Papa a sacerdotes e consagrados: coragem de pedir perdão e aprender a ouvir
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A vida sacerdotal e consagrada, no Chile, atravessou e atravessa horas difíceis de turbulência e desafios sérios.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco encontrou-se, nesta terça-feira (16/01), com os sacerdotes e consagrados chilenos, na Catedral de Santiago, no âmbito de sua 22ª viagem apostólica internacional ao Chile e Peru. “Neste encontro, queremos dizer ao Senhor: «Aqui estamos» para renovar o nosso «sim». Queremos renovar, juntos, a resposta à vocação que um dia alvoroçou o nosso coração”, disse o Santo Padre aos consagrados e consagradas, presbíteros, diáconos permanentes e seminaristas ali presentes.
Francisco deteve-se no último capítulo do Evangelho de São João, lido no encontro, sublinhando três momentos de Pedro e da primeira comunidade: Pedro/comunidade abatidos, Pedro/comunidade tratados com misericórdia e Pedro/comunidade transfigurados.
Papa encontra religiosos chilenos
“Jogo com o binômio Pedro-comunidade, porque a experiência dos apóstolos tem sempre estes dois aspectos: pessoal e comunitário. Andam de mãos dadas, e não os podemos separar. É verdade que somos chamados individualmente, mas sempre para ser parte dum grupo maior. Não existe «selfie vocacional». A vocação exige que a sua foto seja tirada por outra pessoa”, disse o Papa.
Pedro abatido
“Sempre gostei do estilo dos Evangelhos que não adornam, não mitigam os acontecimentos, nem os pintam fazendo-os mais belos. Apresentam-nos a vida como é e não como deveria ser. O Evangelho não tem medo de nos mostrar os momentos difíceis, e até conflituosos, por que passaram os discípulos.” Jesus estava morto e algumas mulheres diziam que estava vivo. “Os discípulos voltam para a sua terra. Vão fazer o que sabiam: pescar. Porém, têm as redes vazias.”
“Os discípulos, mesmo tendo visto Jesus ressuscitado, tão grande é o acontecimento que precisarão de tempo para compreender o sucedido.” A morte de Jesus evidenciou uma espiral de conflitos no coração de seus amigos. Pedro o renegou, Judas o traiu, o restante fugiu e se escondeu.
"Ficou apenas um punhado de mulheres e o discípulo amado. O resto, foi-se. Questão de dias, e tudo ruiu. São as horas da perplexidade e do turvamento na vida do discípulo. Nos momentos «em que se levanta a poeira das perseguições, tribulações, dúvidas, etc. por causa de fatos culturais e históricos, não é fácil enxergar o caminho a seguir.
Há várias tentações que caracterizam estes momentos: discutir ideias, não prestar a devida atenção ao caso, fixar-se demasiado nos perseguidores... e – creio que a pior de todas as tentações é ficar a ruminar a desolação». Sim, ficar a ruminar a desolação”, enfatizou o Papa.
“A vida sacerdotal e consagrada, no Chile, atravessou e atravessa horas difíceis de turbulência e desafios sérios. Juntamente com a fidelidade da imensa maioria, cresceu também a cizânia do mal com as suas consequências de escândalo e deserção”, disse Francisco, recordando as palavras do Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati Andrello, proferidas no início do encontro.
“ Momento de turbulência. Sei da dor causada pelos casos de abuso contra menores e sigo com atenção o que vocês estão fazendo para superar este grave e doloroso malefício. Dor pelo dano e sofrimento das vítimas e suas famílias, que viram traída a confiança que depunham nos ministros da Igreja. ”
"Dor pelo sofrimento das comunidades eclesiais, e dor também por vocês, irmãos, que, além do desgaste pela entrega, experimentam o dano que provoca suspeita e contestação, que pode ter insinuado – em alguns ou muitos – a dúvida, o medo e a desconfiança.
Sei que, às vezes, vocês sofreram insultos no metrô ou caminhando pela rua; que, em muitos lugares, «paga-se caro» andar vestido de padre. Por isso, convido-os a pedir a Deus que nos dê a lucidez de chamar a realidade pelo seu nome, a coragem de pedir perdão e a capacidade de aprender a ouvir o que Ele está nos dizendo."
O Papa acrescentou outro aspecto importante: “as nossas sociedades estão mudando. O Chile de hoje é muito diferente do que conheci no tempo da minha juventude, quando estava me formando. Estão nascendo novas e variadas formas culturais, que não se enquadram nos contornos habituais. Temos de reconhecer que, muitas vezes, não sabemos como nos inserir nestas novas situações.
Frequentemente sonhamos com as «cebolas do Egito» e esquecemo-nos de que a terra prometida está à frente. Que a promessa é de ontem, mas diz respeito ao amanhã. Podemos cair na tentação de nos fecharmos e isolarmos para defender as nossas posições que acabam por ser apenas bons monólogos.
Podemos ser tentados a pensar que tudo está mal e, em vez de professar uma «boa nova», tudo o que professamos é apatia e decepção. Assim, fechamos os olhos perante os desafios pastorais, pensando que o Espírito não tenha nada a dizer. Deste modo esquecemo-nos de que o Evangelho é um caminho de conversão, mas não só «dos outros», também nossa”.
“Gostemos ou não, somos convidados a enfrentar a realidade como nos é apresentada: a realidade pessoal, comunitária e social. As redes – dizem os discípulos – estão vazias, e podemos compreender os sentimentos que isso gera. Regressam a casa sem grandes aventuras para contar; regressam a casa de mãos vazias; regressam a casa, abatidos.”
“O que resta daqueles discípulos fortes, corajosos, vivazes, que se sentiam escolhidos tendo deixado tudo para seguir Jesus? O que resta daqueles discípulos seguros de si, prontos a ir para a prisão e até dariam a vida pelo seu Mestre, que, para O defender, queriam mandar vir fogo sobre a terra; que, por Ele, desembainhariam a espada e combateriam? O que resta do Pedro que repreendia o seu Mestre dizendo-Lhe como é que deveria orientar a sua vida?”
Pedro tratado com misericórdia
“É a hora da verdade, na vida da primeira comunidade. É a hora em que Pedro se confrontou com parte de si mesmo: a parte da sua verdade que muitas vezes não queria ver. Experimentou a sua limitação, a sua fragilidade, o seu ser pecador.
Pedro, o instintivo, o chefe impulsivo e salvador, com uma boa dose de autossuficiência e um excesso de confiança em si mesmo e nas suas possibilidades, teve que se curvar à sua fraqueza e pecado. Era pecador como os outros, era carente como os outros, era frágil como os outros. Pedro decepcionou Aquele a quem jurara proteção. Hora crucial na vida de Pedro.”
“ Como discípulos, como Igreja, pode acontecer-nos o mesmo: há momentos em que somos confrontados, não com as nossas glórias, mas com a nossa fraqueza. Horas cruciais na vida dos discípulos, mas é também nessas horas que nasce o apóstolo. Deixemos o texto levar-nos pela mão.”
«Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”»
Depois de comer, Jesus convida Pedro a passear um pouco e a única palavra é uma pergunta, uma pergunta de amor: Tu me amas? Jesus não censura nem condena. Tudo o que Ele quer fazer é salvar Pedro. Quer salvá-lo do perigo de ficar fechado no seu pecado, de ficar «a mastigar» a desolação, fruto da sua limitação; do perigo de desistir, por causa das suas limitações, de todas as coisas boas que vivera com Jesus. Quer salvá-lo do fechamento e do isolamento.
Quer salvá-lo daquela atitude destrutiva que é o vitimar-se ou, ao contrário, cair num «vale tudo o mesmo», acabando por fazer malograr qualquer compromisso no mais danoso relativismo. Quer libertá-lo de considerar quem se opõe a Ele como se fosse um inimigo, ou de não aceitar com serenidade as contradições e as críticas. Quer libertá-lo da tristeza e sobretudo do mau humor.
