Os 10 golpes mais comuns do Facebook que devem ser evitados
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De acordo com a lista, os truques variam entre a promoção de recursos que não existem na rede social, como trocar a cor da página e também a divulgação de notícias falas
Recentemente, a desenvolvedora de antivírus BitDefender, publicou um estudo que revela os dez golpes virtuais mais comuns encontrados no Facebook nesse ano. De acordo com a lista, os truques variam entre a promoção de recursos que não existem na rede social, como trocar a cor da página e também a divulgação de notícias falas.
Ainda de acordo com a desenvolvedora, o golpe mais conhecido seria o aplicativo falso que promete mostrar o número de visualizações e visitantes do seu perfil. Ao clicar nele, o usuário é levado para um site que tenta instalar um vírus no computador. Em outros casos, esse mesmo vírus esconde um pedido de autorização para publicar em seu nome e fazer posts com links maliciosos.
Confira a lista com os 10 golpes mais populares no Facebook:
1) “Total profile views/visitors”, aplicativo que permite ver o número total de visitantes – 30.20%
2) “Change your Facebook Color/Colour”, aplicativo para trocar a cor do Facebook – 7.38%
3) Rihanna Sex Tape - falso vídeo da cantora fazendo sexo com seu namorado – 4.76%
4) “Check my status update to get free Facebook T-shirt”, link para ganhar uma camiseta grátis do Facebook – 4.21%
5) ”Say goodbye to Blue Facebook”, outro aplicativo para trocar a cor da rede social – 2.76%
6) “Unsealed. We are giving them away for free”, promoções falsas que dão presentes em troca de curtidas - 2.41%
7) “Check if a friend has deleted you”, aplicativo para ver se um amigo o deletou do perfil – 2.27%
8) “See your top 10 profile peekers here!”, aplicativo para ver quem acessou seu perfil – 1.74%
9) “Find out how to see who viewed your profile”, outra promessa para ver quem acessou o perfil na rede social – 1.55%
10) “Just changed my Facebook theme. It’s amazing”, golpe que promete mudar as cores, ou tema, do site – 1.50%
Fonte: http://www.ibahia.com/
Jesus morreu para salvar, não para condenar, afirma pastor 'reconvertido' em igreja LGBTQIA+
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Arlei Lopes Batista, 48, vice-diretor de escola, chegou a palestrar em defesa da 'cura gay'
Arlei Lopes evangélico e pastor LGBTQIA+ - Karime Xavier/Folhapress
São Paulo
Arlei Lopes Batista, 48, encontrou guarida numa igreja evangélica inclusiva após décadas numa denominação tradicional, que via a homossexualidade como pecado. Durante esse período, foi, inclusive, palestrante em defesa da chamada "cura gay".
Em depoimento à Folha, ele fala sobre a descoberta de um evangelicalismo que não discrimina a comunidade LGBTQIA+.
Durante parte da infância, fiquei entre a Igreja Católica, porque morava com os meus avós. Fiz a primeira comunhão, a crisma.
Meus pais eram empresários de parques de diversões. Fui morar com eles por volta dos 10 anos. Minha mãe faleceu quando eu tinha 12. Aí começa todo um processo de mudança na minha vida.
Saio [de casa] por conta de violência familiar [da parte do pai]. Vou para a casa de uma prima. A filha dela era da igreja onde fiquei por quase 30 anos. O pastor acabou me adotando. Chego nessa família pastoral com uns 14 anos. Ali construí minha base bíblica. Só que é uma herança que depois me custou muito.
Eu já tinha vivenciado [minha homossexualidade]. Todos [da igreja] sabiam. O discurso era de que era errado e tal, era pecado. Eu tinha que renunciar à homossexualidade. Fazia oração, jejum.
Lembro que, se era atraído por alguém na rua, me martirizava por conta do desejo. Tinha que sublimar. Foi um período de muita angústia. Batia na minha cabeça quando ia dormir. Eu achava que ia ficar louco, né?
Estava muito depressivo, ia me jogar na frente do ônibus. Chorei e disse: "Deus, se o Senhor existe mesmo, me ajuda". Depois de alguns minutos, senti como se algo estivesse empurrando aquela tristeza para fora de mim.
Chego na igreja e acabo falando mais das minhas dores. Ali tenho um lugar de acolhimento, uma comunidade que me ouve. Em nenhum momento eles forçaram a algum processo de reorientação sexual.
Tive algumas relações sexuais [com homens] nessa época, todas confessadas ao pastor. Era um processo de alívio para aquele sentimento de culpa, e o barco continuava.
Fui tendo acesso a livros de pessoas que renunciaram à homossexualidade e construindo um viés de renúncia. Nessa fase, conheço uma moça da igreja. Ficamos 22 anos casados e adotamos três filhas —não porque não podíamos ter, foi por opção mesmo.
Nunca me vi como bissexual. Entendo hoje, olhando para trás, que a amizade, o companheirismo e o toque em si faziam com que eu tivesse as relações sexuais [com a esposa]. Sempre me vi como homossexual, mas que renunciava à sua sexualidade por conta da igreja.
Nisso fui crescendo na igreja, me tornei obreiro, depois presbítero, depois pastor.
No meio-tempo, ainda tive o que nós chamávamos de quedas. Não deixava de ser adultério, porque eu estava casado. Só que nunca foi escondido. Ela sempre se colocou nesse papel de "vou te ajudar a se libertar".
Na leitura fundamentalista [da Bíblia] que nós tínhamos, era pecado e não tinha o que fazer. Então eu tinha que matar a minha carne, levar a minha sexualidade para a cruz e não vivê-la da forma que eu nasci para viver.
Encontrei várias pessoas que também estavam tentando renunciar à sexualidade. Criei um grupo na internet, de amor, aceitação e perdão. A gente passou de umas cinco pessoas para virar mais de 700.
Por dez anos, fiz parte do Exodus Brasil [rede evangélica que defendia ser possível a "cura gay"].
Tinha grupo que colocava os meninos em como se fossem casas de recuperação. No meu ministério, não trabalhamos com esse fundamentalismo tão opressor. De certa forma, o que eu fazia era mostrar a graça de Deus para meninos e meninas que queriam renunciar à sexualidade por conta da fé. Era uma mistura de psicanálise e teologia.
Eu me tornei palestrante do Exodus. O primeiro seminário de sexualidade da igreja do Silas Malafaia fui eu quem fiz. Minha ex-esposa estava até junto, ela e nossa filhinha adotiva, que devia ter um ano e pouquinho.
Até o dia em que, no aeroporto de Viracopos, eu estava tomando meu café e veio uma pessoa. No fim daquela conversa, me deu o número do telefone. Passei a gostar afetivamente dele. Aquilo ficou no meu coração. Não consegui mais ter relação sexual com minha esposa nem ministrar sobre sexualidade. Entrei em crise.
O casamento parou ali, mas a gente empurrou por um tempo. Ficamos quase quatro anos sem ter nenhuma relação. Na crise, encontrei a igreja inclusiva [que não recrimina a comunidade LGBTQIA+] e passei a sentir a presença de Deus naquele lugar.
Entra uma nova crise. Peraí, como que uma igreja evangélica tem público gay? Tudo o que vivi não era verdade?
Fui para uma última reunião do Exodus. Pergunto o que os líderes tinham para refutar a teologia afirmativa. Para minha surpresa, nenhum deles tinha, de forma robusta, conhecimento sobre ela.
Essa teologia trata a leitura bíblica de forma histórico-crítica. Quando o texto bíblico fala "não se deite um homem com outro", estou olhando para ele de forma literal. A teologia afirmativa reconhece o fator histórico, considera em que época aquilo foi escrito. Se eu fizer uma leitura literal da Bíblia, então vou ser a favor da escravidão, por exemplo.
Voltei querendo conhecer mais profundamente a teologia afirmativa. Só que me decepcionei com a igreja que eu estava conhecendo naquele momento. Pastores casados deram em cima e, para mim, foi um choque. Era uma questão mais moral, tipo, se já está casado, por que precisa de uma outra pessoa?
Fui para Curitiba com uma psicóloga que fazia "cura gay". Ela tentou fazer uma modelagem. Eu tinha que andar com o marido dela, tinha que capinar, porque ele estava fazendo horta. Meu pai [o pastor] pagava para eu estar lá.
Eu não podia nem usar a internet. Fiquei dez dias e fui embora. Voltei para o casamento.
O que me fez deixar a igreja fundamentalista foi ela [a ex]. Disse assim: "O que estou fazendo? Não posso acabar com a vida dela". Ela era uma pessoa jovem que poderia casar novamente.
Fui indo numa outra, onde me fortaleci em relação à afirmação [da homossexualidade]. Aí o conheci [Daniel, seu marido]. Depois de um tempo, a gente foi para a Betesda, uma igreja heteronormativa que virou afirmativa.
Fomos neste ano para a Igreja Batista Soul Livre porque vimos a necessidade de um auxílio maior para a nossa comunidade LGBTQIA+, para ajudar essas pessoas a continuar com fé em Deus de uma forma saudável, sem fundamentalismo.
Não acredito mais nesse Deus punitivo. Jesus Cristo morreu para salvar o mundo, não para condenar. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
27 de dezembro- O Santo do dia
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São João Evangelista
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
A partir do dia 25 de dezembro entramos no período litúrgico denominado como Oitava do Natal, que são oito dias como se fosse um só. Ou seja, o Natal é tão importante que não pode ser celebrado em um dia só, mas se estende por oito dias. É como se a cada dia desses oito dias fosse Natal, e podemos desejar uns aos outros um Santo e Abençoado Natal. É um período de grande alegria, pois o Emanuel, o Deus conosco, o Príncipe da Paz, está no meio de nós. Após a Oitava do Natal, que se encerra no dia 1º de janeiro, continua o tempo do Natal, que segue até a festa do Batismo do Senhor.
