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O Frei Ricardo Nunes, O. Carm, da Província Carmelitana Pernambucana- direto do Convento do Carmo da Bela Vista, São Paulo- fala sobre o Poema, A Noite Escura, de São João da Cruz. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 14 de dezembro-2019.
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O Frei João Paulo, O. Carm- direto da Basílica do Carmo da Bela Vista, São Paulo- fala sobre o Poema, A Noite Escura, de São João da Cruz. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 14 de dezembro-2019.
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Frei Joseph Chalmers O.Carm. Ex- Prior Geral
No 550º aniversário da Bula Cum Nulla, também celebramos a incorporação dos leigos à Família Carmelitana. A grande maioria de leigos carmelitanos pertencem ao que ainda é geralmente chamado de “Ordem Terceira”. Os termos “Primeira”, “Segunda” e “Terceira” são tirados da Ordem Servita do começo do século XVI. Eles nunca tiveram a intenção de fazer referência a uma hierarquia, mas simplesmente refletiram a realidade histórica de que alguns grupos foram fundados oficialmente antes de outros.
Em algumas Províncias, os membros da Ordem Terceira são chamados pelo nome genérico de “leigos carmelitanos”, apesar deste termo cobrir muitas outras realidades e grupos. Em diversos países existem antigas Fraternidades e Confraternidades Carmelitanas. Também existem muitos grupos novos surgindo em várias partes do mundo. Estes novos grupos dão testemunho da energia criativa que existe dentro da Ordem. Não devemos esquecer, é claro, dos milhões de pessoas que usam o escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo. O caminho carmelitano tem inspirado muitos leigos pelo mundo a viverem o Evangelho de forma profunda e, às vezes, heroica.
Quero enfocar particularmente nesta carta os membros da Ordem Terceira, ou qualquer que seja o termo usado em diferentes países. Acredito fortemente que os leigos carmelitanos, no sentido de membros da Ordem Terceira, têm uma verdadeira vocação e são portadores de um carisma carmelitano para os outros assim como os frades, as monjas e as irmãs.
Os elementos principais do carisma carmelitano são bem conhecidos: oração, fraternidade e serviço. Estes três elementos são cimentados pela contemplação. Acima de tudo, os carmelitas são chamados a seguir Jesus Cristo e a viver o Evangelho na vida diária. Em nosso seguimento de Cristo, somos inspirados por duas figuras bíblicas: Nossa Senhora e o Profeta Elias. Todo carmelita, religioso ou leigo, é chamado a viver este carisma. O modo como juntamos estes elementos vai variar de acordo com nossa situação na vida. Os leigos devem viver o carisma carmelitano precisamente como leigos. Jesus disse que não estava pedindo ao Pai para tirar seus amigos do mundo, mas para guardá-los do Maligno (Jo 17,15). Todos os carmelitas estão no mundo de alguma forma, mas a vocação dos leigos é precisamente transformar o mundo secular.
A Regra e os Leigos Carmelitanos
A Regra de Santo Alberto é um documento carismático que está no princípio de todas as formas de vida carmelitana. Neste breve texto estão os elementos essenciais do carisma carmelitano em sua fase inicial. Estes elementos foram plenamente trabalhados através dos anos seguintes e a tradição carmelitana foi enriquecida pelas vidas de um grande número de pessoas e especialmente por nossos santos. Toda pessoa que é chamada a viver de acordo com o modo carmelitano dá sua contribuição para a tradição e a transmite para os outros.
Os religiosos carmelitanos têm Constituições por meio das quais a Regra de Santo Alberto é aplicada às condições dos dias de hoje. Do mesmo modo, a Ordem Terceira tem a sua regra. A primeira versão que conhecemos foi publicada em 1675 por Filipe da Visitação. Existem rumores de que, originalmente, ela foi redigida pelo Bem-aventurado João Soreth em 1455, o que é improvável. A atual regra da Ordem Terceira, como as Constituições dos religiosos, busca fazer a ligação entre o ideal carmelitano e a realidade atual daqueles que se empenham em vivê-la. Nestes últimos anos houve discussões e estudos, a nível nacional e internacional, com o objetivo de atualizar a regra da Ordem Terceira. Espero que, em breve, estejamos em posição de apresentar um texto adequado à Santa Sé, para posterior aprovação e publicação.
Por todo mundo existem muitos padres diocesanos e diáconos permanentes que são membros da Ordem Terceira. A vocação deles é diferente da maioria dos leigos. No entanto, para todos os membros, a espiritualidade carmelitana é a inspiração na vivência que eles têm da mensagem do Evangelho em sua vida diária.
A regra da Ordem Terceira define a missão dos leigos carmelitanos, que está enraizada no batismo e pelo qual cada cristão partilha no mesmo sacerdócio de Cristo, na sua dignidade real e em seu ministério profético. Os leigos exercem estas funções participando plenamente da vida da Igreja e aplicando os benefícios da liturgia em sua vida diária. Desta forma eles contribuem para a santificação do mundo.
Dentro desta vocação batismal comum, alguns leigos são chamados a participar do carisma de uma família religiosa particular. Professar como membro leigo carmelita é uma repetição intensificada de nossas promessas batismais. Entrando na Ordem eles assumem para si o carisma carmelitano, que é profundamente marcado pela oração. Portanto, a oração, tanto litúrgica quanto pessoal, é uma parte vital e integrante da vida do leigo carmelita. A participação, diária se possível, na celebração da Eucaristia, é a fonte da vida espiritual e da fecundidade apostólica. O ofício divino, como uma partilha na oração de Cristo, é encorajado pelo leigo carmelita e também é uma fonte de grande ajuda na jorna espiritual. A oração pessoal é vital para a vida dos leigos carmelitas e os meios tradicionais, encontrados na espiritualidade carmelitana, são especialmente enfatizados. Acima de tudo temos a lectio divina, a escuta orante da Palavra do Senhor, que quer nos abrir para um relacionamento íntimo com Deus, em e através de Jesus Cristo. A devoção a Nossa Senhora é marcante para o leigo carmelitano, porque ela é a Mãe do Carmelo.
Como todos os carmelitas, o leigo carmelitano é chamado a alguma forma de serviço, parte integrante do carisma dado à Ordem por Deus. Os leigos têm a missão de transformar a sociedade secular. Eles podem fazer isto de diferentes formas, de acordo com suas possibilidades. O grande exemplo para a ação profética é Elias, cuja atividade se origina numa profunda experiência de Deus.
A fraternidade também é um elemento essencial do carisma carmelitano. Os leigos carmelitanos podem criar comunidade de várias formas: em suas próprias famílias, onde a igreja doméstica pode ser encontrada; em suas paróquias, onde cultuam a Deus com seus companheiros e companheiras, tomando parte plenamente nas atividades da comunidade; em sua comunidade carmelitana leiga na qual encontram apoio para a jornada espiritual; no local de trabalho e no lugar onde moram. Este último necessita do testemunho daqueles que estão comprometidos com o amor ao próximo, como Cristo nos ensinou, contribuindo assim para a transformação do mundo de acordo com o plano de Deus.
A contemplação é o que cimenta os outros elementos do carisma. Como todos os membros da Família Carmelitana, os leigos carmelitanos são chamados a crescer no relacionamento com Cristo até se tornarem seus amigos íntimos e, como tais, ser uma poderosa influência transformadora no mundo. A assistência tradicional para o desenvolvimento da contemplação está muitas vezes ausente de nosso mundo, que é marcado pela atividade frenética. Portanto, os leigos carmelitanos devem encontrar tempo, para deixar de lado os cuidados da vida diária por um instante e permitir que Deus fale a seus corações em silêncio. Fortalecidos por este alimento, eles podem continuar sua jornada e olhar para o mundo com novos olhos. Os contemplativos podem ver a presença de Deus em situações improváveis. Deus sempre nos precede e está presente em qualquer situação antes de chegarmos. É nosso dever descobrir a presença de Deus nas coisas que nos rodeiam e proclamar esta presença para nosso mundo.
O Desafio
Ser um leigo carmelitano não é apenas uma vocação acrescentada à vida. É uma vocação. Por isso, uma formação sólida é essencial assim como para os frades, as monjas e as irmãs. O desafio principal que os leigos carmelitanos encaram é traduzir os elementos essenciais do carisma carmelitano para a vida diária. Vamos tomar como exemplo a devoção à Nossa Senhora. Esta é uma parte profunda da tradição carmelitana. O que esta devoção significa no início do século XXI? No ano de 2001, a Ordem celebrou o 750º aniversário do escapulário. O papa lembrou, em sua carta pelo ano mariano carmelitano, que o escapulário era essencialmente o hábito da Ordem e, por isso, aquele que o usa deve ter alguma ligação com a Ordem e com sua espiritualidade. O escapulário é um símbolo poderoso da presença de Nossa Senhora não apenas nesta vida, mas também na transição desta vida para a vida eterna com Deus. O escapulário também implica num duplo compromisso. Nossa Senhora é a Padroeira, a Irmã e a Mãe dos carmelitas e, como tal, cuida de nós. Por outro lado, devemos colocar em prática as virtudes de Maria em nossa vida diária. Portanto, uma devoção carmelitana à Nossa Senhora não é realizada simplesmente pela recitação de algumas orações, sejam elas poucas ou muitas.
Sendo uma Ordem, redescobrimos, nestes anos recentes, a Lectio Divina como um poderoso caminho de oração e de vida. A Lectio Divina é a escuta orante da Palavra de Deus que, como toda oração, busca abrir-nos à contemplação. Nossa Senhora é o modelo daquela que escutou a Palavra de Deus. É claro que não é suficiente apenas ouvir a Palavra. Maria a colocou em prática e nós também devemos fazer isso (cf. Lc 8,21). Na proposta tradicional da Lectio Divina, existe um tempo para a meditação sobre a Palavra que escutamos e esta ponderação deve levar-nos à oração que, por sua vez, leva ao silêncio, um silêncio profundo e aberto à contemplação. São João da Cruz escreveu, “Busque na leitura e você encontrará na meditação. Bata na oração e ela se abrirá para você na contemplação” (Máximas e Conselhos, 79).