Com esta pergunta, Jesus convida Pedro a escutar o seu coração e aprender a discernir. Uma vez que «não era de Deus defender a verdade à custa da caridade, nem a caridade à custa da verdade, nem o equilíbrio à custa de ambas, Jesus quer evitar que Pedro se torne um veraz destruidor ou um caritativo mentiroso ou um perplexo paralisado», como pode acontecer conosco em tais situações.”
Jesus interpelou Pedro sobre o seu amor e insistiu nisso até ele Lhe poder dar uma resposta realista: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu sou deveras teu amigo». E, deste modo, Jesus confirma-o na missão. Assim o faz tornar-se definitivamente seu apóstolo.
“O que é que fortalece Pedro como apóstolo? O que é que nos mantém a nós como apóstolos? Uma coisa só: fomos tratados com misericórdia. «Não obstante os nossos pecados, os nossos limites, as nossas faltas; não obstante as nossas numerosas quedas, Jesus Cristo viu-nos, aproximou-Se, deu-nos a mão e teve misericórdia de nós. (…).
Cada um de nós poderá recordar, pensando em todas as vezes que o Senhor o viu, que olhou para ele, que se aproximou dele e o tratou com misericórdia». Não estamos aqui por ser melhores do que os outros. Não somos super-heróis que, do alto, descem para se encontrar com os «mortais».
“ Antes, somos enviados com a consciência de ser homens e mulheres perdoados. E esta é a fonte da nossa alegria. Somos consagrados, pastores segundo o estilo de Jesus ferido, morto e ressuscitado. ”
A pessoa consagrada é alguém que encontra, nas suas feridas, os sinais da Ressurreição. É alguém que consegue ver, nas feridas do mundo, a força da Ressurreição. É alguém que, segundo o estilo de Jesus, não vai ao encontro dos seus irmãos com a censura e a condenação.”
“Jesus Cristo não Se apresenta, aos seus, sem chagas; foi precisamente a partir das suas chagas que Tomé pôde confessar a fé. Somos convidados a não dissimular nem esconder as nossas chagas. Uma Igreja com as chagas é capaz de compreender as chagas do mundo atual e de assumi-las, sofrê-las, acompanhá-las e procurar saná-las. Uma Igreja com as chagas não se coloca no centro, não se considera perfeita, mas coloca no centro o único que pode sanar as feridas e que se chama Jesus Cristo.
A consciência de ter chagas, nos liberta. É verdade; liberta-nos de nos tornarmos autor referenciais, de nos considerarmos superiores. Liberta-nos da tendência «prometeica de quem, no fundo, só confia nas suas próprias forças e se sente superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico próprio do passado».”
O Papa frisou que “em Jesus, as nossas chagas ficam ressuscitadas. Tornam-nos solidários; ajudam-nos a derrubar os muros que nos encerram numa atitude elitista, incitando-nos a construir pontes e ir ao encontro de tantos sedentos do mesmo amor misericordioso que só Cristo nos pode dar.
«Quantas vezes sonhamos planos apostólicos expansionistas, meticulosos e bem traçados, típicos de generais derrotados! Assim negamos a nossa história de Igreja, que é gloriosa por ser história de sacrifícios, de esperança, de luta diária, de vida gasta no serviço, de constância no trabalho fadigoso, porque todo o trabalho é “suor do nosso rosto”».
Vejo, com certa preocupação, que há comunidades que vivem acometidas pela ânsia de constar no cartaz, ocupar espaços, aparecer e se mostrar, mais do que pela vontade de arregaçar as mangas e sair para tocar a dolorosa realidade do nosso povo fiel.”
“Como nos interpela a reflexão deste Santo chileno, que advertia: «Por isso, serão métodos falsos todos os que são impostos pela uniformidade; todos os que pretendem encaminhar-nos para Deus, fazendo-nos esquecer os nossos irmãos; todos os que nos levam a fechar os olhos ao universo, em vez de nos ensinar a abri-los para elevar tudo ao Criador de todas as coisas; todos os que nos fazem egoístas e nos dobram sobre nós mesmos».
O povo de Deus não espera nem precisa de super-heróis, espera pastores, pessoas consagradas, que conheçam a compaixão, que saibam estender uma mão, que saibam parar junto de quem está caído e, como Jesus, ajudem a sair desse círculo vicioso de «mastigar» a desolação que envenena a alma.”
Pedro transfigurado
“Jesus convida Pedro a discernir e, assim, começam a ganhar força muitos acontecimentos da vida de Pedro, como o gesto profético do lava-pés. Pedro, que resistira a deixar-se lavar os pés, começava a compreender que a verdadeira grandeza passa por se fazer pequenino e servidor.”
“Como é grande a pedagogia de nosso Senhor! Do gesto profético de Jesus à Igreja profética que, lavada do seu pecado, não tem medo de sair para servir uma humanidade ferida”, frisou ainda o Santo Padre.
“Pedro experimentou, na sua carne, a ferida não só do pecado, mas também das suas próprias limitações e fraquezas. Mas descobriu em Jesus que as suas feridas podem ser caminho de Ressurreição. Conhecer Pedro abatido para conhecer Pedro transfigurado é o convite a deixar de ser uma Igreja de abatidos desolados para passar a uma Igreja servidora de tantos abatidos que convivem ao nosso lado.
Uma Igreja capaz de se colocar a serviço do seu Senhor no faminto, no preso, no sedento, no desalojado, no nu e no doente. “ Um serviço que não se identifica com o assistencialismo nem o paternalismo, mas com a conversão do coração. ”
"O problema não está em dar de comer ao pobre, vestir o nu, assistir o doente, mas em considerar que o pobre, o nu, o doente, o preso e o desalojado tenham a dignidade de se sentar às nossas mesas, sentirem-se «em casa» entre nós, sentirem-se família. Este é o sinal de que o Reino de Deus está no meio de nós. É o sinal duma Igreja que foi ferida pelo seu pecado, foi cumulada de misericórdia pelo seu Senhor, e tornou-se profética por vocação.”
Segundo o Pontífice, “renovar a profecia é renovar o nosso compromisso de não esperar por um mundo ideal, uma comunidade ideal, um discípulo ideal para viver ou para evangelizar, mas criar as condições para que cada pessoa abatida possa encontrar-se com Jesus. Não se amam as situações nem as comunidades ideais, amam-se as pessoas.”
“O reconhecimento sincero, contrito e orante das nossas limitações, longe de nos separar de nosso Senhor, permite-nos retornar a Jesus, sabendo que, «com a sua novidade, Ele pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. (…)
Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual». Como nos faz bem a todos deixar que Jesus nos renove o coração!
“Ao início deste encontro, disse-lhes que vínhamos renovar o nosso «sim», com garra, com paixão. Queremos renovar o nosso «sim», mas um sim realista, porque apoiado no olhar de Jesus. Convido-lhes, quando voltar para casa, preparar em seu coração um testamento espiritual, no estilo do cardeal Raúl Silva Henríquez expresso nesta linda oração que começa dizendo:
«A Igreja que eu amo é a Santa Igreja de todos os dias... a sua, a minha, a Santa Igreja de todos os dias...
… Jesus, o Evangelho, o pão, a Eucaristia, o Corpo de Cristo humilde em cada dia. Com os rostos dos pobres e os rostos de homens e mulheres que cantavam, que lutavam, que sofriam. A Santa Igreja de todos os dias».
