Terça-feira, 8 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 1-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele. 2E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.) 5Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras? 6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (29,13). 8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens. 9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje fala dos costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções de Jesus a respeito destes costumes.
Marcos 7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.
Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
Marcos 7,3-4: A Tradição dos Antigos
“A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).
Marcos 7,5: Escribas e fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus
Os escribas e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da pureza.
Marcos 7,6-13 Jesus critica a incoerência dos fariseus
Jesus responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o Messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.
4) Para um confronto pessoal
- Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
- Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (Sl 8, 2.5a)
Segunda-feira, 7 de fevereiro-2022. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 53-56)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 53Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. 54Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu. 55Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se encontrava. 56Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos 6,45-56 que compreende três assuntos diferentes: 1) Jesus sobe sozinho a montanha para rezar (Mc 6,45-46). 2) Em seguida, andando sobre as águas, ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas do mar (Mc 6,47-52). 3) Agora, no evangelho de hoje, estando já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc 6,53-56).
Marcos 6,53-56. A busca do povo.
“Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades” (Is 53,4 e Mt 8,16-17)
Ensinar e curar, curar e ensinar. Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galileia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.
Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!
4) Para um confronto pessoal
- O entusiasmo do povo em busca de Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males. Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?
- O que chama a atenção é a atitude carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com as pessoas excluídas da sociedade?
5) Oração final
Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! (Sl 103, 24.35c)
PESCADOR DE HOMENS
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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
O grande Papa São João Paulo II, ao terminar o Grande Jubileu, quando pareciam limitadas as suas forças, ao invés de ficar estancado diante dos grandes problemas da humanidade, estimulou a Igreja e todas as pessoas de boa vontade, com palavras fortes na Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte (1): “Quando se encerra o Grande Jubileu, em que celebramos os dois mil anos do nascimento de Jesus, e um novo percurso de estrada se abre para a Igreja, ressoam no nosso coração as palavras com que um dia Jesus, depois de ter falado às multidões a partir da barca de Simão, convidou o Apóstolo a ‘avançar para águas mais profundas’ para a pesca (Lc 5, 4). Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as redes. ‘Assim fizeram e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam’ (Lc 5, 6). ‘Avança para águas mais profundas’! Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente, abrir-se com confiança ao futuro: ‘Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre’ (Hb 13, 8)”. À distância de tantos anos, maiores são os desafios e maior a confiança que deve brotar em nós, justamente quando a Igreja proclama o mesmo texto de São Lucas (Lc 5, 1-11) na liturgia que estamos para celebrar neste final de semana.
O sucessor de Pedro, Papa Francisco, lança continuamente apelos à Igreja para que se ponha em marcha, com nova coragem e novas energias. A América Latina e o Caribe celebraram a Primeira Assembleia Eclesial do Continente, como desejo de reavivar o espírito da Conferência de Aparecida e na perspectiva do Jubileu Guadalupano de 2031, assim como o Jubileu da Redenção em 2033, numa magnífica experiência de sinodalidade – caminhar juntos – para “comunicar por um transbordamento de alegria a alegria do encontro com Jesus Cristo, para que nele tenhamos vida plena” (Conferência de Aparecida). No horizonte, aflora a realização do Sínodo, convocado pelo Papa para 2023, com um significativo processo de participação e corresponsabilidade. E nossa Igreja de Belém, após um intervalo suscitado pela pandemia, retoma agora o caminho de seu Primeiro Sínodo Arquidiocesano, com o tema “Belém, Igreja de portas abertas” e o lema “A cidade de encheu de alegria”. Tudo isso na tarefa de repensar e relançar a missão evangelizadora, num caminho de conversão missionária e maior responsabilidade pastoral.
“A sinodalidade é o caminho, algo que pertence à essência da Igreja, e é por isso que se insiste que ‘não é uma moda passageira ou um slogan vazio’. É algo que nos fez aprender a caminhar juntos, envolvendo a todos. Agora é uma questão de levá-lo às comunidades, às bases, e assim se mostra o compromisso de seguir o caminho, aprendendo e criando, em um itinerário pastoral que busca a conversão missionária e sinodal. Podemos dizer que o caminho foi traçado, agora precisamos da coragem de enfrentá-lo, sem esquecer algo que não é negociável: todos temos que estar juntos”. Assim se expressou a mensagem final da grande Assembleia Eclesial.
A atividade evangelizadora da Igreja exige continuamente um chamado à unidade. E é uma graça especial para nós cristãos termos um ponto de construção dessa unidade, que é o sucessor de Pedro, nosso Papa Francisco, com a missão atual de ser “pescador de homens”, tarefa que, na devida proporção, deve ser de cada cristão. Com ele, desejamos percorrer juntos o caminho.
O Pedro de então, pescador profissional, acolhe a palavra de um carpinteiro, que não tinha nada de pescador. Tudo começa com um ato de fé! “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5, 5). Jesus é Mestre e Senhor, e Simão Pedro percorre mais uma etapa de sua vocação. Não lhe bastou deixar as redes para ir atrás de Jesus! Ele deve lançá-las de novo e de um modo diferente. A lógica de Deus tantas vez nos surpreende, pois somos chamados a apostar tudo na palavra de um outro! O Pedro de hoje é muitas vezes criticado e questionado, julgado e desrespeitado. Entretanto, se queremos ser católicos, é na força de sua fé e convicção que deveremos lançar as redes outra vez. E não basta fazer as mesmas coisas e assumir as mesmas atitudes. É hora de descobrir novos caminhos, nova linguagem, nova postura, sem perder a fidelidade àquilo que é essencial em nossa fé. Lançadas as redes, o milagre acontece. Quem aposta na unidade com o Papa experimentará os frutos, pois verá suas palavras e atitudes incidirem no coração das pessoas.
Simão Pedro se declarou pecador, pedindo até que o Senhor se afastasse dele. Não foram poucas as vezes em que o Papa Francisco, nosso Pedro de hoje, afirmou ser frágil e pecador, como todos nós o somos. Várias vezes a imprensa estampou imagens do Papa na Basílica de São Pedro dirigindo-se a um confessionário! E alguém pode perguntar a respeito da infalibilidade do Papa! Ele é infalível quando proclama uma verdade de fé, exercendo o ministério petrino que lhe foi confiado. Como pessoa humana, carece do perdão, por ser pecador e frágil como qualquer pessoa. Isso nos é altamente consolador, inclusive para que ninguém dê desculpas quando chamado a uma tarefa na Igreja. E todos os sucessores de Pedro são chamados a deixar tudo para ser pescadores de homens, e impressiona o modo com que o Papa Francisco realiza este serviço, sendo o primeiro numa Igreja em saída, com espírito missionário e disposição para o diálogo com o mundo inteiro.
A unidade se realiza em cada Igreja Particular, em cada Paróquia ou Comunidade, nas Pastorais, nos Movimentos Eclesiais. Todos os cristãos, e pensemos em nossa Arquidiocese, haverão de reconhecer, malgrado a fragilidade que existe também no seu Pastor e Bispo, que ele é o ponto de referência de unidade. Se não se vê o Bispo com espírito de fé, nem mesmo será possível ajudá-lo na superação de fraquezas ou correção de rumos, coisa que cada cristão pode e deve fazer, com espírito de caridade. Nossa Igreja se comprometa mais e mais, neste tempo de Sínodo, com o espírito de unidade e comunhão! Fonte: https://www.cnbb.org.br
A PESCA MILAGROSA: DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS EM SAÍDA.
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Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A liturgia do quinto domingo do tempo comum apresenta a pesca milagrosa depois que o Senhor disse aos discípulos de lançarem as redes para águas mais profundas. Nós podemos entender essas palavras de Jesus no sentido de sermos discípulos missionários em saída. É preciso partir para a ousadia, fazer bem e melhor a missão que o Senhor nos confiou na família, na comunidade e na sociedade. Os resultados serão melhores, porque tudo é feito em unidade com o Senhor. Jesus é o missionário do Pai, por excelência, pois ele revelou a importância do amor de Deus e do amor fraterno.
Jesus estava junto ao lago de Genesaré e a multidão ia ao seu encontro para ouvir a Palavra de Deus, a boa nova da evangelização. Jesus era o verdadeiro Mestre de modo que ele ensinava as multidões de forma diferente dos mestres da Lei. Simão Pedro e seus companheiros não pescaram nada naquela noite, de modo que Jesus disse a eles avançarem para águas mais profundas. Eles apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Como Pedro e outros companheiros sentiram-se espantados, Jesus disse que os faria pescadores de homens, de pessoas humanas (Lc 5,10). É o Reino de Deus que toma o rumo certo em Jesus e com os seus discípulos1.