Maria, a Mãe do Carmelo ouvir e viveu a Palavra. Ela acolheu a Palavra e a meditava da maneira como a Palavra chegava até ela, nos acontecimentos de sua vida. Na Anunciação, ela aceitou e cooperou com a vontade de Deus que lhe foi trazida pela mensagem do Anjo. Aos pés da cruz ela aceitou e cooperou com a vontade de Deus através de sua dor. Nas palavras do Magnificat encontramos Maria, a contemplativa a olhar para o mundo através dos olhos da fé e glorificando a Deus pela realização do plano divino.
Todos os carmelitas têm um relacionamento pessoal com Maria. Os carmelitas leigos têm que viver este relacionamento, imitando suas virtudes, ouvindo a Palavra de Deus na vida diária. O mundo em que vivemos nos encara com muitos desafios. As estruturas sociais que amparam a fé desapareceram em muitas áreas e a opção de seguir a Cristo precisa de coragem. A vocação dos leigos cristãos, acima de tudo, é a de ser fermento no coração do mundo secular. Os leigos carmelitanos vivem esta vocação, inspirados pela tradição carmelitana. No Magnificat, Nossa Senhora dá glória a Deus porque ela está consciente que Deus está agindo na transformação da realidade mesmo que as aparências evidenciem o contrário. Os leigos carmelitanos também permanecem com Maria aos pés da cruz, cooperando com a misteriosa vontade de Deus que deseja salvar todos os homens e todas as mulheres. Vivendo o Evangelho diariamente como Maria, nossa Padroeira, Irmã e Mãe, os leigos carmelitanos exercem seu papel na transformação do mundo.
Conclusão
Nos últimos anos o conceito de “Família Carmelitana” tornou-se parte de nosso modo normal de pensar. Todos os carmelitas, religiosos e leigos, são membros da mesma família e vivem a mesma vocação de modos diferentes de acordo com os diferentes estados na vida. Somos herdeiros de uma grande tradição e temos o dever sagrado de passar esta tradição aos outros. Temos de fazê-lo de uma forma harmoniosa, através nossas vocações pessoais.
Como membros da mesma Família, estamos unidos uns aos outros através de nossa oração feita uns pelos outros, e também por nossa assistência mútua. Deste modo, seremos testemunhas poderosas, na Igreja e no mundo, de que o carisma carmelitano está vivo e inspira continuamente as pessoas a viver a mensagem de Jesus Cristo. Através dos séculos da existência da Ordem, existiram muitas formas pelas quais as pessoas encontraram inspiração no carisma carmelitano. A Igreja aprovou oficialmente algumas destas formas enquanto outras pessoas preferem uma ligação mais livre com a Família. Algumas destas novas formas de ser carmelita, que estão emergindo nos dias de hoje em diversas partes do mundo, podem ser o começo de um novo trabalho do Espírito. Permaneçamos abertos à inspiração do Espírito e, com discernimento, saibamos ler os sinais dos tempos. O carisma de nossa Ordem encerra uma grande criatividade. Demos graças a Deus por sermos chamados ao Carmelo e agradeçamos a Deus por todos os nossos irmãos e irmãs.
Que Deus abençoe nossa Família e nos leve a todos e todas para nossa terra celestial. Que Nossa Senhora do Monte Carmelo nos ensine a ouvir a Palavra de Deus e saibamos colocá-la em prática em nossa vida diária.
*25 de maio de 2002. Festa de Santa Maria Madalena de’ Pazzi
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LITURGIA DAS HORAS: DO PRÓPRIO DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA E SEMPRE VIRGEM MARIA
SÃO JOÃO DA CRUZ, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA
FESTA
Nasceu em Fontiveros (Ávila), no ano de 1540. em Medina Del Campo, aos 21 anos de idade, recebeu o hábito da Ordem, na qual pediu para viver uma vida mais austera, de acordo com a chamada Regra Primitiva. Foi um instrumento providencial nas mãos de Santa Teresa de Jesus, a quem ajudou na sua obra desde a primeira fundação de religiosas contemplativos em Duruelo no dia 28 de novembro de 1568. morreu em Úbeda, no dia 13 de dezembro de 1591. é um grande mestre nos caminhos do espírito. As suas obras, Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cântico Espiritual e Chama Viva de Amor e muitos ditos, valeram-lhe o título de Doutor da Igreja universal, conferido por Pio XI em 24 de agosto de 1926. São João da Cruz é Pai e Mestre espiritual do Carmelo Teresiano, Doutor da vida cristã no seu dinamismo teologal, Cantor da formosura de Deus e da beleza da criação. A sua recordação transforma-se hoje em liturgia viva; mediante esta, sobretudo na Liturgia das Horas, a sua oração e poesias servem de viático do Carmelo peregrino na terra. A sua doutrina foi uma exegese viva do Evangelho. A Palavra de Deus ilumina a sua experiência mística, e os seus ensinamentos constituem uma meditação sobre a palavra revelada e vivida por um justo sofredor, cujo lema era “sofrer e ser desprezado por amor de Jesus”. Assim a Liturgia das Horas desta celebração é Palavra de Deus e palavra de São João da Cruz, numa síntese que constitui o louvor e ação de graças de todo o Carmelo por todos os benefícios concedidos por Deus à Igreja.
Invitatório
1-Vinde, adoremos o Senhor Jesus, Palavra única do Pai!
Ofício das Leituras
Hino à escolha 1) ou 2)
1) Em uma noite escura,
Com ânsias, em amores inflamada,
- Oh! Ditosa Ventura! –
OFÍCIO DAS LEITURAS
Saí sem ser notada,
E´Stando já minha casa sossegada.
Nessa noite ditosa,
Em segredo, porque ninguém me via
Nem via eu qualquer coisa,
Sem outra luz ou guia,
Exceto a que no coração ardia;
Mas esta me guiava,
Mais certeira que a luz do meio-dia,
Aonde me esperava
Quem eu pra mim sabia,
Em parte onde ninguém morar par’cia.
Oh! Noite, que guiaste!
Oh! Noite amável mais do que a alvorada!
Oh! Noite, que juntaste
Amado com Amada:
A Amada no Amado transformada!
Fiquei-me e esqueci-me,
O rosto reclinado sobre o Amado.
Cessou tudo e rendi-me,
Deixando meu cuidado
Em meio de açucenas olvidado.
ou
2) “O Pai celeste disse uma Palavra,
que foi seu Filho em quem ‘stava a Vida,
e a diz sempre no eterno silêncio:
no silêncio há de ser ouvida”.
No silêncio da noite, irmão santo,
o Amor de Deus em nosso peito grava.
Prepara a nossa alam pra falar com Deus
e para ouvir atenta a sua Palavra.
Tu, que tanto amaste a Sagrada Escritura,
com ela confirmastes a tua doutrina,
ensina a todos a beber desta Fonte,
Fonte de Vida, de Vida divina.
Já na agonia, ouvindo a meia-noite,
tu, que aos filhos até o fim ensinas,
a todos dizes muito simplesmente:
“Vou para o Céu a cantar Matinas!”
Se a nossa alma procura o Bem-Amado,
muitos mais o Amado nos procura:
prepara-nos pra ir ao seu encontro
ao nos chamar desta noite escura.
Nós te louvamos, ó Pai Celeste,
por teu Filho, Palavra Divina,
e ao Espírito, que a João da Cruz
inspirou tão celestial doutrina.
Salmodia
Ant. 1 Deus predestinou-nos a sermos conformes à imagem do seu Filho.
Salmo 15(16)
O Senhor é a minha herança
Deus ressuscitou Jesus, libertando-o das angústias da morte (At 2,24)
=1 Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!†
2 Digo ao Senhor: “Somente vós sois meu Senhor:*
nenhum bem eu posso achar fora de vós!”
_3 Deus me inspirou uma admirável afeição *
pelos santos que habitam sua terra.
_4 Multiplicam no entanto suas dores *
os que correm para os deuses estrangeiros;
_ seus sacrifícios sanguinários não partilho *
nem seus nomes passarão pelos meus lábios.
_5 Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, *
meu destino está seguro em vossas mãos!
_6 Foi demarcada para mim a melhor terra, *
e eu exulto de alegria em minha herança.
_7 Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, *
e até de noite me adverte o coração.
_8 Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, *
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.
=9 Eis por que meu coração está em festa, †
minha alma rejubila de alegria, *
e até meu corpo no repouso está tranqüilo,
_10 pois não haveis de me deixar entregue à morte, *
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
=11 Vós me ensinais vosso caminho para a vida: †
junto a vós felicidade sem limites, *
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Ant. 1 Deus predestinou-nos a sermos conformes à imagem do seu Filho.
Ant. 2 Entre vós eu de nada quis saber a não ser de Jesus Cristo, e Jesus Cristo Crucificado.
Salmo 33(34)
O Senhor é a salvação dos justos
Vós provastes que o Senhor é bom (1Pd 2,3).
I
_2 Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará em minha boca.
_3 Minha alma se gloria no Senhor: *
que ouçam os humildes e se alegrem! ___
_4 Comigo engrandecei ao Senhor Deus, *
exaltemos todos juntos o seu nome!
_5 todas as vezes que o busquei, ele me ouviu *
e de todos os temores me livrou.
_6 Contemplai a sua face e alegrai-vos, *
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
_7 Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, *
e o Senhor o libertou de toda angústia.
_8 O anjo do Senhor vem acampar *
ao redor dos que o temem e os salva.
_9 Provai e vede quão suave é o Senhor! *
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio.
_10 Respeitai o Senhor seus santos todos, *
porque nada faltará aos que o temem;
_11 Os ricos empobrecem, passam fome, *
mas, aos que o buscam o Senhor, não falta nada.
Ant. Entre vós eu de nada quis saber a não ser de Jesus Cristo, e Jesus Cristo Crucificado.
Ant. 3 Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.
II
_12 Meus filhos, vinde agora e escutai-me: *
vou ensinar-vos o temor do Senhor Deus!
_13 Qual o homem que não ama sua vida, *
procurando ser feliz todos os dias?
_14 Afasta tua língua da maldade *
e teus lábios, de palavras mentirosas.
_15 Afasta-te do mal e faze o bem, *
procura a paz e vai com ela em seu caminho.
_16 O Senhor pousa seus olhos sobre os justos *
e seu ouvido está atento ao seu chamado,
_17 mas ele volta a sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança. ___
_18 Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de toda as angústias os liberta.
_19 Do coração atribulado ele está perto *
e conforta os de espírito abatido.
_20 Muitos males se abatem sobre os justos, *
mas o Senhor de todos eles os liberta,
_21 mesmo os seus ossos ele os guarda e protege, *
e nenhum deles haverá de se quebrar.
