa. Sou dançarina. Minhas filhas sabem que sou dançarina. È claro que faço programa também. Sabe como é. Nem sempre a dança é suficiente para pagar as minhas contas. (Gabriela).
Eu digo que lá em casa que cuido de idosos. Mas se sabem, fingem que não sabem. E eu também não devo nada a ninguém. Uma parte da minha família tá no interior, e minha mãe tá no Rio. (Laura).
Meu filho não sabe que faço programa. Não conto pra ninguém. Falo que sou vendedora ambulante. Assim me livro dos comentários. (Amanda).
Elas tentam preservar ao máximo a ocupação,
Certamente, o papel da mulher historicamente idealizado pela sociedade e, sobretudo da mãe exerce forte influência sobre o exercício da profissão e consequentemente na postura diante dos filhos (idem).
Segundo Moraes (Apud MELO, 2001):
(...) assim como acontece em outras situações, este aparato influenciou as vivências maternas e familiares destas mulheres e também produziu ambigüidades na assunção da identidade, fazendo com que elas assumissem diversamente discursos de resistência e defesas diante das concepções que negam às prostitutas o desempenho do papel materno (p.68).
A autora apresenta mais algumas interessantes considerações:
outras elaborações interpretativas também são acionadas por elas para reduzir a oposição entre o papel de mãe e de prostituta. É uma forma de buscarem atitudes compensadoras frente à negação da sua maternidade. Defendem-se deste mecanismo acusatório através de comportamentos que revelam excessivos cuidados e zelos para com seus filhos (...) (idem, p. 68).
Em grande parte de entrevistas feitas com prostitutas mães, detecta-se que a justificativa mais presente é o sustento dos filhos, como dizia Juliana (SOUSA, 1995),
“No meu caso, o que me levou a me prostituir foi porque eu tinha um filho pequeno e não tinha emprego no momento, e pensei em dar um tempo até arranjar um trabalho. No entanto, passei mais de dez anos lá dentro, ainda estou, porque aqui e acolá eu vou, não deixei totalmente. E eu só fui enquanto arranjava outro emprego; arranjei e continuo na batalha.” (p.156)
Entretanto não é o único. “As motivações para as mulheres ingressarem na indústria do sexo são as mesmas de sempre, as principais considerações sendo o dinheiro as condições de trabalho (ADLER, p.382)”.
Um dos motivos que me levaram a entrar nessa vida de profissional do sexo, foi porque eu era muito compulsiva, comprava tudo que vinha na minha frente, fiz várias dívidas, fiz tratamento hoje não sou mais tão consumista, mas sair da vida de garota de programa é difícil. (Aline)
Em uma das vezes que conversei com Amanda, ela me disse: Eu faço outras coisas, vendo perfume, vendo roupa, eu me viro de todo jeito. Eu gosto de vender porque tem dia que eu saio daqui sem nada. Ela ainda revelou que já fez muita coisa na vida, mas o que ela pensa sobre outro emprego:
Outro emprego só é bom porque tem carteira assinada. Tem direito a férias e tudo mais. A gente que tá nessa se ficar doente tem que ter dinheiro guardado, mas é difícil porque tudo que a gente pega quer logo gastar. Já tentei sair dessa vida mas a gente que tem filho pra sustentar não dá. Precisamos de dinheiro todo dia. Mas se a gente ficar doente tem que ter um dinheiro guardado, porque se não tiver... mas é difícil guardar dinheiro.
Gabriela dá aulas de pole dance para mulheres, em geral, que queiram aprender a dança, gerando assim uma renda extra. Laura iniciou um trabalho numa pousada, mas achava que o trabalho era muito pesado e salário muito baixo.
Outros estudos confirmam isso: o fato é que, para a grande maioria das mulheres, seja qual for a sua classe, educação e perspectivas de carreira, a prostituição ainda representa a opção mais lucrativa. Nem toda mulher pode se tornar uma primeira-ministra.”(ROBERTS, 1998, p.383).
Em MELO (2001) observa-se que
(...) colaboradoras iniciavam seus discursos apresentando dificuldades, problemas financeiros e necessidades. Porém, no decorrer das entrevistas, deixavam escapar alguns pontos que demonstravam a existência de outros fatores envolvidos, tais como prazer, outras oportunidades, etc.
É a necessidade que arrasta essa grande quantidade de mulheres ao universo da prostituição. Necessidade de dinheiro, de prazer, por sexo ou drogas.
Martin (Apud MELO, 2001) refere-se a essa questão apresentando o termo estereótipo da necessidade, que diz respeito à postura dessa profissional. Postura que tem como base um discurso simplista, utilizado como uma forma de comover os interlocutores e a coloca como vítima do destino e da sociedade, não restando outra opção que não a prostituição.