O Papa Francisco coloca a importância a todos os fieis para serem discípulos missionários em saída. A atitude de avançar para águas mais profundas especifica a nossa missão de ir à busca de outros mares, outros lugares ou mesmo em nossas comunidades e paróquias, de modo que sejamos uma Igreja em saída. Vejamos em seguida, como os padres da Igreja vivenciaram a dimensão da missão na vida cristã, na qual Cristo ensinou aos seus discípulos e hoje esta é dada a todos nós.
A Igreja forma o corpo de Cristo.
Santo Agostinho, bispo do século IV, em Hipona, no Norte africano, dizia que a Igreja por graça de Deus, estende-se em todas as partes do mundo. Ela é o único corpo de uma só e mesma cabeça, que é o Salvador mesmo, como disse o Apóstolo Paulo (cf. Ef 5,23; Cl 1,18). A palavra do profeta referia que o Senhor seja exaltado acima dos céus (Sl 56,12). Após a sua exaltação, a Igreja se espalhou em diversos lugares e marca presença, em toda a terra, trazendo abundantes frutos. O bispo de Hipona exortou a todos os fieis a buscarem a unidade em vista da missão2.
A obra missionária.
São Gregório Magno, papa, séculos VI e VII falou da obra missionária que estava ocorrendo na Britânia, hoje é a Inglaterra. Ele enviou um monge que depois se tornou bispo, Agostinho, ao anunciar o evangelho de Jesus Cristo aos Anglos. Ele recomendou a ele para a construção de templos e altares ao Senhor Deus para que assim a obra missionária fosse acolhida por aquele povo3.
A importância da tradição cristã.
Tertuliano, padre de Cartago, séculos II e III, afirmou a importância da difusão do evangelho de Jesus ajudado pela tradição cristã. Ele colocou o valor do batismo por ordem do Senhor na qual o fiel renuncia ao demônio e as suas seduções, e depois as pessoas cristãs eram imersas por três vezes dando algumas respostas que o Senhor prescreveu a elas a partir do evangelho do Senhor. Havia também a recepção da unção. As pessoas também recebiam a eucaristia que o Senhor deu para os seus discípulos e a todas as pessoas que crerem nele. Os fiéis tinham presentes as ofertas para as pessoas necessitadas4. A missão era feita na comunidade.
A estrutura imperial.
Orígenes, padre alexandrino, séculos II e III afirmou que o Senhor preparou as nações na colhida do seu ensinamento evangélico, submetendo-as todas ao único soberano, o Imperador de Roma e impedindo que o isolamento das mesmas por causa da pluralidade dos reinos, não tornasse mais difícil aos apóstolos assumir a ordem de Cristo de ir e de fazer discípulos seus todos os povos (Mt 28,19). Desta forma a estrutura imperial ajudou na divulgação do evangelho de Jesus Cristo às nações5.
A fé em Cristo Jesus dos povos e a presença do Espírito Santo.
São Leão Magno, papa, século V, afirmou que a fé em Cristo, reforçada pelo dom do Espírito Santo não fez temer as pessoas, as cadeias, as prisões, o exílio, a fome e também os suplícios dos cruéis perseguidores do evangelho. Por esta fé e decisão de muitas fiéis não somente homens, mas também mulheres não só moços, mas também moças fizeram com que combatessem até a efusão de seu sangue, a vivência do evangelho de Jesus Cristo nas suas realidades. Eles e Elas viveram muitas vezes, a paixão do Senhor, na esperança da feliz ressurreição junto com o Senhor Jesus que está sentado à direita do Pai6.
O anúncio dos dons de Deus ao mundo.
Santo Ambrósio, bispo de Milão, século IV disse que o anúncio dos dons de Deus aos povos do mundo tornou-os melhores na vida cotidiana. As virtudes, como a moderação, em unidade com a misericórdia do Senhor, propagada pela Igreja, fruto do sangue de Cristo, imitando os dons celestes; está em unidade com a redenção de todos os seres humanos, na certeza de prosseguir este fim salutar com tanta descrição que o coração das pessoas sustenta a mente e dá grande força à alma7.
O Senhor Jesus Cristo nos envia para a missão na realidade atual. Assim como ele pediu para os discípulos avançarem para águas mais profundas, faz hoje o mesmo convite para que nós saiamos de uma vida cômoda, para irmos ao mundo anunciar o evangelho de Jesus Cristo, o amor à Igreja, os sacramentos, a vida comunitária. A missão é dada pela construção da Igreja templo, e pela Igreja povo de Deus. A pesca milagrosa ocorrerá em nosso meio, pela presença de Deus Uno e Trino e pelo povo de Deus a nós confiado. Fonte: https://www.cnbb.org.br
SUICÍDIO ENTRE OS PADRES. POR ONDE COMEÇAR?
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O clero católico brasileiro amanheceu sem mais um dos seus filhos sacerdotes...
Quando falamos de suicídio, estamos diante de um fenômeno humano complexo. Nunca existe um só fator ou causa para explicar tal ato. Não cabe encontrar culpados. Existem inúmeras mortes por detrás de uma morte tão trágica. A prevenção do suicídio enfoca uma estrutura criada para identificar intervenções eficazes e alinhá-las com os chamados ‘fatores de risco’.
Quais são os fatores de riscos para os padres brasileiros? Quais são as estratégias (ainda que primárias) a nível de prevenção? Quando será feito um estudo a nível nacional por parte da conferência episcopal brasileira? As dioceses, a partir de suas pastorais presbiterais, não poderiam iniciar um estudo a nível local? Fato é que já tarda um programa nacional de saúde emocional e mental para o clero brasileiro.
Por onde começar? Formação inicial, Seminários! Educação e conscientização sobre a saúde mental. Inteligência emocional e resiliência precisam entrar na grade curricular e nos programas de formação. O que existe neste sentido nas chamadas ‘ratios’? Nada se sabe sobre comportamentos humanos, sentimentos, emoções, conhecimento de si mesmo...Os futuros padres vivem numa bolha litúrgica e acadêmica, são analfabetos emocionais.
Quem acompanhar após a ordenação? Os mais frágeis, os que pedem socorro pelas redes sociais, os que comumente são abandonados por seus superiores e colegas, os que estão mais afastados geograficamente e presbiteralmente. A pandemia só acentuou a fragilidade humana do clero! O que está sendo feito a nível pessoal, irmão presbítero? O que está sendo feito a nível diocesano, senhor bispo?
Rastrear os indivíduos, oferecer suportes e intervir na vulnerabilidade podem ser os três movimentos iniciais na prevenção do comportamento suicida sacerdotal.
O Padre Geraldo escreveu sua carta de despedida no último dia 21, vindo tirar sua própria vida no dia primeiro deste mês. Ele teve exatamente 10 dias. Onde faltamos aqui? Onde estava sua rede de apoio? O que faltou? Quanto sofrimento essa alma deve ter carregado nestes últimos dias?
O suicídio dele é diferente (quanto à forma) de todos os outros dez padres do ano passado, e de todos os outros dos anos passados. Padre Geraldo, que completou 50 anos de sacerdócio no mês passado, escolheu a igreja como local de sua dolorosa e solitária páscoa. Ele, de braços abertos, tendo tomado veneno, morre sozinho, dentro da Paróquia. O que essa morte escolhida, tem a nos dizer? Por que sozinho? Por que o veneno? Por que dentro da igreja? Por que aquela carta?
O suicídio do Padre Geraldo traz luz a muitos aspectos: O sofrimento psíquico dos presbíteros brasileiros, o lugar do padre idoso no Brasil, a fraternidade presbiteral, o cuidado episcopal para com os mais velhos, os devidos cuidados humanos e pastorais para com os padres que não são mais párocos, o acompanhamento psíquico e psiquiátricos dos padres, etc.
Irmão sacerdote, você é o protagonista da tua vida! Você é o primeiro responsável pela tua saúde mental, emocional, física e espiritual. Não se prenda a jurisdição eclesiástica, a normas que oprimem, sufocam, desumanizam e adoecem! Deixe a paróquia, mas não se mate! Não espere que o bispo ou que o outro padre percebam tua dor ou leiam tua carta. Eles podem estar ocupados por demais contando suas côngruas, construindo suas obras, gozando suas férias e alimentando as redes sociais...
Você é padre, você é ser humano, você é filho de Deus! Reze, ame; mas se ame, se priorize, mude de diocese, de congregação, volte para casa de seus pais, vai para um mosteiro, entregue seus cargos eclesiásticos, peça um ano sabático, escreva sua renúncia, procure um diretor espiritual, um terapeuta e um médico, mas por favor, não se mate. Você não é o Padre Pio! Você não é Maximiliano Kolbe, nem João Paulo II. Você em breve será esquecido, outros estarão pastoralmente no teu lugar, o mundanismo e a psicopatologia continuarão nos três graus da ordem, tua foto irá para internet até quando conhecermos, infelizmente, o segundo padre suicida de 2022 no Brasil...