_22 A malícia do iníquo leva à morte, *
e quem odeia o justo é castigado,
_23 mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, *
e castigado não será quem nele espera.
Ant. Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.
- Em vós, Senhor, está a fonte da vida!
- E em vossa luz contemplamos a luz.
Primeira Leitura
Da Carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 1,12-29)
Deus nos transferiu para o Reino do seu Filho
Irmãos, com alegria daí graças ao Pai, que vos tornou capazes de participar d luz, que é a herança dos santos. Ele nos liberou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, pelo qual temos a redenção, o perdão dos pecados.
Cristo Jesus é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a criação, pois por causa dele foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisa e todas têm nele a sua consistência.
Ele é a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja. Ele é o princípio, o Primogênito dentre os que ressuscitam dos mortos, de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude, e por ele reconciliar consigo todos os seres. Todos os que estão na terra e no céu ele quis conduzir a Cristo, que trouxe a paz, ao derramar seu sangue na cruz.
E vós, que outrora éreis estrangeiros e cujas más obras manifestavam profunda hostilidade, eis que agora Cristo vos reconciliou pela morte que sofreu no seu corpo mortal, para vos apresentar como santos, imaculados, irrepreensíveis diante de si. Mas é necessário que permaneçais inabaláveis e firmes na fé, sem vos afastardes da esperança, que vos dá o Evangelho. A toda criatura debaixo do céu foi anunciado o Evangelho, que ouvistes, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
Alegro-me com tudo o que já sofri por vós e procuro compensar na minha própria carne as deficiências que atribulam a Cristo, em solidariedade com seu corpo, isto é, a Igreja. A ela eu sirvo, exercendo o cargo, que Deus me confiou de transmitir-vos a palavra de Deus em sua plenitude. Esta palavra é o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado ao seu povo santo, a quem Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de Cristo junto a vós, a esperança da glória. nós o anunciamos, admoestando a todos e ensinando a todos, com toda a sabedoria, para tornar perfeitos a todos na sua união com Cristo. Para isso eu me esforço com todo o empenho, sustentado pela força que em mim opera. Palavra do Senhor
Responsório (Mt 17,5b; Hb 1,1-2ª)
- Ressoou a voz do Pai: “Este é o meu Filho muito amado: * escutai-o!”
- Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do seu Filho. * Escutai-o!
Segunda Leitura [à escolha 1) ou 2)]
1) Do Cântico Espiritual de São João da Cruz, presbítero (Séc. XVI).
(Red. B. str. 36-37. Ed Pacho, S. Juan de la Cruz – Obras Completas Burgos 1982 p. 1124-1135).
Conhecimento do mistério escondido em Cristo Jesus
Embora os santos doutores tenham explicado muitos mistérios e maravilhas, e pessoas devotadas a esse estudo de vida os conheçam está por ser enunciada, ou melhor, resta para ser entendida.
Pro isso, é preciso cavar fundo em Cristo, que se assemelha a mina riquíssima, contendo em si os maiores tesouros; nela, por mais que alguém cave em profundidade, nunca encontra fim ou termo; ao contrário, em toda cavidade, aqui e ali, novos veios de novas riquezas.
Por este motivo o Apóstolo Paulo falou acerca de Cristo: “Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência de Deus (Cl 2,3). A alma não pode ter acesso a estes tesouros nem consegue alcançá-los se não houver antes atravessado e entrado na espessura dos trabalhos, sofrendo interna e externamente, e sem ter primeiro recebido de Deus muitos benefícios intelectuais e sensíveis, e sem prévio e contínuo exercício espiritual.
Tudo isto é, sem dúvida, insignificante: são meras disposições para as sublimes profundidades do conhecimento dos mistérios de Cristo, a mais alta sabedoria a que se pode chegar nesta vida.
Quem dera reconhecessem os homens ser totalmente impossível chegar à espessura das riquezas e da sabedoria de Deus! Importa antes entrar na espessura das lutas, suportar muitos sofrimentos, a ponto de renunciar à consolação e ao desejo dela. Com quanta razão a alma, sedenta da divina sabedoria, escolhe antes, em verdade, entrar na espessura da cruz.
Por isso, São Paulo exortava os efésios a não desanimaram nas tribulações, a serem fortíssimos, “enraizados e fundados na caridade, para que pudessem compreender com todos os santos qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de serem cumulados até receberem toda a plenitude de Deus (Ef 3,17-19).
Já que a porta, por onde se pode entrar até esta preciosa sabedoria, é a cruz, e é porta estreita, muitos são os que cobiçam as delícias, que por ela se alcançam; pouquíssimos os que por ela entrar.
Responsório (1 Cor 2,9-10)
- Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem suspeitou a mente humana * o que Deus preparou para aqueles que o amam.
- Deus, porém, revelou-nos pelo Espírito Santo. * O que Deus.
ou
2) Do Cântico Espiritual de São João da Cruz. (Canção V 1,4).
As criaturas são como que a marca dos passos de Deus
A resposta das criaturas à alma, como diz Santo Agostinho, é o testemunho que dão, em si, da grandeza e excelência de Deus. Deus criou todas as coisas com grande facilidade e brevidade, e nelas deixou algum rastro de quem era, e não só dando-lhes o ser do nada, mas ainda dotando-as de inumeráveis graças e virtudes, aformoseando-as com uma ordem admirável e uma dependência indefectível, que têm umas das outras, e tudo isto fez pela sua Sabedoria, pela qual as criou, que é o Verbo, seu Unigênito Filho.
Segundo diz São Paulo, “O Filho é o esplendor da usa glória e imagem da sua substância”. É, pois, de saber que só com esta imagem de seu Filho olhou Deus todas as coisas, que foi dar-lhes o ser natural, comunicar-lhes muitas graças e dons naturais, e fazendo-as acabadas e perfeitas, segundo diz no Gênesis, por estas palavras: “Olhou Deus par todas as coisas que tinha feito e eram muito boas”. Vê-las muito boas era fazê-las muito boas no Verbo, seu Filho. E não somente olhando-as lhes comunicou o ser e graças naturais, como dissemos, mas também só com esta figura de seu Filho as deixou vestidas de formosura, comunicando-lhes o ser sobrenatural. Isto foi quando se fez homem, exaltando-o em formosura de Deus e, por conseguinte, a todas as criaturas nele, por se ter unido com a natureza de todas elas no homem. Pelo que disse o mesmo Filho de Deus: “Quando for levantado da terra, atrairei tudo a mim”. E assim, neste levantamento da Encarnação do seu Filho e na glória da sua Ressurreição segundo a carne, não somente o Pai aformoseou as criaturas em parte, mas podemos dizer que totalmente as deixou vestidas de formosura e dignidade.
Responsório (Oração da alma enamorada).
- Não me tirareis, meu Deus, o que uma vez me destes em vosso único Filho: * nele me destes tudo quanto quero.
- O céu é meu e minha a terra; minhas são as gentes; os justos são meus e meus, os pecadores; os anjos são meus e a Mãe de Deus é minha; e todas as coisas são minhas; e o próprio Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim.
- * Nele me destes.
Hino Te Deum (omite-se quando se reza a Oração da Vigília logo em seguida).
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Laudes
Hino
Oh! Chama de amor viva,
Que ternamente feres
Da minha alma no centro mais profundo!
Pois já não és esquiva,
Acaba já se queres:
Rompe a teia de encontro tão jucundo.
Oh! Cautério suave!
Oh! Saborosa chaga!
Oh! Branda mão! Oh! Toque delicado,
Que à vida eterna sabe!
E quanto deves paga!
Matando, morte em vida tens trocado.
Que manso e que amoroso
Acordas em meu seio,
Onde tu só secretamente moras!
Nesse aspirar gozoso
De bem e glória cheio
Quão delicadamente me enamoras!
Ant. 1 Verdadeiramente vós sois um Deus escondido, ó Deus de Israel, ó Salvador!
Salmos e Cântico do domingo da I Semana.
Ant. 2 Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.
Ant. 3 Do fundo dos vossos corações cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças.
Leitura breve ( 2 Cor 3,17-18)
Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade. E nós todos, que temos a face descoberta, refletimos, como num espelho, a glória do Senhor, e somos transfigurados nesta mesma imagem cada vez mais resplandecente, vinda do Senhor que é Espírito.
Responsório breve
- Então a tua luz brilhará nas trevas * e a tua escuridão será como a luz do meio-dia. R. Então a tua luz.
- E o Senhor inundará de luz a tua alma. * E a tua escuridão.
Glória ao Pai. R. Então a tua luz.
Cântico evangélico, Ant. à escolha 1) ou 2) ou 3)
1) Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz.
Ou
2) O Senhor nascido de Maria vem para iluminar a todos os que jazem entre as trevas e estão sentados na sombra da morte, e par guiar os nosso passos no caminho da paz.
ou
3) Prestai bem atenção à palavra dos Profetas, como a uma lamparina, que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia, e a Estrela da Manhã venha raiar nos vossos corações.
Preces
Acalmemos o Senhor Jesus Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja, que nos alegra hoje com a festa de São João da Cruz; e digamos:
Senhor Jesus Cristo, Vós sois o Rei da Glória!
1-Palavra única do Pai pronunciada desde sempre ao eterno silencio e recebida no seio da Virgem Maria na plenitude dos tempos,
- ensinai-nos hoje a escutar a vossa palavra na íntimo do coração e guardá-la e manifestá-la pelas obras. R.
2-Sabedoria do Pai, que nos revelastes e excesso do vosso amor, quando vos humilhastes na Encarnação e na Cruz,
- concedei aos que redimistes com o vosso Sangue que vivam continuamente em íntima comunhão convosco. R.
3-Imagem perfeita do Pai, em vós nos são revelados e concedidos todos os mistérios do Amor eterno,
- fazei que, movidos pelo vosso Espírito, caminhemos de claridade em claridade até à vossa Luz inacessível. R.
4-Encanto Supremo do Pai, em vós Deus olha com ternura e carinho para todos os homens e mulheres,
- fazei que sejamos perfeitos e misericordiosos como o vosso Pai celeste. R.
5-Jesus, Primogênito de todas as criaturas, por meio de vós o Pai criou e reformou todas as coisas com o seu Amor,
- fazei que passemos das coisas visíveis para a contemplação da vossa beleza, que é invisível. R.
(intenções livres)
Pai Nosso...