O período da Oitava do Natal é especial, pois, conforme dissemos, celebramos em primeiro lugar o nascimento de Jesus, o grande mistério da Encarnação, mas praticamente em todos os dias da Oitava celebramos a festa de um santo. No dia 26 de dezembro celebramos a festa litúrgica de Santo Estevão; no dia 27, celebramos São João Evangelista; no dia 28, os Santos Inocentes; neste ano, no domingo dia 29, a Festa da Sagrada Família; e, por fim, no dia 1º de janeiro, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.
Seria enriquecedor se pudéssemos participar da Santa Missa todos os dias do período da Oitava do Natal, pois, afinal de contas, conforme dissemos, cada dia é Natal. E, em cada dia, a celebração de um santo em especial. Cada um desses santos tem uma particularidade com a vida de Jesus. Santo Estevão foi o primeiro mártir; São João foi apóstolo e evangelista; os Santos Inocentes não puderam se defender e morreram ainda recém-nascidos, em sua maioria, por maldade de Herodes; na Sagrada Família recordamos que o Messias teve uma família aqui na terra e nasceu pelo seio de Maria; e, no dia 1º de janeiro, recordamos Nossa Senhora como a Mãe de Jesus e Mãe de Deus, quando comemoramos também o Dia Mundial da Paz, neste ano o 58º.
São João Evangelista foi um dos doze apóstolos de Jesus, considerado o discípulo amado, um dos mais jovens entre os doze. Foi a João Evangelista que Jesus, na agonia da Cruz, entregou a sua Mãe para que João cuidasse. João e Maria estavam aos pés da cruz, e Jesus, ao entregar sua Mãe a João, entrega-a a todos nós. João acolhe Maria consigo e cuida dela até ela subir ao céu.
João segundo algumas tradições, morreu de velhice, uma morte natural, quando tinha noventa e quatro anos. João, além de ser o autor do quarto Evangelho, escreveu também três cartas. Nesses escritos, João revela, sobretudo, o amor de Deus por nós, manifestado em Jesus Cristo. Um dos escritos mais famosos de João, além de seu Evangelho, é o livro do Apocalipse de São João.
Não podemos confundir João Evangelista com João Batista, pois são diferentes. Ambos viveram em tempos um pouco distintos. João Batista é o primo de Jesus, o precursor, que preparou o caminho para a chegada de Jesus. Já João Evangelista foi o discípulo amado de Jesus e o autor do Evangelho e das cartas. A festa de São João Batista comemora-se duas vezes: no dia 24 de junho, o nascimento, e no dia 29 de agosto, o martírio. Já João Evangelista veio posteriormente, escolhido como apóstolo de Jesus, e celebra-se a sua festa litúrgica no dia 27 de dezembro. Os dois têm uma grande importância na história da salvação, mas aparecem em momentos diferentes dessa história.
João seria o mais novo dos doze apóstolos, com provavelmente cerca de vinte e quatro anos de idade quando foi chamado por Jesus. Consta que seria solteiro e vivia com os seus pais em Betsaida. Nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos. Era pescador de profissão, consertava as redes de pesca. Trabalhava junto com seu irmão Tiago Maior e em provável sociedade com André e Pedro, todos apóstolos.
O nome de João significa “Deus misericordioso”. Trata-se de uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. João, sobretudo, anunciava a face desse Deus misericordioso, que nos revelou o seu Filho, Jesus Cristo, a fim de nos salvar e resgatar aqueles que andavam nas trevas do pecado.
João esteve presente em momentos marcantes da vida de Jesus, por isso era considerado o discípulo amado. No episódio da transfiguração no Monte Tabor, Jesus chama Pedro, Tiago e João. Na Santa Ceia, quem reclina a cabeça no peito de Jesus é João. E, no momento da agonia de Jesus na Cruz, foi o apóstolo que esteve presente até os últimos momentos de Jesus, ao lado da Virgem Maria, enquanto os outros fugiram. João é sempre o homem da elevação espiritual, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filhos do trovão”.
O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos: em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia apóstolos que sobrevivessem. É de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião de mais de 90 anos, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, o tinha visto com os próprios olhos, o tinha tocado com as próprias mãos, o tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.
São João, já no auge de sua velhice, se deparou com uma perseguição por parte do Império Romano à Igreja de Cristo e aos cristãos. Alguns desses fatos são até relatados no livro do Apocalipse. Além dessas perseguições, ainda havia muitas heresias que desencadearam o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo. São João só não foi assassinado ou preso pelo Império, primeiro por graça de Deus e, segundo, porque soube se refugiar e ficar recluso na Ásia.
Completada a sua jornada aqui na terra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem sabermos uma data exata. Foi no fim do primeiro século ou no início do segundo século, no tempo do imperador Trajano (98–117 d.C.).
Portanto, celebremos com alegria a festa de São João Evangelista nesse dia 27 e peçamos a Deus que, por intercessão desse grande santo da Igreja, possamos defender até o fim nossa Igreja Católica e, da mesma forma, defender a nossa fé. Aprendamos do apóstolo a nutrir o amor a Jesus e à Virgem Maria, e que eles nos guiem no caminho do bem.
Que o Espírito Santo, que sempre faz novas todas as coisas, nos faça seguir os passos de Jesus e ouvir a sua voz, tornando-nos fiéis à sua missão. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Como os nazistas tentaram se apropriar de 'Noite feliz', uma das canções natalinas mais conhecidas no mundo
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Como os nazistas tentaram se apropriar de 'Noite feliz', uma das canções natalinas mais conhecidas no mundo
Ideólogos e propagandistas do Terceiro Reich reescreveram diversas canções natalinas, incluindo uma das mais famosas
Os nazistas tentaram se apropriar do Natal e não hesitaram em tentar substituir Jesus por Hitler - Getty Images
BBC News Brasil
"Noite feliz, noite feliz
Todos dormem
Entre as estrelas que espalham sua luz
Apenas o Chanceler permanece em guarda
Vigiando e protegendo o futuro da Alemanha
Noite feliz, noite feliz
Adolf Hitler é a estrela da Alemanha
E nos mostra grandeza
E nos dá luz
E nos dá luz."
Pode parecer uma piada de mau gosto, mas não é.
Esta versão nazista da clássica canção de Natal "Noite Feliz", apresentada pela primeira vez há mais de dois séculos, existiu e foi apresentada durante o Natal na Alemanha e nos países e territórios ocupados pelos exércitos do chamado Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial.
A nova versão fazia parte da estratégia do regime de Adolf Hitler de se apropriar da celebração religiosa e transformá-la em mais uma arma no vasto arsenal ideológico e de propaganda com o qual assegurava o controle social da população.
Natal, mais uma vítima
Os nazistas não foram os primeiros a colocar o Natal na mira.
"As ideologias totalitárias não aceitam ter qualquer tipo de rival. A história mostra que todos os regimes totalitários procuraram proibir as celebrações religiosas ou tentar cooptá-las", explica o historiador canadense Gerry Bowler à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
"Os jacobinos durante a Revolução Francesa, os bolcheviques na Rússia e até mesmo os revolucionários mexicanos viam a religião como uma ameaça a seus interesses e a combatiam", acrescenta o autor de "Papai Noel - uma biografia".
Bowler lembrou que "os líderes soviéticos tentaram abolir o Natal, e depois optaram por concentrar todas as comemorações na época do Ano Novo".
No entanto, desde o período entre guerras, o Natal na Alemanha já vinha sendo alvo de sérios ataques, não dos nazistas, mas dos comunistas e social-democratas.
"Os propagandistas do SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha) retrataram repetidamente o Natal como um exemplo de exploração burguesa, e usaram o solstício de inverno como uma metáfora da "nova vida e do novo ser" que se seguiriam à revolução socialista", diz o historiador americano Joe Perry, que também estudou as tentativas nazistas de se apoderar da festividade.
Por sua vez, os comunistas não hesitaram em atacar as tradicionais feiras de Natal, e impedir qualquer tipo de celebração religiosa em público.
Este clima permitiu que os nazistas se tornassem defensores da festividade religiosa em um primeiro momento, e depois começaram a usá-la para fins de propaganda.
Um exemplo disso foi a carta publicada em 1925 pelo futuro ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, em vários meios de comunicação pró-nazismo, na qual ele acusava os comerciantes judeus pela mercantilização excessiva do Natal.
"Para os judeus, a celebração mais íntima do cristianismo é apenas uma oportunidade para um grande golpe", ele escreveu.
Em seguida, comparou as lojas de departamento de propriedade de judeus a "bazares orientais" que exploravam "os pobres volksgenossen (camaradas) alemães".
Sepultando o menino Jesus
Quando os nazistas chegaram ao poder na Alemanha, no início de 1933, eles mudaram de estratégia.
"Primeiro, eles tentaram se apropriar do Natal colocando figuras e símbolos nazistas nas árvores, nas decorações e nas feiras de Natal, ou incentivando as mulheres a preparar biscoitos em forma de suástica", conta Bowler.