Como é a Igreja que você ama? Ama esta Igreja ferida, que encontra vida nas chagas de Jesus? Obrigado por este encontro. Obrigado pela oportunidade de renovar o «sim» com vocês. A Virgem do Carmo os cubra com o seu manto.” Fonte: http://www.vaticannews.va
O PAPA NO CHILE: Coroação de Nossa Senhora do Carmo
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OLHAR DO DIA: Fé e emoção: assim foi o momento da coroação do Menino Jesus e de Nossa Senhora do Carmo na primeira missa celebrada pelo Papa Francisco no Chile. Fonte: Vatican News
Papa aponta desafio "apaixonante" aos chilenos: inclusão
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Francisco pronunciou seu primeiro discurso no Chile, falando às autoridades. O Papa tocou temas como democracia, povos nativos e meio ambiente. E pediu perdão pelas falhas da Igreja.
Cidade do Vaticano –
O primeiro discurso do Papa Francisco em terras chilenas foi às autoridades, à sociedade civil e ao corpo diplomático, reunidos no Palácio Presidencial “La Moneda”.
Depois de ouvir as boas-vindas da presidente Michelle Bachelet, o Pontífice tomou a palavra para manifestar sua satisfação de voltar à América Latina, começando sua visita nesta “amada terra chilena”, onde fez parte de sua formação juvenil.
Francisco iniciou seu discurso destacando o desenvolvimento da democracia chilena, que permitiu ao país alcançar nas últimas décadas um “notável progresso”. O Papa cita a celebração este ano do bicentenário da declaração de independência, ressaltando que cada geração deve fazer suas as lutas e as conquistas das gerações anteriores e levá-las a metas ainda mais altas.
Democracia e inclusão
Diante das situações de injustiça que ainda persistem, Francisco apontou para os chilenos um “desafio grande e apaixonante”: “continuar a trabalhar para que a democracia, o sonho de seus pais, não se limite aos aspetos formais mas seja verdadeiramente um lugar de encontro para todos. Seja um lugar onde todos, sem exceção, se sintam chamados a construir casa, família e nação. Um lugar, uma casa, uma família chamada Chile”.
A Igreja pede perdão
O Papa enalteceu a pluralidade étnica, cultural e histórica da nação, que exige ser protegida de qualquer tentativa feita de parcialidade ou supremacia. Para Francisco, é indispensável escutar: os desempregados, os povos nativos, os migrantes, os jovens, os idosos, as crianças.
“E aqui não posso deixar de expressar o pesar e a vergonha que sinto perante o dano irreparável causado às crianças por ministros da Igreja. Desejo unir-me aos meus irmãos no episcopado, porque é justo pedir perdão e apoiar, com todas as forças, as vítimas, ao mesmo tempo que nos devemos empenhar para que isso não volte a repetir-se.”
Casa Comum e povos nativos
Com esta capacidade de escuta, o Papa convidou as autoridades a a prestar uma atenção preferencial à nossa Casa Comum: “promover uma cultura que saiba cuidar da terra, não nos contentando com oferecer respostas pontuais aos graves problemas ecológicos e ambientais que se apresentem”. Francisco pediu a ousadia de um novo estilo de vida, aprendendo com a sabedoria dos povos nativos.
“Deles, podemos aprender que não existe verdadeiro desenvolvimento num povo que volta as costas à terra com tudo e todos os que nela se movem. O Chile possui, nas suas raízes, uma sabedoria capaz de ajudar a transcender a concepção meramente consumista da existência para adquirir uma atitude sapiencial em relação ao futuro.”
O Pontífice concluiu seu discurso convidando os chilenos a uma “opção radical pela vida”: “Agradeço mais uma vez o convite que me possibilitou vir encontrar-me com vocês, com a alma deste povo; e rezo para que a Nossa Senhora do Carmo, Mãe e Rainha do Chile, continue a acompanhar e fazer crescer os sonhos desta abençoada nação”. Fonte: http://www.vaticannews.va
Programação intensa marca primeiro dia do Papa no Chile
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Autoridades, missa campal, visita à prisão feminina e encontro com religiosos e bispos na Catedral compõem a terça-feira de Francisco em Santiago.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco já está no Chile. Depois de 15 horas de voo, o avião com a bordo o Pontífice aterrissou por volta das 1915 (hora local) no aeroporto de Santiago.
Ao descer da aeronave, Francisco recebeu um pequeno maço de flores de duas crianças e foi acolhido pela presidente chilena, Michelle Bachelet. Da pista do aeroporto, em carro fechado, o Papa seguiu em direção ao túmulo de Dom Enrique Alvear Urrutia, conhecido como o “bispo dos pobres”.
Foi o primeiro “ato” do Pontífice e a primeira modificação do programa pré-estabelecido.
Bispo dos pobres
Na paróquia San Luis Beltran, di Pudahuel, o Papa se deteve em oração diante do túmulo do bispo salesiano que morreu em 1982. Dom Alvear foi Arcebispo de Santiago. O Papa João XXIII o criou cardeal em 1962. Entre 1962 e 1965 participou do Concílio Vaticano II. Durante o seu episcopado, foi incansável defensor dos direitos humanos violados sistematicamente no seu país depois de 1973.
Sob a sua inspiração e direção, nasceu em 1976 a “Vicaria de la Solidaridad”, um refúgio para as vítimas das violações dos direitos humanos, aos quais era oferecido proteção jurídica e assistência médica.
Ao deixar a paróquia, o Santo Padre seguiu de carro fechado até o cruzamento da rua Brasil com a Avenida Libertador Bernardo O’Higgins, onde subiu a bordo do papamóvel até chegar à Nunciatura. No trajeto, foi saudado por milhares de chilenos, no primeiro contato com a multidão.
Transmissões ao vivo
A programação nesta terça-feira será intensa para o Papa. O dia começa com o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático no Palácio “La Moneda”. Depois, será a vez de celebrar a primeira missa no Parque O’Higgins. Na parte da tarde, Francisco visita o Centro Penitenciário Feminino de Santiago e, na Catedral, se encontra com sacerdotes, religiosos e religiosas, consagrados e seminaristas. O último evento previsto é o encontro com os bispos na sacristia da Catedral. Todos estes eventos serão transmitidos ao vivo pelo Vatican News com comentários em português.
Brasil
No trajeto de Roma que o levou ao Chile, o avião papal sobrevoou o território brasileiro.
E como prevê o protocolo, o Papa envia um telegrama ao presidente do país.
A Michel Temer, Francisco faz seus melhores votos, assim como a todos os cidadãos brasileiros, garantindo suas orações pela paz e a prosperidade do Brasil.
Fonte: http://www.vaticannews.va
Cristão copta assassinado no Sinai
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Três homens mascarados assassinaram um cristão de 35 anos. Autoridades egípcias atribuem a ação à terroristas da facção Estado Islâmico
Cidade do Vaticano
A violência contra os cristãos coptas no Egito não dá trégua. No domingo, 14, homens armados mataram um cristão no norte da Península do Sinai, informaram funcionários dos órgãos de segurança egípcios.
Trata-se de Bassem Attallah, de 35 anos, que foi atacado por três homens mascarados, como declarou sob anonimato à Agência AP um oficial egípcio.
O atentado ainda não foi reivindicado, mas os investigadores não hesitam em afirmar ser obra de terroristas do Isis.
De fato, a modalidade do ataque é semelhante àquela normalmente usada pela organização de Al Baghdadi, muito ativa na região do Sinai. A organização terrorista matou mais de cem cristãos no Egito desde dezembro de 2016.
Os últimos graves ataques ocorreram em dezembro contra a comunidade copta em Helwan, sul do Cairo. No ataque contra uma igreja foram mortas dez pessoas, entre as quais dois agentes de segurança e um vigia particular.
Outros ataques de menor gravidade foram registrados nas últimas semanas.
