Padre investigado por abuso sexual morre em Bom Jesus- Piauí
- Detalhes
Padre investigado por abuso sexual morre em Bom Jesus- Piauí
O padre era investigado por suposto abuso sexual contra uma adolescente de 14 anos.
Morreu, neste domingo (07), o padre José Alves de Carvalho, de 43 anos, pároco da Diocese de Bom Jesus. O padre foi encontrado morto na residência paroquial, onde morava em Bom Jesus. Em nota, a diocese do município confirmou o falecimento do reverendo.
O velório e sepultamento do padre ocorreu em Monte Alegre do Piauí, sua cidade natal. Até o momento não há informações sobre o que teria causado a morte do reverendo. "A Diocese de Bom Jesus, entristecida pela perda de um de seus amados filhos, se solidariza, com os familiares, amigos e paroquianos de São Pedro Apóstolo, em Bom Jesus-PI, por tão grande perda e pede a todos orações. Guardaremos para sempre em nossos corações as suas memórias, sua amizade e o seu sorriso aberto", diz a nota da diocese, assinada por Dom Marcos Antonio Tavoni.
O padre era investigado por suposto abuso sexual contra uma adolescente de 14 anos. Diante da denúncia, a Diocese de Bom Jesus decidiu suspender o padre do exercício de seu ministério até o final das investigações. A informação havia sido divulgada pela Igreja no último sábado (06).
Segundo a nota publicada sobre a denúncia de abuso sexual, a diocese informou que tomou conhecimento dos fatos através da mídia e que o padre ainda não havia sido notificado pela justiça e não tinha conhecimento oficial das acusações. Ainda de acordo com a Igreja, uma comissão interna da Diocese formada por peritos, profissionais relacionados ao assunto, será instaurada para o acompanhamento do Processo Canônico, investigativo e assistência à família envolvida.
"A Diocese se colocará sempre ao lado da justiça, colaborando com as autoridades civis na elucidação do caso, para o bem da suposta vítima, do sacerdote em questão, dos demais envolvidos e da própria Igreja. A Nunciatura Apostólica será comunicada oficialmente, para o acompanhamento do caso e para encaminhamento dos desfechos", comunicou.
Por meio de nota, Dom Marcos, bispo da Diocese de Bom Jesus, lamentou a repercussão dos fatos e manifestou toda sua solidariedade com o sofrimento dos envolvidos. “Sinto e sofro, com a família envolvida, a dor de todos, principalmente, dos pais; pois como Bispo, cada padre é para mim como verdadeiro filho e nenhum pai quer que o filho se perca”, concluiu o bispo.
Confira as notas divulgadas pela Diocese de Bom Jesus:
NOTA DE FALECIMENTO - Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - 08/11/2021
"Nem a morte nem a vida nos poderão separar do amor de Deus" (Rm 8, 35-39)
É com o mais profundo pesar que comunicamos o falecimento do Reverendo Padre José Alves de Carvalho, 43 anos, ocorrido na tarde deste último Domingo, dia 07/11/2021.
O velório e sepultamento ocorrerão em Monte Alegre do Piauí, cidade natal do querido Padre.
A Diocese de Bom Jesus, entristecida pela perda de um de seus amados filhos, se solidariza, com os familiares, amigos e paroquianos de São Pedro Apóstolo, em Bom Jesus-PI, por tão grande perda e pede a todos orações.
Guardaremos para sempre em nossos corações as suas memórias, sua amizade e o seu sorriso aberto.
Descanse em paz nosso querido irmão, Pe. José Alves de Carvalho.
Dom Marcos Antonio Tavoni e
Presbitério da Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - PI
(PASCOM - Bom Jesus)
NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE DENÚNCIA DE ABUSO DE CLÉRIGO - Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - 06/11/2021
A Diocese de Bom Jesus do Gurguéia, na pessoa de seu Bispo, Dom Marcos Antonio Tavoni, comunica que recebeu, consternada a denúncia de abuso sexual de menor, supostamente, cometido por Padre da Diocese de Bom Jesus. E que a Diocese diante dos fatos divulgados em mídia, causa de escândalos dos fiéis, tem a informar:
O Padre colocado em evidência, não foi, ainda, notificado pela justiça, não tem conhecimento oficial das acusações que, no momento, pesam sobre ele e que são divulgadas pela imprensa. Portanto, responderá no momento certo à Justiça, dando satisfação à sociedade;
Uma Comissão interna da Diocese formada por peritos, profissionais relacionados ao assunto, será instaurada para o acompanhamento do Processo Canônico, investigativo e assistência à família envolvida.
A Diocese se colocará sempre ao lado da justiça, colaborando com as autoridades civis na elucidação do caso, para o bem da suposta vítima, do sacerdote em questão, dos demais envolvidos e da própria Igreja.
O Sacerdote em questão será suspenso do Uso de Ordens “Ad cautelam”, ou seja, fica suspenso o exercício de seu ministério, por cautela, até o final das investigações e a conclusão do veredicto.
A Nunciatura Apostólica será comunicada oficialmente, para o acompanhamento do caso e para encaminhamento dos desfechos.
Devemos orar, pela solução do caso, na justiça e na caridade e orar, em especial, pela santificação do Clero.
Dom Marcos lamentou muitíssimo a repercussão dos fatos e manifesta toda sua solidariedade com o sofrimento dos envolvidos: “Sinto e sofro, com a família envolvida, a dor de todos, principalmente, dos pais; pois como Bispo, cada padre é para mim como verdadeiro filho e nenhum pai quer que o filho se perca”, concluiu o Bispo.
Decreto Diocesano Suspensão de Ordem (Capa)
(PASCOM – Bom Jesus-PI). Fonte: https://www.portalodia.com
9º Suicídio Sacerdotal de 2021. Até quando?
- Detalhes
Padre Simeão do Espírito Santo
Novembro de 2021
Não sei mais o que escrever, não sei mais como exprimir a dor que eu sinto quando recebo a notícia de suicídio de mais um padre. Rezar e escrever me ajudam, mas ainda não é o suficiente...
Estamos no início de Novembro, e o suicídio do Padre José Alves é o nono padre suicida este ano...
Cada sacerdote que tirou sua vida esse ano tinha um rosto, uma história, um sofrimento, uma dor, uma vocação, um sonho. O que lhes faltava? O que não foi feito por estes irmãos? Onde erramos? Até onde vai a responsabilidade pessoal? Há uma responsabilidade eclesial? Por que os padres estão se assassinando? Quantos mais precisarão morrer para a igreja católica no Brasil acordar? Por que continuamos inertes, indiferentes e omissos? Os suicídios sacerdotais em série, no Brasil, revelam em parte, a doença, a ineficiência e a hipocrisia da estrutura clerical.
A Diocese de Bom Jesus do Gurguéia, havia recebido uma acusação contra o Padre José. O teor da denúncia era de abuso sexual com menor. Nada foi comprovado. O padre foi suspenso de ordens “Ad cautelam” no último dia 6, através de um decreto. Sim, sabemos que após centenas de casos de pedofilias no mundo, desde o Papa Bento XVI, e agora com o Papa Francisco, a cultura do silêncio está sendo quebrada, e as orientações são muito claras. O bispo da Diocese pode ter aplicado a lei pela lei, e apenas com a denúncia da acusação (ainda que não tenha sido provada), o padre tenha sido suspenso. Irmãos padres, qualquer sacerdote, pode passar por isso. Qualquer denúncia, mesmo sem prova, chegando ao bispo diocesano, pode acarretar na mesma suspensão recebida pelo Padre José.
Penso em irmãos que eu conheci, que foram suspensos sem poderem fazer absolutamente nada. Irmãos que eram e sempre foram inocentes. Temos um caso, de suicídio, aqui no Brasil, de um religioso, em 2013, que sendo acusado injustamente, não conseguiu suportar o peso de tal sofrimento, e se enforcou no quarto com o próprio cíngulo. Quantos de nós fomos acusados levianamente!?