"Mas quando eles conseguem ganhar poder total, seus objetivos se tornam mais ambiciosos, e eles querem nazificar o Natal, e gradualmente paganizá-lo, eliminando todos os elementos religiosos da celebração, incluindo o menino Jesus", ele acrescenta.
E para atingir este objetivo, eles contaram com a ajuda de intelectuais e até mesmo de alguns religiosos, revelou Perry em seu livro "Christmas in Germany: a Cultural History" ("Natal na Alemanha: uma história cultural", em tradução livre).
"O pastor cristão alemão Wilhelm Bauer, em seu livro de 1935 Celebrações para cristãos alemães, ofereceu o roteiro para uma celebração 'germanizada'", afirma Perry, que é professor de história europeia moderna na Universidade da Geórgia, nos EUA.
"O texto descrevia o Natal como a ocasião em que uma 'estrela da manhã' surgia da escuridão em 25 de dezembro, mas omitia qualquer referência a Belém, José, Maria ou até mesmo Jesus", revela.
O processo de nazificação da celebração incluiu a reformulação das canções natalinas mais populares.
Noite feliz foi uma das que tiveram este destino. Assim, no início da década de 1940, todas as referências a Jesus na canção foram substituídas por menções a Hitler.
"Os nazistas se esforçaram muito para colonizar as canções de Natal", diz Perry, que observou que, entre 1920 e 1945, dezenas de músicas natalinas foram reescritas ou escritas por simpatizantes do partido.
O motivo?
"As canções de Natal ultrapassavam a fronteira entre o público e o privado. Os alemães cantavam em casa, é claro, mas também durante os cultos religiosos, em festas com amigos, em celebrações em grupo e em noticiários e transmissões de rádio", explica.
"Os nazistas sabiam do impacto emocional que elas geravam."
A modificação da música não ficou sem resposta por parte dos Aliados. Assim, no Natal de 1941, o então presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, e o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, cantaram a versão original após uma reunião de cúpula na Casa Branca para planejar suas ações contra a Alemanha nazista.
Um símbolo
"Noite Feliz" não é uma canção de Natal qualquer, mas uma das mais populares nos países de língua alemã.
A música - cuja letra foi escrita pelo sacerdote austríaco Joseph Mohr, e a melodia composta pelo professor e organista Franz Xaver Gruber - foi tocada pela primeira vez na véspera do Natal de 1818, no vilarejo de Obendorf, perto de Salzburgo, na Áustria, enquanto o continente europeu se recuperava da devastação das guerras napoleônicas.
"O fato de conhecermos "Noite Feliz" hoje é um milagre, porque ela foi criada para uma comunidade muito pequena", explica o músico venezuelano César Muñoz, em um vídeo que dedicou à obra.
A bela canção começou a se propagar, de boca em boca, pelos vilarejos vizinhos até chegar à corte imperial austríaca e, de lá, se espalhou para outras cortes, afirma o especialista.
No entanto, como o manuscrito original ficou perdido por décadas, a identidade de seus autores era desconhecida. Somente em 1995, quando o documento foi encontrado, foi possível constatar que Mohr e Gruber eram seus criadores.
Oito décadas antes, a música estava no centro de um evento inédito e sem precedentes que, de acordo com especialistas, acabaria popularizando-a: a trégua de Natal.
"Em 24 de dezembro de 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, todos os soldados, a partir de suas trincheiras, cada um em seu idioma, cantaram juntos a canção de Natal, decretando aquela como uma noite feliz", lembra Muñoz.
Em 2011, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) a declarou como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Uma fé para os fracos
Durante o nazismo, vários de seus dirigentes e ideólogos consideraram que as medidas para cooptar o Natal eram insuficientes - e que era necessário ir além.
"A SS (polícia nazista) queria paganizar completamente a celebração, e até propôs mudá-la de 25 de dezembro para 21 de dezembro, dia do solstício de inverno, e assim associá-la a antigos deuses germânicos, como Wotan, eliminando o menino Jesus e São Nicolau como personagens que trazem presentes para as crianças", explica.
Mas qual era o problema dos nazistas com o Natal? Bowler argumenta que a raiz do conflito não estava na festividade em si, mas no cristianismo como um todo.
"Hitler e Mussolini consideravam o cristianismo uma religião para os fracos", explica o historiador, lembrando que o fato de Jesus ser judeu e ter se deixado crucificar por líderes religiosos judeus não era bem visto pelos ideólogos fascistas.
"O fascismo diz respeito à força e imposição da vontade. E, por isso, Cristo devia ser retirado do Natal e substituído por divindades pagãs", acrescenta.
Isso, apesar do fato de que, em 1921, em um comício realizado em uma cervejaria de Munique, o próprio Hitler condenou "os judeus covardes por pregarem o salvador do mundo na cruz".
As manobras nazistas não agradaram aos líderes religiosos, que clandestinamente instruíram seus ministros e sacerdotes a continuar realizando as celebrações de Natal como eram tradicionalmente, e a ignorar as mudanças aprovadas pelo governo.
Alguns até se opuseram publicamente.
"Um sacerdote ameaçou excomungar as mulheres que se juntassem à Liga Nacional Socialista das Mulheres (uma das organizações do partido nazista)", lembra Perry.
Os fiéis seguiram o exemplo, diz Bowler, que atribui a estas resistências cotidianas e silenciosas a capacidade de a celebração ter sobrevivido a esse período.
"O Natal estava arraigado demais na sociedade alemã", afirma.
"Pode-se dizer que a Alemanha é um dos países que mais amam o Natal, porque muita música foi produzida lá, e tradições hoje globais, como a árvore de Natal e a guirlanda de Natal, surgiram lá. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Solenidade do Natal do Senhor.
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Missa da Noite
“Nasceu hoje para nós o Salvador, o Messias que é o Cristo, Senhor” (Sl 95,96)
Chegamos à grande celebração da Noite do Natal do Senhor, depois de um período de quatro semanas do tempo do Advento em que vivemos a expectativa da chegada do Messias, nesta noite Deus Pai nos presenteia com a chegada do seu Filho. O desejado, o esperado, por todas as nações, o Deus conosco, o Emanuel, o príncipe da paz. São as diversas expressões para exaltar a grandeza de Deus, que revelou o seu Filho a todos nós. Um Deus que quis se fazer homem, habitar entre os homens para indicar o caminho da paz.
O Verbo se fez carne e habitou entre nós, a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus, desde a criação do mundo, Deus usou da Palavra para criar o universo e depois essa Palavra se fez carne a partir do Sim de Maria e habitou entre nós. Nesta noite Santa somos chamados a voltar o nosso olhar para a manjedoura e adorar o rei dos reis. Ao olhar o menino Jesus na manjedoura podemos nos voltar para a Cruz, pois, Ele veio ao mundo para nos salvar do pecado através da morte de Cruz.
Na celebração do Natal do Senhor comemoramos o seu nascimento para essa vida terrena, e na Páscoa a nossa redenção eterna. O mesmo acontece conosco em cada aniversário comemoramos o nosso nascimento para esse mundo e quando morremos nascemos para a vida eterna. A celebração do Natal tem o seu grau de importância, mas a festa central do calendário cristão é a Páscoa.
Seria importante participarmos da celebração da missa antes de ir para casa cear com a família e confraternizar. Sobretudo recordar o verdadeiro sentido do Natal que é celebrarmos o nascimento de Jesus, o Verbo que se fez carne.
Na noite Santa do Natal somos convidados a entoar novamente o hino do Glória, agradecendo ao Senhor por nos ter presenteado com a vinda de seu Filho no meio de nós. O hino do Glória não foi entoado ao longo das quatro semanas do advento para que fosse reservado para entoarmos com grande alegria nessa noite santa. Podemos nos unir ao coro dos anjos e proclamar: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados”. Jesus já nasceu há mais de dois mil anos em Jerusalém, mas agora Ele deve nascer em nosso coração. Celebremos essa noite com gratidão no coração, a mesma gratidão que nutria a Virgem Maria e São José.
Peçamos a Deus que, nesta Noite Santa, o menino Jesus nos traga a paz. Paz nas famílias, no nosso país, no mundo, que enfrenta duas grandes guerras. No Natal as desavenças devem ser superadas e as famílias devem se unir em torno do presépio. Jesus é a causa de nossa alegria, por isso, se Ele nasceu essa noite deve ser alegre.
Existe um cântico entoado na Igreja ao longo do tempo do Natal que diz: “É natal de Jesus, festa de alegria, esperança e luz”. Que neste Natal o menino Jesus nos encha de alegria, de esperança em dias melhores e ilumine com a sua Luz as trevas. Sejamos missionários e levemos a alegria que vem de Jesus para os entristecidos, agradeçamos a Deus o dom da nossa vida.
Podemos inclusive levar a Palavra de Deus para aqueles que ficaram em casa e para os familiares que vamos encontrar na ceia, e antes de comer, confraternizar e entregar presentes, proclamar o Evangelho preparado para esta noite, rezar um Pai Nosso e pedir para a criança menor da família colocar o menino Jesus na manjedoura. Dessa forma celebraremos verdadeiramente o Natal.
A primeira leitura da missa desta noite é do profeta Isaías (Is 9, 1-6), Isaías anuncia aquilo que aconteceria a partir do nascimento de Jesus Cristo. Isaías estava no contexto do exílio da Babilônia e o povo encontrava-se triste e desanimado. Isaías diz que o povo que andava na escuridão viu uma grande luz e para aqueles que andavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu, a tristeza deu lugar a alegria. As trevas representam a escuridão e o pecado, e Cristo vem iluminar as trevas e nos redimir do pecado. Naquele momento o povo voltava de um período de escuridão e de pecado que era o exílio da Babilônia e de agora em diante o povo voltou para a sua terra, sob a luz do Senhor, com o propósito de não pecar mais, Deus se propõe a selar uma aliança eterna com esse povo.