“A batalha contra a violência e o terrorismo se faz com o diálogo”, havia declarado o Patriarca copta ortodoxo Tawadros II, ao recordar as vítimas do ataque no Cairo. Fonte: http://www.vaticannews.va
O PODER DE UMA FOTO: Polêmica foto do Papa Francisco com uma indígena mapuche
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A fotografia foi tirada no Vaticano. Nela, o Papa Francisco aparece com uma indígena mapuche que, com seus trajes coloridos, parece estar praticando algum rito espiritual. Francisco inclina sua cabeça para que a indígena possa tocar seu rosto. Alguns quiseram ver uma forma de bênção ao Papa, embora parece que a indígena está tentando transmitir o espírito de seus deuses ancestrais ao Papa. A foto foi vista pelas pessoas comuns como um gesto de simpatia do Papa Francisco a todos os indígenas da Terra. Outros, no entanto, incluindo políticos e grupos católicos conservadores, criticaram o fato, visto como um sacrilégio. Afirmam que é a primeira vez que um Papa permite ser abençoado por uma seguidora de ritos pagãos. E chamaram a mapuche de “bruxa”. O comentário é de Juan Arias, publicado por El País, 12-01-2018.
Os conservadores afirmaram que não foi uma surpresa preparada para Francisco como tantas vezes ocorre durante as audiências na Praça de São Pedro, nas quais o Papa de repente se encontra com uma criança nos braços, colocada por uma mãe para que seja abençoado. Alegam que o pontífice, ao inclinar a cabeça na direção da mapuche para que ela possa tocar seu rosto, está conscientemente aceitando o rito que será realizado. E é ela quem abençoa o Papa e não o contrário.
Em minhas muitas viagens ao redor do mundo com Paulo VI e João Paulo II vi cenas nas quais grupos de feiticeiros indígenas realizavam alguns de seus ritos pagãos na presença do Papa. Mas é verdade que é a primeira vez que um Papa permitiu que fosse feito um desses ritos nele com uma compostura séria e piedosa. A foto, que foi tirada no ano passado, ressuscitou agora sob o signo da polêmica na véspera da viagem de Francisco ao Chile, de 15 a 18 próximos. Nesta viagem, o Papa irá abordar o espinhoso problema das comunidades mapuches que, no Chile e na Argentina, são muito ativas na defesa de seus direitos e de suas terras cobiçadas pelas multinacionais.
Os mapuches são cerca de um milhão no Chile e cerca de cem mil na Argentina e esperam que Francisco aproveite a viagem para apoiar sua luta. Meses atrás ele disse a uma delegação de índios mapuche: “Não vamos permitir que os governos tomem a terra dos índios sob o pretexto de estabelecer novas tecnologias”. E acrescentou: “Eles devem seguir suas próprias tradições e sua cultura com olhar voltado para o progresso e com especial atenção pela Mãe Terra”.
Os indígenas com os quais Francisco vai se encontrar no Chile se sentem discriminados pelos governos, racial e socialmente, e não deixarão de expressar seus sentimentos para o Papa. Trata-se, curiosamente, do único grupo de nativos da Américaque derrotou militarmente os conquistadores espanhóis no século XVI usando táticas inéditas de guerrilha com as quais conseguiram resistir por 300 anos. Eles não se sentem chilenos nem argentinos, apenas nativos, e pretendem continuar assim. Não querem ser reconhecidos como araucários, nome que tinha sido dado pelos espanhóis, mas como mapuches.
Em vista da viagem que o Papa Francisco planejava fazer ao Chile, não há dúvidas de que ter aceitado aquele ritual da índia mapuche que parecia querer transferir o espírito de seus deuses foi mais do que um gesto de simpatia. O Papa argentino, apesar de sua simplicidade franciscana, continua sendo jesuíta e, como tal, um intelectual que sabe medir suas ações e adaptá-las aos tempos de hoje. É bem possível que, abaixando a cabeça para a mapuche para que ela pudesse tocar seu rosto, além de um gesto de carinho para a indígena, o Papa Francisco estava enviando uma mensagem, não só religiosa, mas também política e social, para o outro lado do Atlântico. Vamos descobrir em breve. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Papa teme guerra nuclear
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A revelação foi feita aos jornalistas durante o voo que o leva a Santiago do Chile, enquanto mostrava uma foto de uma criança vítima do bombardeio atômico no Japão na II Guerra.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco teme uma guerra nuclear. Foi o próprio pontífice a fazer esta revelação aos jornalistas presentes no voo que o leva até Santiago do Chile.
O Santo Padre pediu ao diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, que distribuísse aos jornalistas presentes no voo a foto preto e branco do menino que, após o bombardeio atômico de Nagasaki de 1945, leva seu irmãozinho morto nas costas para ser cremado.
A foto que tornou-se célebre por retratar com intensidade as consequências da guerra foi tirada pelo fotógrafo estadunidense.
Nos últimos dias de dezembro Francisco a escolheu entre tantas, como um alerta para o perigo atômico, pedindo que fosse impressa em um cartão com a sua assinatura, acompanhada pela frase: “...o fruto da guerra”.
Na descrição da imagem é ressaltado o desespero da criança, expresso no gesto de morder os próprios lábios até sangrar. Fonte: http://www.vaticannews.va
2º Domingo do Tempo Comum – Ano B: Um Olhar
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ATUALIZAÇÃO DO EVANGELHO – Jo 1,35-42
- O Evangelho deste domingo diz-nos, antes de mais, o que é ser cristão… A identidade cristã não está na simples pertença jurídica a uma instituição chamada “Igreja”, nem na recepção de determinados sacramentos, nem na militância em certos movimentos eclesiais, nem na observância de certas regras de comportamento dito “cristão”… O cristão é, simplesmente, aquele que acolheu o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo.
- O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n’Ele o Messias libertador com uma proposta de vida verdadeira e eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-l’O no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.
- O nosso texto sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações. Os dois primeiros discípulos não discutiram o “ordenado” que iam ganhar, se a aventura tinha futuro ou se estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre para seguir outro representava uma promoção ou uma despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não era importante; simplesmente “seguiram Jesus”, sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem “seguros de vida”, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus.
- A história da vocação de André e do outro discípulo (despertos por João Baptista para a presença do Messias) mostra, ainda, a importância do papel dos irmãos da nossa comunidade na nossa própria descoberta de Jesus. A comunidade ajuda-nos a tomar consciência desse Jesus que passa e aponta-nos o caminho do seguimento. Os desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem conosco e que dispõe o nosso coração para reconhecer Jesus e para O seguir. É na escuta dos nossos irmãos que encontramos, tantas vezes, as propostas que o próprio Deus nos apresenta.
- O encontro com Jesus nunca é um caminho fechado, pessoal e sem consequências comunitárias… Mas é um caminho que tem de me levar ao encontro dos irmãos e que deve tornar-se, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, anúncio e testemunho. Quem experimenta a vida e a liberdade que Cristo oferece, não pode calar essa descoberta; mas deve sentir a necessidade de a partilhar com os outros, a fim de que também eles possam encontrar o verdadeiro sentido para a sua existência. “Encontrámos o Messias” deve ser o anúncio jubiloso de quem fez uma verdadeira experiência de vida nova e verdadeira e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante.
- João Baptista nunca procurou apontar os holofotes para a sua própria pessoa e criar um grupo de adeptos ou seguidores que satisfizessem a sua vaidade ou a sua ânsia de protagonismo… A sua preocupação foi apenas preparar o coração dos seus concidadãos para acolher Jesus. Depois, retirou-se discretamente para a sombra, deixando que os projetos de Deus seguissem o seu curso. Ele ensina-nos a nunca nos tornarmos protagonistas ou a atrair sobre nós as atenções; ele ensina-nos a sermos testemunhas de Jesus, não de nós próprios.
LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- Evangelho do dia.
2º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Frei Carlos Mesters, O. Carm e Francisco Orofino.