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
HORA MÉDIA
Oração das Nove Horas
Hino
Oh! Deus, quem pudera
em vosso amor abrasar-se?!
Ai de mim! Quem me dera
deixar todo o criado,
ver-me na glória transformado?!
Gravai no íntimo do meu
a vossa imagem sagrada!
Sem jamais vos esquecer,
unida ao vosso querer,
A “Casa” esteja habitada!
Neste esconderijo secreto,
num vazio mui profundo,
num silêncio amoroso,
escutarei a voz do Amado:
encher-me-ei de gozo!
Quem me dera, ó Bom Jesus,
em minha mente vos pintar!
Meu coração vos amara,
amando e sendo amado,
e em vós já transformado.
Antífona e salmos do dia da semana corrente.
Leitura breve (Ef 4,23-24)
Renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade e transformai-vos. Revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus em verdadeira justiça e santidade.
- Criai em mim, Senhor, um coração que seja puro!
- E dai-me de novo um espírito decidido.
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Oração das Doze Horas
Hino
Que buscas, ó alma minha?
São meus os céus e a terra.
Meu é todo ser criado,
Que neste globo se encerra.
Meus são os Anjos celestes.
É minha a Mãe de Deus
E são meus todos os justos;
Os pecadores são meus.
Cristo é meu, todo para mim,
Dom que o Pai me quis dar:
“Scutando a Palavra, verei
em mim a Trindade habitar!
E, no centro mais profundo
Desta imensa solidão,
Viverei perdida em Deus,
Em profunda união.
Antífona e salmos do dia da semana corrente.
Leitura breve (Rm 5,1-2)
Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio dele, temos acesso à graça, através da fé, graça na qual permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus.
- A vida, que vivo agora, eu vivo pela fé no Filho de Deus.
- Que me amou e se entregou por mim.
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Oração das Quinze Horas
Hino
Um pastorinho está só e dorido,
alheio ao prazer e ao contento,
posto em sua Pastora o pensamento,
e o peito pelo amor muito ferido.
Não chora por havê-lo o amor chagado,
que lhe não dá pena ser afligido,
embora o coração esteja ferido,
mas chora por se crer já olvidado:
Que só de pensar que estará esquecido
da sua bela Pastora, com pesar
se deixa em terra estranha maltratar,
o peito pelo amor muito ferido.
E diz o pastorinho mui dorido:
“Ai do que a meu amor fizer ausência
e não quiser gozar minha presença
e o peito por seu amor tão ferido”.
Passado longo tempo, ei-lo subido
à árvore, onde abriu seus belos braços
e, morto, se ficou entre esses laços,
o peito pelo amor muito ferido!
Ant. No silêncio e na esperança estará a vossa força.
Leitura breve (Rm 8,24-25)
É na esperança que já foram salvos, pois ver o que se espera não é esperar: quem espera o que já está vendo? Mas, se esperamos o que não vemos, é na perseverança que o esperamos.
- O Senhor é bom para os que nele esperam.
- E para a alma que o procura.
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Vésperas
Hino
Do Céu à terra vieste,
Filho de Deus humanado,
e por meu amor quiseste
sofrer e ser desprezado.
De igual modo eu quisera
provar-te como és amado:
por ti, Senhor, quem me dera
sofrer e ser desprezado.
Tua cruz é minha cruz,
em ti vivo transformado;
na vida só me seduz
sofrer e ser desprezado.
Meu Cristo Crucificado!
Todos os bens encontrei
quando de ti alcancei
sofrer e ser desprezado.
“Quem se humilha é exaltado!”
bendito sejas, Senhor!
É grande prova de amor
sofrer e ser desprezado.
Salmodia
Ant. 1 Por causa do grande amor, com que nos amou, Deus nos deu a vida com Cristo.
Salmo 14 (15)
Quem é digno aos olhos de Deus?
Vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus Vivo (Hb 12,22).
_1 “Senhor, quem morará em vossa casa *
e em vosso Monte santo habitará?”
_2 É aquele que caminha sem pecado *
e pratica a justiça fielmente;
_ que pensa a verdade no seu íntimo *
3 e não solta em calúnias a sua língua;
_ que em nada prejudica o seu irmão, *
nem cobre de insultos o seu vizinho;
_4 que não dá valor algum ao homem ímpio, *
mas honra os que respeitam o Senhor;
_ que sustenta o que jurou mesmo com dano; *
5 não empresta o seu dinheiro com usura,
_ nem de deixa subornar contra o inocente.*
Jamais vacilará quem vive assim!
Ant. Por causa do grande amor, com que nos amou, Deus nos deu a vida com Cristo.
Ant. 2 Nós reconhecemos o amor, que Deus tem por nós, e nós acreditamos no Amor.
Salmo 111 (112)
A felicidade do justo
Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade (Ef 5,8-9).
_1 Feliz o homem que respeita o Senhor *
e que ama com carinho a sua lei!
_2 Sua descendência será forte sobre a terra, *
abençoada a geração dos homens retos!
_3 Haverá glória e riqueza em sua casa, *
e permanece para sempre o bem que fez.
_4 Ele é o correto, generoso, compassivo, *
como luz brilha nas trevas para os justos.
_5 Feliz o homem caridoso e prestativo, *
que resolve seus negócios com justiça.
_6 Porque jamais vacilará o homem reto: *
sua lembrança permanece eternamente!
_7 Ele na teme receber notícias más: *
confiando em Deus, seu coração está seguro.
_8 Seu coração está tranqüilo e nada teme, *
e confuso há de ver seus inimigos.
=9 Ele reparte com os pobres os seus bens, †
permanece para sempre o bem que fez, *
e crescerão a sua glória e o seu poder.
=10 O ímpio, vendo isto, se enfurece, †
range os dentes e de inveja se consome; *
mas os desejos do malvado dão em nada.
Ant. Nós reconhecemos o amor, que Deus tem por nós, e nós acreditamos no Amor.
VÉSPERAS
Ant. 3 O amor de Deus derramou-se sobre nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado.
Cântico (Ef 1,3-10)
O plano divino da salvação
_3 Bendito e louvado seja Deus, *
o Pai de Jesus Cristo, Senhor Nosso,
_ que do alto céu nos abençoou em Jesus Cristo *
com bênção espiritual de toda sorte!
(R. Bendito sejais vós, nosso Pai, que nos abençoastes em Cristo!)
_4 Foi em Cristo que Deus Pai nos escolheu, *
já bem antes de o mundo ser criado,
_ para que fôssemos, perante a sua face , *
sem mácula e santos pelo amor. (R)
=5 Por livre decisão da usa vontade, †
predestinou-nos, através de Jesus Cristo, *
a sermos nele os seus filhos adotivos,
_6 para o louvor e para a glória de sua graça, *
que em seu Filho bem-amado nos doou. (R)
_7 É nele que nós temos redenção, *
dos pecados remissão pelo seu sangue.
= Sua graça transbordante e inesgotável †
8 Deus derrama sobre nós com abundância, *
de saber e inteligência nos dotando. (R)
_9 E assim ele nos deu a conhecer *
o mistério do seu plano e sua vontade,
_ que propusera em seu querer benevolente *
10 na plenitude dos tempos realizar:
_ o desígnio de em Cristo reunir *
todas as coisas, as da terra e as do céu. (R)
Ant. O amor de Deus derramou-se sobre nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado.
Leitura breve (1Cor 13,8-10.12-13;14,1ª)
O amor não acabará nunca! As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência acabará. Com efeito o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas então veremos face a face. Agora conheço apenas de modo imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, amor. Mas a maior delas é o amor. Ambicionai o amor.
Responsório breve
- Forte como a morte é o amor. * Suas chamas são chamas de fogo, um raio de Javé. R. Forte.
- Quem nos separará do amor de Cristo? * Suas chamas.
Glória ao Pai. R. Forte.
Cântico evangélico
Ant. Pai, aqueles que me deste quero que estejam comigo onde eu estiver; o amor com que me amaste esteja neles e eu mesmo esteja neles também.
Preces
Demos graças a Deus Pai, por meio do seu amado Filho, nos enviou o seu Espírito, para que participemos da natureza divina e sejamos na Igreja testemunhas do Amor; e imploremos:
Pela intercessão de São João da Cruz, ouvi-nos, Senhor!
1-Daí à vossa Igreja uma fé viva que conduza todos, homens e mulheres, para vós,
- e os faça viver em íntima união convosco. R.
2-A todos os que vos procuram com sinceridade concedei a esperança celeste,
- que tanto mais alcança quanto mais espera. R
3-Derramai sobre nós o vosso amor,
- para que possamos semear amor onde ele não existir. R.
Fazei que, nos Carmelos, as nossas irmãs, a exemplo da Virgem Maria, sua Mãe,
- sempre sejam fiéis e dóceis às inspirações do Espírito. R.
4-Concedei aos nossos irmãos e irmãs falecidos que, por fim purificados no fogo do vosso Amor,
- possam quanto antes cantar-vos, com Maria e todos os Santos, o seu eterno Cântico de Amor.
(intenções livres)
Pai Nosso...
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
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Foi realizada a Santa Missa Solene de Ereção Canônica (fundação), do Sodalício da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Saquarema, Rio de Janeiro.
Na Missa Solene, foi lido o documento- diploma oficial da Cúria Geral Carmelitana oficializando assim o Sodalício.
Com a presença do Padre Provincial, Frei Evaldo Xavier O. Carm, que presidiu a Santa Missa na Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e foi concelebrada pelo Padre Rodrigo Gomes, administrador Paroquial, Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial e Frei Jerry, O. Carm
Tivemos ainda a presença dos clérigos de Belo Horizonte e dos Sodalícios da Lapa-RJ, Angra dos Reis, Vicente de Carvalho e Passa Quatro-MG.
Oficialmente a partir de agora é criado o Sodalício da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Saquarema.
Demos graças a Deus e à Virgem Santíssima que nos foi propícia.
Stella Maris ora pro nobis !
*O 39º Sodalício já foi aprovado pelo Padre Geral e será instalado nos próximos dias na Diocese de Campo Limpo, grande São Paulo.