O menino que vai nascer restabelecerá a aliança rompida pelo povo e selará uma aliança eterna entre a humanidade e Deus. Ele há de ser o príncipe da paz, conselheiro admirável, Deus forte. Ele anunciará a paz e o seu reinado será sobretudo em prol dos humildes, pregará a justiça e a paz.
O salmo responsorial é o 95 (96), o refrão desse salmo vai de encontro com o que ouvimos na primeira leitura e com o que celebramos nessa noite e diz: “Nasceu hoje para nós o Salvador, o Messias que é o Cristo, Senhor.” O Messias era esperado há muito tempo por todo o povo judeu, eles esperavam que o Messias viria como um forte guerreiro, mas ao contrário, o Messias veio pobre e humilde, a fim de reconduzir todos para Deus e ensinar o caminho do amor. Entoemos um cântico de louvor ao Senhor nessa Noite Santa.
A segunda leitura é da carta de São Paulo a Tito (Tt 2, 11-14), Paulo diz a Tito que a graça de Deus se manifestou sobre todos nós, pois Deus nos presenteou com o nascimento de seu Filho. A morte de Cristo na Cruz foi para selar a aliança entre Deus e a humanidade e para redimir a humanidade do pecado. Foi um sinal da graça e da misericórdia de Deus. Jesus nasceu uma vez em Jerusalém, nessa noite Ele deverá nascer em nosso coração. Na celebração do Natal um mistério nos aponta para o outro, ou seja, o nascimento de Jesus nos aponta para a morte na Cruz que iremos celebrar dentro de alguns meses. Temos que olhar a manjedoura sem deixar de contemplar a Cruz. Cabe a nós agora, aguardar a segunda vinda de Cristo, que não sabemos quando será, mas estejamos em constante oração e vigilância.
O Evangelho desta Noite Santa é de Lucas, (Lc 2, 1-14), esse trecho do Evangelho de Lucas relata quando José e Maria foram até a sua cidade Natal a fim de registrarem-se como moradores, e cumprir o decreto do imperador Cesar Augusto. Eles subiram de Nazaré, na Galileia, para Belém na Judéia, por serem da descendência de Davi.
Aconteceu que enquanto subiam completou-se o tempo da gravidez de Maria e Ela deu à luz ao seu Filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. Não havia lugar para o Filho de Deus nascer, e Jesus nasce em uma estrebaria, ou seja, local que se guardava os animais. O Filho de Deus nasce humilde para mostrar a humanidade que não importa o ter e o poder, mas sim o amor. O Filho de Deus tinha que nascer assim, para mostrar a humanidade que o reino de Deus não se constrói através de guerras e espadas, mas se constrói no silêncio, na humildade e no amor.
Podemos ainda, a partir desse Evangelho lançar para nós mesmos, em nosso interior a pergunta: Será que nos dias de hoje, Maria e José encontrariam lugar para o seu filho nascer? Em nossa casa, na nossa família tem espaço para abrigar a Sagrada Família? Nessa noite abramos as portas de nossa casa para acolher o menino Jesus. Por isso, antes de confraternizar, ceiar, comer, trocar e presentes façamos um momento de oração diante do presépio para tornar essa noite especial.
Os pastores que habitavam aquela região, ao verem no céu uma estrela diferente se perguntaram o que seria aquilo. Um anjo do Senhor lhes aparece e diz para eles não terem medo e lhes anuncia uma grande alegria. Naquela mesma noite na cidade de Davi nasceu um Salvador, que é o Cristo Senhor. Eles vão até o local e encontram tudo conforme o anjo lhes tinha dito, encontram o menino envolto em faixas e deitado na manjedoura.
Celebremos com alegria essa noite Santa do nascimento de nosso Salvador, Jesus Cristo. Que nessa noite não nos esqueçamos que o centro da festa, que é Jesus Cristo. Elevemos aos céus um pedido pela paz nessa noite, e que o Messias que nasceu em Belém traga a paz para todos os povos e que cessem as guerras. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Biden comuta 37 condenações à morte em prisão perpétua. Nestes dias, o apelo do Papa
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O presidente cessante dos Estados Unidos anunciou que os condenados à morte em prisões federais terão as suas penas reclassificadas, passando da execução para prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. O Papa Francisco, que manteve uma conversa telefônica com o líder dos EUA nos últimos dias, lançou um apelo à oração pelos prisioneiros no corredor da morte no país. Apelo apoiado por bispos e associações humanitárias dos EUA
Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
A oração do Papa foi atendida. Trinta e sete homens e mulheres no corredor da morte nos EUA terão as suas sentenças comutadas de execução para prisão perpétua. O anúncio foi feito pelo presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, no domingo 23 de dezembro, às vésperas do Natal e da abertura do Jubileu, segundo um comunicado da Casa Branca que refere que estes indivíduos terão as suas penas reclassificadas para prisão perpétua, sem a possibilidade de liberdade condicional.
A nota da Casa Branca
A mesma nota da Casa Branca - sublinhando que Biden “acredita que a América deve acabar com o uso da pena de morte em nível federal, exceto em casos de terrorismo e assassinatos em massa motivados pelo ódio” - explica que “esta histórica ação de clemência baseia-se na reforma da justiça criminal pelo presidente." No início de dezembro, Biden já havia anunciado comutações de sentenças para aproximadamente 1.500 estadunidenses que “demonstraram uma reabilitação bem-sucedida e um compromisso em tornar as comunidades mais seguras”. Estas incluíram 39 indultos para indivíduos condenados por crimes não violentos.
O apelo de Francisco no Angelus
A decisão do líder democrático, poucos dias antes do final do seu mandato, surge depois do veemente apelo do Papa Francisco no Angelus da Imaculada Conceição de 8 de dezembro, quando, dirigindo-se a todos os fiéis presentes na Praça de São Pedro e conectados via streaming, pediu para “rezar pelos prisioneiros que estão no corredor da morte nos Estados Unidos”. “Rezemos – disse o Papa – para que a sua pena seja comutada, alterada. Pensemos nestes nossos irmãos e irmãs e peçamos ao Senhor a graça de os salvar da morte."
O compromisso dos bispos e das associações
As palavras de Francisco – que sempre reiterou a inadmissibilidade da pena de morte, alterando mesmo o Catecismo da Igreja Católica neste ponto – foram imediatamente acohidas e relançadas pela USCCB, a Conferência Episcopal católica dos EUA, que pediu a todos os crentes nos EUA para unirem-se para pedir ao presidente Biden para comutar para prisão perpétua as sentenças de morte daqueles que estavam detidos no corredor da morte em prisões federais.
Antes dos bispos, a Catholic Mobilizing Network (Cmn), organização católica nacional que luta pela abolição da pena capital nos Estados Unidos, iniciou uma campanha para comutar as sentenças de 40 pessoas. A diretora executiva, Krisanne Vaillancourt Murphy, enfatizou que era a única e última oportunidade para Biden abraçar o ensino católico e salvar a vida dessas pessoas. O compromisso da associação chegou ao Papa que o relançou em nível global. Fonte: https://www.vaticannews.va
Telefonema Papa – Biden
Digno de nota, ademais, o telefonema de quatro dias atrás entre o Papa Francisco e Joe Biden, que, entre os vários temas abordados na conversa, agradeceu ao Pontífice pelo “seu trabalho de promoção dos direitos humanos”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco, 88, vê diminuir pressão sobre sua saúde e críticas de conservadores
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Aniversariante nesta terça (17), papa chega ao fim de 2024 mais ativo e com menos contestação a sua condução da Igreja
Francisco recebe bolo de uma jornalista no voo de volta a Roma após visitar a Córsega, na França, no último domingo (15); papa completa 88 anos nesta terça (17) - Alessandra Tarantino - 15.dez.24/AFP
Milão
O vigor exibido recentemente pelo papa Francisco tem sido uma surpresa para quem o considerava em curva mais descendente, entre problemas de saúde, críticas ferozes de opositores e boatos de renúncia. Não foi um 2024 fácil, especialmente devido ao contexto internacional, no qual o papa busca posicionar o Vaticano como mediador. Ao completar 88 anos, nesta terça-feira (17), ele dá sinais de que o pontificado pode não estar tão perto do fim.
Exceto por episódios de gripes no início do ano, que limitaram sua participação em eventos ligados à Páscoa, a saúde de Francisco se mostrou mais estável. Mesmo com a mobilidade restrita, manteve uma agitada agenda de audiências privadas e eventos com fiéis no Vaticano, além de três viagens internacionais, incluindo 11 dias no Sudeste Asiático e na Oceania.
Ao nomear 21 cardeais no último dia 7, ele apareceu com um hematoma no queixo, causado, segundo o Vaticano, por uma batida na mesa de cabeceira, mas que não prejudicou seu trabalho. Pelos próximos meses, Francisco estará envolvido com diversos eventos ligados ao Jubileu da Igreja, que ocorre a cada 25 anos e que será inaugurado por ele em Roma, no próximo dia 24.