Diante das inúmeras vezes que se escutou tal explicação, surgiu a curiosidade e o interesse em compreender como é, então, que as crianças são instruídas. Se há realmente um investimento no sustento e educação dos filhos, e se as mães estão satisfeitas com o retorno. Se, ir a batalha é suficiente e efetivamente decisivo para uma vida melhor, tão sonhada pelas mães para seus descendentes.
*PROSTITUTAS MÃES E A EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS: CORPO, CENA E DISCURSO NO CENTRO DE FORTALEZA - CE
(DISSERTAÇÃO DE MESTRADO)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO- PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA LINHA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO.
FORTALEZA – CEARÁ 2011
Fonte: http://www.repositorio.ufc.br
(Leia na íntegra em nosso Blog. Clique aqui:
Mais de um milhão de crianças foram forçadas a fugir da crescente violência no Sudão do Sul
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“O terrível fato de que aproximadamente uma a cada cinco crianças sul-sudanesas tenha sido forçada a deixar seu lar ilustra como o conflito tem sido devastador para os habitantes mais vulneráveis do país”, afirmou Leila Pakkala, Diretora Regional do UNICEF para o sul e leste da África. “Além disso, mais de um milhão de crianças estão deslocadas dentro do Sudão do Sul, e o futuro de uma geração inteira sofre graves ameaças”.
As crianças representam 62% dos mais de 1,8 milhão de refugiados sul-sudaneses, de acordo com os dados mais recentes da ONU. A maior parte deles tem chegado a Uganda, Quênia, Etiópia e Sudão.
“Atualmente, nenhuma outra crise de refugiados me preocupa tanto quanto a da Sudão do Sul”, disse Velentin Tapsoba, Diretor do Escritório do ACNUR na África. “O fato das crianças refugiadas estarem se tornando o retrato desta emergência é muito preocupante. Nós, toda a comunidade humanitária, precisamos de comprometimento, apoio urgente e sustentável para que possamos ser capazes de salvar essas vidas”.
Dentro do Sudão do Sul, mais de mil crianças foram mortas ou feridas desde que o conflito eclodiu em 2013, e estima-se que 1,14 milhão de crianças estejam deslocadas dentro do país.
Cerca de três quartos das crianças sul-sudanesas estão fora da escola – a maior parcela de crianças sem acesso à educação em todo o mundo.
Os traumas, transtornos físicos, medo e estresses vivenciados por tantas crianças refletem apenas uma parte do que a crise representa exatamente. As crianças continuam correndo riscos de recrutamento forçado por grupos armados e, com as estruturas sociais tradicionais prejudicadas, elas se tornam altamente vulneráveis à violência, abusos sexuais e explorações.
Mais de 75 mil crianças refugiadas em Uganda, Quênia, Etiópia, Sudão e República Democrática do Congo cruzaram as fronteiras do Sudão do Sul desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
Famílias refugiadas que estão fugindo para países vizinhos em busca de abrigo e segurança estão enfrentando ainda mais dificuldades devido à estação chuvosa, que expõe as crianças a riscos adicionais de saúde e proteção devido aos abrigos inadequados em que vivem. É necessário um apoio muito maior para garantir que toda família refugiada tenha algum lugar para viver em segurança, assim como ajuda humanitária urgente incluindo comida, água, proteção, educação e cuidados médicos.
O apelo do UNICEF para refugiados sul-sudaneses na região – de 181 milhões de dólares a serem destinados as urgentes necessidades das pessoas refugiadas até o final do ano – conseguiu arrecadar apenas 52% do valor total.
A equipe do ACNUR está na linha de frente da crise, recepcionando refugiados sul-sudaneses conforme eles cruzam as fronteiras e oferecendo assistência emergencial. Porém, o crônico subfinanciamento em 2017 está colocando serviços essenciais em risco. O apelo do ACNUR para a situação no Sudão do Sul é de 781,8 milhões de dólares, mas até o momento apenas 11% desse valor foi arrecadado. Fonte: http://www.acnur.org
Macaca 'chora' ao socorrer filhote inconsciente em foto
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Um fotógrafo registrou, em uma imagem emocionante, o momento em que uma macaca parece chorar ao abraçar um filhote que ficou inconsciente, em Jabalphur, na Índia. O clique, compartilhado por Avinash Lodhi em seu perfil no Facebook, está comovendo internautas de diversas países.
O fotógrafo conta que percebeu uma movimentação estranha entre macacos e tomou a iniciativa de se aproximar para fazer fotos. "Decidi me sentar e observar a atividade deles, embora já estivesse perdendo luz (estava escurecendo)", afirmou ele.