O Padre José foi encontrado morto, em sua casa paroquial, no último Domingo. Pergunto-me: A Diocese ou Pastoral Presbiteral estava cuidando dele após a suspensão? Se ele não podia mais celebrar por que ficou sozinho na casa? Há algum acompanhamento jurídico, psicológico, espiritual, episcopal ou presbiteral para os padres que são suspensos “ad cautelam”? Antes, da sua morte, Padre José, escreveu em suas redes sociais: “Eu Amo a Igreja”. Ah, padre irmão, eu entendo sua afirmação. Escutamos isso no tempo todo do seminário, né? Amamos a igreja, padre; mas a grande verdade é que a igreja não nos ama. O único que nos ama é o Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja.
Na vida de todo padre, há de chegar um momento em que ele ficará sozinho. Teremos apenas Jesus! E, mesmo, Ele nos bastando, ao sermos abandonados, esquecidos, e alguns de nós, caluniados e acusados por bispos, padres e leigos, precisaremos pensar em nós mesmos. O suicídio não vale como martírio, irmãos padres! Sei, porque escuto, que muitos padres pensam em tirar a própria vida. Em um país latino-americano aqui vizinho, padres estão tirando a vida em grupo; mas essa não é a resposta. Esse não é o caminho! Faço uma confissão pública: Quando em um momento de extremo sofrimento, há uns três ou quatro anos atrás, quando eu pedi um tempo de afastamento do exercício do ministério, e tive também o pensamento de morte na cabeça, eu cheguei a seguinte conclusão: “É melhor um sacerdote vivo do que um padre morto”. Sacerdote sempre seremos, exercendo ou não. Padre é outra história...
Por favor, irmãos padres, pensem em vocês! Parem de pensar na igreja, em primeiro lugar. Na estrutura da igreja romana no Brasil, não existe tempo nem prioridade para o cuidado sacerdotal. Somos empresários e empregados de batina. Não é suficiente amar a Igreja. Apenas isso não é possível para continuar vivo diante dos inúmeros desafios sacerdotais que este tempo nos impõe. O máximo que a igreja consegue fazer é rezar por nós. Ela dificilmente acolhe, raramente escuta, não sabe cuidar, não tem tempo para amar. Não nos procura como filhos, dificilmente a igreja vai te ajudar. Ela se comunica conosco por decretos, papéis, provisões e excomunhões. Os bispos já nos trocam de paróquia pelo Whatsapp e telefonemas. Os padres viraram funcionários das mitras diocesanas. São conhecidos pelos números dos CNPJ das paróquias que administram. Para os senhores só chegarão os boletos das mitras, os envelopes das campanhas da CNBB e o número da conta do bispo para as espórtulas das crismas...
O que vale a vida e a história de um padre? O que está escrito no Código de Direito Canônico! Ele vale mais que o Evangelho. Ele é punitivo. O último cânone nunca é aplicado na vida do padre! Padre irmão que ainda não se suicidou, continue amando a Igreja; mas por favor, se ame, primeiro. Se alguma coisa acontecer contigo, justa ou injustamente, você tem grande chance de ser descartado através de um decreto frio e impessoal. Ame a Jesus! Converse com Ele! Não espere o bispo te perguntar como está. Não crie expectativa sobre a fraternidade sacerdotal. Ela existe, na maioria do clero, só no papel. Ame-se! Se ame primeiro. Ame-se antes de amar os superiores e os irmãos padres. Lembre-se, que haverá um momento que será só você e Ele. Todos te deixarão. As acusações e o que podem colocar de ti nas redes, possivelmente, valerão mais do que tudo que Deus lhe deu a graça de realizar fielmente em todos os teus anos de ministério. Os conselhos presbiterais não te conhecem. Para a grande parte deles, você já está até morto...
Ah, irmão padre, não se mate. Não seja o décimo da lista de 2021! Você sabe que nenhum dos ordinários locais dos outros nove falaram nada? Se você se matar, no outro dia, alguém vai ser mandado para o teu lugar. Você será lembrado apenas nas missas em que alguém colocar teu nome nas intenções. Com alguns dias, o instagran e o Facebook não mais falarão de ti. Foi assim com o Padre Ruben, Adriano Henrique, Milton, Marco Antônio, Mauro Jorge...e todos esse ano, e todos celebraram, usaram casulas, absolveram pecados, batizaram, assistiram casamentos.
Padre, não seja o décimo...peça férias, pede um ano sabático. Vai para a casa dos teus pais. Deixe a paróquia. Você não vai morrer de fome. Eu sou testemunha disso. Pede transferência de paróquia ou diocese. Busque a vida religiosa ou se incardine em uma diocese. Mude de rito, de tradição. Mude de país. Vai fazer missão, mas não se mate. Nada vai adiantar com a tua morte. Para alguns bispos, vai ser apenas menos um ‘problema’. A maior parte dos padres nem vão se lembrar de ti quando teu nome for retirado do anuário ou do site da diocese. Padre, por favor, não se mate por amor à Igreja. Essa igreja não merece nossa morte. Ela precisa de nossa vida, ainda que escondida e insignificante para o alto clero. Não diga sim aos homens, diga sim à Deus! Mude de Estado ou até de estado de vida; mas por favor, não se mate. O Papa Francisco nunca saberá a verdade. A Nunciatura não vai te ajudar. Se um dia a CNBB fizer algo pensando nos potenciais padres suicidas, o senhor vai ser somente um número do passado. Se ame, padre!
Padre, procure ajuda. Se teu bispo não te ajudar, ligue para um padre. Vai até um confessor, procure um diretor. Vai até o médico, padre. Começa, por favor, uma terapia. Temos muitos padres e consagrados psicólogos. Reze, padre; mas se ame. Se alimente, se divirta, durma, diminua a marcha. Não espere ajuda fora. Primeiro, comece em ti. Mude por dentro. Ame sua humanidade e o ministério sacerdotal. Grite, irmão. Pare. Deixe o celular e vá rezar. Leia, padre. Confesse, padre. Vai ao hospital e brinca com as crianças, visita os casais, escute os idosos, fica diante do sacrário. Não se mate. Não compre remédios nem cordas. Não coloque fim na sua vida antes do tempo. O Bom Pastor te quer vivo. E, lembra da oração: “Na hora da morte, chamai-me, e mandai-me ir à Vossa Presença”. Não vá antes da hora, não antecipe nem um só dia. Precisamos de Ti. Ele te ama! Ele te amou e sempre te amará.
E, se um dia, eu tiver um lugar aqui para te acolher, Vem ficar comigo. Prometo cuidar de ti, com irmãos que te acolherão e te amarão.
Não se mate, padre, Não seja o décimo, por favor!
Nossa Senhora, coloca a mão nesta lista e cancela ela, por favor. Maria, Mãe dos Sacerdotes, rasgue essa lista dos padres suicidas no Brasil. Agora, e até a hora da nossa morte. Amém!
EVANGELHO DO DIA-32ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 8º de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 1-6)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! 2Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. 3Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. 4Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! 6Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,1-6
O evangelho de hoje traz três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da fé em Deus que devemos ter.
Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o escândalo
“Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no pescoço?
Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o irmão
“Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo”. Sete vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e reconcilia-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de ouro.
Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em nós a fé
“Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23) .
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida, alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?
5) Oração final
Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 104, 2-3)
SANTIDADE, CONVITE À ALEGRIA PLENA, À INTEIREZA HUMANA E A TESTEMUNHAR A TERNURA DIVINA.
- Detalhes
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Celebramos, neste Domingo, a Solenidade de Todos os Santos, a festividade que visibiliza a consoladora e empolgante corrente e comunhão de todos os cristãos que terminaram sua caminhada com a palma da vitória, que nos motiva esperançando nossa vida e faina diária. O Papa Francisco, respondendo à grande descoberta do Concílio Vaticano II, explica, em miúdos, na Exortação Apostólica Gaudete e Exultate, o fascínio e o desafio da santidade para todas as pessoas, gente como a gente, de carne e osso, pele e pescoço.