Irmão padre, escolhe, pois a Vida!
Padre Simeão do Espírito Santo
Apresentação do Senhor, 2022
Suicídio do padre - Bispo agredido na porta do cemitério
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O bispo da diocese de Nazaré da Mata, Pernambuco, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, precisou de proteção policial para sair do cemitério, após o enterro do padre Geraldo de Oliveira, em Surubim, PE. Aparentemente, o padre Geraldo tirou a própria vida dentro da Igreja de São Sebastião, anteontem. Deixou uma carta-testamento de quatro páginas, responsabilizando dois colegas de sacerdócio pelo ato. O conflito era antigo. A população xingou o bispo de assassino, omisso, e atirou palavras de baixo calão. O prelado chegou a ser puxado pelas vestes.
BISPO ADMITE SUICÍDIO
O constrangimento de D. Francisco era visível ao longo do dia.
A família curvou-se às evidências e mesmo sem o parecer definitivo da Polícia, admitiu o que toda a população do Agreste de Pernammbuco acha que aconteceu: o auto assassinato do padre Geraldo de Oliveira, anteontem, na igreja de São Sebastião, em Surubim, PE. A fala do bispo Dom Francisco na missa exequial ( de expiação) celebrada hoje à tarde na igreja onde aconteceu a tragédia, não mencionou suicídio. Mas todo o sentido das palavras ditas com insegurança, conduziam a essa constatação. A polícia também não trabalha com outra hipótese. Entretanto, as dúvidas em torno do caso não apenas permanecem. Aumentam a cada instante.
PADRES ACUSADOS FOGEM
Os padres Severino e Amaro, da paróquia de São Sebastião, em Surubim, foram duramente acusados pelo padre Geraldo de Oliveira em sua carta-testamento como responsáveis pela situação insustentável em que se encontrava. As humilhações e agressões sofridas por ele foram o provável motivo de sua morte. Após a divulgação do teor da carta, ambos sumiram do município. Onde estão? Fugiram? Estão sendo escondidos pela diocese? Essa fuga é mais um mistério que cerca uma morte inusitada, aparentemente fácil de decifrar porém cercada de dúvidas por todos os lados. Os indícios levam à conclusão que a polícia elegeu como única hipótese a investigar: suicídio.
Pessoas que acompanharam a perícia e o levantamento do corpo comentaram que o padre, encontrado entre dois bancos da igreja, com a cabeça apoiada em travesseiro, trazia uma denúncia adicional. Colado na sua barriga um papel indicava que os padres Severino e Amaro eram os responsáveis por aquela situação. Não há registro oficial de que tenham sido ouvidos pela polícia.
A CARTA
Uma sobrinha do padre morto fez duras acusações aos companheiros de batina citados.
A missa de corpo presente, celebrada ontem em São Caetano, onde ainda residem os parentes mais próximos do falecido, teve tanta gente que a igreja matriz não comportou. A cerimônia foi realizada do lado de fora, no alto das escadarias. De lá, a sobrinha confessou que o tio tinha lhe entregue a carta no final de dezembro, com orientação expressa para que fosse encaminhada ao bispo Dom Francisco no dia 31 de janeiro. Nesse dia, o padre Severino celebrou sua última missa. Depois, pediu ao sacristão para fechar a igreja e deixar a porta da torre aberta, ordem que não foi obedecida. Ao lado do corpo estavam uma bolsa contendo uma corda, o que sugere uma possível opção pelo enforcamento. Também foram encontrados no lixeiro do recinto uma garrafa de champagne quebrada e dois recipientes que supostamente continham veneno.
CONDUTA
No seu discurso em tom sereno porém firme e seguro, em São Caetano, a sobrinha garantiu que não tinha lido o documento, apesar de autorizada pelo tio. Apenas, segundo disse, tirou cópias que deveriam ser dirigidas a cerca de 30 pessoas de Surubim. Assegurou ainda que os dois sacerdotes, Severino e Amaro, apontados como contumazes molestadores e agressores pelo morto na sua carta, teriam sua conduta espiritual julgada por Deus. Mas os seus atos como pessoas teriam que ser punidos nesta terra e para tal a família iria adotar os procedimentos jurídicos cabíveis. Em Surubim, tomada pela emoção, a representante da família não conseguiu falar.
SUPOSIÇÕES
Antes mesmo do início da missa, circulavam rumores de que o bispo teria conversado com a moça, tentando convencê-la a baixar o tom contra os padres acusados. Pelo sim, pelo não, a fala não aconteceu.
COMOÇÃO
A chegada do corpo em Surubim provocou uma enorme comoção. Centenas de coroas de flores foram enviadas pelos paroquianos. Todos os atos foram acompanhados por uma multidão emocionada.
AUTÓPSIA
Até o fechamento desta edição, a polícia Pernambucana ainda não tinha divulgado o laudo oficial da autópsia, realizada ontem no Instituto de Medicina Legal, no Recife.
RIVALIDADES E DIVERGÊNCIAS
A carta-testamento, de quatro páginas, dirigida ao padre Severino Correia da Silva e à comunidade, relata rivalidades, divergências, agressões leves, discriminação, mágoas. Um conjunto de motivos isoladamente sem maior gravidade. Na verdade, um mosaico pouco edificante. Porém insuficiente para conduzir o padre Geraldo a um desfecho trágico e totalmente inesperado.
QUEM ERA
O padre Geraldo de Oliveira, de 77 anos, estava aposentado mas ainda fazia celebrações e um reconhecido trabalho social. Era religioso há cinco décadas, comemoradas no último dia 2 de janeiro. Há 27 anos ele morava em Surubim. Antes, foi pároco nas cidades de Agrestina e São Caetano, em Pernambuco. Também foi professor de Filosofia da extinta faculdade Fafica, em Caruaru.
Uma das marcas da sua atuação era o trabalho social. Ele construiu 78 casas em Surubim e outras 20 em Nazaré da Mata para famílias carentes. Realizava também, de forma permanente, campanhas para doação de cestas básicas, colchões e roupas. Nestas ações filantrópicas, contava com a colaboração de amigos que residem na Alemanha, país que visitava regularmente.
Devoto de Padre Cícero, criou a Missa dos Romeiros em Surubim e na cidade vizinha de João Alfredo.
ESCLARECIMENTOS
Depois da perícia, muitas perguntas deverão ser respondidas. Foi mesmo envenenamento ? (o povo fala no uso do popular chumbinho, veneno para ratos). Quem foi responsável pela administração da substância? Onde foi adquirida e por quem? O padre Geraldo tinha notórios problemas de visão além de grande dificuldade para o uso de equipamentos eletrônicos. Quem digitou e imprimiu a carta? Ele mesmo? Ou contou com a ajuda de um terceiro? A sobrinha garante que recebeu a carta já digitada, para tirar cópias e remeter. Como não leu, não desconfiou das intenções do tio. Alguém praticou ou ajudou na consumação do ato? Mistérios a serem esclarecidos com a ação cautelosa e criteriosa da polícia. Fonte: https://www.jornalopoder.com.br
Sexta-feira, 4 de fevereiro-2022. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 14-29)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele. 15Uns afirmavam: É Elias! Diziam outros: É um profeta como qualquer outro. 16Ouvindo isto, Herodes repetia: É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou! 17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém. 20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia. 21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galileia. 22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino. 24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista. 25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista. 26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar. 27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere, 28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Marcos 6,14-29
O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” Além disso, ao fazer um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus, Marcos provoca uma outra pergunta: “Quem é Jesus?” Esta última pergunta vai crescendo ao longo do evangelho até receber a resposta definitiva pela boca do centurião ao pé da Cruz: "De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 15,39)
Marcos 6,14-16. Quem é Jesus?
O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
- 2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
5) Oração final
Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam. (Sl 17, 31)
A dor do suicídio: nove padres se suicidaram em 2021, o que fazer?
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Nove padres se suicidaram em 2021, o que fazer? (Imagem: Pixabay)
*Pe. Matheus S. Bernardes
No dia 07 de novembro passado, mais um padre tirou sua própria vida – já são nove só em 2021! O que fazer? Infelizmente, o número de suicídios permanece elevado no Brasil e no mundo: segundo o anuário brasileiro de segurança pública, em 2020 foram registrados no país 12.895 suicídios. É um número elevado, o que fazer?