De acordo com Lodhi, em um determinado momento, o filhote pareceu ficar inconsciente, assustando sua mãe, que ficou visivelmente abalada. Neste momento, ele congelou a imagem. Em seguida, felizmente, o pequeno macaco acordou.
"Esse é um momento raro, principalmente entre os animais", disse ele, que se impressionou com o próprio registro. "Assim que eu vi a imagem fiquei em silêncio por uma hora", completou Lodhi. No Facebook, onde a fotografia foi postada, internautas ficaram impressionados. "Ótimo registro! Parabéns", comentou um deles. Fonte: http://arapiraca.7segundos.ne10.uol.com.br
SINAIS DE RESSURREIÇÃO: Adolescente do Rio de Janeiro participa ativamente da vida escolar em prol de mudanças
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"A violência faz parte da nossa vida. Vários dos meus amigos foram assassinados. E sempre há novas histórias de mortes. Isso não pode ser uma coisa natural, pode?", questiona Paulo Gabriel, 16, estudante do 1º ano do ensino médio e morador do bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro.
Além de a violência, Paulo enfrenta outros desafios para concluir seus estudos. "Eu quero muito aprender, mas não é fácil estar na escola. Não há estrutura, as salas de aula são muito abafadas. Os conteúdos não traduzem nossa realidade, nem preparam os estudantes para entrar na faculdade". Mesmo assim, Paulo não desiste. Sua paixão pelo hip hop e o apoio de professores fizeram com que ele participasse de ações em favor de mudanças na sua escola.
"Por meio das letras do hip hop, eu passei a me interessar por figuras como Martin Luther King e a pesquisar sobre lutas sociais", conta Paulo. Ele começou a se engajar na escola ajudando a criar um grêmio estudantil. Logo depois passou a levar propostas de seus colegas sobre melhorias na escola para a Prefeitura do Rio de Janeiro por meio do programa Aluno Presente. Hoje participa ativamente do movimento secundarista. "A escola deve abrir portas e não criar muros. A escola precisa ser um lugar seguro e acessível a todos", conclui.
Paulo Gabriel foi um dos mais de 100 adolescentes que representaram redes e movimentos sociais no Seminário Internacional sobre Inclusão no Ensino Médio, realizado nos dias 27 e 28 de abril de 2016, em Belo Horizonte. No encontro, as jovens lideranças apresentaram para as autoridades presentes propostas para garantir um ensino de médio inclusivo e de qualidade. O evento foi uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Ministério da Educação, da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, da Fundação Itaú Social e do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultural e Ação Comunitária (Cenpec). Fonte: www.unicef.org
Educar para mudar o mundo: Facebook Live- Ao vivo- com Frei Petrônio nesta segunda, 8, às 20h.
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Sueli Gaspar, Rio de Janeiro.
Com uma trajetória de 30 anos na educação, Sueli Gaspar começou como merendeira, tornou-se professora, diretora e depois gestora de programas educacionais para ajudar a mudar a educação no Rio de Janeiro. Trabalhando em uma das regiões de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixos da capital fluminense, ela conseguiu feitos impressionantes, conduzindo escolas ao topo dos rankings de avaliação. Com o estilo "mãezona", é quase sempre doce, porém enérgica quando necessário. Como diretora, praticamente zerou os números de evasão em áreas conflagradas. Há quatro anos ocupa o cargo de gestora do Programa Escolas do Amanhã, da Prefeitura do Rio, cuidando de 155 escolas em regiões de risco. "Sempre digo para as minhas professoras: nossa missão é tirar as ovelhas da boca do lobo"
"Eu não perco criança pro tráfico"
"Para acabar com o analfabetismo, é preciso três coisas: acreditar no aluno, acreditar no aluno e acreditar no aluno"
Batalhadora desde a infância
De merendeira...
Sueli nasceu em Sepetiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, e era a filha mais velha de um casal de pouca escolaridade. O pai, pintor de paredes e taxista, estudou até a terceira série. A mãe foi babá e lavadeira e nunca estudou. "Era aquela menina que todas as estatísticas apontam como a que larga a escola primeiro: a mais velha e a que precisava tomar conta dos irmãos. Além disso, era muito pobre e me casei aos 14 anos", conta Sueli. Apesar do casamento precoce, Sueli resistiu e só abandonou a escola três anos depois, quando tornou-se mãe, aos 17. O afastamento dos estudos durou pouco. "Nunca quis parar de estudar. Soube que existia um curso feito na base das apostilas, em que a gente estudava em casa e depois fazia a prova. Assim, consegui completar o primeiro grau. Logo depois, fiz o concurso para merendeira e fui aprovada", relata a professora.