Trata-se de alcançar a promessa da alegria plena que Jesus comunicara a seus discípulos, o santo que se forja no bom humor, na serenidade e humildade entre os seus irmãos, servindo e amando sem espetaculosidade ou chamar atenção para si.
A aspiração de santidade do homem e da mulher de hoje, que caminha muitas vezes, desapercebido pela multidão, mas sempre buscando a inteireza da experiência humana, passa por superar a fragmentação e não raro as contradições da fé com a vida, os desarranjos entre a oração e a ação cristã, entre a espiritualidade e a defesa da dignidade humana, entre a luta contra o pecado pessoal e a indiferença ao pecado estrutural.
O conhecido católico francês Leon Bloy dizia que havia uma só tristeza para o cristão, a de não ser santo, a de conformar-se com a mediocridade ou com a vivência mesquinha de uma religião de troca-troca, de adrenalina espiritual barata, ou de fervorinhos efêmeros. O Papa São Paulo VI, uma vez em uma audiência para o laicato, interpelou a plateia perguntando: “estais aqui para procurar a santidade, e isso é bom e desafiador, mas se não é por isso, para que estais aqui?”
Sim, ser santo é um chamado à felicidade, à união profunda com Deus para deixar-se transformar totalmente por Ele e tornar-se um sinal vivo da ternura e misericórdia divina, sem perder nunca a paixão de viver e de ser amigo e irmão de todas as pessoas e criaturas. Terminamos com a frase do Papa São João Paulo II: “O Brasil precisa muito de Santos”, pois um santo é uma liderança profundamente iluminadora e inspiradora capaz, como afirmava Elizabeth da Trindade, de elevar toda a humanidade ao Pai. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-31ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 5 de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo
“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.
Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?
“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada
“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.
Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto
E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
4) Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?
5) Oração final
Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)
EVANGELHO DO DIA-31ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 4 de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 15, 1-10)
Naquele tempo, 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 2Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3Então lhes propôs a seguinte parábola: 4Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 15,1-10
O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15.11-32). As três parábola são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.
Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas
Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida
A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”
Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida
Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."
Lucas 15,8-10: Parábola da moeda perdida
A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)
4) Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?
5) Oração final
Procurai o Senhor e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
AO VIVO- DIA DE FINADOS: Santa Missa com Frei Petrônio de Miranda
- Detalhes
FINADOS: Santa Missa direto da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição- Angra dos Reis/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Terça-feira, 2 de novembro-2021. Câmera: Andreia-PascomAngra.
REZAR PELOS MORTOS: NOSSO COMPROMISSO DE FÉ!
- Detalhes
Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
As orações, na intenção das pessoas que já faleceram, são expressão da ligação e do amor que temos para com elas. Através das nossas preces, gostaríamos de ajudá-las no momento da morte a se decidirem por Deus. É um sinal do nosso amor e da nossa solidariedade. Para o amor, a morte não é um limite. Na morte de um cristão, as possibilidades de se ajudar e de se doar não deixam de existir. Encontramos essa prática já no Antigo Testamento. Um dos testemunhos mais claros está em 2Mc 12,38-45, onde encontramos além da fé na ressurreição, a prática de oração e ajuda pelos mortos. Claro que precisamos compreender este auxílio e purificação após a morte dentro da prática da Igreja que chamamos de comunhão dos santos.
Fazemos parte do corpo de Cristo que é a Igreja. Ensina-nos o Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumem Gentium 49, que essa Igreja é peregrina na terra, triunfante no céu e padecente nesse processo de purificação. Por formarmos um único corpo, é que podemos ir em socorro dos nossos irmãos e irmãs falecidos, assim como podemos contar com a intercessão dos santos e santas que já estão junto de Deus. Ou seja, assim como no nosso corpo humano um membro beneficia o outro, no corpo espiritual, que é a Igreja, acontece o mesmo, o bem de cada um dos membros comunica-se a todos (1Cor 12,26).
Fique claro que não nos comunicamos com os mortos, mas fazemos comunhão com eles por meio do amor e da oração. Nós amamos na terra, eles nos amam no céu, nós rezamos na terra, eles louvam nos céus. E não há dúvidas que assim como temos o auxílio dos santos, nós podemos, com nossas orações, ajudar os que já morreram.
Na oração pelos mortos como fazemos na Santa Missa que celebramos, não existe barreira entre céu e terra, entre vivos e mortos. Na Santíssima Eucaristia, participamos do banquete eterno, que os nossos entes queridos celebram, agora, junto com Deus. Podemos experienciar a comunhão com eles, que celebram as bodas eternas no mesmo momento.
Tenhamos presente que rezamos pelos mortos. Os bem-aventurados (santos) não precisam das nossas orações, por isso rezamos com eles invocando a sua intercessão. E rezamos pelos mortos na certeza de que nossas preces podem ajudá-los no encontro definitivo com Deus.
Vale lembrar que é parte da nossa fé a doutrina do purgatório. E é aqui que se justifica a nossa oração pelos mortos. Mas tenhamos presente que purgatório não é lugar. Por isso, não devemos pensá-lo nas categorias de tempo e espaço. Como se uma pobre alma permanecesse ali por tanto tempo afim de expiar os pecados. Alguns teólogos católicos compreendem o purgatório como sendo a imagem do encontro pessoal com Deus. No encontro com Ele, que nos ama, reconhecemos a dor que causamos aos outros com nossos pecados e sofremos a dor do arrependimento. Não podemos dizer quanto tempo leva essa dor, pois como dizíamos, fugimos das categorias de tempo e espaço.
Como dificilmente nos encontramos preparados para a morte, cremos na possibilidade da solidariedade na expiação dos pecados de uns pelos outros. Uma vez que após a morte não é possível fazer mais nada por si mesmo, os que morrem no pecado têm necessidade da intercessão dos outros membros da Igreja. Desse modo, como membros do Corpo de Cristo, podemos auxiliar nossos irmãos que morreram no pecado com nossas orações.
Santo Agostinho diz que as obras de misericórdia são a melhor ajuda que podemos prestar aos mortos. Ou seja, o bem que ficou a meio caminho naqueles que morreram, continua a ser feito em comunhão com o bem praticado pelos que amam seus mortos. Nossa oração é uma expressão do nosso amor. Gostaríamos de poder mostrar que não os esquecemos, que eles nos são importantes.
O sete é um número simbólico e na Bíblia indica perfeição, uma oração contínua em favor dos nossos entes queridos. Até porque, recordamos que na obra da criação, o 7º dia é o dia do descanso (Gn 2,3), e nós rezamos pelo descanso eterno da pessoa que morreu. Mas também temos a tradição do luto de sete dias que nós encontramos na Bíblia: José fez um luto de sete dias pelo seu pai Jacó (Gn 50,10); Saul foi enterrado e fizeram um jejum de sete dias (1Sm 31,13); O povo chorou a morte de Judite durante sete dias (Jt 16,24); O luto por um morto dura sete dias (Eclo 22,13). E esse período de luto é comumente concluído, na tradição católica, com a missa de 7º dia.
O sete é uma medida temporal, vale para nós, enquanto Igreja Peregrina, enquanto seres medidos pelo tempo. Mas não vale mais para os nossos mortos, pois passados pelo juízo particular, eles participam da eternidade de Deus.
Por isso, celebrar a Eucaristia por alguém falecido é expressão da nossa comunhão. Continuamos lembrando dele, não o abandonamos, o consideramos parte de nós. E é muito importante que quando encomendamos uma intenção de missa, participar da celebração. É muito triste quando, às vezes, inclusive em missas de 7º dia, nenhum familiar encontra-se na Igreja. Não deveríamos terceirizar o nosso amor por um ente que chamamos de querido.
Neste sentido, do dia 1º ao dia 8 de novembro, aos fiéis que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições de costume, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. Neste ano, devido a pandemia, esse prazo foi prorrogado até o final do mês pela Penitenciaria Apostólica. Isso já aconteceu no ano passado.
Ainda neste dia, em todas as Igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à Igreja, durante a qual se deve rezar a Oração Dominical e o Símbolo (Pai nosso e Creio) confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).