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Leituras: 1Sm 3,3b-10.19 / Sl 39 / 1Cor 6,13c-15a.17-20 / Jo 1,35-42. (Ano Litúrgico-B)
Jesus veio pregar o Reino de Deus. O Reino de Deus não é uma ideia grandiosa ou a proposta de uma doutrina dogmática. O Reino de Deus se vive no seguimento de Jesus Cristo. Este Reino só se tornará histórico se houver pessoas que respondam positivamente às propostas de Jesus. A adesão ao Reino pede gestos de vida bem concretos. No encontro com Jesus surge um novo horizonte na vida das pessoas. Deste encontro surge uma adesão ao caminho de Jesus. O batismo é o sinal desta adesão. Passamos a ser discípulos e discípulas de Jesus.
Neste domingo celebramos o surgimento do novo Povo de Deus, através da vocação e da missão dos primeiros discípulos de Jesus. Pelo batismo, todos somos chamados para a missão. Vocação e missão são sinais que o Reino de Deus está entre nós.
A primeira leitura narra o chamado profético de Samuel. A vocação do jovem Samuel acontece gradativamente. Depois de vários chamados, Samuel começa a entender como se manifesta a vontade de Deus. Até que descobre e acolhe dizendo: “fala Senhor que teu servo escuta”. Vocação é estar atento aos chamados de Deus e saber assumir a missão. Toda pessoa vocacionada é uma resposta de Deus ao grito de alguém. Samuel exercerá sua vocação profética guiando e defendendo o povo de Deus. Neste ano de 2018 o papa Francisco nos convida a refletir sobre o tema do Sínodo deste ano: “Os jovens, a fé e o discernimentos vocacional”. A vocação de Samuel nos ajuda nesta preparação para o Sínodo.
No Evangelho de hoje percebemos que existem várias formas de vocação. Os dois primeiros discípulos seguem Jesus porque João Batista aponta e testemunha. Outros, como Simão, são chamados por pessoas que já estão no seguimento de Jesus. André simboliza os discípulos que buscam outros discípulos. Mas, independente da forma como as pessoas são chamadas ao seguimento, este só acontece depois de um encontro pessoal da pessoa vocacionada com o próprio Jesus. Toda proposta vocacional encontra sua confirmação neste encontro pessoal com Jesus. Afinal, vocação é “caminhar na estrada de Jesus”.
EVANGELHO DOMINICAL: 2º Domingo do Tempo Comum
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Procurar Jesus e segui-lo
Padre Assis
A palavra divina neste segundo Domingo do Tempo Comum nos fala da vocação. Dizemos que a vocação é a resposta ao chamado que uma pessoa recebe da parte de Deus. Quem toma a iniciativa e o que chama é o Senhor. Isto se observa claramente na vocação de Samuel, um adolescente inexperiente que vive numa época em que era rara a Palavra de Deus.
Deus chama Samuel (cf. 1Sm 3, 3b-10.19) no silêncio da noite: “Samuel, Samuel!” Ele entende como um chamado e em seu raciocínio lógico, corre e põe-se diante do sacerdote Eli: “Estou aqui!” O menino é pura disponibilidade. Isto acontece por três vezes. A mesma resposta por parte de Samuel e a mesma indicação de Eli: “Se alguém te chamar, responderás: “Senhor, fala, que teu servo escuta!” Na Bíblia o verbo “escutar”, significa acolher no coração e transformar o que ouviu em compromisso de vida.
Estamos imersos numa sociedade que parece não escutar, marcada por um afã comunicacional, mas ao mesmo tempo em que não deixa espaço para acolher a palavra do outro ou o relato existencial que o “outro” significa. Temos um problema não fácil de resolver. Há demasiado “ruído” ambiental e interior. Parece que certo temor ao silêncio nos invade e os gritos do silêncio não se escutam. Daí que as relações interpessoais estejam tão expostas à falência, ao fracasso.
“Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois a palavra do Senhor, não se lhe tinha manifestado”, apesar de ter sido entregue por Ana sua mãe ao sacerdote Eli, e viver em sua casa como servidor do santuário de Silo, onde se guardava a Arca da Aliança. Ao falar assim o autor sagrado reforça a ideia que a vocação tem a sua origem em Deus. Caberá a Eli acompanhar e sinalizar a Samuel o que tem que responder.
Somos ensinados e acompanhados no seguimento. O caminho cristão não se aprende à margem do testemunho dos que precedem no compromisso batismal. Temos que aprender, dirá o Papa Francisco, “a arte do acompanhamento espiritual”. Não se trata de entregar um livro de doutrina ou de uma comunicação de saber intelectual, mas sim de sabedoria espiritual que surge da experiência pessoal no encontro com o Senhor. Aprender a escutar e ter humildade e disponibilidade para seguir o chamado divino.
Ao concluirmos o tempo do Natal com a celebração do Batismo de Cristo, iniciamos como uma transição o Tempo Comum. Com esta festa é numerado o Primeiro Domingo do Tempo Comum, é por isso que este é o segundo domingo. João Batista faz a unidade desta transição como protagoniza, junto a Jesus em ambos os relatos. E assim depois de Batizar
Cristo sinaliza para a sua missão redentora: “Eis o cordeiro de Deus!” (cf. Jo 1,35-42)
É evidente que o Evangelho de São João, antigo discípulo do Batista, dá importância singular à “descoberta” que o Profeta do deserto faz do Messias. Apenas aparece Jesus pelas ribeiras do Jordão, o Batista o aponta: “Este é o Cordeiro de Deus!” Ele sabe quem é Jesus e qual a sua missão. Ante suas palavras João e André, dois de seus discípulos vão atrás do novo “Rabi”. A força de seu testemunho faz soltar amarras e ambos se vão no seguimento do “Cordeiro”. A impressão deste primeiro encontro foi tão profunda, que deixam o antigo Mestre e seguem o Nazareno.
Definitivamente o discípulo tem que aprender a escutar. E escutando bem, o seguimento parece uma consequência natural. Mas isto resulta insuficiente. Convém clarificar a razão do seguimento, purificar a escuta. É que se escutam tantas coisas, tanta tagarelice e importam só poucas palavras. Por isso o diálogo de Jesus neste primeiro encontro é de poucas palavras, Ele perguntará: “O que estais procurando?” Essa pergunta se torna pessoal: o que eu busco?
Para responder ao que pergunta, devo ter bem claro o que busco. André e João não responderam à pergunta, talvez porque não tinham claro o que o Batista havia indicado, já que perguntam: “Rabi, onde moras?” Pode parecer uma simples pergunta e não é. Ter claro onde habita Deus é vital. Para sabê-lo temos que aceitar o convite que nos é feito: “Vinde ver”.
Trata-se de experiência de comunhão de vida, que produz ao mesmo tempo uma sabedoria existencial que vai mais além. Dela surge necessariamente a missão que se descobre a partir do encontro com Ele. Por isso André compartilha com seu irmão Simão: “Encontramos o Messias”.
A experiência de fé dos discípulos de ir e ver onde Jesus mora, permanecer ou entrar em comunhão com o Mestre fez com que aqueles que foram chamados, ampliassem para outros o chamado ao seguimento, com a salvadora certeza de que “encontraram o Messias” que mudará suas vidas, que depois se torna apostolado e missão.
O chamamento dos discípulos ao seguimento do Mestre é um evento que se repete na Igreja. O Papa Francisco afirma: “A fé, para mim, nasceu do encontro com Jesus. Um encontro pessoal que tocou meu coração e deu uma nova direção e um novo sentido a minha existência”.
Em certa medida, todos experimentamos esse encontro com Cristo e como o evangelista João não a esqueceu, tampouco nós poderemos esquecê-lo. E foi esse olhar especial, o fundamental que fez mudar as vidas de João, André e Pedro. Também nós podemos “sentir” esse olhar de Jesus que nos mantém firmes no desejo de segui-lo. Não é possível esquecer então, as emoções profundas que o Evangelho de hoje nos produz.