...a professora
Finalmente funcionária pública, Sueli passou a encarar o desafio de milhares de moradores da longínqua e esquecida Zona Oeste carioca. Todos os dias, acordava às 3h30 para pegar dois trens e chegar à escola onde trabalhava como merendeira, na Praça da Bandeira, Zona Norte do Rio. Com o tempo, Sueli conseguiu se transferir para uma escola próxima à sua casa e deu sequência aos estudos. Como trabalhava no período da tarde, fez o curso Normal - equivalente ao ensino médio, mas específico para formação de professoras de nível básico - pelas manhãs. Mais tarde, ela passou no concurso para o magistério municipal e continuou o crescimento profissional. De professora, tornou-se coordenadora pedagógica e, depois, diretora. Nesse meio tempo, ainda formou-se em Letras pela Universidade Estácio de Sá.
"O esforço que tive para estudar, quis projetar para todas as crianças que passaram em minha vida. Tenho muita vontade de mudar o mundo, de realizar o sonho das pessoas. Ao longo de minha vida, tive a certeza de que o caminho é a escola. Sou apaixonada pela educação"
Educação precisa de referências locais
Ao assumir a direção do Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) 1º de Maio, em 2002, onde ficou por quase 10 anos, Sueli Gaspar viu-se diante do maior desafio de sua vida: a possibilidade de oferecer a esperança de um futuro melhor para as crianças das comunidades do Rola e Antares. Um dos primeiros atos de Sueli como diretora foi fazer uma reunião de professores, alunos e as famílias.
"Pegamos todas as carteiras da escola e botamos no pátio. Chamamos todas as famílias juntamente com os alunos. Eles precisavam ouvir histórias que os motivassem a estudar. E quais foram as referências? Nós mesmos. Dos 26 professores da escola, 23 eram oriundos da escola pública e todos com histórias de superação para contar. Pensamos: por que não contarmos nossas trajetórias para eles e mostrar que o estudo era a porta para uma vida melhor?", relata a educadora.
Estímulo que deu certo
Em busca de mais motivação para os alunos, Sueli também promoveu um rodízio de turmas e professores. "Se um professor de ensino fundamental gostava mais de ensinar matemática, ele lecionaria para outras turmas e deixaria o de português cuidar de seus alunos. Isso motivava as crianças e também os mestres", explica. Segundo Sueli, o segredo de uma boa escola é ser surpreendente para os alunos.
"Digo que a escola tem que ser boa todo dia. Mas, às vezes, tem que ser sensacional"
Nos 10 anos em que dirigiu o Ciep 1º de Maio, em Santa Cruz, Sueli conseguiu feitos extraordinários. Encravado entre as favelas do Rola e Antares, o colégio vivia momentos delicados quando da chegada de Sueli à direção. Além dos índices altos de evasão escolar e repetência, a escola convivia com mais de 20 furtos anuais e com notas baixíssimas nas avaliações promovidas pelo Governo Federal.
Cinco anos após a chegada de Sueli, os números eram outros: nenhuma ocorrência de furto, evasão zero e a nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) subiu de 4,2 para 8,8, fazendo a escola ser a melhor da cidade entre as instituições públicas. E com mais um detalhe que enche a professora de orgulho: "Não perdi nenhum aluno para o tráfico".
"Nunca tive qualquer aborrecimento. Ao contrário. Um pai de aluno, certa vez, me ligou do presídio Bangu 1, onde cumpria pena, e disse que eu poderia tomar qualquer atitude que achasse necessária com seu filho, que ele me daria apoio. Segundo ele, eu era a esperança para que seu filho não seguisse o mesmo caminho que ele", conta.
"Sempre disse que não podemos nos ajustar ao meio e, sim, ajudar o mesmo a ser melhor"
Sueli Gaspar cita 4 fatores essenciais para mudar a educação
Todo aluno aprende
"Não existe aluno que não aprende. Cada um tem o seu ritmo e o professor tem que ter essa sensibilidade para ajudar cada estudante."
Empoderamento do professor
"Eu empodero meus professores, pego pelo braço e faço que ele acredite que é possível. E o professor tem que fazer o mesmo com o aluno."
Detector de talentos
"O professor é um descobridor de talentos. Ele olha para o aluno e tem que perceber todas as suas potencialidades. Às vezes, o aluno não escreve bem, mas é ótimo observador."
Investimento em educação
"Tem que investir. A escola pública tem todas as condições de ser a melhor do Brasil. Precisamos nos preparar para que ela cada vez esteja mais à altura dos alunos."
Fonte: Bol; http://www.rio.rj.gov.br
AMANHÃ EM NOSSAS MÍDIAS SOCIAIS...