Reze hoje pelos que te precederam na vida eterna. Amanhã, outros também irão rezar por ti! Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 29 de outubro-2021. 30ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galileia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembleia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Festa de Simão e São Judas Tadeu - 28 de outubro. EVANGELHO DO DIA-LECTIO -DIVINA- Com Frei Carlos Mesters, O. Carm
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, que, pela pregação dos Apóstolos, nos fizestes chegar ao conhecimento do vosso Evangelho, concedei, pelas preces de São Simão e São Judas, que a vossa Igreja não cesse de crescer, acolhendo com amor novos fiéis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6, 12-19
O evangelho de hoje é o mesmo de 9 de setembro. Ele traz dois assuntos: (1) descreve a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e (2) informa que uma multidão imensa de gente queria encontrar-se com Jesus para ouvi-lo, tocar nele e ser curada (Lc 6,17-19).
Lucas 6,12-13: Jesus passa noite em oração e escolhe os doze apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus subiu a uma montanha e passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão registrados nos evangelhos. A eles deu o título de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais a missão e diz que Jesus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14).
Lucas 6,14-16: Os nomes dos doze apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento: Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também se chamava Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, pois vinham da Judéia e também lá de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Aqui transparece o ecumenismo, a abertura universal da missão, tema preferido de Lucas que escreve para pagãos convertidos.
As pessoas chamadas por Jesus, consolo para nós.
Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes dos Doze apóstolos e de outros homens e mulheres que seguiram Jesus de perto. Os Doze, chamadas por Jesus para formar com ele a primeira comunidade, não eram santos. Eram pessoas comuns, como todos nós, com suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um deles. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás (Mc 8,33) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Negou Jesus na hora do perigo (Lc 22,56-62). Jesus deu a ele o apelido de Pedra . Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme, pois queria Jesus só para o grupo dele e proibiu os outros usar o nome de Jesus para expulsar demônios (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Os publicanos eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira deste gesto de Jesus?
2) Os primeiros cristãos lembravam os nomes dos doze apóstolos que estavam na origem das suas comunidades. Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? Você lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã. O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Exaltai o Senhor nosso Deus, prostrai-vos ante seu santo monte, porque santo é o Senhor, nosso Deus. (Sl 99, 9)
Mulher de pastor 'que não ressuscitou' diz que Deus tem seus motivos, e fiéis do lado de fora da capela dizem ter visto 'clarão'
- Detalhes
Ana Maria e Huber: marido, morto pela Covid-19, tinha expectativa de ressuscitar no terceiro dia Foto: Arquivo pessoal
Casada por 26 anos com Huber Rodrigues, que foi vítima de complicações da Covid-19, ela conta que recorreu à Justiça para atender a desejo do marido que, em carta de 2008, escreveu que voltaria à vida depois de três dias de velório
Carla Rocha e Raphaela Ramos
RIO — "Deus tem a forma Dele de ressuscitar. Ressuscitar, para Deus, pode ser levar um espírito para o céu". A frase é de Ana Maria Oliveira Rodrigues, de 56 anos. De filha de lavrador que plantava milho e soja em Joviânia, no interior de Goiás, ela se tornou celebridade, da noite para o dia, em Goiatuba, cidade vizinha de sua terra natal, onde passou a morar. Na segunda-feira à noite, o tempo parou no local de pouco mais de 35 mil habitantes. Centenas de pessoas foram para a porta da funerária Paz Universal esperar o momento em que o marido de Ana Maria, o pastor Huber Rodrigues, de 49 anos, ressuscitaria. Não aconteceu. Por volta de meia-noite, o estabelecimento, que existe há 44 anos na região, deu início à cerimônia de despedida que, pela primeira vez, aconteceria de madrugada. A pedidos.
Com o coração na mão e dividida até o último minuto, porque temia que a profecia que o próprio marido fez constar em documento em 2008 não se cumprisse, Ana Maria não se envergonha, apesar de algumas pessoas terem transformado o caso em piada. Os cristãos queriam um milagre, que consistiria em Huber sair do caixão com as próprias pernas. Os céticos, por sua vez, só assistiam a distância por pura diversão. Uma "live" acompanhava os acontecimentos em tempo real.
— Não me importo com as brincadeiras, eu entendo. Mas muita gente que estava do lado de fora da capela viu um clarão no céu na hora em que o Huber tinha pedido para ser feito o sepultamento. Ele foi muito claro quanto ao horário. Ele tinha muito medo de ser enterrado vivo — conta Ana Maria, lembrando que, além da luz repentina, começou a chover. — Deus sabe o que faz, a minha fé não ficou abalada, muito pelo contrário, foi avivada. Eu estou com a minha consciência tranquila de que atendi a um pedido do meu marido, que tanto bem fez para esta comunidade.
Quando os dois se conheceram, Ana Maria era solteira e tinha 30 anos, e Huber, mais novo, 23. Os dois nunca puderam ter filhos e saíram de Joviânia para tentar uma vida melhor em Goiatuba. Lá, enfrentaram "atribulações". Criada numa família religiosa - "minha mãe era católica de verdade" -, ela passou a dormir mal à noite, e o marido a ter episódios de desmaios que acabavam nas emergências da região. Formada técnica em contabilidade, ela acredita que a situação foi superada à medida que os dois foram cada vez mais mergulhando na religiosidade. Convidada por amigos, ela passou a frequentar um templo evangélico. "Vivíamos um para o outro e para o ministério", diz, acrescentando que, sem filhos, sentia até então um vazio no peito que só o coração da mulher entende.
— Só quem não pôde ter filhos sabe o que é isso. Logo que casamos, o médico me examinou e disse que eu não podia ter um bebê, sem explicar a razão. E eu não procurei saber. Acho que ele falou assim para evitar mais sofrimento — recorda-se Ana Maria, que tem sete irmãos que se revezam no apoio emocional a ela desde que o marido adoeceu.
O casal teve Covid-19 junto. Ana Maria se recuperou em casa, Huber um dia após os primeiros sintomas foi internado e intubado. Em 26 anos de união, foi a primeira vez que ela passou mais de um mês sem vê-lo.
— Mas ele começou a melhorar e melhorar. Pela graça de Deus porque ele ficou muito grave, a ponto de fazer hemodiálise, dia sim, dia não. Os médicos falavam que ele estava se recuperando, retiraram do tubo e só o deixaram na UTI para ter um suporte de oxigênio. Eu avisava todos os dias à família dele, dava notícias, estávamos esperando a alta. Passamos a nos ver pela câmera do celular porque, devido à pandemia, ninguém pode entrar no hospital (Itumbiara, a cerca de 50km de Goiatuba). Na quinta-feira, foi a última vez que nos vimos. Eu estava no nosso ministério e outros missionários também viram como ele estava pela câmera do celular. No sábado, entretanto, houve uma piora e ele partiu após ter uma parada cardiorrespiratória.
O tom de realismo fantástico, descambando para o deboche, que parte da população local deu ao velório prolongado de Huber não a incomoda. Ana Maria se manteve firme no propósito de velar o corpo do marido por três dias. Numa carta escrita há 13 anos, ele dizia que era o tempo necessário para ser agraciado pelo "Mistério de Deus". Na previsão, o pastor afirmava: "minha integridade física tem que ser totalmente preservada, pois ficarei por três dias morto, sendo que no terceiro dia eu ressuscitarei. Meu corpo durante os três dias não terá mau cheiro nem se decomporá, pois o próprio Deus terá preparado minha carne e meu cérebro para passar por essa experiência". Pelas instruções deixadas pelo marido, que morreu no sábado de manhã, o enterro só poderia acontecer na segunda-feira às 23h30. Ana Maria ainda esperou mais dez minutos. Quando finalmente o caixão começou a baixar na cova, parte da multidão gritava: "abre! abre! abre!". Queriam ter a prova de que a premonição, soprada pelo Espírito Santo nos ouvidos de Huber, não se completara.