"É um papa que tem alguns problemas de saúde, mas muitas pessoas gostariam de chegar aos 88 anos em seu estado. Salvo por acontecimentos surpreendentes, o fim do pontificado não parece tão próximo como alguns imaginam", diz à Folha Massimo Faggioli, professor de teologia histórica da Universidade Villanova, nos Estados Unidos. "Na minha opinião, ele não pretende renunciar por motivos de idade, não é sua intenção."
Os rumores sobre uma eventual renúncia diminuíram de volume, assim como as críticas públicas da ala mais conservadora, que se opõe a Francisco. Alguns críticos saíram de cena por questões de idade ou de saúde e outros se desmotivaram, diante da movimentação do papa para afastar temas espinhosos.
Momento eclesiástico mais relevante do ano, o Sínodo da Sinodalidade –a palavra vem do grego e significa "caminhar juntos"–, que debateu o futuro da Igreja ao longo de três anos, foi concluído com resultado positivo em outubro, mas sem atrair entusiasmo. Foi importante para instaurar uma dinâmica de discussões mais participativa, que, espera-se, vá continuar.
Já em relação ao papel das mulheres, de mais reconhecimento e participação em tomadas de decisão, Francisco preferiu não avançar. Subtraiu o debate sobre o diaconato feminino da pauta de trabalho de bispos e leigos e determinou que um grupo especial pesquise o tema até metade de 2025.
"É uma das questões sobre as quais Francisco não mostra um crescimento de compreensão durante o seu pontificado. Permaneceu com uma linguagem bastante paternalista e caricatural", diz Faggioli, citando situações em que o papa evoca a resposta "a igreja é mulher". "Para algumas igrejas, como nos EUA, na Austrália, na Alemanha e na França, é uma questão urgente e grave, na qual o sínodo ajudou muito pouco."
Para o professor, trata-se mais de uma característica geracional do que de uma posição ideológica. "Não é um conservadorismo; é um homem que nasce em 1936 na Argentina e que vive grande parte da vida como jesuíta. Acentuado pelo fato de que ele é um papa que trabalha muito sozinho. E isso, em certas questões, não é bom."
O ano também foi marcado por deslizes de linguagem de Francisco. Em maio, ele teria dito, em encontro com bispos italianos, que os seminários estão "cheios de viadagem". O Vaticano foi obrigado a pedir desculpas aos "que se sentiram ofendidos".
Em setembro, o alvo foram os médicos. "Um aborto é um homicídio", disse a jornalistas. "Os médicos que se prestam a isso são, permitam-me a palavra, sicários." Em nota, a federação italiana de cirurgiões respondeu que "essa delicada tarefa" é realizada na aplicação da legislação –no país, a interrupção voluntária da gravidez é legalizada desde 1978–, com respeito à saúde e à dignidade das mulheres.
A declaração sobre o aborto aconteceu na volta de uma visita oficial à Bélgica, em setembro, um dos momentos mais negativos do ano para Francisco. Diante de autoridades, o pontífice demonstrou despreparo para responder a cobranças por ações mais concretas contra abusos sexuais cometidos pelo clero e por mais poder às mulheres.
No plano diplomático, o modo de dizer do papa também causou tensões. Em um livro recém-publicado, afirma que, segundo alguns especialistas, "aquilo que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio", algo que, segundo ele, deveria ser investigado para determinar se de fato se enquadra na definição de organismos internacionais.
A embaixada de Israel junto à Santa Sé reagiu: "Qualquer tentativa de chamar essa autodefesa com qualquer outro nome significa isolar o Estado judeu".
A fala contribuiu para deteriorar a relação com parte do mundo judaico. "Isso se acumula a uma série de declarações que foram vistas por parte do judaísmo ortodoxo e do judaísmo político sionista como um papa que redescobriu e utiliza uma linguagem antijudaica", diz o professor Faggioli.
Em relação à Guerra da Ucrânia, houve mais equilíbrio em relação aos primeiros meses de conflito, quando Francisco buscava transmitir equidistância, nem sempre tratando a Rússia como agressora. Embora persista a recusa em se mostrar como antirrusso, há um apoio moral mais claro à Ucrânia. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
3º- Domingo do Advento: As propinas de cada dia e João Batista
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Provocações de São João Batista
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
Durante o Tempo do Advento a Igreja nos oferece três companhias preciosas. É um período em que se lê muito o Profeta Isaías, por sinal um livro que pode ser conhecido integralmente com muito proveito, nesta quadra do ano litúrgico. Depois, a grande figura de São João Batista, a quem foi dado preparar os caminhos mais próximos da manifestação do Messias. João abriu estradas para o Jesus adulto, no início de seu ministério público. Depois, diante da Luz verdadeira que vem a este mundo, foi desaparecendo, até perder a cabeça, sendo imolado por causa da verdade! Mais ainda, irrompe a figura da Virgem Maria, que vai ocupar o espaço litúrgico e de nossa oração, de modo especial na última semana antes do Natal. Como gostamos de insistir, Jesus virá nos últimos tempos que nos fazem clamar “Vinde, Senhor Jesus” em todas as Missas, ele vem em nosso dia a dia nas múltiplas manifestações com que nos brinda, e ele veio, nascido em Belém de Judá, cujo memorial celebramos no Tempo do Natal!
Para iluminar nossa vivência do Advento, é oportuno notar que quando irrompe diante de nossos olhos uma novidade, surgem com ela as interrogações e provocações a uma reação. Pensemos nas guerras de nossos dias, as convulsões políticas que acompanhamos recentemente e nossa violência ou as escandalosas desigualdades sociais que assistimos. Também os fatos mais corriqueiros, positivos ou negativos, podem ser compreendidos como sinais que pedem nossa resposta, tanto que um mínimo de consciência pessoal e social causa indignação quando se espalha a indiferença e a insensibilidade. Passar pela rua e ver um acidente de trânsito suscita curiosidade, dela se vai à pergunta sobre as causas, verifica-se a ocorrência de ajuda às pessoas envolvidas, provoca-se a coragem de parar e perguntar se se pode fazer algo. É um processo que pode durar segundos ou horas, mas faz parte de nossa humanidade desejar envolver-nos e participar, responder com gestos concretos aos fatos que nos cercam.
Diante do fato mais significativo de toda a história, o mistério do Verbo de Deus encarnado, em torno do qual gira o tempo, não é possível ficar indiferentes. Ao preparar a estrada do mundo e dos corações para a manifestação de Jesus Cristo, seu precursor João Batista (cf. Lc 3,10-18) suscitou na multidão a pergunta que muda a vida: “Que devemos fazer?” Nos tempos que correm, quando a humanidade deve, de novo, dar as boas-vindas ao Menino de Belém de Judá, nosso Senhor Jesus Cristo, Redentor da humanidade, repete-se a mesma interrogação. Das respostas dadas por João Batista, colhemos indicações precisas e atuais.
Prepara-se a vinda de Jesus e se estabelece o clima para com ele conviver, quando quem “tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Existem no mundo recursos para uma vida digna de todos os seus habitantes. A natureza pode oferecer o necessário para alimentar sua população. São conceitos de uma “demografia” diferente, que parte da partilha e da comunhão, semelhante à coleta feita por São Paulo: “De fato, quando existe a boa vontade, ela é bem aceita com aquilo que se tem; não se exige o que não se tem. Não se trata de vos pôr em aperto para aliviar os outros. O que se deseja é que haja igualdade: que, nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria deles e, por outro lado, o que eles têm em abundância complete o que acaso vos falte. Assim, haverá igualdade, como está escrito: Quem recolheu muito não teve de sobra, e quem recolheu pouco não teve falta” (2 Cor 8,12-15). Fala-se tanto de uma crise mundial, e não poucos alertam para sua possível chegada às nossas plagas, e chegará mesmo, porque a era do individualismo, da ganância e do consumo descontrolado veio na frente. Independente das eventuais crises, realiza-se como pessoa humana quem se lança na aventura da partilha e da comunhão! Não fique sem reação o apelo constante do Papa Francisco por uma mudança de mentalidade e de prática na administração dos bens das pessoas, dos governos e dos povos!
E a palavra de João Batista se torna atual também em outras circunstâncias:
“Produzi frutos que mostrem vossa conversão, e não comeceis a dizer a vós mesmos: ‘Nosso pai é Abraão!’, pois eu vos digo: Deus pode das pedras suscitar filhos para Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” Conversão significa mudar de rota, escolher caminhos novos! Como acontece com organizações da sociedade que no final do ano avaliam suas atividades, mais motivos temos nós, pela ação do Espírito Santo, para fazer um corajoso exame de consciência e projetar os nossos passos de crescimento na vida cristã, contando também com as graças do Jubileu da Esperança, que se aproxima.
Como “até alguns publicanos foram para o batismo e perguntaram: ‘Mestre, que devemos fazer?’, João respondeu: ‘Não cobreis nada mais do que foi estabelecido.’” Se existe um mal a ser corrigido em nosso tempo, como em quase toda a história da humanidade, é a corrupção e o uso indevido das verbas públicas! Não é segredo para ninguém saber da quantidade de dinheiro que escapa pelo ralo em nosso tempo, e como até figuras de proa por este país afora encontram formas para receber propinas! E, por falar em dinheiro, podemos voltar ao assunto da partilha do pão, para observar o que se publica frequentemente sobre o desperdício de alimentos, dando conta que já seria suficiente para resolver o problema da fome a reversão de tal tendência!
Extremamente atual a recomendação de João, quando “alguns soldados também lhe perguntaram: ‘E nós, que devemos fazer?’ João respondeu: ‘Não maltrateis a ninguém; não façais denúncias falsas e contentai-vos com o vosso soldo’”. Parece um trecho de noticiário de nossos dias! Conversão é coisa para todos e para todas as profissões e os diversos estados de vida!