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Este domingo, 08/12/2019, Solenidade da Imaculada Conceição, foi um dia muito especial para a nossa Paróquia e cidade de Saquarema, daqueles que acontecem poucas vezes na vida. Foi erigido canonicamente o Sodalício da nossa Ordem Terceira, em Santa Missa Solene presidida pelo nosso Superior Provincial, Frei Evaldo Xavier O. Carm, e concelebrada pelos Padre Rodrigo, Frei Jerry e Frei Petrônio de Miranda. Deus seja louvado! Salve Maria! Câmera: Paulo Daher e Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
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DOMINGO 8 EM SAQUAREMA/RJ: Missa na Igreja Matriz de Ereção Canônica do Sodalício da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Saquarema, Rio de Janeiro. A Missa será na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e será Presidida pelo Superior Provincial, Frei Evaldo Xavier, O, Carm. Concelebram; Pe. Rodrigues Marques, Administrador Paroquial e os Freis; Petrônio de Miranda, O. Carm, Delegado Provincial e Jerry de Sousa, O. Carm.
Nota: A Ordem Terceira do Carmo é uma associação pública de leigos, fiéis à Igreja, que vivem no mundo, seguindo o espírito da Ordem Carmelita e sua regra, se esforçam para alcançar a perfeição cristã, em seu estado de vida, nutrindo uma especial devoção à Nossa Senhora do Carmo, como modelo de vida contemplativa e oração, e a devoção ao santo Profeta Elias, no zelo pelas obras apostólicas; ambos são modelos inspiradores.
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DOMINGO 8 EM SAQUAREMA/RJ: Missa na Igreja Matriz de Ereção Canônica do Sodalício da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Saquarema, Rio de Janeiro. A Missa será na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e será Presidida pelo Superior Provincial, Frei Evaldo Xavier, O, Carm. Concelebram; Pe. Rodrigues Marques, Administrador Paroquial e os Freis; Petrônio de Miranda, O. Carm, Delegado Provincial e Jerry de Sousa, O. Carm.
Nota: A Ordem Terceira do Carmo é uma associação pública de leigos, fiéis à Igreja, que vivem no mundo, seguindo o espírito da Ordem Carmelita e sua regra, se esforçam para alcançar a perfeição cristã, em seu estado de vida, nutrindo uma especial devoção à Nossa Senhora do Carmo, como modelo de vida contemplativa e oração, e a devoção ao santo Profeta Elias, no zelo pelas obras apostólicas; ambos são modelos inspiradores.
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ANIVERSARIANTE DO DIA (Quinta-feira, 5 de dezembro-2019). Frei Geraldo D`Abadia, O. Carm, do Carmo de Unaí-MG. Parabéns! www.instagram.com/freipetronio
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Domingo, 8 de dezembro-2019, às 11h na Igreja Matriz de Saquarema/ RJ: Ereção Canônica do Sodalício da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Saquarema, Rio de Janeiro. A Missa será na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e será Presidida pelo Superior Provincial, Frei Evaldo Xavier, O, Carm. Concelebram; Pe. Rodrigues Marques, Administrador Paroquial e os Freis; Petrônio de Miranda, O. Carm, Delegado Provincial e Jerry de Sousa, O. Carm.
Nota: A Ordem Terceira do Carmo é uma associação pública de leigos, fiéis à Igreja, que vivem no mundo, seguindo o espírito da Ordem Carmelita e sua regra, se esforçam para alcançar a perfeição cristã, em seu estado de vida, nutrindo uma especial devoção à Nossa Senhora do Carmo, como modelo de vida contemplativa e oração, e a devoção ao santo Profeta Elias, no zelo pelas obras apostólicas; ambos são modelos inspiradores. Acompanhe aqui: www.olharjornalistico.com.br
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1988: OLHAR RECORDAÇÃO: Fotos da Ordenação Presbiteral do Frei Donizetti Barbosa e Frei Lino de Oliveira, Frades da Ordem do Carmo, no dia 03 de dezembro de 1988, em Biritiba Mirim-SP. Parabéns! Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 3 de dezembro-2019. www.instagram.com/freipetronio
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Praia da Ribeira- Casa de Retiros/ Encontros- da Diocese de Itaguaí, Angra do Reis/RJ. Santa Missa com a Comissão Provincial dos Leigos Carmelitas da Província Carmelitana de Santo Elias.
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Nasceu em Amsterdam, a 4 de janeiro de 1915 e no mesmo dia recebeu o batismo e o nome de Hermanus Johannes Christianus. Vitimado por súbita parada cardíaca, faleceu no dia 3 de abril de 1999, Sexta-Feira Santa, após anos de vida paciente sobre cadeira de rodas e suportada até com muito bom humor.
Jovem ainda, veio para o Brasil em 1931, animado pelo espírito missionário tão forte na Holanda, pátria do "Papa Vermelho", e naturalizou-se brasileiro em 3 de outubro de 1945. Fez o noviciado em Mogi das Cruzes (SP), professou no dia 15 de janeiro de 1933, e cursou filosofia e teologia no Convento nosso de São Paulo, onde foi ordenado sacerdote no dia 12 de março de 1938. Demonstrou sempre muita vivacidade, inteligência e dons oratórios, que empregou com muito fruto no exercício da pastoral e animação dos movimentos de igreja.
Foi professor de filosofia dos nossos clérigos em São Paulo, e de latim, francês e religião no Seminário de Itu (SP) e fez o curso do ISPAL no Rio de Janeiro e o CIPT em Belo Horizonte.
Exerceu o cargo de Prior nos conventos de Angra dos Reis (RJ), São Paulo, Rio de Janeiro (Lapa), Mogi das Cruzes (SP) e Contagem (MG); nestes lugares uniu a função de Pároco ao cargo de Prior; além disto foi pároco em Jaboticabal (SP), Belo Horizonte e Buritis (MG), e também chanceler do Bispado de Paracatu (MG), onde amava trabalhar com o povo mais simples pelos diversos povoados e paróquias da grande Diocese, e o seu espírito organizador zelava pela boa ordem do Arquivo da Mitra.
Em 1977 veio para o Rio, esteve por um ano em Salvador (BA) até que, em 1989, voltou definitivamente para o nosso Convento da Lapa, onde placidamente faleceu. Os seus funerais coincidiram com a Liturgia da Paixão do Senhor, às 15 horas da Sexta-Feira Santa. Descansou em paz e foi gozar do Sábado do Senhor.
*Fonte: Frei Pedro Caxito, O. Carm, In Memoriam ((São Romão-MG. *31/12/1926. São Paulo. + 02 / 09/ 2009).
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Convivendo com os ídolos
Um segundo tema constante na espiritualidade do Carmelo é a necessidade de decidir a que Deus seguir. Nossa tradição nasce no Monte Carmelo, o lugar da luta entre os seguidores Yahvé e os seguidores de Baal. Elias exortou o povo a fazer com segurança sua escolha do verdadeiro Deus. Os carmelitas, tanto em comunidade como individualmente, têm que lutar sempre contra as forças da desintegração e da fragmentação que trazem os interesses pelos ídolos.
Nicolas Gálico em sua obra intitulada Ignea Saggita, acusou os membros da Ordem de perder o caminho enquanto iam migrando do deserto à cidade e iam se acostumando a seus atrativos. Acusou-os de seguir seus próprios desejos desordenados, com a desculpa de um ministério necessário. As reformas de Albi, Mantua , Juan Soret, Teresa de Ávila e Tureme continuamente recordavam aos carmelitas que deviam ter um só Deus, e servir a esse Deus com todo o coração .
Os santos de nossa tradição sabiam o quanto é difícil encontrar e seguir a esse Deus verdadeiro e distingui-lo entre os falsos deuses que nos são oferecidos. Esta presença no profundo de nossas vidas, nós a encontramos no mundo ao nosso redor. No Cântico Espiritual João da Cruz diz : “E todos quantos vagam, de ti me vão mil graças relatando...” Teresa de Ávila aconselhou: Deixem que as criaturas lhes falem de seu criador”
Em nossa exuberância pedimos à criação de Deus que seja mais do que é. Com regularidade colocamos os desejos de nossos corações em alguma parte da criação de Deus e pedimos que seja a realização daquilo que procuramos. Pedimos a alguma parte da criação que não seja criada . Tomamos um bem e pedimos que se converta em um deus.
O coração, cansado de sua contínua peregrinação, procura assentar-se e construir para si uma casa, negando-se a seguir adiante. Convive com os deuses menores, encontrando gozo, paz, identidade, segurança e outros alívios para seus desejos. Este consolo temporal mascara um problema espiritual e também um problema de desenvolvimento humano. João da Cruz estava convencido que quando a pessoa se centraliza em algo ou alguém que não é Deus, a personalidade se desequilibra.
Estas “prisões” criam uma situação de morte. Nenhuma coisa ou pessoa a quem eu peça que seja meu deus, e que realize meus desejos mais profundos, pode corresponder a esta expectativa. O ídolo ao qual eu peço que seja meu “tudo”, começará a derrubar-se sob essa pressão. E porque não podemos crescer mais do que nossos deuses, um deus menor significa um ser humano menor. Em conseqüência, aquilo a que estou “atado” morre ante minha necessidade, e eu morro junto com ele, porque meus desejos mais profundos não podem encontrar nada nem ninguém que possa estar no seu grau de elevação e intensidade.
O dinamismo auto-transcendente de nossa humanidade nos impede concluir que já chegamos ao final da viagem. Afirmar prematuramente a vitória, enquanto estamos apegados aos ídolos, nos levaria a deixar de exercitar-nos numa autêntica auto-transcendência. Em outra palavras, o coração já não é livre para escutar e seguir o convite do amado. Esta escravidão do coração é o resultado do desejo desordenado. A solução está na libertação do coração que não consegue aniquilar o desejo senão reorientando-o.
Relação desordenada
Quando nossa tradição fala sobre “prisões”, ou apegos desordenados, isto não significa que a relação com o mundo seja um problema. Certamente, algumas vezes o mundo é um problema. Mas temos que nos relacionar com o único mundo que temos. A relação com o mundo não é o problema fundamental desses apegos, mas sim o modo como nós nos relacionamos com ele é que se converte em problema. Nossos santos falam a pessoas adultas cujos corações foram escravizados por alguém ou por alguma coisa que ocupou o lugar de Deus. Não é necessariamente a pessoa ou a coisa o problema, mas sim a maneira como nos relacionamos com elas, o modo desordenado com que expressamos nossos desejos.