As causas que levam uma pessoa a tirar sua própria vida são as mais variadas possíveis; o que, sim, é comum a todos os casos é o fato de enxergarem na morte a única saída – ainda que desesperada – para aquilo que estão vivendo. Se comparamos os índices, podemos até relativizar a problemática do suicídio de padres: o número de padres que tira a própria vida não chega a 0,0007% dos casos (é preciso registrar a diferença do período usado para a comparação, mesmo assim a variação permanecerá inexpressiva). Pode um padre se suicidar?
Não dispomos em português da mesma semântica dos idiomas anglo-germânicos que distinguem entre poder de permissão e poder da ação – no caso do inglês, a distinção é feita pelo uso dos verbos auxiliares may e can, no caso do alemão, dos verbos auxiliares dürfen e können.
Como todo ser humano, o padre não pode – não tem a permissão – de tirar a própria vida. Não se trata de uma imposição moral advinda da sociedade, tampouco da religião, mas de uma disposição ética profunda do ser humano que o permite contemplar a vida como absoluta gratuidade da qual não tem a permissão para dispor.
Possivelmente, essa tenha sido a motivação que teve A. Calmus ao afirmar que o único problema filosófico que deve ser levado a sério é o suicídio. Não se trata somente da negação de Deus e do mundo, mas a negação de si mesmo, da inteligência e da liberdade que permitem ao ser humano recomeçar do zero todos os dias. Por isso, filosoficamente, nenhum ser humano pode – ou tem a permissão – de tirar a própria vida.
Sacerdote é também ser humano
Entretanto, o padre, como todo ser humano, pode – tem o poder da ação – para tirar a sua vida; os números, infelizmente, comprovam esse poder, essa ação. Mas por que tantos se escandalizam diante do suicídio de um padre? Diria até mais precisamente, o suicídio de todo ser humano deveria produzir o mesmo escândalo, afinal de contas, como mencionei anteriormente, se trata de negação de si mesmo. Entretanto, o fim doloroso e dramático da vida de um padre, que tira a própria vida, escandaliza muito mais. Por quê?
Talvez a resposta a essa pergunta possa iluminar a reflexão sobre o problema. Não pretendo dar uma resposta definitiva, somente tenho a pretensão de oferecer – a quem quiser – alguns elementos para a reflexão.
Circula pelos grupos de padres do WhatsApp, uma carta de um irmão padre que insiste muito no zelo que cada um de nós deve ter por si mesmo. O Pe. José Alves, que tirou sua vida no último dia 07 de novembro, escreveu pouco antes de cometer o ato desesperado “Amo minha Igreja”. O autor da carta muito assertivamente se questiona: mas a Igreja ama seus padres?
Ele enumera diversas situações que empurram os padres para as crises que podem levar ao suicídio, como no caso do Pe. José: a pouca atenção dos bispos, a pressão de ser bons administradores e exímios ministros pastorais, a frieza das relações dentro do presbitério, a pressão das comunidades, as denúncias – muitas vezes falsas –, a dureza do Código do Direito Canônico, que se mostra, em algumas ocasiões, muito mais importante que o Evangelho.
Por mais que tenha enumerado diversas situações, que são propriamente sintomas da grave crise, penso que o autor da carta não tocou – não por incapacidade ou falta de percepção – o problema mais profundo que jaz sob a situação: a “sacralização”, quando não, o “endeusamento” do padre.
Acúmulo de funções?
O padre hoje é um ministro ordenado que acumula os serviços dos diakonói e dos presbyterói do Novo Testamento, isto é, estar a serviço da Palavra, da mesa, especialmente dos pobres (entenda-se por mesa, a Eucaristia, sacramento da partilha do pão), e das comunidades (At 6,1-6). Em nenhuma passagem do Novo Testamento, os ministros ordenados se identificam com a palavra hiereùs (sacerdote): diáconos, presbíteros, profetas, apóstolos, episkopói (bispos) são os nomes dados aos mais diversos serviços dentro da comunidade.
De fato, se não fosse pela Carta aos Hebreus, a tradição cristã teria excluído por completo a função sacerdotal. Não pode se esquecer que foram os sacerdotes do Templo de Jerusalém que se posicionaram contra Jesus em seu julgamento (Jo 18,19-24); o próprio Jesus sempre se mostrou muito crítico ao poder sagrado com o qual o Templo e os sacerdotes estavam revestidos (Mc 13,1-2).
Mas retomando a Carta aos Hebreus, é mister destacar que a função sacerdotal de Jesus apresentada pelo autor do texto neotestamentário se destaca pela misericórdia para com suas irmãs e seus irmãos (Hb 4,15); o sacerdócio em Jesus não é entendido como “sagrado”, isto é, separado, mas bondoso e compassivo.
História da Igreja
Ao longo da patrística, especialmente no período pré-niceno, a Igreja – a comunidade, não a instituição em primeiro lugar – era a verdadeira sacerdotisa, porque oferecia ao Pai, na força do Espírito Santo, o maior de todos os dons recebera: o próprio Jesus Cristo. Contudo, o ministério ordenado passou por profundas transformações com a assunção do Cristianismo a religião oficial do Império Romano: os ministros ordenados, sobretudo os bispos, assumiram traços dos dignatários do império, entre eles seu “endeusamento”.
A história testemunha esse processo de distanciamento do clero – palavra que jamais deveria ter sido usada no Cristianismo – daquelas e daqueles que receberam o nome de leigas e leigos. Se esse nome é compreendido desde sua riqueza etimológica, isto é, desde sua origem na palavra laós (povo), tudo bem; porém, se é compreendido como distinção, ou mais precisamente, subordinação ao clero; tudo errado.
Durante a Idade Média europeia, a sacralização dos ministros ordenados foi sobreacentuada, quando eles se viram obrigados a assumir elementos próprios da vida religiosa monástica, concretamente o celibato e a vida de oração mediante a recitação dos salmos várias vezes ao longo do dia.
A passagem da Idade Média para a Idade Moderna reforçou esse processo quando os reformadores levantaram sérias questões sobre o sacramento da Ordem. Somente no século XX, com o Concílio Vaticano II, houve um resgate das bases bíblicas e patrísticas do ministério ordenado.
Vaticano II e a contemporaneidade na Igreja
Não obstante, “a volta à grande disciplina”, como descreveu J. B. Libânio, durante o pontificado de João Paulo II significou um congelamento, se não um retrocesso, para os avanços conciliares. Bispos e padres, desde então, somos vistos como seres “divinos” que renunciam a tudo nesta vida para se dedicar à “salvação das almas”. O “sacerdote sagrado” se sobrepõe ao “presbítero”, isto é, àquele que goza do respeito da comunidade porque está a serviço dela.
Ainda que muitos padres compreendam seu ministério em unidade com as comunidades, não são poucos os exemplos que se entendem a si mesmos como “criaturas angelicais”, uma espécie de “terceiro gênero” dessexualizado, como bem aponta J. Tricou, professor da Universidade de Lausanne/ Suíça, em seu livro “Des soutanes et des hommes. Enquête sur la masculinité des prêtes catholiques” (Das batinas e dos homens. Pesquisa sobre a masculinidade dos padres católicos, em tradução livre).
Não somos “seres divinos”, nem “criaturas angelicais”, somos homens que compartilham com os demais homens e as mulheres as mesmas angústias do dia a dia. Afirmava acima que o autor da carta sobre o suicídio de padres enumerou uma longa lista de sintomas, mas penso que a verdadeira causa está no “endeusamento”, na “sacralização” dos padres que tem como resultado a pior enfermidade da Igreja, o clericalismo tão denunciado pelo Papa Francisco.
A divinização – para usar um termo da Patrística – do padre é a mesma que se dá em todas as cristãs e todos os cristãos no dia de seu Batismo. Os padres não somos “privilegiados” por termos recebido o sacramento da Ordem; somos, sim, capacitados pela graça para servir a comunidade, da qual nunca devemos nos afastar. Não somos “especiais”, não somos super-homens que devem ser excelentes administradores dos bens eclesiásticos e gênios pastorais. Somos falhos, muito falhos! E as comunidades não deveriam se escandalizar disso. Pelo contrário, elas também devem estar próximas de seus padres e não lhes fazer a vida impossível cobrando além de seus limites.
A formação sacerdotal precisa mudar
Como mencionei anteriormente, não pretendo apontar nenhuma resposta definitiva ao problema, simplesmente iluminar a reflexão. Padres não são seres especiais, são homens frágeis como quaisquer outros e, por isso, infelizmente podem – têm o poder da ação – para tirar sua própria vida.