Onde encontrar Jesus no meio do ruído, do barulho de tantas ofertas que nos seduzem à primeira vista, mais que as palavras do Evangelho? Como dar com esse Senhor que com seu convite: “Vinde e vereis” não deseja outra coisa senão que tenhamos uma experiência pessoal com Ele e dele?
Difícil! Há tantas vozes que nos convidam a descobrir outros horizontes que não sejam os da fé! Existem tantas ideologias que estabelecem e manipulam nossos caminhos!
Na vida de cada um de nós há um dia, um encontro com Ele, que marca uma mudança radical de nosso projeto pessoal de vida: o chamamento pessoal e imprevisível de Deus em vista da missão. Muitas vezes Ele serve-se de outros para nos chamar: os pais, um sacerdote, um livro, um retiro espiritual, mas é sempre Ele que chama. O importante é que estejamos atentos para que não passe sem ser percebido.
A voz de Deus ressoa também na noite de nossa vida. De mil maneiras nos podem chegar o desejo de Deus sobre nós. Um pensamento que nos vem à alma, um acontecimento que nos comove, umas palavras que nos afetam, um exemplo que nos arrasta. Qualquer coisa é boa para fazer vibrar em nosso espirito a voz de Deus. Podemos estar seguros, Deus falará. Seguirá nos falando ao coração, esperando nossa resposta.
Jesus chama-nos pessoalmente ao discipulado, ao seguimento. E também nos pode chamar a uma particular experiência de vida e de missão com Ele, tal como chamou os apóstolos. Esse chamamento faz-se ouvir na vida de cada um de nós. É importante que saibamos ler os acontecimentos da nossa vida e, penetrando no Coração de Jesus, saibamos indicá-lo também aos outros.
Hoje, cabe a nós vivermos essa mesma experiência a que Jesus nos convida: “Vinde ver!” Eis um programa de vida cristã para este novo ano: procurar Jesus, seguir Jesus, encontra-lo e permanecer com Ele, para poder levar aos que buscam e parece não encontrar nada, ao lugar em que habita Cristo. Chamar e trazer pessoas a Jesus. Fonte: https://paraibaonline.com.br
Um planejamento pastoral bem feito tem força e um papel profético de transformação da realidade
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“Nosso mundo precisa urgente de ações efetivas rumo a uma sociedade mais justa e fraterna, e essas ações não podem ser pensadas da noite para o dia, mas devem ser bem planejadas”, desta forma o subsecretário adjunto de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Deusmar Jesus da Silva definiu a importância das comunidades, paróquias, dioceses e demais esferas da Igreja desenvolver, neste início de ano, um bom planejamento pastoral.
“Se queremos ter uma diocese, paróquia ou comunidade bem preparada para responder aos desafios do tempo presente é preciso planejar, traçar metas e ter estratégias de ação”, disse. O planejamento pastoral, segundo o padre, permite que a Igreja enfrente, nos territórios onde atua, os desafios do mundo globalizado que atingem direta ou indiretamente nossas dioceses, paróquias e comunidades.
Para desenvolver um bom processo de planejamento pastoral, o padre chama a atenção para a importância de levar em consideração as orientações e pistas da ação evangelizadora oferecidas pelo papa Francisco e também pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
Um bom planejamento, orienta o religioso, precisa motivar a comunidade e partir de seus anseios, ver, julgar e iluminar a realidade, fixar objetivos gerais tendo em vista o agir para transformação da realidade. Avaliar e retomar o planejamento também são importantes segundo padre Deusmar. “O planejamento pastoral bem feito com respostas bem planejadas para poder enfrentar a realidade tem força transformadora, o que nos pede a missão profética”, disse.
É necessário também lembrar que o planejamento lida com as expectativas das pessoas. “Temos que lembrar sempre que estamos trabalhando com pessoas que carregam consigo medos, esperanças e expectativas quanto à ação pastoral. Por isso, deve ser gestada com o amor cristão e deve crescer à luz da fé”, adverte. Para o padre Deusmar a soma de procedimentos focados nos mesmos objetivos e metas é que farão do planejamento pastoral uma ferramenta de ação eficaz na gestão de uma diocese, paróquia ou comunidade. Fonte: http://cnbb.net.br
VEM AÍ O 14º INTERECLESIAL!!! Na Memória nossa História!
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Nos Intereclesiais foram produzidos os primeiros e mais destacados trabalhos teológicos e sociológicos a propósito das CEBs, o que suscitou uma expressão de uma eclesiologia mais autóctone, com traços marcadamente latino-americanos.
Video elaborado pelo colaborador das CEBs Pe Edegard Silva Junior do Regional Sul II
Encontros Intereclesiais das CEBs
Há quase cinco décadas, sob o influxo do Vaticano II e no calor das Conferências Latino-americanas do episcopado reunido em Medellín e Puebla, as comunidades eclesiais de base pulularam como uma pequena “flor sem defesa” . Depois, na década de 1970 veio o seu aprumar. Foi nesse momento que surgiram os Encontros Intereclesiais de CEBs, cujo objetivo era uma maior e melhor articulação das comunidades dispersas pelo Brasil .
A partilha de experiências durante os encontros é um dos traços marcantes. Os relatos da caminhada das comunidades, seus desafios, sofrimentos, lutas e conquistas, uma vez socializados, tornam patente a unidade até mesmo nos problemas e aponta para questões teóricas e práticas. O panorama apresentado fornece aos assessores referências para um aprofundamento teológico e sociológico.
Foi justamente nos Intereclesiais que foram produzidos os primeiros e mais destacados trabalhos teológicos e sociológicos a propósito das CEBs, o que suscitou uma expressão de uma eclesiologia mais autóctone, com traços marcadamente latino-americanos.
A participação seja dos delegados e delegadas leigos, seja de membros do clero, foi progressiva ao longo dos encontros intereclesiais. Também a dinâmica dos encontros passou por uma modificação, passando de uma postura reflexiva para uma mais celebrativa, especialmente a partir do VI Encontro de Trindade (GO). A participação das bases foi cada vez mais significativa, sobretudo a partir do II Encontro de João Pessoa, em 1978, quando elas passaram a assumir a organização, a condução, a reflexão e o processo decisório do Encontro.
Sem sombra de dúvida, outro aspecto de relevo nos intereclesiais – além da partilha e das reflexões – é o fato de cada encontro constituir-se numa fonte de animação para as comunidades. Cria-se a familiaridade, a unidade, o sentimento de pertença recíproca, o que gera ânimo, força na autoconsciência e auto realização, esperança e entusiasmo. Numa expressão, trata-se de uma estrutura de apoio, que reforça a eclesialidade das CEBs
A década de 1970 representou, para as CEBs, um momento de efervescência muito significativa, de vitalidade em sua articulação dialética entre fé e vida, de criatividade bíblica e litúrgica, de sua manifestação pública mais ostensiva. O fechamento político da época, a censura a vários canais de expressão popular levou a uma atuação da pastoral popular de forma mais incisiva e da opção pela defesa da vida. O crescente empobrecimento do povo, o recrudescimento da violação dos direitos humanos e da repressão generalizada suscitou o compromisso de engajamento social dos setores sociais da Igreja, mormente das CEBs.
A conjuntura eclesial mais ampla estimulava este compromisso social . A Igreja ensaiava os primeiros passos nos caminhos de abertura do Vaticano II, incentivando as experiências inovadoras das Igrejas locais e as práticas evangélico-libertadoras. Na América Latina, Medellin gerava seus frutos. Fonte: http://www.cebsdobrasil.com.br
Carta Aberta da Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam-Brasil
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Tanta violência na Amazônia, mas a Vida, Dom de Deus, é mais forte!