É irrelevante se o ídolo é valioso ou não. A relação é o fator crítico. Um incidente na vida de João da Cruz pode ser ilustrativo. Um dos frades de João tinha uma simples cruz feita de palma. João a tomou. O frei tinha pouco mais, e a cruz certamente não era valiosa , mas João percebeu que ele estava apegado a ela de forma desordenada. Aquela cruz tinha-se convertido em algo não-negociável, indicando que a relação do frade com ela era desviada.
João observou que a um pássaro preso não importa se está atado por uma corda ou por uma linha fina, de qualquer forma está preso. O coração que está escravizado pelos seus ídolos já não é livre para ouvir o convite do amado. João identifica uma pessoa enfeitiçada com os ídolos com uma pessoa pobremente sintonizada com Deus. Ele estava convencido de que uma pessoa se converte naquilo que ama. Este falso deus fomentará um falso ser.
É importante enfatizar que a tradição carmelitana não é partidária do abandono do mundo. Mas insiste numa correta relação com o mundo criado por Deus. Sem uma boa interpretação, pode-se entender que o Carmelo está dizendo que envolver-se com o mundo é um obstáculo para a relação com Deus. Pelo contrário, é no mundo criado por Deus onde nos encontramos com Ele.
A tradição carmelitana se dirige à aqueles cujos corações vão ao mundo procurando sua realização e se dispersam e se dividem nessa procura. Isto ocorre quando o cristão coloca os desejos do coração nas posses e nas relações que não podem preencher a intensidade desses desejos e então começa a experimentar uma paralisia na sua vida. Esta é uma situação destruidora. Este mundo ao qual o cristão é tentado a agarrar-se freneticamente está reduzindo sua a vida através das expectativas. E o cristão se ajusta aos ídolos, e não se transforma em Deus.
Um tema de nossos dias que se relaciona com o tema tradicional do apego é a afeição. Percebemos que todos, de uma forma ou de outra, somos presos afetivamente, e que só a graça de Deus pode nos liberar de nossas afeições. Podemos ser ligados a coisas obviamente destrutivas, mas podemos ser também afeiçoados à Igreja, ao Papa, às práticas religiosas, e ainda afeiçoados ao Carmelo e a Deus mas a um deus criado por nós.
Em outras palavras, podemos pedir a alguma criatura para que se transforme em alimento para nossa fome profunda como indivíduos e como povo. Estamos pedindo à criação aquilo que só Deus pode nos dar. Nossa tradição insiste em que nada, nenhuma parte da criação pode substituir a Deus. Só aquele que é nada (nenhuma coisa e ao mesmo tempo tudo) pode ser suficientemente alimento para nossa fome.
Quando João da Cruz desenhou a montanha estilizada para projetar a viagem da transformação, desenhou três caminhos que levam até seu cume. Os dois caminhos de fora, um dos bens do mundo, o outro dos bens espirituais, nenhum chega lá em cima. Só o caminho do meio, o dos nadas, alcança o cume do Carmelo. Ele explica em texto o ensinamento do desenho. As linhas do texto foram variações do mesmo tema, “Para possuir tudo, não possuir nada” .
O texto explicativo na parte baixa do desenho nos ajuda a entender a compreensão básica que tem João do itinerário espiritual. Ele está de acordo em que fomos feitos para possuir tudo, saber tudo, ser tudo, etc. Mas também entende que nunca teremos o tudo se pedirmos a uma parte da criação que sacie nossa fome. Seu conselho de possuir o nada para possuir tudo é um estímulo para que nunca peçamos que alguma coisa, (parte da criação) seja tudo. Só aquele que é nenhuma coisa pode ser nosso Tudo.
Este ascetismo pode soar difícil a menos que entendamos que João está se dirigindo aos homens e mulheres que tentaram outros caminhos na vida para encontrar sua realização. Seus corações saíram à procura daquele que os ama e se viram aprisionados, e com os corações partidos e divididos. Os conselhos de João são palavras de vida para as pessoas que estão morrendo por falta de alimento. Ele está mostrando o caminho da vida àqueles peregrinos que o perderam.
Um caráter profético
Um escritor sugeriu que a vocação carmelita é estar suspenso entre o céu e a terra, sem encontrar apoio em nenhum dos lugares. Esta é uma forma dramática de dizer que no fundo nossa fé, nossa esperança e nossa confiança em Deus tem que ser seu próprio apoio e Deus nos conduz mais além de nossos feitos mundanos e espirituais. No final de sua vida Teresa de Lisieux achou que a esperança pelo céu sustentada em toda sua vida se esvaía. João da Cruz nos lembrou as observações de São Paulo: se já temos aquilo que esperamos, já não é esperança; a esperança está naquilo que não possuímos. A espiritualidade de João da Cruz tem sido descrita como uma contínua interpretação da natureza de Deus .
Será que esta suspeita que temos quanto às intenções e as construções humanas nos converte, a nós carmelitas, em uns eternos estressados? Ou, ao contrário, nos permite fazer uma avaliação inteligente do coração humano e de sua tendência a criar ídolos? Não será isto realmente um exercício de libertação que vai nos libertando de todas as formas em que nos escravizamos e nos entregamos aos ídolos? Não é a crítica carmelita um desafio para não nos apegarmos a nada, para que nada seja o centro de nossa vida, além do mistério que a envolve. E nessa pureza de coração, somente conseguida pela ação do Espírito de Deus, somos capazes de amar aos outros e viver neste mundo sabiamente. O desafio carmelita é cooperar com o amor de Deus, algumas vezes obscuro, que nos vivifica e nos cura .
Esta contínua escuta para aproximar-nos de Deus, por meio de todas as palavras e estruturas que conseguimos, é a tarefa profética do Carmelo. Que Deus seguimos? O deus de nossas afeições? O deus das ideologias ou das teologias ilimitadas? Os deuses opressores dos sistemas econômicos e políticos? Os deuses de todos os “ismos” de nosso tempo? Ou é nosso Deus o Deus que transforma , cura , liberta e vivifica?
O arcebispo Oscar Romero foi um clérigo tradicional , cuidadoso e estudioso. Era um bom homem , reservado, piedoso, orante. Mas sua conversão chegou quando viu no outro o rosto de Cristo, um rosto diferente do Cristo de sua piedade e de sua oração, um rosto diferente de sua teologia, um rosto diferente do Cristo familiar à hierarquia de El Salvador. Era o rosto de Cristo no rosto do povo de El Salvador; era o rosto de Cristo verdadeiramente encarnado na história e nas lutas do povo. Romero disse:
Aprendemos a ver o rosto de Cristo – o rosto de Cristo que é também o rosto do ser humano que sofre, o rosto do crucificado, o rosto do pobre, o rosto do santo e o rosto de cada pessoa – e amamos a cada um com o critério pelo qual seremos julgados: “tive fome e me deste de comer”.
Os ídolos de nosso tempo não são somente os amores pessoais e as possessões, mas especialmente os ídolos do poder, do prestígio, do controle e o domínio que deixam a maior parte da humanidade fora do banquete da vida. Romero comentou:
A pessoa pobre é aquela que se converteu a Deus e põe toda a sua fé NELE, e a pessoa rica é aquela que não se converteu a Deus e põe sua confiança nos ídolos: dinheiro, poder, bens materiais... Nosso trabalho deve procurar converter-nos a nós mesmos e a todo povo para este autêntico significado da pobreza.
Muitas de nossas províncias tem participado na confrontação com os ídolos de nosso tempo através dos movimentos de libertação em muitas regiões do mundo, que incluem Filipinas, América Latina, América do Norte, África, Indonésia e o Leste da Europa. Hoje em dia as diferenças entre o norte e o sul apontam para os ídolos dos “ismos” que mantém a maioria do mundo em uma condição de marginalização.
Resumo
A fome do nosso coração nos lança ao mundo em busca de alimento. De muitas formas perguntamos ao mundo. Viste aquele que fez isto em meu coração e o deixou chorando? Nosso coração vai se dispersando sobre a terra enquanto vamos perguntando a cada pessoa, a cada objeto de posse e a cada atividade que nos diga mais a respeito do Mistério que está no centro de nossas vidas.
A alma apaixonada pelos mensageiros de Deus, confunde-os com Deus mesmo. Tomamos as coisas boas de Deus e lhes pedimos que sejam deuses. O coração, cansado de sua peregrinação, tenta assentar-se e construir um lar para si. Coloca seus desejos mais profundos nas relações, posses, planos, atividades, metas e pede a tudo isto que sacie sua fome profunda. Pedimos muito e como nada pode corresponder às nossas expectativas, começam a desmoronar-se. Mais e mais os santos carmelitas nos lembram que só Deus é o alimento que pode saciar a fome do nosso coração.
Perguntas para refletir:
1-Quais são os ídolos, os não-negociáveis, que se transformam em parte da minha vida? Quais são essas coisas sem as quais não posso passar? Eu as estou prejudicando com meu apego?
2-Onde e como tenho me tornado uma pessoa sem liberdade na vida? Sinto-me livre para seguir meus desejos mais profundos? Sou livre para escutar as necessidades da minha comunidade?
3-Tenho estado inconscientemente construindo meu próprio reino no lugar de estar preocupado pelo reino de Deus? Sem perceber, tenho tirado Deus do centro da minha vida e tenho colocado nesse centro meus objetivos, meu trabalho profético, minha compreensão das exigências do reino? Ao longo dos anos tenho me esquecido de perguntar: o que é que Deus quer?
4-As paixões que me trouxeram ao Carmelo têm sido domesticadas ou vão se desvanecendo? Tenho me transformado numa pessoa compulsivamente ativa, talvez sentindo-me mais como um funcionário de uma instituição do que como um discípulo do Senhor?
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Roma, 16 de novembro de 2019
Queridos Irmãos e Irmãs no Carmelo: Minha saudação, com desejo de paz e alegria que vêm do Senhor Jesus, a todos vocês, extensivo aos irmãos e irmãs da nossa Família Carmelita.
Como já é do vosso conhecimento, fui eleito, no Capitulo Geral, recentemente, Conselheiro Geral para as Américas; missão que aceitei confiando na Graça de Deus, e para a qual conto com o apoio de todos os membros da Família Carmelita, sobretudo através da oração, para que possamos semear a semente do Reino de Deus, através da experiência do carisma carmelita.
Nosso Papa Francisco, que esteve em audiência privada, com os freis que participaram do Capítulo Geral, nos recordou que “Nosso mundo tem sede de Deus e, vocês, os carmelitas, mestres da oração, podem ajudar muitos saírem do barulho, da correria e da e da aridez espiritual...” Ser homens e mulheres de Deus, que sabem percorrer os caminhos do espírito.” Neste momento, já encontro-me em Roma, para começar o planejamento para o sexênio 2019-2015, junto com o Prior Geral Micael O’Neill e os demais membros do Conselho Geral.