Enquanto, a Igreja impor a seus padres um “endeusamento” indevido, continuaremos registrando o aumento do número dos casos de suicídio de padres. Se a Igreja quer fazer algo de bom para seus padres, em primeiro lugar, não passe os longos e árduos anos da formação “enfiando na cuca” dos seminaristas que foram eleitos para o mais sublime de todos os ministérios; não os torne uma casta apartada do mundo e da vida.
Não é intenção deste texto, mas precisamos conversar urgentemente sobre os seminários! A formação sacerdotal precisa ser revista, reformulada, repensada. Precisamos criar seres humanos prontos para servir, mas também escutados em suas limitações e fragilidades. Se a Igreja quer evitar que as mídias mostrem sua fragilidade porque mais um padre se suicidou, procure urgentemente superar o maior câncer que a aflige, o clericalismo.
Já é passada a hora de renunciar a símbolos de honra e poder, como as vestes clericais. Já é passada a hora de nos enxergarmos a nós mesmos como batizados antes de ministros ordenados. Já é passada a hora de sermos Povo com e como nosso povo, como refletiu J. Sobrino ao escrever sobre o Emanuel – el Dios con nosotros y como nosotros. Já é passada a hora de nos escandalizarmos todas as vezes em que um ser humano atenta contra sua vida.
* Pe. Matheus S. Bernardes é sacerdote da Arquidiocese de Campinas/SP e professor de Teologia da PUC-Campinas.
Fonte: https://www.bemparana.com.br
Quinta-feira, 3 de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 7-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 7Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 8Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 9como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 10E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 11Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. 12Eles partiram e pregaram a penitência. 13Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje descreve a continuidade do que vimos no evangelho de ontem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. Ele foi rejeitado pelo seu povo (Mc 6,1-5). O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. A partir deste momento, como informa o Evangelho de hoje, Jesus começou a andar pelos povoados da Galileia para anunciar a Boa Nova (Mc 6,6) e a enviar os doze em missão. Nos anos 70, época em que Marcos escrevia o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. Em 64, Nero começou a perseguir os cristãos. Em 65, estourou a revolta dos judeus da Palestina contra Roma. Em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Por isso, a descrição do envio dos discípulos, após o conflito em Nazaré, era fonte de luz e de ânimo para os cristãos.
Marcos 6,7. O objetivo da Missão
O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras. 1) Diante do fechamento do povo da sua comunidade, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas (Mc 6,6). 2) Ele alargou a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova chamando outras pessoas para envolve-las na missão. “Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus”. O objetivo da missão é simples e profundo. Os discípulos participam da missão de Jesus. Não podem ir sozinhos, mas devem ir dois a dois, pois duas pessoas representam melhor a comunidade do que uma só e podem ajudar-se mutuamente. Eles recebem poder sobre os espíritos impuros, isto é, devem aliviar o sofrimento do povo e, através da purificação, devem abrir as portas do acesso direto a Deus.
Marcos 6,8-11. As atitudes a serem tomadas na Missão
As recomendações são simples: “recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: "Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles". E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo. Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.
Marcos 6,12-13. O resultado da missão.
“Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”. Anunciar a Boa Nova, provocar conversão ou mudança nas pessoas e aliviar a dor do povo, curando as doenças e expulsando os males.
O envio dos discípulos em Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus recebem recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que recebem de Jesus e que ainda é a nossa missão:
- a) Deviam ir sem nada.
Não podiam levar nada, nem bolsa, nem dinheiro na cintura, nem bastão, nem pão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.
- b) Deviam comer o que o povo lhes dava.
Não podiam viver separados com sua própria comida mas deviam aceitar a comunhão de mesa (Lc 10,8). Isto significa que, no contato com o povo, não deviam ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
- c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos.
Deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo mundo e viver do que recebiam em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha.
- d) Deviam tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mc 6,7.13; Mt 10,8).
Deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam animar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
- Você participa da missão como discípulo ou discípula de Jesus?
- Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?
5) Oração final
Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. (Sl 47, 2-3a)
Tragédia na igreja - Briga de padres acaba em morte
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Três padres : Severino, Amaro e Geraldo. Uma paróquia, a do Alto de São Sebastião, em Surubim. Uma carta-testamento de quatro páginas relatando rivalidades, divergências, agressões leves, discriminação, mágoas. Um desfecho trágico e inesperado.
Na noite de ontem, terça-feira, (1°/02) o
padre Geraldo de Oliveira, de 77 anos, foi encontrado morto no interior da Igreja de São Sebastião. O padre estava aposentado mas ainda fazia celebrações e um reconhecido trabalho social. Ao seu lado foi encontrada a carta digitada. Dirigida "ao padre Severino Correia da Silva e comunidades, assinada com letra visivelmente trêmula, o padre falecido relata uma série de divergências e episódios desagradáveis, principalmente entre ele e o padre Amaro. Quizilhas não exatamente raras no ambiente eclesiástico. Nada que indique um desfecho imediato ou justifique um assassinato ou suicídio.
TEMPO DO VERBO
Na carta, o padre Geraldo, nascido em São Caetano, diocese de Caruaru, indica inclusive que, "no futuro" quer ser enterrado em Surubim. Claro que ninguém manifesta o desejo de ser enterrado "no presente" porém o conjunto do texto lembra mais um testamento amargurado que uma despedida imediata.
ESTENDIDO
Segundo a Polícia Civil, o corpo estava no chão, com a cabeça em um travesseiro, entre os bancos, perto da porta principal do templo. Em uma lixeira, próxima ao cadáver, foram achados uma garrafa de champanhe quebrada e dois frascos de uma substância que a polícia acredita numa conclusão, baseada apenas nas aparências, ter sido utilizada pelo sacerdote para tirar a própria vida.
PREPARAÇÃO
Na segunda-feira (31/01), ele celebrou uma missa e quando os fiéis saíram, pediu ao sacristão que fechasse as portas e ficou sozinho na igreja.
Ao lado do corpo, foi encontrada também uma bolsa com uma corda. O sacristão contou à polícia que o padre havia pedido para ele deixar a porta de acesso à escadaria da torre da igreja aberta, mas a solicitação não foi atendida.
IMPACTO
Tão logo a notícia da morte se espalhou, Surubim não tratou de outro assunto. Dezenas de pessoas se concentraram ao redor da matriz. A área foi isolada pela Polícia Militar até a chegada dos peritos. O corpo foi encaminhado na madrugada de hoje, (02/02) para o Instituto de Medicina Legal, no Recife.
Padre Geraldo era religioso há cinco décadas, comemoradas no último dia 2 de janeiro. Há 27 anos ele morava em Surubim. Antes, foi pároco nas cidades de Agrestina e São Caetano. Também foi professor de Filosofia da extinta faculdade Fafica, em Caruaru.
Uma das marcas da atuação de Padre Geraldo era o trabalho social. Ele construiu 78 casas em Surubim e outras 20 em Nazaré da Mata para famílias carentes. Realizava também, de forma permanente, campanhas para doação de cestas básicas, colchões e roupas. Nestas ações filantrópicas, contava com a colaboração de amigos que residem na Alemanha, país que visitava regularmente. Devoto de Padre Cícero, criou a Missa dos Romeiros em Surubim e na cidade vizinha de João Alfredo. Nem a família nem a Diocese de Nazaré, até agora, divulgaram informações em relação a velório e sepultamento.
ESCLARECIMENTOS
Depois da perícia, muitas perguntas deverão ser respondidas. Foi mesmo envenenamento ? (o povo fala no uso do popular chumbinho, veneno para ratos). Quem foi responsável pela administração da substância? Onde foi adquirida e por quem? O padre Geraldo tinha notórios problemas de visão além de grande dificuldade para o uso de equipamentos eletrônicos. Quem digitou e imprimiu a carta? Ele mesmo? Ou contou com a ajuda de um terceiro?
Mistérios a serem esclarecidos após a perícia, com a ação cautelosa e criteriosa da polícia. Fonte: https://www.jornalopoder.com.br
Leia a carta deixada por padre que tomou veneno e morreu dentro de igreja em Surubim (PE)
- Detalhes
Por: Clebson Amsterdan
Repercute em todo Brasil a morte do padre pernambucano, Geraldo de Oliveira, que tomou veneno, encontrado morto nesta última terça-feira (1) em Surubim, cidade do agreste de Pernambuco distante km do Recife.
Após celebrar missa, o padre pediu para ficar só na igreja de São Sebastião, situada no bairro de mesmo nome. No templo religioso, o padre tomou veneno e tirou a própria vida. O corpo foi encontrado por fiéis da igreja que notaram a demora para o padre sair da igreja mesmo após o expediente.
O religioso que recentemente completou 50 anos de sacerdócio deixou uma carta endereçada ao responsável pela diocese. Pe. Geraldo de Oliveira estaria vivendo angustiado por estar sendo desprezado na própria comunidade paroquial de Surubim.