Gritos de dores do meu povo quebram o silêncio da floresta. O sangue derramado do meu povo é semente que fecunda o chão da Amazônia, e faz ressurgir a esperança em meio à luta e ao sofrimento, padre Cláudio Perani, SJ – Profeta da Amazônia (1932-2008).
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) anuncia com esperança a encarnação de Deus nas terras Amazônicas e denuncia com indignação os sinais de morte e opressão do Povo de Deus que impedem o nascimento do Menino Jesus na Amazônia.
A atual conjuntura política da região revela o distanciamento de muitas lideranças políticas dos ensinamentos e preceitos do Deus da justiça. Muitos mergulharam na lama da corrupção e se esqueceram do povo e das suas expectativas. Permitem que a Amazônia seja uma moeda de troca nas tramas políticas enquanto engordam seus bolsos às custas dos recursos públicos, de propinas e subornos traindo a confiança do povo que os elegeu.
A Amazônia está em disputa numa batalha covarde e desonesta. Enquanto os gananciosos das empresas nacionais e multinacionais, disputam suas terras e suas riquezas naturais, os povos da Amazônia tombam sob o jugo da injustiça. Índios, camponeses, seringueiros, quilombolas, os povos da floresta reagem e colocam-se diante dos grilhões da destruição da sua nhandereko-há, sua casa comum. Com coragem e distinção, enfrentam os exploradores da madeira, da mineração, do agronegócio e dos recursos naturais. É exemplar e paradigmática a resistência frente a projetos públicos e privados de mineração na Amazônia. Temos os frutos desta luta como a vitória da sociedade civil organizada no caso da Reserva de Cobre e Associados (Renca), no Amapá e Pará, ou a suspensão pela Justiça Federal da licença de instalação para a mineradora canadense Belo Sun na Volta Grande do Xingu, no Pará.
Em muitos casos, porém, os povos da Amazônia enfrentam aqueles que destroem as florestas e envenenam os rios e se opõem aos grandes latifundiários apenas com seus corpos que trazem na pele as marcas da violência. A cada dia representantes dos povos da floresta estão tombando numa luta desigual.
Está em curso uma ofensiva anti-indígena, comandada pela bancada ruralista com apoio contundente da parte dos poderes Executivo e Judiciário que se concretiza no não cumprimento dos direitos constitucionais a demarcação de seus territórios e a possível liberação de arrendamento de suas terras para o agronegócio, inviabilizando seu modo de vida tradicional.
Preocupa-nos a realidade dos povos que vivem em situação de isolamento e risco nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Rondônia e Mato Grosso. Os cortes orçamentários do governo federal comprometeram as ações de fiscalização e proteção dos seus territórios, impondo-lhes à condição de vítimas de um provável processo de genocídio. Neste ano, circularam informações e denúncias de um provável massacre de indígenas no estado do Amazonas e que este foi praticado por garimpeiros, caçadores e madeireiros. Os fatos precisam ser investigados. Urge sustar o processo de expropriação territorial e dizimação dos habitantes originários deste país.
Dados do Relatório “Violência Contra Povos Indígenas do Brasil” coletados no ano de 2016 e lançado neste ano pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aponta que violência contra povos indígenas aumentou. Cresceram os casos de homicídio, suicídio e mortalidade infantil.
O ano de 2017 encerra-se com um saldo sem precedentes de mortes de camponeses, homens, mulheres e crianças. Os conflitos acirraram-se e se espalharam por todos os cantos da Amazônia.
No mês de março foi morto o ex-vereador Elpídio, no município de Colniza (MT). Até hoje sem resposta da justiça. No dia 19 de abril, jagunços encapuzados, contratados por fazendeiros, atacaram o assentamento da gleba Taquaruçu do Norte no município de Colniza, resultando em pelo menos nove mortes de camponeses. Colniza encerra o ano com o assassinato de seu prefeito. “A democracia foi ferida de morte”, comenta o bispo da Diocese de Juína, dom Neri José Tondello. “Colniza continua nas manchetes entre os municípios mais violentos do país. Parecemos terra de ninguém. Terra sem Lei. Terra sem Estado de Direito”, denuncia o bispo.
No mês de maio, o acampamento Padre Josimo, na Comunidade Tauá – município de Carrasco (TO), foi queimado numa reintegração de posse movida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), contra 500 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em 24 de maio, os acampados na Fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, no Estado do Pará, foram surpreendidos na madrugada por uma operação policial de despejo envolvendo pistoleiros e agentes da segurança privada que torturaram e mataram dez camponeses de forma brutal. Dezessete policiais responsabilizados pelo massacre chegaram a ser presos, mas o Tribunal de Justiça do Pará concedeu liberdade a nove policiais dos presos no último dia 18 de dezembro.
Os conflitos socioambientais espalharam-se por outros municípios do Amapá, onde camponeses e indígenas sofrem com o envenenamento de roças agroecológicas na região do Maruanum em Calçoene, município controlado por empresa madeireira que tem promovido a destruição de ramais de acesso às propriedades, queima de casas e roças.
No dia 14 de novembro, vinte e um camponeses da Comunidade Gostoso, município de Aldeias Altas, no Maranhão, foram detidos pela polícia militar e levados para a delegacia porque resistiram à ação do fazendeiro e de uma empresa que atuam no setor sucroalcooleiro. Trata-se de área de terra devoluta ameaçada pela grilagem que se espalha por outras regiões como na comunidade sertaneja de Bem Feito, município de Formosa da Serra Negra, onde as famílias vêm sofrendo ações de grilagem. Parte da terra, com mais de 970 hectares, vem sendo apropriada por grileiros da região que contam com a colaboração de jagunços e pistoleiros. No dia 19 de agosto, uma emboscada frustrada foi armada contra 4 agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Na ilha de São Luís, a comunidade tradicional de pescadores e marisqueiros de Cajueiro está sendo ameaçada de expulsão e foi intimidada por milícias armadas, a fim de beneficiar o projeto de instalação de mais um terminal portuário privado. O projeto faz parte da região do Matopiba, que pretende destinar ao cultivo extensivo da soja, 73 milhões de hectares distribuídos pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Na manhã do dia 1º de dezembro, um grupo de cerca de 40 pessoas, liderado por um deputado estadual e pelo prefeito do município paraense Senador José Porfírio, impediu a realização do seminário “Veias Abertas da Volta Grande do Xingu” que acontecia no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). O seminário apresentava pesquisas e debates sobre os impactos socioambientais das atividades da mineradora canadense Belo Sun, na região já afetada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Em 7 de dezembro, pistoleiros armados feriram diversas pessoas e mataram uma das lideranças do Acampamento Boa Sorte, localizado na Linha Dois da área do Assentamento Flor do Amazonas, em Candeias do Jamari, município próximo a Porto Velho, em Rondônia.
No dia 14 de dezembro, 300 famílias do acampamento Hugo Chavez em Marabá (PA) foram despejadas violentamente, cumprindo decisão do juiz da Vara Agrária da cidade. Há temores que estejam sendo planejados outros 20 despejos desse tipo, numa região que há muito tempo é palco de graves conflitos gerados pela grilagem e a concentração de terras nas mãos de latifundiários e da empresa mineradora Vale.
O ano encerra-se com o desaparecimento, desde o dia 13 de dezembro, de três lideranças camponesas, dois homens e uma mulher, da ocupação Igarapé Araras, localizada no quilômetro 56 da BR-319, em Canutama, no Sul do estado do Amazonas, prelazia de Lábrea. Eles haviam recebido ameaças de morte por parte de requerentes, uma madeireira processada por grilagem de terra e destruição da floresta.