— Na hora, você pensa: "Deus, não vai acontecer?" Não foi fácil para mim, fiz tudo com toda a minha alma e minha fé. De fato, eu sou testemunha de que ele não exalava qualquer mau cheiro. A pele dele era íntegra, mesmo sem ter passado pelos procedimentos de conservação do corpo. Isso nunca aconteceria, numa situação normal, com uma pessoa que estivesse morta há tanto tempo, porque o odor seria muito forte. Fui todos os dias à capela vê-lo, estava intacto. Acho que só Deus sabe os motivos de as coisas terem acontecido desse jeito. As pessoas que não são tão espirituais não acreditam, eu entendo a reação— diz Ana Maria, que não espera ter problemas com a Justiça, embora a Vigilância Sanitária da Prefeitura de Goiatuba tenha autuado a funerária e aberto um processo administrativo por infração sanitária porque o corpo não foi submetido à tanatopraxia, quando é embalsamado para suportar um período maior de tempo até o sepultamento.
— A funerária e a família me procuraram para pedir autorização. Mas eu não poderia dar. As regras da Anvisa não permitem. O corpo, dependendo das condições, exala mau cheiro e elimina substâncias que podem ser prejudiciais à saúde das pessoas — explica o farmacêutico Luciano Borges Chaves, fiscal da Vigilância.
O casal faz parte de uma comunidade que já representa cerca de 30% dos praticantes de alguma religião no país, segundo pesquisa do DataFolha divulgada no ano passado. Pelos números, 50% dos brasileiros são católicos, 31% evangélicos e 10% não têm religião. Uma proporção que cresceu em relação ao último Censo de 2010, quando havia 42.275.440 evangélicos no Brasil, 22,2% da população à época. O professor Valdemar Figueiredo, doutor em Ciência Política, pastor e membro do Instituto Mosaico, afirma que a situação causa um assombro por acontecer em pleno século XXI:
— Mesmo quem é religioso leva um susto quando se depara com pessoas que acreditam dessa forma. Remete a um tempo bíblico em que Lázaro estava morto e Jesus o chama à vida. Mas estamos falando de um tempo em que não havia laudo médico, atestado de óbito, além de ser uma narrativa muito mais poética do que um texto objetivo — observa.
Homem de fé e também evangélico, o gerente da funerária Paz Universal, José Dourado, explica que estranhou o pedido, mas acredita em milagres. Ele lembra que a Bíblia - "em outros tempos, é claro" - mostra que é possível. Além disso, ressalta que o objetivo do serviço funerário é amparar a família do morto da melhor forma.
— Como cristão, acreditei que pudesse acontecer um milagre. A gente vive e está todo dia aprendendo. Não aconteceu com Lázaro? — indaga ele que acompanhou toda a cerimônia até a descida do caixão excepcionalmente na madrugada de segunda para terça-feira.
A Igreja Assembleia de Deus Maranata (Catedral dos Milagres), que o casal mantinha em parceria, vai continuar de portas abertas, de acordo com Ana Maria, que foi auxiliar administrativa quando mais jovem enquanto Huber foi motorista de ônibus:
— Eu era a mulher do pastor, agora eu tocarei a obra do Senhor. Fonte: https://oglobo.globo.com
Quarta-feira, 27 de outubro-2021. 30ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 22-30)
22Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.23Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:24Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.26Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.27Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.30Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.
3) Reflexão Lucas 13, 22-30
O evangelho de hoje traz mais um episódio acontecido durante a longa caminhada de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém, cuja descrição ocupa mais de uma terça parte do evangelho de Lucas (Lc 9,51 a 19,28).
Lucas 13,22: A caminho de Jerusalém
“Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém”. Mais uma vez Lucas menciona que Jesus está a caminho de Jerusalém. Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). O que é claro e definido, desde o começo, é o destino da viagem: Jerusalém, a capital, onde Jesus será preso e morto (Lc 9,31.51). Raramente, informa o percurso e os lugares por onde Jesus passava. Só no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), ficamos sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Deste modo, Lucas sugere o seguinte ensinamento: temos que ter claro o objetivo da nossa vida, e assumi-lo decididamente como Jesus fez. Devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém, onde nos aguarda o “êxodo” (Lc 9,31), a paixão, morte e ressurreição.
Lucas 13,23: A pergunta sobre os número dos que se salvam
Nesta caminhada para Jerusalém acontece de tudo: informações sobre massacres e desastres (Lc 13,1-5), parábolas (Lc 13,6-9.18-21), discussões (Lc 13,10-13) e, no evangelho de hoje, perguntas do povo: "Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?" Sempre a mesma pergunta em torno da salvação!
Lucas 13,24-25: A porta estreita
Jesus diz que a porta é estreita: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão”. Será que Jesus diz isto só para encher-nos de medo e obrigar-nos a observar a lei como ensinavam os fariseus? O que significa esta porta estreita? De que porta se trata? No Sermão da Montanha Jesus sugere que a entrada para o Reino tem oito portas. São as oito categorias de pessoas das bem-aventuranças: (1) pobres em espírito, (2) mansos, (3) aflitos, (4) famintos e sedentos de justiça, (5) misericordiosos, (6) puros de coração, (7) construtores da paz e (8) perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). Lucas as reduziu para quatro: (1) pobres, (2) famintos, (3) tristes e (4) perseguidos (Lc 6,20-22). Só entra no Reino quem pertence a uma destas categorias enumeradas nas bem-aventuranças. Esta é a porta estreita. É o novo olhar sobre a salvação que Jesus nos comunica. Não há outra porta! Trata-se da conversão que Jesus pede de nós. Ele insiste: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: Senhor, abre a porta para nós! E ele responderá: Não sei de onde são vocês”. Enquanto a hora do julgamento não chegar, é tempo favorável para a conversão, para mudar nossa visão sobre a salvação e entrar em uma das oito categorias.
Lucas 13,26-28: O trágico mal-entendido
Deus responde aos que batem na porta: “Não sei de onde são vocês”. Mas eles insistem e argumentam: Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças! Não basta ter convivido com Jesus, de ter participado da multiplicação dos pães e de ter escutado seus ensinamentos nas praças das cidades e povoados. Não basta ter ido à igreja e de ter participado das instruções do catecismo. Deus responderá: Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!”. Mal-entendido trágico e falta total de conversão, de compreensão. Jesus declara injustiça aquilo que os outros consideram ser coisa justa e agradável a Deus. É uma visão totalmente nova sobre a salvação. A porta é realmente estreita.
Lucas 13,29-30: A chave que explica o mal-entendido
“Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". Trata-se da grande mudança que se operou com a vinda de Deus até nós em Jesus. A salvação é universal e não só do povo judeu. Todos os povos terão acesso e poderão passar pela porta estreita.
4) Para um confronto pessoal
1) Ter o objetivo claro e caminhar para Jerusalém: Será que tenho objetivos claros na minha vida ou deixo-me levar pelo vento do momento da opinião pública?
2) A porta é estreita. Qual a visão que tenho da Deus, da vida, da salvação?
5) Oração final
Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis. Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder. (Sl 144, 10-11)
31º Domingo do Tempo Comum: A prova de nosso amor a Deus está no próximo
- Detalhes
O AMOR DE DEUS E AOS IRMÃOS!
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A liturgia do 31° Domingo do Tempo Comum diz-nos que o amor está no centro da experiência cristã. O caminho da fé que, dia a dia, somos convidados a percorrer, resume-se no amor Deus e no amor aos irmãos – duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente.
Somos convidados a expressar nosso amor incondicional a Deus, de quem nos aproximamos por meio de seu Filho. O Pai nos ama e quer que o amemos, amando nossos irmãos e irmãs. Neste dia da juventude, rezemos pelos jovens, chamados a ser testemunhas da esperança em meio a tanta dor e sofrimento, causados pelas consequências da pandemia da COVID-19.