Na carta deixada pelo padre, ele fala da angústia sofrida na própria paróquia, mas sem dar muitos detalhes se estava relacionado aos demais membros da igreja:
“Como tenho conservado sempre com você um relacionamento cordial e fraterno, para evitar menor atrito, mesmo escondendo o meu sofrimento, por saber que esta decisão, ansiedade e angústia são frutos de uma convivência que ignora a presença do outro”, desabafou o religioso.
O padre aguardava ser transferido para outra paróquia, possivelmente por estar sofrendo opressão de outros religiosos de sua comunidade:
“Dom Francisco não nos obriga a viver fraternalmente, porque ele respeita as pessoas e sobretudo a autoridade do pároco. Todavia, caso ele julgue necessário me afastar de Surubim, para me livrar dessa opressão, aceitarei sem hesitar; porém, peço-lhe que no futuro eu seja sepultado em Surubim, onde passei o maior tempo da minha vida sacerdotal. Mesmo que a metade do meu coração esteja em São Caetano, Diocese de Caruaru”, disse o padre na carta de despedida.
Na carta, Padre Geraldo aproveitou para se despedir das pessoas que ao longo de quase três décadas lhe ajudaram a construir casas e arrecadar donativos para os mais pobres.
“A profunda amizade e atenção de muitas pessoas me ajudaram a não desanimar, até a presente data. Tenho implorado força de Deus para resistir. Agradeço a todos que têm colaborado nos últimos 27 anos para construção de 78 casa em Surubim, 20 em Nazaré da Mata, bem como aos doadores de camas, colchões, roupa usada e alimentos para os pobres. E aproveito desta ocasião para agradecer, mais uma vez, a Dom Francisco, que tem tratado os padres idosos fraternalmente”, finalizou a correspondência assinada de punho pelo religioso. Fonte: https://pernambuconoticias.com.br
NOTA DE PESAR- DIOCESE DE NAZARÉ CÚRIA DIOCESANA
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“Na Casa de meu Pai há muitas moradas”. (Jo 14,2)
A Diocese de Nazaré comunica, com pesar e esperança cristã, o falecimento do PE. GERALDO DE OLIVEIRA. O referido sacerdote residia na cidade de Surubim-PE, em casa própria, com 77 anos de idade e 40 anos de sacerdócio, mantendo suas atividades de vigário paroquial e assistência aos pobres, como lhe era peculiar.
Seu corpo foi encontrado nas dependências da Igreja Matriz de São Sebastião, em Surubim-PE, neste dia 01 de fevereiro de 2022, e aguardamos os resultados periciais realizados pelas autoridades competentes quanto à causa de sua morte. Neste momento de grande dor, nossa solidariedade aos seus familiares, ao clero, à Paróquia São Sebastião, em Surubim, e ao povo de Deus.
Como seguidores de Jesus, caminho, verdade e vida, cremos na vida eterna e na superioridade do amor de Deus, a quem recomendamos esse nosso irmão, confiando-lhe também as preces de todos os nossos diocesanos.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Nazaré.
Fonte: https://diocesedenazare.org.br
Padre de Surubim é encontrado morto após tomar veneno dentro da igreja
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O vigário paroquial da Igreja de São Sebastião, situada em Surubim, região agreste de Pernambuco, foi encontrado morto durante a noite desta terça-feira (1).
Por: Clebson Amsterdan
Segundo informações obtidas até agora, Padre Geraldo de Oliveira foi encontrado morto deitado entre bancos e com um frasco de veneno próximo ao seu corpo.
Ainda ontem Padre Geraldo Oliveira celebrou missa, pediu para todos saíssem da igreja. Quando os fiéis voltaram para a igreja encontraram o padre já desacordado. Efetivos da Polícia Militar foram ao local e isolaram a área.
Nesta quarta-feira (2) Padre Geraldo comemoraria 50 anos de sacerdócio. Ele foi ordenado no dia 02 de janeiro de 1972 e era ligado a Diocese de Nazaré da Mata/PE. Fonte: https://pernambuconoticias.com.br
Terça-feira, 1º de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 21-43)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 21Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando 22um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, 23rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. 24Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o. 25Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. 26Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. 27Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. 28Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. 29Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada. 30Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? 31Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou? 32E ele olhava em derredor para ver quem o fizera. 33Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal. 35Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre? 36Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente. 37E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. 39Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo. 40Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada. 41Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te! 42E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados. 43Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, vamos meditar sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer. Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade.
O ponto de partida. Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para as duas curas, que seguem: a cura da mulher e a ressurreição da menina de doze anos.
A situação da mulher. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o sangue tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!
A atitude da mulher. Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante ela sentiu no corpo que estava curada.
A reação de Jesus e dos discípulos. Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que me tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o aperta de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui aparece o desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma sensibilidade que não era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo mundo e não entenderam a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e continua indagando.
A cura pela fé. A mulher percebeu que tinha sido descoberta. Foi um momento difícil e perigoso. Pois, conforme a crença da época, uma pessoa impura que, como aquela senhora, se metia no meio de uma multidão, contaminava todo mundo através do toque. Fazia todos ficar impuro diante de Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo, ela poderia ser apedrejada. Mas a mulher teve a coragem de assumir o que fez. “Cheia de medo e tremendo” caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus dá a palavra final: “Minha filha, sua fé curou você. Vai em paz e fique curada dessa doença!” (1) “Minha filha”, isto é, Jesus acolhe a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao seu redor. (2) Aquilo que ela acreditava aconteceu de fato. (3) Jesus reconhece que sem a fé daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.
A notícia da morte da menina. Neste momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já não adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus não conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”
Na casa de Jairo. Jesus só permite três discípulos com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto pela morte da menina, ele diz: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). Também para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades perseguidas do tempo de Marcos parecia uma situação de morte. Elas tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá importância à risada e entra no quarto onde está a menina, só ele, os três discípulos e os pais da menina.
A ressurreição da menina. Jesus toma a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande alvoroço! Jesus conserva a calma e pede que lhe dêem de comer. Duas mulheres são curadas! Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia, doze anos de exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a menstruação, começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”
4) Para um confronto pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) Uma mulher foi curada e reintegrada na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade, hoje?
5) Oração final
De vós procede o meu louvor na grande assembleia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem. Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações. (Sl 21, 26-27)
Segunda-feira, 31 de janeiro-2022. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 1-20)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu do barco, um homem que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. 3Ele morava nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia dominá-lo. 5Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. 6Ao ver Jesus, de longe, o homem correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes!” 8Jesus, porém, disse-lhe: “Espírito impuro, sai deste homem!” 9E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Legião é meu nome, pois somos muitos”. 10E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região. 11Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. 12Os espíritos impuros suplicaram então: “Manda-nos entrar nos porcos”. 13Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no mar e foram se afogando. 14Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. 15Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vestido e no seu perfeito juízo – aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. 17Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles. 18Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. 19Jesus, porém, não permitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No Evangelho de hoje, vamos meditar um longo texto sobre a expulsão de um demônio que se chamava Legião e que oprimia e maltratava uma pessoa. Hoje há muita gente que usa os textos do evangelho sobre a expulsão dos demônios para meter medo nos outros. É pena! Marcos faz o contrário. Como veremos, ele associa a ação do poder do mal com quatro coisas: 1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! 2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus! 3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza. 4) Com a palavra Legião, nome dos exércitos do império romano. O império que oprime e explora os povos. Ora, Jesus vence o poder do mal nestes quatro pontos. A vitória de Jesus tinha um alcance enorme para as comunidades dos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu evangelho. Elas viviam perseguidas pelas legiões romanas, cuja ideologia manipulava as crenças populares nos demônios para meter medo no povo e conseguir submissão!
O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas. Os versículos iniciais descrevem a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento do endemoninhado, Marcos associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.
Diante da simples presença de Jesus o poder do mal desmorona e desintegra. Na maneira de descrever o primeiro contato entre Jesus e o homem possesso, Marcos acentua a desproporção total! O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. O homem cai de joelhos, pede para não ser expulso da região e entrega até o seu nome Legião. Através deste nome, Marcos associa o poder do mal com o poder político e militar do império romano que dominava o mundo através das suas Legiões.
O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência. O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Eram 2000 porcos! Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, ameaçava a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!
A reação do povo do lugar. Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio e viu o homem liberto do poder do mal “em perfeito juízo”. Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo. Assim é hoje: o sistema neoliberal pouco se importa com as pessoas. O que importa é o lucro!