Dirijo-me a vocês para dizer-lhes que contem comigo naquilo que possam necessitar e, ao mesmo tempo, faço-lhes uma solicitação especial: que reflitam sobre as seguintes questões:
1º- Que sonhos temos para nosso Carmelo nos próximos 6 anos? (para as Américas) ou seja, que Carmelo queremos construir em nossas terras americanas?
2º-Que queremos fazer?
3º-O que podemos oferecer ao nosso povo e à Igreja a partir do nosso carisma?
A resposta a estas perguntas me servirá de base para a construção do Plano de Trabalho que expressará o sonho comum de um Carmelo cada vez mais forte e expressivo frente aos desafios atuais.
Agradeço-lhes, desde já, sua colaboração no envio das respostas através do endereço eletrônico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar., Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Abraço e gratidão, na certeza que estamos unidos no mesmo ideal, na vivência do Carisma Carmelitano. Seu Irmão em Cristo e Maria
Frei Luis José Maza Subero, carmelita.
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NOVOS DIÁCONOS CARMELITAS: Foram ordenados diáconos hoje, domingo, 17 de novembro-2019 em Roma, os Freis carmelitas da Ordem do Carmo; Juliano e William, da Província Carmelitana de Santo Elias e o Frei Alex, da Província Italiana
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NOVOS DIÁCONOS CARMELITAS: Foram ordenados diáconos hoje, domingo 17 de novembro-2019 em Roma, os Freis carmelitas da Ordem do Carmo; Juliano e William, da Província Carmelitana de Santo Elias e o Frei Alex, da Província Italiana. Parabéns! F
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Rito de Admissão ao Noviciado
(Após a oração da coleta- Antes da Liturgia da Palavra)
Flávio:
A Ordem Terceira do Carmo ou Ordem Carmelita Secular, junto a outros grupos ou comunidades que se inspiram na Regra do Carmo, na sua tradição e valores expressos na espiritualidade do Carmelo, constitui na Igreja a Família Carmelita.
Como Maria, a senhora do Carmo, primeira entre os humildes e pobres do Senhor, os leigos Carmelitas veem-se chamados a glorificar as maravilhas realizadas pelo Senhor na sua vida.
Os leigos Carmelitas partilham, além disso, da paixão do profeta Elias pelo Senhor e pela defesa de seus direitos. Com o profeta, aprendem a abandonar tudo, para se refugiarem no deserto e serem purificados, tornando-se prontos para o encontro com o Senhor e para acolher sua Palavra.
Com a admissão ao noviciado, os Postulantes carmelitas iniciam hoje o ano de formação e a experiência na Ordem Terceira do Carmo.
(A Priora faz a chamada dos Postulantes para que se apresentem ao Noviciado).
Celebrante: Irmãos e irmãs, o que pedis à Ordem do Carmo
Postulantes: Pedimos a graça de poder perseverar na formação evangélica e da espiritualidade carmelita, no noviciado do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de Passa Quatro
Celebrante- Flávio: Estes irmãos e irmãs estão aptos para ingressarem no Noviciado?
Flávio: Sim, estes irmãos e irmãs, após uma longa caminhada na Fraternidade do Escapulário, optaram por seguir a caminhada Carmelitana na Ordem Terceira do Carmo desta cidade.
Comentarista.
O hábito é o nome que se dá à determinadas vestes de ordens monásticas-Carmelitas, Dominicanos, Franciscanos, Beneditinos... que variam de acordo com a Ordem. As ordens religiosas são a forma mais comuns da vida consagrada na Igreja. Com o passar dos anos, também os leigos passaram a usar tais vestes nas chamadas Ordens Terceiras agregas a tais espiritualidades. É interessante lembrar que a Padroeira da América Latina era uma leiga da terceira Dominicana, Santa Rosa de Lima.
O hábito Carmelita- de cor marrom encimado pelo Escapulário de Nossa Senhora e por uma capa branca por cima- é uma das vestes mais antigas da história das Ordens Religiosas remontando a aparição de Nossa Senhora do Carmo no dia 16 de julho de 1251 na Inglaterra. Segundo a tradição, foi nesse dia que Nossa Senhora aparece ao superior Geral do Carmo, São Simão Stock, entregando-lhe o Escapulário.
De pé, vamos receber os padrinhos e madrinhas destes noviços e noviças que trazem o santo hábito carmelitano.
(Procissão – Canto)
ORAÇÃO QUE SE RECITA AO VESTIR O HÁBITO CARMELITA
TÚNICA (Um Postulante ler). Revesti-me, meu Deus, dos Santos hábitos, a fim de que apareça diante de vós, tal qual como meu hábito e profissão o pedem.
CORREA (Um Postulante ler). Uni -me a Vós, ó meu Deus, com uma união muito íntima e prendei-me a Vossa bondade, compaixão e misericórdia pelos laços da caridade, cujo nó jamais se rompa.
ESCAPULÁRIO (Um Postulante ler). Senhor, dai-me a graça de confiar na tua mãe, a Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo- a exemplo de São Simão Stock- para que eu, revestido com o Santo Escapulário, me coloque a serviço do Reino.
TERÇO (Um Postulante ler). Seja o meu noviciado pautado pela simplicidade de Nossa Senhora do Carmo e o silêncio de Santo Elias. Que na reza diária do terço e do santo Rosário, possa eu encontrar os valores evangélicos que me leve ao topo do Monte Carmelo- Jesus Cristo.
VÉU (Um Postulante ler). Meu Senhor, este véu me ensina que devo morrer para os valores do mundo; A mentira, o ódio, a violência, o consumismo, a arrogância- e para mim mesmo, para só viver para vós: Caminho, verdade e vida. Fazei-me, pois, a graça ó meu Deus, de vos seguir sob o manto da proteção da Mãe do Carmelo, Nossa Senhora do Carmo e do nosso pai, Santo Elias. AMÉM.
Celebrante: Que o Senhor abençoe os bons propósitos formulados por estes irmãos e irmãs, agora noviços e noviças da Ordem Terceira do Carmo. Que Deus os ajude na caminhada sob as bençãos de Nossa Senhora do Carmo e de Santo Elias-Profeta, nosso Pai e Guia.
Todos: Amém!
(Segue a Missa com a liturgia da Palavra)
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Do dia 6 de maio tintilou o telefone no Convento do Carmo de Nimegue. Foram atender: Era a voz de Frei Tito! Por uma deferência extraordinária permitiram-lhe comunicar pessoalmente aos confrades a sua próxima partida para o campo de concentração de Dachau. Uma carta com a mesma data dá mais pormenores. Desde 28 de abril Tito encontra-se outra vez em Scheveningen, esperando a sua deportação. Aos 16 de maio segue para a prisão de Kleef, na Alemanha, onde permanece até 13 de junho, provavelmente. Parece que o Bom Deus deseja confortar Seu servo fiel por mais um período de sossego contemplativo antes de uni-lo a Si definitivamente pela segunda provação horrorosa que vai ser para ele o campo de Dachau. De Scheveningen nada sabemos, a não ser que foi instaurado um novo processo. De Kleef sabemos pouco. O Diretor não é mau e o Capelão tem alguma influência sobre ele. Frei Tito pode guardar o Breviário, o terço, a caneta e algumas outras coisas. Viram-no, às vezes, rezando o Breviário ou escrevendo tranqüilamente. Aqui recebe ainda uma grande consolação. Há uma capela e nos domingos e nos deis dias de Pentecostes pode assistir à Missa e comungar. Depois de quatro meses de abstinência!
A alimentação é ainda mais deficiente do que no campo de Amersfoort: sopa de batata ou de couve para o almoço e algumas fatias de pão duro para o jantar. Duas vezes por semana um pouco de manteiga e aos domingos um pedaço de lingüiça. Camuflando a realidade, Frei Tito escreve: “Nunca estive com tanto apetite como atualmente”.
O abandono de tudo às mãos paternais de Deus não é um fatalismo inerte. Tito luta pela vida. Em Kleef dirige um requerimento às autoridades, expondo a nu a sua situação e pedindo o internamente num dos conventos da Ordem na Alemanha. Refere-se às suas cólicas estomacais, às insônias que ainda mais o enfraquecem. A memória começa à falhar assustadoramente. Durante dias esforçou-se para recordar o nome do filosofo francês Bérgson. Sintomas de alucinação se apresentam: freqüentemente parece ouvir o repicar de sinos. Jogando dama, o tabuleiro continua a atrapalhar-lhe a vista durante vários dias, dividindo tudo em quadrados. O menor esforço causa um cansaço mortal. O organismo intestinal está numa debilidade extrema, com todas as conseqüências humilhantes. O requerimento traz a data de 12 de junho de 1942.
O cálice porém, não passa. Frei Tito é deportado para o campo de Dachau logo no dia seguinte, ao que parece. Dachau... o inferno nazista, onde campeiam a mais crua bestialidade pagã e a espiritualidade da civilização cristã. Dachau... um produto da civilização nazista e comunista, onde os chefes nazistas e os algozes comunistas rivalizam no combate à cultura representada pelos sacerdotes. A apostasia da Europa atinge aqui o grau mais negro e mais baixo. Com as humilhações mais desumanas e vergonhosas, de requintes satânicos, os algozes atacam os sacerdotes e os pastores, querendo tirar-lhes as últimas reservas espirituais. Apenas conseguem torturar e arruinar os corpos, o espírito continua firme e inabalável em Deus.
Frei Tito chegou a Dachau no período mais brutal, que durou de abril até dezembro de 1942. Reinava uma disciplina de ferro, a arma dos impotentes. O dia começava às quatro horas. Até o apelo geral às 4,45 tinham tempo para arrumar a cama, etc., tomar café com um pedacinho de pão, se havia, e conversar um pouco. Tito entretinha-se então com o Irmão leigo Frei Rafael, Carmelita, preso desde o início da guerra e que depois da sua libertação descreveu a vida de Frei Tito em Dachau. Juntos iam diariamente a um barracão vizinho, onde estavam mais seis Carmelitas, estes da Polônia. Dois deles trabalhavam com Tito no mesmo comando de trabalho.