A primeira leitura(Dt 6,2-6) apresenta-nos o início do “Shema’ Israel” – a solene proclamação de fé que todo o israelita devia fazer diariamente. É uma afirmação da unicidade de Deus e um convite a amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Ouvir e amar o Senhor: são dois imperativos muito fortes no Livro do Deuteronômio. O povo que se prepara para entrar na terra prometida não pode fazê-lo sem estar disposto a cumprir os mandamentos. Associado a esses dois verbos estão outros como recordar e temer. Somente assim se lembrarão do Deus misericordioso que os livrou da escravidão do Egito e os conduziu para um erra boa. Essa memória deverá encher os corações do povo de alegria, a fim de que vivam na santidade diante do seu libertador. É por isso que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, como afirma Provérbios(9, 10).
O Evangelho(Mc 12,28-34) diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a experiência de fé do discípulo de Jesus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã. A Palavra do Senhor àquele que lhe pergunta sobre quem é o próximo é iluminadora para a nossa vida. Jesus ensina que não se pode amar a Deus sem amar o próximo e isso vale como medida para se entender a força dessa proximidade.
Quem ama não se permite insensibilidade e frieza. O mundo, por vezes, faz jogo sujo para nos anestesiar diante de realidade que nos pedem atitude. O amor não tolera inércia do outro humilhado na própria carne por ser pobre, migrante, encarcerado ou diferente.
A segunda leitura(Hb 7,23-28) apresenta-nos Jesus Cristo como o sumo-sacerdote que veio ao mundo para cumprir o projeto salvador do Pai e para oferecer a sua vida em doação de amor aos homens. Cristo, com a sua obediência ao Pai e com a sua entrega em favor dos homens, diz-nos qual a melhor forma de expressarmos o nosso amor a Deus. Jesus é o único e perfeito sacerdote da Nova Aliança. Vivendo na presença de Deus, exerce a função de mediador entre nós e Deus, dispensando a necessidade de outros mediadores. A santidade plena de Cristo torna perfeita a oferenda que Ele fez de si mesmo ao Pai, de uma vez para sempre.
A prova de nosso amor a Deus está no próximo. Não há como provar que amamos a Deus se não amamos as pessoas. Não há outros mandamentos maiores do que amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Tratam-se de dois amores que dispensam holocaustos e sacrifícios. Que possamos aprender hoje, agradecendo a Deus pelo mês das missões, que possamos buscar no Senhor a força para que aprendamos a amar sempre mais e realizar nossa missão com coração sincero e sempre voltado para Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
31º Domingo do Tempo Comum: Amar a Deus e ao próximo
- Detalhes
O PRIMADO DO AMOR
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Diante dos Mandamentos divinos, o amor tem uma vertente de primazia fundamental, até como dualidade de uma mesma moeda, que é “amar a Deus e amar o próximo”. Esse princípio, confirmado publicamente no Evangelho por Jesus, não foi praticado de forma precisa no Antigo Testamento, mesmo diante de uma exigência tão determinante pelos fariseus no cumprimento legalista da Lei antiga.
Hoje nós somos desafiados na prática do verdadeiro amor, porque depende de fidelidade ao Senhor, condição fundamental para receber de Deus as bençãos prometidas. Acontece que agimos com um formato de infidelidade e fechados para as realidades do alto. Há muita falta de temor e de adesão ao projeto bíblico, capaz de gerar vida em abundância, com fecundidade e longevidade.
Numa cultura de fortes polarizações ideológicas extremistas, onde as pessoas não conseguem agir de modo equilibrado, os ânimos ficam agitados e à flor da pele, dificultando muito o exercício do primado do amor. O que estamos vendo é a evidência dos interesses pessoais e de grupos, pouco abertos para as riquezas do amor fecundo de Deus, que envolve a interioridade e o agir humano.
O ideal e modelo de amor perfeito encontramos em Jesus Cristo, o sumo e eterno sacerdote que, obediente e cumpridor do Projeto de Deus-Pai, entregou sua vida no madeiro de uma cruz, como expressão maior de doação, abrindo caminho para a viabilidade do amor. Não pode ser uma prática de egoísmo, de vir a nós sem ir ao encontro do outro, mas de despojamento possível de vida.
São fortes as oposições aos que lutam num amor coletivo, interpretado como ação social e política, que leva pessoas a se emanciparem de amarras que as impedem de ser livres e felizes. É um processo de conscientização para que cada indivíduo seja agente de seu próprio caminho. Os profetas do passado, como também os de hoje, são estigmatizados no exercício de profetismo.
Diante do legalismo vigente, Jesus foi interrogado sobre o sentido das inúmeras leis judaicas. Ele pontua o primado da lei do amor em dupla dimensão e como elemento essencial para a fé cristã: amar a Deus e amar o próximo. Sem isto, as demais leis do Decálogo tornam-se infecundas e sem efeito para a pessoa. Na prática do amor encontramos o paradigma do agir cristão no mundo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Segunda-feira, 25 de outubro-2021. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 10-17)
10Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado. 11Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia absolutamente erguer-se. 12Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: Estás livre da tua doença. 13Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus. 14Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: São seis os dias em que se deve trabalhar; vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado. 15Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber? 16Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado? 17Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava.
3) Reflexão Lucas 13, 10-17
O evangelho de hoje descreve a cura da mulher encurvada. Trata-se de um dos muitos episódios que Lucas vai narrando, sem muita ordem, ao descrever a longa caminhada de Jesus para Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28).
Lucas 13,10-11: A situação que vai provocar a ação de Jesus
Jesus está na sinagoga num dia do repouso. Ele cumpre a lei, guardando o sábado e participando da celebração com seu povo. Lucas informa que Jesus estava ensinando. Havia na sinagoga uma mulher encurvada. Lucas diz que um espírito de fraqueza a impedia de tomar posição reta. Era a maneira do povo daquele tempo explicar as doenças. Já fazia dezoito anos que a mulher estava nessa situação. Ela não fala, não tem nome, não pede para ser curada, não toma nenhuma iniciativa. Sua passividade chama a atenção.
Lucas 13,12-13: Jesus cura a mulher
Vendo a mulher, Jesus a chama e lhe diz: “Mulher, você está livre da sua doença!”. A ação de libertar é realizada pela palavra, dirigida diretamente à mulher, e pelo toque da imposição das mãos. Imediatamente, ela fica de pé e começa a louvar o Senhor. Há uma relação entre o colocar-se de pé e dar glória a Deus. Jesus faz a mulher ficar de pé, para que ela possa louvar a Deus no meio do povo reunido em assembleia. A sogra de Pedro, quando curada, levantou-se e se pôs a servir (Mc 1,31). Louvar a Deus e servir aos irmãos!
Lucas 13,14: A reação do chefe da sinagoga
O chefe da sinagoga ficou furioso com a ação de Jesus, por ele ter feito a cura num dia de sábado: “Há seis dias para o trabalho! Portanto, venham num destes dias para serem curados e não no dia de sábado!”. Na crítica do chefe da sinagoga ao povo ressoa a palavra da Lei de Deus que dizia: “Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o sábado de Javé seu Deus. Não faça nenhum trabalho”. (Ex 20,8-10). Nesta reação autoritária do chefe temos uma chave para entender por que motivo o povo estava tão oprimido e por que a mulher não podia participar naquele tempo. A dominação das consciências através da manipulação da lei de Deus era muito forte. Era esta a maneira de eles manterem o povo submisso e encurvado.
Lucas 13,15-16: A resposta de Jesus ao chefe da sinagoga
O chefe condenou as pessoas porque ele queria que observassem a Lei de Deus. Aquilo que para o chefe da sinagoga é observância da lei de Deus, é hipocrisia para Jesus: "Hipócritas! Cada um de vocês não solta do curral o boi ou o jumento para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? Aqui está uma filha de Abraão que Satanás amarrou durante dezoito anos. Será que não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?" Com este exemplo tirado da vida diária, Jesus mostra a incoerência desse tipo de observância da lei de Deus. Se é permitido desamarrar um boi e um jumento em dia de sábado só para dar-lhes de beber, muito mais é permitido desamarrar uma filha de Abraão para liberta-la do poder do mal. O verdadeiro sentido da observância da Lei que agrada a Deus é este: libertar as pessoas do poder do mal e colocá-las de pé, para que possam glorificar a Deus e render-lhe homenagem. Jesus imita Deus que endireita os encurvados (Sl 145,14; 146,8).