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SÃO JOÃO DEL REI-MG: Nesta cidade foi sepultado Tancredo Neves (1928-1985), Irmão da Ordem Terceira Franciscana. O primeiro Presidente do Brasil após 21 anos de ditadura militar.
TRAVESTI QUE FICOU FAMOSA POR FOTO COM PADRE FABIO DE MELO MORRE AOS 56 ANOS
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A travesti Luana Muniz morreu, aos 56 anos, na manhã deste sábado no Rio após complicações de problemas renais e de coração decorrentes de uma pneumonia bilateral. Ativista LGBT, ela estava em coma há uma semana no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. O velório será neste domingo no Cemitério do Irajá, às 13h.
O trabalho de Luana ganhou visibilidade após seu encontro com o padre Fabio de Melo na quadra da Mangueira, em 2015. Na época, o religioso, durante um testemunho, admitiu seu preconceito e reconheceu seu erro ao julgar Luana, que comandava um projeto social na Lapa, onde vivia. “Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro”, disse o padre.
Luana Muniz morreu aos 56 anos
Madrinha de Luana, a cantora Alcione lamentou a perda da “Rainha da Lapa”, a quem definiu como uma amiga maravilhosa e um ser humano ímpar. “Foi-se embora e nos deixou muita saudade, mas com certeza um espírito como esse, batalhador e generoso, agora está nos braços de Deus. Descanse, minha amiga”, disse a Marrom ao EXTRA.
Outra amiga de longa data, Lorna Washington, 55, diz que a militante deixa um legado de respeito e tolerância pelo próximo: “Ela abria sua casa para travestis expulsas pela família e distribuía comida para moradores de rua”, conta Lorna, afirmando que a polêmica com o padre possibilitou um momento de reflexão na sociedade. “Foi um despertar espiritual para o padre que sofreu duras represálias“.
Segundo Lorna, Luana era fumante desde a adolescência e recebeu a visita da cantora Alcione na última quinta-feira. “Ela havia apresentado uma melhora, estava lúcida. A notícia nos pegou de surpresa. Não esperávamos”.
Relebre depoimento emocionado de padre Fabio:
“Semana passada eu vivi uma situação. A Alcione me convidou para estar no aniversário dela, lá na quadra da Mangueira... Fiquei lá por uma hora mais ou menos... Mas o que me chamou a atenção foi um travesti que estava lá. Posso confessar uma coisa para vocês? Quando eu vi, ele estava olhando para mim (pausa). E olha que eu não sei ficar sem graça... Mas sabe o que me ocorreu? Vou confessar publicamente a minha hipocrisia: ‘Meu Deus do céu, se esse rapaz pedir para tirar uma foto comigo? Como que eu vou reagir?’(pausa). Independente de qualquer julgamento, estou confessando a hipocrisia do meu coração naquela hora. Muitas pessoas começaram a se encorajar para tirar foto comigo. E ele (o travesti) lá do fundo olhando. Quando, de repente, eu só vi a sombra dele na minha direção, e o meu preconceito, o medo de me expor, tudo vindo à tona. Que coisa horrorosa isso em nós... Como se eu fosse melhor. Isso é mesquinho, é vergonhoso o que eu estou dizendo pra vocês”.
“Aí ele veio, com um vestido longo e falou pra mim: 'O senhor costuma tirar fotos com pecadoras?'. E eu percebi que tinha uma ironia ali. E eu respondi: mas é claro! E abracei ele e tiramos a foto. Antes de sair, ele disse: ‘eu não acredito que o senhor permitiu’. E os olhos dele estavam emocionados. Assim que ele saiu, Maria Helena, a irmã da Alcione, me contou a história. Ela disse que ele mora na Lapa e criou um grupo que alimenta e recolhe todos os miseráveis daquela região. Ele dá banho, alimenta, não tem nojo de ninguém. E faz de tudo para aquela pessoa retornar à vida. E não é só isso. Ele torna-se uma espécie de vigilante, protegendo os moradores...”
“Quando ela me contou aquela história, eu comecei a unir as coisas dentro de mim. Eu não entro no mérito da questão da vida que ele leva, vamos deixar que Deus faça isso. Não sou síndico da Eternidade. Agora, que é um tapa na cara da gente, é!”.
“Aquele que você enxerga e que, naturalmente, provoca um desconforto por ser tão diferente de nós, não sabemos quantas coroas da dignidade foram recolocados na vida daquela pessoa quando ele alimenta o próximo. Você é cristão e nem sempre está disposto a cuidar de quem está doente, colocar dentro da sua casa e dar de comer”.