Anunciar a Boa Nova é anunciar “o que o Senhor fez por você!” O homem liberto quer “seguir Jesus”, mas Jesus diz: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncia a eles o que o Senhor fez por você!”. Esta frase de Jesus, Marcos a dirige às comunidades e a todos nós. Para a maioria de nós “seguir Jesus” significa: “Vá para sua casa e anuncia aos seus o que o Senhor te fez!”
4) Para um confronto pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) O homem curado quer seguir Jesus. Mas ele deve ficar em casa e contar a todo mundo o que Jesus fez por ele. O que Jesus fez por você que pode ser contado para os outros?
5) Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)
JESUS, O PROFETA VERDADEIRO E A CONTESTAÇÃO
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Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
Aludindo a Jesus como o profeta verdadeiro, o quarto domingo do tempo comum coloca Jesus em sua terra natal, Nazaré onde ele manifestou o seu programa de vida junto à realidade humana. Se as palavras da Escritura se realizaram nele, ele recebeu a contestação pelos seus concidadãos, não vendo nele o Filho de Deus na carne. Ele disse que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria (Lc 4,24). No entanto, ele foi o profeta, o enviando do Altíssimo que veio a este mundo revelar a misericórdia e o amor de Deus Pai no Espírito Santo. Pelo batismo somos profetas no mundo de hoje. Veremos a seguir a importância da profecia e a forma como os padres da Igreja, os primeiros escritores abordaram a questão do ser profeta em Jesus de Nazaré.
O valor do profeta.
O profeta vem da palavra grega profétes, cujo significado é: preanunciar, prever. É uma pessoa que fala em nome de Deus, do Altíssimo, manifestando o seu desejo e preanunciando em seu nome, o futuro1.
Na Igreja primitiva e também em todos os tempos, o profeta é o homem da palavra, porque fala sob a inspiração do Espírito Santo (cfr. At 21,11) com uma missão importante na comunidade de fé para edificá-la, encorajá-la, testemunhar a ação permanente do Ressuscitado. As suas mensagens são aceitas como expressão da vontade de Deus2. São Paulo fala da diversidade de dons que o Espírito Santo dá para as pessoas e um desses é a profecia, o dom da palavra (cfr. 1 Cor 12, 4-8).
Os apóstolos e os profetas
O livro da Didaqué, século I, teve presentes os apóstolos e os profetas, dois ministérios que serviam a comunidade primitiva. Eles procederiam conforme o princípio do Evangelho, nas suas ações testemunhando o amor do Senhor junto ao povo de Deus, de modo que eles seriam bem acolhidos. Na sua partida, o apóstolo não levaria nada consigo, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar. O autor também afirmou é preciso distinguir que tipo de profeta é na comunidade. Desta forma nem todo aquele que fala sob inspiração é profeta, a não ser que viva como o Senhor, de modo que a comunidade distinguirá o falso e o verdadeiro profeta. O verdadeiro profeta deve ensinar a verdade em Cristo, na Igreja e a pratica3.
Jesus, o cumpridor das promessas
Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V, afirmou que Cristo cumpriu todas as profecias do AT. Com a vinda de Jesus, o seu nascimento, a sua vida, as suas palavras, as suas ações, sofrimentos, morte e ressurreição e ascensão cumpriram-se todos os acontecimentos dos profetas. O Espírito Santo veio sobre os apóstolos para que anunciassem ao mundo a palavra do Senhor e o evangelho da Boa-nova. As diversas previsões se realizaram no Senhor4.
Santo Agostinho também afirmou que o rei verdadeiro da cidade terrestre, Jerusalém foi o Cristo Jesus. Como prefiguração desse Rei, sobressaiu-se no reino terreno do povo de Israel, o rei Davi, na qual devia vir, segundo a carne, o nosso verdadeiro rei, o Senhor Jesus Cristo, “Deus bendito sobre todas as coisas para sempre” (Rm 9,5)5. O bispo de Hipona disse que Jesus Cristo manifestou o Novo Testamento da herança eterna, no qual, renovado pela graça, o ser humano teria vida nova6.
A relação do Antigo Testamento com o Novo Testamento.
Santo Ireneu, bispo de Lião afirmou que houve dois testamentos supondo que tivessem dois povos, mas na realidade há um só e único Deus que os deu para a utilidade dos seres humanos levando as pessoas a acreditarem em Deus. O primeiro Testamento fora dado ao serviço de Deus, sendo um símbolo das coisas celestes, pois o ser humano não via ainda as coisas de Deus, contendo a profecia do futuro, para demonstrar à humanidade que Deus conhece todo o futuro7.
A economia da encarnação.
Santo Ireneu via também na palavra escrita por Moises que um astro procedente de Jacó tornar-se-ia chefe, precedente de Israel (Nm 24,17), anunciando desta forma a economia de sua encarnação que se realizaria entre os hebreus, descendo dos céus, nasceria de Jacó e da estirpe judaica, submetendo-se a essa economia. Esta estrela apareceu no céu, e sendo chefe de um rei, falava a eles do seu nascimento e por seu intermédio tiveram conhecimento do nascimento de Cristo8.
As profecias referentes ao Senhor Jesus
São Justino de Roma, século II, afirmou que nos livros proféticos já se encontravam dados que Jesus, nosso Cristo, nasceria de uma virgem, curaria toda doença, toda fraqueza e ressuscitaria dos mortos, seria crucificado, morreria, ressuscitaria e subiria aos céus e o seu nome, seria Filho de Deus e que também enviaria pessoas para proclamar essas coisas a todo gênero humano e as pessoas das nações creriam nele9,
A fé em Cristo Jesus dos justos do AT.
São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV, disse que os justos, e dentre eles, também os Macabeus, deram a vida em vista de Cristo. Para São Gregório nenhum deles alcançou a perfeição, sem a fé em Cristo. Eles receberam o louvor porque viveram conforme a cruz do Senhor, manifestando a sua fé naquele momento de seu martírio em unidade com as realidades futuras pela paixão, morte e ressurreição de Cristo10.
Jesus realizou as profecias do AT. Ele é o Salvador e o Redentor da humanidade. Ele como o profeta verdadeiro, enviado do Pai, com a presença do Espírito Santo, anunciou a todas as pessoas a boa-nova, curou os doentes, expulsou demônios das pessoas, ressuscitou os mortos. Como todo o profeta foi contestado, perseguido, e passando pela morte, ressurgiu dos mortos. Ele caminha conosco e nos encoraja pela presença do Espírito Santo e em unidade com o Pai, a sermos profetas na realidade atual. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira 28. Evangelho do Dia- Lectio Divina- 3ª Semana do Tempo Comum- Com Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 26-34)
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: "O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou".
30E Jesus continuou: "Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
Palavra da Salvação.
3) Reflexão
É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande”.
A história da semente que cresce sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar. Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo, tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!
A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas. Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.
O motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não explica as parábolas. Ele conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O que você descobriu nestas duas parábolas?
2) Tornar a vida transparente é o objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou aconteceu o contrário?
5) Oração final
Deus, tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sal 50, 3-4)
Quinta-feira 27. Evangelho do Dia- Lectio Divina- 3ª Semana do Tempo Comum- Com Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 21-25)
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21"Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça". 24Jesus dizia ainda: "Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem".
Palavra da Salvação.
3) Reflexão
A lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!
Prestar atenção aos preconceitos. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas ideias com que olhamos para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a ideia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.
Parábolas: um novo jeito de ensinar e de falar sobre Deus. O jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de Deus.
O ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.
4) Para um confronto pessoal
1) Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela recebo?
2) Qual a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?
5) Oração final
Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)
Os preciosos passos de São Paulo em Roma
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Hoje, 25 de janeiro, fazemos memória da conversão de São Paulo, o grande apóstolo dos gentios.
Bruno Franguelli, SJ - Vatican News
A vida do Apóstolo Paulo é entusiasmante e Roma testemunha os seus últimos passos. Assim como o Apóstolo Pedro, a Paixão de Paulo pelo anúncio do Evangelho o levou até as últimas consequências: o martírio! Mas, porque Paulo veio a Roma? Quais foram as razões de seu martírio? Onde estão os seus restos mortais e como foram conservados até hoje? Estas e outras tantas curiosidades e enigmas sobre uma das colunas da Igreja é o que queremos revelar.
Quem era São Paulo?
É difícil definir em poucas palavras quem foi o Apóstolo dos Gentios. Sem dúvida é uma das figuras mais fascinantes do Novo testamento e da Igreja primitiva. Nasceu na cidade de Tarso da Cilícia (atual Turquia) entre os anos 5 e 10 d.C. Ele mesmo se apresenta como “membro da estirpe de Israel, da tribo de Benjamin, judeu filho de judeus e segundo a Lei, fariseu” (Fil 3,5). Homem de forte personalidade e coragem, ainda com o nome de Saulo, foi um dos mais temíveis perseguidores dos seguidores do Caminho (como eram chamados os primeiros discípulos de Jesus). Foi uma importante testemunha a favor do martírio de Santo Estevão.