* Lucas 13,17: A reação do povo diante da ação de Jesus
O ensinamento de Jesus deixa confusos os seus adversários, mas a multidão se enche de alegria pelas coisas maravilhosas que Jesus está realizando: “Toda a multidão se alegrava com as maravilhas que Jesus fazia”. Na Palestina do tempo de Jesus, a mulher vivia encurvada, submissa ao marido, aos pais e aos chefes religiosos do seu povo. Esta situação de submissão era justificada pela religião. Mas Jesus não quer que ela fique encurvada. Desatar e libertar as pessoas não tem dia marcado. É todos os dias, mesmo em dia de sábado!
4) Para um confronto pessoal
- Será que a situação da mulher mudou muito de lá para cá? Qual a situação da mulher hoje na sociedade e na igreja? Tem alguma relação entre religião e opressão da mulher?
- A multidão se alegrou com a ação de Jesus. Qual a libertação que está acontecendo hoje e que está levando a multidão a se alegrar e dar graças a Deus?
5) Oração final
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. (Sl 1, 1-2)
Pastor tem AVC em igreja ao cantar 'não deixe um soldado ferido morrer' e morre após 3 dias
- Detalhes
Ele passou mal enquanto cantava durante um culto no último domingo (17) e morreu nesta quarta-feira (20), em um hospital de Vitória.
Por g1 ES
Pastor morreu após sofrer AVC em igreja do Sul do ES
Um pastor de 48 anos morreu nesta quarta-feira (20), depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) durante culto, no último domingo (17), em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo.
O pastor Geter da Silva estava cantando "não deixe um soldado ferido morrer" quando passou mal, caiu e foi socorrido por outras pessoas que estavam no local. O momento foi registrado por fiéis que acompanhavam o culto.
Da igreja, Geter foi levado para o Hospital Santa Casa de Misericórdia. Com a piora do quadro de saúde, o pastor foi transferido para um hospital em Vitória, onde faleceu nesta quarta.
Além de pastor, Geter trabalhava para a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim e vendia picolé no Centro do município.
O corpo dele será velado e sepultado no bairro Coronel Borges, em Cachoeiro de Itapemirim. Fonte: https://g1.globo.com
Quinta-feira, 21 de outubro-202. 29ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 49-53)
49Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 50Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! 51Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. 52Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 53estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz algumas frases soltas de Jesus. A primeira sobre o fogo na terra só ocorre em Lucas. As outras têm frases mais ou menos paralelas em Mateus. Isto nos remete para o problema da origem da composição destes dois evangelhos que já fez correr muita tinta ao longo dos últimos dois séculos e só será resolvido plenamente quando pudermos conversar com Mateus e Lucas, depois da nossa ressurreição.
Lucas 12,49-50: Jesus veio trazer fogo sobre a terra
"Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra!” A imagem do fogo ocorre muito na Bíblia e não tem um sentido único. Pode ser imagem de devastação e castigo e também pode ser imagem de purificação e iluminação (Is 1,25; Zc 13,9). Pode até evocar proteção como transparece em Isaías: “Se passar pelo fogo, estarei contigo” (Is 43,2). João Batista batizava com água, mas depois dele Jesus haveria de batizar pelo fogo (Lc 3,16). Aqui, a imagem do fogo é associada à ação do Espírito Santo que desceu no dia de Pentecostes sob a imagem de línguas de fogo (At 2,2-4). Imagens e símbolos nunca têm um sentido obrigatório, totalmente definido, que não permitiria divergência. Nesse caso já não seria imagem nem símbolo. É da natureza do símbolo provocar a imaginação dos ouvintes e expectadores. Deixando liberdade aos ouvintes, a imagem do fogo combinado com a imagem do batismo indica a direção na qual Jesus quer que a gente dirija a imaginação. Batismo é associado com água e é sempre expressão de um compromisso. Em outro lugar o batismo aparece como símbolo do compromisso de Jesus com a sua paixão: “Você podem ser batizados com o batismo com que serei batizado?”. (Mc 10,38-39).
Lucas 12,51-53: Jesus veio trazer a divisão
Jesus sempre fala em paz (Mt 5,9; Mc 9,50; Lc 1,79; 10,5; 19,38; 24,36; Jo 14,27; 16,33; 20,21.26). Então, como entender a frase do evangelho de hoje que parece dizer o contrário: “Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão”. Esta afirmação não significa que Jesus estivesse a favor da divisão. Não! Jesus não quer a divisão. Mas o anúncio da verdade de que ele, Jesus de Nazaré, era o Messias tornou-se motivo de muita divisão entre os judeus. Dentro da mesma família ou comunidade, uns eram a favor e outros radicalmente contra. Neste sentido a Boa Nova de Jesus era realmente uma fonte de divisão, um “sinal de contradição” (Lc 2,34) ou, como dizia Jesus: “Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”. Era o que estava acontecendo, de fato, nas famílias e nas comunidades: muita divisão, muita discussão, como conseqüência do anúncio da Boa Nova entre os judeus daquela época, uns aceitando, outros negando. O mesmo vale para o anúncio da fraternidade como o valor supremo da convivência humana. Nem todos concordavam com este anúncio, pois preferiam manter seus privilégios. Por isso, não tinham medo de perseguir os que anunciavam a fraternidade e a partilha. Esta é a divisão que surgia e que está na origem da paixão e morte de Jesus. Era o que estava acontecendo. Era o julgamento em andamento. Jesus quer é a união de todos na verdade (cf. Jo 17,17-23). Até hoje é assim. Muitas vezes, lá onde a Igreja se renova, o apelo da Boa Nova se torna um “sinal de contradição” e de divisão. Pessoas que durante anos viveram acomodadas na rotina da sua vida cristã, já não querem ser incomodadas pelas “inovações” do Vaticano II. Incomodadas pelas mudanças, elas usam toda a sua inteligência para encontrar argumentos em defesa de suas opiniões e para condenar as mudanças como contrárias ao que elas pensam ser a verdadeira fé.
4) Para um confronto pessoal
1) Buscando a união, Jesus era causa de divisão. Isto já aconteceu com você?
2) Diante das mudanças na Igreja, como me situo?
5) Oração final
Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. (Sl 33, 1-2)
Terça-feira, 19 de outubro-202. 29ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 35-38)
35Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. 38Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!
3) Reflexão
Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.
Lucas 12,35: Exortação à vigilância
"Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”. Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex 12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia (Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.
Lucas 12,36: A parábola
Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta”. A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada. Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante sempre!
Lucas 12,37: Promessa de felicidade
“Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os papeis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre, se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa? Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber'? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17,7-10). .
Lucas 12,38: Repete a promessa de felicidade
“E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!” Repete a promessa de felicidade que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada, ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para poder entrar em ação.
4) Para um confronto pessoal
1) Somos empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes, vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?
2) A promessa de felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a bondade de Deus para conosco, para comigo?
5) Oração final
Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo,para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. (Sl 84, 9-10)
CNBB, DOM ORLANDO BRANDES E PAPA FRANCISCO RECEBEM APOIOS E SOLIDARIEDADE APÓS AGRESSÕES DE DEPUTADO
- Detalhes
As mensagens de solidariedade que chegam à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, e também endereçadas ao Papa Francisco têm se multiplicado, desde ontem, 17, após a divulgação da Carta aberta da entidade ao Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e aos Cidadãos e cidadãs brasileiros.
A CNBB afirmou rejeitar “fortemente as abomináveis agressões proferidas pelo deputado estadual Frederico D’Avila, no último dia 14 de outubro, da Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo”. Com ódio descontrolado, continuou a Conferência, “o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”.