“Não cabe nenhum julgamento do lado de lá, cabe aqui. Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro. Como se o nosso cristianismo tivesse pronto. Como se nós já tivéssemos chegado ao último estágio dessa santidade que Deus nos convida. Não, eu ainda me envergonho dos que são diferentes de mim. Eu ainda tenho medo de ir ao encontro daqueles que precisam de mim. E a palavra de Paulo é dura: a missão de vocês é junto daqueles que estão necessitado”. Fonte: http://extra.globo.com
Cadela picada por cobra ao salvar irmãos de ataque morre em Anápolis
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Animal ficou quatro dias internado em clínica, apresentou melhora, mas não resistiu ao veneno.
Após salvar dois irmãos da picada de cobras, a cadela chamada Mariana morreu nesta sexta-feira (5), na clínica em que estava internada em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Ela evitou que os donos se machucassem, mas acabou sendo picada no focinho por uma das jararacas.
“O fato de a picada ter sido na região da face, do focinho, tornou a situação muito grave. O veneno é muito forte e acaba necrosando o tecido, comprometendo órgãos vitais como o sistema respiratório”, lamentou ao G1 o médico veterinário responsável pelo tratamento da cadela, Paulo César Dias Ramalho.
Picada no focinho, a cadela foi levada para a clínica na segunda-feira (1º). A equipe acreditou que o animal se recuperaria. “Ela apresentou melhoras, bebia água, começou a andar, comeu, mas o veneno é muito agressivo, ela salvou a vida dele”, contou o veterinário.
Ataque
Lindon Jhonson de Aquino e Demerval de Aquino roçavam um mato quando a cadela os protegeu. “Eu ouvi um barulho diferente dos cachorros latindo ao redor de um buraco bem próximo de mim e ela estava bastante agitada já”, contou.
Ao perceberem que a cachorra tinha sido picada, os irmãos conseguiram capturar as cobras. Na sequência, eles levaram Mariana ao veterinário.
Os donos da cadela heroína se emocionaram com a atitude dela. “Eu até falei par o meu irmão: ‘Jhonson, vamos agradecer muito a Deus porque se não fosse a Mariana, a cachorra, um de nós dois não estaria aqui’”, disse o estudante Demerval de Aquino.
Fonte: http://g1.globo.com
VAMOS COMER UMA IMBUZADA?
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VAMOS COMER UMA IMBUZADA?
A umbuzada, também chamada de imbuzada, trata-se de uma bebida típica do nordeste preparada com o fruto do umbuzeiro (umbu- imbu ou cajá que aparece no vídeo ). A umbuzada não é uma bebida que agrade a todo o mundo, pois possui sabor levemente ácido.
RECEITA:
1-Para preparar a umbuzada comece por lavar os umbus. Em seguida cozinhe-os em uma panela com água até cobrir, em fogo médio, até mudarem de cor. Desligue o fogo e deixe esfriar.
2-Retire o caroço dos umbus e bata a polpa no liquidificador junto com o açúcar e o leite, até obter um líquido bem homogêneo. Se quiser, em seguida passe por um coador.
- Se desejar, apenas passe um coador
3-Reserve a umbuzada na geladeira e sirva bem geladinha. bom apetite!
(No vídeo: Tia Nete, Girau do Ponciano-AL, Eleide de Miranda, minha irmã e Plínio de Miranda, meu irmão. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL).
Jovem de 16 anos morre atingida por bala perdida na porta de casa no RJ
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Foi durante operação na Favela Danon, em Nova Iguaçu. Um suspeito também morreu e outro dois foram presos com armas e drogas.
Duas pessoas morreram durante uma operação, na quarta-feira (3), na Favela Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Uma das vítimas foi uma jovem de 16 anos que morreu na porta de casa atingida por uma bala perdida, na Estrada de Madureira. O segundo morto, segundo a polícia, era um suspeito. A região abriga comunidades que sofrem com a disputa entre traficantes e milicianos pelo controle do território.
A Polícia Militar disse que durante a operação teve tiroteio. A adolescente atingida na porta de casa chegou a ser levada para o Hospital na Posse, em Nova Iguaçu, mas não resistiu.
Dois suspeitos foram presos e drogas e armas foram apreendidas. Moradores fizeram protesto na noite de quarta-feira e a Estrada de Madureira ficou fechada até às 20h.
Moradores assustados com a violência enviaram várias mensagens pelo Whatsapp. "Clima de guerra em nova Iguaçu...Estrada de Madureira fechada. Várias viaturas de diversas especializadas. Escolas e comércio fechados".