Renovamos a proposta já apresentada neste Advento de uma arrumação geral da casa de nossa vida, nossas Comunidades, nossas Paróquias e de toda a Igreja, para clamarmos com autenticidade: “Vinde, Senhor Jesus!” Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terceiro Domingo do Advento: Um Olhar de Alegria
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Como e onde encontrar a alegria?
Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)
Já ouvimos comentários sobre a sociedade do cansaço. Somos construtores de uma sociedade desvirtuada da essência da vida e partimos para a produção na ilusão de que o quanto mais se tem mais se realiza na vida. Cansamos e não vivemos. O modo do trabalho de hoje está mal conduzido, pois, trabalhamos muito e pouco sobra. Nos estressamos e perdemos a alegria de viver. O trabalho, quando se torna fonte de justiça, equilibramos as relações e descobrimos a beleza do trabalho como dom, criatividade, alegria, sustentação, harmonia na vida.
O povo hebreu ao sair do exílio, exulta de alegria e canta as maravilhas da presença do Senhor que os libertou da escravidão: “Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, Sião, não te deixes levar pelo desânimo! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva; ele exultará de alegria por ti, movido por amor; exultará por ti, entre louvores, como nos dias de festa” (Sf 3,16-18). O caminho para encontrar a alegria é o amor e a justiça. A presença do Senhor sustenta e confirma o amor entre nós humanos. O Apóstolo Paulo exorta: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). Destacamos que a presença de Deus na vida é o caminho que equilibra as relações, justifica o acesso ao s bens necessários para educar em harmonia, fomentar a fraternidade e a solidariedade.
Estamos no Domingo da Alegria. A Palavra de Deus nos prepara para a vinda do Senhor. A preparação deve ser concreta e fiel. Voltar ao Senhor, escutar o que o Espírito nos diz e agir conforme a sua inspiração. É preciso dar tempo para que não caiamos no estresse da vida material, sobrepondo a dignidade humana. O que lucramos excessivamente perdemos no resgate da saúde mental, física e espiritual. Tempo de preparação para o Natal deve ser tempo de crescimento espiritual e resolver as relações humanas machucadas, sofridas, desgastadas.
O que devemos fazer? João Batista respondeu: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!… Não cobreis mais do que foi estabelecido.” Havia soldados que também perguntaram o que devemos fazer; ele lhes respondeu: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!” (Lc 3,10-18). A voz de João Batista deve ser ouvida neste Tempo do Advento, porque manda preparar os caminhos do Senhor. Eis o tempo da justiça, da verdade, da fraternidade, da mística do encontro. É lamentável que trocamos o tempo bonito do encontro da oração, da reflexão natalina e ficamos trancados, sufocados nas horas extras impedindo a pa rticipação da mística do encontro nos grupos de reflexão, da oração, da meditação para aliviar os sufocos das contas acumuladas. Nos estraçalhamos na sociedade do cansaço porque não temos mais tempo para a vida, para o Senhor que nos conforta, nos alivia e nos conduz para a dignidade humana.
Que saibamos nos organizar neste Tempo do Advento quando nos preparamos para receber o Menino Jesus em nossas famílias, em nossa vida e na comunidade com mais espiritualidade, liberdade, leveza e encanto. Que não desviemos o verdadeiro sentido do Natal nas trocas estressantes das coisas e perdemos a oportunidade de crescer na fé e na justiça.
Que as portas do Ano Jubilar, Peregrinos de Esperança se abram e nos faça caminhar ao encontro do Senhor que nos liberta de todo o cansaço e escassez na vida e busquemos o Senhor que se deixa encontrar. É isso que devemos fazer. Eis a verdadeira alegria. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terça-feira, 10 de dezembro-2024. Evangelho do dia- Lectio Divina. 2ª Semana do Advento - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que manifestastes o vosso Salvador até os confins da terra, dai-nos esperar com alegria a glória do seu natal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,12-14)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:12Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou? 13E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. 14Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Uma parábola não é um ensinamento a ser recebido passivamente e a ser decorado de memória, mas é um convite para participar na descoberta da verdade. Jesus começa perguntando: “O que vocês acham?” Uma parábola é uma pergunta com resposta não definida. A resposta vai depender da nossa reação e participação como ouvintes. Então, vamos buscar a resposta desta parábola da ovelha perdida.
Jesus conta uma história muito breve e muito simples: um pastor tem 100 ovelhas, perde uma, deixa as 99 nas montanhas e vai em busca da ovelha perdida. E Jesus pergunta: “O que vocês acham?” Ou seja: “Vocês fariam o mesmo?” Qual terá sido a resposta dos pastores e das outras pessoas que ouviram Jesus contar esta história? Fariam a mesma coisa? Qual a minha resposta à pergunta de Jesus? Pense bem antes de responder.
Se você tivesse 100 ovelhas e perdesse uma, o que faria? Não esqueça de que as montanhas são lugares de difícil acesso, cheios precipícios, onde rondam animais perigosos e onde ladrões e assaltantes se escondem. E lembre-se que você perdeu apenas uma única ovelha. Você continua na posse de 99 ovelhas. Perdeu pouco! Você iria abandonar as 99 naquelas montanhas? Será que uma pessoa com um pouco de bom senso faria o que fez o pastor da parábola de Jesus? Pense bem!
Os pastores que escutaram a história de Jesus, devem ter pensado e comentado: “Só um pastor sem juízo age desse jeito!” Eles devem ter perguntado a Jesus: “Jesus, desculpe, mas quem é esse pastor de que o senhor está falando? Fazer o que ele fez é uma loucura total!”
Jesus responde: “Esse pastor é Deus, nosso Pai, e a ovelha perdida é você!” Com outras palavras, esta loucura, quem a comete é Deus por causa do seu grande amor para com os pequenos, os pobres, os excluídos! Só mesmo um amor muito grande é capaz de cometer uma loucura assim. O amor com que Deus nos ama é maior que a prudência e o bom senso humano. O amor de Deus comete loucuras. Graças a Deus! Senão fosse assim, estaríamos perdidos!
4) Para um confronto pessoal
1) Coloque-se na pele da ovelha perdida e anime a sua fé e sua esperança. Você é essa ovelha!
2) Coloque-se na pele do pastor e verifique se o seu amor para com os pequenos é verdadeiro.
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sl 95, 1-2)
Quando a igreja tem dono e lucra, deve pagar imposto
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O que as disputas sucessórias na Lagoinha e na Bola de Neve nos ensinam sobre a fé como negócio?
Culto na Igreja Batista da Lagoinha, em São Paulo, logo após a pandemia de Covid-19 - Zanone Fraissat - 18.abr.21/Folhapress
Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros
Duas igrejas evangélicas famosas enfrentam escândalos públicos. Na Batista da Lagoinha, do clã Valadão, a disputa entre irmãos levou ao vazamento de áudios e trocas de indiretas no púlpito. Na Bola de Neve, durante o velório do fundador, pastores tentaram enganar a ex-esposa e herdeira para que abdicasse da presidência.
Além do ti-ti-ti sobre o mau exemplo dessas lideranças gospel, as disputas sucessórias nos convidam a examinar o fenômeno das "igrejas com dono". Como elas surgem? Como se diferenciam de outras comunidades de fé? E por que isso importa até para quem não é evangélico?
Mesmo entre cristãos, a ideia de igreja como negócio é vista com desconfiança e evoca imediatamente a Universal, do bispo Macedo. Mas o tema é mais interessante e complexo e não se limita às organizações que pregam a teologia da prosperidade ou operam como multinacionais.
Esse fenômeno tem se tornado mais comum até em igrejas tradicionais. Ele ocorre, por exemplo, em Assembleias de Deus, quando líderes como o pastor José Wellington ou o bispo Manoel Ferreira transferem a liderança de seus respectivos ministérios para os filhos. O mesmo se observa em igrejas históricas, como a Primeira Igreja Batista de Curitiba, comandada pela família Piragine.
A transição de uma entidade civil para uma organização de caráter proprietário é, em muitos casos, um processo orgânico.
O caso da Batista da Lagoinha é exemplar. O pastor Márcio Valadão não fundou a igreja, que durante décadas funcionou como uma congregação histórica ligada à Convenção Batista Brasileira, muito diferente da versão atual, com estética de "parede preta".
Como líder carismático, o pastor Márcio fez a igreja crescer por várias décadas. Esse longo envolvimento gera apego entre o líder e a comunidade de fé, que prefere a segurança de manter aquela família no comando a substituí-la por alguém novo. Ao mesmo tempo, o sucesso da igreja reflete-se no aumento de seu patrimônio, especialmente em infraestrutura.
O crescimento acelerado do número de evangélicos no Brasil não teria ocorrido sem a existência das igrejas com dono. Se o protestantismo chegou ao país por meio de missionários, hoje exportamos igrejas, inclusive inovações como a Cidade de Refúgio, fundada pelo casal de pastoras Lanna Holder e Rosania Rocha, voltada para a comunidade LGBT.
Esses experimentos atiçam a curiosidade. Qual a consequência de o fiel ser tratado como consumidor? E o que acontece quando a igreja se torna uma espécie de "academia de ginástica espiritual", um local para atingir objetivos como desenvolver resiliência ou ser mais produtivo? Isso importa para religiosos e pesquisadores.