Autoridades, políticos, entidades religiosas e civis têm manifestado apoio a dom Orlando, ao Papa e à Conferência Episcopal, repudiando as falas agressivas do parlamentar. Confira alguns trechos dos pronunciamentos:
Opus Dei e Arautos do Evangelho
As organizações católicas citadas pelo deputado se manifestaram sobre o pronunciamento realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O vigário regional da Prelazia Opus Dei no Brasil, padre Fábio Henrique Carvalheiro, divulgou declaração manifestando repúdio às declarações do deputado estadual Frederico d’Avila. No texto, ressaltou que “a Prelazia, cujas finalidades são exclusivamente espirituais e apostólicas, sempre viveu e fomentou – pois esse é o espírito ensinado pelo seu fundador São Josemaria Escrivá – veneração pelo Santo Padre e união ao colégio episcopal e à Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil.
Já o Comissário Pontifício para os Arautos do Evangelho, cardeal Raymundo Damasceno Assis, reiterou a comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco, a CNBB e Dom Orlando Brandes e reprovou “o pronunciamento infeliz do deputado da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo”.
Profecia e oração da Vida Religiosa
A vida religiosa consagrada feminina, por meio União das Superioras Gerais das Congregações Brasileiras (USGCB), manifestou apoio e solidariedade a dom Orlando e ao Papa Francisco “profetas de nosso tempo, que anunciam que a alegria do Evangelho é vida em abundância para os pobres”. No texto, assinado pela diretora Geral das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e delegada da USGCB, irmã Maria Freire da Silva, a entidade observa que o dinamismo da profecia “nunca é aceito por aqueles que são contrários ao Projeto de justiça e de verdade, proclamado e vivenciado por Jesus Cristo”.
Motivadas a serem como Ester (Est 4,17) “que se preparou durante três dias, inclinou-se em sua dor, mas também em sua esperança, suplicando ao Senhor através da oração, do jejum e da incessante busca da Vontade de seu Deus a seu respeito na defesa da vida do seu povo”, as religiosas foram convidadas a unirem-se em oração no dia 22 deste mês na intenção pelo Papa e por dom Orlando. Leia na íntegra.
Em carta aberta, a Província Frei Bartolomeu de Las Casas – dos frades dominicanos no Brasil – e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, manifestaram ‘indignação e reprovação das agressões dirigidas à CNBB, ao Papa Francisco e a Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida”.
“O discurso, cujas bases são o ridículo e a ignorância, a desinformação e a má-fé, traduz o que de pior chegou à política brasileira: o ódio, a violência e a barbárie. O fato de que uma pessoa pública se manifeste nesses termos traduz os grandes perigos que ameaçam a nossa democracia. Por isso mesmo, tal episódio deve ser punido rigorosamente, em nome da justiça e da verdade”, lê-se no texto.
A província da congregação religiosa renovou seu apoio e sua comunhão com o Papa Francisco, com a CNBB e com Dom Orlando, “cuja presença são inspiração ética para milhões de brasileiros e brasileiras. As palavras irascíveis e descabidas do deputado paulista só confirmam a importância dessa presença no Brasil contemporâneo”.
A coordenação da Conferência dos Religiosos do Brasil no Ceará expressou solidariedade a dom Orlando Brandes, ao Papa Francisco, e à CNBB. “Neste dia celebrativo de abertura oficial do Sínodo dos bispos na Arquidiocese de Fortaleza, reiteramos a nossa “união” com toda a Igreja nesse momento difícil de provação. Estamos “juntos”, não vamos nos calar diante de tanta violência, desrespeito, ofensas e acusações proferidas contra
a Igreja e seus pobres filhos”, afirmaram os religiosos no texto.
Organismos
O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) emitiu nota de repúdio às falas do deputado paulista e quis esclarecer que “em Cristo Jesus somos uma só comunidade, e caminhamos no desejo ardente da Paz e da Justiça”. Para tanto, prossegue a nota, “nos unimos em defesa do Papa Francisco, da CNBB e de Dom Orlando, reforçando o nosso fecundo desejo do respeito às pessoas e às instituições de nosso país”.
O CNLB pediu ainda às autoridades competentes e à Assembleia Legislativa de São Paulo que instaurem “as apurações cabíveis sobre a postura do deputado e a aplicação das devidas sanções regimentares, incluindo a retratação desta tentativa de macular a Instituição Igreja Católica e seus representantes”.
Também a Cáritas Brasileira manifestou solidariedade a dom Orlando Brandes. Em nota, o organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil repudiou “o uso de um espaço do povo para incentivar a violência, agredir verbalmente ao Santo Padre o Papa Francisco e atacar a Igreja no Brasil, assim como aos seus bispos”.
A Cáritas lembrou que, historicamente, a Igreja no Brasil esteve comprometida com a promoção da paz e construção de uma sociedade do Bem Viver. “O uso de linguagem violenta, como a usada pelo deputado paulista, apenas reforça a importância de resgatar princípios civilizados e humanos no nosso país”, afirma. Fonte: https://www.cnbb.org.br
CNBB cobra punição a deputado bolsonarista que chamou arcebispo e papa de 'vagabundos', 'safados' e 'pedófilos'
- Detalhes
O deputado estadual Frederico D'Ávila (PSL) em discurso na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) -
Entidade da Igreja Católica afirma que também vai fazer uma interpelação judicial para que Frederico d'Avila faça esclarecimentos sobre as acusações
SÃO PAULO
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou uma carta aberta à Assembleia Legislativa de São Paulo na qual pede punição ao deputado bolsonarista Frederico d’Avila (PSL), que chamou o papa Francisco e o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, de “pedófilos”, “vagabundos” e “safados'".
A entidade afirma que também vai levar o assunto à Justiça, por meio de uma interpelação, para que o deputado preste esclarecimentos sobre as ofensas e acusações.
O deputado realizou os ataques verbais em discurso na Assembleia no dia 14 de outubro, em reação a críticas feitas por Brandes em sermão de missa no feriado de 12 de outubro.
Em Aparecida, pela manhã, antes de visita do presidente Jair Bolsonaro ao local, o arcebispo pregou: "Vamos abraçar os nossos pobres e também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada".
O religioso fez alertas sobre o armamento da população, o discurso de ódio e as notícias falsas e defendeu a ciência e a vacinação contra o coronavírus.
No mesmo dia, mas à tarde, Bolsonaro esteve no Santuário Nacional de Aparecida, onde foi recebido com aplausos e vaias, e ouviu um outro sermão com referências à situação atual do país, incluindo o desemprego e a pandemia.
Na última quinta-feira, o deputado estadual atacou a conduta de Brandes.
“Seu vagabundo, safado da CNBB, dando recadinho para o presidente [Jair Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha, seu safado”, afirmou na tribuna da Assembleia.
“Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito e do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos, safados. A CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, disse.
Na carta divulgada neste domingo, a CNBB pede ao presidente da Assembleia, Carlão Pignatari, que a Casa adote medidas contra d’Avila.
“Com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”, segundo a carta.
“A CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade —sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada”, afirma a CNBB.
Diz ainda esperar “uma resposta rápida” de Pignatari, o que seria uma “postura exemplar e inspiradora para todas as casas legislativas, instâncias judiciárias e demais segmentos para que a sociedade brasileira não seja sacrificada e nem prisioneira de mentes medíocres”.
Na carta assinada pelo seu presidente, o arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, a CNBB afirma que a reação ocorrerá também via Justiça.
“A CNBB tratará esse assunto grave nos parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo parlamentar, protagonista desse lastimável espetáculo, serão objeto de sua interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que salvaguardam a verdade e o bem, de modo exigente nos termos da lei”, de acordo com a carta.
Procurado pela Folha, o deputado d’Avila afirmou que a carta "mostra claramente que [a CNBB] é um conglomerado político travestido de grupo religioso".
"Usam a batina e o altar, a boa-fé e a pureza de alma das pessoas para fazer proselitismo politico partidário, pregar a luta de classes, condenar as conquistas materiais fruto do trabalho árduo e desconstruir os valores pregados pelo cristianismo como fé, família e tradição", afirmou.
"Eles querem é desacreditar a Igreja perante os seus fiéis. Criar uma confusão e pregar o socialismo através do altar", disse o deputado. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pág. 167 de 664