"Está um caos aqui em Nova Iguaçu na volta pra casa. Ninguém na rua. Muita troca de tiro.", afirmou um morador. "O policiamento está reforçado, porque os moradores querem fechar a Estrada de Madureira. E com isso, tiraram uma boa parte dos ônibus de circulação. Não sabemos mais o que fazer, estamos desesperados”. Fonte: http://g1.globo.com
Ônibus são incendiados em vias expressas após ação da PM com 45 presos no Rio
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Oito ônibus e 2 caminhões foram incendiados e o caos no trânsito deixou Rio em estágio de atenção. Operação de Bope, BAC e PM para interromper guerra do tráfico apreendeu 32 fuzis.
Oito ônibus e dois caminhões foram incendiados por criminosos nesta terça-feira (2) no Rio, após uma megaoperação da Polícia Militar para acabar com a guerra entre traficantes na Cidade Alta, comunidade em Cordovil, na Zona Norte.
A represália de criminosos contra a prisão de pelo menos 45 suspeitos causou um caos no trânsito da cidade, já que os veículos queimados estavam em vias expressas, usadas por motoristas para trafegar em direção ao Centro do Rio, em horário de grande movimento. A cidade entrou em estágio de atenção às 10h50, segundo o Centro de Operações.
Três ônibus estavam na Rodovia Washington Luiz, na altura dos acessos da Linha Vermelha e da Avenida Brasil, sentido Juiz de Fora; quatro ônibus estavam na Avenida Brasil, onde o caminhão também foi queimado; além de um ônibus e outro caminhão em Cordovil, em um dos acessos à comunidade da Cidade Alta.
Devido aos ataques, motoristas tentaram voltar na contramão e passageiros de outros coletivos que passavam na região ficaram em pânico. O congestionamento na cidade, por volta das 11h, atingiu 66 quilômetros — equivalente a uma viagem entre o Rio e Maricá. Fonte: http://g1.globo.com
DUAS MORTES EM LAGOA DA CANOA-AL.
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Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista- Em visita a Comunidade Capim neste feriado do trabalhador.
Ontem, no Povoado Mata Limpa, um pai de família cometeu suicídio. Ato máximo de desespero. Aqui vai as nossas preces para os familiares e amigos. Já neste 1º de maio, por volta das 9h, mais uma morte na região, dessa vez foi por afogamento no povoado Pau- D` Arco. Até a presente postagem (17h 55 min) o corpo ainda permanecia no local à espera do IML de Arapiraca e da Polícia. Êita Renan Filho, vamos trabalhar!
NOTA: O Estado de Alagoas registrou, entre 2013 e 2015, 513 casos de suicídio. Os dados são de uma pesquisa realizada pelas universidades Federal de Alagoas (Ufal) e de Ciências da Saúde (Uncisal) com pessoas entre 10 e 87 anos de idade.
Ainda segundo a pesquisa divulgada pela AAP, Maceió lidera o levantamento, com 141 casos. Arapiraca e Palmeira dos Índios vêm em seguida, com 44 e 18 casos, respectivamente.
Segundo a psiquiatra Suzzana Bernardes, a pesquisa foi feita com base nos dados encontrados em atestados de óbito. Contudo, o número pode ser muito maior. Fonte: http://g1.globo.com
Suicídios adolescentes.
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"Seja como for, o interesse do adolescente pelo suicídio é intolerável para nós –porque amamos o suicida e porque sua morte sancionaria nosso fracasso: o suicídio de um adolescente é a demonstração cabal de que nosso amor não é (não foi) uma razão suficiente para ele viver", escreve Contardo Calligaris, psicanalista, dramaturgo e escritor italiano radicado no Brasil, em artigo publicado por Folha de S. Paulo, 27-04-2017.
Eis o artigo.
"Você, que é terapeuta de adolescentes, por que não comenta a Baleia Azul?" Recebo essa pergunta a cada dia.
Baleia Azul é um jogo, na internet, que seduziria os adolescentes propondo-lhes desafios arriscados até um final em que, para "ganhar", o jogador deve se matar. Na Rússia, já seriam mais de cem mortos.
Acho bizarro que nenhum repórter consiga se inscrever, jogar e nos contar tudo. A Baleia me parece ser sobretudo um boato.
Que opinião temos dos nossos adolescentes para acreditarmos que eles sejam burros a ponto de se matar para terminar uma gincana? Se imaginamos que eles sejam presas fáceis para a Baleia, é porque nós mesmos talvez sejamos seduzidos pelo jogo: dispostos a qualquer besteira para animar a nossa vida e lhe dar algum sentido.
Junto com a Baleia, um seriado da Netflix, "13 Reasons Why", também preocupa os adultos. Nele, uma menina, para explicar seu suicídio, deixa 13 fitas gravadas, que circulam entre amigos e inimigos.