Mas há um ponto que interessa à sociedade como um todo. É preciso separar igrejas que funcionam como condomínios ou sindicatos, geridas de forma transparente, e igrejas com dono, que geram lucro. Esse lucro é a raiz das disputas pela marca da Lagoinha e pela sucessão na Bola de Neve.
Tudo bem ganhar dinheiro, mas —como qualquer empresário— pague imposto. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Diocese de Uberlândia destitui Padre Fábio Marinho do ofício de Vigário Paroquial da Catedral Santa Teresinha
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Sacerdote afirma que afastamento foi a seu pedido para cuidar da saúde e após tratamento continuará seu ofício de padre da Igreja Católica Apostólica Romana
A Diocese de Uberlândia divulgou no final da manhã desta sexta-feira (8) em seu site oficial e perfis nas redes sociais uma nota oficial informando a destituição de Padre Fábio Marinho Borges do ofício de Vigário Paroquial da Paróquia Catedral Santa Teresinha do Menino Jesus. A nota, datada em 5 de novembro, é assinada pelo Bispo Diocesano, D. Paulo Francisco Machado, e pelo Chanceler do Bispado, Padre Douglas da Costa Nunes.
A nota completa divulgada no portal da diocese diz: “Visando sempre o bem do Povo de Deus, em nome da missão que recebemos do Senhor, considerando que o clérigo, ao ser ordenado, promete, entre as mãos do bispo, obediência ao seu bispo diocesano, em decorrência da contumácia na desobediência, após receber várias advertências, em conformidade com o cânon 1371 1 do Código de Direito Canônico, dou conhecimento público que por meio do Decreto 56/2024, Prot. O-029, datado do dia O5 de novembro de 2024, foi Destituído do Ofício de Vigário Paroquial da Paróquia Catedral Santa Teresinha do Menino Jesus, Padre Fábio Marinho Borges.”
Padre Fábio Marinho é teólogo, filósofo, psicanalista clínico e professor. Nas redes sociais possui 267 mil seguidores e é amplamente conhecido pelo amplo alcance dos vídeos que divulga em suas redes sociais. Nos vídeos ele aborda não só assuntos de religião, mas também sobre psicanálise e outros temas.
Em setembro deste ano Padre Fábio Marinho se envolveu em uma discussão com o vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio, na ocasião, candidato à prefeito. Paulo Sérgio foi repreendido pelo padre por querer se aproveitar do ato da lavagem do Largo do Rosário, na abertura da Festa da Congada, para promoção política. “Não adianta vir tirar foto na minha igreja em dia de festa. Queremos nos quatro anos que os senhores trabalham, que mostre suas verdadeiras faces”, disse.
Paulo Sérgio, que no dia estava acompanhado da deputada federal Ana Paula, esposa do atual prefeito, Odelmo Leão, rebateu o padre dizendo que estava na cidade a mais tempo que o sacerdote. “Eu estou aqui há muitos anos, você chegou agora”, disse na época.
A discussão foi gravada por diversas pessoas e vários vídeos circularam em redes sociais. Após este fato, pessoas apontaram que Padre Fábio Marinho estava filiado a um partido político. A Diocese de Uberlândia não informou na nota divulgada nesta sexta-feira se a destituição do padre seria em decorrência destes fatos que envolvem o padre e Paulo Sérgio, agora eleito prefeito da cidade, ou se seria uma decisão tomada por outros motivos.
Já Padre Fábio Marinho, em conversa exclusiva com o site Imprensa & Mídia, lamentou a forma como foi divulgada a nota e esclareceu que o afastamento do ofício de vigário era um pedido seu para que pudesse realizar os tratamentos médicos que necessita. O padre, diagnosticado com espondilite anquilosante, doença inflamatória autoimune que afeta as articulações da coluna vertebral e outras partes do corpo, está em tratamento em Brasília. “Neste momento preciso manter o meu emocional equilibrado. Por se tratar de uma doença autoimune, preciso agora ter cuidados redobrados”, disse. Fonte: https://imprensaemidia.com.br
Homilia da Solenidade da Imaculada Conceição: Um Olhar-02
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Imaculada e Imaculados
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
A Solenidade da Imaculada Conceição, neste ano celebrada no Segundo Domingo do Advento, remete-nos com alegria às palavras sábias e precisas de São Paulo VI, na Exortação Apostólica “Marialis Cultus” (cf. Números 3 e 4): “No tempo do Advento a Liturgia, não apenas na Solenidade de 8 de dezembro, celebração, a um tempo, da Imaculada Conceição de Maria, da preparação radical (cf. Is 11,1.10) para a vinda do Salvador e para o feliz exórdio da Igreja sem mancha e sem ruga, recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo nos dias 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor. Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração e celebrando os seus divinos louvores. A Liturgia do Advento, conjugando a expectativa messiânica e a outra expectativa da segunda vinda gloriosa de Cristo, com a admirável memória da Mãe, apresenta um equilíbrio cultual muito acertado, que bem pode ser tomado como norma a fim de impedir quaisquer tendências para separar, como algumas vezes sucedeu em certas formas de piedade popular, o culto da Virgem Maria do seu necessário ponto de referência: Cristo. Além disso, faz com que este período, como têm vindo a observar os cultores da Liturgia, deva ser considerado como um tempo particularmente adequado para o culto da Mãe do Senhor: orientação essa, que nós confirmamos e auspiciamos ver aceita e seguida por toda a parte”.
Assim predispostos, tomamos de nosso cancioneiro religioso, uma preciosidade: “Imaculada, Maria de Deus, coração pobre acolhendo Jesus. Imaculada, Maria do povo, mãe dos aflitos que estão junto à cruz. Um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão. Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!” (Letra e Música: Frei Fabreti).
O plano de Deus: Imaculada! Desde toda a eternidade, o amor de Deus preparou a participação humana na Encarnação do Verbo, preservando a Virgem Maria de toda a mancha do pecado original, justamente em previsão dos méritos de Cristo. Escolha livre na eternidade dos desígnios da Trindade Santíssima, para acolher o mistério da liberdade humana de uma apenas adolescente na realização da Salvação. Tudo começa no alto, nos planos de Deus. E aquela que foi feita Imaculada, acolhe Jesus, com seu coração pobre e simples, tão sem pretensões que se declarou escrava!
Maria Imaculada! Se Jesus Cristo é o Verbo de Deus encarnado, podemos olhar para Maria como a toda revestida da Palavra de Deus, aquela que escolheu radicalmente fazer a vontade de Deus, tornando-se Mãe antes em sua alma e depois no corpo, um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão! O fato de ser Mãe Imaculada acompanhou toda a sua existência nesta terra. Por onde passou, fez o bem, visitando e servindo sua prima Isabel, enfrentando com serenidade todos os eventuais infortúnios e perdas que experimentou com valentia e convivendo com Jesus e José na Casa de Nazaré! Uma casa e uma oficina de trabalho, um espaço certamente harmônico e belo, iluminado pelo gênio feminino de Nossa Senhora!
Mãe, serva, Nossa Senhora! Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Aquela que foi Mãe se fez discípula e modelo para os discípulos de todos os tempos. Caná é o sinal de seu zelo, com o qual continua, pelos séculos afora, a levar a Jesus tudo o que significa aquele “Eles não têm mais vinho”! Testemunham esta verdade a quantidade de títulos, correspondentes a todas as necessidades humanas, a ela atribuídos em todas as partes do mundo. Lá do Céu, assim acompanha a peregrinação da fé de todos os filhos acolhidos aos pés da Cruz.
Imaculada! Ela passa na frente, mas todos nós somos chamados à imaculatização! “Em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e imaculados diante dele, no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado” (cf. Ef 1,4-6). Se podemos considerar a Virgem Maria como a “humanidade passada a limpo”, ela antecipa o que todos nós somos chamados a viver, sem nivelar nossa vida pelo rodapé do pecado e da maldade. Com ela e contemplando-a com alegria, todos somos convidados a olhar para o alto e para frente. Quando recebeu a visita do Anjo, os padres da Igreja dizem que Maria só poderia caminhar para as alturas, simbolizadas pelas montanhas em que moravam Isabel e Zacarias! Podemos pedir confiantes, a esta altura do Advento: Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!
Para colocar em prática o que meditamos, seja nosso propósito de Advento arrumar e limpar a casa de nosso coração, para que seja parecido com Maria, e o Natal aconteça de verdade no meio de nós! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Homilia da Solenidade da Imaculada Conceição: Um Olhar-01
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Maria vai com as outras?!
Dom Itacir Brassiani
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
No próximo domingo as comunidades católicas celebram a solenidade da Imaculada Concepção da Bem-Aventurada Virgem Maria. Houve tempo em que a simples invocação do nome de Maria soava como insulto ou blasfêmia aos ouvidos de um protestante. Hoje não é mais bem assim, mas a pergunta é pertinente: é possível refletir sobre Maria, a Mãe de Jesus, numa perspectiva ecumênica e com base numa visão moderna da mulher?
Martin Lutero, o fundador do movimento protestante, escreveu um belo e profundo tratado sobre o cântico de Maria (cf. Lc 1,46-55). Na sua interpretação do Magnificat, Lutero não hesita em chamar Maria de “a doce mãe de Cristo”, “Virgem Maria” e “mãe de Deus”. Para ele, o que há de mais belo e precioso na “Bendita Mãe de Deus” é a humildade, a disponibilidade e a confiança com que Ela se põe à disposição da Vontade de Deus.