Durante uma de suas investidas contra os cristãos, a caminho de Damasco, teve uma experiência radical de encontro com Jesus Ressuscitado. Deste modo, a rota de Saulo muda completamente, adota o nome de Paulo e de perseguidor passa a ser um anunciador fervoroso da pessoa de Jesus e de seu Evangelho. Fundou várias comunidades cristãs e escreveu preciosas cartas com instruções, exortações e reflexões teológicas que desde o início da Igreja estiveram presentes no cânon das Sagradas Escrituras.
Por que São Paulo vai a Roma?
Sabemos, através do livro dos Atos dos Apóstolos, que o apóstolo dos gentios, a causa de sua pregação e de seu trabalho missionário, passou a ser perseguido. Uma das primeiras descrições destes momentos difíceis de Paulo narram que, em Jerusalém, esteve a ponto de ser linchado pelo povo e somente graças a Claudio Lisa, comandante da Fortaleza Antonia, saiu com vida. Segundo os judeus, Paulo profanava o Templo com sua pregação e estimulava o povo a desobedecer a Lei Mosaica (At 21, 28). Como cidadão romano que era, apelou às autoridades para que estas não o julgassem em tribunais judeus e sim na Orbe, sob a autoridade do Imperador romano (At 25,12). Seu pedido é aceito e, prisioneiro, é trazido a Roma. Mas, é interessante notar que Roma teria um significado muito maior para Paulo. Sua viagem lhe seria providencial.
Com o seu incansável ardor missionário, Paulo desejava vir à capital do poderoso Império para realizar uma obra que o Espírito lhe tinha inspirado (At 19,21), que depois foi confirmada através das palavras de um anjo (27, 23-24). A viagem, que a causa de uma grande tempestade quase custou a vida de todos os que estavam a bordo no navio, é descrita em detalhes por seu grande amigo, o evangelista Lucas no capítulo 27 e 28 dos Atos dos Apóstolos. Após estarem são e salvos em Malta, em um outro navio, Paulo e outros prisioneiros embarcaram para Roma. Sobre a chegada de Paulo em Roma, sabemos que ele foi conduzido a pé pela Via Appia (At 28,15) e ainda hoje podemos visitar a grande estrada da época do Império que dá acesso a Roma e ainda hoje é conservada, chamada Via Ápia Antica, que conecta Roma ao sul da Itália.
Prisão domiciliar e martírio
Paulo viveu em Roma entre os anos 61 e 67. Nos primeiros anos estava sob uma condição chamada “custodia militaris”, uma espécie de vigilância da parte do Império. Podia pregar e receber os amigos em casa com apenas algumas poucas restrições. Mas, ainda aguardava o seu julgamento (At 24,23). Um dos locais que, segundo a tradição, Paulo viveu parte de sua estadia e exerceu seu ministério em Roma é onde hoje se situa a Igreja San Paolo alla Regola. Nos momentos de dificuldades, pôde contar com a amizade e companheirismo do evangelista Lucas: “Só Lucas está comigo!”(2 Tm 4,11). Graças a esta proximidade, temos acesso aos detalhes da vida do apóstolo dos gentios, que Lucas deixou registrado em detalhes no livro dos Atos dos Apóstolos. Com o incêndio de Roma, a culpa foi lançada pelo imperador Nero aos cristãos. Assim, Paulo foi condenado a uma prisão mais dura denominada “Custodia publica”, onde permaneceu junto aos prisioneiros comuns e em condições precárias. Pouco tempo depois, por volta do ano 67 dC. o grande Apóstolo foi condenado à morte.
Por que Paulo não foi crucificado?
Paulo era cidadão romano e, por esta razão, contava, de modo especial, com duas prerrogativas: a primeira era que não podia sofrer a pena de morte dentro dos muros da cidade de Roma, a segunda era que, por esta razão, também não podia ser crucificado. Por isso, de acordo com a antiquíssima tradição cristã, foi levado para uma região distante quase cinco quilômetros de Roma, em direção a Óstia e lá foi martirizado. Hoje, o local é conhecido como “Tre Fontane” (três fontes), e conta com três belíssimas igrejas que testemunham o local onde Paulo viveu seus últimos momentos de vida. É interessante notar que o nome “Tre Fontane” refere-se a uma antiga tradição na qual ao ter sido decapitado, a cabeça de Paulo rolou pelo terreno dando três saltos e em cada um deles, nasceu uma fonte de água cristalina.
A Basílica e as relíquias
O corpo de Paulo foi sepultado num local fora dos muros de Roma, mais próximo da cidade que o lugar do martírio. Ali, o Papa Anacleto, segundo sucessor de São Pedro, construiu um túmulo memorial que desde então passou a ser local de peregrinação e veneração pelos cristãos. Mas, nos anos das terríveis perseguições aos cristãos, especialmente por volta de 258 d.C., durante o governo de Valeriano, os cristãos transferiram as relíquias de Paulo e as de Pedro para as catacumbas de São Sebastião. Ali, estiveram protegidas até o governo de Constantino, que as conduziu aos túmulos de origem e mandou construir uma primeira Basílica. As relíquias de Pedro ao local onde hoje está a Basílica de São Pedro e as de Paulo ao lugar onde hoje se encontra a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. A Basílica constantiniana de São Paulo foi consagrada em 324 d.C. pelo Papa Silvestre. Em 1823, a Basílica sofreu um desastroso incêndio e precisou ser reconstruída quase na sua totalidade. Somente em 1854 a nova Basílica ficou pronta e em setembro do mesmo ano, o Papa Pio IX a consagrou. Os Imperadores posteriores a ampliaram e com as modificações ao longo dos séculos é hoje um dos mais belos templos e locais privilegiados de peregrinação em Roma. E assim, a memória do ardoroso Apóstolo dos Gentios, continua a inspirar todos os seguidores de Jesus que desejam, com o Apóstolo afirmar: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim!” (Gal 2,20). Fonte: https://www.vaticannews.va
Relatório sobre abusos em Munique, Bento XVI esclarece sua declaração
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Quando era arcebispo de Munique e Freising, lê-se em uma declaração, participou, ao contrário do que tinha sido afirmado em precedência, de uma reunião sobre um sacerdote acusado de abusos, todavia não se falou do seu trabalho pastoral. O Papa emérito pede desculpas pelo erro e está tentando ler o quanto antes o relatório de mais de 1.000 páginas para emitir uma declaração detalhada
Vatican News
Bento XVI corrigiu uma sua declaração sobre o recente relatório que trata da gestão de abusos na arquidiocese alemã de Munique e Freising. Em uma declaração divulgada à agência de notícias KNA por seu secretário particular, Dom Georg Gänswein, o Papa emérito afirma, ao contrário de suas afirmações anteriores, que quando era arcebispo de Munique (1977-1982) ele participou de uma reunião do ordinariato realizada em 15 de janeiro de 1980.
O erro, diz a nota, não foi feito "por má intenção, mas foi a consequência de um lapso na elaboração redacional de seu parecer". Como isto pôde acontecer, "será esclarecido no parecer que apresentará posteriormente. Ele lamenta muito por este erro e pede desculpas".
No entanto, esclarece a declaração, "permanece objetivamente correta, como é evidente na documentação, a afirmação de que nesta reunião não tenha sido tomada nenhuma decisão em relação a uma posição pastoral para o sacerdote em questão. Ao invés disso, foi somente acolhido o pedido de lhe proporcionar um alojamento em Munique durante o período de seu tratamento terapêutico".
O Papa emérito, que completará 95 anos em 16 de abril próximo, durante seu pontificado lutou fortemente contra o flagelo dos abusos, como o Papa Francisco destacou muitas vezes, emitirá, portanto, uma declaração sobre o relatório. Atualmente, segundo a nota da agência KNA, o Papa emérito está se esforçando para ler todo o relatório o quanto antes, mas pede compreensão do fato de que levará tempo para examiná-la em sua totalidade "em vista de sua idade e saúde, mas também por causa da abrangência do documento": na verdade são mais de 1.000 páginas. O que foi lido até agora, afirma, enche-o de "vergonha e de dor pelo sofrimento das vítimas". Por fim, Bento XVI afirma que está "muito próximo de sua antiga arquidiocese de origem e de seu compromisso com o esclarecimento. Em particular, seus pensamentos estão com as vítimas que tiveram que suportar o abuso sexual e a indiferença". Fonte: https://www.vaticannews.va
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