Logo depois do apito todo se dirigiam aos seus respectivos lugares de trabalho. Deviam marchar impecavelmente, cantando umas canções nazistas. Essa marcha de 20 minutos era um verdadeiro martírio para Tito, cujos pés apresentavam feridas de quatro a seis centímetros sempre abertas. Nos últimos dias os dois Carmelitas poloneses deviam arrastar a pobre vítima, que já não agüentava mais a marcha. Urna vez fora da vista dos guardas, deitavam-no no chão afim de que descansasse um pouco. E assim repetisse a marcha quatro vezes por dia. Voltavam do trabalho às onze horas, para o “almoço”: sopa de batata, de nabo ou de couve. Muitas vezes Tito tomava só a água e dava o resto a algum companheiro, dizendo: “Tome, Você está precisando mais do que eu!” Ao meio dia e quinze iniciava-se outra vez a via sacra para o trabalho. As sete horas estavam de volta no campo onde deviam reunir-se para o grande apelo. Alguns milhares de presos enfileiravam-se para essa cerimônia que por vezes era bastante demorada. Vários não resistiam e desmaiavam. Quando alguns impacientemente perguntavam: “afinal por que é que estamos esperando aqui?”, Tito respondia fleumaticamente: “bem, esperemos mais um pouco, temos tempo para isso”.
Freqüentemente havia depois desse apelo ainda um exercício especial para os sacerdotes que, por castigo, deviam marchar mais um pouco, cantando os hinos nazistas. Em seguida podiam tomar o jantar: -um pouco de pão molhado. Esse pão era uma questão de vida e de morte para os presos sempre famintos e exaustos em conseqüência dos pesados trabalhos de quase doze horas, além das marchas. Conscienciosamente o pão era dividido em quatro partes, que em seguida ainda eram rigorosamente conferidas. Qualquer falha era escrupulosamente corrigida. Às oito e meia o silêncio da noite descia sobre o campo e o asno fazia esquecer por algumas horas a miséria e a fome.
Algumas semanas deste regime bastaram para aniquilar a resistência de Frei Tito. Todos tinham compaixão dele menos os algozes, que de preferência o escolhiam para objeto das suas demonstrações de zelo e de força. Frei Tito foi muito maltratado, mais do que os outros.
Certa manhã foi dado o sinal para abandonar o barracão. Já fora, Frei Tito percebeu que se tinha esquecido dos óculos. Queria voltar, mas os companheiros o impediram. O guarda comunista, armado dum pau, postara-se à entrada, para apressar um pouco os atrasados ou acolher carinhosamente aqueles que tentassem retornar ao barracão. Depois de alguns minutos ele se retira para o seu quartinho ao lado da entrada. Tito aproveita o ensejo e já se encontra na sala antes que os outros o possam impedir. Rapidamente apanha os óculos e já se prepara para sair. Mas o guarda, percebendo alguma coisa, talvez algum ruído, vira-se e vê Tito. “O que há, Brandsma?”, pergunta ele, levantando-se e empunhando o pau. “Tinha-me esquecido dos óculos”, responde Tito, e ao mesmo tempo tenta passar, ligeiramente pela entrada. Um soco brutal na cabeça prostra-o por terra e pauladas impiedosas chovem sobre a pobre vítima. Saciado o seu sadismo o comunista volta para seu quartinho. Tito levanta-se, o sangue escorrendo do nariz e dos lábios e... sem os óculos, que haviam sido despedaçados logo com o primeiro soco. Calmo, sem perturbar-se por tão pouco, ele junta-se aos outros e passa a dar o ponto diário da meditação.
Depois do almoço os presos deviam limpar a sua panelinha e caneca de alumínio, que não podiam apresentar a mínima mancha. No entanto havia só cinco torneiras para uns quinhentos presos. Numa ocasião um dos brutos acha que a panelinha de Tito não está limpa. Num acesso de fúria arranca-lhe e com ela bate-lhe na cabeça e no rosto, correndo o sangue aos borbotões.
Repetidas vezes é prostrado no chão com socos e pauladas, ou jogado escadaria abaixo. Um dia a raiva de um dos guardas explode contra um grupo de presos, Tito torna-se a vítima; um soco o derruba, sendo em seguida maltratado de uma maneira horrorosa. Acontece então o incrível: a calma e a paciência do sofredor desarmam o algoz que, na presença de todos, balbucia uma desculpa.
Não obstante todos esses ataques contra a matéria mantinha-se firme o seu espírito. “Devemos dar graças a Deus”, costumava dizer “porque nos achou dignos de sofrer tudo isso; Ele há de sustentar-nos com o Seu auxílio”. Diariamente comunicava aos outros da plenitude de sua alma contemplativa, escolhendo um ponto de meditação da doutrina de Santa Teresa. Faziam essa meditação andando, pois os guardas não o podiam perceber. No seu zelo estendia o apostolado até ao chefe comunista do barracão, que era um católico renegado, mas não obteve resultado, pois quase sempre devia fugir apressadamente para não receber umas pauladas. Estava entre presos um sacerdote polonês, grande devoto de Nossa Senhora do Carmo e muito desejoso de ser recebido na Ordem Terceira. Já tinha começado o Noviciado quando fora transportado para Dachau. Receando não voltar vivo para a Polônia, a sua grande aspiração era fazer a Profissão nas mãos de Frei Tito. Depois de umas “conferências” e uma novena a Nossa Senhora do Carmo, o sacerdote fez a sua profissão, recebendo o nome de João da Cruz. Frei Tito impôs-lhe as mãos, enquanto o neo-professo prometia completar mais tarde as cerimônias e fazer confirmar oficialmente a Profissão. Tudo isso foi feito em plena rua, no meio dos transeuntes, pois qualquer manifestação religiosa era rigorosamente punida.
Havia uma capela no campo de Dachau para os sacerdotes alemães. Aos outros presos, porém, era severamente proibido sequer estacionar na sua proximidade. Quantas vezes, na escuridão de manhã cedo, visitando os confrades poloneses no outro barracão, Frei Tito e Frei Rafael contemplavam com profunda saudade o bruxulear das velas do altar. Sentiam sede e fome de Deus, daquele que é a vida das almas. Fizeram então uma combinação: Se “Irmão”, disse Tito, “apesar de Você não ser sacerdote” podendo, traga-nos Nosso Senhor. Ninguém vai suspeitar de Você”. Frei Rafael foi falar com um dos sacerdotes alemães e os dois combinaram encontrar-se na escuridão logo depois do apelo, num determinado lugar, onde o sacerdote lhe entregaria de vez em quando uma Hóstia consagrada. Assim Rafael recebia freqüentemente o Santíssimo, guardado num pedacinho de papel ordinário. Entregava a hóstia a Frei Tito, que a dividia em duas partes. Uma parte era distribuída aos diversos sacerdotes e religiosos, a outra era conservada. Durante o dia Frei Rafael era o escolhido para guardar Nosso Senhor. Na hora de deitar este devolvia o precioso Tesouro a Frei Tito, que O escondia atrás do couro de um estojo de óculos. Desta maneira Nosso Senhor quis estar presente entre os Seus servos tão duramente provados, participando da sua miséria e confortando- os com o próprio Corpo e Sangue. Não, Nosso Senhor não abandona os Seus.
Certa vez, no controle dos pés ao deitar, os de Frei Tito foram taxados de não estarem bastante limpos. Vindo descalço do lavatório para o barracão um pouco de poeira ficara presa em baixo dos pés ainda umedecidos. Mas um nazista ou comunista não é capaz de compreender tal coisa. A situação era perigosa, pois contra o regulamento que proibia aos presos levar alguma coisa para o barracão, Frei Tito trazia de baixo do braço a caixinha de óculos com o Divino Prisioneiro. Com uma fúria selvagem o cabo comunista lança-se sobre o indefeso “criminoso”, derrubando-o com uma paulada violenta e descarregando uma saraivada de socos e ponta-pés pelo corpo já tantas vezes espancado. Rolando pelo chão, rastejando, a pobre vítima tenta alcançar o barracão, o que finalmente consegue. Frei Rafael Tijhuis o toma nos braços e o leva para a cama. Quer consolá-lo, mas Frei, Tito olhando-o com um sorriso nos lábios, diz: “Irmão não foi nada pois eu sabia quem estava comigo”, e aponta o estojo, firmemente guardado debaixo do braço. “Vamos rezar um Adoro Te”. Depois de alguns momentos de adoração, Frei Tito dá a bênção com o Santíssimo escondido num humilde estojo. No dia seguinte, a uma pergunta de Frei Rafael, responde que não dormiu mais desde as duas horas, mas se sente feliz por ter podido fazer uma vigilância com Nosso Senhor.
Os maus tratos e o trabalho pesado na fazenda “Liebhof” (jardim de amor!) liquidaram a última resistência do corpo de Frei Tito, que enfraquecia dia a dia, mal podendo conservar-se em pé. Não queria saber de recolher-se ao hospital, pois receava os terríveis transportes para as câmaras de gás. Mas no barracão é que não podia continuar. A sua fraqueza provocava constantemente conflitos com o cabo comunista, que sempre terminavam em pauladas. Um dia Frei Rafael dirigiu-se ao posto de saúde para o tratamento de algumas feridas infeccionadas. Lá conseguiu falar com o chefe que não era mau. Tudo ficou acertado, Frei Tito devia apresentar-se no dia seguinte. O chefe ai arranjar um lugar para ele. Assim conseguiu finalmente ser internado. Mas já era tarde demais. Durante os oito dias que passou no hospital ainda recebeu algumas vezes a Santa Comunhão, graças à dedicação de um enfermeiro, excelente católico e antigo secretário particular do chanceler Bruening que, com risco da própria vida distribuía a Comunhão aos doentes. Um sacerdote que por vezes conseguia entrar no hospital garantiu que Frei T'to ainda, recebeu a Ex-trema Unção. Nos últimos três dias esteve continuamente desacordado. Chegara o fim da sua paixão. No dia 26 de julho, festa de Sant'Ana. Protetora da Ordem Carmelitana, Frei Tito entregou sua bela e heróica alma nas mãos de Deus.
Os pagãos queimaram seu corpo, mas sua alma já atingira o Fim da via mística: Deus.
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Imagens do Retiro Provincial da Ordem Terceira do Carmo -Todos os Sodalícios da Província Carmelitana de Santo Elias- De 08-10 de novembro-2019 em São José dos Campos, São Paulo.
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