Para Lutero, deixar-se inspirar por Maria significa permitir que Deus atue em nós, colaborar para que sua vontade seja plenamente realizada. Por isso, não é justo afirmar que ela não se alegra por sua virgindade, mas por sua humildade. Ela se alegra pela “graciosa observação divina”. Assim, o que deve ser destacado não é sua humildade, mas a atenção com que Deus a trata, a mesma com que trata todos os humildes e humilhados.
Para celebrar esta solenidade, as comunidades cristãs católicas buscam luzes no texto de Lucas (1,26-38). Ali encontramos a inusitada manifestação de Deus a uma mulher da Galileia. É inusitada porque Deus não se dirige a um homem destacado por seu saber ou por sua piedade, nem acontece no espaço do templo ou da Sinagoga. Não é uma pessoa cumpridora meticulosa das leis e prescrições a escolhida e declarada “cheia de graça”…
A quem gosta de ver em Maria a imagem de uma mulher “recatada e do lar”, sempre pronta a obedecer às ordens daqueles que se consideram o gênero superior, convido a observar como Maria ousa questionar o próprio Mensageiro de Deus. Ela é uma mulher livre e empoderada, que não se cala nem diante de quem fala em nome de Deus. Seu jeito de fazer a vontade de Deus passa pelo questionamento e pela reflexão (cf. Lc 2,19.51).
Nesta perspectiva, podemos dizer que Maria de Nazaré não está sozinha. Ela “vai com as outras”: ela está junto e se soma às outras mulheres corajosas do povo hebreu, como as parteiras do Egito, que ousam desobedecer às ordens do Faraó (cf, Ex 1,12-21), a viúva Judite, que enfrenta Holofernes (cf. Jd 8-9) e a mãe dos jovens Macabeus, que os encoraja a desobedecer ao rei Antíoco (cf. 2Mc 7). E como Ana, Isabel, Madalena, Marta, Maria, Lídia e tantas outras mulheres da aurora do cristianismo.
Maria também está com outras mulheres do nosso tempo, como Maria Quitéria, Rosa de Luxemburgo, Jane Addams, Edith Stein, Nísia Floresta, Teresa de Calcutá, Corazón Aquino, Indyra Gandhi, Dorothy Stang, Zilda Arns. Não quero dizer que ela não passa de uma mulher extraordinária, mas desejo sublinhar que vejo em Maria de Nazaré, traços humanos que outras mulheres, de alguma forma, também expressaram. Ela vai com as outras porque compartilha com elas se não a santidade, ao menos a humanidade. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 6 de dezembro-2024. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Despertai, ó Deus, o vosso poder e socorrei-nos com a vossa força, para que vossa misericórdia apresse a salvação que nossos pecados retardam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21.24-27)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha. O Sermão da Montanha é uma nova leitura da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a casa na rocha.
Trata-se de adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.
Quem ouve e pratica a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece (Cnt 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
O evangelista encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
- Sou dos que dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
- Observo a lei para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?
5) Oração final
Dá, Senhor, tua salvação! Dá, Senhor, tua vitória Bendito o que vem em nome do Senhor! (Sl 117, 25-26a)
Terça-feira, 03 de dezembro-2023. 1ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas, e auxiliai-nos em nossa tribulação. Consolados pela vinda do vosso Filho, sejamos purificados da antiga culpa.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 10, 21-24)
Naquele tempo, 21Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado. 22Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 23E voltou-se para os seus discípulos, e disse: Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, 24pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O texto de hoje revela o fundo do coração de Jesus, o motivo da sua alegria. Os discípulos tinham ido em missão e, na volta, partilham com Jesus a alegria da sua experiência missionária (Lc 10,17-21).
O motivo da alegria de Jesus é a alegria dos amigos. Ao ouvir a experiência deles e ao perceber a sua alegria, Jesus também sente uma profunda alegria. A causa da alegria de Jesus é o bem-estar dos outros.
Não é uma alegria superficial. Ela vem do Espírito Santo. O motivo da alegria é que os discípulos e as discípulas experimentaram algo de Deus durante a sua experiência missionária.
Jesus os chama “pequenos”. Quem são os “pequenos”? São os setenta e dois discípulos (Lc 10,1) que voltaram da missão: pais e mães de família, rapazes e moças, casados e solteiros, velhos e jovens. Eles não são doutores. São pessoas simples, sem muito estudo, mas que entendem as coisas de Deus melhor do que os doutores .
“Sim, Pai, assim é do teu agrado!” Frase muito séria. É do agrado do Pai que os doutores e os sábios não entendam as coisas do Reino e que os pequenos as entendam. Portanto, se os grandes quiserem entender as coisas do Reino, devem fazer-se discípulos dos pequenos!
Jesus olha para eles e diz: “Felizes vocês!” E por que são felizes? Porque estão vendo coisas que os profetas quiseram ver, mas não conseguiram. O que ele viram? Eles perceberam a ação do Reino nas coisas comuns da vida: curar doentes, alegrar os aflitos, expulsar os males da vida.
4) Para um confronto pessoal
- Coloco-me na posição do povo: eu me considero dos pequenos ou dos doutores? Por que?
- Coloco-me na posição de Jesus: qual a raiz da minha alegria? Superficial ou profunda?
5) Oração final
“Eu vos louvo, ó Pai, porque escondestes os mistérios do reino aos sábios e os revelou aos pequeninos”. (cf. Lc 10, 21)
Natal: o cuidado de Deus
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Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas (TO)
Em contagem regressiva para o Natal, eu me pego a pensar como fui concebido, nasci, cresci e cheguei à idade, que tenho hoje. Passa por minha cabeça e por meu coração que aconteceu, pelo menos, uma série de cuidados para que, hoje, eu estivesse aqui. Senão não estaria aqui para contar esta história.
Deus é cuidadoso. Tudo o que Deus faz, faz com cuidado. E tudo o que ele cuida merece crédito. O Senhor Deus foi cuidadoso quando criou, em cinco dias, todas as condições favoráveis à vida (Gn 1,1ss). Ele também foi cuidadoso quando, no sexto dia, criou os seres humanos: homem e mulher os criou (Gn 1,27). E viu que tudo era muito bom (Gn 1,25).
Ele, enfim, foi cuidadoso quando criou as condições objetivas para o nascimento de Jesus, nascido da Virgem Maria: “gerado, não criado, consubstancial” a Ele próprio, como reza o Credo Niceno-Constantinopolitano. Tudo feito com muito amor e cuidado. Quando a gente ama, a gente cuida. A escolha do anjo, o tempo, o espaço, o modo, o anúncio a Maria, as palavras empregadas, as explicações dadas, tudo com muito amor, sensibilidade e cuidado. E ainda mais, fez José sonhar com o mesmo anúncio. Mesmo assim, deixou Maria assombrada (Lc 1,29).
O cuidado está na base do amor de Deus e também da nossa existência. A criança é o símbolo humano do cuidado. No reino animal somente nós, humanos, precisamos, para viver, de tantos cuidados. Os outros seres não precisam de tantos cuidados assim como o ser humano. E é exatamente por falta de cuidado que muitos morrem antes de nascer; ou se nascem, não sobrevivem por muito tempo.
O Natal é cuidado de Deus por nós e também o nosso cuidado de Deus. Jesus é o cuidado de Deus. Ele cuida do nascimento de Jesus para cuidar de nós. Por que será que Jesus nasceu em condições ínfimas: fora de casa, em uma estribaria, guardado apenas por animais? Foi somente por causa do decreto do recenseamento, ordenado pelo Imperador Augusto (Lc 2,1ss)? Deus não se deixa manipular por decisões políticas. Foi apenas por que não havia hospedagem em Belém? Onde estavam os descendentes de Davi, parentes de José, que não os acolheram em suas casas? Deus não se deixar condicionar pelas insensibilidades humanas.
Certamente não foram somente por estes motivos. Por que será então? Sabe por quê? O motivo maior é que Jesus nasceu assim para ser cuidado pelo Pai e por nós, como nossos pais e nossas mães cuidam de nós. Ele veio exatamente ao mundo para cuidar da nossa salvação. Não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mc 10,45). Sua vida é a vida de um verdadeiro cuidador: cuida dos pobres, dos doentes, dos endemoniados e dos pecadores e de todos aqueles e aquelas que não se bastam a si mesmos.
O fato de Jesus ter nascido em uma gruta, deitado em uma manjedoura e envolvido em faixas não possui a sinalização de apelo ecológico? Existem cuidados melhores e maiores do que estes? Belém é o lugar do cuidado de Deus. Belém é o Hospital de Campanha de Deus Pai para Maria, José e Jesus, e para toda a humanidade. Belém é a casa do pão do cuidado e do cuidado do pão. Belém é a nossa casa, a nossa Igreja, a nossa missão. Belém somos todos nós. Belém é onde se cuida da vida. Belém é onde Jesus é cuidado e onde Deus cuida de nós. Belém hoje é aqui e agora.
Neste Natal precisamos adotar, como regra de vida, três tipos de cuidados: o cuidado uns dos outros, sobretudo dos que participam de uma forma ou de outra, das nossas estruturas eclesiais; o cuidado das pessoas que estão retornando, chegando ou se aproximando, mesmo que timidamente, das nossas realidades pastorais; e o cuidado com as pessoas que estão fora, distantes e divorciadas de nós.
Que ninguém deixe de cuidar de alguém e de ser cuidado, neste Natal, porque o Natal é realmente o tempo do cuidado de Deus. Que neste Natal, cuidemos uns dos outros, como Deus cuida de nós. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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