Quando eu era menino, sonhava estar presente no meu velório, para ver quem choraria e quem dançaria. O seriado, dando crédito a esse sonho (banal), poderia produzir uma epidemia de suicídios?
Reza a lenda que o romance de Goethe "Os Sofrimentos do Jovem Werther" (1774) teria glamorizado o suicídio por amor e produzido suicídios em massa. Logo o "Werther", que consegue a façanha de ser curto e chato e cujo maior mérito é de ter sido o pretexto para Roland Barthes escrever seus "Fragmentos de um Discurso Amoroso". Enfim, "O Efeito Werther" é um livro de David Phillips (1982) que trata de verificar se há suicídios induzidos pelos relatos na mídia dos suicídios de pessoas famosas, de Marylin Monroe a Kurt Cobain. Resultado: o efeito, se existe, é mínimo.
Mas, por mínimo que seja, como evitá-lo? Plutarco (46 - 120 d.C.), em "As Virtudes das Mulheres", conta que, em Mileto, por alguma maldição divina, as mulheres foram tomadas pela vontade de se enforcar. Não havia palavras ou lágrimas que adiantassem: elas se matavam. Enfim, alguém propôs que os cadáveres nus das enforcadas fossem expostos na praça. E o que aconteceu?
Num delicioso livrinho, publicado em Paris em 1772 (ensaio sobre o caráter, os costumes e o espírito das mulheres nos diferentes séculos), Antoine Thomas conclui com Plutarco. Essas jovens encaravam a morte, mas nenhuma ousou encarar a vergonha depois da morte: os suicídios pararam.
Quanto às mulheres de Mileto, Thomas explica: elas deviam estar naquela idade em que a natureza, alimentando desejos inquietos e vagos, abala a imaginação e em que a alma, surpreendida por suas novas necessidades, sente que a melancolia será sucessora da calma dos jogos da infância. Difícil descrever melhor a desordem da adolescência.
E talvez haja mesmo, na adolescência, um interesse especial pelo suicídio. Para Durkheim, o suicídio pode ser atribuído a níveis excessivamente baixos ou altos de integração social. Integração baixa demais significa ter a impressão de não pertencer a nada, e integração alta demais significa descobrir que o custo da integração é excessivo: uma domesticação de nosso desejo. É um resumo do drama do adolescente.
Seja como for, o interesse do adolescente pelo suicídio é intolerável para nós –porque amamos o suicida e porque sua morte sancionaria nosso fracasso: o suicídio de um adolescente é a demonstração cabal de que nosso amor não é (não foi) uma razão suficiente para ele viver. Mas atenção: Plutarco é uma leitura recomendada, porque ele lembra que de nada adiantam os encorajamentos a viver e as manifestações de carinho.
De fato, diante do propósito suicida, não há cura milagrosa, e o primeiro passo é reconhecer o desejo de se matar e levá-lo a sério –porque é um desejo sério, não menos fundamentado do que nossa posição em favor da vida.
Podemos discordar e nos opormos à vontade de se suicidar de alguém que nos importe, mas só seremos escutados se primeiro reconhecermos seu direito de querer morrer.
Nota: logo nesses tempos de inquietudes pela Baleia e pelo seriado "13 Reasons Why", foi ao ar, pela HBO, a primeira história de "Psi" sobre o suicídio assistido de uma adolescente. A história, que resume minha atitude diante de um outro que prezo e que quer morrer, está agora na Net Now. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Ônibus queimados viram cenário de ‘selfie’ na Lapa
- Detalhes
Além de fotos, manifestantes aproveitam para saquear restos dos veículos queimados
RIO - Além da folia tradicional, a Lapa ganhou mais uma atração na noite desta sexta-feira: os três ônibus incendiados próximo à Sala Cecília Meirelles viraram ponto de selfie pelos que passavam na área. Ao todo, nove ônibus foram incendiados em meio aos protestos contra as reformas trabalhista e previdenciária.
Além das fotos, porém, é possível outro resquício das manifestações foram as pessoas que saqueavam os restos dos ônibus por moedas e peças que pudessem ser revendidas em ferro-velho.
Em nota, a Polícia Militar informou que está realizando um patrulhamento intensivo por todo o estado do Rio de Janeiro, para "garantir que as manifestações reivindicatórias fossem realizadas em segurança e não impedissem o ir e vir da população".
Segundo a PM, até o momento, há notícias de saques e depredação de lojas, estações do Metrô e do VLT, ônibus e carros apedrejados e incendiados. A Polícia Militar informou que "continua nas ruas, buscando neutralizar a ação de vândalos que se passam falsamente como manifestantes." Fonte: http://oglobo.globo.com
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