Frente a todos esses fatos, houve manifestações públicas dos diversos movimentos sociais e socioambientais que atuam em defesa dos camponeses e dos povos indígenas da região, de instituições como o Ministério Público ou algumas universidades, de pastorais e organismos da Igreja Católica. Apesar de tanta violência e numerosas denúncias, ainda se constata uma imperdoável negligência por parte do Estado, que nesses conflitos não defendeu suficientemente as vítimas e, em alguns casos, assumiu até o papel de agressor, a favor da concentração de terras ou da instalação de grandes projetos com irreversíveis e desastrosas consequências para o tecido social da região e o meio ambiente.
A falta de investigações e a impunidade na maioria dos crimes cometidos na Amazônia confirmam essa hipótese e reforçam novas perspectivas de violência e agressão.
A Rede Eclesial Pan-Amazônica continua atuando ao lado das igrejas locais e da sociedade civil, fortemente preocupada com o cenário de crescente violação dos direitos e da grande casa comum, do lar que Deus em seu infinito amor criou para todos nós.
A fé profética de muitas testemunhas da Amazônia soma-se à certeza da encarnação de Deus no meio dos pobres. O nascimento de Jesus num estábulo, fora da cidade, na extrema pobreza, já é a opção silenciosa de Deus pelos pobres e excluídos, pelos que o mundo considera supérfluos e descartáveis (cf. DAp 65). Os pobres na sua condição de banidos do “banquete da vida” se tornam os prediletos de Deus.
A Esperança nunca morreu nem morrerá no coração dos povos da Amazônia. “O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz” (Is 9, 2). Todos os mártires da Amazônia e todas as testemunhas da Esperança vivas que continuam lutando por justiça, pelo respeito aos direitos humanos e pela defesa da casa comum são reflexo dessa luz que no menino nascido em Belém começou a iluminar o mundo.
“Tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes”, proverbio mexicano.
Dom Cláudio Cardeal Hummes
Presidente da Repam e da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB
Dom Erwin Krautler
Presidente da Repam-Brasil e Secretário da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB. Fonte: http://www.cebsdobrasil.com.br
Bispos argentinos: ninguém pode falar em nome do Papa
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A Conferência Episcopal ressalta que “a maior parte do povo argentino ama o Papa Francisco"
Cidade do Vaticano
A Conferência Episcopal Argentina divulgou uma nota, nesta segunda-feira (10/01), intitulada “Francisco, o Papa de todos”, na qual pede para evitar “interpretações tendenciosas e parciais” do magistério e atitudes de pastor do Papa Francisco.
No texto, os bispos destacam o grande privilégio de ter um Papa argentino, e criticam as pessoas no país que utilizam o Pontífice “em função de seus próprios interesses setoriais”.
“Há quase cinco anos um nosso irmão foi eleito Papa, máxima autoridade da Igreja no mundo. Para os cristãos, ele é o Vigário de Cristo sobre a terra. Daquele momento em diante, o nosso querido Papa Francisco adquiriu, em todos os países, prestígio e apoio crescente, e hoje é uma referência global indiscutível para a maioria dos cristãos e pessoas de boa vontade”, ressalta a Conferência Episcopal Argentina.
Segundo os bispos, uma grande parte dos meios de comunicação na Argentina “se concentrou em fatos menores, chegando a identificar o Papa com determinadas figuras políticas ou sociais. Alguns foram claros, afirmando não representar ou pretender representar o Santo Padre ou a Igreja. Sem dúvida, essa associação constante criou muitas confusões e justificou distorções deploráveis de sua figura e suas palavras, alcançando os níveis de injustiça e difamação”.
A Conferência Episcopal ressalta que “a maior parte do povo argentino ama o Papa Francisco e não se deixa confundir por quem pretende usá-lo, fingindo representá-lo, ou atribuindo-lhe posições imaginárias em função de seus próprios interesses setoriais”.
“O povo simples quer ouvir os ensinamentos do Santo Padre e o reconhece por sua linguagem clara e simples. Acompanhar os movimentos populares em sua luta pela terra, por moradia e trabalho é uma tarefa que a Igreja sempre cumpriu e que o Papa incentiva abertamente, convidando-nos a prestar as nossas vozes pelas causas dos vulneráveis e excluídos. Isso não implica de modo algum que lhe sejam atribuídas posições ou ações de parte, sejam estas corretas ou erradas”, afirmam os bispos argentinos.
Nas vésperas da viagem apostólica do Santo Padre ao Chile e Peru, a Conferência Episcopal Argentina reitera “que o Papa Francisco se expressa em seus gestos e palavras de pai e pastor, e através de porta-vozes designados formalmente por ele. Ninguém falou nem pode falar em nome do Papa. A sua contribuição para a realidade de nosso país deve ser encontrada em seu magistério abundante e em suas atitudes de pastor, não em interpretações tendenciosas e parciais que somente aumentam a divisão entre os argentinos”.
Os bispos “desejam ardentemente que o Papa Francisco seja valorizado e ouvido como merece”, e como merecem também os demais argentinos.
“Que Nossa Senhora de Luján nos ajude a construir o nosso país como irmãos”, conclui a nota da Conferência Episcopal Argentina. Fonte: http://www.vaticannews.va
O OLHAR EM SALVADOR-BA.
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Catequese do Papa sobre a Missa: "Missa, uma escola de oração para os fiéis"
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"Recomendo vivamente aos sacerdotes que observem o momento de silêncio e não terem pressa. Oremos para que se faça silêncio; sem ele, corremos o risco de subestimar o recolhimento da alma”.
Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira, 10 de janeiro, o Papa recebeu os fiéis na Sala Paulo VI, no Vaticano, para o encontro semanal aberto ao público. Cerca de 7 mil pessoas participaram da audiência, durante a qual o Pontífice fez uma catequese sobre o canto do Glória e a oração da coleta no âmbito da missa.
O Papa explicou que depois do Ato Penitencial, quando nos despojamos de nossas presunções na esperança de sermos perdoados, expressamos gratidão a Deus cantando o hino do Glória, que assim como os Anjos cantaram no nascimento de Jesus, é um glorioso abraço entre o céu e a terra.
Logo após o ‘Glória’, na missa, temos a oração denominada ‘do dia’ ou ‘coleta’.
Com o convite ‘Oremos’, o sacerdote nos exorta a unirmo-nos a ele em um momento de silêncio para tomarmos consciência de estar diante de Deus e deixar emergir, de nossos corações, as nossas intenções pessoais. O sacerdote diz ‘Oremos’ e depois vem um momento de silêncio e cada um pensa nas coisas de que precisa ou quer pedir na oração”.
Rezar pelo silêncio em silêncio
Antes desta oração inicial, o silêncio nos ajuda no recolhimento, a pensarmos no porquê estamos ali: para invocar ajuda ao Senhor, pedir a sua proximidade nos momentos de fadiga, alegrias e dores; por familiares ou amigos doentes, ou ainda, para confiar a Deus o futuro da Igreja e do mundo.
“A isto serve o breve silêncio antes que o sacerdote, reunindo as preces de cada um, expressa em voz alta em nome de todos a comum oração que conclui os ritos de introdução com a ‘coleta’ das intenções dos fiéis. Eu recomendo vivamente aos sacerdotes que observem este momento de silêncio e não terem pressa".
“ Oremos para que se faça silêncio; sem este silêncio, corremos o risco de subestimar o recolhimento da alma ”
O sacerdote faz um gesto como o de Cristo
O sacerdote a reza com os braços abertos, um gesto que os cristãos realizam desde os primeiros séculos para imitar Cristo com os braços abertos no lenho da Cruz. No Crucifixo reconhecemos o sacerdote que oferece a Deus a obediência final.
Concluindo, Francisco afirmou que as orações do Rito Romano são breves, mas ricas de significado; e meditar sobre seus textos, também fora da missa, pode nos ajudar a aprender como falar com Deus, o que pedir, que palavras usar. “ Que a liturgia possa se tornar para nós uma verdadeira escola de oração ”. Fonte: http://www.vaticannews.va
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